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O CEU DE SUELY
A MAQUINA
TAPETE VERMELHO
Nascidos em Bordeis
Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo (Karim Aïnouz e Marcelo Gomes / 2009)Sertão de Acrílico Azul
Piscina (Karim Aïnouz e Marcelo Gomes / 2004)
O curta nos conta a história de Pedro, um menino da roça que tem a teoria de que
existem apenas 7 tipos de mortes. A história passa o tempo todo ar misterioso, que me
deixou bastante o tempo todo instigado e esperando algo acontecer, o que no final
infelizmente acontece…
n/aº Como Era Gostoso o Meu Francês (Nelson Pereira dos Santos) 1971 6,6
n/aº Memórias Póstumas (André Klotzel) 2001 6,6
n/aº Carreiras (Domingos de Oliveira) 2005 6,6
n/aº Barravento (Glauber Rocha) 1962 6,6
n/aº Leila Diniz (Luiz Carlos Lacerda) 1987 6,6
n/aº Pelé Eterno (Aníbal Massaini Neto) 2004 6,6
n/aº Nós Que Aqui Estamos por Vós Esperamos (Marcelo Massagão) 1998 6,6
n/aº Hans Staden (Luiz Alberto Pereira) 1999 6,6
n/aº Uma Noite em 67 (Renato Terra) 2010 6,5
n/aº Bar Esperança (Hugo Carvana) 1983 6,5
n/aº O Que É Isso, Companheiro? (Bruno Barreto) 1997 6,5
n/aº Matou a Família e Foi ao Cinema (Júlio Bressane) 1969 6,5
n/aº O Xangô de Baker Street (Miguel Faria Jr.) 2001 6,5
n/aº O Palhaço (Selton Mello) 2011 6,5
n/aº Pro Dia Nascer Feliz (João Jardim) 2006 6,5
n/aº A Hora e a Vez de Augusto Matraga (Roberto Santos) 1965 6,5
n/aº Dois Perdidos Numa Noite Suja (José Joffily) 2002 6,5
n/aº Jards Macalé - Um Morcego na Porta Principal (Marco Abujamra) 2008 6,5
n/aº A Opinião Pública (Arnaldo Jabor) 1967 6,5
n/aº Os Inquilinos (Sérgio Bianchi)
1) DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL (1964), de Glauber Rocha, com Geraldo D’El Rey,
Othon Bastos, Maurício do Valle, Yoná Magalhães e Sonia dos Humildes. Filme-ópera que
rompe com os cânones narrativos do cinema brasileiro para instaurar uma estética
dilacerante onde estão em simbiose a tragédia sertaneja, plena de ecos gregos, e a
expressão lancinante de brasilidade, onde, num toque original e impactuante, a
influência de vários cineastas (Ford, Kurosawa, Buñuel, e principalmente Eisenstein – a
matança dos beatos é nitidamente influenciada pela seqüência da Escadaria de Odessa de
O encouraçado Potemkin) se espraia num estilo personalíssimo. Este filme traumatizou
duramente o cinema brasileiro.
2) TERRA EM TRANSE, de Glauber Rocha (1967), com Jardel Filho, Glauce Rocha, Paulo
Autran. Ainda que a tentação fosse a de não repetir realizadores nesta lista mambembe,
não se pode deixar de incluir esta obra-primíssima que retrata, num painel alucinante, o
terremoto da política brasileira. Obra de grande impacto em sua mise-en-scène, com
sequências audaciosas, é, também, um canto agônico, onde um poeta – dividido entre a
política e a arte, no processo de sua lenta morte, após um tiroteio numa estrada, repassa
o seu pretérito. O filme, portanto, tem sua ação localizada na mente desse personagem
enquanto dá seus últimos suspiros. Surpreendente sob todos os aspectos.
3) SÃO PAULO S/A, de Luís Sérgio Person (1965), com Walmor Chagas, Eva Wilma, Otelo
Zelloni. O Cinema Novo se desloca, aqui, do campo para a cidade. Person realiza uma
obra delicada e sensível onde a cidade paulistana se integra no conflito audiovisual,
inserindo-se na estrutura narrativa do filme como um personagem. Esta incorporação do
ambiente ao tecido dramatúrgico é rara na cinematografia. Centro da metrópole, em
plena era de industrialização, um homem perdido à procura de um sentido para a sua
existência. Exemplar!
4) O BANDIDO DA LUZ VERMELHA, de Rogério Sganzerla (1967), com Paulo Villaça, Helena
Ignêz, Luiz Linhares. Carro-chefe do chamado Cinema Marginal – ou underground ou,
ainda, udigrudi. Um faroeste do Terceiro Mundo, na definição de seu autor, obra de
estréia em longa metragem, um filme único na cinematografia nacional. As imagens,
desordenadas mas com uma cadência rítmica explosiva, aparecem, na estrutura
narrativa, como a ilustração de um programa de rádio de classe Z. Duas vozes narram a
trajetória de um perigoso marginal da periferia paulistana. O que se pode ver, neste
filme extraordinário, é a apreensão, por um jovem cineasta de 21 anos, do melhor
cinema praticado em décadas anteriores. Radiofônico, como Welles, sincopado em sua
montagem, como Godard, mas de uma boçalidade exclusivamente brasileira. O autor
assume a bregüice nacional com uma total non chalance, proporcionando, com isso, um
retrato esculhambado por excelência, mas inteligentíssimo como expressão da arte do
filme.
7) VIDAS SECAS, de Nelson Pereira dos Santos (1964), com Átila Iório, Maria Ribeiro.
Adaptação do romance homônimo de Graciliano Ramos. Poucas vezes o cinema e a
literatura puderam se dar as mãos em harmonia como nesta obra cinematográfica. O livro
parece um indicativo das imagens em movimento pela sua linguagem seca, sem floreios.
O diretor, precursor do Cinema Novo – Rio, quarenta graus, Rio Zona Norte, soube
apreender as indicações da escritura romanesca, transformando-as em pura linguagem
fílmica. Desde a fotografia sem filtros, que denuncia a aridez da paisagem e o sol
dominador, passando pelas rigorosas interpretações de Átila Iório e Maria Ribeiro, até o
clímax da morte cansada da cadela, tudo é luz e maravilhamento.
8) NOITE VAZIA, de Walter Hugo Khoury (1964), com Mário Benvenutti, Norma Bengell,
Odete Lara, Gabrielle Tinti. Um autor original no panorama do cinema brasileiro que,
muito criticado pelos cinemanovistas pelas influências de Ingmar Bergman e Michelangelo
Antonioni, conseguiu, como poucos neste país, revelar-se um verdadeiro autor na
expressão exata do vocábulo. Com um universo ficcional próprio e um estilo
particularíssimo, com cada obra singular sendo uma variação de um mesmo tema – o
macrofilme, que é toda a sua filmografia, Khoury enfrentou incólume as turbulências da
crítica e hoje está estabelecido como um dos maiores cineastas brasileiros. Noite vazia
investe na noite de São Paulo com seus personagens amargurados à procura de um
significado para as suas existências desiludidas. Mas o que se faz notar no filme é uma
emergência poética a cada instante, um domínio formal impressionante na condução da
mise-en-scène. A sequência da chuva na janela, em montagem paralela com as mulheres
deitadas e o ovo que se estala no fogão, é uma das mais belas do cinema brasileiro.
9) TODAS AS MULHERES DO MUNDO, de Domingos de Oliveira (1966), com Paulo José,
Flávio Migliaccio, Leila Diniz, Ivan de Albuquerque, Irma Alvarez. Nenhum filme brasileiro
revelou tão bem o espírito de uma época como este delicado poema à mulher amada de
um realizador em sua primeira incursão no universo das imagens em movimento.
Domingos se encontra em sua quintessência, dotado de um singular humor e uma
capacidade intuitiva rara no estabelecimento de uma poética sobre o seu tempo.
10) LILIAM M – RELATÓRIO CONFIDENCIAL, de Carlos Reichenbach, com Célia Olga Benvenutti,
Benjamin Cattan, Sérgio Hingst, Edward Freud. Mulher casada com lavrador é seduzida por
mascate e após trágico acidente vai morar na selva de pedra paulistana onde enfrenta a
solidão e o desespero, mas, inesperadamente, se casa com industrial rico e muda de vida.
Filme original, bastante influenciado pela estética do cinema japonês, premiado em vários
festivais, é um marco na carreira de seu autor e sua revelação para o Brasil e para o mundo.
Uma obra que precisa ser revista atualmente com toda a atenção.
LIMITE, de Mário Peixoto (1930), com Olga Breno, Taciana Rei, Raul Schnoor. Clássico
absoluto do cinema brasileiro. Um filme que não se compara mas se separa. Três pessoas
viajam sem destino num barco e relembram o passado. Filme-mito, que provocou estesia
e polêmica, realizado ainda na estética da arte muda por um jovem realizador que
estreava, aqui, na direção cinematográfica e depois desse filme se trancou numa ilha
para sempre. Obra essencial, visual, puro cinema, ou o cinema como música do olhar.
Fotografia excepcional de Edgard Brazil.