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Aula 01 - Prof.

Ricardo
Torques
CNU (Bloco 5 - Educação, Saúde,
Desenvolvimento Social e Direitos
Humanos) Conhecimentos Específicos -
Eixo Temático 4 - Direitos Humanos -
Autor:
2024 (Pós-Edital)
Ricardo Torques

15 de Janeiro de 2024

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Sumário

Considerações Iniciais ......................................................................................................................................... 3

Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica) .......................................... 3

1 - Introdução.................................................................................................................................................. 3

2 - Direitos Albergados................................................................................................................................... 4

2.1 - Direito à vida ..................................................................................................................................... 5

2.2 - Direito à Integridade Pessoa.............................................................................................................. 5

2. 3 - Trabalhos Forçados ........................................................................................................................... 6

2.4 - Liberdade Pessoal .............................................................................................................................. 7

2.5 - Garantias Judiciais ............................................................................................................................. 9

2.6 - Princípio da Legalidade e da Retroatividade ................................................................................... 9

2.7 - Liberdade de Consciência e de Religião ........................................................................................... 9

2.8 - Liberdade de Pensamento e de Expressão ...................................................................................... 10

2.9 - Direito de Reunião............................................................................................................................ 10

2.10 - Liberdade de Associação............................................................................................................... 10

2.11 - Direito de Suspensão ..................................................................................................................... 10

2.12 - Cláusula Federal ............................................................................................................................ 11

2.13 – Normas de Interpretação .............................................................................................................. 12

2.14 – Correlação entre Deveres e Direito .............................................................................................. 12

3 - Mecanismos de Implementação ............................................................................................................... 12

4 - Comissão Interamericana de Direitos Humanos ....................................................................................... 16

5 - Corte Interamericana de Direitos Humanos ............................................................................................. 18

6 - Resumos dos Principais Casos envolvendo o Brasil no Sistema Interamericano ....................................... 25

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Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos (Protocolo de San Salvador) ................... 28

1 - Direitos Albergados................................................................................................................................. 28

1.1 - Direitos Trabalhistas ......................................................................................................................... 29

1.2 - Direitos Previdenciários .................................................................................................................... 30

1.3 - Direitos à saúde ............................................................................................................................... 30

1.4 - Direitos à educação ......................................................................................................................... 30

2 - Mecanismos fiscalizatórios ....................................................................................................................... 30

Legislação Destacada....................................................................................................................................... 31

Resumo .............................................................................................................................................................. 46

Considerações Finais ......................................................................................................................................... 58

Questões com Comentários ............................................................................................................................... 58

Lista de Questões .............................................................................................................................................. 70

Gabarito ........................................................................................................................................................... 75

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CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS


CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje, em continuidade aos nossos estudos, iremos analisar o principal documento do Sistema
Interamericano, a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, mais conhecida como Pacto San José da
Costa Rica. Além disso, veremos o Protocolo Adicional a essa convenção e falaremos, rapidamente, das
demais convenções do Sistema.

Essa é uma aula muito importante e tem sido objeto regular de cobrança em provas de concurso público.
Fique atento.

Boa aula!

CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS


(PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA)

1 - Introdução

O Pacto de San José da Costa Rica é o principal instrumento para a implementação dos Direitos Humanos no
âmbito da OEA. Editado em 1969, foi ratificado e promulgado pelo Brasil somente em 1992.

1969 1992 1992 1992

• Edição do • Aprovação • Ratificação e • Promulgação


Pacto de San pelo depósito interna pelo
José da Congresso pelo Decreto do
Costa Rica. Nacional por Presidente Executivo n°
meio do da 678/1992.
Decreto República.
Legislativo
n° 27/1992.

O decreto que promulgou internamente o Pacto de San José da Costa Rica estabeleceu uma reserva quanto
às visitas e às investigações in loco pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que somente poderá
ocorrer em caso de anuência expressa do Estado brasileiro.

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2 - Direitos Albergados

O Pacto de San José da Costa Rica previu apenas direitos de primeira dimensão, ou seja, direitos civis e
políticos. Em relação aos direitos de segunda dimensão – direitos sociais, econômicos e culturais – há
menção no artigo 26, dispondo que os Estados devem se comprometer a adotar providências, mediante
cooperação internacional, tendo em vista a necessidade de atingir progressivamente a efetividade dos
direitos decorrentes de normas econômicas, sociais de educação, ciência e cultura.

Os direitos sociais, econômicos e culturais somente foram disciplinados no denominado Protocolo Adicional
à Convenção Americana sobre Direitos, conhecido como Protocolo de San Salvador, que será analisado
adiante.

Desde logo, devemos memorizar o quadro abaixo.

Os seguintes direitos civis e políticos são albergados no texto da Convenção 1:

Direitos Albergados no Pacto de San José da Costa Rica


◊ Personalidade Jurídica ◊ Vida
◊ Integridade pessoal ◊ Proibição da escravidão e da servidão
◊ Liberdade pessoal ◊ Garantias Judiciais
◊ Legalidade e retroatividade da lei penal ◊ Indenização por erro judiciário
◊ Proteção da honra e da dignidade ◊ Liberdade de consciência e de religião
◊ Liberdade de pensamento e de expressão ◊ Direito de resposta
◊ Direito de reunião ◊ Liberdade de associação
◊ Proteção da família ◊ Direito ao nome
◊ Direitos da criança ◊ Nacionalidade
◊ Propriedade privada ◊ Direito de circulação e residência
◊ Igualdade perante a lei e proteção judicial

Dos diversos direitos constantes do Pacto, vamos destacar os principais.

1 BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, p. 163.

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2.1 - Direito à vida


O Pacto de San José da Costa Rica disciplinou o direito à vida no art. 4º.

Pelo item 1, percebe-se a proteção à vida desde a concepção, o aborto e a eutanásia não foram
expressamente vedados, porém devem ser considerados exceção à proteção geral da vida e regrados de
forma fundamentada.

Dentro do assunto direito à vida, o dispositivo foi claro em determinar que não houve a abolição da pena
de morte.

Assim:

• Não foi abolida no Pacto de San José da Costa Rica, uma vez que é admitida nos
países que já a prevejam para os crimes mais graves.
PENA DE • Em nenhuma hipótese será aceita para: delitos políticos ou conexos, para
MORTE menores de 18 anos quando da prática do ato infracional, para maiores de
setenta anos e para mulheres grávidas.
• Países que tenham abolido a pena de morte não poderão restabelecê-la.

(CESPE - 2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
O Estado que abolir a pena de morte não poderá restabelecê-la.
Comentários
A assertiva está correta. É exatamente o que afirma o item 3 do art. 4º: "3. Não se pode restabelecer a pena
de morte nos Estados que a hajam abolido."

2.2 - Direito à Integridade Pessoa

O artigo 5º afirma a necessidade de respeito a integridade pessoal. Todos têm direito de ver respeitada sua
integridade física, psíquica e moral.

O Pacto veda a tortura e as penas cruéis, desumanas ou degradantes.

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As pessoas privadas de liberdade devem ter sua dignidade respeitada e a pena não poderá passar da pessoa
do delinquente.

Aqueles que se encontram em prisão provisória devem ficar separados dos já condenados e os menores
separados dos adultos.

A pena privativa de liberdade deve ter como finalidade a ressocialização do condenado.

(CESPE - 2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
A pena de reclusão tem por principal finalidade a proteção da sociedade.
Comentários
A assertiva está incorreta. Como vimos a finalidade da pena de reclusão é a ressocialização do preso. Veja o
que diz o art. 5º : " 6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a
readaptação social dos condenados."

2. 3 - Trabalhos Forçados
De acordo com artigo 6º, do Pacto de San José da Costa Rica, a servidão e a escravidão são vedadas.
Contudo, países que tenham estabelecido a pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos
forçados, por sentença judicial, poderão manter esse tipo de pena, desde que não afete a dignidade nem a
capacidade física e intelectual do preso.

Ainda sobre esse tipo de pena, o artigo 6º, 3, do Pacto, estabelece hipóteses que não constituem trabalhos
forçados.

Em síntese:

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REGRA: vedado

pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos


forçados

EXCEÇÃO: depende de sentença judicial

TRABALHOS não pode afetar a dignidade ou a capacidade física e


FORÇADOS intelectual do preso.
trabalhos normalmente exigidos de pessoa reclusa em
cumprimento de sentença;
NÃO SÃO
CONSIDERADOS serviço militar;
COMO
TRABALHO serviços exigidos em caso de perigo ou de calamidade; e
FORÇADO:

obrigações cívicas normais.

2.4 - Liberdade Pessoal

O artigo 7º, da Convenção Interamericana, trata dos direitos de liberdade e enunciou um dos direitos que
mais repercutiu no direito interno brasileiro.

O artigo prevê, dentre seus direitos, que não poderá haver prisão por dívidas, exceto no caso de
inadimplemento de obrigação alimentar. O Brasil ainda adotava a prisão civil do depositário infiel. Segundo
prevê o art. 5º, LXVII, da Constitucional Federal.

Não obstante essa previsão Constitucional, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos trouxe a
impossibilidade de prisão civil do depositário infiel. O STF, seguindo seu novo entendimento a respeito do
assunto, afirmou que o Pacto de San José da Costa Rica possui natureza de norma supralegal.

Em decorrência disso, não é possível que lei ordinária regulamente o dispositivo constante do art. 5º, LXVII,
da Constituição Federal, que permite a prisão do depositário infiel.

Resumindo esse entendimento, o STF editou a Súmula Vinculante 25 nos seguintes termos:

Súmula Vinculante 25.

É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

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(AOCP - 2021) O Juízo da 5ª Vara Cível de Ananindeua expediu mandado de prisão contra Roberto da Silva,
em razão deste ter se recusado a restituir ao Juízo, quando intimado, um veículo que havia sido, após
penhorado e removido, depositado em sua confiança. Fundamentou em sua decisão, o Juízo que a
Constituição Federal prevê em seu art. 5º, LXVII, a possibilidade de prisão civil do depositário infiel e que
não houve, desde 1988, emenda à constituição que revogasse referido texto, estando, portanto, em pleno
vigor. A respeito desse caso hipotético e considerando a interpretação e a aplicabilidade dos tratados
sobre direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro, assinale a alternativa correta.
A) Está incorreto o Juiz. O direito brasileiro não admite a prisão civil do depositário infiel, mesmo estando
essa hipótese expressamente prevista na Constituição, já que esta perdeu aplicabilidade diante do caráter
supralegal do artigo 7, nº 7, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que proíbe qualquer prisão
civil por dívida, salvo a proveniente de obrigação alimentar, impedindo, assim, a eficácia das disposições
infraconstitucionais brasileiras que previam a prisão civil do depositário infiel.
B) Está correto o Juiz, uma vez que os tratados de direitos humanos são internalizados por legislação
ordinária e as disposições neles contidas que contrariem expressamente o texto constitucional brasileiro são
ineficazes em relação à jurisdição nacional.
C) Está correto o Juiz. É lícita a prisão civil do depositário infiel, já que a Convenção Americana sobre Direitos
Humanos não fora submetida ao rito do art. 5º, §3º, da CFB (1988) e possui status de legislação ordinária,
continuando em pleno vigor e aplicável o art. 5º, LXVII, da CF/88, e eficazes as leis infraconstitucionais que
preveem a prisão civil do depositário infiel.
D) Está incorreto o Juiz. Os tratados sobre direitos humanos aprovados no Brasil antes da EC 45, de 2004,
automaticamente receberam status de Emenda constitucional, já que, à época, não se exigia o procedimento
hoje previsto no art. 5º, §3º, da CFB (1988). Assim, é inconstitucional a prisão civil do depositário infiel que
fora revogada pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
E) Está incorreto o Juiz. Com base na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o Supremo Tribunal
Federal do Brasil decidiu pela inconstitucionalidade da expressão “e a do depositário infiel” prevista na parte
final do art. 5º, LXVII, da CFB (1988), optando pela redução do texto constitucional, pelo que é
inconstitucional a prisão civil do depositário infiel.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. O direito brasileiro não admite mais a prisão do
depositário infiel, mesmo havendo previsão expressa na constituição. Como vimos o status supralegal da
CADH impede a legislação infraconstitucional de regulamentar a matéria.
A alternativa B está incorreta. Como vimos é ilícita a prisão do depositário infiel. Segundo o STF os tratados
internacionais que versam sobre direitos humanos e são internalizados sem a observância do rito especial
previsto no art. 5 §3º da CF terão status de norma supralegal. Assim, embora haja a previsão na constituição

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federal a prisão não poderá ser regulamentada por norma infraconstitucional e por isso não poderá ser
aplicada na prática.
A alternativa C está incorreta. como vimos nas explicações da assertiva anterior a CIDH foi recepcionada com
status de norma supralegal e não como legislação ordinária como afirmado.
A alternativa D está incorreta. Para receberem status de Emenda Constitucional o tratado de direitos
humanos deve obedecer ao rito previsto no art. 5º §3º da CF.
A alternativa E está incorreta. Não foi esta a decisão do STF. Não houve declaração de inconstitucionalidade
do termo indicado, apenas não é possível regulamentar a prisão do depositário infiel.

2.5 - Garantias Judiciais


São diversas as garantias judiciais previstas no Pacto.

1-Direito a um juiz ou tribunal independente e imparcial;

2- Presunção de inocência;

3- Direito ao contraditório e ampla defesa;

4- Direito de ser assistido por um defensor proporcionado pelo estado;

5 - Direito a recurso entre outros.

2.6 - Princípio da Legalidade e da Retroatividade


A lei deve prever as ações consideradas delituosas e isso deve ter ocorrido antes dos fatos praticados para
que se possa punir pelas ações ou omissões realizadas. A regra da legalidade e da anterioridade estão
positivadas na nossa constituição e no Código Penal.

Perceba, em regra, leis que tratam de crimes e penas não devem retroagir para atingir fatos anteriores,
porém se uma nova lei prevê uma situação mais benéfica ao delinquente ela irá retroagir para beneficiá -lo.

Esta previsão está no artigo 9º.

2.7 - Liberdade de Consciência e de Religião

O direito à liberdade de consciência e de religião devem ser respeitados.

Devem ser respeitados:

1- Liberdade de conservar sua religião ou suas crenças;

2- Direito de mudar de religião ou de crenças;

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3- Liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto
em público como em privado;

4- Direito de educar seus filhos ou pupilos de acordo com suas próprias convicções.

(CESPE - 2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
A sujeição do réu à medida restritiva representa exceção à proibição da limitação de sua liberdade de
conservar sua religião.
Comentários
A assertiva está incorreta. Embora a assertiva tenha um texto um pouco confuso é possível perceber que a
afirmativa trouxe uma exceção não prevista pela CADH. O texto afirma que ninguém pode ser objeto de
medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar
de religião ou de crenças. e por isso a questão está incorreta.

2.8 - Liberdade de Pensamento e de Expressão

O Pacto garante o direito à liberdade de pensamento e de expressão. Veda a censura prévia, mas prevê
responsabilização ulterior em casos de abuso.

2.9 - Direito de Reunião


O Pacto reconhece o direito de reunião desde que pacífica e sem armas.

2.10 - Liberdade de Associação

Todos terão o direto de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos,
trabalhistas, sociais, culturais, desportivos, ou de qualquer outra natureza. Os membros das forças armadas
e polícias podem ser privados deste direito.

2.11 - Direito de Suspensão

Uma das regras mais importantes e conhecidas do Pacto é a que assegura o Direito de suspensão das normas
previstas no documento internacional. Direitos assegurados no Pacto de San José da Costa Rica poderão ser
suspensos nos termos do artigo 27, nos casos de guerra, de perigo público ou de emergência que ameace
a independência ou a segurança do Estado. Essa suspensão deverá ocorrer sempre por prazo determinado
e as situações emergenciais referidas não podem decorrer de práticas discriminatórias. O Estado que

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exercer o direito de suspensão deverá informar os demais Estados-partes por meio do Secretário-Geral da
OEA.

De toda forma, o item 2 referido acima prevê alguns direitos que não poderão ser suspensos, ainda que
em caso de guerra. O quadro abaixo sintetiza essas informações:

• não é autorizada a suspensão dos seguintes direitos:


• reconhecimento da personalidade jurídica;
• vida;
• integridade pessoal;
• proibição da escravidão e da servidão;
• princípio da legalidade e da retroatividade;
• princípio da liberdade de consciência e de religião;
• proteção da família;
• direito ao nome;
• direitos das crianças;
• direito à nacionalidade; e
• direitos políticos.

Em razão disso, há doutrinadores que afirmam que esses direitos são normas “jus cogens”, na medida em
que não poderão ser excepcionados e devem ser reconhecidos por todos os países no âmbito da OEA .

2.12 - Cláusula Federal


Outra regra importante constante do Pacto de San José da Costa Rica é a cláusula federal, disposta no artigo
28 nos seguintes termos:

O que o dispositivo transmite é a ideia de que os Estados-partes constituídos em forma de federação (como
o Brasil), não poderão alegar o descumprimento das disposições do Pacto de San José da Costa Rica sob o
argumento de que internamente essa competência é do ente federado (por exemplo, o Estado do Paraná).

Em um ente federado há distribuição de competências. Usemos o exemplo do Brasil, haja vista que há
determinadas competências privativas da União, outras dos Estados e outras dos Municípios. Há, ainda,
diversas competências concorrentes.

De fato, a vinculação ao Pacto é feita diretamente pelo Estado Federal, uma vez que possui personalidade
internacional. Assim, se determinado direito previsto no Pacto for de responsabilidade de um estado
federado, ao Estado Federal compete o dever de adotar as medidas cabíveis para que se proceda a
implementação interna do direito. Observe que não é possível que haja ingerência da União nos Estados,
todavia, a União deve empenhar esforços para que o Estado adote as medidas necessárias.

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2.13 – Normas de Interpretação

O artigo 29 trata de normas de interpretação. Não é possível qualquer interpretação que possa suprimir o
gozo e o exercício de direitos e liberdade reconhecidos na Convenção, nas leis de qualquer dos Estados-
Partes ou outra convenção.

Não poderá, ainda, caber interpretações que excluam direitos e garantias que decorram da forma
democrática representativa de governo.

E por fim excluir ou limitar o efeito da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e outros atos
internacionais da mesma natureza.

2.14 – Correlação entre Deveres e Direito

Todos têm deveres e seus direitos são limitados pelos direitos dos demais em uma sociedade democrática e
pautada pela busca do bem comum.

3 - Mecanismos de Implementação

No âmbito do Pacto de San José da Costa Rica, existem dois órgãos competentes para a implementação dos
direitos assegurados: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos – órgão de natureza executiva – e a
Corte Interamericana de Direitos Humanos – órgão de natureza jurisdicional.

Os mecanismos de implementação das normas da Convenção são os seguintes:

RELATÓRIOS COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS PETIÇÕES INDIVIDUAIS

artigo 42 artigo 45 artigo 44

A Comissão é o principal responsável pela fiscalização do cumprimento das regras do Pacto, sendo
responsável pelo recebimento e pelo processamento dos relatórios, das comunicações interestatais e das
petições individuais. Não existem maiores particularidades quanto a esses mecanismos, eles seguem os
mesmos parâmetros (à exceção das petições individuais, cujas observações abaixo são importantes)
previstos nos demais tratados internacionais de direitos humanos que estudamos ao longo do curso.

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• A mera assinatura do Pacto de San José da Costa Rica já gera a


P ETIÇÕES submissão ao sistema de peticionamento individual.
INDIVIDUAIS • Não há necessidade, portanto, de declaração expressa do Estado-
parte aceitando esse mecanismo de implementação.

São legitimados para apresentar as petições individuais:


Petições Individuais
Legitimados para

Vítima de violação ao seu direito humano;


apresentar as

Grupo de pessoas; e

ONGs legalmente reconhecidas.

Para o uso das comunicações interestatais, ao contrário, será necessária a declaração expressa do Estado-
parte reconhecendo a competência da Comissão para recebimento e exame de tais comunicações, quando
um Estado alega que outro violou as disposições constantes do Pacto.

O artigo 46, do Pacto, enuncia 4 requisitos de admissibilidade das petições e comunicações para que sejam
admitidas pela Comissão.

1º. Esgotamento ou inexistência de recursos internos para reparação do direito humano violado ou
quando os recursos disponíveis forem inefetivos;
2º. Apresentação do expediente internacional no prazo de 6 meses a contar da decisão interna
insatisfatória;
3º. Não haja outro procedimento internacional apurando a questão (litispendência internacional); e
4º. Identificação com nome, nacionalidade, domicílio e assinatura (não são aceitas petições
individuais apócrifas).
Além disso, o artigo acima referido, no item 2, expressamente excepciona a regra de esgotamento dos
recursos internos e o prazo de 6 meses, nos seguintes casos:

• Se não houver, na legislação interna do Estado;


• Se não houver permitido ao prejudicado, em seus direitos, o acesso aos recursos da jurisdição interna;
• Se houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.
Essas seriam as hipóteses em que os recursos internos foram inefetivos, sem efeitos concretos à pessoa que
teve seus direitos violados.

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Assim, serão consideradas inadmissíveis as petições ou as comunicações interestatais que:

➢ Não preencher os requisitos de admissibilidade, previstos no artigo 46 acima analisados;


➢ O fato exposto não caracterizar violação a direito humano previsto no Pacto;
➢ As alegações forem manifestamente infundadas; e
➢ O expediente apresentado constitua reprodução de petição ou comunicação anterior.

Vamos verificar uma questão sobre o assunto:

==22f849==

(CESPE/PCPB/2022) A Convenção Americana sobre Direitos Humanos determina que, para uma petição ou
comunicação ser admitida pela Comissão Interamericana, entre outros requisitos, será necessário que
hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna.
Esse princípio de direito internacional reconhecido na referida convenção denomina-se
A) princípio da indivisibilidade.
B) princípio da eficiência.
C) princípio da subsidiariedade.
D) princípio do dever de cooperação internacional.
E) princípio da boa-fé.
Comentários
A Alternativa C está correta. Como vimos em aula deve se dar ao Estado a oportunidade de reparar um
suposto dano no âmbito de seu próprio ordenamento jurídico interno, antes que se possa invocar sua
responsabilidade internacional”. Esse dispositivo, portanto, coaduna com a ideia de a tuação subsidiária da
proteção internacional dos Direitos Humanos.

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RECEBIDA A COMUNICAÇÃO

Analisa os requisitos de
admissibilidade:

não estiverem se estiverem


presentes presentes

solicita informações
arquiva
ao Estado acusado

Comissão analisará a
subsistência das
acusações:

insubsistente subsistente

arquiva tenta solução


amistosa

se positiva se negativa

fará relatório que será


fará relatório que
encaminhado aos Estados-
será enviado ao
partes envolvidos
Secretário-Geral da
OEA
Prazo de 3 meses Se nada
para tomar fizerem:
providências
Comissão, após decorrido
prazo de 3 meses:

decidirá acerca das


medidas tomadas decidirá se serão
publicadas as
informações da
questão à
comunidade
internacional

O mecanismo das inspeções “in loco” está previsto na alínea d, do artigo 48, do Pacto. Caso a Comissão
entenda que existam motivos suficientes para crer que haja violação de direitos humanos poderá, se for
necessário e conveniente, realizar uma investigação no Estado acusado, que autorizará , ou não, a visita in

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loco. O Brasil, quanto a esse aspecto, desde logo, dispõe expressamente que não haverá o direito automático
de visitas e inspeções "in loco" da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, as quais dependerão da
anuência expressa do Estado.

Por fim, outro mecanismo de implementação previsto no Pacto de San José da Rica corresponde às medidas
cautelares. Em caso de grave e urgência, a Corte poderá, por conta própria ou da Comissão, solicitar ao
Estado-parte a adoção de medidas cautelares para evitar danos irreparáveis ao direito humano .

4 - Comissão Interamericana de Direitos Humanos

Criada pela Carta da OEA, a Comissão ganhou um salto qualitativo de competências e atribuições com o
Pacto de San José da Costa Rica.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos constitui o órgão executivo, no âmbito da OEA,


responsável pela promoção, pela observância e pela defesa dos direitos humanos no Sistema Americano.
Logo, sua principal tarefa é a responsabilização dos Estados em caso de descumprimento dos direitos civis e
políticos expressos na Carta e na Declaração Americana.

Composta por 7 membros, de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos
humanos. Eleitos a título pessoal entre candidatos indicados pelos governos dos Estados-membros. Terão
mandato de 4 anos podendo ser reeleitos 1 vez. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de
um mesmo Estado.

A Comissão tem por finalidade estimular a observância dos Direitos Humanos pelos Estados-partes, bem
como efetuar recomendações, preparar estudos e relatórios, solicitar informações dos Estados, responder
às consultas formuladas por eles e atuar no recebimento e no processamento das petições individuais e das
comunicações interestatais.

Enquanto órgão da OEA, a Comissão tem por função precípua a promoção, a observância e a defesa dos
Direitos Humanos, que, entre as atribuições, destacam-se:

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Apresentar
relatório anual à
Assembleia Geral
Atuar no recebimento e
no processamento das
petições individuais e das Efetuar recomendações
comunicações.
ATRIBUIÇÕES DA
COMISSÃO
Responder às consultas
formuladas pelos Estados- Preparar estudos e
partes relatórios
Solicitar
informação dos
Estados-partes

A doutrina de Flávia Piovesan2 elenca seis funções da Comissão, nos seguintes termos:

a) Conciliadora – entre governos e grupos sociais;


b) Assessora – aconselhando governos;
c) Crítica – informa a situação de cada estado membro;
d) Legitimadora – quando um Governo decide reparar e sanar violações baseado no informe da
Comissão;
e) Promotora – Efetua estudos sobre os temas de direitos humanos;
f) Protetora – intervém em casos urgentes.

Para além das atribuições acima, com a edição do Protocolo de San Salvador, a Comissão assumiu novo papel.

À Comissão é conferido o direito de receber denúncias de violação às regras prescritas na Convenção, a partir
das quais desenvolverá trabalho de exame e de investigação.

Ressalta-se que a provocação da Corte se dá tão somente pela Comissão ou pelos Estados-partes, vedando-
se à pessoa litigar diretamente na Corte Internacional.

Para que uma petição ou comunicação interestatal seja admitida perante a Comissão, a doutrina elenca
alguns requisitos, os quais dividem-se em requisitos formais e em requisitos materiais:

REQUISITOS FORMAIS

2 PIOVESAN, F. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2022. E-book.

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(i) A qualificação do interessado, indicando o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio, bem como a
assinatura da pessoa, grupo de pessoas ou órgão ou entidade representativa. Está-se a afirmar, portanto, a
impossibilidade de provocação da Comissão por intermédio de denúncia apócrifa.

(ii) Fatos que envolvem a violação a direito humano. Trata-se, em verdade, de informar o contexto fático,
trazendo elementos que viabilizem o exame pela Comissão. Em razão disso, devem ser levadas informações
comprobatórias, testemunhas, documentos etc.

(iii) Indicação do Estado que pretensamente violou os direitos humanos.

(iv) Indicação quanto à utilização do aparato interno de proteção aos direitos humanos.

REQUISITOS MATERIAIS

(i) Esgotamento dos recursos da jurisdição interna.

(ii) Apresentação da denúncia no prazo de 6 meses a partir de quando foi cientificado da decisão definitiva
interna.

(iii) A matéria discutida não pode ser objeto de outro processo internacional.

(iv) Não ocorrência da coisa julgada no âmbito da OEA ou em qualquer outro organismo de jurisdição
internacional.

(v) Fundamentação, sob pena de expressa improcedência.

Esses são os principais aspectos relativos à Comissão Internacional.

5 - Corte Interamericana de Direitos Humanos

A Corte representa o órgão jurisdicional do sistema interamericano de direitos humanos e constitui


excelente alternativa para a reparação da violação de direitos humanos.

A Corte é composta por 7 juízes nacionais dos Estados que compõem a OEA, não sendo possível que haja
dois juízes de mesma nacionalidade. Os julgadores são eleitos por meio de Assembleia-Geral da OEA, pelo
voto da maioria absoluta dos membros, entre pessoas de alta autoridade moral e reconhecida competência
em matéria de Direitos Humanos, para mandato de 6 anos, admitindo-se uma reeleição.

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Há, na Convenção, uma regra importante no que diz respeito à composição da Corte para fins de julgamento.
Consagrou-se o direito de o país que está sendo julgado possuir um juiz de sua nacionalidade dentro da
Corte, de modo que, caso entre os 7 juízes regulares não houver nenhum nacional do Estado acusado, será
possível a nomeação de um juiz ad hoc. O quórum deliberativo da Corte, nos termos do artigo 56, será de 5
votos.

Fique atento aos legitimados para ingressar perante a Corte:

LEGITIMADOS PARA INGRESSAR


NA CORTE

Comissão
Estados-partes Interamericana de
Direitos Humanos

Vejamos uma questão sobre o tema:

(CESPE - 2022) Considerando a ordem jurídica internacional e a proteção contra violações de direitos
humanos, assinale a opção correta.
A) O esgotamento dos recursos internos é regra absoluta de admissibilidade de denúncias apresentadas à
Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
B) Ao sujeitar-se à jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Brasil fragiliza os mecanismos
de proteção contra as violações de direitos humanos, haja vista as dificuldades ainda existentes para
interação institucional entre regimes normativos complementares.
C) As normas imperativas de direito internacional geral podem ser derrogadas pela superveniência de norma
de direito internacional de qualquer natureza, desde que esta tenha como fundamento convenção
internacional.
D) Sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos produzirá, somente após a correspondente
homologação pelo órgão judicial interno, autoridade de coisa julgada internacional, com eficácia vinculante
e direta aos órgãos da administração pública.
E) Os tratados de direitos humanos incorporam obrigações de caráter objetivo que transcendem o primado
do pacta sunt servanda e da reciprocidade estatal para incorporar a noção de garantia coletiva e interesse
público superior.
Comentários

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A alternativa A está incorreta. O art. 46 da CADH prevê o esgotamento dos recursos internos porém o §2 do
mesmo artigo prevê as exceções. Veja: 2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste artigo não se
aplicarão quando: a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal
para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados; b) não se houver permitido ao
presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele
impedido de esgotá-los; e c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.
A alternativa B está incorreta. É exatamente o contrário. Os mecanismos de proteção contra as violações de
direitos humanos são fortalecidos.
A alternativa C está incorreta. Para derrogar uma norma jus cogens é preciso outra norma da mesma
natureza e não qualquer norma como afirmado.
A alternativa D está incorreta. Não é necessário homologação pois estamos falando de uma sentença
internacional e não de uma sentença estrangeira.
Dessa forma, a alternativa E é a correta e gabarito da questão. OS tratados de direitos humanos são
normativos e o descumprimento de uma das partes não exime as demais do cumprimento.

Além disso, a Comissão deverá participar de todas as reuniões da Corte, seja nos processos em que for parte,
seja nos processos iniciados pelos Estados-membros, caso em que atuará como se fosse um fiscal.

Nos termos do artigo 61, do Pacto de San José da Costa Rica, somente os Estados-partes e a Comissão
Interamericana poderão submeter um caso à decisão da Corte. Não se confere, portanto, legitimidade às
pessoas, aos grupos ou às entidades.

Há, contudo, uma exceção contida no artigo 63, 2.

Uma pessoa poderá peticionar diretamente à Corte nos casos graves e


urgentes para evitar danos irreparáveis para que sejam tomadas
Excepcionalmente
medidas acautelatórias, nos procedimentos já em andamento na
Corte.

Por outro lado, se a questão ainda não tiver sido analisada pela Corte, o pedido individual somente será
submetido por intermédio da Comissão.

A Corte possui competência para resolver os litígios que lhes são submetidos (competência contenciosa),
bem como para responder questionamentos sobre a interpretação de determinada regra do Sistema
Interamericano e sobre a compatibilidade das leis internas com o Pacto de San José da Costa Rica

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(competência consultiva). Essas consultas poderão ser realizadas pelos membros da OEA, bem como pelos
demais órgãos que compõem a estrutura da Organização.

No plano consultivo, qualquer membro da OEA poderá solicitar o parecer da Corte em relação à
interpretação da Convenção ou de qualquer outro tratado relativo à proteção dos direitos humanos. De
parte dessa situação fática, a Corte poderá fazer o que a doutrina denomina de controle de
convencionalidade, que consiste no parecer acerca da compatibilidade dos preceitos da legislação doméstica
em face dos instrumentos internacionais.

Além disso, para a atuação da Corte Interamericana faz-se necessária declaração expressa do Estado-parte
reconhecendo a competência desse órgão como obrigatória para os casos envolvendo a aplicação do
sistema interamericano. Essa declaração poderá ser feita para situações específicas ou por prazo
indeterminado.

Segundo Rafael Barretto, o Brasil reconheceu por prazo indeterminado a competência da Corte, contudo,
exige que os Estados, que com ele litiguem, também tenham aceitado por prazo indeterminado a submissão
à Corte (cláusula de reciprocidade). Nosso país, contudo, não reconheceu a competência da Corte no mesmo
momento em que ratificou a Convenção.

Vejamos mais uma questão que aborda essa temática.

(CESPE/PCPB/2022) Considerando a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, julgue os itens


subsequentes.
I Os Estados-partes e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos têm direito de submeter casos à
decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
II Se regularmente aprovada por lei nacional, a pena de morte poderá ser imposta a delitos aos quais não se
aplica atualmente em Estados signatários do Pacto de São José da Costa Rica.
III Qualquer pessoa pode apresentar à Comissão Interamericana petições que contenham denúncias ou
queixas de violação da Convenção Americana por um Estado signatário.
IV Em casos de necessidade e interesse nacional, a Convenção Americana poderá ser interpretada de tal
forma que exclua direitos e garantias que decorram da forma democrática representativa de governo.
Estão certos apenas os itens
A) I e II.
B) I e III.
C) I e IV.

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D) II e III.
E) III e IV.
Comentários
Vamos analisar cada um dos itens.
O item I está correto. Como vimos apenas os Estados-Partes e a Comissão, como regra, possuem legitimidade
para submeter casos à decisão da Corte.

LEGITIMADOS PARA INGRESSAR


NA CORTE

Comissão
Estados-partes Interamericana de
Direitos Humanos

O item II está incorreto. De acordo com o art. 4.2 da Convenção Americana a pena de morte será mantida
para aqueles países que já a previam e não será possível ampliar o rol de delitos para além dos previstos.
2.Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais
graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com lei que estabeleça
tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos
aos quais não se aplique atualmente.
O item III está correto. De acordo com o art. 44 qualquer pessoa ou grupo de pessoas ou entidade não
governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização poderão
apresentar petições.
O item IV está incorreto. O art. 29 veda a exclusão de direitos e garantias que são inerentes ao ser humano
ou que decorrem da forma democrática representativa de governo.
Assim, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

Sigamos com o conteúdo teórico.

No plano contencioso, a atuação da Corte é limitada à provocação pelos Estados-partes e pela Comissão.

os Estados-partes da OEA; e
P OSSUI PODER DE PROVOCAR A
CORTE
a Comissão Interamericana de
Direitos Humanos

Assim, não há legitimação do indivíduo para provocar a Corte de maneira originária, ao contrário do
sistema europeu.

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A partir do momento em que o Estado passa a ser parte do Pacto, reconhece como obrigatória e sem
restrições, de pleno direito e sem necessidade de qualquer outra declaração, a competência da Corte em
matéria de interpretação de aplicação do Pacto de San José da Costa Rica.

As decisões da Corte podem ser finais ou liminares. As decisões liminares, denominadas de “medidas
provisórias”, em decorrência de situações urgentes a pedido da vítima de violação aos Direitos Humanos
(quando a questão estiver submetida à Corte) ou a pedido da Comissão (ainda que a questão não esteja
submetida à Corte).

As decisões finais, por sua vez, decidirão a respeito do direito protegido, determinando que ele seja
assegurado caso reste configurada a violação a direito humano, bem como a reparação indenizatória à
vítima. Dessas decisões da Corte, NÃO é cabível recurso algum.

Contudo, das referidas decisões finais é cabível um pedido de esclarecimento à Corte no prazo de 90 dias a
contar da notificação da decisão, caso a parte interessada tenha dúvidas quanto à extensão do que fora
determinado pela Corte.

Vejamos uma questão que cobrou exatamente essa informação.

(FCC - 2019) No tocante ao acesso, processo e decisões de órgãos internacionais de monitoramento de


direitos humanos, é correto afirmar:
A) Quando a Corte Interamericana de Direitos Humanos constatar que ocorreu a ruptura da ordem
democrática num Estado, poderá determinar, por voto de dois terços de seus membros, a suspensão do
exercício do direito de participação daquele Estado na OEA.
B) O Fundo de Assistência Jurídica do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, na fase de postulação
perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, pode ser utilizado para custeio do
comparecimento da vítima a audiências perante aquele órgão, mas não de testemunhas, que, nesse caso,
devem prestar depoimento por escrito.

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C) Tanto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, quanto as vítimas ou seus representantes podem
requerer a concessão de medidas provisórias, nos casos contenciosos que já se encontrem em conhecimento
da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
D) Quando houver atuação de Defensor Interamericano perante a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, a ele caberá a submissão ou não do caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
E) Em caso de inércia da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e das vítimas ou seus representantes
na condução do caso perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos, será determinado seu
arquivamento pela Presidência.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Não faz parte das atribuições da Corte Interamericana. Esta previsão está no
art. 9º da Carta da OEA que afirma ser atribuição da Assembleia Geral tomar a decisão pelo voto afirmativo
de 2/3 dos votos.
A alternativa B está incorreta. O art. 4º do Regulamento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos
inclui testemunhas e peritos.
A alternativa C está correta. É o que afirma o art. 63 2.
“ARTIGO 63 1. Quando decidir que houve violação de um direito ou liberdade protegido nesta Convenção, a
Corte determinará que se assegure ao prejudicado o gozo do seu direito ou liberdade violados. Determinará
também, se isso for procedente, que sejam reparadas as consequências da medida ou situação que haja
configurado a violação desses direitos, bem como o pagamento de indenização justa à parte lesada.
2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se fizer necessário evitar danos irreparáveis às
pessoas, a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar as medidas provisórias que
considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que ainda não estiverem submetidos ao seu conhecimento,
poderá atuar a pedido da Comissão”.
A alternativa D está incorreta. De acordo com o artigo 61 apenas os Estados-partes e a Comissão
Interamericana têm direito de submeter um caso à análise da Corte.
A alternativa E está incorreta. De acordo como artigo 27 do Regulamento da Corte Interamericana de
Direitos Humanos a corte poderá atuar de ofício.

Além disso, a indenização à vítima será executada internamente no Estado, pelo procedimento interno
vigente para a execução de sentenças contra o Estado, razão pela qual, no Brasil, será observado o regime
de precatórios e as sentenças serão executadas perante a Justiça Federal.

Quanto à homologação, a posição predominante na doutrina é no sentido de que, uma vez que se trata de
sentença internacional (não de sentença estrangeira), não é necessário observar o procedimento de
homologação de sentença estrangeira perante o STJ.

Vejamos uma questão que sedimentou esse entendimento.

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(CESPE - 2015) Com relação ao sistema interamericano de proteção dos direitos humanos, julgue o
seguinte item.
As sentenças prolatadas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos podem, após homologação pelo
STJ, ser regularmente executadas em território brasileiro.
Comentários
A assertiva está incorreta.
A sentença prolata pela Corte Interamericana de Direitos Humanos é uma sentença internacional e não uma
sentença de Estado estrangeiro que irá ser aplicada no Brasil. Apenas a sentença estrangeira precisa de
homologação pelo STJ.
A sentença internacional proferida pela Corte é aplicável independentemente de homologação.

6 - Resumos dos Principais Casos envolvendo o Brasil no Sistema


Interamericano

Nesse tópico vamos, de forma sucinta e esquematizada, trazer os principais julgamentos envolvendo o Brasil
na Corte Interamericana de Direitos Humanos, tendo em vista que as provas, por vezes, cobram tais
assuntos.

CASOS OBSERVAÇÕES
Caso Ximenes (2006) O caso discutiu a morte de Damião Ximenes Lopes, portador de deficiência
mental, que foi submetido a condições desumanas e degradantes enquanto
encontrava-se internado para tratamento psiquiátrico no Ceará.
Por petição da irmã da vítima, a Corte Interamericana de Direitos Humanos foi
acionada e decidiu pela omissão do Estado brasileiro em apurar os fatos,
condenando-o a indenizar a vítima (U$ 140.000), a investigar e sancionar os
responsáveis pela violação dos direitos de Damião, a publicar a sentença da
Corte no DOU e em jornal de grande circulação, bem como a desenvolver
programas de formação e de capacitação de médicos, em especial para o trato
de pessoas portadoras (rever termo) de necessidades especiais.
Caso Nogueira de Esse processo envolveu a discussão em torno de Francisco Gilson Nogueira de
Carvalho (2006) Carvalho, advogado defensor dos direitos humanos, que denunciou crimes
cometidos por grupo de extermínio envolvendo policiais e servidores públicos.
O processo, contudo, foi arquivado por falta de provas.

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Caso Escher (2009) Esse processo discutiu interceptações telefônicas e monitoramento de linhas
feitas de forma ilegal e irregular pela Polícia Militar do Estado do Paraná,
violando regras do Pacto de San José da Costa Rica relativas ao direito de
privacidade.
Não se discutiu, nesse procedimento, a legalidade (ou melhor, o controle de
convencionalidade) da Lei de Interceptações Telefônicas.
O resultado do julgamento perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos
foi favorável às vítimas. Condenou-se o Estado brasileiro a indenizá-las (U$
20.000), a publicar nos meios oficiais parte do julgamento, bem como a
investigar os fatos que deram origem ao caso.
Caso Garibaldi (2009) Nesse caso, discutiu-se a responsabilidade do Estado brasileiro por omissão da
apuração e da responsabilização pelo homicídio de Sétimo Garibaldi, no Paraná.
A decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos foi favorável,
condenando o Brasil a indenizar os familiares da vítima (U$ 200.000), a publicar
a sentença no diário oficial e em jornal de grande circulação, dispondo, ainda, a
respeito do dever de o Estado apurar, com eficácia, o inquérito para identificar,
julgar e sancionar os responsáveis pela morte da vítima.
Caso Gomes Lund – O caso envolveu a responsabilidade do Estado brasileiro em investigar e apurar
Guerrilha do Araguaia as violações de direitos humanos decorrentes de detenção arbitrária, tortura e
(2010) desaparecimento forçado de 70 pessoas resultantes de operação do Exército,
que teve por finalidade acabar com a denominada Guerrilha do Araguaia.
Além disso, discutiu-se a validade da Lei de Anistia, uma vez que a não
investigação foi fundamentada na referida lei.
Em seu julgamento, a Corte Interamericana de Direitos Humanos decidiu que a
Lei de Anistia impede a investigação e sanção de violações a Direitos Humanos,
bem como que o Brasil violou direitos das vítimas e familiares. Fixa, ainda, o
dever de indenizar as vítimas e familiares interessados, bem como a
necessidade de publicação da decisão em diários oficiais e jornais de grande
circulação e, por fim, o dever de implementar políticas públicas para que ocorra
a promoção dos Direitos Humanos.

Caso Trabalhadores da O caso envolveu trabalho escravo e descumprimento da legislação trabalhista


Fazenda Brasil Verde em fazendas na região do município de Sapucaia no estado do Pará. Além disso
vs. Brasil (2016) dois adolescentes trabalhadores da Fazenda Brasil Verde que pertencia ao
Grupo Irmãos Quagliato desapareceram e nunca forma encontrados.
Trata-se da primeira condenação do estado brasileiro pela existência de
trabalho escravo em seu território.
A Corte reconheceu a proibição de trabalho escravo como norma Jus Cogens e
de obrigação erga omnes.
Foi também a primeira vez que a Corte reconheceu a existência de uma
discriminação estrutural histórica.
Fixou os elementos para o conceito de escravidão e declarou a
imprescritibilidade do crime de escravidão.

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Caso Favela Nova O caso envolveu a execução extrajudicial de 26 pessoas durante incursões da
Brasília vs Brasil (2017) polícia civil do estado do Rio de Janeiro na favela Nova Brasília. Durante as
incursões 03 mulheres foram submetidas à tortura e violência sexual.
Reconheceu-se a falha e a demora na investigação e punição dos culpados.
Alguns pontos relevantes devem ser destacados:
A defensoria pública da União e do estado de São Paulo atuaram como amicus
curiae no caso. Houve um repúdio aos autos de resistência à prisão.
Reconheceu-se a incompetência da polícia civil na investigação do crime. Foi
determinado que o Estado Brasileiro avaliasse a possibilidade de federalização
do processo e julgamento.
Povo indígena Xucuru O caso envolveu a violação dos direitos indígenas pela demora da demarcação
e seus membros vs de suas terras. O processo de demarcação levou mais de 16 anos. Foi a primeira
Brasil (2018) condenação envolvendo direitos indígenas. Acabou-se também protegendo
direitos ambientais (greening ou esverdeamento )
Caso Herzog e outros O jornalista Vladimir Herzog compareceu ao DOI/CODI para prestar declarações
vs Brasil (2018) depois de ser arbitrariamente detido e foi executado. A morte dele foi
apresentada como um suicídio. O Estado Brasileiro foi condenado por
unanimidade pela Corte IDH. A Corte afirmou a relatividade do princípio do ne
bis in idem no caso de crimes contra a humanidade. Afirmou a
inconvencionalidade da Lei da Anistia brasileira.

Vejamos uma questão que aborda os casos julgados pela Corte Interamericana.

(FCC - 2019) Em 2014, a Corte Interamericana de Direitos Humanos proferiu sentença na qual, entre outras
obrigações, determinou que o Brasil adotasse, em prazo razoável, medidas necessárias para tipificar o
delito de desaparecimento forçado de pessoas conforme os parâmetros interamericanos. Tal sentença se
refere ao caso conhecido como
Alternativas
A) trabalhadores da Fazenda Brasil Verde.
B) Amarildo Dias de Souza.
C) Setimo Garibaldi.
D) Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”).
E) Favela Nova Brasília.
Comentários

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Portanto, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O Estado Brasileiro foi considerado
responsável e foi determinado que adotasse medidas necessárias para tipificar o delito de desaparecimento
forçado de pessoas conforme os parâmetros interamericanos.

PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO AMERICANA DE


DIREITOS HUMANOS (PROTOCOLO DE SAN SALVADOR)
Conforme mencionamos acima, o Protocolo de San Salvador é responsável por acrescentar a proteção aos
direitos sociais, econômicos e culturais no âmbito do Sistema Interamericano.

1988 1995 1996 1999

• Edição do • Aprovação • Ratificação • Promulgaçã


Protocolo pelo e depósito o interna
de San Congresso pelo pelo
Salvador. Nacional, Presidente Decreto do
por meio da Executivo
do Decreto República. nº 3.321.
Legislativo
nº 56.

De acordo com a doutrina, os direitos assegurados no Protocolo de San Salvador são os mesmos previstos
no âmbito do Sistema Global, de maneira mais específica no Pacto Internacional dos Direitos Sociais,
Econômicos e Culturais.

Por envolver direitos prestacionais de segunda dimensão, o artigo 1º prevê que a aplicação de seus direitos
deverá ocorrer de forma progressiva.

1 - Direitos Albergados

Os seguintes direitos são albergados no Protocolo3:

DIREITOS ALBERGADOS NO PROTOCOLO DE SAN SALVADOR


◊ Direito ao Trabalho ◊ Direito a condições justas, equitativas e satisfatórias
de trabalho
◊ Direitos Sindicais ◊ Direito à previdência social
◊ Direito à saúde ◊ Direito a um meio ambiente sadio
◊ Direito à Alimentação ◊ Direito à educação

3 BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, p. 170.

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◊ Direito aos benefícios da cultura ◊ Direito à constituição e à proteção da família


◊ Direitos da Criança ◊ Direito de proteção das pessoas idosas
◊ Direito à proteção de deficientes

1.1 - Direitos Trabalhistas


O direito ao trabalho vem assegurado nos artigos 6º e 7º do Protocolo de San Salvador e compreende o
direito mais extensamente tratado. O pacto garante a todos a oportunidade de obter os meios para levar
uma vida digna e decorosa por meio do desempenho de uma atividade lícita, livremente escolhida ou aceita.
Para tanto, os Estados-partes deverão empreender esforços para adotar medidas que objetivem:

1. o pleno emprego;
2. a orientação vocacional;
3. o desenvolvimento de projetos de treinamento técnico‑profissional, (em especial os destinados aos
deficientes);
4. a execução e o fortalecimento de programas que coadjuvem um adequado atendimento da família
para que possibilite à mulher o exercício do direito ao trabalho.

O tratamento ao direito do trabalho prossegue no artigo 7º, estabelecendo a necessidade de se garantir


condições justas, equitativas e satisfatórias de trabalho. Para tanto, prevê uma série de direitos e garantias,
quais sejam:

• Salário-mínimo;
• Salário equitativo àqueles que exercem igual trabalho;
• Liberdade de escolha da profissão que lhe convier;
• Direito à promoção, que levará em conta: qualificações, competência, probidade e tempo de serviço;
• Estabilidade no emprego, prevendo, no caso de desligamento imotivado, o direito à reintegração ou
indenização;
• Segurança e higiene no trabalho;
• Proibição de trabalho noturno ou em atividades insalubres ou perigosas para os menores de 18 anos
ou que possa colocar em perigo a saúde, a segurança ou a moral do trabalhador;
• Em relação aos menores de 16 anos, o trabalho deverá observar necessariamente o direito à
instrução obrigatória, não sendo admitido o trabalho em detrimento ao estudo;
• Limitação diária e semanal da jornada de trabalho, prevendo jornadas especiais para os trabalhadores
que laboram em atividades perigosas, insalubres e noturnas;
• Repouso, gozo do tempo livre, férias remuneradas, bem como remuneração nos feriados nacionais.

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Relacionado com os direitos dos trabalhadores, está o artigo 8º, que prevê o direito de se organizarem
sindicatos, de se filiarem e desfiliarem deles, bem como a possibilidade de se organizarem em federações e
em confederações. Além disso, é assegurado o direito de greve.

1.2 - Direitos Previdenciários

Trata-se da proteção a velhice e a incapacitação. Além disso se garante a proteção aos dependentes em caso
de morte.

1.3 - Direitos à saúde

Toda pessoa deve ter assegurado o mais alto nível de bem-estar físico, mental e social. OS direitos são
amplos envolvendo a imunização, prevenção e tratamento. Além disso deve-se educar a população.

1.4 - Direitos à educação

Os Estados devem orientar-se para o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua
dignidade, e deverá fortalecer o respeito pelos direitos humanos, pelo pluralismo ideológico, pelas
liberdades fundamentais, pela justiça e pela paz.

➢ Ensino de primeiro grau – obrigatório e acessível a todos gratuitamente.


➢ Ensino de segundo grau – generalizado e acessível a todos pelos meios que forem apropriados
especialmente pelo estabelecimento progressivo de ensino gratuito.
Ensino Superior – igualmente acessível a todos de acordo coma capacidade de cada um.

2 - Mecanismos fiscalizatórios

O Protocolo de San Salvador prevê dois mecanismos de implementação: o sistema de relatórios e as petições
individuais.

• Abrange todas as matérias.


• Será apresentado ao Secretário-Geral da OEA, que encaminhará ao
RELATÓRIOS
Conselho Interamericano Econômico e Social e ao Conselho
Interamericano de Educação, Ciência e Cultura.

• Restringe-se à liberdade sindical e à educação.


• Será apresentada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
P ETIÇÕES INDIVIDUAIS

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LEGISLAÇÃO DESTACADA

Convenção Americana De Direitos Humanos

 Art. 4º - direito à vida

Artigo 4º - Direito à vida

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido
pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida
arbitrariamente.

2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta
pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em
conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido
cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique
atualmente.

3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

4. EM NENHUM CASO pode a pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos
comuns conexos com delitos políticos.

5. NÃO se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do


delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado
de gravidez.

6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da
pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena de
morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente
(destacamos).

 Art. 5º - Direito à integridade pessoal.

ARTIGO 5

Direito à Integridade Pessoal

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.

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2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou
degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido à
dignidade inerente ao ser humano.

3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente.

4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias


excepcionais, e ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não
condenadas.

5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos adultos e
conduzidos a tribunal especializado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento.

6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a


readaptação social dos condenados.

 Art. 6º - Proibição da Escravidão e da Servidão

ARTIGO 6

Proibição da Escravidão e da Servidão

1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a servidão, e tanto estas como o tráfico
de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as formas.

2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países
em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa da liberdade acompanhada de
trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe o
cumprimento da dita pena, imposta por juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado
não deve afetar a dignidade nem a capacidade física e intelectual do recluso.

3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo:

a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de


sentença ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais
trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades
públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos à disposição de
particulares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado:

b) o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por motivos de consciência, o
serviço nacional que a lei estabelecer em lugar daquele;

c) o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade que ameace a existência ou o bem-


estar da comunidade; e

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d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.

 Art. 7º - Direito à liberdade pessoal

Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal

1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.

2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas condições
previamente fixadas pelas Constituições políticas dos Estados-partes ou pelas leis de
acordo com elas promulgadas.

3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramento arbitrários.

4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da detenção e notificada,
sem demora, da acusação ou das acusações formuladas contra ela.

5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de
um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito
de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu
comparecimento em juízo.

6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal


competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou
detenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-partes
cujas leis preveem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade
tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida sobre a
legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode
ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.

7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de
autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação
alimentar.

 Súmula Vinculante 25 - Vedação da prisão do depositário infiel.

Súmula Vinculante 25.

É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

 Artigo 8º - Garantias Judiciais

ARTIGO 8

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Garantias Judiciais

1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou
para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou
de qualquer outra natureza.

2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não
se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena
igualdade, às seguintes garantias mínimas:

a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não


compreender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal;

b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;

c) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua


defesa;

d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de


sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor;

e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado,


remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio
nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o


comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz
sobre os fatos.

g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e

h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.

3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma natureza.

4. O acusado absolvido por sentença passada em julgado não poderá se submetido a novo
processo pelos mesmos fatos.

5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os
interesses da justiça.

 Artigo 9º - Princípio da Legalidade e da Retroatividade

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ARTIGO 9

Princípio da Legalidade e da Retroatividade

Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que forem
cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se pode
impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da
perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinquente será por
isso beneficiado.

 Artigo 12 - Liberdade de Consciência e de Religião

ARTIGO 12

Liberdade de Consciência e de Religião

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a
liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças,
bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou
coletivamente, tanto em público como em privado.

2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de
conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.

3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita unicamente


às limitações prescritas pela lei e que sejam necessárias para proteger a segurança, a
ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos ou liberdades das demais pessoas.

4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que seus filhos ou pupilos recebam
a educação religiosa e moral que esteja acorde com suas próprias convicções.

 Artigo 13 - Liberdade de Pensamento e de Expressão

ARTIGO 13

Liberdade de Pensamento e de Expressão

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito


compreende a liberdade de buscar, receber e difundir informações e ideias de toda
natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma
impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.

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O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito a censura prévia,
mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente fixadas pela lei a ser
necessárias para assegurar:

a) o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou

b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas.

3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o
abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de frequências
radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por
quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de ideias e
opiniões.

4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo exclusivo
de regular o acesso a eles, para proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo
do disposto no inciso 2.

5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio
nacional, racial ou religioso que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime
ou à violência.

 Artigo 15 - Direito de Reunião

ARTIGO 15

Direito de Reunião

É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O exercício de tal direito só pode
estar sujeito às restrições previstas pela lei e que sejam necessárias, numa sociedade
democrática, no interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem públicas, ou
para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e liberdades das demais pessoas.

 Artigo 16 - Liberdade de Associação

ARTIGO 16

Liberdade de Associação

1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos,
políticos, econômicos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos, ou de qualquer outra
natureza.

2. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições previstas pela lei que sejam
necessárias, numa sociedade democrática, no interesse da segurança nacional, da

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segurança ou da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os


direitos e liberdades das demais pessoas.

3. O disposto neste artigo não impede a imposição de restrições legais, e mesmo a privação
do exercício do direito de associação, aos membros das forças armadas e da polícia.

 Artigo 27 - Suspensão de garantias

Artigo 27 - Suspensão de garantias

1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a


independência ou segurança do Estado-parte, este poderá adotar as disposições que, na
medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as
obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições não sejam
incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não
encerrem discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou
origem social.

2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos determinados nos


seguintes artigos: 3 (direito ao reconhecimento da personalidade jurídica), 4 (direito à
vida), 5 (direito à integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão e da servidão), 9
(princípio da legalidade e da retroatividade), 12 (liberdade de consciência e religião), 17
(proteção da família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à
nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das garantias indispensáveis para a proteção
de tais direitos.

3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito de suspensão deverá
comunicar imediatamente aos outros Estados-partes na presente Convenção, por
intermédio do Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos, as disposições cuja
aplicação haja suspendido, os motivos determinantes da suspensão e a data em que haja
dado por terminada tal suspensão.

 Artigo 28 - Cláusula federal

Artigo 28 - Cláusula federal

1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído como Estado federal, o governo


nacional do aludido Estado-parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção,
relacionadas com as matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.

2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das


entidades componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as
medidas pertinentes, em conformidade com sua Constituição e com suas leis, a fim de que

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as autoridades competentes das referidas entidades possam adotar as disposições cabíveis


para o cumprimento desta Convenção.

3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem constituir entre eles uma federação ou
outro tipo de associação, diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário respectivo
contenha as disposições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo Estado,
assim organizado, as normas da presente Convenção.

 Artigo 29, 31 e 31 - Normas de Interpretação

ARTIGO 29

Normas de Interpretação

Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada no sentido de:

a) permitir a qualquer dos Estados-Partes, grupo ou pessoa, suprimir o gozo e exercício dos
direitos e liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a
nela prevista;

b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos
de acordo com as leis de qualquer dos Estados-Partes ou de acordo com outra convenção
em que seja parte um dos referidos Estados;

c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da
forma democrática representativa de governo; e

d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem e outros atos internacionais da mesma natureza.

ARTIGO 30

Alcance das Restrições

As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao gozo e exercício dos direitos e
liberdades nela reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo com leis que
forem promulgadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual houverem
sido estabelecidas.

ARTIGO 31

Reconhecimento de Outros Direitos

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Poderão ser incluídos no regime de proteção desta Convenção outros direitos e liberdades
que forem reconhecidos de acordo com os processos estabelecidos nos artigos 69 e 70.

 Artigo 32 - Correlação entre Deveres e Direito.

ARTIGO 32

Correlação entre Deveres e Direitos

1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade e a humanidade.

2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos demais, pela segurança de
todos e pelas justas exigências do bem comum, numa sociedade democrática.

 Artigo 33 - Órgãos Competentes pelos meios de proteção.

ARTIGO 33

São competentes para conhecer dos assuntos relacionados com o cumprimento dos
compromissos assumidos pelos Estados-Partes nesta Convenção:

a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Comissão; e

b) a Corte Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Corte.

 Artigo 34, 35, 36, 37, 38, 39 e 40 - Comissão Interamericana de Direitos Humanos

ARTIGO 34

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor-se-á de sete membros, que


deverão ser pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de
direitos humanos.

ARTIGO 35

A Comissão representa todos os Membros da Organização dos Estados Americanos.

ARTIGO 36

1. Os membros da Comissão serão eleitos a título pessoal, pela Assembléia-Geral da


Organização, de uma lista de candidatos propostos pelos governos dos Estados-Membros.

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2. Cada um dos referidos governos pode propor até três candidatos, nacionais do Estado
que os propuser ou de qualquer outro Estado-Membro da Organização dos Estados
Americanos. Quando for proposta uma lista de três candidatos, pelo menos um deles
deverá ser nacional de Estado diferente do proponente.

ARTIGO 37

1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro anos e só poderão ser reeleitos uma
vez, porém o mandato de três dos membros designados na primeira eleição expirará ao
cabo de dois anos. Logo depois da referida eleição, serão determinados por sorteio, na
Assembléia-Geral, os nomes desses três membros.

2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de um mesmo Estado.

ARTIGO 38

As vagas que ocorrerem na Comissão, que não se devam à expiração normal do mandado,
serão preenchidas pelo Conselho Permanente da Organização, de acordo com o que
dispuser o Estatuto da Comissão.

ARTIGO 39

A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Assembléia-Geral e


expedirá seu próprio regulamento.

ARTIGO 40

Os serviços de secretaria da Comissão devem ser desempenhados pela unidade funcional


especializada que faz parte da Secretaria-Geral da Organização e deve dispor dos recursos
necessários para cumprir as tarefas que lhe forem confiadas pela Comissão.

 Artigo 42, 44 e 45 - Mecanismos de Implementação

ARTIGO 42

Os Estados-Partes devem remeter à Comissão cópia dos relatórios e estudos que, em seus
respectivos campos, submetem anualmente às Comissões Executivas do Conselho
Interamericano Econômico e Social e do Conselho Interamericano de Educação, Ciência e
Cultura, a fim de que aquela vele por que se promovam os direitos decorrentes das normas
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da
Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.

Competência

ARTIGO 44

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Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente


reconhecida em um ou mais Estados-Membros da Organização, pode apresentar à
Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por
um Estado-Parte.

ARTIGO 45

1. Todo Estado-Parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação


desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que
reconhece a competência da Comissão para receber e examinar as comunicações em que
um Estado-Parte alegue haver outro Estado-Parte incorrido em violações dos direitos
humanos estabelecidos nesta Convenção.

2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem ser admitidas e examinadas se


forem apresentadas por um Estado-Parte que haja feito uma declaração pela qual
reconheça a referida competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma
comunicação contra um Estado-Parte que não haja feito tal declaração.

3. As declarações sobre reconhecimento de competência podem ser feitas para que esta
vigore por tempo indefinido, por período determinado ou para casos específicos.

4. As declarações serão depositadas na Secretaria-Geral da Organização dos Estados


Americanos, a qual encaminhará cópia das mesmas aos Estados-Membros da referida
Organização.

 Artigo 46 - requisitos de admissibilidade das petições e comunicações para que sejam admitidas pela
Comissão.

Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos
44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário:

a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com
os princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos;

b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o
presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;

c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de


solução internacional; e

d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o


domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que
submeter a petição.

2. As disposições das alíneas "a" e "b" do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:

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a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para
a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;

b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos


recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e

c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.

 Artigo 47 - regra procedimental para a petição ou comunicação:

Artigo 47 - A Comissão declarará inadmissível toda petição ou comunicação apresentada


de acordo com os artigos 44 ou 45 quando:

a) não preencher algum dos requisitos estabelecidos no artigo 46;

b) não expuser fatos que caracterizem violação dos direitos garantidos por esta
Convenção;

c) pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, for manifestamente infundada a


petição ou comunicação ou for evidente sua total improcedência; ou

d) for substancialmente reprodução de petição ou comunicação anterior, já examinada


pela Comissão ou por outro organismo internacional.

Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos


Humanos (Protocolo de San Salvador)

 Artigo 6º e 7º- Direito ao Trabalho

Artigo 6

Direito ao Trabalho

1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, o que inclui a oportunidade de obter os meios
para levar uma vida digna e decorosa através do desempenho de atividade lícita,
livremente escolhida ou aceita.

2. Os Estados-Partes comprometem-se a adotar medidas que garantam plena efetividade


do direito ao trabalho, especialmente as referentes à consecução do pleno emprego, à
orientação vocacional e ao desenvolvimento de projetos de treinamento técnico-
profissional, particularmente os destinados aos deficientes. Os Estados-Partes
comprometem-se também a executar e a fortalecer programas que coadjuvem o adequado

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atendimento da família, a fim de que a mulher tenha real possibilidade de exercer o direito
ao trabalho.

Artigo 7

Condições Justas, Equitativas e Satisfatórias de Trabalho

Os Estados-Partes neste Protocolo reconhecem que o direito ao trabalho, a que se refere


o artigo anterior, pressupõe que toda pessoa goze desse direito em condições justas,
equitativas e satisfatórias, para que esses Estados garantirão em suas legislações internas,
de maneira particular:

a) remuneração que assegure, no mínimo, a todos os trabalhadores condições de


subsistência digna e decorosa para eles e para suas famílias e salário eqüitativo e igual por
trabalho igual, sem nenhuma distinção;

b) o direito de todo o trabalhador de seguir sua vocação e de dedicar-se à atividade que


melhor atenda a suas expectativas, e a trocar de emprego, de acordo com regulamentação
nacional pertinente;

c) o direito do trabalhador a promoção ou avanço no trabalho, para o qual serão levados


em conta suas qualificações, competência, probidade e tempo de serviço;

d) estabilidade dos trabalhadores em seus empregos, de acordo com as caracter ísticas


das indústrias e profissões e com as causas de justa dispensa. Nos casos de demissão
injustificada, o trabalhador terá direito a indenização ou a readmissão no emprego, ou a
quaisquer outros benefícios previstos pela legislação nacional;

e) segurança e higiene no trabalho;

f) proibição de trabalho noturno ou em atividades insalubres ou perigosas para os


menores de 18 anos e, em geral, de todo o trabalho que possa pôr em perigo sua saúde,
segurança ou moral. No caso dos menores de 16 anos, a jornada de trabalho deverá
subordinar-se às disposições sobre ensino obrigatório e, em nenhum caso, poderá
constituir impedimento à assistência escolar ou limitação para beneficiar-se da instrução
recebida;

g) limitação razoável das horas de trabalho, tanto diárias quanto semanais. As jornadas
serão de menor duração quando se tratar de trabalhos perigosos, insalubres ou noturnos;

h) repouso, gozo do tempo livre, férias remuneradas, bem como pagamento de salários
nos dias feriados nacionais.

 Artigo 8- Direitos Sindicais

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Artigo 8

Direitos Sindicais

1. Os Estados-Partes garantirão:

a) o direito dos trabalhadores de organizar sindicatos e de filiar-se ao de sua escolha,


para proteger e promover seus interesses. Como projeção deste direito, os Estados-Partes
permitirão aos sindicatos formar federações e confederações nacionais e associar-se às já
existentes, bem como formar organizações sindicais internacionais e associar-se à de sua
escolha. Os Estados-Partes também permitirão que os sindicatos, federações e
confederações funcionem livremente;

b) o direito de greve.

2. O exercício dos direitos enunciados acima só pode estar sujeito às limitações e


restrições previstas pela lei, que sejam próprias de uma sociedade democráticas e
necessárias para salvaguardar a ordem pública e proteger a saúde ou a moral públicas, e
os direitos ou liberdades dos demais. Os membros das forças armadas e da polícia, bem
como de outros serviços públicos essenciais, estarão sujeitos às limitações e restrições
impostas pela lei.

3. Ninguém poderá ser obrigado a pertencer a sindicato.

 Artigo 9º - Direito à Previdência Social

Artigo 9

Direito à Previdência Social

1. Toda pessoa tem direito à Previdência Social que a proteja das consequências da
velhice e da incapacitação que a impeça, física ou mentalmente, de obter os meios de vida
digna e decorosa. No caso de morte do beneficiário, os benefícios da previdência social
serão aplicados aos seus dependentes.

2. Quando se tratar de pessoas que estejam trabalhando, o direito à previdência social


abrangerá pelo menos assistência médica e subsídio ou pensão em caso de acidente de
trabalho ou de doença profissional e, quando se tratar da mulher, licença-maternidade
remunerada, antes e depois do parto.

 Artigo 10 - Direito à Saúde

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Artigo 10

Direito à Saúde

1. Toda pessoa têm direito à saúde, compreendendo-se como saúde o gozo do mais alto
nível de bem-estar físico, mental e social.

2. A fim de tomar efetivo o direito à saúde, os Estados-Partes comprometem-se a


reconhecer a saúde como bem público e, especialmente, a adotar as seguintes medidas
para garantir esse direito:

a) assistência primária a saúde, entendendo-se como tal à assistência médica essencial


ao alcance de todas as pessoas e famílias da comunidade;

b) extensão dos benefícios dos serviços de saúde a todas as pessoas sujeitas à jurisdição
do Estado;

c) total imunização contra as principais doenças infecciosas;

d) prevenção e tratamento das doenças endêmicas, profissionais e de outra natureza;

e) educação da população com referência à prevenção e ao tratamento dos problemas


da saúde; e

f) satisfação das necessidades de saúde dos grupos de mais alto risco e que, por sua
situação de pobreza, sejam mais vulneráveis.

 Artigo 13 - Direito à Educação

Artigo 13

Direito à Educação

1. Toda pessoa tem direito à educação.

2. Os Estados-Partes neste Protocolo convêm em que a educação deverá orientar-se para


o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade, e
deverá fortalecer o respeito pelos direitos humanos, pelo pluralismo ideológico, pelas
liberdades fundamentais, pela justiça e pela paz. Convêm também em que a educação deve
tornar todas as pessoas capazes de participar efetivamente de uma sociedade democrática
e pluralista e de conseguir uma subsistência digna; bem como favorecer a compreensão, a
tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos,
e promover as atividades em prol da manutenção da paz.

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3. Os Estados-Partes neste Protocolo reconhecem que, a fim de conseguir o pleno


exercício do direito à educação:

a) o ensino de primeiro grau deve ser obrigatório e acessível a todos gratuitamente;

b) o ensino de segundo grau, em suas diferentes formas, inclusive o ensino técnico e


profissional, deve ser generalizado e acessível a todos, pelos meios que forem apropriados
e, especialmente, pelo estabelecimento progressivo do ensino gratuito.

c) o ensino superior deve tornar-se igualmente acessível a todos, de acordo com a


capacidade de cada um, pelos meios que forem apropriados e, especialmente, pelo
estabelecimento progressivo do ensino gratuito;

d) deve-se promover ou intensificar, na medida do possível, o ensino básico para as


pessoas que não tiverem recebido ou terminado o ciclo completo de instrução do primeiro
grau;

e) deverão ser estabelecidos programas de ensino diferenciados para os deficientes, a


fim de proporcionar instrução especial e formação a pessoas com impedimentos físicos ou
deficiência mental.

De acordo com a legislação interna dos Estados-Partes, os pais terão direito a escolher o
tipo de educação que deverá ser ministrada aos seus filhos, desde que esteja de acordo
com os princípios enunciados acima.

Nenhuma das disposições do Protocolo poderá ser interpretada como restrição da


liberdade das pessoas e entidades de estabelecer e dirigir instituições de ensino, de acordo
com a legislação dos Estados-Partes.

RESUMO
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica)

● INTRODUÇÃO

 Edição e internalização do Pacto.

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1969 1992 1992 1992

• Edição do • Aprovação • Ratificação e • Promulgação


Pacto de San pelo depósito interna pelo
José da Congresso pelo Decreto do
Costa Rica Nacional por Presidente Executivo
meio do da República 678/1992
Decreto
Legislativo
27/1992.

● DIREITOS ALBERGADOS

 O Pacto de San José da Costa Rica previu apenas direitos de primeira dimensão, ou seja, direitos civis e políticos.

extensivamente
direitos de primeira
direitos civis e políticos previstos ao longo do
dimensão
texto

PACTO DE SAN JOSÉ DA


COSTA RICA
há, apenas, menção
expressa à
direitos de segunda direitos sociais, implementação
dimensão econômicos e culturais progressiva e de
atuação cooperativa
dos Estados-membros

 Os direitos sociais, econômicos e culturais somente foram disciplinados no Protocolo de San Salvador.

PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA P ROTOCOLO DE SAN SALVADOR


• direitos civis e políticos • direitos sociais, econômicos e culturais

 Os seguintes direitos civis e políticos são albergados no texto da Convenção 4:

Direitos Albergados no Pacto de San José da Costa Rica


◊ Personalidade Jurídica ◊ Vida

4 BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, p. 163.

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◊ Integridade pessoal ◊ Proibição da escravidão e da servidão


◊ Liberdade pessoal ◊ Garantias Judiciais
◊ Legalidade e retroatividade da lei penal ◊ Indenização por erro judiciário
◊ Proteção da honra e da dignidade ◊ Liberdade de consciência e de religião
◊ Liberdade de pensamento e de expressão ◊ Direito de resposta
◊ Direito de reunião ◊ Liberdade de associação
◊ Proteção da família ◊ Direito ao nome
◊ Direitos da criança ◊ Nacionalidade
◊ Propriedade privada ◊ Direito de circulação e residência
◊ Igualdade perante a lei e proteção judicial

Ä No que tange às garantias judiciais, a Convenção contemplou:

❖ Juízo natural e imparcial;


❖ Presunção de inocência;
❖ Assistência de um tradutor;
❖ Ampla defesa;
❖ Não autoincriminação; e
❖ Possibilidade de recorrer das decisões.

● Direito à vida

 a proteção à vida desde a concepção, vedando-se a privação arbitrária da vida do nascituro.

 não houve a abolição da pena de morte.

• Não foi abolida no Pacto de San José da Costa Rica, uma vez que é admitida nos
países já a prevejam para os crimes mais graves.
P ENA DE • Em nenhuma hipótese será aceita para: delitos políticos ou conexos, para
MORTE menores de 18 anos quando da práticado ato infracional, para maiores de
setenta anos e para mulheres grávidas.
• Países que tenham abolido a pena de morte não poderão restabelecê-la.

● Trabalhos Forçados

 a servidão e a escravidão são vedadas. Contudo, países que tenham estabelecido a pena privativa de liberdade
acompanhada de trabalhos forçados, por sentença judicial, poderão manter esse tipo de pena, desde que não afete
a dignidade nem a capacidade física e intelectual do preso.

 Em síntese:

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REGRA: vedado

pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos


forçados

EXCEÇÃO: depende de sentença judicial

TRABALHOS não pode afetar a dignidade ou a capacidade física e


FORÇADOS intelectual do preso.
trabalhos normalmente exigidos de pessoa reclusa em
cumprimento de sentença;
NÃO SÃO
CONSIDERADOS serviço militar;
COMO
TRABALHO serviços exigidos em caso de perigo ou de calamidade; e
FORÇADO:

obrigações cívicas normais.

● Liberdades Individuais

 O artigo prevê, dentre seus direitos, que não poderá haver prisão por dívidas, exceto no caso de inadimplemento
de obrigação alimentar.

 Portanto:

Em razão da natureza supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos,


consoante posicionamento atual do STF, o Pacto de San José da Costa Rica veda a
regulamentação do art. 5º, LXVII, norma de eficácia limitada, que prevê a
possibilidade de lei infraconstitucional prever a prisão do depositário infiel.

● Direito de Suspensão

 Direitos assegurados no Pacto de San José da Costa Rica poderão ser suspensos nos termos do artigo 27, nos casos
de guerra, perigo público ou emergência que ameace a independência ou segurança do Estado. Essa suspensão deverá
ocorrer sempre por prazo determinado e as situações emergenciais referidas não podem decorrer de práticas
discriminatórias.

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DIREITO DE SUSPENSÃO

hipóteses:
•guerra;
•perigo público; e
•emergência que ameace a independência ou a segurança do Estado

temporário

não é autorizada a suspensão dos seguintes direitos:


•reconhecimento da personalidade jurídica;
•vida;
•integridade pessoal;
•proibição da escravidão e servidão;
•princípio da legalidade e da retroatividade;
•princípio da liberdade de consciência e de religião;
•proteção da família;
•direito ao nome;
•direitos das crianças;
•direito à nacionalidade; e
•direitos políticos.

● Cláusula Federal

 O que o dispositivo transmite é a ideia de que os Estados-parte constituídos em forma de federação (como o Brasil),
não poderão alegar o descumprimento das disposições do Pacto de San José da Costa Rica sob o argumento de que
internamente essa competência é do ente federado (por exemplo, o Estado do Paraná).

● MECANISMOS DE IMPLEMENTAÇÃO

 No âmbito do Pacto de San José da Costa Rica, existem dois órgãos competentes para a implementação dos direitos
assegurados: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos – órgão de natureza executiva – e a Corte
Interamericana de Direitos Humanos – órgão de natureza jurisdicional.

 Os mecanismos de implementação das normas da Convenção são os seguintes:

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RELATÓRIOS COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS PETIÇÕES INDIVIDUAIS

artigo 42 artigo 45 artigo 44

 Em relação ao mecanismo de petições individuais, o Pacto de San José da Costa Rica o estabeleceu de forma
compulsória.

•A mera assinatura do Pacto de San José da Costa rica já gera a submissão


ao sistema de peticionamento individual.
PETIÇÕES INDIVIDUAIS
•Não há necessidade, portanto, de declaração expressa do Estado-parte
aceitando esse mecanismo de implementação.

 São legitimados para apresentar as petições individuais:


APRESENTAR AS PETIÇÕES
LEGITIMADOS PARA

Vítima de violação ao seu direito humano;


INDIVIDUAIS

Grupo de pessoas; e

ONGs legalmente reconhecidas.

 Para o uso das comunicações interestatais, ao contrário, será necessária a declaração expressa do Estado-parte
reconhecendo a competência da Comissão.

 Portanto:

PETIÇÕES INDIVIDUAIS COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS

Cláusula Obrigatória Cláusula Facultativa

Ä a Convenção enuncia 4 requisitos de admissibilidade das petições e comunicações para que sejam admitidas pela
Comissão.

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1º. Esgotamento ou inexistência de recursos internos para reparação do direito humano violado ou quando
os recursos disponíveis forem inefetivos;
2º. Apresentação do expediente internacional no prazo de 6 meses a contar da decisão interna insatisfatória;
3º. Não haja outro procedimento internacional apurando a questão (litispendência internacional); e
4º. Identificação, com nome, nacionalidade, domicílio e assinatura (não são aceitas petições individuais
apócrifas).

Não forem esgotadas as vias internas;

Não for apresentada no prazo de 6 meses a contar


da decisão interna;
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

A petição e a comunicação não serão aceitas se:


Houver litispendência internacional;
Fato exposto não caracterizar violação a direito
humano;
Faltar identificação da parte denunciante.
Alegações manifestamente infundadas; ou

Reprodução de petição ou comunicação anterior.

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Vamos rememorar o esquema que resume o trâmite das comunicações perante a Comissão.

RECEBIDA A COMUNICAÇÃO

Analisa os requisitos de
admissibilidade:

não estivem se estiverem


presentes presentes

solicita infomações
arquiva
ao Estado acusado

Comissão analisará a
subsistência das acusações:

insubsistente subsistente

arquiva tenta solução


amistosa

se positiva se negativa

fará relatório que será


fará relatório que será encaminhado aos Estados-
enviado ao parte envolvidos
Secretário-Geral da
OEA
Se nada
Prazo de 3 meses para fizerem:
tomar providências
Comissão, após decorrido
prazo de 3 meses:

decidirá acerca das


medidas tomadas decidirá se serão
publicadas as
informações da
questão à
comunidade
internacional

● COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

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Ä A Comissão Interamericana de Direitos Humanos constitui o órgão executivo, no âmbito da OEA, responsável pela
promoção, observância e defesa dos direitos humanos no Sistema Americano.

•Órgão da OEA, responsável por zelar pelos Direitos Humanos, em especial


pelo processamento das petições individuais.
PAPEL DA COMISSÃO
•Órgão da Convenção Americana, responsável por analisar as petições
individuais, interpondo ação de responsabilidade internacional.

 Enquanto órgão da OEA, a Comissão tem por função precípua a promoção, observância e defesa dos Direitos
Humanos, entre cujas atribuições destacam-se:

estimular a
observância do Pacto
de San José da Costa
Rica
Atuar no recebimento e
processamento das petições Efetuar recomendações
individuais e das comunicações.

ATRIBUIÇÕES DA
COMISSÃO
Responder às consultas
formuladas pelos Estados-parte Preparar estudos e relatórios

Solicitar informação
dos Estados-parte

 Para que uma petição ou comunicação interestatal seja admitida perante a Comissão, há alguns requisitos:

REQUISITOS FORMAIS

(i) A qualificação do interessado.

(ii) Fatos que envolvem a violação ao direito humano.

(iii) Indicação do Estado que pretensamente violou os direitos humanos.

(iv) Indicação quanto à utilização do aparato interno de proteção aos direitos humanos .

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REQUISITOS MATERIAIS

(i) Esgotamento dos recursos da jurisdição interna.

(ii) Apresentação da denúncia no prazo de 6 meses de quando foi cientificado da decisão definitiva interna .

(iii) A matéria discutida não pode ser objeto de outro processo internacional.

(iv) Não ocorrência da coisa julgada no âmbito da OEA ou em qualquer outro organismo de jurisdição internacional .

(v) Fundamentação, sob pena de expressa improcedência.

● CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

 A Corte representa o órgão jurisdicional do sistema interamericano de direitos humanos e constitui excelente
alternativa para a reparação da violação de direitos humanos.

 A Corte é composta por 7 juízes, nacionais dos Estados que compõem a OEA, não sendo possível que haja dois
juízes de mesma nacionalidade. Os julgadores são eleitos através Assembleia-Geral da OEA, pelo voto da maioria
absoluta dos membros, entre pessoas de alta autoridade moral e reconhecida competência em matéria de Direitos
Humanos, para mandato 6 anos, admitindo-se uma reeleição.

 Fique atento aos legitimados para ingressar perante a Corte:

LEGITIMADOS PARA INGRESSAR


NA CORTE

Comissão
Estados-parte Interamericana de
Direitos Humanos

 A Comissão deverá participar de todas as reuniões da Corte, seja nos processos em que for parte, seja nos processos
iniciados pelos Estados-membros, caso em que atuará como se fosse um fiscal.

 Será possível à pessoa peticionar diretamente na Corte Internacional, desde que a situação já esteja sendo analisada
pela Corte Internacional.

Uma pessoa poderá peticionar diretamente à Corte nos casos graves e


Excepcionalmente urgentes para evitar danos irreparáveis para que sejam tomadas medidas
acautelatórias, nos procedimentos já em andamento na Corte.

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Ä A Corte possui competência para resolver os litígios que lhes são submetidos (competência contenciosa), bem como
para responder questionamentos sobre a interpretação de determinada regra do Sistema Interamericano e sobre a
compatibilidade das leis internas com o Pacto de San José da Costa Rica (competência consultiva).

 Em verdade, a Corte exerce ampla função consultiva, de forma que contribui para a uniformidade e consistência
da interpretação da Convenção Americana. Para tanto, a Corte faz estudos e análises aprofundadas a respeito do
alcance e do impacto dos dispositivos da Convenção.

 Para a atuação da Corte Interamericana faz-se necessária declaração expressa do Estado-parte reconhecendo a
competência desse órgão como obrigatória para os casos envolvendo a aplicação do sistema interamericano. Essa
declaração poderá ser feita para situações específicas ou por prazo indeterminado.

 No plano contencioso, a atuação da Corte é limitada à provocação pelos Estados-parte e pela Comissão.

os Estados-parte da OEA; e

POSSUI PODER DE PROVOCAR A CORTE


a Comissão Interamericana de
Direitos Humanos

 As decisões da Corte podem ser finais ou liminares. As decisões liminares, denominadas de “medidas provisórias”,
em decorrência de situações urgentes a pedido da vítima de violação aos Direitos Humanos (quando a questão
estiver submetida à Corte) ou a pedido da Comissão (ainda que a questão não esteja submetida à Corte).

 As decisões finais, por sua vez, decidirão a respeito do direito protegido, determinando que ele seja assegurado
caso reste configurada a violação a direito humano, bem como a reparação indenizatória à vítima . Dessas decisões
da Corte, NÃO é cabível recurso algum.

 Quanto à homologação, a posição predominante na doutrina é no sentido de que uma vez que se trata de sentença
internacional (não de sentença estrangeira), não é necessário observar o procedimento de homologação de sentença
estrangeira perante o STJ.

Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos (Protocolo de San Salvador)

 Edição e internalização:

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1988 1995 1996 1999

•Edição do •Aprovação •Ratificação e • Promulgação


Protocolo de pelo depósito pelo interna pelo
San Salvador Congresso Presidente da Decreto do
Nacional, por República Executivo
meio do 3.321.
Decreto
Legislativo 56.

● DIREITOS ALBERGADOS

 Os seguintes direitos são albergados no Protocolo 5:

Direitos Albergados no Protocolo de San Salvador


◊ Direito ao Trabalho ◊ Direito a condições justas, equitativas e satisfatórias
de trabalho.
◊ Direitos Sindicais ◊ Direito à previdência social
◊ Direito à saúde ◊ Direito a um meio ambiente sadio
◊ Direito à Alimentação ◊ Direito à educação
◊ Direito aos benefícios da cultura ◊ Direito à constituição e proteção da família
◊ Direitos da Criança ◊ Direito de proteção das pessoas idosas
◊ Direito à proteção de deficientes

● MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS

• Abrange todas as matérias.


• Será apresentado ao Secretário-Geral da OEA, que encaminhará ao
RELATÓRIOS
Conselho Interamericano Econômico e Social e ao Conselho
Interamericano de Educação, Ciência e Cultura.

• Restringe-se à liberdade sindical e à educação.


P ETIÇÕES • Será apresentada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
INDIVIDUAIS

5 BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, p. 170.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos nossa aula e os estudos dos do principal documento do Sistema Americano de Direitos Humanos.

Lembre-se: qualquer dúvida estou à disposição no fórum, na área do aluno.

Até a próxima aula.

Bons estudos a todos!

Ricardo Torques

rst.estrategia@gmail.com

@proftorques

QUESTÕES COM COMENTÁRIOS

CESPE

1. (CESPE/PCPB/2022) Os direitos fundamentais de caráter judicial e as garantias constitucionais do


processo previstos na CF e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos asseguram ao acusado
A) o direito de utilizar-se de todos os elementos de prova lícitos no curso do processo, não podendo omitir-
se ou calar-se, se assim entender necessário.
B) o dever de apresentar provas de sua inocência, sob pena de condenação na ação penal.
C) a razoável duração do processo judicial e administrativo, com a possibilidade de efeitos imediatos sobre
situações individuais.
D) o direito de audiência perante autoridade administrativa competente, caso tenha sido preso em flagrante.
E) a publicidade dos atos processuais e dos julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, independentemente
de restrições previstas na lei.

Comentários

A Alternativa A está incorreta. O preso possui o direito de permanecer calado de acordo com o art. 5º LXIII
da CF/88.

A Alternativa B está incorreta. A constituição e a convenção afirmam que é obrigação de quem acusa provar
a culpa. Lembre-se do Princípio da Inocência ou não culpabilidade.

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A Alternativa C está correta. Está de acordo como texto constitucional e convencional. Vamos destacar a
legislação para você conferir.

Art. 7.5 da Convenção. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à
presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e
tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem
prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que
assegurem o seu comparecimento em juízo.

Art. 5º, LXXVIII da CF/88 - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

A Alternativa D está incorreta. A pessoa presa deve ser conduzida a presença de uma autoridade judicial e
não administrativa.

A Alternativa E está incorreta. Tanto a CF/88 como a Convenção trazem a possibilidade de exceções ao
Princípio da Publicidade.

2. (CESPE/PCPB/2022) Considerando a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, julgue os itens


subsequentes.
I Os Estados-partes e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos têm direito de submeter casos à
decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
II Se regularmente aprovada por lei nacional, a pena de morte poderá ser imposta a delitos aos quais não se
aplica atualmente em Estados signatários do Pacto de São José da Costa Rica.
III Qualquer pessoa pode apresentar à Comissão Interamericana petições que contenham denúncias ou
queixas de violação da Convenção Americana por um Estado signatário.
IV Em casos de necessidade e interesse nacional, a Convenção Americana poderá ser interpretada de tal
forma que exclua direitos e garantias que decorram da forma democrática representativa de governo.
Estão certos apenas os itens
A) I e II.
B) I e III.
C) I e IV.
D) II e III.
E) III e IV.

Comentários

Vamos analisar cada um dos itens.

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O item I está correto. Como vimos apenas os Estados-Partes e a Comissão, como regra, possuem legitimidade
para submeter casos à decisão da Corte.

LEGITIMADOS PARA INGRESSAR


NA CORTE

Comissão
Estados-partes Interamericana de
Direitos Humanos

O item II está incorreto. De acordo com o art. 4.2 da Convenção Americana a pena de morte será mantida
para aqueles países que já a previam e não será possível ampliar o rol de delitos para além dos previstos.

2.Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais
graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com lei que estabeleça
tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos
aos quais não se aplique atualmente.

O item III está correto. De acordo com o art. 44 qualquer pessoa ou grupo de pessoas ou entidade não
governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização poderão
apresentar petições.

O item IV está incorreto. O art. 29 veda a exclusão de direitos e garantias que são inerentes ao ser humano
ou que decorrem da forma democrática representativa de governo.

Assim, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

3. (CESPE/PCPB/2022) A Convenção Americana sobre Direitos Humanos determina que, para uma
petição ou comunicação ser admitida pela Comissão Interamericana, entre outros requisitos, será
necessário que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna.
Esse princípio de direito internacional reconhecido na referida convenção denomina -se
A) princípio da indivisibilidade.
B) princípio da eficiência.
C) princípio da subsidiariedade.
D) princípio do dever de cooperação internacional.
E) princípio da boa-fé.

Comentários

A Alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Como vimos em aula deve se dar ao Estado a
oportunidade de reparar um suposto dano no âmbito de seu próprio ordenamento jurídico interno, antes

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que se possa invocar sua responsabilidade internacional”. Esse dispositivo, portanto, coaduna com a ideia
de atuação subsidiária da proteção internacional dos Direitos Humanos.

4. (CESPE/POLITECRO/2022) De acordo com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, a pena


não pode passar da pessoa do delinquente em razão do direito à(ao)
A) integridade pessoal.
B) reconhecimento da personalidade jurídica.
C) liberdade pessoal.
D) garantia judicial.
E) honra e dignidade.

Comentários

A Alternativa A está correta e é o gabarito da questão. O art. 5º da Convenção traz uma série de direitos
ligados a integridade pessoal e entre eles, no item 3, está a previsão de que a pena não poderá passar da
pessoa do delinquente. Vejamos:

Art. 5º: Direito à Integridade Pessoal:

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.

2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou
degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido à
dignidade inerente ao ser humano.

3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente.

4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias


excepcionais, e ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não
condenadas.

5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos adultos e
conduzidos a tribunal especializado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento.

6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a


readaptação social dos condenados".

5. (CESPE/PCAL/2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir .
A pena de reclusão tem por principal finalidade a proteção da sociedade.

Comentários

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A assertiva está incorreta. Como vimos a finalidade da pena de reclusão é a ressocialização do preso. Veja o
que diz o art. 5º : " 6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a
readaptação social dos condenados."

6. (CESPE/PCAL/2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
O Estado que abolir a pena de morte não poderá restabelecê-la.

Comentários

A assertiva está correta. É exatamente o que afirma o item 3 do art. 4º: "3. Não se pode restabelecer a pena
de morte nos Estados que a hajam abolido."

7. (CESPE/PCAL/2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
Todos os cidadãos devem possuir o direito de participar da direção dos assuntos públicos.

Comentários

A assertiva está correta. A previsão está no artigo 23.1 da Convenção Americana.

Art. 23.1 a. de participar na direção dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de
representantes livremente eleitos;

b. de votar e ser eleitos em eleições periódicas autênticas, realizadas por sufrágio universal
e igual e por voto secreto que garanta a livre expressão da vontade dos eleitores; e

c. de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país".

8. (CESPE/PCAL/2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
A sujeição do réu à medida restritiva representa exceção à proibição da limitação de sua liberdade de
conservar sua religião.

Comentários

A assertiva está incorreta. Embora a assertiva tenha um texto um pouco confuso é possível perceber que a
afirmativa trouxe uma exceção não prevista pela CADH. O texto afirma que ninguém pode ser objeto de
medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar
de religião ou de crenças. e por isso a questão está incorreta.

9. (CESPE/PCAL/2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.

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A apologia ao ódio religioso que constitua incitação à hostilidade deve ser vedada por lei.

Comentários

A assertiva está correta. Vejamos um trecho do art. 13 da Convenção.

5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio
nacional, racial ou religioso que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime
ou à violência.

10. (CESPE/PRF - 2019) Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da sua afirmação
histórica e da sua relação com a responsabilidade do Estado, julgue o item.
As pessoas naturais que violam direitos humanos continuam a gozar da proteção prevista nas normas que
dispõem sobre direitos humanos.

Comentários

Não é possível a perda dos direitos humanos, mesmo que a própria pessoa não respeite os das demais. Esta
é a característica dos direitos humanos pela qual eles não caducam ou prescrevem. O violador de direitos
humanos permanece sob proteção. Deste modo, a assertiva está correta.

11. (CESPE/PRF - 2019) Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da sua afirmação
histórica e da sua relação com a responsabilidade do Estado, julgue o item.
Apenas por atos de seus agentes o Estado pode ser responsabilizado por violação de direitos humanos
reconhecidos na Convenção Americana de Direitos Humanos.

Comentários

A assertiva está errada. Haverá a responsabilização do Estado em caso de violação de direitos humanos
praticada por seus agentes, por particulares que ajam em nome do Estado ou particulares que, de algum
modo, violem as disposições da Convenção Americana de Direitos Humanos (exemplo: proibição da
escravidão, servidão e trabalhos forçados).

Art. 6º.
1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a servidão, e tanto estas como o tráfico
de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as suas formas.
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países
em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa da liberdade acompanhada de
trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe o
cumprimento da dita pena, imposta por juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado
não deve afetar a dignidade nem a capacidade física e intelectual do recluso.

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12. (CESPE/IRBr - 2018) Julgue (C ou E) o item a seguir, acerca do direito internacional dos direitos
humanos e do direito internacional humanitário.

A jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos reconhece a responsabilidade do Estado por


violações de direitos humanos não apenas como resultado de uma ação ou omissão a ele diretamente
imputável, mas também em virtude da falta de devida diligência do Estado em prevenir uma violação
cometida por particulares.

Comentários

O item está correto. A Corte Interamericana tem reconhecido a responsabilidade do Estado diante de ações
e/ou omissões de seus agentes, de particulares agindo em nome do Estado ou de particulares sem essa
qualidade. Exemplo desse entendimento encontra-se na sentença do caso Ximenes Lopes vs Brasil:

"O artigo 4 da Convenção garante em essência não somente o direito de todo ser humano
de não ser privado da vida arbitrariamente, mas também o dever dos Estados de adotar as
medidas necessárias para criar um marco normativo adequado que dissuada qualquer
ameaça ao direito à vida; estabelecer um sistema de justiça efetivo, capaz de investigar,
castigar e reparar toda privação da vida por parte de agentes estatais ou particulares; e
salvaguardar o direito de que não se impeça o acesso a condições que assegurem uma vida
digna, o que inclui a adoção de medidas positivas para prevenir a violação desse direito"

13. (CESPE/DP-DF - 2019) A respeito do Sistema Regional Interamericano de Proteção dos Direitos
Humanos, julgue o item subsecutivo.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos indica, como forma de redução das prisões preventivas, a
utilização das práticas de justiça restaurativa, que, no Brasil, são incentivadas por resolução do Conselho
Nacional de Justiça.

Comentários

O item está certo. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem um manual com as diretrizes para a
redução do número de prisões preventivas na América Latina. Diante da existência do referido documento,
o CNJ instituiu a Política Nacional de Justiça Restaurativa no Poder Judiciário (Resolução nº 255/2016).

Resolução nº 255/2016 do Conselho Nacional de Justiça

Art. 1º. A Justiça Restaurativa constitui-se como um conjunto ordenado e sistêmico de


princípios, métodos, técnicas e atividades próprias, que visa à conscientização sobre os
fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência, e por meio
do qual os conflitos que geram dano, concreto ou abstrato, são solucionados de modo
estruturado na seguinte forma:

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I – é necessária a participação do ofensor, e, quando houver, da vítima, bem como, das


suas famílias e dos demais envolvidos no fato danoso, com a presença dos representantes
da comunidade direta ou indiretamente atingida pelo fato e de um ou mais facilitadores
restaurativos;

II – as práticas restaurativas serão coordenadas por facilitadores restaurativos capacitados


em técnicas autocompositivas e consensuais de solução de conflitos próprias da Justiça
Restaurativa, podendo ser servidor do tribunal, agente público, voluntário ou indicado por
entidades parceiras;

III – as práticas restaurativas terão como foco a satisfação das necessidades de todos os
envolvidos, a responsabilização ativa daqueles que contribuíram direta ou indiretamente
para a ocorrência do fato danoso e o empoderamento da comunidade, destacando a
necessidade da reparação do dano e da recomposição do tecido social rompido pelo
conflito e as suas implicações para o futuro.

14. (CESPE/PM-AL - 2018) Uma organização não governamental de proteção às mulheres, legalmente
reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando
um hospital da rede pública de determinado estado da federação. Na petição, foi alegado que o hospital
havia realizado esterilização sem o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o
estado brasileiro não adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido,
também, negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve
violação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e à
dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial - todos esses, direitos
previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Julgue os próximos itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).
Caso uma denúncia que descreva os mesmos fatos expostos já tenha sido examinada por outro organismo
internacional, a Comissão declarará a inadmissibilidade da petição.

Comentários

Está correta a assertiva. De acordo com o art. 47, d, do Pacto de San José da Costa Rica, a Comissão declarará
inadmissível petição ou comunicação que for reprodução de petição ou comunicação anterior, já examinada
pela Comissão ou por outro organismo internacional.

15. (CESPE/PM-AL - 2018) Uma organização não governamental de proteção às mulheres, legalmente
reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando
um hospital da rede pública de determinado estado da federação. Na petição, foi alegado que o hospital
havia realizado esterilização sem o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o
estado brasileiro não adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido,

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também, negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve
violação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e à
dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial - todos esses, direitos
previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Julgue os próximos itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).
Ao receber e admitir a petição de denúncia, a Comissão a encaminhará à Assembleia Geral da Organização
dos Estados Americanos para que sejam realizadas investigação e apuração dos fatos e, havendo
materialidade, poderão ser solicitadas informações ao governo do estado ao qual pertence a autoridade
responsável pela violação alegada; no caso em tela, o brasileiro.

Comentários

Está incorreta a assertiva. Recebida a petição de denúncia, cabe à própria Comissão – conforme consta do
art. 48, a, do Pacto de San Jose da Costa Rica – verificar a admissibilidade da petição ou da comunicação.
Admitida, solicitará diretamente informações do Estado (e não por intermédio da Assembleia Geral da OEA)
com transcrição das partes pertinentes da petição. Cabe ao Estado, uma vez notificado, enviar informações
no prazo de um ano, caso não seja fixado outro pela Comissão.

16. (CESPE/PM-AL - 2018) Uma organização não governamental de proteção às mulheres, legalmente
reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando
um hospital da rede pública de determinado estado da federação. Na petição, foi alegado que o hospital
havia realizado esterilização sem o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o
estado brasileiro não adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido,
também, negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve
violação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e à
dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial - todos esses, direitos
previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Julgue os próximos itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).
O Hospital da rede pública do estado federado agiu de acordo com os fundamentos legais, uma vez que os
Estados-partes da Convecção se comprometem a respeitar os direitos e as liberdades nela reconhecidos e a
garantir seu pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação, salvo por
motivo de saúde pública, quando serão relativizados os dispositivos dessa Convenção em favor do interesse
público.

Comentários

Está incorreta a assertiva. O art. 3 do Pacto assegura o reconhecimento da personalidade jurídica à pessoa,
o que significa dizer que ela é sujeito de direitos e deveres perante todos. Nesse contexto, não seria

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admissível um procedimento de esterilização sem o consentimento da pessoa, a final ela é quem deverá
decidir pela esterilização ou não. No caso, contudo, fala-se em suspensão de direitos por razões de “saúde
pública”. Mesmo assim não podemos considerar a assertiva correta, pois não há tal previsão na nossa
legislação interna. Além disso, o art. 27, do Pacto, prevê a suspensão de direitos em casos de guerra, perigo
público ou situação emergencial. Mesmo nessas situações emergenciais o direito ao reconhecimento da
personalidade jurídica não poderá ser afastado, ratificando o erro da assertiva.

17. (CESPE/PM-AL - 2018) Uma organização não governamental de proteção às mulheres, legalmente
reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando
um hospital da rede pública de determinado estado da federação. Na petição, foi alegado que o hospital
havia realizado esterilização sem o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o
estado brasileiro não adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido,
também, negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve
violação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e à
dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial - todos esses, direitos
previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Julgue os próximos itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).
A comissão em apreço, cuja função é promover a observância e a defesa dos direitos humanos, representa
todos os membros da organização dos estados americanos, havendo, no máximo, um representante
brasileiro como membro: não é admitida a participação da comissão de mais de um nacional de um mesmo
Estado.

Comentários

Está correta a assertiva. Primeiro, por força do art. 41 do Pacto a Comissão tem por função principal
“promover a observância e a defesa dos direitos humanos”. Além disso, por força do art. 35, a “Comissão
representa todos os membros da Organização dos Estados Americanos”. Ainda, o art. 37, 2, do Pacto cada
Estado poderá ter, no máximo, um membro nacional entre os integrantes da Comissão.

18. (CESPE/PM-AL - 2018) Uma organização não governamental de proteção às mulheres, legalmente
reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando
um hospital da rede pública de determinado estado da federação. Na petição, foi alegado que o hospital
havia realizado esterilização sem o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o
estado brasileiro não adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido,
também, negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve
violação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e à
dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial - todos esses, direitos
previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

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Julgue os próximos itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as


disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).
A apresentação da petição pela citada organização está amparada pelo Pacto de São José e pelo Decreto
anteriormente mencionado, visto que qualquer pessoa ou grupo de pessoas ou entidade não governamental
legalmente reconhecida pode apresentar à Comissão ou à Corte Interamericana de Direitos Humanos
petições de denúncia de violação à Convenção Americana sobre Direitos Humanos por Estado-parte.

Comentários

Está incorreta a assertiva. Na realidade, a primeira parte está correta. De fato, qualquer “pessoa ou grupo
de pessoas, ou entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados membros da
Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta
Convenção por um Estado Parte”, conforme art. 44 do Pacto. O erro da assertiva, contudo, está em afirmar
que esse peticionamento poderá ser feito à Corte. De acordo com o art. 61,2, do Pacto, somente “Estados
Partes e a Comissão têm direito de submeter caso à decisão da Corte”.

19. (CESPE/PM-AL - 2018) Uma organização não governamental de proteção às mulheres, legalmente
reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando
um hospital da rede pública de determinado estado da federação. Na petição, foi alegado que o hospital
havia realizado esterilização sem o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o
estado brasileiro não adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido,
também, negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve
violação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e à
dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial - todos esses, direitos
previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Julgue os próximos itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).
Na referida Convenção, prevê-se que a ingerência arbitrária ou abusiva na vida privada das pessoas, ainda
que sejam elas portadoras de doenças contagiosas, como é o caso dessa mulher portadora do vírus HIV, fere
o direito à honra e à dignidade, devendo a lei protegê-las de tais ofensas.

Comentários

Está correta a assertiva. O art. 11 do Pacto assegura a proteção da honra e da dignidade, vedando ingerências
arbitrárias ou abusivas na vida privada. Como não há qualquer exceção declinada no pacto e temos a garantia
de reconhecimento da personalidade jurídica, não faria sentido pertinente tais ingerências ou
arbitrariedades em relação às pessoas portadoras de HIV.

20. (CESPE/PJC-MT - 2017) Considere as seguintes disposições.


I- Todo indivíduo tem direito à liberdade e à segurança pessoais.

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II- As finalidades essenciais das penas privativas da liberdade incluem a compensação, a retribuição, a
reforma e a readaptação social dos condenados.
III- Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos, políticos,
econômicos, trabalhistas, sociais, culturais e desportivos.
IV- É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
Decorrem da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto n.º 678/1992)
apenas as disposições contidas nos itens
a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) I, III e IV.

Comentários

Vamos analisar cada um dos itens.

O item I está correto, conforme prevê o art. 7, 1, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos:

ARTIGO 7

Direito à Liberdade Pessoal

1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.

O item II está incorreto. De acordo com o art. 5, 6, do Decreto nº 678/92, as penas privativas da liberdade
devem ter por finalidade essencial a reforma e a readaptação social dos condenados.

O item III está correto, pois é o que dispõe o art. 16, 1, do Decreto:

ARTIGO 16

Liberdade de Associação

1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos,
políticos, econômicos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos, ou de qualquer outra
natureza.

Por fim, o item IV está correto, nos termos do art. 22, 9, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos:

ARTIGO 22

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Direito de Circulação e de Residência

9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.

Desse modo, a alternativa E é correta e gabarito da questão.

LISTA DE QUESTÕES

CESPE

1. (CESPE/PCPB/2022) Os direitos fundamentais de caráter judicial e as garantias constitucionais do


processo previstos na CF e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos asseguram ao acusado
A) o direito de utilizar-se de todos os elementos de prova lícitos no curso do processo, não podendo omitir-
se ou calar-se, se assim entender necessário.
B) o dever de apresentar provas de sua inocência, sob pena de condenação na ação penal.
C) a razoável duração do processo judicial e administrativo, com a possibilidade de efeitos imediatos sobre
situações individuais.
D) o direito de audiência perante autoridade administrativa competente, caso tenha sido preso em flagrante.
E) a publicidade dos atos processuais e dos julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, independentemente
de restrições previstas na lei.
2. (CESPE/PCPB/2022) Considerando a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, julgue os itens
subsequentes.
I Os Estados-partes e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos têm direito de submeter casos à
decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
II Se regularmente aprovada por lei nacional, a pena de morte poderá ser imposta a delitos aos quais não se
aplica atualmente em Estados signatários do Pacto de São José da Costa Rica.
III Qualquer pessoa pode apresentar à Comissão Interamericana petições que contenham denúncias ou
queixas de violação da Convenção Americana por um Estado signatário.
IV Em casos de necessidade e interesse nacional, a Convenção Americana poderá ser interpretada de tal
forma que exclua direitos e garantias que decorram da forma democrática representativa de governo.
Estão certos apenas os itens
A) I e II.
B) I e III.
C) I e IV.
D) II e III.
E) III e IV.

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3. (CESPE/PCPB/2022) A Convenção Americana sobre Direitos Humanos determina que, para uma
petição ou comunicação ser admitida pela Comissão Interamericana, entre outros requisitos, será
necessário que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna.
Esse princípio de direito internacional reconhecido na referida convenção denomina -se
A) princípio da indivisibilidade.
B) princípio da eficiência.
C) princípio da subsidiariedade.
D) princípio do dever de cooperação internacional.
E) princípio da boa-fé.
4. (CESPE/POLITECRO/2022) De acordo com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, a pena
não pode passar da pessoa do delinquente em razão do direito à(ao)
A) integridade pessoal.
B) reconhecimento da personalidade jurídica.
C) liberdade pessoal.
D) garantia judicial.
E) honra e dignidade.
5. (CESPE/PCAL/2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir .
A pena de reclusão tem por principal finalidade a proteção da sociedade.
6. (CESPE/PCAL/2021) À luz a Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
O Estado que abolir a pena de morte não poderá restabelecê-la.
7. (CESPE/PCAL/2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
Todos os cidadãos devem possuir o direito de participar da direção dos assuntos públicos.
8. (CESPE/PCAL/2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
A sujeição do réu à medida restritiva representa exceção à proibição da limitação de sua liberdade de
conservar sua religião.
9. (CESPE/PCAL/2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
A apologia ao ódio religioso que constitua incitação à hostilidade deve ser vedada por lei.

10. CESPE/PRF - 2019) Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da sua afirmação
histórica e da sua relação com a responsabilidade do Estado, julgue o item.
As pessoas naturais que violam direitos humanos continuam a gozar da proteção prevista nas normas que
dispõem sobre direitos humanos.
11. (CESPE/PRF - 2019) Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da sua afirmação
histórica e da sua relação com a responsabilidade do Estado, julgue o item.

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Apenas por atos de seus agentes o Estado pode ser responsabilizado por violação de direitos humanos
reconhecidos na Convenção Americana de Direitos Humanos.

12. (CESPE/IRBr - 2018) Julgue (C ou E) o item a seguir, acerca do direito internacional dos direitos
humanos e do direito internacional humanitário.

A jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos reconhece a responsabilidade do Estado por


violações de direitos humanos não apenas como resultado de uma ação ou omissão a ele diretamente
imputável, mas também em virtude da falta de devida diligência do Estado em prevenir uma violação
cometida por particulares.

13. (CESPE/DP-DF - 2019) A respeito do Sistema Regional Interamericano de Proteção dos Direitos
Humanos, julgue o item subsecutivo.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos indica, como forma de redução das prisões preventivas, a
utilização das práticas de justiça restaurativa, que, no Brasil, são incentivadas por resolução do Conselho
Nacional de Justiça.

14. (CESPE/PM-AL - 2018) Uma organização não governamental de proteção às mulheres, legalmente
reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando
um hospital da rede pública de determinado estado da federação. Na petição, foi alegado que o hospital
havia realizado esterilização sem o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o
estado brasileiro não adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido,
também, negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve
violação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e à
dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial - todos esses, direitos
previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Julgue os próximos itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).
Caso uma denúncia que descreva os mesmos fatos expostos já tenha sido examinada por outro organismo
internacional, a Comissão declarará a inadmissibilidade da petição.
15. (CESPE/PM-AL - 2018) Uma organização não governamental de proteção às mulheres, legalmente
reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando
um hospital da rede pública de determinado estado da federação. Na petição, foi alegado que o hospital
havia realizado esterilização sem o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o
estado brasileiro não adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido,
também, negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve
violação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e à

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dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial - todos esses, direitos
previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Julgue os próximos itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).
Ao receber e admitir a petição de denúncia, a Comissão a encaminhará à Assembleia Geral da Organização
dos Estados Americanos para que sejam realizadas investigação e apuração dos fatos e, havendo
materialidade, poderão ser solicitadas informações ao governo do estado ao qual pertence a autoridade
responsável pela violação alegada; no caso em tela, o brasileiro.

16. (CESPE/PM-AL - 2018) Uma organização não governamental de proteção às mulheres, legalmente
reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando
um hospital da rede pública de determinado estado da federação. Na petição, foi alegado que o hospital
havia realizado esterilização sem o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o
estado brasileiro não adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido,
também, negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve
violação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e à
dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial - todos esses, direitos
previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Julgue os próximos itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).
O Hospital da rede pública do estado federado agiu de acordo com os fundamentos legais, uma vez que os
Estados-partes da Convecção se comprometem a respeitar os direitos e as liberdades nela reconhecidos e a
garantir seu pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação, salvo por
motivo de saúde pública, quando serão relativizados os dispositivos dessa Convenção em favor do interesse
público.

17. (CESPE/PM-AL - 2018) Uma organização não governamental de proteção às mulheres, legalmente
reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando
um hospital da rede pública de determinado estado da federação. Na petição, foi alegado que o hospital
havia realizado esterilização sem o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o
estado brasileiro não adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido,
também, negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve
violação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e à
dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial - todos esses, direitos
previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Julgue os próximos itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).
A comissão em apreço, cuja função é promover a observância e a defesa dos direitos humanos, representa
todos os membros da organização dos estados americanos, havendo, no máximo, um representante

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brasileiro como membro: não é admitida a participação da comissão de mais de um nacional de um mesmo
Estado.

18. (CESPE/PM-AL - 2018) Uma organização não governamental de proteção às mulheres, legalmente
reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando
um hospital da rede pública de determinado estado da federação. Na petição, foi alegado que o hospital
havia realizado esterilização sem o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o
estado brasileiro não adotara as medidas necessárias para prevenir a referida esterilização, tendo sido,
também, negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve
violação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e à
dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial - todos esses, direitos
previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Julgue os próximos itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).
A apresentação da petição pela citada organização está amparada pelo Pacto de São José e pelo Decreto
anteriormente mencionado, visto que qualquer pessoa ou grupo de pessoas ou entidade não governamental
legalmente reconhecida pode apresentar à Comissão ou à Corte Interamericana de Direitos Humanos
petições de denúncia de violação à Convenção Americana sobre Direitos Humanos por Estado-parte.

19. (CESPE/PM-AL - 2018) Uma organização não governamental de proteção às mulheres, legalmente
reconhecida pelo Brasil, apresentou petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando
um hospital da rede pública de determinado estado da federação. Na petição, foi alegado que o hospital
havia realizado esterilização sem o consentimento da vítima, uma mulher portadora do vírus HIV, e que o
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também, negligente na investigação do caso. Assim, sustenta a organização, na petição, que houve
violação aos direitos à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judiciais, à honra e à
dignidade, à proteção à família, à igualdade perante a lei e à proteção judicial - todos esses, direitos
previstos pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Julgue os próximos itens, considerando o caso hipotético apresentado, o sistema de proteção e as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).
Na referida Convenção, prevê-se que a ingerência arbitrária ou abusiva na vida privada das pessoas, ainda
que sejam elas portadoras de doenças contagiosas, como é o caso dessa mulher portadora do vírus HIV, fere
o direito à honra e à dignidade, devendo a lei protegê-las de tais ofensas.

20. (CESPE/PJC-MT - 2017) Considere as seguintes disposições.


I- Todo indivíduo tem direito à liberdade e à segurança pessoais.
II- As finalidades essenciais das penas privativas da liberdade incluem a compensação, a retribuição, a
reforma e a readaptação social dos condenados.

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III- Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos, políticos,
econômicos, trabalhistas, sociais, culturais e desportivos.
IV- É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
Decorrem da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José e Decreto n.º 678/1992)
apenas as disposições contidas nos itens
a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) I, III e IV.

GABARITO
1. C 8. INCORRETA 15. INCORRETA
2. B 9. CORRETA 16. INCORRETA
3. C 10. CORRETA 17. CORRETA
4. A 11. INCORRETA 18. INCORRETA
5. INCORRETA 12. CORRETA 19. CORRETA
6. CORRETA 13. CORRETA 20. E
7. CORRETA 14. CORRETA

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