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Distribuição de Água
Material Teórico
SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Identificar as relações existentes entre saúde, ambiente e saneamento;
· Compreender o saneamento, sobretudo o Sistema de Abastecimento
de Água como fator fundamental à promoção de saúde pública e
dignidade humana;
· Compreender os benefícios gerados a partir das ações de saneamen-
to, sobretudo considerando a capacidade de enfrentamento das ad-
versidades e crises sociais, econômicas e ambientais.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
Categorias
Quanto à modalidade de funcionamento, o abastecimento de água pode ser
classificado em sistema de abastecimento de água e solução alternativa, este último
subdivide-se em solução alternativa individual e coletiva. Quanto à abrangência de
atendimento, o SAA pode ser classificado como individual e coletiva, conforme
apresentado na Tabela 1 (FUNASA, 2015).
Concepção
Concepção é o conjunto de estudos necessários à completa caracterização do
SAA a ser projetado. É desenvolvida no início do projeto, a partir de arranjos quan-
titativos e qualitativos para cada uma das unidades do SAA. Tais estudos podem
resultar soluções alternativas que analisadas a partir de critérios sociais, econômicos,
ambientais, fornecerão aquela que será implantada, construída. Entre os fatores que
condicionam a escolha da alternativa, destacam-se o tamanho da localidade, sua
densidade, o manancial, condições topográficas, disponibilidade de energia elétrica,
instalações existentes, características geológicas e geotécnicas (FUNASA, 2015).
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Unidades do SAA
Um sistema de abastecimento compreende diversas unidades listadas a seguir e
ilustradas na Figura 1.
• Captação e Tomada de Água;
• Adução e Subadução (de água bruta e de água tratada);
• Tratamento;
• Distribuição (redes distribuidoras);
• Estações elevatórias ou de recalque (de água bruta e água tratada).
Figura 1 – SAA
Fonte FUNASA, 2015
Projeto
Para implantação de um SAA, são necessários estudos e projetos para correta
definição das obras a serem construídas.
Elementos Básicos
Deverão ser reunidas informações que permitam a sistematização de um perfeito
diagnóstico. As mais importantes são:
a) Planta planialtimétrica e cadastral com curvas de metro em metro, em geral
na escala 1:2000;
b) Informações sobre a economia local e regional;
c) Aspectos físicos da localidade: recursos hídricos (superficiais e subterrâneos);
geologia, geomorfologia e hidrogeologia; clima e infraestrutura existente;
d) Demografia local e regional;
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UNIDADE SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
Parâmetros de Projeto
Consumo
O consumo de água está atrelado a um conjunto de fatores da localidade a ser
atendida, que variam entre cidades (e na zona rural) como também entre bairros de
uma mesma cidade. Podem influenciar diretamente o consumo de água. De forma
expedita, estes fatores estão assim resumidos: 1. Clima; 2. Padrão de consumo
da população; 3. Hábitos da população; 4. Cobrança pelo uso da água (medição);
5. Qualidade da água distribuída; 6. Valor da tarifa; 7. Pressões na rede de
distribuição; 8. Consumos (residencial, comercial, industrial, público); 9. Perdas;
10. Existência de rede de esgoto; 11. Tempo.
Tipos de Consumo
No abastecimento de uma localidade, devem ser consideradas diferentes formas
de consumo (usos da água).
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Usos Caracterização
Bastante heterogêneo, variando de pequenas indústrias artesanais até grandes consumidores de
Industrial água como as indústrias de bebida. Pode ser classificado em 5 grupos: 1. Humano; 2. Doméstico; 3.
Incorporado ao Produto; 4. Processo de Produção; 5. Perdas.
Parcela de água utilizada na irrigação de parques e jardins, lavagem de ruas e passeios, edifícios e
sanitários de uso público, fontes ornamentais, piscinas públicas, chafarizes e torneiras públicas, combate
Público
a incêndios, limpeza de coletores de esgotos, entre outros. De um modo geral, os consumos públicos são
de difícil mensuração e cada caso deve ser particularmente estudado.
Combate a incêndios, instalações desportivas, ferrovias (se metropolitanos), portos e aeroportos,
Especial
estações rodoviárias.
Diferença de água que entra no sistema e o consumo autorizado ou ainda, água que é captada ou
importada que não foi fornecida para os usuários diversos de forma autorizada, exportada ou utilizada
no combate a incêndios, são perdas. São divididas em perdas reais e perdas aparentes. As perdas reais
Perdas
são as perdas físicas de água que ocorrem desde o momento da retirada do manancial (ou importada)
até a ligação predial. Estão incluídos os vazamentos. As perdas aparentes estão associadas às imprecisões
de medição e ao consumo não autorizado (furtos).
Fonte. FUNASA, 2015
autorizado Água
faturada
autorizado
faturado
Consumo
Perdas aparentes
Perda de água
Imprecisão de medição
Vazamento e extravasamento
em reservatórios
Figura 2
Fonte: FUNASA, 2014
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UNIDADE SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
Variações de Consumo
Vimos que a quantidade de água (consumo) é função de vários fatores. Esses
fatores, no tempo, promovem variações de consumo significativas e podem ser
anuais, mensais, diárias, horárias e instantâneas. No projeto de um SAA, são
consideradas no cálculo dos volumes (consumos) as seguintes variações:
• Variações Anuais: O consumo per capita tende a aumentar com o passar do
tempo e com o crescimento populacional;
• Variações Mensais: As variações climáticas promovem uma variação mensal
do consumo. Quanto mais quente e seco for o clima, maior tende a ser o
consumo verificado;
• Variações Diárias: Ao longo do ano, haverá um dia em que se verifica o
maior consumo. É utilizado o coeficiente do dia de maior consumo (k1), que
é obtido da relação entre o máximo consumo diário verificado no período de
um ano e o consumo médio diário. O valor usualmente adotado por norma no
Brasil para k1 é 1,20;
• Variações horárias: Ao longo do dia verificam-se valores distintos de “picos”
de vazões horárias. Entretanto, haverá uma determinada hora do dia em que
a vazão de consumo será máxima. É utilizado o coeficiente da hora de maior
consumo (k2), que é a relação entre o máximo consumo horário verificado
no dia de maior consumo e o consumo médio horário do dia de maior
consumo. O consumo é maior nos horários de refeições e menores no início
da madrugada. O coeficiente k1 é utilizado no cálculo de todas as unidades do
sistema, enquanto k2 é usado no dimensionamento da rede de distribuição. O
valor usualmente adotado por norma no Brasil para k2 é 1,50.
Alcance do Projeto
O dimensionamento racional de cada uma das unidades do SAA deve considerar
o período futuro de alcance do sistema e não apenas a realidade presente. A este
período de tempo dá-se o nome de período do projeto ou alcance do projeto, ou
ainda, horizonte do projeto. O alcance pode ser previsto de uma maneira global
ou individualizado por unidade do sistema. Dependendo dos estudos e do porte do
empreendimento, costuma situar-se na faixa entre 10 a 30 anos, sendo comum
adotar-se o período de 20 anos.
Populações
As populações consideradas num projeto de SAA influem diretamente seu di-
mensionamento. As populações podem ser divididas em:
• População Residente: Formada pelas pessoas que têm o domicílio como
residência habitual;
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• População Flutuante: Proveniente de outras comunidades, transfere-se oca-
sionalmente para a área considerada, impondo ao sistema de abastecimento
de água consumo unitário similar ao da população residente. A população
flutuante é relevante na caracterização do consumo e deve ser estimada no
planejamento e projeto do sistema de abastecimento de água;
• População Temporária: Proveniente de outras comunidades ou de outras
áreas da comunidade em estudo, que se transfere para a área de abastecimento,
impondo ao sistema consumo unitário inferior ao atribuído à população,
enquanto presente na área, e em função das atividades que lá exerce.
Projeções Populacionais
Sendo um SAA projetado para um determinado horizonte, é necessário verificar
as populações das localidades para este horizonte. Há vários métodos para projetar
as populações futuras.
Destacam-se o método dos componentes demográficos (que considera como
variáveis a fecundidade, mortalidade e migração), os métodos matemáticos (em
que as previsões são estabelecidas através de equações) e método de extrapolação
gráfica (que consiste no traçado de uma curva ajustada a dados já observados em
outras localidades semelhantes à estudada, porém, maior).
A Tabela 3 apresenta a equações utilizadas pelos métodos aritméticos (pressupõe
uma taxa de crescimento constante, a partir de dados populacionais conhecidos,
mais adequado para períodos de 1 a 5 anos), geométrico (considera o crescimento
populacional função da população de cada instante) e da curva logística.
k ( t t 0 ) InP2 InP0
Pt P0 e g Kg
t2 t0
Projeção geométrica ou
ou
Pt P0 (1 i)( tt0 ) k
i e g 1
Onde:
P0, P1, P2 = populações nos anos t0, t1, t2
Pt = população estimada no ano t (hab)
Ps = população de saturação (hab)
Ka, Kg, K1, i, c = coeficientes
Fonte: FUNASA, 2015
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K1 K1 e K2
K1
K1 K1
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Importante! Importante!
Assista ao vídeo, nele você poderá consolidar os conhecimentos sobre vazões de dimen-
Explor
Saúde
Déficit em Saneamento
O PLANSAB, para efeito de caracterização do déficit em abastecimento de água
potável, esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos, desenvolveu o mo
delo conceitual exposto na Figura 4 (PLANSAB, 2013).
População
total
População que tem
solução sanitária
adequada
(Atendimento
População População que
adequado)
sem oferta usa solução
de serviço sanitária
coletivo individual População que tem
solução sanitária precária
(Atendimento
precário)
População
sem solução
sanitária (Sem
atendimento)
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Tabela 6 – Atendimento e deficit por componente do saneamento básico no Brasil, 2010
Deficit
Atendimento adequado
Componente Atendimento precário Sem atendimento
(x 1.000 hab) % (x 1.000 hab) % (x 1.000 hab) %
Abastecimento de água 112.497 (1) 59,4 64.160 33,9 12.810 6,8
Esgotamento sanitário 75.369 (2) (3) 39,7 96.241 50,7 18.180 9,6
Manejo de resíduos sólidos 111.220 (4) 58,6 51.690 (5) 27,2 26.880 14,2
Fontes: Censo Demográfico (IBGE, 2011), SNIS (SNSA/MCidades, 2010), PNSB (IBGE, 2008).
(1)
Corresponde à população atendida pelas soluções expostas na Tab. 4.1, subtraída da proporção de moradias atingidas por
paralisação ou interrupção em 2010. Uma vez que os dados sobre desconformidade da qualidade da água consumida não permitem
estimar a população atingida, adicionalmente àquela que enfrenta intermitência, foi assumido que a dedução para paralisações e
interrupções já abrangeria o contingente com qualidade da água insatisfatória, para todas as formas de abastecimento.
(2)
As bases de informações do IBGE adotam a categoria “rede geral de esgoto ou pluvial” e, portanto, os valores apresentados
incluem o lançamento em redes de águas pluviais.
(3)
Embora, para efeito de conceituação do atendimento, as fossas sépticas tenham sido consideradas como solução adequada,
para a estimativa de investimentos o número de fossas sépticas existentes não pode ser considerado integralmente
aproveitável para a população a ser futuramente atendida. Por um lado, apesar de significativa mudança no número de fossas
sépticas enumeradas pelo Censo Demográfico de 2010, observando-se uma redução relativa desta categoria em relação
ao Censo Demográfico de 2000, infere-se que ainda há problemas de classificação indevida, denominando-se de fossas
sépticas diferentes tipos de fossas precárias, devido a dificuldades inerentes aos levantamentos de campo, que necessitam
ser aprimorados. Por outro, domicílios atendidos por fossas sépticas adequadas podem passar a contar com rede coletora de
esgotos no futuro, podendo conduzir a que essas fossas sejam desativadas ou tenham seu efluente lançado nesta rede.
(4)
Não se deduziu, do atendimento adequado, a população atendida com frequência de coleta inferior a dias alternados, em função
da inexistência de tais informações no Censo 2010 e da limitação das informações da PNSB. Como destinação final ambientalmente
adequada foram considerados os volumes de resíduos sólidos destinados às seguintes unidades: aterro sanitário, aterro controlado
em municípios com até 20.000 habitantes, estação de compostagem, estação de triagem e incineração.
(5)
Considerou-se destinação final ambientalmente inadequada a destinação em vazadouro a céu aberto e em aterros
controlados, nesse caso em municípios com população superior a 20.000 habitantes.
Fonte. PLANSAB, 2013
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Internações
Os resultados apontam para números alarmantes. No Brasil, ainda ocorrem
cerca de 340 mil internações por doenças infecciosas associadas à falta de sane-
amento, com mais de 2 mil mortes (dados de 2013). O desdobramento econô-
mico é imediato: além do gasto com a saúde, o trabalhador que adoece se afasta
do trabalho, comprometendo sua produtividade. As análises estatísticas realizadas
evidenciaram que o acesso à rede geral de coleta de esgoto e à água tratada pode
elevar a renda de um trabalhador em mais de 14%. No caso de crianças e adoles-
centes, a doença causa o afastamento da escola, com efeito expressivo sobre seu
desempenho escolar (TRATA BRASIL).
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Saneamento e Reforma Urbana
Aspecto determinante de nossa realidade (que reafirma a necessidade da Reforma
Urbana) diz respeito à especulação imobiliária. Tem como resultado a expansão
descontrolada das metrópoles no Brasil (que fornece um modelo para as demais
cidades) e que acentua os problemas ambientais de saneamento. Seus interesses
são dominantes no Congresso Nacional e isso tem a ver com financiamento de
campanha. (MARICATO, 2016).
de classes reconhecida nas cidades enquanto palco de relações sociais, mas também
por meio das cidades enquanto produto e mercadoria que envolve exploração, mais-
valia e alienação (MARICATO, 2016).
Explor
Importante! Importante!
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Importante! Importante!
Educação
Moradores de áreas sem acesso à rede de distribuição de água e de coleta de
esgotos têm um aumento do atraso escolar, ou seja, uma escolaridade menor
significa uma perda de produtividade e de remuneração das gerações futuras.
Somente o custo desse atraso escolar devido à falta de saneamento alcançou
R$ 16,6 bilhões em 2015.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Combate à febre amarela exige investimento em infraestrutura sanitária (artigo)
https://goo.gl/ikNTwp
Vídeos
Seminário Privatização é a Alternativa Parte 1
https://youtu.be/ooy80hZdpr8
Seminário Privatização é a Alternativa Parte 2
https://youtu.be/6YaS-ZE0hiM
Seminário Privatização é a Alternativa Parte 3
https://youtu.be/Z1Kfgjof9g4
Leitura
Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento no Brasil (Estudo)
https://goo.gl/1y35mx
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UNIDADE SAA, Saúde, Meio Ambiente e Educação
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de Saneamento
/ Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde. – 4. ed. – Brasília: Funasa,
2015. 642 p.
AZEREDO, Margareth A. de; MOTTA, Ana Lucia Torres Seroa da. SANEAMENTO
– Uma análise sobre a expansão urbana da cidade do Rio de Janeiro e a
demanda por serviços de saneamento básico. 2011. Disponível em: <https://
revistainternacionaldoconhecimento.wordpress.com/2011/01/06/saneamento-
uma-anlise-sobre-a-expanso-urbana-da-cidade-do-rio-de-janeiro-e-a-demanda-por-
servios-de-saneamento-bsico-por-margareth-a-de-azeredo-et-al/>. Acesso em: 23/
fev/2018.
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