Você está na página 1de 12

Calcular e detalhar o muro de arrimo dado, considerando gsolo=18 kN/m3, f=300, Aço CA

50, fck=40 MPa. Tensão admissível no solo s=200 kN/m2, Atrito solo concreto 0,55. O
elemento em dente só será executado se for necessário para o equilíbrio horizontal.

Figura 1 – Corte do muro de arrimo a ser calculado com cotas indicadas


literalmente e numericamente na tabela 1

Corte BB: b
a
h

b
f a c
i

Considerar para efeito de geometria as cotas em m dadas na Tabela 1

Tabela 1 -Dimensões do muro em m


a b c e f i h
0,15 0,1 3 4,25 1 0,15 5,5

Resolução

A seqüência de resolução, uma vez que a geometria está definida é de: a)


verificação de tombamento, b) Verificação de translação, c)Verificação de tensão no solo,
d) cálculo das armaduras.

1) Verificação de tombamento.
Inicialmente pode-se calcular o momento de tombamento que nada mais é que o
momento do empuxo do solo aplicado no muro que o faz girar em torno do ponto x da
figura 2
O valor da tensão no solo (no nível do ponto X) e da resultante do empuxo são dadas
(para uma espessura unitária) por:
s s = ka × h × g s
E = (k a × h × g s ) × (h / 2 )
no caso h é a profundidade considerado que na figura 2, para cálculo do tombamento é
igual L. Finalmente o momento de tombamento é dado por
h3
M t = (k a × h × g s ) × (h / 2 ) × (h / 3) = k a × g s ×
6
Substituindo os valores tem-se (por metro)
5,65 3
M t = 0,33 × 18 × = 180 kNm/m
6
Figura 2- Atuação do Empuxo ativo no muro e o ponto X em que se faz a verificação
de tombamento
L

E
L/3

X S

O momento de restituição é dado por:


M rest = å Pi × z i
com
Pi - 0 peso de cada elemento considerando na tabela 1 e mostrados na figura 3
z i - a distância da resultante de força do peso de cada elemento até o ponto X
O ideal neste caso é se fazer uma tabela para se preencher os valores auxiliares para o
cálculo do peso vertical do muro e o solo e obter ainda o momento de restituição.
Figura 3-Especificação dos elementos a serem considerados para o cálculo das ações
verticais
Corte BB: b
a

Solo 2

Cortina 1
5,50 m
h

Solo 1

Cortina 2
b
f a c
1,00 m 0,10 3,00m
0,15

0,15
i

X Sapata
j

e
4,25 m
Tabela 2- Cálculo das ações verticais e respectivos momentos
elemento b h largura fator Volume Gama Peso z M
a,h cortina 1 0,15 5,5 1 1 0,825 25 20,63 1,075 22,17
b,h cortina 2 0,1 5,5 1 0,5 0,275 25 6,88 1,183 8,14
e,j laje 4,25 0,15 1 1 0,6375 25 15,94 2,125 33,87
c,h terra 1 3 5,5 1 1 16,5 18 297,00 2,750 816,75
b,h terra 2 0,10 5,50 1 0,5 0,275 18 4,95 1,217 6,02
Soma 345,39 886,95
Desta maneira obtêm-se o valor do momento de restituição de
Mrest=476,6 kN.m/m
A segurança ao tombamento é dada por
M 887
g = trest = = 4.92 > 1,4
M tomb 180

2) Verificação de translação
Neste caso é preciso (sem considerar inicialmente o dente indicado no desenho) que o
atrito provocado pelo peso da estrutura e solo acima da sapata seja maior que o empuxo
com coeficiente de 1,4.Como se trata de solo acima da sapata h=5,55
Assim
Empuxo
E = (k a × h × g s ) × (h / 2 ) = 0,333x18x5,652/2=90,75 kN/m
Fatrito= mP = 0,55x 345,4 =190 kN/m
190
r= = 2,10 > 1,4 (não é necessário executar o dente)
90,75
3) Cálculo das tensões no solo
Para calcular as tensões de contato entre a sapata e o solo, faz-se inicialmente a
redução do esforços do ponto X para o meio da sapata como indicado na figura 4
.

figura 4- Redução dos esforços do ponto X ao centro da sapata

P
P

Mrest
M=P(e/2)+Mtomb-M resis
Mtomb

X X
e/2 e/2 e/2 e/2

Assim. o momento atuante no centro da sapata será de

M= P(e/2)+Mtomb-Mrestit

M= 345,2x(4,25/2)+190-886=37,55 kN.m/m
Para que o funcionamento seja sem tração é preciso que a excentricidade do momento e
carga vertical seja inferior ao valor da cota do núcleo central (neste caso e/6)

M 37,55 4,25
exc = = = 0,1087m < = 0,71
P 345,4 6

Assim não há tração no solo podendo-se usar a formula da resistência dos materiais

P 6M
s smáx, s min = ±
l arg ura × e × l arg ura × e 2
345 6 × 37,55
s smáx = + = 81 + 12,5 = 93,5kN / m 2 / m
1 × 4,25 1 × 4,25 2
345 6 × 37,55
s s min = - = 81 - 12,5 = 68,5kN / m 2 / m
1 × 4,25 1 × 4,25 2

Figura 5- Tensões no solo na face da sapata

M=P(e/2)+Mtomb-M resis

S,min
S,max

4)Cálculo das armaduras


Para calcular as armaduras é preciso calcular os momentos fletores nas seções
S1,S2 e S3 mostradas na figura 6

Figura 6- Seções onde são calculadas as armaduras e as ações a se considera5

h E
h/3

S1

X S2 S3 S

S,min
S,max

Momentos
seção S1
h3 1 5,5 3
M S1 = (k a × h × g s ) × (h / 2) × (h / 3) = k a × g s × = × 18 × = 166,3kNm / m
6 3 6
Seção S2
é preciso calcular a tensão em S2

P 12 × M 345 12 × 37,6 æ 4,25 ö


s S2 = + yS 2 = = + 3 ç
- 1÷ = 87,7 kN / m 2
l arg ura × e × l arg ura × e 3
1 × 4,25 1 × 4,25 è 2 ø

æ s × c2 c2 ö
M s 2 = l arg ura × çç S 2 + (s S max - s s 2 ) × ÷÷
è 2 6ø
æ 87,7 × 1,12 1,12 ö
M s 2 = 1 × çç + (93,5 - 87,7 ) × ÷ = 55,5 + 1,22 = 56,72kNm / m
è 2 6 ÷ø
Seção S3
é preciso calcular a tensão em S3

P 12 × M
s S2 = + yS 3 =
l arg ura × e × l arg ura × e 3
345 12 × 37,6 æ 4,25 ö
= + 3 ç
- 1 - 0,25 ÷ = 81,1 + 5,14 = 86,3kN / m 2
1 × 4,25 1 × 4,25 è 2 ø
æs × c2 c2 c2 ö
M s 2 = l arg ura × çç S min + (s S 3 - s s min ) × - gh ÷÷
è 2 6 2ø
æ 68,5 × 3 2 32 32 ö
M s 2 = 1 × çç + (86,3 - 68,5) × - 18 × 5,5 ÷÷ = 308,2 + 26,7 - 445,5 = -110,6kNm / m
è 2 6 2ø

Valores de d
Na seção S1 Considerando cobrimento de 1,5 cm e armadura com diâmetro de 2 cm
d=25-1,5-1=22,5 cm
Na seção S2 e S3 cobrimento de 1,5 cm e armadura com diâmetro de 1,25 cm
d=15-1,5-0,625=12,875 cm

1,4 × M 1,4 M M
KMD = = × 2 = 4,9 × 10 -5 × 2
b × d 2 × f cd 40000 d d

1,4

Seção d (m) M M/d2 KMD es Kz As


(kN.m/m)
S1 0,225 166,3 3285 0,1609 0,98 0,894 24,28
S2 0,12875 56,72 3421 0,1677 0,91 0,893 16,47
S3 0,12875 110,6 6672 0,326 0,206 0,6287 43,99
Exercício 2 Refazer o muro de arrimo do exemplo anterior melhorando a geometria do
mesmo da seguinte maneira: A armadura da cortina a se utilizar será de f=16 mm a cada
10 cm, a dimensão c seja menor que o valor de 3m adotado anteriormente. A espessura da
laje inferior deve ser de 20 cm. O resto dos dados terão os mesmos valores que o
exercício anterior.

Corte BB: b
a
h

b
f a c
i

Considerar para efeito de geometria as cotas em m dadas na Tabela 1

Tabela 1 -Dimensões do muro em m


a b c e f i h
a a
0,15 determinar determinar decorrente 1 0,20 5,5

Resolução
Inicialmente será determinado o valor de b de maneira que a armadura requerida na
cortina seja barras de 16 mm a cada 10 cm.
O momento atuante é o mesmo que o problema anterior (na seção S1)
seção S1
h3 1 5,5 3
M S1 = (k a × h × g s ) × (h / 2) × (h / 3) = k a × g s × = × 18 × = 166,3kNm / m
6 3 6
Para detalhar a espessura da cortina determina-se o valor de h (espessura da cortina ,
ou seja, a soma de a+b) de maneira que se tenha, por exemplo, na seção mais solicitada
uma armadura de f16mm a cada 10 cm. Como se tem uma flexão simples (o esforço
normal é pequeno e pode ser desprezado) isto é feito determinando a força na armadura
tracionada, calculando a posição da linha neutra, determinando o valor do braço de
alavanca e finalmente o valor de h.
Expressões empregadas:
Fs = As ´ fyd
Fs = Fc
Fc = b ´ 0,8x ´ 0,85 ´ fcd
Md=Fs ´ z
z=d-0,4x
d=hseção-cobrimento-f/2

Usando então f=16 mm a cada 10 cm chega-se a As=20 cm2/m


Assim:
Fs = 20 ´ (50/1,15)= 869 kN/m
Como este é o esforço do concreto pode-se determinar x
æ 40000 ö
869 =1 ´ 0,8x ´ ç 0,85 ´ ÷ obtendo-se x =0,0447 m
è 1,4 ø
Através da equação de equilíbrio pode-se determinar z
1,4 ´ 166,3 = 869 ´ z obtendo-se z =0,268 m

Com a relação de x e z
0,268=d-0,4 ´ 0,0447 d=0,3038 m

usando cobrimento de 1,5 cm


0,3038= hseção-0,015-0,008 hseção= 0,327 m

Assim, adota-se h=33 cm (b=18cm) e a armadura a ser usada para combater o efeito
do empuxo horizontal de terra é de f=16 a cada 10 cm.

Usando uma planilha de computador do tipo EXCEL (1) pode-se variar o valor de c até
encontrar um equilíbrio entre o momento de tombamento de restituição. Para o problema
em questão os valores passar a ser os indicados na tebela n

Tabela n -Dimensões do muro em m


a b c e f i h
0,15 0,18 1,1 2,43 1 0,2 5,5

Tabela n2- Cálculo das ações verticais e respectivos momentos


elemento b h espessura fator Volume Gama Peso z Mrest
a,h cortina 1 0,15 5,5 1 1 0,825 25 20,63 1,075 22,17
b,h cortina 2 0,18 5,5 1 0,5 0,495 25 12,38 1,210 14,97
e,j laje 2,43 0,2 1 1 0,486 25 12,15 1,215 14,76
c,h terra 1 1,1 5,5 1 1 6,05 18 108,90 1,880 204,73
b,h terra 2 0,18 5,50 1 0,5 0,495 18 8,91 1,270 11,32
Soma 162,96 267,96

1) Verificação de tombamento.
O momento de tombamento é dado por
5,703
M t = 0,33 × 18 × = 185,2 kNm/m
6

O momento de restituição (ver tabela n2)

M rest = 267,96

A segurança ao tombamento é dada por


M 267,96
g = trest = = 1,44 > 1,4
M tomb 185,2

2) Verificação de translação
Neste caso é preciso (sem considerar inicialmente o dente indicado no desenho) que o
atrito provocado pelo peso da estrutura e solo acima da sapata seja maior que o empuxo
com coeficiente de 1,4.Como se trata de solo acima da sapata h=5,55
Assim
Empuxo
E = (k a × h × g s ) × (h / 2 ) = 0,333x18x5,652/2=90 kN/m
Fatrito= mP = 0,55x 163 =90 kN/m
90
r= = 1,0 < 1,4 não atende é necessário executar o dente.
90
Considerando um dente com (profundidade) j. O empuxo passivo desenvolvido pela laje
maciça e o dente com j é de

Fpassivo= K p × g s ×
(0,2 + j )3
6
para que haja equilíbrio

90 + Fpassivo
r= = 1,4 Fpassivo = 36kN
90

3 × 18 ×
(0,2 + j )3 =36 j=1,38m (valor alto)
6

3) Cálculo das tensões no solo


Para calcular as tensões de contato entre a sapata e o solo, faz-se inicialmente a
redução do esforços do ponto X para o meio da sapata como indicado na figura 4
.

figura 4- Redução dos esforços do ponto X ao centro da sapata


P
P

Mrest
M=P(e/2)+Mtomb-M resis
Mtomb

X X
e/2 e/2 e/2 e/2

Assim. o momento atuante no centro da sapata será de


M= P(e/2)+Mtomb-Mrestit
M= 163x(2,43/2)+185,2-268=115 kN.m/m
Para que o funcionamento seja sem tração é preciso que a excentricidade do momento e
carga vertical seja inferior ao valor da cota do núcleo central (neste caso e/6)
M 115 2,43
exc = = = 0,70m > = 0,4
P 163 6

Assim há tração no solo não podendo usar a formula da resistência dos materiais o
equilíbrio se dará conforme o esquema da figura n+1

Figura n+1
(1/3)n exc

e/2

P P

M=P(e/2)+Mtomb-M resis

X X (2/3)n

S,max S,max

O equilíbrio se dá com:
e 1n 2,43 n
= + exec = + 0,70 n=1,545m
2 3 2 3
A resultante é dada por

ss ×n s s × 1,545
P= ×1 115 = ×1 s s = 149kN / m 2 <200
2 2

4)Cálculo das armaduras


Para calcular as armaduras é preciso calcular os momentos fletores nas seções
S1,S2 e S3 mostradas na figura 6

Figura 6- Seções onde são calculadas as armaduras e as ações a se considera5

h E

h/3
S1

X S2 S3 S

S,max

Momentos
seção S1
h3 1 5,5 3
M S1 = (k a × h × g s ) × (h / 2) × (h / 3) = k a × g s × = × 18 × = 166,3kNm / m
6 3 6
Seção S2
é preciso calcular a tensão em S2

149 s S 2
= s S 2 = 52,2kN / m 2
1,54 0,54

æ s × c2 c2 ö
M s 2 = l arg ura × çç S 2 + (s S max - s s 2 ) × ÷÷
è 2 6ø
æ 52,2 × 1,12 1,12 ö
M s 2 = 1 × çç + (149 - 52,2 ) × ÷ = 31,58 + 19,5 = 51,10kNm / m
è 2 6 ÷ø
Seção S3
é preciso calcular a tensão em S3
149 s S 3
= s S 3 = 10,6kN / m 2
1,54 0,11
æ k2 c2 ö
M s 2 = l arg ura × çç (s S 3 ) × - gh ÷÷
è 6 2ø
æ 0,112 5,5 × 18 × 1,12 ö
M s 2 = 1 × çç10,6 - ÷÷ = 0,06 - 59,9 = -60kNm / m
è 6 2 ø

Valores de d
Na seção S1 Considerando cobrimento de 1,5 cm e armadura com diâmetro de 2 cm
d=33-1,5-1=30,5 cm
Na seção S2 e S3 o cobrimento é de 1,5 cm e armadura com diâmetro de 1,25 cm
d=20-1,5-0,625= cm

1,4 × M 1,4 M M
KMD = = × 2 = 4,9 × 10 -5 × 2
b × d 2 × f cd 20000 d d

1,4

Seção d (m) M M/d2 KMD es Kz As (cm2/m)


(kN.m/m)
S1 0,305 166,3 3285 0,1609 0,98 0,894 24,28
S2 0,17825 51,10 3421 0,1677 0,91 0,893 16,47
S3 0,17825 60,0 6672 0,326 0,206 0,6287 43,99

Você também pode gostar