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DOI: 10.1590/1413-812320172210.

16672017 3225

Proteção à saúde no Brasil:

ARTIGO ARTICLE
o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

Health protection in Brazil:


the National Sanitary Surveillance System

Marismary Horsth De Seta 1


Catia Veronica dos Santos Oliveira 1
Vera Lúcia Edais Pepe 1

Abstract This essay presents the singular arrange- Resumo Neste ensaio se apresenta o singular
ment named Health Surveillance in Brazil and arranjo denominado Vigilância em Saúde no
the specificities of its components: public Health Brasil e as especificidades das vigilâncias que o
Surveillance, Worker’s Surveillance, Environmen- compõem: Vigilância Sanitária, Vigilância Epide-
tal Surveillance, Sanitary Surveillance, as well as miológica Ampliada, Vigilância em Saúde do Tra-
the constitutional determination to carry out the balhador e Vigilância Ambiental em Saúde, bem
actions of sanitary and epidemiological surveil- como a determinação constitucional de realização
lance and Worker’s Surveillance. The two national das ações de Vigilância Sanitária e Epidemiológi-
systems of protection and promote health are also ca e de Saúde do Trabalhador. São discutidos os
presented - National Public Health Surveillance dois sistemas nacionais de proteção da saúde - Sis-
System and National Sanitary Surveillance Sys- tema Nacional de Vigilância em Saúde e Sistema
tem, with an emphasis on the regulatory issues in Nacional de Vigilância Sanitária, ressaltando-se
health made by the latter and some constraints to a regulação sanitária efetuada por este último e
its action by the Legislative Branch. It reaffirms alguns constrangimentos à sua ação pelo Poder
the Brazilian State’s constitutional duty to pro- Legislativo. Reafirma-se o dever constitucional do
tect health, and to provide the means for adequate Estado brasileiro na proteção da saúde, provendo
functioning of the two systems, bearing in mind meios para o adequado funcionamento dos dois
that defense of the public interest in health prod- sistemas, tendo em vista que a defesa dos interesses
ucts and services means confronting oligopolies of sanitários representa o enfrentamento de interes-
transnational economic interests. This paper states ses econômicos transnacionais oligopolizados. O
the opinion that the financial constraints facing argumento da crise financeira do Estado brasileiro
the Brazilian State from time to time cannot be não pode prevalecer sobre direitos da cidadania,
allowed to prevail over the rights of citizenship, in- na vigência do subfinanciamento público da saú-
dependently of the public underfunding of health de no Brasil.
in Brazil. Palavras-chave Sistema Nacional de Vigilância
1
Centro Colaborador em Key words National Sanitary Surveillance Sys- Sanitária, Regulação sanitária, Vigilância Epide-
Vigilância Sanitária, Escola
Nacional de Saúde Pública tem, Regulatory issues in health, Epidemiological miológica, Vigilância em Saúde do Trabalhador,
Sérgio Arouca, Fiocruz. R. Surveillance, Worker’s Surveillance, Environmen- Vigilância Ambiental em Saúde
Leopoldo Bulhões 1480/7º, tal Surveillance
Manguinhos. 21.041-900
Rio de Janeiro RJ Brasil.
deseta@ensp.fiocruz.br
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De Seta MH et al.

Introdução Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, ressal-


tando-se a regulação sanitária efetuada por este
O desenvolvimento dos sistemas de saúde possui último e seus constrangimentos, tendo em vista a
relação com a maior participação estatal no con- atuação do poder Legislativo.
trole do que afeta a saúde. Os Estados se estru-
turaram para responder aos problemas de saúde As ações de Vigilância Sanitária,
dos indivíduos e da coletividade, consolidando Epidemiológica e de Saúde do Trabalhador
estruturas voltadas à oferta de ações de saúde como determinação constitucional
destinadas ao tratamento e reabilitação, bem
como à prevenção das doenças e agravos e defi- As vigilâncias são caracterizadas como um
nição de regras para a atuação do setor produtivo conjunto de ações e lidam com riscos ou fatores
– de alimentos, medicamentos, bens e serviços de determinantes e condicionantes de doenças e
saúde – ou de proteção do meio ambiente1. agravos, realizam algum tipo de investigação, re-
Uma das principais inflexões no sistema de querem análises laboratoriais6 e podem ser quali-
saúde brasileiro se deu com o movimento da Re- ficadas como bens públicos do campo da saúde,
forma Sanitária, cujo ponto alto foi a realização de alta externalidade. As distinções entre elas se
da 8ª Conferência Nacional de Saúde, que discu- devem a um conjunto de causas que vão do seu
tiu a saúde como direito e delineou seu futuro. desenvolvimento desigual, ao longo do tempo, à
Ao instituir o Sistema Único de Saúde (SUS), a origem em períodos diversos e às diferenças nos
Lei 8080/1990 definiu as vigilâncias sanitária seus processos de trabalho6, onde o mesmo con-
e epidemiológica e a saúde do trabalhador2. A ceito é operacionalizado de maneiras distintas,
Constituição Cidadã, consonante com a contem- por exemplo, território e risco. Para a Vigilância
poraneidade, onde a maior proteção à saúde se Sanitária, p.e. o conceito de território como con-
dá quando incorporada como direito de cidada- texto é válido, mas na sua atuação é necessário
nia, estabelece o direito à saúde como direito fun- observar a jurisdição para o exercício de seu po-
damental e uma das maneiras de cumprir o dever der-dever.
do Estado, é a formulação e implementação de Vistas como fragmentadas e não como ações
políticas voltadas à redução do risco e à proteção distintas, a recomendação é a sua integração, que
da saúde3. se tem realizado mediante a reforma dos organo-
Os deveres de proteção a serem concretizados gramas das Secretarias de Saúde estaduais e mu-
encontram-se embutidos no leque de ações do nicipais, com a criação de departamentos onde as
campo da saúde. Sua concretude se dá por nor- vigilâncias são agrupadas, ainda que com varia-
mas penais de tutela de bens jurídicos conexos ções nos estados e municípios. Em certas secreta-
como vida, integridade física, ambiente, Saúde rias podem estar reunidas em uma subestrutura:
Pública e por normas administrativas do campo as vigilâncias sanitária e ambiental; a epidemio-
da Vigilância Sanitária, Epidemiológica e da Saú- lógica e a ambiental; sanitária e saúde do traba-
de do Trabalhador4. lhador; ou estarem todas individualizadas em
A proteção à saúde implica o direito de cida- setores, e até agrupadas, por vezes, com zoonoses
dania e necessita da atuação dos Estados Nacio- e controle de vetores, ou com a atenção básica.
nais na garantia do seu acesso, de forma univer- Reunidas, mas não necessariamente integradas
sal, e a regulação daquilo que interfere na saúde ou suficientemente articuladas.
da população, considerando que esta não é mer- Essas quatro vigilâncias se organizam em
cadoria ou mero objeto de lucro1. dois sistemas nacionais: o de Vigilância em Saú-
Na atualidade, no Brasil, as vigilâncias sani- de e o de Vigilância Sanitária5,7. A pretensão de
tária, epidemiológica, ambiental, e em saúde do constituição de um único sistema nacional para
trabalhador constituem práticas sanitárias que, as vigilâncias do campo da saúde8 esbarrou em
em seu conjunto, visam promover, prevenir e razões históricas e legais, que não podem ser
proteger a saúde da população. Construídas em desconsideradas sob pena de se perder o que de
processos distintos e com representação em ins- maior fortaleza existe em cada uma delas: suas
titucionalidades diversas, as vigilâncias foram especificidades.
definidas, por força de portaria ministerial, como O Sistema Nacional de Vigilância em Saúde
integrantes da chamada Vigilância em Saúde5. tem suas origens no Sistema Nacional de Vigi-
Este ensaio objetiva discutir os dois sistemas lância Epidemiológica (SNVE), formalizado em
nacionais que se dedicam à proteção da saúde, meados dos anos 1970, e no Centro Nacional de
o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e o Epidemiologia (CENEPI), criado em 1990, no
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âmbito da Fundação Nacional de Saúde, e trans- As ações típicas conferem caráter regulatório
formado em Secretaria de Vigilância em Saúde à vigilância sanitária e se manifestam mediante
do Ministério da Saúde (SVS/MS), em 2003. O suas atividades normativas, autorizativas – con-
CENEPI passou, a partir de 2000, a ser também cessão de registro, licenciamento, autorizações
responsável pelo sistema de Vigilância em Saúde – e de inspeção e aplicação de sanções. O desem-
Ambiental. penho dessas ações típicas gera capacidade de in-
Discutido na 5a Conferência Nacional de Saú- tervenção, mas também conflitos.
de e instituído mediante lei, o SNVE, continha As vigilâncias em saúde do trabalhador e a
uma divisão de trabalho entre os componentes ambiental em saúde, mormente quando aborda
federal e estadual, em sintonia com a formação os fatores não biológicos, apresentam alto poten-
federativa da época. No final dos anos 1990, ini- cial de geração de conflitos, o que não é mitiga-
ciou-se a descentralização das ações de epide- do pelo fato de, constitucionalmente, o poder de
miologia e controle de doenças, incluindo a Vigi- polícia administrativa estar colocado em outros
lância Epidemiológica para os municípios, estan- ministérios. De todo modo, três das quatro vigi-
do o componente estadual minimamente estru- lâncias são “vigilâncias do conflito real ou poten-
turado9. Com os Projetos VigiSUS I (Vigilância cial”: a dos processos de produção-trabalho (vigi-
e Controle de Doenças) e II (Modernização do lância em saúde do trabalhador); a dos processos
Sistema Nacional de Vigilância em Saúde), a es- de produção-consumo (vigilância sanitária); e a
truturação do Sistema Nacional de Vigilância em da exposição a situações de risco, principalmente
Saúde10 foi técnica e financeiramente sustentada. a vigilância ambiental, no tocante aos riscos não
Nesse ínterim, a criação da SVS/MS – após biológicos6. Essas vigilâncias, de modo diverso da
malograda tentativa de criação de uma agência epidemiológica, se caracterizam pela necessidade
federal em 2002 – consolidou, a partir de 2003, de forte atuação intersetorial para a efetividade
no âmbito do Ministério da Saúde, a área conhe- de suas ações.
cida como Epidemiologia e Controle de Doenças Os dois sistemas nacionais se desenvolveram
(ECD), chamada, a partir de então, de Vigilância desigualmente com base em concepções que va-
em Saúde, mediante a reunião de: ações de vigi- riaram ao longo do tempo. De 1997 a 2006, pre-
lância, prevenção e controle de doenças; coorde- dominou uma concepção de Vigilância em Saú-
nação nacional de programas de prevenção e con- de como Vigilância em Saúde Pública, que não
trole de doenças; programa nacional de imuniza- incluía a Vigilância Sanitária, ou seja, a regula-
ções; investigação e resposta aos surtos de doenças ção dos riscos à saúde relacionados à prestação
emergentes de relevância nacional; coordenação de serviços e ao consumo, produção e circulação
da rede nacional de laboratórios de saúde pública. de bens e produtos de interesse da saúde13. Após
A agregação da prevenção e do controle de 2007, a concepção de Vigilância em Saúde que in-
doenças à Vigilância Epidemiológica é tradicio- clui a Vigilância Sanitária, principalmente inte-
nal na América Latina11. Em 2007, a coordenação grada à atenção básica e, posteriormente, às redes
das ações relativas à saúde do trabalhador, que de atenção. Se é desejável uma aproximação da
integrou diversas secretarias e departamentos do Vigilância Epidemiológica com os processos de
Ministério da Saúde, passou a compor a SVS/ atenção, as demais podem ter seu caráter regula-
MS, inserida no atual Departamento de Vigilân- tório subsumido nessa aproximação.
cia em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador No contexto em que se propõe um modelo de
(DSAST). vigilância em saúde restritivo e com um financia-
O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária mento típico de sistemas segmentados de saúde
instituiu-se com a mesma lei que criou a Agên- – em que o gasto público em saúde é inferior a
cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a 50% do gasto total13, e se propõe o congelamento
quem cabe coordená-lo. Na sua estruturação há por 20 anos dos recursos da saúde, pelas sucessi-
desafios decorrentes da natureza das suas chama- vas Emendas Constitucionais a partir de 2016 –,
das “ações típicas”; da complexidade do regime é que se pretende realizar a 1a Conferência Nacio-
federativo brasileiro; e da necessidade que tem nal de Vigilância em Saúde.
de, integrando o campo da saúde, intervir sobre Em meio a uma crise financeira do Estado e
tecnologias e atividades econômicas, consubstan- a uma realpolitik que tem oportunizado a des-
ciando-se como uma prática também de caráter construção do SUS, da seguridade e diminuição
regulatório, que, embora considerada regulação dos direitos sociais, se busca estabelecer a Políti-
social – uma vez que protege o interesse público ca Nacional de Vigilância em Saúde priorizando
da saúde –, tem forte repercussão econômica12. sua aproximação com as redes de atenção, sem
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levar em conta que as vigilâncias representam a De forma coerente, a lei orgânica da saúde
face universal do SUS. Desse SUS que, afora as prevê que o município é o executor preferencial
vigilâncias, tem sofrido um processo de segmen- das ações de saúde. Além de definir as vigilân-
tação e privatização “por dentro” e “por fora”14 – cias epidemiológica, sanitária e a saúde do tra-
com terceirização das atividades finalísticas e da balhador, a lei orgânica da saúde dispôs sobre a
gestão, e da quarteirização na área da atenção à criação de comissões intersetoriais no âmbito do
saúde. Conselho Nacional de Saúde (CNS), integradas
A política que tem sido implementada não pelos Ministérios e órgãos competentes, além de
tem considerado que ao menos três dessas vigi- entidades representativas da sociedade civil, com
lâncias têm atuação para além das redes de aten- a finalidade de articular políticas e programas de
ção à saúde, especialmente quando defendem interesse para a saúde, cuja execução envolva áre-
interesses sanitários e públicos, tendo em vista o as não compreendidas no âmbito do SUS, sendo
conflito capital/trabalho, capital/consumo e ca- nominadas as seguintes comissões: alimentação e
pital/ambiente. nutrição, saneamento e meio ambiente, vigilân-
As vigilâncias sanitária e epidemiológica, fo- cia sanitária e farmacoepidemiologia, recursos
ram inscritas entre as competências do sistema humanos, ciência e tecnologia, saúde do traba-
de saúde brasileiro – dois anos antes da sanção lhador2.
da lei que instituiu o Sistema Único de Saúde Nos anos 1990, as normas operacionais – di-
(SUS) – na Constituição Federal de 1988, ao lado versas entre si e mais ou menos negociadas entre
da Saúde do Trabalhador, uma construção mais os atores do SUS – instituíram repasses financei-
recente do Movimento da Reforma Sanitária. ros regulares e automáticos para estados e muni-
A Constituição enumera, além de outras atri- cípios e induziram a realização de ações, inclusi-
buições do SUS, as relacionadas às vigilâncias. ve, das vigilâncias. As transferências regulares de
Essas atribuições apresentam uma gradação que recursos financeiros foram muito bem recebidas
abrange desde a execução direta de ações de vi- pelos gestores, mas a indução foi combatida como
gilância epidemiológica, sanitária e da saúde do restrição à autonomia das esferas de governo.
trabalhador à colaboração na proteção do meio Além dos gestores, parte do movimento social
ambiente, nele compreendido o do trabalho; in- manifestou-se contra o “carimbo” nas chamadas
crementa, em sua área de atuação, o desenvolvi- verbas do SUS, numa referência ao repasse de re-
mento científico e tecnológico e a inovação6. Esta cursos financeiros federais destinados a finalida-
concepção da época, reflete a responsabilidade des específicas. Vários relatórios finais das Con-
direta do setor saúde, e reconhece a sua corres- ferências de Saúde contêm recomendações para a
ponsabilidade nas atribuições que, no desenho extinção do “carimbo” e produziu-se considerável
constitucional da estrutura do Estado brasileiro, volume de bibliografia sobre o caráter tutelado ou
encontram-se sob a responsabilidade de outros incompleto da descentralização, mediante indu-
órgãos governamentais, por exemplo, o sanea- ção pelas normas e estímulos financeiros9. Para as
mento básico, o controle das substâncias tóxicas vigilâncias, contudo, essa indução pautou a vigi-
e radioativas, o meio ambiente, o ambiente de lância sanitária na agenda dos municípios e forta-
trabalho6. leceu os serviços estaduais de vigilância.
A clara determinação constitucional, que não Esses conflitos e a ênfase deslocada da muni-
foi deixada para lei específica dispor, não foi sufi- cipalização das ações de saúde para a regionaliza-
ciente para motivar a estruturação, nas três esfe- ção, resultaram no Pacto 2006. Entre outras coisas,
ras de governo, das ações e serviços para efetivar ele mudou as regras gerais de financiamento do
todos os quatro componentes do que veio a se SUS, agregando os recursos destinados para cer-
chamar de Vigilância em Saúde, no Brasil. Ainda tas ações em blocos de financiamento, dentre os
sobre a Constituição, é determinado que: cuidar quais, o de Vigilância em Saúde, formado por dois
da saúde é uma competência comum a todos en- componentes: Vigilância em Saúde e Vigilância
tes federados; legislar sobre a proteção da saúde Sanitária. Houve perda relativa da capacidade de
e do ambiente é competência concorrente da es- indução não só da Anvisa, mas também do SUS
fera federal, estadual e distrital; aos Estados são como um todo15, e não se fez avançar, na medida
reservadas as competências que não lhes sejam desejada, a regionalização da atenção à saúde.
vedadas pela Constituição; aos municípios cabe Emitiu-se um decreto presidencial16 sobre a
“prestar, com a cooperação técnica e financeira organização do Sistema Único de Saúde (SUS),
da União e do Estado, serviços de atendimento à seu planejamento e a assistência à saúde organi-
saúde da população”3. zada em regiões de saúde, instituídas pelos esta-
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dos federados, em articulação com os Municípios, do consumo de bens e serviços de saúde interme-
podendo ser interestaduais, que serviriam como diada por profissionais de saúde; e 5. existência
referência para a distribuição de recursos entre os de oligopólios ou monopólios de empresas, que
entes federados, desde que contivessem, “ações e resultam no estabelecimento de preços sem pre-
serviços de atenção primária; urgência e emergên- sença de competição.
cia; atenção psicossocial; atenção ambulatorial es- A regulação da Vigilância Sanitária é, em úl-
pecializada e hospitalar; e Vigilância em Saúde”16. tima instância, um dever de proteção à saúde,
A adesão dos entes subnacionais ao instrumento por meio da intervenção estatal, que visa impedir
proposto foi baixa, e as regiões de saúde têm se possíveis danos, agravos ou riscos à saúde da po-
estruturado desigualmente, com a Vigilância em pulação e proporcionar maior segurança a esta.
Saúde cada vez mais próxima da atenção à saúde e Por outro lado, em razão da característica do se-
mais distante do seu caráter regulatório real (Vigi- tor produtivo submetido, ainda que de maneira
lância Sanitária) e potencial (Vigilância em Saúde secundária à regulação da Vigilância Sanitária,
do Trabalhador e Ambiental em Saúde). são produzidos efeitos no desenvolvimento social
e econômico do país, por meio de regulamenta-
Vigilância Sanitária: atividade regulatória ções, controle e fiscalização18,22.
e constrangimentos na proteção da saúde Esse caráter regulatório foi enfatizado com a
criação da Anvisa como uma agência social, isso
A Vigilância Sanitária caracteriza-se por ser faz com que o Sistema Nacional de Vigilância
uma área de promoção e, sobretudo, de proteção Sanitária tenha importante responsabilidade no
à saúde17, cujas ações, realizadas desde o século equilíbrio entre os interesses econômicos e sa-
XIX, mudam de forma a se adequar às alterações nitários. Ao considerar os atores envolvidos no
dos modelos econômicos e com o desenvolvi- campo da produção e do consumo de bens de
mento social18. Consideram-se quatro funções saúde e a existência de inúmeras falhas de merca-
principais dos sistemas de saúde, o financiamen- do, a Vigilância Sanitária torna-se peça chave na
to, a prestação de serviços, a gestão e a regulação, proteção da saúde e no estabelecimento de rela-
as quasi têm seu desenvolvimento influenciado ções éticas entre produção e consumo23. As agên-
pelas relações políticas e econômicas, manifestas cias reguladoras, no Brasil, foram criadas com
pelos interesses dos atores envolvidos com os sis- autonomia administrativa, financeira e técnica e
temas de saúde1. além da correção das falhas de mercado, objeti-
A regulação em saúde é feita em três níveis vam o monitoramento dos agentes econômicos
de atuação: sobre sistemas de saúde, na atenção relevantes, a garantia da efetividade de políticas
à saúde e no acesso à assistência. O primeiro ní- públicas de Estado, edição e monitoramento do
vel de atuação inclui a elaboração de normas e cumprimento de normas de caráter técnico, por
verificação do seu cumprimento, por meio de distintas ações24.
distintas ações, tais como: monitoramento, fis- A regulação realizada pela Anvisa é de impor-
calização, controle e avaliação19. A Organização tância para a estruturação do Sistema Único de
para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE)20 Saúde, pois suas ações impactam no desenvol-
considera como objetivo da política regulatória a vimento de setores produtivos, na regulação das
certificação de que a regulação responde ao inte- indústrias do complexo industrial da saúde, na
resse público, ajudando a definir a relação entre prevenção de riscos à saúde da população e na
Estado, cidadão e interesse econômico. organização do mercado da saúde25. Entretanto,
A regulação pela Vigilância Sanitária é efetu- a criação desta agência reguladora federal, deu-se
ada por meio do Sistema Nacional de Vigilância em meio à reforma do Estado brasileiro, condu-
Sanitária, pela Anvisa e por serviços estaduais e zida na década de 1990, sob a égide do neolibe-
municipais, com o auxílio dos laboratórios ofi- ralismo. Neste contexto, o Estado regulador apre-
ciais. Ela se justifica frente à notória necessidade senta como características, além da liberalização
de se equilibrar as falhas existentes no mercado da economia e da redução de direitos sociais, a
da saúde21, especialmente no que diz respeito a: 1. privatização dos serviços públicos e a desregula-
não racionalidade no consumo de bens e serviços ção, sendo que esta última característica traz uma
de saúde; 2. possibilidade de ocorrência de even- combinação paradoxal com a regulação, expressa
tos adversos oriundos do consumo de bens e da na limitação desta em determinadas situações ou
prestação de serviços de saúde; 3. incapacidade a tornando menos rígida26.
do consumidor escolher entre as opções dispo- O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
níveis, por não conhecer o mercado; 4. decisão possui esta função de regulação social e também
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lhe cabe exercer sua função no SUS, de zelar pela de prazos para o registro de medicamentos novos
qualidade dos bens e serviços ofertados para e para a avaliação das pesquisas clínicas, ou ain-
contribuir na melhoria da qualidade de vida da da, por registro de medicamentos considerados
população brasileira e garantir o direito à saúde inseguros ou inefetivos pela avaliação da Agên-
como direito fundamental, conforme reza nossa cia Nacional de Vigilância Sanitária. Vale desta-
Constituição Federal. Ele precisa, para a defesa da car que essa avaliação é realizada por um corpo
vida e da cidadania, colocar-se ao lado do interes- técnico altamente qualificado e pela Câmara
se coletivo, pressupondo haver um desequilíbrio Técnica de Medicamentos da Anvisa (Cateme),
entre a produção e o consumo de bens e serviços instância colegiada consultiva, composta por es-
de saúde, onde o lado mais frágil é o consumidor, pecialistas externos, que tem por finalidade asses-
ou seja, sua regulação deve-se dar em defesa dos sorar a Anvisa nos procedimentos de registro de
interesses sanitários. medicamentos, especialmente no que diz respei-
Esta função estatal não tem sido, entretanto, to à eficácia e segurança dos mesmos.
desempenhada com facilidade pois é fonte per- Vale ressaltar alguns exemplos em que a regu-
manente de conflito. Os interesses econômicos lação se deu com apoio das instâncias de partici-
encontram eco em distintos setores da sociedade pação democrática do SUS, de parte importante
e exercem forte influência e pressão sobre a atua- da comunidade científica e, muitas vezes, de con-
ção do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. sumidores, com justificativa técnica e visando o
O conflito entre os interesses sanitários e econô- interesse sanitário, o que tem sido difícil de se re-
micos tem se expressado de diferentes maneiras alizar a contento. O Conselho Nacional de Saúde,
nestes anos, após a criação da Anvisa, para abor- após 2007, tem feito moções em defesa da atua-
dar apenas a esfera federal do SNVS. ção da Anvisa, especialmente em temas polêmi-
No âmbito mais geral, três estudos contri- cos, a maior parte deles relacionados à regulação
buem para este debate26-28. Autores evidencia- de grandes corporações transnacionais – agro-
ram o déficit de transparência nos mecanismos tóxicos, propaganda de medicamentos, propa-
virtuais de consulta em relatórios de pareceres ganda de alimentos infantis, comercialização de
públicos das Agências de Saúde Suplementar e medicamentos – e alguns referentes a interesses
Vigilância Sanitária e da Comissão Nacional de locais como o controle de antimicrobianos.
Incorporação de Tecnologias no SUS/MS e a ne- Dois casos – um de interesse das grandes cor-
cessidade de padronização dos dados que estas porações – regulação da propaganda de alimen-
instituições apresentam27. tos – e outro de atores mais locais - anorexígenos
A análise dos contratos de gestão da Agência – envolvem questões de interesse da Saúde Pú-
Nacional de Vigilância Sanitária com o Ministé- blica e de proteção da saúde, cujo resultado final
rio da Saúde indicou a importância da fase deno- beneficiou o interesse do setor regulado e não o
minada de “legitimação ante o segmento produ- interesse sanitário.
tivo” (2001-2004), com ênfase na “satisfação dos A obesidade infantil tem sido considerada
clientes diretos”, cujo cerne estava na redução do um grave problema de Saúde Pública. O alto con-
prazo de análise para atender às demandas do se- sumo de sal, que também favorece a hipertensão
tor produtivo28 e não necessariamente em benefí- arterial, por esta faixa etária e a alimentação sau-
cio dos interesses sanitários. dável têm sido tematizadas por especialistas no
Na análise do Conselho Consultivo da Anvisa campo da nutrição e da Saúde Pública nacional29
como espaço de participação política, de 2000 a e internacional30. O CNS tem feito moções sobre
2010, ele foi considerado de participação restrita, o tema e também promulgou a Resolução CNS
utilizado principalmente em benefício dos inte- nº 408, de 11 de dezembro de 2008, que aprova
resses privados, com atuação mais burocrática do diretrizes para a promoção da alimentação sau-
que democrática. Além disso, destacou o distan- dável, com impacto na reversão da epidemia de
ciamento e a baixa articulação com o CNS26. obesidade e prevenção das doenças crônicas não
No âmbito específico, alguns exemplos refle- transmissíveis.
tem a fragilidade dos interesses sanitários frente Dentre as diretrizes, algumas relacionam-se
aos econômicos. Esses se expressam na pressão diretamente a ações de regulação da Anvisa, quais
pela flexibilização da regulação sanitária, que sejam: 1. adequação da rotulagem nutricional de
extrapola o Sistema Nacional de Vigilância Sa- alimentos para informar os teores de gorduras
nitária e envolve outros órgãos governamentais, saturadas, gorduras trans, gorduras totais, sódio
como a Advocacia Geral da União (AGU), e mes- e açúcar; 2. regulamentação da publicidade, pro-
mo o Congresso Nacional. Há por encurtamento paganda e informação sobre alimentos, direcio-
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nadas ao público em geral e ao infantil, coibindo e dos EUA, e as discussões travadas no Congresso
práticas excessivas que levem esse público a pa- Nacional. Essa regulação se deu de forma bastan-
drões de consumo incompatíveis com a saúde e te discutida com a sociedade e com base técnico-
que violem seu direito à alimentação adequada e científica robusta, que justificou – frente à desfa-
3. regulamentação das práticas de marketing de vorável relação benefício/risco – sua retirada dos
alimentos para o público infantil, com horário mercados de importantes países desenvolvidos.
para veiculação de peças publicitárias, proibição O cancelamento do registro desses medica-
da oferta de brindes que induzam o consumo, e mentos foi recomendado à Anvisa pelos especia-
uso de frases de advertência sobre riscos de con- listas da sua Câmara Técnica de Medicamentos
sumo excessivo. (CATEME), reforçado por Consulta e Audiên-
Uma importante atuação é o controle social cia Públicas com apoio de parte da comunidade
e a regulação da publicidade de alimentos e bebi- científica (p.e. Associação Brasileira de Saúde
das, especialmente aquelas consideradas com alto Coletiva e Associação Paulista de Saúde Pública),
teor de sódio e de gordura31-33. A Anvisa, desde e dos consumidores (p.e. Instituto de Defesa dos
2005, no grupo instituído para discutir a regu- Consumidores e Sociedade Brasileira de Vigilân-
lação sobre a publicidade de alimentos obteve cia de Medicamentos). O uso de anfepramona,
resistências por parte do setor produtivo, mesmo femproporex e mazindol foi proibido em 201136.
antes da disponibilização da Consulta Pública nº As pressões de endocrinologistas e do comércio
71/2006. farmacêutico, especialmente o segmento das far-
Baird34 analisou a ação política dos grupos de mácias de manipulação, levaram à realização de
interesse ao longo do processo de regulação da Audiência Pública no Congresso Nacional e à
Anvisa sobre a publicidade de alimentos, desde a aprovação da Lei nº 13.454, de 23 de junho de
Consulta Pública até a publicação da Resolução 2017, que anulou os efeitos da RDC 52/2011 que,
nº 24/2010. A Anvisa recebeu 789 contribuições segundo os autores, origina-se de um mecanismo
à Consulta Pública. O setor regulado apresentou de democracia direta.
documentos, cujos argumentos principais en- Os autores35 ainda consideram que: o caso da
volviam: (in)competência da Anvisa em legislar RDC nº 52/2011 desnuda o tradicional controle
sobre propaganda; livre manifestação do pensa- feito pelo Poder Legislativo. Mas, há que ultrapas-
mento, expressão e informação; queda no PIB e sar esses controles tradicionais entre os poderes e
aumento do desemprego; e que a tutela do Es- ampliar a participação da sociedade na elabora-
tado afronta a liberdade de escolha; falta de em- ção das normas jurídicas em saúde, por isso a ex-
basamento científico, uma vez que, para o setor periência democrática de elaboração da RDC nº
regulado, não há alimento ruim comercializado, 52/2011 deve ser valorizada. O mecanismo for-
apenas dietas saudáveis ou não saudáveis34. A mal da separação de poderes não pode ignorar “a
audiência pública ocorreu após 2 anos e meio, realização da consulta pública (democracia dire-
sendo depois publicada a Resolução da Diretoria ta) e o relatório técnico de um órgão especializa-
Colegiada (RDC) n° 24, de 29 de junho de 2010. do (democracia representativa)”. A tensão entre o
Os setores produtivo e de publicidade acio- Executivo e o Legislativo na produção normativa
naram o Congresso e a Advocacia Geral da em saúde é inerente ao sistema jurídico vigente.
União, que recomendou a suspensão da RDC. O aprofundamento da democracia sanitária é o
No Congresso, iniciou-se o Projeto de Decreto caminho para que essa tensão se transforme em
Legislativo (PDC) n° 2.830, que visava tornar a pacto social para a proteção do direito à saúde. O
RDC inconstitucional. Baird34 refere existirem 11 reconhecimento da saúde como direito humano
processos judiciais, sete com decisões favoráveis fundamental e a criação de mecanismos de par-
à indústria e três favoráveis à Anvisa na primei- ticipação da sociedade nas decisões do Estado,
ra instância. Na Anvisa, ainda segundo o autor, a inclusive nas decisões normativas, são os funda-
Portaria n° 422, de 16 de março de 2012, modifi- mentos da democracia sanitária35.
cou a estrutura da área, enfraquecendo a que tra- A recente lei37 está tendo sua constituciona-
tava da política de publicidade e foi nomeado um lidade questionada, visto extrapolar as compe-
diretor com posição alinhada ao setor produtivo. tências normativas do Congresso. A democracia
Aith e Dallari35 analisaram a polêmica refe- sanitária, desejada e inconclusa, tem estado sob
rente à RDC da Anvisa36 que proibia o uso de forte ameaça – também pelo Legislativo – nestes
anfepramona, femproporex e mazindol, em con- tempos difíceis.
sonância com as atuações regulatórias da Europa
3232
De Seta MH et al.

Considerações finais Os dois sistemas nacionais requerem inves-


timento também financeiro, e recursos especifi-
É necessário reafirmar que o Estado brasileiro camente a eles destinados para que a assistência
tem o dever constitucional de proteção da saú- à saúde – uma demanda social de grande visibi-
de e de prover meios para o bom funcionamento lidade – notadamente no tocante a média e alta
dos dois sistemas nacionais que organizam a ação complexidades, não consuma seus escassos re-
das quatro vigilâncias do campo da saúde. Em es- cursos, numa conjuntura adversa de extinção dos
pecial, do Sistema Nacional de Vigilância Sanitá- blocos de financiamento do SUS e de subfinan-
ria que, visando à segurança sanitária e à defesa ciamento público.
dos interesses da população brasileira e não do
setor produtivo, enfrenta interesses econômicos
transnacionais oligopolizados. O argumento da
crise financeira do Estado brasileiro não pode
prevalecer sobre o direito da população e o dever
constitucional de proteção da saúde, na vigência
do subfinanciamento público da saúde.
A atuação do Poder Legislativo para restrin-
gir a ação regulatória da Anvisa precisa ser me-
lhor conhecida, difundida e debatida, ao mesmo
tempo em que esse Poder deve estar mais atento
aos posicionamentos dos Conselhos de Saúde,
evitando se contrapor à regulação sanitária com
legitimidade técnica e referendada pelos instru-
mentos democráticos de participação popular.
O CNS pode contribuir para maior efetivi-
dade da proteção à saúde. Contudo, em 2015, a
sua Comissão Intersetorial de Vigilância Sanitá-
ria e Farmacoepidemiologia (CIVSF), prevista na
Lei 8.080/1990, foi transformada em Comissão Colaboradores
Intersetorial de Vigilância em Saúde. Manteve-
se, todavia, a Comissão Intersetorial de Saúde MH De Seta, CVS Oliveira e VLE Pepe redigiram
do Trabalhador, e agregou-se a Assistência Far- a primeira versão; MH De Seta e VLE Pepe se res-
macêutica à Comissão Intersetorial de Ciência e ponsabilizaram pela versão final do manuscrito.
Tecnologia. Nesse sentido, se demanda a recons-
tituição da CIVSF.
As vigilâncias são plurais e complexas e re- Agradecimentos
querem desenvolvimento para maior efetividade
de suas ações. A ação coordenada e articulada en- As autoras agradecem a Lenice Reis e Ana Célia
tre elas é uma questão complexa, que não se re- Pessoa da Silva, do Centro Colaborador em Vigi-
solve mediante reformas de organogramas, mas lância Sanitária, da ENSP/Fiocruz, pelas contri-
se concretiza na cooperação para resolver certos buições trazidas ao longo dos anos de trabalho
problemas ambientais e de saúde. conjunto.
3233

Ciência & Saúde Coletiva, 22(10):3225-3234, 2017


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Artigo apresentado em 30/05/2017


Aprovado em 26/06/2017
Versão final apresentada em 12/07/2017

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