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Ricardo Costa de Oliveira / Na teia do nepotismo: sociologia política das relações de

parentesco e poder político no Paraná e no Brasil (2012)


PREFÁCIO
- O nepotismo é a fórmula tradicional e geral da nossa vivência política; O tipo regional do
oligarca nordestino é-lhe a expressão mais ressaltante, mas, por todo o país exprime-se no
afilhadismo, no genrismo, e no sobrinhismo (Oliveira Vianna).
- Parentesco mais Estado é igual a nepotismo (Adam Bellow).
- Nepotismo é uma relação social e política plasmada em ambiente institucionais pré-
modernos assolados pela patronagem e pelo clientelismo.
INTRODUÇÃO
- “Minha tese é simples. Família ainda importa. As estruturas de parentesco formam parte da
realidade social e política brasileira no século XXI. Redes familiares controlam partidos
políticos, controlam o centro do poder executivo e formam redes atravessando o poder
legislativo com parlamentares hereditários, sempre se renovando pelas gerações. O poder
judiciário também sente as redes de cumplicidade e reproduções de algumas famílias e seus
protegidos. O Tribunal de Contas em boa parte é um tribunal de parentes também. Ainda hoje
os cartórios representam antigas redes familiares. A mídia, a intelectualidade, os jornalistas
também já formaram grandes redes de parentesco e domínio familiar, agora em processo de
modernização e profissionalização” (p. 13).
- As fontes da pesquisa são as fontes da imprensa e das mídias; Os trabalhos dos sociólogos
são a interpretação teórica, a análise empírica e a sistematização dessas abundantes e
dispersas fontes de informação.
- O léxico nepotismo historicamente teve a sua origem nas relações privilegiadas entre o
poder eclesiástico e o favoritismo de alguns parentes.
- O nepotismo está sempre associado a desigualdades sociais, formas de patronagem e
clientelismo político.
- Os partidos políticos se enfraquecem ou desaparecem como instituições e a política se
resume aos negócios de famílias, com seus interesses e redes de dependência pessoais.
- “O familismo ainda é uma constante na política brasileira” (p. 14).
- Os campeões do nepotismo todos fizeram estágio na Assembleia Legislativa.
- “Há cerca de 60 famílias políticas controlando o poder político contemporâneo no Paraná e
se reproduzindo politicamente no século XXI” (p. 15).
- O nepotismo, para existir e triunfar, deve cooptar os outros poderes.
- “A modernização burocrática diminuiria os privilégios para os políticos profissionais e
comissionados, o que limitaria o fenômeno do clientelismo e do nepotismo. Somente a
modernização, o planejamento de nossas instituições políticas e a criação de modernos
partidos políticos poderá desenvolver plenamente a nossa cidadania e democracia frente a
essas questões” (p. 18).
- O nepotismo cruzado existe também do ponto de vista institucional; Um poder beneficia o
outro e ambos têm uma relação de cumplicidade entre si.
AS ORIGENS DO NEPOTISMO NO BRASIL: O NEPOTISMO ÉTNICO DA
CONQUISTA E COLONIZAÇÃO
QUANDO O ESTADO PASSAVA PELA FAMÍLIA
A “NOBREZA DA TERRA” NAS VILAS DE PARANAGUÁ, CURITIBA E SÃO
FRANCISCO DO SUL
- O Brasil construiu sua própria nobreza e esta construiu o Brasil Colônia tal como o
conhecemos; A elite colonial, a classe dominante colonial, é uma grande rede social e política
de famílias viabilizadas por longas genealogias de poder.
- A “nobreza da terra” forma o núcleo duro da classe dominante histórica.
- A sociedade era organizada em termos de hierarquias, valores e mentalidades senhoriais
vinculados ao Antigo Regime vigente; A escravidão, a administração e o controle de gentes
para o mundo do trabalho e da guerra eram decisivos.
- A nobreza no Antigo Regime pode ser segmentada para fins analíticos em várias
subdivisões; Uma classificação básica é a que divide em alta, média e pequena nobreza.
- A pequena nobreza no Brasil, a “nobreza da terra”, era constituída pela presença de três
estruturas formativas: a pequena fidalguia já titulada em Portugal, a nobreza brasílica e a
nobreza da acumulação primitiva.
- Todas as três estruturas iniciais se fundem e se sintetizam ao longo dos séculos XVII e
XVIII.
- O sistema era alimentado preferencialmente por novos colonizadores do Norte de Portugal;
O tipo ideal era um jovem Minhoto, bem alfabetizado, conhecedor de relações mercantis,
conhecedor de práticas agrícolas e eficiente empreendedor; Tinham uma capacidade de
enriquecimento muito rápida nas oportunidades brasileiras e logo casavam com jovens moças
da nobreza da terra no Brasil.
- A estrutura de parentesco era muito estendida pelo território e não apenas uma formação
local; Os polos formadores das genealogias brasileiras em Salvador/BA, Olinda/PE, São
Paulo/SP, São Vicente/SP e no Rio de Janeiro/RJ geraram famílias e clãs continentais na sua
grande expansão territorial.
- Outra característica central da pequena nobreza da terra brasileira era a absorção de outros
grupos sociais pela guerra e pela escravidão.
- A alta nobreza no Brasil só se enraíza em 1808, quando a Família Real passou para o Brasil
e aqui permaneceria a sua principal linha.
- A primeira camada populacional brasileira do século XVI era uma camada com
pouquíssimas mulheres europeias; As linhas mitocondriais ameríndias são muito frequentes e
uma pequena contribuição africana é verificada.
- O processo de mestiçagem e inclusão começava na escolha de padrinhos da elite para
crianças pardas.
- Muitos migrantes europeus, no começo de suas vidas econômicas nas vilas, se dedicavam
aos ofícios mecânicos, como ferreiros, sapateiros, pedreiros, carpinteiros e outros.
- Alguns ramos familiares da nobreza da terra empobreciam e decaíam ao longo das gerações.
- As tensões entre os nobres estabelecidos e as novas elites muitas vezes se resolvia pelos
casamentos entre a velha tradição com o novo dinheiro, reproduzindo e atualizando as
estruturas de poder ao longo do tempo.
- Na esfera dos poderes locais e das vilas, a conexão entre o comércio e a pequena nobreza era
bastante frequente.
- Dos cargos monopolizados pela média nobreza, o mais visível era a gestão do governo das
Capitanias.
- Somente a metodologia genealógica pode revelar o encadeamento das famílias históricas, o
que ofereceria uma compreensão mais profunda do fenômeno da ‘nobreza’ no Brasil (e em
Portugal).
- A alta nobreza e a média nobreza monopolizavam os cargos superiores no Estado do Brasil e
nas Capitanias e não se tornaram nobrezas brasileiras porque não se enraizaram na terra, mas
sim nos cargos de administração estatal; Já a pequena nobreza se torna local.
- A nobreza brasileira seguiu uma evolução política e formou a República, em 1889, com um
regime político oligárquico no século XX; É a base social histórica da classe dominante
tradicional no Brasil, que vai ganhando força política, consistência e consciência com os
séculos.
- A nobreza brasílica formou os bandeirantes; O bandeirantismo foi um fenômeno controlado
por poucos grupos familiares, isto é, umas dez redes de parentesco todas ligadas entre si e
com forte presença tupiniquim.
- O bandeirantismo significou a posse das terras além do Tratado de Tordesilhas; Primeiro
defenderam São Paulo contra os tupinambás (tamoios) e franceses do Rio de Janeiro e depois
passaram à ofensiva; Violência e crueldade resultavam como produto da busca e apreensão de
mão de obra para a economia paulista dos séculos XVI e XVII.
- Uma estrutura de classes com escravos, mas com importante segmento de homens e
mulheres pobres livres, na grande maioria de origem ameríndia e mesmo africana, compõe
parte das gentes do litoral nas décadas iniciais; Essa população pobre forma a grande massa
popular brasileira denominada de cabocla, caiçara e cafuza.
- Um sério problema para a pesquisa desses agentes, além das lacunas e problemas
documentais, é o fato de que as famílias antigas mudarem constantemente de nome, muitas
vezes não apresentando regularidade, fazendo com que pais e filhos tenham nomes diferentes.
- O modelo de família era a família extensa, a verdadeira unidade social de ação coletiva e de
ação política; O casamento dentro da própria classe social permanece como regra até o início
do século XX.
A ESTRUTURA SOCIAL COMO ESTRUTURA GENEALÓGICA
FAMÍLIAS, LINHAGENS E CLÃS INSERIDOS EM CLASSES SOCIAIS PERANTE
PROCESSOS DE LONGA DURAÇÃO
- A estrutura social também é uma estrutura genealógica.
- A genealogia é a ciência da história das famílias e fornece uma metodologia de pesquisa
fundamental para a sociologia dos ricos e poderosos, revelando estruturas de parentesco e as
relações de parentesco entre diferentes indivíduos e famílias ao longo do tempo.
- A prosopografia é outro método que complementa o estudo dos ricos e poderosos.
- “Os novos ricos e os novos poderosos, se bem-sucedidos, terão estratégias sociais,
matrimoniais, empresariais e políticas de aliança, convivência, cumplicidade e fusão com as
velhas elites” (p. 52).
- “A dinâmica da mobilidade social e espacial é tema importante, mas o padrão de
continuidades oferece questões bastante relevantes” (p. 52).
- “Relações preferenciais com empresas privadas fornecedoras de bens e serviços para o
Estado, em função de estruturas de parentesco, também são um tema relevante para esta
plataforma de pesquisa” (p. 54).
- As estruturas de riqueza são definidas em termos de rendas, patrimônios e posições sociais.
- A riqueza e o poder representam fenômenos sociais, comportamentais, culturais e
experiências de vida social, econômica, cultural e política de um grande grupo social, não
apenas de poucos indivíduos superdimensionados e isolados em termos de riqueza e poder.
- Os super-ricos, uma pequena minoria composta pelos 0,001%, muitas vezes podem ofuscar,
ocultar e esconder a dimensão social e coletiva da riqueza do grande grupo dos 10% mais
ricos.
- “[...] mais de um milhão de imigrantes italianos chegaram ao Brasil entre o final do século
XIX e o século XX [...]” (p. 56).
Longa duração na riqueza e poder no Brasil
- “Quinhentões” são as famílias brasileiras descendentes dos “homens bons” coloniais de
origem portuguesa, presentes no Brasil desde as origens coloniais; Foram inicialmente
senhores de sesmarias e de grandes propriedades rurais escravistas; Seus membros foram
fazendeiros, comerciantes, oficiais da câmara, oficiais das ordenanças, padres, proprietários
dos tabelionatos e representavam as autoridades e os maiorais nas vilas coloniais.
- No Império, continuaram como os mais ricos e poderosos, ocuparam os cargos imperiais no
Executivo (ministérios, repartições públicas provinciais, municipais), no Legislativo
(senadores, deputados, vereadores), no Judiciário (magistratura, jurados), oficiais da Guarda
Nacional, titulares da nobreza, comendadores das ordens do Império, oficiais do Exército e da
Armada.
- Na República, continuaram dominando o poder econômico e o poder político nos âmbitos
municipal, estadual e federal, como prefeitos vereadores, deputados estaduais, deputados
federais, senadores, altos burocratas nas diferentes esferas do aparelho de Estado;
Monopolizaram a cúpula das Forças Armadas, as Academias de Direito e de Medicina, as
instituições culturais, os jornais, os partidos políticos, as eleições, os cargos públicos e de
poder nas capitais estaduais e no Distrito Federal; No Judiciário republicano continuaram
sendo advogados, juízes e desembargadores influentes.
- Com a vinda da Família Real para o Brasil, em 1808, inicia-se um novo processo de
aproximação da elite brasileira com a Coroa; Novos títulos honoríficos e de nobreza foram
concedidos; Houve a criação de uma nova burocracia estatal brasileira no Rio de Janeiro, em
boa parte nascida no Brasil.
- A burocracia imperial foi formada em boa parte a partir das velhas elites coloniais, a partir
das velhas famílias dos “homens bons” do antigo senhoriato.
- O grande projeto nacional da independência foi a manutenção do status quo agrário e a
permanência da escravidão e do tráfico atlântico.
- “A grande imigração europeia renova várias regiões do Brasil com novos contingentes
demográficos, mas o poder ainda seguiria firme na velha classe dominante, mesmo com
muitas novas entradas e novas fortunas se criando” (p. 63).
- O movimento republicano também não rompeu com as estruturas da classe dominante; Tal
como no processo de independência, foram segmentos da classe dominante que patrocinaram
a ideia republicana (militares, bacharéis, engenheiros, profissionais liberais e, principalmente,
o núcleo de grandes fazendeiros paulistas), com a sua visão de republica oligárquica, que seria
a triunfante e hegemônica nas décadas iniciais do século XX.
- O movimento de 30 segue a lógica tradicional da política brasileira; Contudo, mesmo com a
permanência das elites, ocorre uma alteração na agenda das políticas públicas, principalmente
com o Estado Novo (industrialização, CLT, etc.).
- O movimento de 64 foi em boa parte conduzido por velhos setores da classe dominante
tradicional; Os comandantes militares e civis pertenciam às velhas elites tradicionais.
- “Há entradas e saídas dos grupos sociais que compõem a classe dominante, mas há,
principalmente, graus de continuidade” (p.64).
- A classe dominante tradicional brasileira pode ser analisada como um grupo étnico
específico: as suas origens podem ser traças ao encontro luso-tupi no litoral brasileiro, nos
primeiros anos do século XVI.
- Classes e frações de classe da época colonial: bandeirantes, senhores de engenho,
burocratas, militares, administradores, comerciantes, tropeiros, fazendeiros, mineradores,
pecuaristas.
- Havia certa cultural em comum, certa tradição em comum, certo fenótipo em comum, certa
língua em comum – e um projeto político em comum unificaria o Brasil.
- Toda elite competente e eficaz sabe se renovar e incluir novos méritos nas velhas tradições
para continuar forte e capaz.
- A crise na Europa colocou milhões de camponeses disponíveis para a colonização e para os
projetos modernizadores.
- Em 1776, o Brasil era muito maior do que os Estados Unidos e em 1850 eles já tinham uma
economia e população muito maior por causa da imigração de milhões de europeus
desesperados.
- A ideia de uma família que mora na mesma localidade fundada pelos seus antepassados e a
história de certo ethos conectando as gerações as propriedades desde os fundadores é uma
ideia de identidade étnica e nacional própria.
O PROCESSO DO NEPOTISMO BUROCRÁTICO NA CONTEMPORANEIDADE
DA REPÚBLICA
REDES DE NEPOTISMO COMO PROCESSO DE PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO
DE DESIGUALDADES
- Analisamos as relações entre estruturas de parentesco e poder político no Brasil.
- Os ricos apresentam formas de riqueza social e de patrimônios ocultas aos olhares
investigativos; A sociedade e o Estado protegem a privacidade das classes altas.
- “A exposição de suas riquezas gera receios em relação à criminosos e sequestradores,
concorrentes no mercado ou na política e mesmo apreensões em relação à tributação oficial”
(p. 74).
- Várias são as formas sociais da riqueza: propriedades urbanas e rurais, empresas, ativos
financeiros variados, contas bancárias, objetos de arte, objetos na forma de joias, outros
objetos de valor e mesmo metais preciosos em espécie.
- “A grande concentração de riquezas e de poderes, com formas extremas de desigualdade e
pobreza, resulta em um processo único, dialeticamente imbricado” (p. 75).
- Os ricos e poderosos têm nomes e principalmente sobrenomes, ou seja, pertencem a
estruturas de parentesco muitas vezes complexas e profundas; Essa é uma forma de abordar os
estudos sobre ricos de uma perspectiva distinta dos estudos quantitativos.
- A metodologia qualitativa permite identificar e visualizar os ricos e poderosos de maneira
detalhada.
- Busca-se conhecer as informações básicas e essenciais de um indivíduo, tais como a data de
nascimento, as origens sociais, a educação, o itinerário social, econômico, cultural e político
do biografado, conhecer os principais eventos e, fundamentalmente, conhecer a construção do
patrimônio como dinâmica do empreendedorismo e das relações econômicas e políticas do
ator social.
- Os dados básicos de uma biografia devem revelar as conexões de interesse, as relações
matrimoniais, o nascimento dos filhos e a etapa final do falecimento.
- A genealogia consiste em uma estrutura social temporalmente organizada em termos reais,
ou mesmo imaginários, de modo a conectar e estruturar vários indivíduos e grupos familiares
em complexas redes de parentesco e de interesse unidas entre si (OLIVEIRA, 2001).
- O estudo dos ricos e poderosos, a pesquisa sobre a classe dominante, deve ser qualificado
cientificamente com investigações sobre biografias individuais e biografias coletivas, com a
operacionalização do método prosopográfico e do método genealógico; O resultado é uma
análise coletiva de classe desse segmento como uma totalidade rica e viva de indivíduos,
famílias e experiências, síntese de múltiplas determinações.
- As oligarquias regionais são frações regionais da classe dominante.
- Os grupos regionalmente dominantes estendem necessariamente suas atuações políticas no
governo federal, mas sempre com uma base regional do poder.
- Há uma correlação entre cargos comissionados e nepotismo.
- Os tabelionatos representam uma antiga instituição, que existe desde o Antigo Regime e
segue existindo desde as primeiras vilas coloniais; Os tabelionatos e cartórios atravessam toda
a história brasileira e atravessam todo o processo de modernização da sociedade, do Estado e
continuam apresentando algumas características semiprivadas, como o nome do titular ou
responsável; Antecedem a existência das classes sociais modernas.
- “O fenômeno do nepotismo não é apenas uma curiosidade ou o resquício de uma arcaica
cultura política, mas é uma das formas centrais de organização social e política de segmentos
da elite e da classe dominante” (p. 104).
CENTRO LEGISLATIVO PRESIDENTE ANIBAL KHURY
O CURISMO COMO SISTEMA POLÍTICO DE CLIENTELISMO E PATRONAGEM
NO PARANÁ
- O “curismo” tratou-se de uma imensa rede política de favores e benesses generosamente
irrigadas com os recursos estatais – sempre que possíveis – e do interesse do próprio Curi;
Funcionou durante décadas.
FAMÍLIAS, PODER E RIQUEZA
REDES POLÍTICAS NO PARANÁ EM 2007
A TEIA DO NEPOTISMO DO REQUIANISMO
- Os ricos e poderosos somente constroem posições privilegiadas e vantajosas com a
participação no Estado; Toda forma de grande riqueza, grande patrimônio e grande poder
político é fundamentada em relações privilegiadas nos diferentes espaços de poder centrados
no Estado.
- “Definimos rede política como uma conexão de interesses envolvendo empresários e cargos
políticos no aparelho de Estado em diferentes poderes, como no Executivo, no Legislativo, no
Judiciário e em outros espaços de poder em função de operações de mútuo benefício e ações
político-financeiras articuladas na informalidade” (p. 125-126).
- Nepotismo, clientelismo e diferentes artifícios são utilizados para as finalidades e resultados
das redes políticas, que operam muitas vezes no limite da legalidade e muitas vezes na
ilegalidade.
- “As redes políticas mudam e se transformam conforme as mudanças da conjuntura e dos
governantes. [...] No entanto, seguem certa continuidade e revezamento de longa duração,
muitas vezes em algumas poucas famílias políticas, e incorporam sempre novos participantes
a cada conjuntura, de modo que cada governo e cada legislatura têm novas e velhas redes
políticas em constante formação e transformação” (p. 126).
- A análise de continuidade das estruturas de poder ao longo de mudanças políticas no história
do Brasil sempre interessou vários autores, como por exemplo Raimundo Faoro, com sua obra
Os donos do poder.
- Citação na página 133 onde traz a fala de Joel Malucelli descrevendo a administração de
seus negócios com familiares. Disponível em:
http://www.universia.com.br/html/investnews/vernoticia_gebbgg.html (não disponível na
internet).
- Citação na página 134 e 135 onde trata de Marcelo Almeida e família.
- O conceito de conciliação é fundamental para compreender a dinâmica de alternância e
permanência no poder.
FAMÍLIAS, PODER E RIQUEZA
REDES POLÍTICAS NO PARANÁ EM 2012
A TEIA DO NEPOTISMO DO RICHISMO
O NEPOTISMO NO PODER
O SUPERNEPOTISMO DA FAMÍLIA RICHA EM 2011-2012
- “A redemocratização do início dos anos 1980 representou a abertura de uma nova janela de
oportunidades para que novas famílias políticas se formassem e ocupassem o cenário do poder
político no Paraná. Esta janela logo se fecharia depois de alguns anos” (p. 151).
INSTITUIÇÕES E PODER HEDERITÁRIO
- “Muitos achavam que o familismo era um fenômeno da “Velha República”, no início do
século XX, mas é cada vez mais um fenômeno contemporâneo do início do século XXI” (p.
259).
- “A continuidade de antigas famílias políticas da tradicional elite colonial brasileira
prossegue com o acréscimo de muitas novas famílias políticas de origem imigrante” (p. 262).
CONCLUSÃO
- “Há galáxias e sistemas solares de nepotismo. Muitos subpoderes também criaram suas
pequenas redes de nepotismo gravitando ao redor dos maiores sistemas” (p. 263).
- A filha primogênita de Alvaro Dias chama-se Carolina, e casou-se com Pedro Braga Maia,
neto do ex-governador Ney Braga.
- Para a sociologia um sobrenome político tradicional é uma forma de capital social e político.
- A base geográfica e territorial de cada poderoso e de cada parlamentar em seus redutos
eleitorais municipais precisa de constantes pesquisas e permanentes investigações.
- “As famílias muitas vezes ainda são mais importantes do que os partidos políticos e as
instituições políticas” (p. 266).

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