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DOI: 10.1590/1413-81232023285.

12732022 1341

Gestão estadual da atenção primária à saúde em resposta

artigo article
à COVID-19 na Bahia, Brasil

State management of primary health care in response to COVID-19


in Bahia, Brazil

Ítalo Ricardo Santos Aleluia (https://orcid.org/0000-0001-9499-6360) 1


Ana Luiza Queiroz Vilasbôas (https://orcid.org/0000-0002-5566-8337) 2
Gabriela Evangelista Pereira (https://orcid.org/0000-0002-1497-3132) 2
Fabiely Gomes da Silva Nunes (https://orcid.org/0000-0003-1653-0842) 3
Rosana Aquino Guimarães Pereira (https://orcid.org/0000-0003-3906-5170) 2
Cristiane Abdon Nunes (https://orcid.org/0000-0001-6352-9858) 2
Nília Maria de Brito Lima Prado (https://orcid.org/0000-0001-8243-5662) 3

Abstract This is an analysis of state manage- Resumo Análise da gestão estadual da atenção
ment of Primary Health Care in response to the primária à saúde (APS) em resposta à pandemia
COVID-19 pandemic in Bahia. It is a qualitative de COVID-19 na Bahia. Estudo de caso de natu-
case study with interviews with managers and reza qualitativa mediante entrevistas com gesto-
regulatory documents analyzed according to the res e documentos normativos analisados segundo
categories of government project and government as categorias de projeto e capacidade de governo.
capacity. State PHC proposals were debated in Proposições estaduais de APS foram debatidas
the Bipartite Intermanagerial Commission and na Comissão Intergestores Bipartite e no Comitê
in the Public Health Operational Emergency Operacional de Emergência em Saúde Pública. O
Committee. The scope of the PHC project focused conteúdo propositivo do projeto da APS concen-
on the definition of specific actions to manage the trou-se na definição de ações específicas de gestão
health crisis with the municipalities. The institu- da crise sanitária junto aos municípios. O apoio
tional support of the state to the municipalities institucional do estado aos municípios modulou
modulated inter-federative relations and was de- as relações interfederativas e foi determinante na
cisive in the elaboration of municipal contingency elaboração dos planos municipais de contingên-
plans, training of teams and production and dis- cia, da capacitação das equipes, produção e difu-
semination of technical standards. The capacity são de normas técnicas. A capacidade do governo
of the state government was dependent upon the estadual foi condicionada pelo grau de autono-
degree of municipal autonomy and the availa- mia municipal e disponibilidade de referências
bility of state technical references in the regions. técnicas estaduais nas regiões. O estado fortaleceu
1
Centro de Ciências da The state strengthened institutional partnerships parcerias institucionais para interlocução com
Saúde, Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia. for dialogue with municipal managers, but me- gestores municipais, mas não foram identificados
Av. Carlos Amaral 1.015, chanisms for articulation with the federal level mecanismos de articulação com o nível federal e o
Cajueiro. 44.430-622 Santo and social control were not identified. This study controle social. Este estudo contribui para a aná-
Antônio de Jesus BA Brasil.
italoaleluia@ufrb.edu.br contributes to the analysis of the role of states in lise do papel dos estados na formulação e imple-
2
Instituto de Saúde the formulation and implementation of PHC ac- mentação de ações de APS mediadas por relações
Coletiva, Universidade tions mediated by inter-federative relationships in interfederativas em contextos de emergência em
Federal da Bahia. Salvador
BA Brasil. emergency public health contexts. saúde pública.
3
Instituto Multidisciplinar Key words Federalism, State Government, Pri- Palavras-chave Federalismo, Governo estadual,
em Saúde, Universidade mary Health Care, COVID-19. Atenção primária à saúde COVID-19
Federal da Bahia. Vitória da
Conquista BA Brasil.
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Aleluia IRS et al.

Introdução ticais, entre estados e municípios, como horizon-


tais, entre estados ou entre municípios da mesma
Em sistemas universais de saúde cuja gestão está região ou de outra, mas que não se desvinculam
sustentada em arranjos interfederativos para de obstáculos já existentes quanto às desigualda-
a formulação e implementação de políticas de des territoriais de vulnerabilidade social para a
saúde, o enfrentamento da COVID-19 tem sido COVID-19 e de acesso aos serviços de saúde.
condicionado pela cooperação entre esferas sub- Nesse sentido, reforça-se o papel estratégico
nacionais1-3. Respostas adequadas e oportunas das SES no planejamento e na gestão de ações e
à crise sanitária provocada pela pandemia de serviços de saúde15,16. Na atenção primária à saú-
COVID-19 requerem ações de fortalecimento de (APS), iniciativas de outros países revelaram
dos sistemas de saúde e aumento da capacidade estratégias de gestão intergovernamental entre
da gestão pública nas articulações intersetorial e esferas nacionais e autoridades sanitárias regio-
intergovernamental e de compensação das desi- nais para definição de critérios de monitoramen-
gualdades sóciossanitárias4-6. to dos territórios quanto ao risco de transmissão
No âmbito internacional, países com gestões do Sars-Cov-2 e de sistemas de vigilância inte-
mais exitosas da pandemia combinaram respos- grados à APS8.
tas que envolveram o suporte social e investi- No Brasil, há escassez de evidências sobre a
mentos no sistema de saúde com articulação de gestão estadual de serviços primários em respos-
medidas de mitigação7. O maior envolvimento de ta à crise sanitária provocada pela pandemia de
governos centrais com esferas subnacionais pro- COVID-19. A análise dos planos de contingência
piciou respostas mais efetivas à crise sanitária8. dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal
Nos cenários de iniciativas tardias e omissão dos no primeiro ano da pandemia revelou a incipi-
governos nacionais, a exemplo de México9 e Bra- ência de proposições para a APS em uma grande
sil10, as ações foram fragmentadas e dificultaram parcela desses documentos16.
o controle da pandemia. Assim, este estudo teve como objetivo anali-
No Brasil, a posição deliberada do governo sar a gestão estadual da APS em resposta à pan-
federal contrária à ciência se caracterizou pela demia de COVID-19 na Bahia de janeiro de 2020
negação da crise sanitária. A esse fato, associou- a agosto de 2021, de modo a contribuir para a
se a crise federativa, produto do modelo atual análise do papel das SES em sua capacidade de
adotado pela União de redução do apoio aos en- formulação e gestão de ações centradas na APS
tes subnacionais e consequente acirramento do junto aos territórios municipais.
conflito com governos estaduais e municipais11.
Tais elementos confluíram para a desresponsabi-
lização federal na resposta à pandemia12,13, cola- Método
borando para a ausência de um padrão das ações
de prevenção e controle da COVID-19. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que adotou
A descoordenação nacional impôs a necessi- como estratégia de investigação o estudo de caso,
dade de maior cooperação entre estados e muni- cuja unidade de análise foi a gestão estadual da
cípios na tentativa de assegurar ações sinérgicas APS em resposta à pandemia de COVID-19 na
e oportunas11-13. Nos sistemas descentralizados Bahia. Neste artigo, analisaram-se as variáveis
de saúde, como o brasileiro, tem-se a comple- “projeto de governo” e “capacidade de governo”,
xa combinação de múltiplos entes subnacionais componentes do triângulo de governo, construc-
para a gestão de crises sanitárias com a comple- to elaborado por Carlos Matus17.
xidade da COVID-1911. Diante desse cenário, O estudo tomou como cenário investigativo a
torna-se mais desafiador4 para a gestão estadual Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
coordenar respostas em cooperação com gestores O estado está dividido em nove macrorregiões e
municipais. 28 regiões de saúde, onde estão distribuídos os
Além disso, vale ressaltar o apagamento histó- 417 municípios. A gestão regional da Sesab é
rico do papel dos estados na gestão do SUS dada desconcentrada em nove Núcleos Regionais de
a ênfase na municipalização da saúde enquanto Saúde (NRS), que reúnem suas Bases Regionais
estratégia de descentralização do sistema14, o que de Saúde (BRS) e respectivas Comissões Inter-
pode ter modulado a ação das secretarias estadu- gestores Regionais (CIR)18.
ais de saúde (SES) na gestão da pandemia. Isso A Política Estadual da Atenção Básica da
pode ter contribuído para a criação de novos de- Bahia (PEAB), instituída por decreto do gover-
senhos de articulação interfederativa, sejam ver- nador em 201319, está sob gestão da Diretoria de
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Atenção Básica (DAB). A educação permanente das entrevistas na íntegra; leitura exaustiva para
e a integração entre atenção básica e vigilância apropriação do discurso de entrevistados; pré-
à saúde são consideradas ações estratégicas de codificação segundo dimensões do roteiro de en-
qualificação da atenção básica desenvolvidas pela trevista; e disposição dos dados em único corpus
DAB em conformidade com a PEAB. O Telessaú- textual. Na segunda etapa, analisou-se o corpus
de Bahia, estrutura da Fundação Estatal Saúde textual pela classificação hierárquica descenden-
da Família subordinada à DAB, operacionaliza te (método de Reinert), agrupando-se novas clas-
ações de educação permanente dos profissionais ses temáticas mediante o teste do qui-quadrado
de atenção básica dos municípios. O apoio ins- (chi2) para medir a associação entre as palavras
titucional é um dos eixos da implementação da e suas classes (análise de similitude), confirmada
PEAB, e a DAB organiza seu processo de traba- quando o valor do qui-quadrado era superior a
lho em nove equipes de apoiadores institucionais 3,84 e o valor inferior a 5% (p < 0,05).
que oferecem suporte técnico e acompanham, Em seguida, procedeu-se à análise de discur-
com a mediação dos NRS, os 417 municípios. so de Bardin para interpretação de sentido das
Até 2020, a Bahia dispunha de 3.695 Unida- palavras dos entrevistados, recuperando-se os
des Básicas de Saúde, uma cobertura de atenção segmentos de texto onde tais palavras apareciam,
básica de 84,34% e da Estratégia de Saúde da Fa- e o léxico mais frequente passou a fazer sentido
mília de 77,54%, sendo todas as equipes cofinan- em relação ao contexto da discussão. Posterior-
ciadas com recursos estaduais20. O primeiro caso mente, esse material foi cotejado com a análise
de COVID-19 no estado foi confirmado em 6 de documental e confrontado com as categorias que
março de 2020, e até o dia 10 de junho de 2021 conformam o plano analítico do estudo (Qua-
havia 1.053.031 casos confirmados, 1.016.780 dro 1), a saber: “projeto de governo”, relativa ao
casos recuperados e 22.195 óbitos pela doença21. processo decisório, seus atores e conteúdo das
Durante a pandemia, a Sesab instituiu o Comitê propostas estaduais de APS para enfrentamento
Operacional de Emergência em Saúde Pública da pandemia de COVID-19, e “capacidade de
(COES), responsável pela articulação de atores governo”, correspondente a mecanismos, instru-
envolvidos no desenho de respostas estaduais à mentos, formas de articulação e condicionantes
pandemia, sendo a Comissão Intergestores Bi- da capacidade de gestão da DAB que modularam
partite (CIB) o espaço decisório responsável pela as relações do estado com outras esferas adminis-
homologação de tais proposições. trativas em resposta à pandemia.
A produção do material empírico da pes- O estudo é parte da pesquisa “Análise de
quisa combinou análise documental e entrevis- modelos e estratégias de vigilância em saúde da
tas semiestruturadas com informantes-chave. pandemia do COVID-19 (2020-2022)”, financia-
Analisaram-se três edições do Plano Estadual de da pela Chamada MCTIC/CNPq/FNDCT/MS/
Contingência para Enfrentamento do Sars-Cov-2 SCTIE/Decit nº 07/2020, aprovada pelo Comitê
(PEC), a primeira edição de Plano Estadual de de Ética em Pesquisa do Instituto de Saúde Co-
Vacinação contra COVID-19 (PEV), 184 reso- letiva da Universidade Federal da Bahia, parecer
luções da CIB e outros documentos de interesse, 4.420.126, de 25 de novembro de 2020.
disponíveis no site da Sesab, publicados entre ja-
neiro de 2020 e agosto de 2021. Foram feitas 44
entrevistas guiadas por um roteiro que abordou Resultados
questões relativas ao planejamento e à gestão es-
tadual da APS na pandemia, com equipe técnica Compuseram o corpus de análise dos dados 88
e dirigentes vinculados à Atenção Básica, Vigi- textos das entrevistas, e a análise estatística tex-
lância Epidemiológica e COES da Sesab e de três tual clássica obteve 19.618 ocorrências, 2.481 for-
municípios selecionados por conveniência, entre mas e 1.315 hapax (palavras que aparecem apenas
28 de novembro de 2020 e 12 de abril de 2021. No uma vez). Na análise de similitude, observou-se a
caso dos municípios, foram selecionados os ex- interconexão entre as palavras, considerando o
certos das entrevistas que tratavam das relações índice de coocorrências que podem ser mais for-
com a Sesab para o enfrentamento da pandemia. tes ou mais fracos, a depender da espessura das
A análise dos dados foi realizada nas seguin- linhas (teste chi2). Desse modo, identificaram-se
tes etapas: a primeira relativa ao processamen- conteúdos temáticos a partir do elemento lexical
to e análise lexical pelo Interface de R pour les central “pandemia” e suas distintas conexões,
Analyses Multidimensionnelles de Textes et de com destaque para as relações mais fortes com os
Questionnaires (IRAMUTEQ), versão 0.7 al- termos: APS, município, estado.
pha 2. Nessa etapa, organizou-se a transcrição
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Aleluia IRS et al.

Quadro 1. Categorias analíticas, definição e critérios de análise do material empírico.


Categoria
Categoria operacional Critérios
analítica
Projeto de Ideias, propostas, objetivos, atores e Atores e espaços envolvidos no processo de formulação do
governo espaços envolvidos no processo de projeto de governo estadual para a APS na pandemia de
formulação e decisão para compor COVID-19.
a resposta estadual da APS na Conteúdo propositivo das decisões estaduais dirigidos à
pandemia de COVID-19. APS no enfrentamento da pandemia no estado da Bahia.
Capacidade Capacidade de gestão da DAB Mecanismos e instrumentos utilizados pela gestão estadual
de governo para operacionalizar as propostas para apoiar a resposta de APS junto aos municípios.
estaduais voltadas à APS em Condicionantes da capacidade de gestão da DAB que
resposta à pandemia de COVID-19. modularam as relações do estado com outras esferas
administrativas em resposta à pandemia.
Fonte: Autores.

Atores e espaços envolvidos no processo Conteúdo propositivo das decisões


de formulação do projeto de governo estaduais dirigidas à APS
estadual em resposta da APS à pandemia no enfrentamento da pandemia

A DAB foi o ator principal da formulação do No período do estudo, vale destacar que, se-
projeto de governo estadual para a APS na pan- gundo entrevistados e análise das resoluções da
demia. Outros atores partícipes foram as estru- CIB, o tema central das reuniões dessa comissão
turas da Vigilância Epidemiológica da Sesab e o sobre o enfrentamento da pandemia foi a dis-
Conselho Estadual de Secretarias Municipais de tribuição de leitos clínicos e de UTI nas regiões
Saúde da Bahia (COSEMS). Propostas estaduais de saúde, a fim de assegurar o cuidado aos casos
de APS foram debatidas e pactuadas entre a Sesab moderados e graves de COVID-19 diante da de-
e o COSEMS na CIB, principal espaço homolo- ficiência crônica de leitos hospitalares, especial-
gatório das estratégias de gestão estadual da crise mente no interior do estado. Outro tema relevan-
sanitária, no qual o diretor da DAB tinha assento. te que surgiu no primeiro semestre de 2021 foi
Outro espaço institucional de decisão men- a distribuição, entre os municípios, das doses de
cionado pelos gestores foi o COES, em que a vacina para os grupos prioritários definidos no
DAB era convidada a participar, visto que não era Plano Nacional de Operacionalização, em meio a
integrante do Comitê. Neste espaço, as proposi- um cenário de escassez dos imunizantes e desco-
ções foram traduzidas em notas técnicas emitidas ordenação nacional.
como recomendações aos serviços de saúde. Se- Foi simbólico, uma certa vez, um técnico que
gundo relatos, houve a elaboração de documen- trabalhava dando suporte para acontecer as reuni-
tos técnicos mediante colaboração entre DAB, ões da CIB, disse assim, a reunião dos leitos já vai
Vigilância Epidemiológica e COSEMS, debatidos começar (EGE11).
com gestores municipais nos Colegiados de Co- O levantamento documental permitiu identi-
ordenadores de Atenção Básica (COCAB) das ficar o conteúdo propositivo das decisões estadu-
regiões de saúde. ais sobre a resposta da APS à pandemia em duas
Elaboramos conjuntamente, porque essa ação edições do PEC e no Plano de Vacinação aprova-
optamos que fosse coordenada pela DAB e deve ser dos pela CIB, além de duas resoluções específicas
coordenada por eles, e elaboramos conjuntamente exaradas por essa comissão (Quadro 2). Docu-
algumas Notas Técnicas (NT). Tivemos algumas mentos técnicos também revelaram decisões da
reuniões com o COSEMS, inclusive, e com os pro-
gestão quanto às condutas a serem observadas
fissionais da APS para discutir notas (EGE9).
pelos profissionais de APS na atenção e vigilância
da COVID-19.
Os entrevistados referiram a produção de vá-
rias Notas Técnicas. No entanto, no site da Sesab
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foram localizados apenas um Protocolo Opera- demandas provocadas pelo retorno às aulas nos
cional Padrão (POP) emitido pela DAB em março territórios.
de 2020 e o documento denominado “Estratégias Ainda que apoiar tecnicamente os municí-
de flexibilização das medidas de distanciamento pios na qualificação da APS fosse um dos ob-
social”, datado de julho de 2020, de autoria da Vi- jetivos específicos dos PEC, as proposições se
gilância Estadual. Na sequência, será apresentada restringiram ao suporte a ações específicas de
uma sistematização do conteúdo propositivo em enfrentamento da pandemia e não trataram do
ordem de relevância: edições do PEC, Plano de papel estadual para assegurar condições necessá-
Vacinação, resoluções CIB específicas sobre APS rias para seu fortalecimento na coordenação do
e documentos técnico-operacionais. cuidado e no ordenamento das redes de atenção
A primeira edição do PEC, de fevereiro de de modo abrangente.
2020, não apresentou detalhamento sobre o pa- No início de 2021, foi publicado o PEV da
pel da APS no enfrentamento da pandemia. A Bahia com sucessivas atualizações em decor-
segunda edição, publicada em março e atualizada rência da ampliação dos grupos prioritários.
em junho de 2020, definiu um eixo específico de A definição da estratégia mais adequada para a
APS cujas ações destacam o papel do estado na vacinação contra COVID-19 foi uma atribuição
orientação do trabalho dos profissionais na aten- conjunta de estado e municípios. Há clara indi-
ção e vigilância da COVID-19, na identificação cação das salas de vacinação das unidades de saú-
de estratégias para aquisição e uso racional de de como local de oferta dos imunizantes, o que
insumos e EPI e na oferta do apoio do telessaúde reitera a relevância da APS no enfrentamento da
às demandas do enfrentamento da pandemia. O pandemia. O documento também apresentou re-
PEC explicita a APS como uma das possíveis por- comendações para organização do fluxo de cir-
tas de entrada aos casos suspeitos, mas não in- culação do público-alvo nesses serviços, buscan-
cluiu as unidades básicas na modelagem da rede do evitar aglomerações.
assistencial para o enfrentamento da pandemia, Alguns aspectos específicos da APS no en-
estruturada em Centros de Atendimento, Pronto frentamento da COVID-19 foram tratados em
Atendimento Exclusivo, Unidade de Referência e reuniões da CIB, com as seguintes pautas: padro-
de Retaguarda COVID-19.Em junho de 2021, foi nização de EPI, solicitação do COSEMS sobre o
publicada a terceira edição do Plano22, sem mo- fluxo de casos de síndrome respiratória aguda
dificação da modelagem da rede assistencial, mas grave na atenção básica, curso para identificação
é declarado o papel da APS no enfrentamento da e cuidado precoce da COVID-19, uso da Ficha B
pandemia, em consonância com a Política Esta- – Síndrome Gripal como estratégia de busca ativa
dual de Atenção Básica, a saber: de casos, e uso de tecnologias de informação e
A Atenção Primária à Saúde é a porta de en- comunicação (TIC) por via remota para o cuida-
trada preferencial do Sistema Único de Saúde, do da APS de modo geral.
tendo, durante surtos e epidemias, papel funda- Entre esses temas, apenas dois deles foram
mental na resposta à doença em questão. Oferece objeto de resolução da CIB, em julho de 2020, em
atendimento resolutivo, além de manter a longitu- meio a 184 resoluções sobre a pandemia exaradas
dinalidade e a coordenação do cuidado em todos entre março de 2020 e agosto de 2021. A Resolu-
os níveis de atenção à saúde, com grande potencial ção 107/2020 aprovou o Programa de Telecom-
de identificação precoce de casos graves que devem partilhamento da Saúde com a Atenção Básica
ser manejados em serviços especializados22 (p. 11). do Estado da Bahia, em que se propunha utilizar
Nessa edição, aprimora-se o conteúdo do TIC a distância para a retomada, ampliação e for-
eixo da APS quanto ao escopo das ações direcio- talecimento do cuidado em APS nos municípios.
nadas aos municípios na organização da resposta A Resolução 112/2020 tratou da organização da
em relação à oferta de suporte técnico, normativo atenção básica no acompanhamento e monitora-
e de ações de educação permanente sobre CO- mento dos casos, com a aprovação do fluxo de
VID-19 na APS. Havia proposições específicas acompanhamento e o envio do consolidado mu-
para produção de informações sobre capacida- nicipal semanalmente, mediante implantação da
de instalada de unidades básicas que atendiam a Ficha B de registro dos casos de síndrome gripal.
casos suspeitos, monitoramento de ações execu- O POP sobre o fluxo de atendimento de casos
tadas pelo nível local e estímulo aos municípios suspeitos de COVID-19 para profissionais das
para o preenchimento da Ficha B – Síndrome unidades básicas de saúde foi a primeira orien-
Gripal. O papel do ACS na pandemia, nesse do- tação técnica sobre as ações de APS emitida em
cumento, foi mencionado para atendimento às março de 2020. Continha instruções sobre pro-
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Aleluia IRS et al.

Quadro 2. Propostas estaduais de APS para o enfrentamento da pandemia, estado da Bahia, 2020 a 2021.
Documento Síntese do conteúdo Link de acesso
Plano Eixo APS: apoio e orientação sobre medidas de prevenção e controle para o http://www.saude.
Estadual de vírus COVID-19; orientação às equipes multiprofissionais para implantação do ba.gov.br/wp-content/
Contingências Protocolo de Manejo Clínico do Novo Coronavírus (SARS CoV2) na Atenção uploads/2020/06/
para Primária à Saúde/MS; orientação aos profissionais de saúde na atenção às Plano-de-
Enfrentamento populações historicamente excluídas e de maior vulnerabilidade; reorientação do Continge%CC%82ncia-
do Novo atendimento das equipes de saúde municipais para as intervenções necessárias Coronav%C3%ADrus-
Coronavírus - conforme a progressão dos caso; identificação de estratégias para aquisição Bahia-2020-2606.pdf
SARS CoV2. 2ª e distribuição de insumos e EPI”s, bem como seu uso racional; orientação do
edição. Junho acompanhamento e monitoramento dos pacientes em isolamento domiciliar
de 2020. em parceria com as equipes de vigilância à saúde local; realização de WEB
reuniões com temáticas relacionadas ao Novo Coronavírus; referenciamento
do Telessaúde para atender as demandas relacionadas ao enfrentamento do
Coronavirus. Unidades de APS como uma das portas de entrada de atendimento
de casos suspeitos mas não integram a rede assistencial de enfrentamento da
pandemia.
Plano Eixo APS: realização de Colegiados de Coordenadores da Atenção Básica http://www.saude.
Estadual de sobre o tema, utilizando as ferramentas do telessaúde e outras ferramentas ba.gov.br/wp-content/
Contingência de videoconferências; articulação com os municípios que tenham casos uploads/2021/07/
para de COVID-19, apoiando na gestão da saúde, a partir das orientações para Plano-estadual-de-
Enfrentamento organização da Atenção Básica-AB, no enfrentamento do SARSCoV-2; revisão contingencia-SARS-
do SARS CoV- técnica dos Procedimentos e Manuais de Profissionais de Saúde no enfrentamento COV2_Com-Linhas.pdf
2.3ª edição, 2ª do coronavírus no estado da Bahia; levantamento e consolidação, por município
revisão. Junho e região de saúde, do número de Unidades de Saúde da Família e de Unidades
de 2021. Básicas de Saúde que são pontos de Atenção na Rede para o atendimento à
COVID-19; Compartilhamento e matriciamento dos municípios em relação à
legislação, protocolos, normativas, entre outros produtos técnicos que orientem
as gestões municipais para organização da Atenção Básica; levantamento e
consolidação das ações realizadas pelos municípios para o enfrentamento do
SARS-CoV-2; atividades de Educação Permanente voltadas aos profissionais
da AB que estão no atendimento à COVID-19; mobilização das Secretarias
Municipais de Saúde sobre a importância do preenchimento do instrumento
Ficha B-SG para a busca ativa de casos relacionados à COVID-19; referência ao
Programa de Telecompartilhamento da Saúde com a Atenção Básica do estado
da Bahia como estratégia para retomar, ampliar e fortalecer o cuidado ofertado
pela Atenção Básica nos municípios durante e após a pandemia da COVID-19,
por meio do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação-TIC a distância;
produção de atividades educativas e materiais informativos através da Telessaúde
para apoiar os profissionais no enfrentamento do Coronavírus; orientação quanto
a possibilidade de uso das Tecnologias na Comunicação e Informação para
monitoramento e atendimento das demandas relacionadas ao enfrentamento
do SARS-CoV-2; identificação de estratégias para aquisição e distribuição de
insumos e Equipamentos de Proteção Individual - EPI’s, bem como seu uso
racional; orientação do preenchimento adequado dos campos no Cadastro
Individual no e-SUS, com vistas a qualificar atenção a saúde (Nome Social; Raça/
cor; É membro de Povo ou Comunidade Tradicional; Usa Plantas Medicinais
e Cidadão em Situação de Rua); elaboração de nota técnica informativa sobre
COVID-19 para trabalhadores da Saúde da Atenção Primária dos municípios
do estado da Bahia; qualificação dos Agentes Comunitários de Saúde para atuar
frente as demandas do território emergentes do retorno às aulas no contexto da
COVID-19. Unidades de APS como uma das portas de entrada de atendimento
de casos suspeitos mas não integram a rede assistencial de enfrentamento da
pandemia.
continua
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Quadro 2. Propostas estaduais de APS para o enfrentamento da pandemia, estado da Bahia, 2020 a 2021.
Documento Síntese do conteúdo Link de acesso
Bahia. “Padronização das ações para a detecção precoce de pessoas caracterizadas como http://www.saude.
Secretaria casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus SARSCoV-2; manejo inicial; ba.gov.br/wp-content/
de Saúde. acionamento de transporte e encaminhamento de casos suspeitos para a unidade uploads/2020/03/POP-
Diretoria de de referência de forma oportuna e segura; registro de informações clínicas, Fluxo-de-atendimento-
Atenção Básica. histórico de viagem internacional ou contato com caso suspeito ou confirmado; de-casos-suspeitos-de-
Protocolo investigação e registro de dados de contatos próximos; realização de notificação COVID-19_17-03-2020_
Operacional imediata; adoção de medidas para evitar casos graves e óbitos; e orientação à BAHIA.pdf
Padrão nº população sobre medidas de prevenção”. Indica as medidas de biossegurança
001. Fluxo de para proteção de usuários e profissionais das unidades básicas de saúde.
atendimento de
casos suspeitos
de COVID-19.
Salvador,
17/03/2020
Bahia. “O modelo de atenção do SUS-Bahia adota a Atenção Básica como porta de http://www.saude.
Secretaria entrada e tem a característica de ser capilarizado, atingindo 82,21% de cobertura ba.gov.br/wp-content/
de Saúde. no estado da Bahia, ampliando as possibilidades de disseminação das estratégias uploads/2020/10/
Estratégias para de promoção da saúde, do monitoramento e da detecção precoce de casos novos. Estrategias-para-
flexibilização É importante considerar as diversas estratégias que a Atenção Básica pode adotar a-Flexibilizacao-
das medidas de juntamente com as equipes de vigilância em saúde, ampliando a capacidade de das-Medidas-de-
distanciamento detectar, monitorar e conter novos casos e seus contatos. Ressalta-se que através Distanciamento-Social.
social durante o do aplicativo Monitora COVID e a implantação da Ficha B de busca ativa dos pdf
enfrentamento casos COVID-19, a atenção básica poderá junto à sua área adstrita realizar a
da COVID-19 triagem de casos, detectando-os precocemente e encaminhando ao serviço de
no estado da média e alta complexidade quando for necessário. Bem como, a notificação e o
Bahia em 2020. tratamento dos casos leves poderão acontecer de modo precoce, melhorando a
1ª edição, sensibilidade do sistema de vigilância”.
Salvador. Julho “A busca ativa de casos através da identificação de pessoas no início dos
de 2020. sintomas favorecerá a implementação de medidas de isolamento oportuno,
acompanhamento adequado dos casos e identificação de condicionantes da saúde,
inclusive relacionados ao trabalho. Pensar no cuidado da saúde da população
requer mobilização de atores que atuam na vigilância em saúde e atenção
básica a fim de evitar que esta chegue ao agravamento da doença e consequente
hospitalização. As Unidades de Saúde, uma vez articuladas, potencializam a
capacidade de vigilância em saúde do SUS, atuando na promoção e prevenção,
cuidando, testando e isolando, evitando desta forma o colapso do sistema de
saúde”.
continua

cedimentos clínicos e epidemiológicos, aciona- “Monitora Covid”, desenvolvido pelo Consórcio


mento de transporte sanitário, medidas de bios- Nordeste, e a implantação da Ficha B de busca
segurança e prevenção populacional. ativa dos casos, elaborada pela DAB.
Quanto às recomendações para flexibiliza-
ção das medidas de distanciamento social, pu- Capacidade da gestão estadual para APS
blicadas em julho de 2020, destaca-se o papel da em resposta à pandemia de COVID-19
APS no fortalecimento da vigilância no território
como parte da capacidade do sistema de saúde a A articulação inicial do estado com gestores
ser considerada no retorno das atividades econô- regionais e municipais teve como instrumento
micas. Para melhorar a sensibilidade do sistema norteador um plano de trabalho que priorizou as
de vigilância, foi proposto o uso do aplicativo macrorregiões com maior transmissão comuni-
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Aleluia IRS et al.

Quadro 2. Propostas estaduais de APS para o enfrentamento da pandemia, estado da Bahia, 2020 a 2021.
Documento Síntese do conteúdo Link de acesso
Resolução CIB “Aprovou o Programa de Telecompartilhamento da Saúde com a Atenção Básica http://www5.saude.
107/2020 do Estado da Bahia prevendo retomar, ampliar e fortalecer o cuidado ofertado ba.gov.br/portalcib/
pela Atenção Básica nos municípios, durante e após a pandemia da COVID-19, images/arquivos/
por meio do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação a distância (TIC). Resolucoes/2020/RES_
O Programa de Telecompartilhamento é composto por duas ofertas integradas: a CIB_107_2020.pdf
Teleconsultoria especializada (troca de informações e opiniões entre profissionais
de saúde com o objetivo de esclarecer dúvidas baseado em evidências científicas)
e a Teleconsultoria com Intenção de encaminhamento (discussão de um caso no
qual o profissional solicitante da Atenção Básica tem intenção de encaminhar,
a pessoa assistida em sua Unidade de Saúde, para atendimento no serviço
especializado de referência). O Programa oferta teleconsultoria especializada
em diferentes especialidades como: angiologia, cardiologia, endocrinologia,
endocrinologia pediátrica, estomatologia, gastroenterologia, ginecologia,
hepatologia, imunologia, infectologia, mastologia, medicina do trabalho,
nefrologia, neurologia, nutrologia, oncologia, ortopedia, pediatria, proctologia,
psiquiatria, reumatologia, urologia”.
Resolução CIB “Dispõe sobre orientações para organização da atenção básica, no http://www5.saude.
112/2020 acompanhamento e monitoramento dos casos de COVID-19, promovendo ba.gov.br/portalcib/
orientação para o monitoramento dos casos de COVID-19 pela atenção básica, images/arquivos/
aprovando o fluxo de acompanhamento e o envio do consolidado municipal Resolucoes/2020/RES_
semanalmente”. CIB_112_2020.pdf
Plano Estadual “este plano agrega atores político institucionais relevantes à implementação das http://www.saude.
de Vacinação ações no território locorregional, a exemplo dos Núcleos Regionais de Saúde ba.gov.br/wp-content/
COVID-19 (NRS), Diretorias da Atenção Básica (DAB), Secretarias Municipais de Saúde, uploads/2022/03/
Distrito Sanitário de Saúde Indígena (Dsei/Bahia) e as instâncias colegiadas de Versa%CC%83o-
gestão e pactuação do SUS, a exemplo do COSEMS, CIB, CIR, e de controle social, atualizado-11-03-22-
como o CES e CMS (...) Considerando os locais de maior fluxo populacional e com Plano-Vacinacao-
o intuito de facilitar o acesso à vacinação, os municípios, conjuntamente com o COVID-19-CIVEDI-
estado, definirão a melhor estratégia para vacinar a população, de maneira rápida DIVEP-8-edicao.pdf
e oportuna, nas salas de vacinação das unidades de saúde e nos postos volantes
(...) A vacinação contra a COVID-19 pode exigir diferentes estratégias, devido
à possibilidade da oferta de diferentes vacinas, para diferentes faixas etárias/
grupos e considerando a realidade de cada município. Na elaboração das micro
programações locais devem ser consideradas os seguintes aspectos para definição
das estratégias de vacinação: vacinação de trabalhadores de saúde: exige trabalho
conjunto entre atenção primária à saúde, urgência e emergência, principalmente
para aqueles que atuam em unidades exclusivas para atendimento da COVID-19;
vacinação de idosos: a vacinação casa a casa pode ser uma estratégia em resposta
àqueles que têm mobilidade limitada ou que estejam acamados; vacinação em
drive thru, nos centros urbanos; organização da unidade primária em saúde
em diferentes frentes de vacinação, para evitar aglomerações (deve-se pensar
na disposição e circulação destas pessoas nas unidades de saúde e/ou postos
externos de vacinação).
Fonte: www.saude.ba.gov.br/coronavirus.

tária do Sars-Cov-2 e orientou o processo de ela- tucional da DAB junto aos territórios facilitou a
boração dos planos de contingência municipais atuação do estado para coordenar a elaboração
(PCM). O modelo de PCM desenhado pela DAB dos PCM.
foi inspirado na versão do PEC, e os NRS e BRS Sempre trabalhamos com essa questão de pla-
foram estratégicos na articulação entre o estado nejamento junto com o território, não apenas en-
e gestores locais no processo de planejamento volvendo município, mas também e principalmen-
municipal. A experiência prévia do apoio insti- te as regionais de saúde [...], cada apoiador ficou
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lotado em determinada região, para poder estar os técnicos da DAB tinham relações mais conso-
fazendo atendimento tanto dos municípios quanto lidadas, e em outras, mais incipientes.
a própria regional. Fomos articulando... (EGE12). Tem base que não tem ninguém de referência
Fizemos um modelo de plano de contingência para a APS e tem pra vigilância, mas não tem pra
municipal com o que era necessário que contivesse APS. Tem bases que têm um profissional que acu-
em cada um desses planos. Encaminhamos para as mula todas as seções e que o erro na verdade está
bases e a bases fizeram a oferta para os municípios em ter um, mas que ele faz toda a vigilância e ain-
para que eles pudessem fazer um plano mais real da faz APS, entendeu? (EGE12).
(EG12). Depende das relações interpessoais com os
A gestão estadual das ações dirigidas à APS técnicos. Temos relações mais fortalecidas em al-
foi operacionalizada, principalmente, de forma gumas bases e em alguns núcleos nós temos mais
remota, mediante ampliação de recursos de te- dificuldades (EGE13).
lessaúde para ofertar salas virtuais destinadas ao A DAB fortaleceu a parceria com o COSEMS
debate entre a DAB e representações regionais e destinada à interlocução com gestores munici-
locais no cenário de distanciamento social. Os de- pais, principalmente em agendas conflitivas de
bates envolveram a divulgação de recomendações pactuação envolvendo a distribuição de EPI e
científicas, oferta de cursos de curta duração e we- insumos encaminhados pelo Ministério da Saú-
bpalestras para profissionais da APS e vigilância de. Contudo, não foram identificados mecanis-
em saúde, com apoio dos COCAB neste processo. mos de articulação entre o âmbito estadual com
Outros mecanismos incluíram o uso de mensa- o nível federal e o controle social. O cenário de
gens por WhatsApp, redes sociais e plataformas descoordenação nacional foi mencionado pe-
virtuais de telessaúde para divulgação das infor- los entrevistados, que reconheceram o apoio do
mações dirigidas aos gestores municipais de APS. Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CO-
Como Núcleo de Telessáude, antes de iniciar a NASS) e do Conselho Nacional de Secretarias
pandemia, ampliamos o escopo de tecnologia que Municipais de Saúde (CONASEMS) em substi-
tínhamos. Buscamos conseguir salas a mais virtu- tuição ao papel que deveria ser desempenhado
ais para que pudesse dar conta das webreuniões pelo governo federal.
diante da necessidade de se fazer orientação dos O COSEMS foi um parceiro. A DAB fez toda
municípios à distância (EGE3). uma organização para estar distribuindo o que o
Apesar dos mecanismos de articulação es- MS garantiu. Inicialmente, pela dificuldade mes-
tadual-municipal apresentados, a capacidade mo de compra. Nem o município conseguia com-
institucional da Sesab foi assimétrica. Primeiro prar, nem o estado. O que foi disponibilizado pelo
porque os gestores estaduais não conseguiram MS, a DAB teve esse papel de uma forma articula-
instituir discussões e monitoramento da im- da junto com o COSEMS numa planilha conjunta,
plementação dos PCM em todos os municípios inclusive foi algo que foi pactuado (EGE13).
baianos. A relação da DAB com coordenadores Nossos interlocutores passaram a ser o CO-
de APS e vigilância foi relativa ao grau de or- NASS e o CONASEMS, que assumiram o papel
ganização e autonomia das SMS, revelando que que era do MS fazendo articulação com fundações,
nos territórios de secretariais municipais com captando recursos para os estados. Foi uma coisa
maior capacidade técnica e administrativa pode muito complicada. Não tinha um direcionamen-
ter havido menor dependência do nível central to a não ser a partir de Notas Técnicas, e muitas
estadual e, consequentemente, menor aderência surgiram depois que já havíamos publicado a NT
às ações propostas. estadual (EGE3).
Têm coordenadores da APS que eles têm um Não tivemos uma articulação maior em rela-
processo de trabalho um pouco mais independente ção a isso. Já falamos assim, esses espaços de trazer
e conseguem fazer essa articulação com outros que mais a sociedade civil para as discussões... esses
tem uma certa dificuldade. Por exemplo, Salvador espaços estão mais fragilizados. Infelizmente, essa
tem uma estrutura organizacional mais estrutura- também é uma articulação que precisa ser fortale-
da, então esse apoio mais direto eles não deman- cida (EGE11).
dam (EGE13).
Segundo porque a insuficiência de referên-
cias técnicas para a APS em alguns Núcleos e Discussão
BRS comprometeu a disposição territorial de
técnicos com expertise para apoiar as ações esta- Na CIB, foi tímida a visibilidade da APS nas pau-
duais. Além disso, em algumas regiões de saúde, tas sobre a pandemia, em contraponto à ênfase
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Aleluia IRS et al.

dos debates e das resoluções sobre atenção hospi- estado da Bahia, implementada a partir de 2015,
talar. Essas evidências indicam a centralidade do quando houve extinção das diretorias regionais e
modelo hospitalocêntrico no enfrentamento da a criação dos NRS e BRS, muitos deles sem estru-
pandemia, lógica predominante no Brasil e em tura de pessoal necessária para desempenhar as
outras experiências internacionais23,24. funções requeridas junto aos municípios.
Tornar a APS coordenadora do cuidado e Outro condicionante da capacidade de ges-
ordenadora da rede de atenção, dado o modelo tão estadual foi o grau de autonomia das SMS.
hegemônico hospitalocêntrico, é uma proposta Estudos indicam que municípios de maior porte
radical de mudança da organização do SUS, um dispõem de mais autonomia na implementação
projeto de governo audacioso. A direcionalidade de políticas de saúde, pela maior estruturação
do projeto condiciona e é condicionada pela ca- de suas secretarias, o que implica menor depen-
pacidade de governo de um ator social17. Projetos dência do governo estadual27. Esse cenário, que
que significam mudanças substantivas no traba- combina autonomia e interdependência entre os
lho de uma organização lhe exigirão mais capa- entes subnacionais, evidencia desafios históricos
cidade de governo. Em que medida o apoio ins- da gestão regional do SUS28.
titucional oferecido pela DAB às coordenações Cabe destacar que ações de APS na pande-
municipais de APS era suficiente diante da com- mia são respostas predominantemente imple-
plexidade da mudança requerida? Essa é uma mentadas pelo nível municipal25, mas deve-se
questão a ser respondida em estudos posteriores. ressaltar que a autonomia relativa dos gestores,
O espaço da CIB se destacou como estraté- numa lógica municipalista aliada ao apagamen-
gico na tomada de decisão e regulamentação das to do papel estadual14, pode colaborar para um
ações de enfrentamento à pandemia, em acordo forte viés local, em detrimento de respostas re-
com o papel institucional desse colegiado na im- gionalizadas29,30. Tratando-se da complexidade
plementação de políticas do âmbito estadual. A da pandemia de COVID-19, isso pode limitar
ação da CIB na resposta à pandemia, como espa- efeitos sinérgicos da resposta de cada esfera local
ço responsável pela produção das regulamenta- no território regional31.
ções de ações para a COVID-19, também foi uma As evidências deste estudo ratificaram a mul-
evidência encontrada em outros estados25. tiplicidade de atores necessários para construir a
A gestão da pandemia poderia ser uma opor- viabilidade das proposições estaduais para a APS,
tunidade para criação de condições necessárias o que se coaduna com as proposições de Matus17
ao fortalecimento da APS na Bahia, consideran- a respeito da construção de capacidade institu-
do a capacidade de governo que a DAB acumulou cional para governar enquanto processo que en-
por sua trajetória de apoio institucional junto às volve múltiplos atores sociais. A participação de
gestões municipais. Entretanto, vale destacar os diferentes atores e espaços de gestão na resposta
constrangimentos institucionais provocados pela estadual à pandemia de COVID-19 demonstrou
precária cooperação entre Sesab e Ministério a necessidade de articulação entre atores dos ní-
da Saúde, assim como os desmontes da APS de veis estadual, regional e municipal.
base territorial e a orientação comunitária já em A construção da capacidade de governo re-
curso, derivados da revisão da Política Nacional quer a ampliação da competência institucional
de Atenção Básica desde 201726, tudo isso com- para a implantação de um projeto17. No cenário
prometeu uma resposta sustentada na APS como estudado, a expertise acumulada da Bahia no
coordenadora do cuidado e ordenadora da rede. manejo da telessaúde permitiu que esta estraté-
A capacidade de governo trata do domínio de gia fosse incorporada oportunamente às ações
técnicas, métodos e habilidades necessários para de gestão para ampliar a capilaridade institu-
os atores conduzirem processos teóricos, meto- cional da DAB em cooperação com municípios,
dológicos e técnicos de governo17. Evidenciou-se reconfigurando o escopo das TIC para além da
que a capacidade de governo estadual foi maior capacitação profissional de equipes de APS e do
em estratégias de maior expertise da gestão cen- matriciamento da atenção especializada à aten-
tral, a exemplo do manejo das TIC e da coopera- ção básica. Esse achado difere de experiências
ção com os níveis regional/municipal. nacionais32 e internacionais33 de uso das TIC, co-
Por outro lado, a capacidade de gestão es- mumente vinculadas ao cuidado de usuários no
tadual na pandemia foi heterogênea no âmbito contexto da COVID-19.
regional, o que condicionou o apoio e monito- Por fim, o ato de governar envolve uma di-
ramento das ações municipais e se relaciona com versidade de projetos em disputa e pode refletir
a lógica de recentralização da gestão regional no interesses divergentes entre os atores sociais17.
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Neste estudo, constatou-se uma articulação es- SES entre as regiões de saúde, de modo a produ-
tadual-federal incipiente, que pode ser explica- zir ações sinérgicas em territórios desiguais, mas
da por evidências nacionais sobre a disputa de interdependentes.
projetos políticos distintos quanto às medidas Em suma, a gestão estadual das ações de
de enfrentamento à COVID-19, que revelaram a APS no curso de uma pandemia como a de CO-
competição e a judicialização das relações fede- VID-19 requer a confluência de projetos e uma
rativas10,30. Esse cenário se afasta de experiências ação coordenada entre as três esferas de gover-
internacionais que obtiveram melhores respostas no; a criação de espaços decisórios emergenciais,
à pandemia, evidenciadas pela maior capacidade com a inclusão das diretorias estaduais de aten-
de articulação intergovernamental7. ção básica como membros efetivos; a cooperação
Ao considerar a situação de transmissão co- entre estados e municípios nos espaços interges-
munitária da COVID-19, torna-se necessária a tores regionais; a suficiência de referências téc-
priorização do papel dos cuidados primários de nicas regionais em APS para apoiar as ações im-
saúde nas ações de prevenção e controle de crises plementadas no âmbito municipal; a ampliação
sanitárias dessa natureza. Os projetos centrados de tecnologias de comunicação para articulação
na APS de base territorial, orientação comunitá- interfederativa no distanciamento social e um
ria, abrangente e resolutiva requerem viabilidade maior apoio aos municípios com baixa capacida-
técnico-operacional, financeira e política para de técnica e administrativa.
sua operacionalização. Entretanto, a resposta Entre as limitações do estudo, destacam-se a
à pandemia ocorreu num cenário de enfraque- não inclusão de informantes-chave do nível fede-
cimento da Estratégia Saúde da Família (ESF) ral, regional e de municípios de porte diferencia-
enquanto modelo prioritário de organização da do, o que não permitiu confrontar informações
APS no Brasil. segundo a percepção de outros atores que tam-
Os achados deste estudo reforçam o papel bém compõem o cenário de implementação de
das SES na coordenação da gestão da APS e a resposta à pandemia. Recomenda-se a realização
relevância de iniciativas de apoio institucional de estudos futuros que permitam elucidar quais
e educação permanente para mediar a coopera- condições são necessárias para tornar a APS co-
ção interfederativa entre estados e municípios, ordenadora do cuidado e ordenadora da rede de
com vistas a aumentar a capacidade local de en- atenção, em um cenário de “guerra” imposto por
frentamento de crises sanitárias. Vale salientar a crises sanitárias com a magnitude e a complexi-
necessidade de reduzir assimetrias de gestão das dade da pandemia de COVID-19.

Colaboradores

Todos os autores participaram igualitariamente


na concepção e delineamento do estudo, produ-
ção dos dados, análise e interpretação dos resul-
tados.
1352
Aleluia IRS et al.

Financiamento Referências

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