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Revista NEP - Núcleo de Estudos Paranaenses, Curitiba, v. 8, n. 2, dez.
2022
Dossiê Famílias e Heranças Políticas ISSN: 2447-5548
GENEALOGIA, PODER E RIQUEZA: MARCELO

BELTRÃO DE ALMEIDA
Nicolas Paes Coelho1
Resumo: No presente artigo realizamos uma prosopografia do grupo familiar de Marcelo Beltrão de Almeida,
empresário e político paranaense oriundo de tradicionais famílias do estado do Paraná, para identificar a atuação
profissional e política desses agentes, apontar os recursos sociais que detiveram e, por fim, avaliar a
correspondência entre os recursos detidos por Marcelo Almeida e sua origem familiar. Ao situarmos o agente em
seu contexto familiar, estamos buscando qualificar suas informações sociais e econômicas, trazendo elementos
que auxiliam na compreensão desse caso onde o grande volume de capital econômico que o agente detém – nas
eleições de 2014, era o candidato mais rico do país, com um patrimônio de R$ 740 milhões – não assegurou uma
trajetória política longínqua, chegando a afirmar ter desistido da atividade política. O trabalho avança em
levantamentos que já foram iniciados por Pereira (2016) e Oliveira (2012) fazendo uso de fontes tais como
reportagens e homenagens em fontes da imprensa, documentações disponíveis na internet, jornais paranaenses do
século XIX e XX e redes sociais.
Palavras-chave: Genealogia. Marcelo Almeida. CR Almeida. Política. Paraná.
GENEALOGY, POWER AND WEALTH: MARCELO

BELTRÃO DE ALMEIDA
Abstract: In this article we develop a prosopography of the family group of Marcelo Beltrão de Almeida, a
businessman and politician from Paraná, member of traditional families in the state of Paraná, to identify the
professional and political performance of these agents, point out the social resources they have and, finally, we
evaluate the match between the resources held by Marcelo Almeida and his family origin. When we place the
agent in his family context, we are qualifying his social and economic information, bringing elements that help to
understand this case where the large volume of economic capital that the agent holds – in the 2014 elections, he
was the richest candidate in the country, with an patrimony of R$ 740 million – did not ensure a long political
trajectory, even claiming to have given up political activity. The article advances in researches that have already
been started by Pereira (2016) and Oliveira (2012) using sources such as reports and tributes in press sources,
documentation available on the internet, Paraná newspapers from the 19th and 20th century and social media.
Keywords: Genealogy. Marcelo Almeida. CR Almeida. Paraná.
Introdução
Marcelo Beltrão de Almeida é um empresário curitibano, herdeiro do Grupo CR

Almeida, que teve passagens relevantes na política paranaense, onde já atuou como diretor geral
do Detran-PR e deputado federal em duas ocasiões, além de uma rápida passagem à frente da
Secretaria de Obras Públicas do estado do Paraná. Nosso objetivo é identificar os “trunfos
pessoais e coletivos” (GRILL, 2008) por ele detidos, ou seja, estamos preocupados em apontar
1
Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná. Mestrando do Programa de Pós-Graduação
em Sociologia da Universidade Federal do Paraná. E-mail de contato: nicolaspaes94@gmail.com.
17
Revista NEP - Núcleo de Estudos Paranaenses, Curitiba, v. 8, n. 2, dez. 2022
os recursos sociais que puderam lhe servir como fonte de capital político. Na medida em que
situar um agente em sua rede de parentesco nos ajuda a qualificar as informações sobre o
mesmo, realizamos aqui uma prosopografia do grupo familiar de Marcelo Almeida, onde
buscamos: a) identificar a atuação profissional e política desses agentes; b) apontar os recursos
sociais que detiveram e, por fim; c) avaliar possíveis correspondências entre os recursos detidos
por Marcelo Almeida e sua origem familiar.
A pesquisa trabalha com as seguintes variáveis: a) local de nascimento; b) data de
nascimento; c) data de falecimento; d) formação educacional; e) ocupações profissionais na
esfera privada; f) ocupações profissionais em burocracias públicas; g) ocupações profissionais
em cargos políticos eletivos ou de primeiro escalão no Poder Executivo; h) participação em
eleições políticas; i) presidência de federações ou sindicatos. Avançamos em alguns
levantamentos já realizados sobre Marcelo Almeida e sua família, tais como Pereira (2016) e
Oliveira (2012), valendo-nos de fontes tais como reportagens e homenagens em fontes da
imprensa, documentações disponíveis na internet, jornais paranaenses do século XIX e XX e
redes sociais. Evidentemente, há muita informação disponível sobre alguns agentes e pouca ou
nada disponível sobre outros, além de que muito se saberá sobre alguns aspectos da vida de um
agente e pouco ou nada se sabe sobre outros (STONE, 2011), mas acreditamos que os dados
encontrados nos permitiram realizar alguns apontamentos importantes em relação aos nossos
objetivos. Optamos por utilizar várias notas de rodapé para descrever informações de agentes
que não caberiam no corpo do texto por consideramos esses registros importantes para
pesquisadores e demais interessados que possam realizar levantamentos genealógicos com os
indivíduos aqui apontados.
Sobre Marcelo Beltrão de Almeida, esposa e irmãos
Marcelo Beltrão de Almeida, nascido em 1966 na cidade de Curitiba/PR, é filho de

Cecílio do Rego Almeida e de Rosa Maria Beltrão Rischbieter. Formado em Engenharia Civil
na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) em 1990, possui ainda algumas
especializações voltadas ao exercício empresarial: a) curso de extensão universitária em
Administração de Empresas na PUC; b) Empreendedorismo Cívico no Instituto Paranaense de
Desenvolvimento (IPD); c) Especialização em e-Gov – Governo Eletrônico no Centro
Universitário de Ciências Gerenciais de Minas Gerais e; d) Governança Corporativa e
18
Formação para Conselho de Administração no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

(IBGC).
Iniciou sua carreira profissional como engenheiro na empresa fundada por seu pai, a
construtora de obras CR Almeida. No mesmo período, se filiou ao PTB e em 1992 concorreu
ao pleito para vereador em Curitiba/PR, vencendo e exercendo o mandato no período 1993-
1996. Tentou a reeleição, mas conseguiu apenas uma suplência, retornando às atividades
empresariais da família. No ano de 1999 se filiou ao PMDB, concorrendo e vencendo outro
pleito para vereador em Curitiba/PR no ano de 2000. Em 2003, o então governador do estado
Roberto Requião (PMDB) o indicou para a direção geral do Departamento de Transito do
Paraná (Detran-PR), posto que ocupou até 2006. Nas eleições do mesmo ano, obteve a primeira
suplência para deputado federal. Em 2007, ocupou por dois meses o posto de secretário de
Obras Públicas do estado do Paraná, convidado novamente por Roberto Requião, e veio a
assumir em maio do mesmo ano o mandato de Deputado Federal após o afastamento do
deputado Reinhold Stephanes. Nas eleições de 2010, ficou novamente na suplência, vindo a
assumir o posto no ano de 2013, após cassação do deputado federal André Vargas. Em 2014,
concorreu ao Senado pelo PMDB, ficando em terceiro lugar com 8,73% dos votos. Em 2016,
migra para o PV. No início do ano de 2019, filiou-se ao Podemos (PODE), mas em setembro
do mesmo ano deixou o partido. Desde então se dedica a alguns de seus negócios, como a casa
de pães Prestinaria, e disse que a política “foi um ciclo que se encerrou” em sua vida. Chegou
ainda a compor a chapa "Coritiba Ideal", que venceu as eleições para o Conselho Administrativo
do Coritiba Foot Ball Club em dezembro de 2020, mas deixou o posto em abril de 2021
alegando que se dedicaria aos trabalhos pessoais.
Nas eleições de 2014, era o candidato mais rico do Brasil, tendo declarado possuir um
patrimônio de R$ 740,5 milhões, sendo a maior parte desse valor proveniente da sua
participação com 1,1 bilhão de cotas na Participare LTDA (equivalente a R$ 676,5 milhões),
uma das empresas que administram a Ecorodovias S/A2 – concessionária de estradas,
pertencente ao Grupo CR Almeida, que foi responsável durante 24 anos por algumas
2
Em 2019, a Ecorodovias S/A assinou um acordo de leniência com a força tarefa da Operação Lava Jato, onde
admitia o pagamento de propina para alteração de contratos desde 2000 e se comprometia a devolver R$ 400
milhões até 2021. Em 2020, chegou a firmar novo acordo de leniência, dessa vez com o Ministério Público do
estado de São Paulo, comprometendo-se a devolver R$ 650 milhões e admitindo que realizaram pagamentos de
propina, financiamento ilegal de candidaturas eleitorais e participaram da formação de cartéis com outras empresas
do ramo; contudo, em setembro do mesmo ano, o Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo anulou
o acordo e arquivou o inquérito sobre formação de cartel, caixa 2 e propinas a políticos, alegando que o acordo era
ilegal e beneficiaria a própria concessionária, não atendendo ao interesse público.
19
importantes rodovias e pedágios no estado do Paraná, encerrando o contrato em 2021. Outros

R$ 25,8 milhões declarados naquela ocasião diziam respeito às ações que possuía na Pio XII
Participações S/A, que também era uma das empresas administradoras da Ecorodovias.
Marcelo Almeida casou com Lindamir Moro, com quem tem quatro filhos: Natasha,
Luca, Lorenzo e Valentina. Lindamir é filha de Rita Hermínia Foletto Moro e Alfredo
Constantino Moro, que foi proprietário da Construtora Pasini LTDA. Seus irmãos são: Ademir
Francisco Foletto Moro3, Alcir Luiz Moro4, Almir José Moro5, Leiza Maria Moro Moreira
Pinto6 e Neusa Teresinha Moro7. Todos os irmãos foram sócios nos diversos empreendimentos
do grupo empresarial da família: o Grupo Moro, que possuía algumas das seguintes empresas:
Moro Construções Civis, Moro Design, Moro Imóveis, Moro Veículos, Moro
Empreendimentos e Participações, Betontex Serviços de Concretagens, Moro Service Auto
Posto, Morotech. Atualmente, a maior parte dessas empresas da família já não existe, constando
como ativa até o momento da elaboração desse artigo apenas a Moro Imóveis e a Prata di
Pordenone Participações e Administração.
Marcelo Almeida tem cinco irmãos e, apesar de ser sócio de empresas do Grupo CR
Almeida com todos eles, afirmou que não mantém boa relação com os irmãos que administram
os negócios da família8. Em 2014, quando o questionaram se a CR Almeida doava dinheiro
para sua campanha, respondeu: “Meus irmãos colocarem dinheiro em mim? Mais fácil uma
vaca voar”. Evidentemente não dispomos aqui de elementos capazes de avaliar a proximidade
de Marcelo e seus irmãos, mas essa ausência de coesão familiar em torno das candidaturas de
Marcelo Almeida parece supor que, pelo menos no núcleo familiar mais próximo, não atuam
como uma rede política (OLIVEIRA, 2012). Abaixo tratamos de maneira breve sobre cada
irmão.
3
Em 1987, casou-se com a italiana Frederica Cassi, filha de Laura e Giuliano Cassi.
4
Casou-se com Adriane Montingelli Espínola Moro em 1984.
5
Casou-se com Luciane Casagrande Calomeno Moro em 1984.
6
Nascida em Cachoeira do Sul/RS, formou-se em Letras Português/Inglês. Além de trabalhar na Moro Design, foi
professora de inglês. Casou-se com o engenheiro civil Luiz Carlos Moreira Pinto, com quem teve os filhos Jeanne
e Jean Carlo.
7
Formada em Economia, iniciou a vida profissional na construtora da família, tornou-se decoradora e fundou a
Moro Design.
8
Em 2014, quando concorreu ao Senado no Paraná, concedeu entrevista ao programa Band Entrevista, da TV
Bandeirantes do Paraná, onde foi questionado sobre o motivo do valor dos pedágios (administrados por empresas
das quais Marcelo é sócio) não ter sido reduzido. Respondeu: “E eu vou saber? Eu sou dono, eu sou sócio. Eu sou
um filho do sexto filho, que é sócio e nunca trabalhou na empresa. Nunca fui diretor, nunca fui nada na empresa,
não estou no conselho. E mais ainda: não me dou com meus irmãos que cuidam da empresa” (ALMEIDA, 2014).
20
Ricardo Beltrão de Almeida: Formado em Engenharia Civil pela Universidade

Federal do Paraná em 1981, era superintendente da construtora CR Almeida no início dos anos
80 e já atuou na exportação de madeira, a partir das fazendas que a CR Almeida possuía no
Maranhão. Atualmente é sócio das empresas do Grupo CR Almeida. Casou pela primeira vez
com Cristiane Canet Mocellin9, empresária que fez carreira no mercado financeiro, proprietária
da Fortuna Corretora. Depois casou com a arquiteta Mônica Rigotto.
Denise Beltrão de Almeida Cassou: Formada em Engenharia Agronômica pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1981, é sócia das empresas do Grupo CR Almeida.
Casada com Marco Antônio Cassou, formado em engenharia pela Universidade Federal do
Paraná (UFPR) com mestrado em Administração pela Stanford University. Marco Antônio foi
diretor de várias empresas do Grupo CR Almeida, alcançando a presidência do Conselho de
Administração da CR Almeida S/A Engenharia e Construções. Ele já esteve à frente do
Sindicato das Indústrias Químicas do Estado do Paraná. Denise e Marco Antônio Cassou
tiveram quatro filhas: Caroline de Almeida Cassou Meneghetti, Fernanda de Almeida Cassou
Nacli, Mariana de Almeida Cassou Frare e Amanda de Almeida Cassou.
Roberto Beltrão de Almeida (Beto Almeida): Engenheiro Civil e empresário que foi
membro do Conselho Consultivo e Administrativo da construtora do Grupo CR Almeida. Foi
casado com a artista plástica Cláudia Guimarães. Roberto faleceu em 2010.
César Beltrão de Almeida: Nascido em 1962, se formou em Engenharia Civil pela
Universidade Federal do Paraná e fez pós-graduação no MBA executivo da Fundação Getúlio
Vargas em Team Manegement. Dentro da CR Almeida S.A. Engenharia e Construções foi
Engenheiro Civil, Diretor de Apoio a Presidência, Diretor Financeiro e Diretor Superintendente
Administrativo Financeiro. É também Sócio-Fundador da Prospecta Fomento Mercantil S.A,
da Procrédito Consultoria e Assessoria Financeira Ltda e sócio-Gerente do Grupo Pater (CBB
Asfaltos, Tb Transportes e Bosca Asfaltos). Faz parte do Conselho de Administração do Grupo
CR Almeida e desde 2009 é membro do Conselho de Administração da EcoRodovias. Em 2014
a revista Forbes Brasil apontou César como sendo um dos 30 maiores bilionários do Brasil,
com um patrimônio avaliado em R$ 5,58 bilhões. Em 1989 casou com Cristiane Bonetto, filha
de Tania Hoffmann e Renato Alberto Bonetto.
9
Filha de Maria Helena Canet e Luiz Renato Mocellin. Formada em administração de empresas, já cursou
literatura, inglês e francês na Suíça. Já trabalhou na Corretora Araucária, de propriedade de Jayme Canet, Alberto
Dalcanale e Fernando Peixoto e, posteriormente, trabalhou numa Distribuidora de Valores do então sogro Cecílio
do Rego Almeida e Henrique do Rego Almeida.
21
Guilherme Beltrão de Almeida: Assessor Jurídico da CR Almeida e sócio da Beltrão

de Almeida Advogados Associados. Em 2020 a construtora CR Almeida recebeu R$ 2,3 bilhões
dos cofres públicos do Paraná, referente a um processo que corria na Justiça há 50 anos; como
Guilherme era o advogado responsável pela causa, recebeu de honorários advocatícios R$ 218
milhões. Casou com Thatiana Fontana de Almeida.
Sobre a família de Marcelo Almeida: lado materno
A mãe de Marcelo Almeida, Rosa Maria Beltrão Rischbieter, é filha de Cornélia de

Castro Beltrão e Alexandre Gutierrez Beltrão. Já trabalhou como paisagista e administra uma
floricultura em Curitiba/PR. Se casou pela primeira vez com Cecílio do Rego Almeida,
engenheiro e proprietário do Grupo CR Almeida, cuja genealogia e trajetória profissional
trataremos adiante. Com Cecílio teve seis filhos: (1) Ricardo Beltrão de Almeida, (2) Denise
Beltrão de Almeida, (3) Roberto Beltrão de Almeida, (4) César Beltrão de Almeida, (5)
Guilherme Beltrão de Almeida e (6) Marcelo Beltrão de Almeida. Após se separar de Cecílio
do Rego Almeida, Rosa Maria se casa com Karlos Heinz Ruschbieter, engenheiro civil
nascido em Blumenau/SC, que já foi presidente da Caixa Econômica Federal, presidente do
Banco do Brasil, presidente do Banco do Desenvolvimento do Paraná (BADEP), além de
ministro da fazenda no governo de João Figueiredo nos anos de 1979 e 1980.
O avô materno de Rosa Maria era o Major Vicente Ferreira de Castro10 (1869-
1944), republicano histórico que foi Major da Guarda Nacional e que atuou ainda como
industrial e comerciante nos municípios de Palmeira/PR, Ipiranga/PR e Ponta Grossa/PR. Teve
dezesseis filhos em seus dois casamentos. Primeiro, com Maria Francisca de Castro Rocha, teve
(1) Chiquita Ferreira de Castro, que casou com João Atilio Palermo; (2) Selmira11 de Castro,
que casou com Mario Carvalho Guimarães; (3) Alfredo Vicente de Castro, que casou com
Palmyra de Paula Xavier; (4) Cherubim Vicente de Castro, falecido na infância. No segundo
casamento, com sua prima Maria Augusta da Silva Castro12, teve (5) Joaquim Vicente de
Castro, engenheiro civil que casou com Olga Junqueira; (6) Leopoldina de Castro Araújo, que
casou com Cel. Hildebrando Cesar de Souza Araújo; (7) Inês13 de Castro Scherer, que casou
10
Filho do Alf. Vicente Ferreira de Castro e Maria da Conceição de Castro.
11
Algumas fontes trazem seu nome com C: Celmira.
12
Filha do Ten. Cel. Agostinho Vicente de Castro e Francisca Gonçalves Ribas.
13
Há fontes que trazem seu nome como Ignez.
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com Adalberto Scherer; (8) Cornélia de Castro Beltrão, casada com Alexandre Gutierrez
Beltrão; (9) Belmira Vicente de Castro; (10) Leonidas Vicente de Castro; (11) Dalila de Castro
Lacerda, que casou com o engenheiro Flávio Suplicy de Lacerda; (12) Narciso Vicente de
Castro; (13) Brasilio Vicente de Castro; (14) Hortêncio Vicente de Castro; (15) Lydia Vicente
de Castro; (16) Sebastião Vicente de Castro14, médico que casou com Therezinha Vicente de
Castro.
Uma das filhas de Vicente Ferreira de Castro, Cornélia de Castro Beltrão (mãe de
Rosa Maria, avó de Marcelo Almeida), foi a primeira mulher do estado do Paraná a ter
habilitação para dirigir veículos. Ela se casou com Alexandre Gutierrez Beltrão, filho de Rosa
Branca Gutierrez Beltrão e do Desembargador Francisco da Cunha Machado Beltrão15,
primeiro membro da família Beltrão no estado do Paraná:
A origem da família Beltrão no Paraná começou com a vinda do Desembargador

Francisco da Cunha Machado Beltrão, natural de Pernambuco de 17 de outubro de
1845. Era filho do industrial e bacharel Pedro Bezerra de Araújo Beltrão e
Alexandrina da Cunha Machado Pedrosa Beltrão, de tradicionais famílias da
aristocracia rural pernambucana. Alguns apontam que os ascendentes da família
Beltrão eram portugueses do bispado de Porto. Em 1872, Francisco Beltrão casou em
Paranaguá com Rosa Branca Correa Gutierrez, nascida em Montevidéu em 1 de
janeiro de 1858, falecida em novembro de 1920. (PEREIRA, 2016, p. 37).
Alexandre Gutierrez Beltrão (avô materno de Marcelo Almeida) nasceu em

Florianópolis/SC em 1896, foi estudar Engenharia no Rio de Janeiro em 1918, tendo sido o
responsável por fundar os municípios paranaenses de Ibiporã, Engenheiro Beltrão (nome em
sua homenagem) e Francisco Beltrão (nome em homenagem a seu irmão), juntamente com seu
irmão Francisco Gutierrez Beltrão16, a partir dos serviços que sua empresa de colonização
(Sociedade Técnica e Colonizadora Engenheiro Beltrão) prestava ao estado do Paraná. Como
eram pagos em terras, Alexandre e Francisco tornaram-se grandes fazendeiros no Paraná.
Alexandre Beltrão casou-se inicialmente com Zilda Fontana Beltrão (filha de Francisco Fido
14
Médico formado pela Universidade de Medicina do Paraná e foi oficial de gabinete do prefeito de Curitiba
Alexandre Beltrão, seu cunhado, na década de 1940.
15
Natural de Pernambuco, formou-se em Direito pela Faculdade de Recife em 1861, foi juiz de Direito em várias
comarcas do Paraná e Santa Catarina. Dedicou-se também à política.
16
Engenheiro Civil nascido em Paranaguá/PR em 06/11/1875 e sepultado em Curitiba/PR em 1939. Casou-se
Lavínia Trevisani, com quem teve nove filhos. Atuou politicamente no Paraná, tendo sido deputado estadual,
secretário de Agricultura, Viação e Obras Públicas, Colonização e da Fazenda, Indústria e Comércio. Foi também
professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná.
23
Fontana17 e Mercedes Jardim Fontana), pertencente à tradicional família ligada à atividade

ervateira no estado18, com quem teve os filhos Alexandre Fontana Beltrão (Alex Beltrão) e Vera
Maria Beltrão Fraletti; depois do falecimento de Zilda, se casou com Cornélia de Castro Beltrão
(avó de Marcelo Almeida), com quem teve os filhos Rosa Maria Beltrão (Rosita Beltrão, mãe
de Marcelo Almeida), Lauro de Castro Beltrão e Eleonora Beltrão Barcik. Abaixo, tratamos de
maneira breve sobre cada um dos irmãos de Rosita Beltrão de Almeida.
Vera Maria Beltrão Fraletti: durante alguns anos cuidou das fazendas de seu pai no
norte do Paraná. Foi casada com o conhecido médico psiquiatra Paulo Fraletti e faleceu no ano
de 2000. Paulo Fraletti (1921-2011) era natural de Pereiras/SP e se formou na Escola Paulista
de Medicina em 1947. Atuou como médico psiquiatra da Secretaria da Saúde de São Paulo,
trabalhou no Manicômio Judiciário do Estado de 1948 a 1990, manteve uma clínica particular
e foi professor de psiquiatria e psicologia médica em importantes instituições, como a Santa
Casa de São Paulo e a Fundação Universitária do ABC. Em seu município natal, Pereiras/SP,
abriu um museu e uma associação de cultura. O Casal Vera Maria e Paulo tiveram quatro filhos:
Zilda Maria Beltrão Fraletti19, Paulo Beltrão Fraletti20, Maurício Beltrão Fraletti21 e Pedro
Beltrão Fraletti22.
17
Francisco foi Deputado Estadual no Paraná, presidente da Associação Comercial, Diretor Regional do Touring
Club do Brasil, diretor presidente das Fábricas Fontana S.A. Teve o primeiro carro de Curitiba, em 1903.
18
Descendentes de Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, maior ervateiro do Paraná em meados do
século XIX.
19
Zilda nasceu em São Paulo/SP e é formada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(PUC/PR). Em Londres, tirou o diploma “Cambridge Proficiency in English Language”. Estudou também História
da Arte no Museu Alfredo Andersen. Na vida profissional, já deu aula na instituição “Cultura Inglesa” por dois
anos, dirigiu uma empresa do Grupo CR Almeida em Foz do Iguaçu/PR, montou um escritório de arte em São
Paulo no ano de 1985 e fundou a Fraetti Rubbo Galeria de Arte em Curitiba/PR no ano de 1995. Atualmente sua
galeria de arte se chama Galeria Zilda Fraletti. Foi casada com o economista Luiz Eugênio de Souza Rubbo com
quem teve duas filhas: Priscila Fraletti Rubbo Thá (casada com Daniel Thá) e Gabriella Fraletti Rubbo.
20
Formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1977, obteve em 1984 o título
de Master in Business Sciences pela London Business School e é Doutor em Administração pela Universidade de
São Paulo (USP). É professor no Insper e na Graduação em Administração da FGV/EAESP, possuindo ainda
experiência em instituições financeiras internacionais como a J. P. Morgan (Nova Iorque e Milão), Banque
Nationale de Paris (Londres e Milão) e Bank os America (Milão). Casou com Daisy Andrade Azevedo com quem
teve pelo menos dois filhos: Stefania de Azevedo Fraletti e Alexandre Beltrão Fraletti (casado com Giovanna
Volpi, filha de Adeodato e Clarice Volpi).
21
Formado em Engenharia Civil pela UFPR em 1981, iniciou a vida profissional na CR Almeida, empresa de seu
tio Cecílio do Rego Almeida, atuando principalmente em atividades ligadas à informática e tecnologias, tendo
prestado esses serviços também para alguns políticos. De janeiro a junho de 1998, prestou assessoria ao seu tio
Alex Beltrão, quando este esta a frente da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná; de
fevereiro de 1999 a dezembro de 2002 foi novamente assessor de seu tio Alex Beltrão, quando este estava à frente
da Secretaria Especial de Estado para Assuntos Estratégicos do Paraná. É criador do Instituto Brasileiro de
EcoTecnologia e desde 2004 ministra cursos e oficinas sobre robótica utilizando sucata.
22
Formado em Engenharia Civil pela UFPR em 1978,
24
Alexandre Fontana Beltrão (Alex Beltrão): nascido em Curitiba/PR no ano de 1924,

se formou em Engenharia e realizou cursos de especialização em Londres e Paris. Logo depois
de formado abriu um escritório de estudos econômicos, tendo realizado um amplo estudo
intitulado “Paraná e a Economia Cafeeira” a pedido do governo do Paraná em 1963. Em
seguida, atuou como consultor do Instituto Brasileiro do Café (IBC). No ano de 1968 passou a
ser Diretor da organização Internacional do Café (International Coffe Organization), cargo que
ocuparia até 1995. No governo de Jaime Lerner (1995-2002) foi secretário estadual de Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior, secretario especial para Assuntos Estratégicos do Estado do
Paraná e presidente do Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar). Suas gestões públicas foram
alvo de investigações pelo Tribunal de Contas, sendo que, em uma das ocasiões, “foi absolvido
pelo Presidente do TC, Henrique Naigeboren, indicado para o mesmo Tribunal por Jaime
Lerner, cunhado dele" (OLIVEIRA, 2012, p. 134). Em 2015 foi condenado pelo Tribunal de
Contas a pagar R$ 293 mil aos cofres públicos em razão da desaprovação das contas na
inauguração do Novo Museu (atual Museu Oscar Niemayer) no ano de 2002. Alex Beltrão
faleceu em 2016 e em vida foi casado com Anna Emília Beltrão, com quem teve dois filhos:
Sandra e Eduardo.
Lauro de Castro Beltrão: Nascido em Curitiba no ano de 1931, formou-se em
Medicina na UFPR em 1954. Foi um dos fundadores da Universidade Estadual de Londrina
(UEL) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), tendo dado início ao curso de Medicina
nesta última. Além disso, foi também professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e
da antiga Universidade do Brasil (atual UFRJ). Casou com Isa Borges de Carvalho Beltrão,
com quem teve os filhos Maria Virginia Beltrão, Lauro de Castro Beltrão Filho e Alexandre
Gutierrez Beltrão Neto.
Eleonora Beltrão Barcik: Nascida em 1939, natural de Curitiba/PR. É a primeira
arquiteta do Paraná, da primeira turma de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do
Paraná (UFPR), formada em 1965, tendo feito projetos para algumas empresas, entre elas a CR
Almeida, de seu cunhado Cecílio do Rego Almeida. Posteriormente, montou seu próprio
escritório de arquitetura. Eleonora foi casada com Odilon Barcik, filho de Guilherme Barcik e
Alzira Barcik, formado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia da Universidade do
Estado do Paraná em 1955. Odilon foi um industrial que exerceu atividade em cargos
importantes dentro do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná (DER/PR)
a partir dos anos 1950.
25
Sobre a família de Marcelo Almeida: lado paterno
Seu pai, Cecílio do Rego Almeida, nasceu em Óbidos/PA no ano de 1930, vindo a
morar no Paraná com sete anos de idade. Filho de Raymundo Ramos da Costa Almeida e Cecília
do Rego Almeida, teve três irmãos: Felix do Rego Almeida, Carlos do Rego Almeida e
Henrique do Rego Almeida. De origem pobre, trabalhou desde cedo vendendo sementes e aos
14 anos passou em um concurso dos Correios, onde trabalhou como estafeta (carteiro). Aos 19
anos começou a cursar Engenharia Civil, curso que permitiu posteriormente trabalhar durante
cinco anos na construtora Lysimaco da Costa & Irmão. A partir dessa experiência, fundou com
seus irmãos a Engenharia e Construções CR Almeida Ltda., cujo escritório ficava na casa onde
residia a família (PEREIRA, 2016, p. 31).
As primeiras atividades da empresa são construções de bueiros em rodovias, obras
subempreitadas pela Lysimaco da Costa & Irmão, armazéns de café em Francisco Beltrão/PR
e Nova Esperança/PR, e pistas de pouso de aviões no interior do estado (PEREIRA, 2016, p.31).
Em 1961, passam a realizar contratos diretamente com o Departamento de Estradas de
Rodagem (DER-PR), construindo trechos importantes de estradas entre Curitiba/PR e
Paranaguá/PR. Nos anos da década de 1960, os negócios cresceram em um ritmo acelerado,
graças a seguidas incorporações de outras empresas, a saber, a construtora Sociedade de
Engenharia do Paraná – SEP (1962), a construtora Guimarães & Pierre (1963), a construtora
Lysimaco (1965), a construtora Aranha S/A (1969), a fábrica de explosivos Britanite S/A
(1969). Nas décadas seguintes, a empresa atua principalmente em obras rodoviárias, mas
também participa da construção de usinas hidrelétricas, expandindo suas atividades para outros
estados. Cresce cada vez mais e, consequentemente, seus rendimentos também (para uma
descrição mais detalhada sobre as grandes obras da empresa no período, ver PEREIRA, 2016),
a ponto de Cecílio do Rego Almeida ser citado em 1992 pela revista Forbes como possuidor de
um patrimônio avaliado em US$ 1,3 bilhão. No ano de 1997 a empresa Primav, pertencente ao
grupo CR Almeida, fechou um contrato de concessão rodoviária com o DER/PR, passando a
administrar o trecho de ligação com o litoral da BR-277 (PEREIRA, 2016, p. 35), iniciando
assim as atividades no segmento que viria a ser um dos pontos fortes do grupo empresarial23.
23
Posteriormente a empresa do grupo que irá administrar essas atividades é a EcoRodovias, considerada uma das
maior empresas do país no segmento de infraestrutura logística integrada.
26
Quando Cecílio do Rego Almeida morreu, em 2008, o patrimônio estimado do grupo

empresarial era de R$ 9,4 bilhões. Tinha extensões de terras na região norte e centro-oeste do
Brasil, chegando a ser considerado o maior latifundiário e maior grileiro do mundo. Em 2011,
a Justiça Federal determinou o cancelamento da matrícula do imóvel rural conhecido por
“Fazenda Curuá”, ocupado pela Incenxil – empresa do Grupo CR Almeida, que corresponde a
uma área de 4,5 milhões de hectares localizada no estado do Pará, na região do Xingu.
Protagonizou em 1971 um episódio marcante na história do estado do Paraná, quando gravou
o então governador Haroldo Leon Perez (ARENA) ao negociar propina com o mesmo, enviando
o material ao Presidente da República, Emílio Médice, o que resultou na queda do Governador.
Além do casamento com Rosa Maria Beltrão, casou também com Ângela Maria Brandão de
Almeida. Como pudemos ver, os irmãos de Cecílio de Rego Almeida tiveram grande
participação em sua vida empresarial, cabendo aqui algumas considerações sobre as atividades
de cada um deles.
Felix do Rego Almeida, nascido em Belém/PA no ano de 1928, se formou em
Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1954. Foi sócio de Cecílio na
construtora CR Almeida, mas dedicou sua vida à medicina: foi médico cirurgião, Diretor
Clínico e Vice-provedor na Santa Casa de Misericórdia (Curitiba/PR), além de professor titular
de Clínica Cirúrgica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR) de 1979 a 1991.
Foi membro titular da Academia Paranaense de Medicina, membro do Colégio de Cirurgiões
da França, membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, presidente do Conselho Regional de
Medicina (de novembro de 1968 a outubro de 1973), recebeu o título de “Cidadão Honorário
do Paraná” da Assembleia Legislativa do estado em 1973, além do título de “Cidadão Honorário
de Curitiba” da Câmara Municipal da cidade em 1973. Casou com Nely Lidia Valente de
Almeida, nascida em Bom Retiro/SC no ano de 1935, filha de Nelson Valente e Ilda Schafer
Valente. Formada em História e Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em
1957. Nely trabalhou no PSD e foi secretária do deputado estadual Hélio Setti (PSD), líder da
bancada no governo Lupion. Ocupou uma vaga na Câmara Municipal de Curitiba em seis
ocasiões: em 1888, quando eleita pelo PMDB; em 1992, quando reeleita pelo PSDB; em 1996
também pelo PSDB; em 2000 ficou com a primeira suplência pelo PSC, assumindo a cadeira
posteriormente; em 2004 foi eleita pelo PSDB; em 2008 ficou com a suplência, vindo a assumir
como vereadora em 2011, no lugar da eleita deputada estadual Maria Lima (PSDB). Nely foi
27
ainda escritora e artista plástica. Faleceu em 2012. Nely e Felix tiveram três filhos: a engenheira
Maria Cristina Valente de Almeida24, a médica Elizabeth Almeida e o médico Renato.
Carlos do Rego Almeida foi diretor e vice-presidente da construtora CR Almeida.
Administrou empresas em diversos segmentos, como: comércio de peças para tratores,
administradora de bens, empresas de turismo, imobiliárias, construtoras e até uma rádio FM em
Curitiba (Estação Primeira) entre os anos 1987 e 1995. Casou com Elizabeth Maria de Aguiar
Maia, filha de Anibal Goulart Maia25 e Dirce de Aguiar Maia, que em 1999 foi nomeada
assessora na Secretaria de Estado do Governo pelo então governador Jaime Lerner, além de ter
presidido o Conselho Municipal da Condição Feminina (CMCF) em Curitiba. Seu filho, Carlos
do Rego Almeida Filho (Caco Almeida), casado com a arquiteta Ângela Russi, tentou eleger-
se vereador em Curitiba/PR no ano de 2008 pelo PSB ficando com a suplência; além disso,
atuou como diretor-geral da COMEC (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba).
Henrique do Rego Almeida, nascido em Curitiba/PR no ano de 1936, graduou-se em
economia pela Faculdade de Ciências Econômicas do Paraná. Foi um empresário com atuação
em diversos ramos, como construção civil, imóveis, comércio, turismo, comunicação (rádio FM
Estação Primeira de Curitiba, em sociedade com seu irmão Carlos), entre outros. Foi dono de
grandes propriedades rurais e mineradoras nos estados do Amapá, Maranhão e Mato Grosso,
ocupou a vice-presidência da empreiteira CR Almeida, fundou o Grupo Hafil e já foi eleito
senador do Amapá pelo PFL no ano de 1990, única atuação política da carreira. Faleceu em
2021 em decorrência da Covid-19. Casou-se com Laura Beatriz Pernetta Almeida com quem
teve três filhos, sendo um deles Henrique Almeida Filho.
Conclusões
A prosopografia do grupo familiar de Marcelo Almeida nos permitiu constatar a posse

de capital familiar no conjunto de seus recursos, possibilitando que se beneficiasse “com o
24
Nascida em 1958, formou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e tornou-se
Doutora em Computação na Universidade de Stanford. Foi professora no curso de Engenharia Civil da UFPR e
nos anos 1990 aceitou o convite de seu tio Cecílio do Rego Almeida para assessorá-lo em projetos internacionais
da construtora CR Almeida.
25
Aníbal foi grileiro, comerciante e fazendeiro. Era um dos chefes do PSD de Maringá/PR na década de 1950. No
dia 24 de dezembro de 1956, junto de cinco homens tidos como seus capangas, atentou contra a vida do então
prefeito de Maringá/PR, Américo Diaz Ferraz, agredindo e atirando contra o mesmo, que sobreviveu. Nos dias
que sucederam esse episódio, a casa de Anibal Goulart Maia foi incendiada. Fontes apontam que Anibal já teria
sido preso pelo crime de homicídio.
28
prestígio e/ou os contatos de parente próximo ou cônjuge com liderança política” (MIGUEL;
MARQUES; MACHADO, 2015, p. 727), ainda que não seja herdeiro de um patrimônio
político-familiar (GRILL, 2008). Sua formação acadêmica não indica um acúmulo significativo
de capital cultural, pelo menos não no sentido de se falar em uma trajetória acadêmica que
sirva de fonte de capital político. Dos recursos sociais politicamente pertinentes, o que mais
chama a atenção pelo volume é o capital econômico, herdado da família, na sua maior parte da
atividade empresarial do pai Cecílio do Rego Almeida.
O ingresso na atividade política pôde ser assegurado pela condição econômica
favorável, que permite “subtrair-se às atividades produtivas” e “colocar-se na posição de porta-
voz” (BOURDIEU, 2011, p. 196). O capital familiar também pode ter sido um facilitador na
sua carreira política, tanto no ingresso na vida política, na Câmara Municipal de Curitiba, onde
já se encontrava em atuação sua tia Nely Almeida – condição que assegura certa familiaridade
com o espaço, os agentes e a dinâmica ali existente –, como no decorrer da sua trajetória política
através da proximidade com o tio paterno Henrique do Rego Almeida (Senador do Amapá de
1990 a 1994) e com o tio materno Alex Beltrão (Presidente do TECPAR, Secretário Estadual
de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Secretário de Estado de Assuntos Estratégicos).
Na medida em que a tia Nely Almeida permaneceu na Câmara Municipal, o tio

Henrique nunca mais desempenhou nenhuma atividade política e Alex Beltrão era ligado ao
governo de Jaime Lerner, a sequência de posições ocupadas por Marcelo Almeida na política
do estado demonstra certa independência em relação às suas relações familiares. Foi a
proximidade com Roberto Requião e o PMDB que lhe proporcionou um impulso na carreira
política, permitindo angariar melhores posições após ter sido nomeado diretor geral do Detran-
PR em 2003, cargo que ocupou até 2006. Posteriormente, após duas experiências como
deputado federal, é no ano de 2014 que tentou a maior empreitada na sua trajetória política,
quando concorreu pelo PMDB ao Senado Federal, ficando em terceiro lugar e não sendo eleito.
Nessa ocasião investiu R$ 2,2 milhões na sua própria campanha, o que nos indica que mesmo
possuindo um bom volume de capital econômico – herdado da família – e apesar da “boa taxa
de conversão” desse tipo de capital no campo político (MIGUEL; MARQUES; MACHADO,
2015, p. 726), Marcelo Almeida não dispôs de recursos suficientes para fazer frente à força
política de Álvaro Dias, eleito com 77% dos votos. Desde então teve passagens pelo Partido
Verde (PV) e Podemos, mas nunca mais disputou nenhuma eleição, já tendo afirmado ter
desistido da política.
29
Na genealogia de Marcelo Beltrão de Almeida identificamos certa manutenção do

status social e econômico através dos casamentos com agentes também oriundos de famílias
tradicionais do Paraná, fato sugerido pela formação acadêmica que possuem e pelo tipo de
profissão que esses agentes exercem: engenheiros, arquitetos, médicos, advogados, agentes
políticos, fazendeiros, entre outros. Apesar da origem social pobre, Cecílio do Rego Almeida
experimentou um enriquecimento através da atividade empreiteira, passando por uma ascensão
social que o aproximou dos agentes das classes dominantes no estado, fato bem representado
pelo casamento com Rosa Maria Beltrão, num tipo de estratégia apontada por Oliveira (2012):
“Os novos ricos e os novos poderosos, se bem-sucedidos, terão estratégias sociais,
matrimoniais, empresariais e políticas de aliança, convivência, cumplicidade e fusão com as
velhas elites” (OLIVEIRA, 2012, p. 52).
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Recebido em: 10/10/2022.

Aceito em: 25/11/2022.
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Revista NEP - Núcleo de Estudos Paranaenses, Curitiba, v. 8, n. 2, dez.

GENEALOGIA, PODER E RIQUEZA: MARCELO

Nicolas Paes Coelho1

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GENEALOGY, POWER AND WEALTH: MARCELO

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Na genealogia de Marcelo Beltrão de Almeida identificamos certa manutenção do

ALEX Beltrão falava do desenvolvimento do Paraná nesta entrevista de 1998. Portal

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