O filósofo Peter Singer nos leva a uma reflexão sobre as práticas
de produção dos alimentos, e de como nossos hábitos alimentares influenciam o meio ambiente e o nosso bem estar. Observa-se que, para o filósofo, animais devem ter seus interesses considerados de forma igualitária. Também defende que a poluição e a degradação causadas pelo agronegócio devam ser reduzidas. E que governos e organismos de governança global atuem em prol da conscientização de que o futuro alimentar da humanidade está em jogo. Singer defende que a forma como o ser humano se alimenta hoje precisa ser reavaliada, pois tem enorme impacto não apenas no sofrimento dos animais, mas também na saúde das populações. Ao longo de sua vasta obra, Singer trata de assuntos como aborto, uso de embriões para pesquisas científicas, eutanásia e pena de morte. Quando falamos de ética na alimentação, estamos falando do projeto humano de buscar um princípio moral não relativo, aplicável à ação de comer, que possa ser aceito como válido por indivíduos formados moralmente em diferentes padrões culturais. Segundo Singer, o que fazemos aos animais, quando comemos ou consumimos produtos fabricados a partir de seus organismos, não pode ser considerado ético. O princípio da não-maleficência nos proíbe de julgar éticas as ações que separam o benefício de uns, dos custos dolorosos que acabam sendo jogados sobre outros. O respeito à igualdade da condição de sermos todos os vivos vulneráveis à dor e à morte, à angústia e ao sofrimento, é a única saída para o aprimoramento de nosso sentido ético, especialmente à mesa. As práticas humanas de alimentação devem passar também pelo "exame ou prova” da ética, a exemplo das práticas econômicas e políticas que antes garantiam a um grupo privilegiado os benefícios de seus empreendimentos escravagistas e machistas, ao mesmo tempo em que para os afetados por esses empreendimentos nada se oferecia.