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Por uma Educação Inclusiva,

Patriótica e de Qualidade.

ESCOLA SECUNDÁRIA “29 DE SETEMBRO” DA MAXIXE


APONTAMENTOS DE INTRODUÇÃO À FILOSOFIA - 11ª CLASSE

A pessoa como um ser de relações


A relação consigo próprio
Pela sua capacidade racional e ética, a pessoa, na sua relação consigo mesmo, deve cultivar bons e nobres sentimentos
(amor, amizade, solidariedade, justiça, altruísmo,…); a respeitar-se como homem e mulher, reconhecendo a sua
dignidade; desenvolver bons hábitos em conformidade com as normas morais vigentes na sua sociedade, evitando a
ganância, a inveja, o rancor e o ciúme.

A relação com o outro


A relação da pessoa com o outro pode ser entendida em dois âmbitos opostos. Por um lado, o outro pode ser visto
como um tu-como-eu, pois ele é um eu, mas que não sou eu. O outro é sempre definido em função do eu e o eu só se
reconhece como tal e encontra plena complementaridade face a um outro eu: eu sou eu na minha relação com o
outro. O outro merece e deve ser aceite tal como ele é (como pessoa) colaborando com ele para o seu contínuo
aperfeiçoamento humano, como sujeito diferente e com singularidade própria, interioridade profunda que se revela a
seu modo e infinitamente aberto.
A relação com o outro também é estabelecida mediante um contrato que estabelece um conjunto de regras que vincula
uns aos outros, estabelecendo acordos de vontades.

A relação com o trabalho


Na sua relação com o trabalho, o Homem é chamado não apenas transformar o mundo em um mundo para si mas,
fundamentalmente, a humanizá-lo. O Homem na sua qualidade de pessoa, é chamado a tornar o mundo cada vez mais
habitável, hospitaleiro e confortável. Pelo trabalho, o Homem pode melhorar as suas condições de vida e dominar as
forças da natureza; o trabalho dá dignidade ao Homem apesar de ser duro.
Pelo trabalho o Homem dignifica-se, pois este possui, para si, um valor personalista. A natureza humana não nasce
perfeita, ela aperfeiçoa-se, tempera-se, afina-se, enriquece-se através do trabalho.

A relação com a Natureza


Na história da humanidade a relação do Homem com a natureza não foi uniforme. Na primeira fase, os homens para
assegurarem a sua sobrevivência recorriam à natureza para extrair o que necessitavam para viver. Entretanto, o
desenvolvimento da ciência e da técnica acelerou o processo de exploração da natureza que, por sua vez, se traduziu
na melhoria das condições de vida através dos progressos alcançados na produção agrícola, no campo da medicina e
toda a espécie de materiais e artefactos que proporcionam o bem estar ao homem.
Embora essas transformações tenham proporcionado a melhoria das condições de vida a nível de alimentação, saúde,
informação, etc., constatou-se que o desenvolvimento industrial e o avanço tecnológico, que conferiu poder ilimitado
do homem sobre a natureza, trouxe problemas graves que perigam a existência da vida na terra. Com efeito, o nosso
planeta, confronta-se hoje com o problema de ordem ecológica como a poluição atmosférica e marítima, redução dos
recursos naturais, a devastação das áreas florestais e a extinção de algumas espécies animais.
O agravamento da questão ecológica despertou a consciência, não só de ambientalistas mas também de filósofos que
se desdobraram em reflexões tendentes a buscar o equilíbrio entre o desenvolvimento tecnológico e a conservação da
vida na terra.
Hoje exige-se do Homem uma nova atitude ética perante o meio que o rodeia, no sentido de preservar o meio
ambiente e impedir todo o tipo de poluição que ocorre na natureza provocado pelo próprio Homem sob o risco de ser
o próprio Homem a sofrer consequências disso.

Aspectos da Bioética
Noção da Bioética
O termo bioética resulta da junção de duas palavras gregas: bio, que quer dizer vida, e ethos, relativo a ética.
Portanto, a bioética é o estudo sistemático das dimensões morais das ciências da vida e de atenção à saúde, utilizando
uma variedade de metodologias éticas num cenário interdisciplinar.
A bioética começa a consolidar-se após a Segunda Guerra Mundial, quando, chocado com as práticas abusivas e
desumanas dos médicos nazis nos campos de concentração, o Ocidente cria um código para pôr fim a tais estudos. Tal
código tinha como princípio fundamental o respeito pela vida dos seres animados, em geral, e sobretudo a dos
homens, julgando-se necessário que o progresso da técnica e da ciência fosse controlado e acompanhado, em nome da
consciência da humanidade, no que diz respeito aos efeitos que podem provocar no mundo e na sociedade.

Objecto e funções da bioética


A bioética tem como objecto o esclarecimento e a resolução de questões éticas que advêm dos progressivos avanços e
aplicações das tecnologias biomédicas.
A bioética tem uma tripla função:
Função descritiva - consiste em descrever e analisar os conflitos que surgem nas sociedades, provocados pelos
progressos da técnica e da ciência na área da Medicina.
Função normativa - consiste em estabelecer normas em relação a tais conflitos, por um lado prescrevendo os
comportamentos reprováveis e, por outro, prescrevendo os comportamentos moralmente aceitáveis.
Função proteccionista - consiste em proteger na medida do possível, os que estão envolvidos em disputas de
natureza axiológica.
Entre os temas mais debatidos na bioética, encontramos: a eutanásia, a distanásia, a clonagem, o aborto, o diagnóstico
pré-natal, a inseminação artificial, entre outros.

Eutanásia e distanásia
Etimologicamente, a palavra eutanásia provém do grego eu, que significa bem, e thanasia, que quer dizer morte. Por
isso, literalmente, o termo eutanásia significa boa morte, ou seja, morte tranquila.
A eutanásia pode ser definida, nos tempos actuais, como morte deliberada, ou seja, causada a uma pessoa que padece
de uma enfermidade classificada tecnicamente como incurável. Portanto, a eutanásia é um acto médico que tem por
finalidade acabar com a dor e a indignidade na doença crónica e no morrer, eliminando o portador da dor.
Distanásia - é um procedimento médico que consiste no uso da tecnologia médica para prolongar a vida do paciente
que se encontra em fase terminal.
Enquanto a eutanásia se preocupa prioritariamente com a qualidade da vida humana na fase terminal (aliviar a dor e o
sofrimento do paciente), a distanásia dedica-se a prolongar ao máximo a duração da vida humana, combatendo a
morte como o grande e último inimigo.

O aborto
Entende-se por aborto a interrupção da gravidez que pode ocorrer voluntária ou involuntariamente, de modo que o
feto não possui condições de sobrevivência no ventre materno.

Tipos de aborto
São três os tipo de aborto, nomeadamente: aborto espontâneo, provocado e terapêutico.
Aborto espontâneo - aquele que ocorre devido a causas naturais, sem a vontade das pessoas ou de qualquer
intervenção humana. As possíveis causas deste tipo de aborto são excesso de movimentos físicos, doenças, certos
alimentos inadequados.
Aborto provocado - acontece deliberadamente por vontade própria ou por pressão social ou económica.
As principais razões deste tipo de aborto constituem a falta de recursos para sustentar um filho, factores psicológicos
como não pretender ser pai ou mãe solteiros, violação.
Aborto terapêutico - é a interrupção da gravidez por motivos de saúde quando põe em risco a vida do futuro bebé e
da própria mãe. A má formação congénita, doenças graves, constituem os principais factores para a prática do aborto
terapêutico.
Aspectos da bioética
O tráfico e venda de órgãos humanos
Na sociedade, está prática tem suscitado enormes problemas de ordem moral pois, é lá onde os valores tradicionais e
religiosos constituem a base das relações dentro da sociedade. Assim, para as sociedades tradicionais e religiosas, a
venda de órgãos humanos constitui uma autêntica violação da dignidade humana, baseando-se na crença de que o
destino da vida depende das forças ancestrais e da divina providência.
Para as sociedades desenvolvidas, a venda de órgãos humanos é considerada má apenas se for feita de forma ilícita,
isto é, sem o consentimento do doador.
Quanto à dimensão moral sobre a venda de órgãos humanos, encontramos autores que estão a favor desta prática pelo
seu carácter curativo e sustentam que a venda de órgãos é importante porque permite salvar a vida do doente; e outros
que se opõem alegando que é agir contra a vontade de Deus que é autor e o sustentáculo da vida.

O transplante e transfusões sanguíneas


Transplante é uma intervenção médica e cirúrgica através da qual se introduz ou enxerta num organismo humano uma
parte de outro organismo humano para fins terapêutico. É o mesmo que se pode fazer sobre a transfusão sanguínea.
Esta prática está ligada à necessidade de salvar um paciente sem esperança de cura devido à falta de um órgão ou de
sangue.

A utilização do corpo humano no tráfico e transporte de drogas


O uso do corpo humano para o transporte de drogas é uma prática que em nenhum momento é aceite pelo facto de que
a droga é um elemento que causa males a sociedade e mesmo ao próprio consumidor, e portanto, é algo de punição
em termos da lei.

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