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1.O que é a anáfora eucarística. Ela é antes de mais nada benção- louvor ou
ação de graças que se dirige ao Pai por aquilo que Jesus Cristo realizou por
nós pela nossa salvação; e tal benção-louvor ou ação de graças “comemora e
pela assembléia eclesial reunida representa aqueles mistérios” realizados por
Cristo. Assim que existe uma estreita interdependência entre esta benção-
louvor ou ação de graças eucarística e a confissão de fé 2, do momento que
comemoram e confessam os mesmos mistérios3.
Se colocarmos em confronto a primeira anáfora, por nós conhecida, isto é, a
que encontramos na Tradição Apostólica de Hipólito (inicio do III século)
com a formula batismal contida no mesmo documento 4, nota-se logo que a
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Cf. Mt. 28,19; cf. et Didaqué VII,1 Cfr et H.LIETZMANN, Messe und Herrenmahl, p. 50.; J.
A.JUNGMANN, Missarum Sollenmnia, III,138; B BOTTE, Problèmes de l’anamnèse, in “Journ.
Ecc,Hist.”,V, (1954),16-24; O CULLMANN, Le culte dans l”Eglise primitive, Neuchâtel Paris 1963; Id. Heil
als Geschicte, Tübingen 1965,288-294.
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Cf. O Cullmann, L eculte etcc.
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Vejamos:: A “confissão em grego”é “homologia” do verbo “homologein”que possui um sentido muito
afim a “exhomoloein”ao qual se atribui uma um tripulo signficado: a) confisão de fé; b) confissão dos
pecados; c)confissão das maravilhas divinas .isto é, o louvor a Deus e benção.Cf. J.B. BAUER,Dicionário
de teologia bíblica( trad. do alemão: BIBELTHEOLOGISCHES WÖTERBUCH,1968), Ed. LOYOLA, São
Paulo,pp.193-204. ; KITTEL, TWNT art. De O. MICHEL, Homologein.
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CF. Ed. BOTTE, Münster 1963, 13ss.para o batismo.. Cf et tradução em português, Vozes de Petrolpolis,
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Santo. IRINEU Adv. Haer..I,10,1.; III,1,2; III,4,4,1-2; Dem. Praed. ev.. 6,7; Tert.,De praescr. Haer. 13;
Adv. Prax. 2.
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Pode-se considerar a parte o caso daquelas anáforas( alexabdrinas ) nas quais a epiclese se derige ao Pai
para envie o Verbo( e não o Espirito), que não diminui a afirmação geral que na anafora oriental sempre há a
epiclese do Espirito santo de modo que por sua estrutura a anafora é semrpe trinitária.
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“Et ipse in fine temporum ad recapitulada omnia, factus est homo inter
homines , visíbilis et tangibilis, ut mortem aboleret et vitam elucere faceret et
communipnem Dei et hominis institueret (12)
Em tal modo aparece que quase todas as anáforas seguem a evolução das
confissões de fé. E isto se explica bem pelo fato que na anáfora o bispo
celebrante exprime a fé e os louvores de sua igreja particular conforme a
tradição apostólica da Igreja católica.
Entretanto, em várias anáforas , ao contrário, podemos deduzir a influência
das controversias doutrinais dos tempos posteriores, sobreudo de algumas
fórmulas estatuídas ou reprovadas nos Concilios de Efeso( a,431) ou
Calcedônia(a, 451) a respeito do dogma cristológico ou a mariologia. Além
do que na anáfora foi introduzido uma antiga teologia mariológica cujos
termos técnicos são tirados de formulas conciliares deste período. Acrescenta-
se também o fato que algumas anáforas não fossem mais dirigidas a Deus
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Este sentido do Kerigma da fé cristã sensivelmente foi esvaindo-se nos séculos
posteriores. Provavelmente isto aconteceu quando a anáfora não foi mais pronunciada em
voz alta e foi coberta pelo canto do povo. De resto é certo que um indício desta perda do
sentido kerigmático da anáfora se pode encontrar na introdução do símbolo de fé Niceno-
Constantinopolitano na missa . De fato, segundo Teodoro Leitor( sec, V), a recitação do
símbolo foi introduzida sob a influência das controversais cristologicas deste período. Ele
refere duas noticias sobre esta introdução do Símbolo( Lib.LL Hist, Eccl. PG 86, col 208-
209). CAPELLE, L‘Introdution du Symbole à la messe in Mélanges J. de Ghellick, t. 2.
Louvain 1951,p. 1003ss. divida da autenticidade da Segunda notícia. A primeira atribui a
introdução do simbolo a Timóeo I, patriarca de Constantinopola, monofisita( 511-518) e a
outra a Pedro Fullon, também ele monofosta, patriarca de Antioquia (morto em 488). Seja
o que for do momento preciso desta introdução, é certo que esta se realizou pelo fim do
século V ou no início do século VI para afirmar a fé monofisita como a verdadeira e
tradicional contra Calcedônia. Assim já neste período a anáfora não é mais sentida como
lugar verdadeiro e mais idôneo da profissão e confissão de fé da comunidade cristã
reunida , como ao invés, pensavam justamente os antigos. No decurso dos séculos o acento
nas anáforas foi colocado no mesmo mistério eucarístico, coisa mesmo justa, ou em outros
pontos particulares mas secundários, que, embora preciosos, eram todavia menos
pertinentes à ess6encia da anáfora, como por ex. a grande evolução do culto dos santos..
Com percepção da natureza da anáfora como confissão de fé da comunidade cristã , que
era tão fortemente expressa na anáfora de Hipólito, como também nas anáforas de
Basílio do IV século, veio enfraquecendo. Permaneceu, porém, na substância, aquela
confissão de fé como também, por vários motivos não só permaneceu firme mas antes
cresceu muito a consideração da anáfora como ação de graças(benção) dirigida a Deus,
anamnese dos mistérios de Cristo ou melhor re-presentação daqueles mistérios: que depois
é elemento essencial e constitutivo da confissão eucaristica ou da proclamação anafórica...
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