rEprOduçãO/ArquivO NACiONAL

VIdA&ARTE

Documentário do
O POVO+ retrata o papel
de Castello Branco na
ditadura militar PÁGINA 1

ANO XCvii - EdiçãO Nº 32.400

FOrTALEZA - CE / R$ 3,00 sEguNdA-FEirA 18/3/2024 WWW.OPOVO.cOM.BR 96 ANOs

BOMBEIrOS

Ceará registra 18
desabamentos em 2024
Onze casos foram em Fortaleza, segundo dados do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará
(CBMCE). Três incidentes ocorreram no fim de semana, dois na Capital e um em Maracanaú
CIDADES, PÁGINA 17

AuréLiO ALvEs FCO FONTENELE

LEÃO NA FINAL MAIS vOOS PArA ArGENtINA

Fortaleza vence o Maracanã por 3 a 0 e confirma Clássico-Rei Com politica do céu aberto, Governo do Ceará busca
na final do Cearense ESPOrtES, PÁGINA 23 fortalecer conexão com o país vizinho ECONOMIA, PÁGINA 16

PÁGINAS AZUIS PREçO cOMPARAdO SUPERMERcAdOS REPORTAGEM

Pesquisador
Bernardo Buarque
Itens do prato feito Por que a criação
de dezenas de
de Hollanda reflete variam até 202% de municípios
O POvO +
sobre a escalada da no Ceará
violência no futebol preços em Fortaleza está parada
mAis.OpOvO.COm.br
Aponte a câmera do celular
para o código, navegue pelo
O pOvO+ e veja esta edição
PÁGINAS 4 E 5 ECONOMIA, PÁGINA 13 PÁGINAS 6 E 7 e muitos outros conteúdos
ISSN 1517-6819

EdIçÃO dE HOJE
MERcADO ASSiNANTE: (85) 3254 1010 WHATSAPP DA REDAÇÃO O POVO: (85) 98893 9919
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 2 FAROL
WWW.OPOVO.COM.BR
SEGUNDA-FEIRA
FORTALEZA - CEARÁ - 18 DE MARÇO DE 2024

HENRIQUEARAUJO@OPOVO.COM.BR

VERTICAL
POR HENRIQUE ARAÚJO
Resultados preliminares
ESTA COLUNA É PUBLICADA DE SEGUNDA A SÁBADO indicam reeleição de Putin
| 5º MANDATO NA RÚSSIA | Comissão Eleitoral russa:
CIRO, SARTO E RC Putin obteve 87,97% dos votos com 24% de urnas apuradas
ARTICULAM CHAPA
prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), criou um grupo

O
NATALIA KOLESNIKOVA/AFP
político para trabalhar diretamente na composição da O presidente russo, Vladimir
chapa de vereadores da base do pré-candidato à ree- Putin, foi reeleito com folga para
leição. Já nesta quarta-feira, 20, esse comitê se encon- um quinto mandato, com 87%
tra pela primeira vez, em reunião em um restaurante no bairro dos votos, segundo resultados
Varjota, para definir diretrizes do bloco governista na disputa preliminares divulgados ontem,
por cadeiras no Legislativo. Além do próprio chefe do Executi- 17, em eleições onde não foi per-
vo, fazem parte do colegiado o ex-presidenciável Ciro Gomes, o mitida nenhuma oposição real.
ex-prefeito Roberto Cláudio, o presidente da Câmara Gardel Ro- Esse número, obtido a partir
lim, o deputado estadual Antônio Henrique, o vice-prefeito Élcio de uma pesquisa do instituto
Batista, o articulador Elpídio Moreira e o chefe de gabinete da oficial Vtsiom, foi anunciado
gestão pedetista, Renato Borges. pela televisão estatal.

E, de acordo com a Comis-

ENCONTRO
Ciro, Sarto e RC comandam o
encontro de quarta, ao meio-
dia, ao lado dos presidentes
dos nove partidos que fazem
parte do arco de sustentação
da Prefeitura. A intenção é
ajustar o desenho da chapa de
NÚMERO
O Paço calcula chegar a 400
candidatos a uma cadeira na
Câmara Municipal espalha-
dos por essas legendas. Desse
total, o governo Sarto proje-
ta eleger ao menos 30 parla-
mentares, dos quais 14 seriam
são Eleitoral russa, o chefe
do Kremlin obteve 87,97%
dos votos após a apuração de
24% das seções eleitorais.
VLADIMIR Putin, reuniu-se com a
“A Rússia escolheu”, declarou mídia na sede de sua campanha em Moscou
a chefe da Comissão Eleitoral,
Ella Pamfilova, que indicou que
a participação atingiu o recor- os cidadãos da Rússia que que os objetivos da Rússia se-

vereadores na Capital.
CIRO NA PISTA
O movimento também expli-
cita a entrada de vez de Ciro
na articulação política para
reeleger Sarto. A agenda é a
primeira de uma série de ati-
vidades previstas para o pe-
detista logo depois de o irmão
Cid Gomes se desfiliar do PDT.
CORRIDA
No PT de Fortaleza, o fim de
semana foi de correria para
os pré-candidatos à Prefeitu-
ra. Evandro Leitão, Guilher-
me Sampaio e Luizianne Lins
se movimentaram, sobretudo
o presidente da Alece e a ex
-prefeita, que vêm duelando.
apenas do PDT.
CID TAMBÉM
Hoje no PSB, Cid deixou a sigla
após o racha de julho de 2022
durante a escolha de Roberto
Cláudio como candidato do
PDT ao Governo do Estado. As
eleições municipais de 2024,
então, vão ser um teste de
fogo para os ex-aliados.
CONSTRUÇÃO
Correndo por fora, Larissa
Gaspar tenta compensar des-
vantagem numérica com uma
costura intensa para a forma-
ção de uma base militante na
Cidade. Dos cinco nomes pe-
tistas, apenas Artur Bruno tem
se mantido mais parado.
de de 74,22%.
Putin, um ex-agente da KGB
de 71 anos, está no poder desde
o último dia de 1999. Se com-
pletar mais um mandato, terá
permanecido no poder mais do
que qualquer outro líder russo
desde Catarina, a Grande, no
século XVIII.
Ele não tinha opositores
reais nessas eleições, depois de
excluir dois candidatos contrá-
rios ao conflito na Ucrânia.
Putin agradeceu aos russos
por votarem nas eleições pre-
sidenciais e saudou os soldados
que combatem na Ucrânia.
“Quero agradecer antes de
tudo aos cidadãos, somos to-
dos uma única equipe, a todos
foram às urnas e votaram”,
declarou Putin perante sua
equipe de campanha em uma
aparição transmitida pela te-
levisão estatal.
Ele afirmou que seu país não
será “intimidado” nem “supri-
mido”. “Nunca ninguém con-
seguiu fazer isso na história.
Isso não funcionou hoje e não
funcionará no futuro. Nunca”,
assegurou no discurso.
Acrescentou que os primei-
ros resultados das presiden-
ciais lhe deram uma ampla
vitória, demonstrando a “con-
fiança” dos russos em seu po-
der. Disse ainda que suas tro-
pas têm a vantagem no front da
Ucrânia e prometeu novamente

rão “alcançados”.
O presidente também co-
mentou que a morte na prisão
do opositor russo Alexei Naval-
ny é um “acontecimento triste”
e que, antes de seu falecimento, REAÇÕES
desejava uma troca de prisio- Presidente
neiros que o incluísse. ucraniano,
Ao mencionar o nome de Na- Zelensky,
valny em público pela primeira afirmou que
Putin está
vez em anos, Putin disse: “No “embriagado
que diz respeito ao senhor Na- pelo poder” e
valny. Sim, ele faleceu. É um quer “reinar
acontecimento triste”. “Dias an- eternamente”.
tes da morte do senhor Navalny, Reino Unido
alguns colegas me disseram... lamentou
Há uma ideia de trocar Navalny a falta de
eleições
por algumas pessoas presas em “livres e
países ocidentais... E eu disse que justas”
estava de acordo”, acrescentou.

LEONARDO SÁ/AGÊNCIA SENADO

CHARGE@OPOVO.COM.BR

CHARGE \ Clayton

BRIGA PELO SENADO GANHA CORPO

Embora 2026 esteja distante, eleitoralmente a briga pelas duas
vagas no Senado já começou. No Ceará, estão no páreo Eunício
Oliveira (MDB), o ex-suplente de senador Chiquinho Feitosa (Re-
publicanos), José Guimarães (PT) e o senador Cid Gomes (PSB).

APOSTA
Esse quarteto corresponde
somente aos nomes presentes
no bloco à frente do Gover-
no do Estado. Do grupo, três
surgem com mais força: Cid,
Eunício e Guimarães, que, não
por acaso, concorrem entre si
também no interior cearense.
FILIAÇÕES
Para os dirigentes, a agenda
de filiações de prefeitos Ceará
adentro vem sendo o termô-
metro para cacifá-los daqui
a dois anos a um mandato
de senador. Como são apenas
duas cadeiras, no entanto, al-
guém vai ficar pelo caminho.

HORIZONTAIS_
A Comissão de Direitos Humanos e o Memorial da UFC
promovem no dia 1º de abril o seminário “64 – razões
TÁBUA DAS MARÉS FONTES: OBSERVATÓRIO NACIONAL E FUNCEME

para não esquecer”, a partir das 9 horas, no auditório

da reitoria. Pela manhã, os debates se dão em torno da
HOJE AMANHÃ LUA
mesa “O golpe e seus impactos na UFC”. À tarde, o tema
em discussão é “O que resta do golpe? De 1964 a 2024”.
 MARÉ BAIXA
4h00min / 0,9 metro
 MARÉ BAIXA
5h46min / 0,9 metro c
Crescente
h
Cheia
m
Minguante
n
Nova
 MARÉ ALTA  MARÉ ALTA atual 25/3 2/4 8/4
10h26min / 2,4 metros 12h12min / 2,3 metros

 MARÉ BAIXA  MARÉ BAIXA

TEMPO EM FORTALEZA
17h06min / 0,8 metro 18h47min / 0,8 metro Temperatura Temperatura Nublado
O colunista Carlos Mazza está de Máxima Mínima
AVISO férias. Henrique Araújo assume a
Vertical neste período
 MARÉ ALTA
23h44min / 2,3 metros 31⁰C 24⁰C 

www.opovo.com.br
Segunda-feira
Fortaleza - CearÁ - 18 de Março de 2024
Consumidor ficou
em média 10,4
horas sem energia
| 2023 | Aneel
rovena rosa/agênCia Brasil
Apesar de grandes apagões
provocados por tempestades no
ano passado, como em São Pau-
lo e no Rio Grande do Sul, o bra-
sileiro ficou, em média, menos
tempo sem energia em 2023 que
em 2022. Segundo levantamento
da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), o consumidor
ficou 10,4 horas sem eletricida-
de no ano passado, com cinco
cortes de fornecimento no ano.
O levantamento representa
dado médio, tempo e número
de eventos de interrupções di-
vididos pelo total de consumi-
dores. Em 2022, o brasileiro fi-
cou 11,2 horas sem energia, com
5,47 cortes de fornecimento, em
média, para cada um.
Segundo a agência, hou-
ve melhora na qualidade de
prestação do serviço entre
2022 e 2023, com redução no
tempo médio e na frequência
das quedas de energia.
Mesmo com a redução do
tempo sem eletricidade, as dis-
tribuidoras com níveis altos de
interrupção de energia paga-
ram mais compensações à Aneel
no ano passado. Em 2023, as
rANKING da aneel mostra
enel Ce em 18ª posição
concessionárias pagaram R$ 1,08
bilhão à agência reguladora,
contra R$ 765 milhões em 2022.
As compensações são pagas
por meio de descontos na conta
da luz. Segundo a Aneel, o au-
mento é consequência do aper-
feiçoamento das regras de com-
pensação para destinar mais
valores a consumidores com
“piores níveis de continuidade”.
A Aneel também divulgou o
ranking de avaliação de gran-
des distribuidoras de energia.
As companhias são avaliadas
com base no tempo médio em
que cada unidade consumidora
ficou sem energia e no número
médio de interrupções ocor-
ridas. Cada empresa tem uma
meta estabelecida pela agência
reguladora, que avalia se os cri-
térios foram cumpridos.
Somente as distribuidoras
com mais de 400 mil consu-
midores foram avaliadas. Em
2023, a companhia mais bem
avaliada foi a CPFL Santa Cruz,
que atua no interior de São Pau-
lo. A concessionária com pior
avaliação foi a Equatorial Goiás.
A Enel CE ocupa a 18ª colocação
em uma ranking com 29 distri-
buidoras. (Agência Brasil)
Farol 3
edição: domItIlA ANdrAde | doMitila.andrade@oPovo.CoM.Br | 85 3255 6101
Mundo
Netanyahu
handebol
promete evacuar
civis antes de
divulgação/iHF/direitos reservados
ofensiva em Rafah
o primeiro-ministro de israel,
Benjamin netanyahu,
assegurou ontem, 17, que não
lançará nenhuma ofensiva
terrestre em Rafah sem
evacuar primeiro os cerca de
1,5 milhão de palestinos que
se aglomeram nesta cidade no
sul da Faixa de Gaza. Rafah, na
fronteira com o Egito, é a
última cidade do território
palestino. netanyahu, que
prometeu “aniquilar” o Seleção forA doS JoGoS
movimento islamista,
reafirmou sua determinação A seleção brasileira de handebol masculino ficou fora da
de lançar uma ofensiva em próxima edição dos Jogos olímpicos após ser derrotada
Rafah, mas garantiu que uma pela espanha por 28 a 26, ontem, 17, no Palau d’esports
operação desse tipo “não é de granollers, na região da Catalunha (espanha), em
algo que faremos deixando a partida válida pelo Pré-olímpico da modalidade. Com o
população presa lá”. (Afp) resultado ontem, o Brasil terminou em terceiro lugar na
classificação de sua chave, ficando fora da zona de
classificação para os Jogos de Paris. As vagas ficaram
com espanha e eslovênia. (Agência brasil)
aos 83 anos
Morre Zé Flávio,
rio 62,3°C
ex-jornalista
e destaque do
tÉrCio teiXeira/aFP
basquete cearense
Faleceu, no último sábado, 16,
o ex-jogador e ex-técnico de
basquete José Flávio teixeira,
mais conhecido como zé
Flávio, aos 83 anos.
Referência no basquete
cearense, o ex-atleta chegou a
atuar na seleção brasileira
juvenil. apesar da baixa
estatura para a modalidade
(1,60m), zé Flávio se
destacava pela habilidade em
quadra. o também ex-
jornalista esportivo e recorde de SeNSAção térmIcA
advogado foi vice-campeão
brasileiro com a seleção o rio de Janeiro registrou um novo recorde de sensação
cearense em 1964. naquela térmica na manhã de ontem, 17, em Guaratiba, na zona
oportunidade, o Ceará perdeu oeste, com 62,3°C. o recorde anterior tinha sido batido
o título para a seleção de são neste sábado, 16, na mesma região, com 60,1°C. É a
Paulo. o sepultamento de zé maior sensação térmica registrada desde 2014, quando
Flávio ocorreu na manhã de essas medições começaram a ser feitas. A sensação
ontem, 17, no Cemitério são térmica é um índice de calor calculado a partir dos dados
João Bastista, em Fortaleza. da temperatura do ar, mas também da umidade. Quanto
(João vitor Umbelino, maior a temperatura e a umidade relativa do ar, maior
especial para o povo) será a sensação térmica. (Agência estado)

4 SEGUNDA-FEIRA
MUSEU DO FUTEBOL | FOTO FERNANDO PILATOS
BERNARDO
BUARQUE DE
HOLLANDA
O COMPLEXO
CENÁRIO DE
VIOLÊNCIA
NO FUTEBOL
| TORCEDORES | Sociólogo explica surgimento
e mudança de perfil das torcidas organizadas
no Brasil e sugere medidas que poderiam ser
adotadas por autoridades e entidades do esporte
AFONSO RIBEIRO
afonso.ribeiro@opovo.com.br
Sociólogo, professor, escritor e pesquisador
da história do futebol brasileiro e das torcidas
organizadas, Bernardo Buarque de Hollanda, em
entrevista ao O POVO, debruçou-se sobre o tema
por mais de uma hora com a autoridade de uma
das principais referências nacionais sobre o tema
e abordou as mais diversas facetas.
Formado em Ciências Sociais pela UFRJ, mes-
tre e doutor pelo programa de pós-gradução em
História Social da Cultura pela PUC-Rio, pós-dou-
tor pela Maison des sciences de l’homme de Paris
e pela University of Birmingham e professor da
Escola de Ciências Sociais da FGV, Bernardo ex-
plicou o surgimento destes grupos nas arenas
brasileiras, a escalada da agressividade a partir
de disputa de poder interno e entre torcedores
de clubes rivais e possíveis formas de amenizar o
ódio desenfreado, com prevenção e punição.
O atentado contra a delegação do Fortaleza em
Pernambuco, na madrugada do último dia 22 de
fevereiro, reacendeu o debate sobre o preocu-
pante e constante cenário de violência no futebol
brasileiro, com as torcidas organizadas em foco.
Os casos extrapolaram as arquibancadas dos es-
tádios e já ocorrem também em locais distantes
das praças esportivas, envolvendo confrontos
previamente marcados ou emboscadas, com de-
zenas de mortes contabilizadas.
Os episódios de violência — que não se res-
tringem mais às próprias torcidas e já atingiram
profissionais dos clubes — não são exclusivi-
dade do Brasil, mas outros países, sobretudo da
Europa, conseguiram adotar medidas para es-
tancar a sangria e afastar agressões, explosivos
e assassinatos do noticiário esportivo. “Punimos
indiscriminadamente, que é a solução mais fácil”,
pondera Bernardo.
O POVO - Como se dá o surgimento das
torcidas organizadas no Brasil e qual era o
cenário da época nos estádios?
Bernardo Buarque de Hollanda - A estru-
turação das torcidas (organizadas) tem uma
baliza que é o advento do profissionalismo do
futebol. Na virada dos anos 1930 para os anos
1940, começam a se oficializar esses grupos,
que existiam, de maneira informal, desde a
chegada do futebol e as primeiras décadas
do chamado amadorismo do futebol, naquele
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FORTALEZA - CEARÁ - 18 DE MARÇO DE 2024
momento em que jogar era um prazer, não ha-
via salário. No início dos anos (19)40 é que se
identifica, na imprensa, a primeira organi-
zação de uma estrutura que passa a seguir os
clubes de uma maneira coordenada e mais ro-
tineira no cenário do futebol.
Ao longo dos anos 40 e 50, elas se implanta-
ram, se consolidaram com pequenos grupos, em
que a lógica era unitária, ou seja, cada clube era
regido por uma torcida organizada ou uniformi-
zada, que, por sua vez, era regida por um único
líder, um único chefe. Inclusive, a expressão “che-
fe de torcida” vem de “chefe de polícia”, que passa
também a estar presente nos estádios. O cresci-
mento nos anos 40 e a massificação nos anos 50
do futebol brasileiro, com a Copa do Mundo e ou-
tros episódios, fazem com que a presença do che-
fe de polícia no estádio passe a ser obrigatória.
Curiosamente ou paradoxalmente, durante
muito tempo, a ideia do chefe de torcida era que
ele era um auxiliar do chefe de polícia, era aque-
la figura que, de alguma maneira, intermedia-
va aquela negociação com a polícia, justamente
no sentido de conter o transbordamento dessa
massa que ocorria nos estádios. E os relatos de
incidentes em estádios são anteriores ao ad-
vento das torcidas organizadas. Expressões da
imprensa como “sururu”, “charivari”, “quipro-
có”, termos pitorescos da época que mostravam
como os estádios eram muito cheios, superlo-
tados, com más condições, e isso fazia com que
houvesse invasões de campo, brigas, inclusive
há relatos de ataques a juízes (árbitros), mui-
tas vezes os juízes tinham dificuldade de sair do
estádio porque as formas de intimidação, já nos
anos 20, 30, eram crescentes.
De alguma maneira, a ideia de organizar a
torcida passa a ser também a ideia de colaborar
com as autoridades e aqueles responsáveis por
manter a ordem dentro do estádio. Com estádios
para 100 mil, 150 mil torcedores, isso era ainda
mais importante. Na primeira fase do profissio-
nalismo (do futebol) no Brasil, essa foi a tônica:
pequenos grupos, de 50 torcedores, muitas das
vezes com ligações diretas com os clubes, algu-
mas vezes até remunerados pelos clubes... Havia
uma ideia de uma banda, uma orquestra, de que
era um grupo que animava o jogo, como uma for-
ma até de distrair esses comportamentos mais
violentos, mais transgressores.
É um imaginário inteiramente diferente da-
quilo que a gente tem hoje e passou a ser a tônica
dos anos 1980 para cá. Parece quase que inacre-
ditável que possa ter sido assim durante muito
tempo, pelo menos se a gente pensa nesse sub-
grupo específico, de torcida organizada, já que
torcida, como fenômeno coletivo mais abrangen-
te, na longa duração da história do futebol como
um todo no Brasil, sempre teve essa questão:
como controlar grupos, indivíduos na multidão. É
uma questão que vem do século XIX e transborda
o próprio esporte.
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Segunda-feira
Fortaleza - CearÁ - 18 de Março de 2024
vIoLÊNcIA
op - A escalada da violência entre
as torcidas foi a partir dos anos
1980, então? o que levou a isso?
bernardo - Nessa cronologia, com o
advento da segunda fase do profissiona-
lismo no futebol brasileiro... E aí a gente
adota essa passagem dos anos 60 para 70
como uma inflexão, uma mudança nes-
se paradigma. Lembremos: criação do
Campeonato Brasileiro, televisionamen-
to dos jogos, outra escala de abrangência
do futebol, que era típico da era do rádio,
enfim, uma outra configuração do futebol
brasileiro surge a partir dos anos 1960,
e isso vai gerar também uma mudança
desses grupos mais tradicionais, em que
essas lideranças vinham desde os anos
1930, 40, já eram veteranos líderes de
torcida. E dentro da torcida de cada clu-
be quebra-se esse princípio da unidade.
Esse é um momento de mudança, dos
anos 60 para os anos 70, com o advento
das chamadas Torcidas Jovens, no Rio de
Janeiro, em que a nova geração de torce-
dores não concorda mais com a unidade
ou com a figura de autoridade, seja do
clube — passam a questionar o clube —,
seja do dirigente ou seja do próprio líder
daquela torcida mais tradicional, que já
era alguém com 60, 70 anos. Então, há esse
movimento juvenil nas arquibancadas, que
cria as primeiras dissidências de torcidas
organizadas e isso, na própria distribuição
da arquibancada, eles começam a se pos-
tar atrás dos gols, em outra posição.
Grupos de torcidas de bairro, torcidas
femininas, caravanas para acompanhar os
clubes Brasil afora... Tudo isso modificou
uma relação que era apenas para o jogo,
com uma identidade que agora não era só o
pertencimento clubístico, mas era o perten-
cimento à torcida, ou seja, começa a criar
relações que são mais duradouras, mais
identitárias, no seio do próprio torcedor.
Isso vai acontecer dos anos 60 para os
anos 70, até o início dos anos 80. Foi um
momento de transformação, lento, pouco
perceptível, e a gente começa a ver, pouco
a pouco, uma espécie de autonomia desses
grupos e um tipo de relação desses grupos
começa a se estruturar, seja por amizades
e alianças, seja por inimizades e rixas. Os
anos 1980, juntamente com o contexto so-
cial brasileiro, na chamada “década per-
dida”, de crise econômico-social, foi um
momento em que essas rixas se autono-
mizaram e, junto ao calendário esportivo,
começaram a se enraizar. Isso, de fato,
tem uma escalada nos anos 80.
Ou seja, esses grupos, que eram peque-
nos, porque eram múltiplos — chegou a
haver dezenas de torcidas de cada clube
nos anos 1970 —, começaram a se afunilar
nesses grupos, que começaram a crescer
muito, também por conta da rivalidade.
A rivalidade se tornou um chamariz
para esses grupos. E aí, em 1988, temos
uma primeira morte premeditada relacio-
nada à rivalidade, em São Paulo, e nos anos
1990, esse crescimento exponencial fez
com que esses grupos passassem a ter a
escala do milhar: 10 mil, 20 mil, 30 mil as-
sociados. E aí, de fato, a perda do contro-
le em relação ao comportamento desses
grupos foi notável e tem o cenário de tudo
que a gente conhece hoje, uma represen-
tação mais geral social do que é uma tor-
cida organizada, deliberadamente voltada
para os confrontos, que se organiza para
os enfrentamentos em dia de clássico.
Começa também a haver uma judicia-
lização e criminalização da torcida como
contrapartida desse crescimento desmedi-
do, essa perda de controle interno e cada vez
mais com os confrontos tendo resultados
fatais, que chocam a opinião pública, levam
a sociedade a pressionar as autoridades
para encontrarem solução. Então, a gente
tem esse cenário, desde meados dos anos
1990, bastante complexo, difícil de lidar.
op - A partir da divisão dessas torcidas
em subgrupos, como bairros, por exemplo,
também aumentou a disputa pelo poder?
Naturalmente elas são um reflexo do
cenário da sociedade...
bernardo - Esse fenômeno da territorialização
das torcidas é um desdobramento desse próprio
crescimento demográfico, ou seja, na medida em
que o poder se torna muito grande, esse núcleo
central passa a distribuir o poder nas subsedes. E
aí, de fato, tem várias nomenclaturas, até são ex-
plicitamente militares, bélicos, de enfrentamen-
to: pelotão, esquadrão... Os símbolos das torcidas
passam a ser de vilões, figuras amedrontadoras.
É curioso porque eles herdam os símbolos dos
mascotes dos clubes, mas transformam.
No São Paulo, por exemplo, que é o anjo, o anjo
que é o símbolo da Torcida Independente é um anjo
“marombado”, personifica essa imagem do luta-
dor, e isso tem na raposa, que é o símbolo do Cru-
zeiro, quando pega a Máfia Azul... Ou seja, a ideia
do respeito, do temor, da valentia, gera esse ca-
talisador nesses grupos, mas, ao mesmo tempo, o
poder começa a ser distribuído na medida em que
o crescimento quantitativo leva a essa fragmen-
tação. E aí, pouco a pouco, além das rivalidades
intertorcidas, ou seja, a rivalidade do Corinthians
com o Palmeiras, que gera que suas torcidas or-
ganizadas tenham esses códigos mortais, a luta
pelo poder interno também gera um processo de
tensão, de quem vai controlar essa torcida.
A territorialização também é uma preocupa-
ção e um sinalizador de que, por exemplo, solu-
ções como torcida única não resolvem esse tipo
de efeito colateral que acontece e que cada vez
mais esses grupos se voltem contra si. Por exem-
plo, a Camisa 12, do Corinthians, rivaliza com a
Gaviões, do Corinthians, porque cada uma quer
ser a maior dentro do Corinthians, mas, dentro
de cada uma dessas torcidas, essa territoriali-
zação também gera brigas internas. Na torcida
única continua a tensão dentro dos estádios, e
esse tipo de efeito não é identificado.
Esse é um processo que a questão da judiciali-
zação, ou seja, entrada do Ministério Público — e
aí no caso do Ceará, as torcidas do Fortaleza são o
caso mais emblemático disso, o que está aconte-
cendo entre a JGT e a TUF é um exemplo gritante
dessa disputa pelo poder, das pequenas diferen-
ças que são resolvidas à força. Esse é um ponto
delicado para a entrada dos Ministérios Públicos
Estaduais dentro dessa relação. A judicialização
das torcidas, claro, cria medidas que vão inibir,
conter, limitar a ação institucional desses grupos,
mas a lógica e a regularidade da estrutura de um
calendário esportivo permitem que esses grupos
continuem atuando, mesmo quando eles estão
impedidos de entrar em estádios.
A ideia de que você consegue conter uma par-
te desse fenômeno, mas, muitas das vezes, esse
fenômeno começa a ter efeitos perversos mais
complicados, mais complexos, é um ponto bas-
tante delicado para a gente resolver. Junto a
isso, quer dizer, a outra face da judicialização e
da criminalização é a questão repressiva. O fu-
tebol como um todo, as autoridades terceirizam,
já que, constitucionalmente, cabe à Polícia Militar
zelar pela segurança pública no Brasil, a respon-
sabilidade de interagir com as torcidas, única
e exclusivamente. Isso gera que a visão de uma
política repressiva e a solução dos problemas
unicamente através da polícia também gere um
clima ainda mais beligerante. [...]
Esse vem sendo um problema crônico também
fora do estádio, e essa é uma questão que está
também sendo um efeito colateral desse tipo de
ação, que entende apenas a repressão como uma
medida para tentar — porque eu digo que uma
solução mágica, milagrosa não existe — enten-
der isso. Me parece que federações, confedera-
ção, autoridades, dirigentes dos clubes lavam
as mãos, entregam esse problema, só que esse
problema está chegando para os clubes também,
como a gente vê ataques às delegações e puni-

Sim, é parente
Ao FINAL da entrevista, o
sociólogo confirmou uma
dúvida que é recorrente
quando as pessoas se deparam
com o sobrenome: “o Chico
(Buarque) é primo do meu pai”,
relatou, referindo-se ao cantor
e compositor
Na telinha
o proFESSor concedeu a
entrevista, de forma remota, em
uma manhã de segunda-feira, já
no prédio da FGV. a imagem no
vídeo não aparecia inicialmente,
mas Bernardo recorreu a
funcionários da instituição
para solucionar o problema e
explicou que à tarde teria uma
banca para avaliar e também
precisaria da tecnologia
Acordo de paz
DIAS antes da publicação desta
entrevista, as duas principais
torcidas organizadas do
Fortaleza (tUF e JGt) realizaram
um encontro e prometeram selar
a paz dentro e fora dos estádios
em prol do clube
ções que são derivadas disso. Nesse momento os
clubes aparecem, mas, mais uma vez, temos um
problema que não é nacional, é internacional.
O ponto é que a gente está simplesmente al-
terando os focos, mas a canalização da violência
continua entre esses grupos e não se identificam
esses elementos, que estão nas ruas nos dias de
jogos, muitas vezes não entram no estádio, e es-
tão reiteradamente cometendo esse tipo de ação,
seja com a torcida lícita entrando no estádio, seja
em caso negativo. Me parece que não há uma
concertação de interesses e uma política pública
perene, contínua, um monitoramento contínuo...
Por exemplo, nos anos 1980, a gente fala muito
do hooliganismo na Inglaterra, mas as autorida-
des alemãs identificaram o hooliganismo na Ale-
manha e criaram uma série de medidas preven-
tivas, paliativas, conciliadores, que mobilizaram
psicólogos, serviço social, agentes comunitários,
os chamados Fan Projects alemães. Existem des-
de os anos 80 e são subvencionados também pela
Bundesliga (liga do Campeonato Alemão), que
apoia esse tipo de ação, que é mediadora de con-
flito. É um paraíso na Alemanha? Não é um paraí-
so, continua havendo hooliganismo, mas ele tem
muito menos capilaridade e letalidade do que a
gente está vendo um fenômeno cada vez mais
alarmante no Brasil. Houve uma aposta em algo
diferente, e a gente usa o exemplo alemão como
um exemplo alternativo de uma política que
combina repressão com prevenção.
ATENTADo Ao ForTALEZA
op - Sempre que há episódios de
violência no futebol surge o debate se os
responsáveis são realmente torcedores
dos times. Qual é a sua opinião?
bernardo - Quando a gente fala da comple-
xidade do fenômeno fica parecendo uma coisa
muito genérica, mas o ponto é que ao mesmo
tempo que esses grupos têm uma instituciona-
lidade, têm uma marginalidade. Coexiste isso
dentro de uma mesma torcida. Em São Paulo,
por exemplo, as torcidas são escolas de samba,
têm quadras, uma vida social, humanitária, co-
letiva que está enraizada, ou seja, tem uma ins-
titucionalização, ela existe. Você colocar na ile-
galidade uma coisa que existe é um problema. O
ponto é que dentro dessa roupagem institucio-
nal existem subgrupos que agem dentro e não há
inteligência capaz de identificar esses grupos.
Em alguns, eles estão no núcleo duro de poder
daquela torcida; em outros, estão nas franjas.
Por exemplo, o lazer do Carnaval, que, no Rio
de Janeiro, gerou escolas de samba. A gente sabe
que todo poder comunitário no Rio de Janeiro,
numa sociedade em que tem milícia, tráfico, está
ali permeado, em alguma medida, por esse tipo
de relação. Então, vamos acabar com o Carnaval?
Vamos acabar com as escolas de samba porque,
em alguma medida, algumas delas são afetadas?
É preciso primeiro diferenciar, dosar e saber
identificar, porque existem torcidas de grande
porte, de médio porte e de pequeno porte. Exis-
tem as torcidas de cerveja, que fazem a festa, as
torcidas rasta... Têm uma tipologia de grupos.
Quando você fala que todos são criminosos,
todos são violentos, você coloca por terra um
contingente muito grande e inviabiliza o próprio
sentido daquela torcida ter uma pauta positiva.
Na medida em que você só estigmatiza, cada vez
mais, para aquele grupo, correm as pessoas que
mEDIDAS prÁTIcAS
vão com essa intenção de tornar aquele o seu es-
paço de consumo de drogas, venda de drogas,
etc. Seria hipocrisia dizer que isso não existe. Isso
existe. Assim como outras associações que exis-
tem na sociedade sofrem essas mesmas questões.
É claro que sempre entra a coisa da valentia,
mas é um ponto para a gente não achar que tudo
é assim, que tudo só pode ser assim e que assim
sempre será, porque, independentemente do que
a lei colocar ali, os grupos existem. É um dado da
realidade. Então é melhor negociar com o que
essa realidade nos coloca e criar as limitações. [...]
Essa cooperação, essa articulação e essa con-
certação de interesses — pelo menos é o que a
gente avalia como diagnóstico — é melhor como
encaminhamento do que simplesmente chegar
um promotor e diz: “Declaro extinta a JGT”, “de-
claro extinta a TUF”. Os efeitos futuros... A curto
prazo se estanca, mas, futuramente, algum tipo
de problema acaba voltando, como uma mola,
que volta com mais força.
É a inteligência na ação preventiva, anteci-
pada, capaz de identificar. Vai perguntar para
o secretário de Segurança como é que resolve a
violência? Não resolve com uma medida, porque
é um aspecto cultural, histórico, social, o que não
lava as mãos de fazer coisas, de haver medidas
enérgicas. Esse também não é o salvo-conduto,
não é porque a violência está na sociedade e es-
pelha isso no futebol que a gente vai aceitar que
eles se matem. Por que eles estão se matando?
Tem um elemento aí que é de fundamento. Por
que esse ódio levou a esse tipo de linchamento até
a morte, uso de arma de fogo? O que está levando
esses grupos a agirem assim e como mudar isso.
op - E o que leva a essa rivalidade entre
torcidas organizadas do mesmo clube?
A disputa por poder e prestígio acaba
ficando acima da paixão pelo time...
bernardo - Tem uma expressão que eu acho
que dá essa dimensão, que é “fundamentalismo
5
clubístico”. Esse fundamentalismo clubístico leva
essas torcidas a se voltarem tanto para si que isso
acaba gerando esse tipo de situação. São essas si-
tuações que ensejam esse tipo de confronto. Nos
anos 1980, as brigas eram dentro dos estádios;
os estádios começaram a ser mais monitorados
e policiados, eles migraram para fora. Agora, se
tem o raio (no entorno do estádio) também cada
vez mais monitorado, e aí o que eles utilizam como
estratégia? Os jogos de outras modalidades. É um
jogo que tem menos vigilância.
Quando você olha apenas para o espaço do es-
tádio, perde de vista esses outros tipos de enfren-
tamento. Quando aconteceu o episódio no estádio
do Corinthians, era exatamente isso: estavam no
espaço da torcida visitante, mas desconhecendo
que havia essa rivalidade e sabendo que aquele
era um espaço para medir forças, aqueles dois
grupos (TUF e JGT) se enfrentaram ali, na mão.
Esse fundamentalismo clubístico me remete a
essa imagem de que cada vez mais é um funda-
mentalismo da torcida, ou seja, a minha identi-
dade, que independe do clube, passa a ser o meu
próprio grupo. Afirmar o meu próprio grupo de-
pende de negar o outro grupo ou de odiar o outro
grupo. E como cada vez mais eu estou coexistindo
com aquele outro grupo, que é da minha mesma
torcida, eu passo também a vê-lo como diferente
e, logo, como aquele que tem que ser aniquilado.
op - o atentado contra o Fortaleza
em pernambuco teve bastante
repercussão, mas ainda sem
punições. Isso não pode dar uma
sensação maior de impunidade a
esses grupos?
bernardo - Tem esse dilema da midia-
tização. Passou no Fantástico, toda a co-
bertura que teve, a repercussão que teve,
você criou ainda mais essa ideia de “que
absurdo, vejam que coisa que foi feita por
essas figuras más”, tem uma imagem de
vilanização. Por outro lado, em alguma
medida, para determinados grupos, os
caras que fizeram isso podem até subir
num certo respeito, num certo status. Os
caras foram ousados... E isso teve com o
Bahia, com vários grupos. [...] Por um lado,
a sociedade estigmatiza esses grupos ain-
da mais; por outro, em certo sentido, até
isso valoriza algumas pessoas, que pas-
sam a ser vistas como o cara que ousou
fazer aquilo e isso saiu no Jornal Nacional.
op - o Fortaleza tem tido uma postura
bem ativa cobrando punições, assim como
outras equipes já tiveram em outros casos.
Esta posição dos clubes pode ser um ponto
importante no combate à violência?
bernardo - Ainda tem sido um tipo de ação
reativa, ou seja, houve esse incidente, e aí isso
desperta uma consciência e ações são iniciadas.
Ainda não vejo algo proativo, que tente, de ante-
mão, ver isso como um problema que está coloca-
do e que em algum momento vai repercutir, não
se sabe com quem, mas somos todos interessados,
vamos nos unir para fazer algo em relação a isso.
op - Quais medidas poderiam
ser adotadas por autoridades
de segurança, poder público e
entidades do futebol para amenizar
o cenário atual de violência?
bernardo - Em geral, a gente fala em
repressão no curto prazo, prevenção no
médio e reeducação no longo prazo. É
preciso articular medidas de curta, média
e longa duração; integrar e articular, por
exemplo, Polícia Militar e Polícia Civil, que,
historicamente, também não trabalham
juntas; é preciso que os clubes deixem de
ser apenas reativos, porque se preocupam
com essa questão de que vão ser puni-
dos ou perder pontos, perder mandos de
campo; e é preciso que a entidade maior
que organiza o calendário esportivo tam-
bém não terceirize isso, como se simples-
mente fosse um problema do Estado, da
Segurança Pública, a Constituição diz isso,
então lavo mãos, não vou fazer nada. [...]
Aí, a gente entra também com visões de
política repressiva e política preventiva,
que é também o modo como está polariza-
do o nosso País. O equilíbrio está no meio, a
solução está no meio. Não é nem simples-
mente a coisa do tratar bandido com direi-
tos humanos e nem tratar bandido como
“bandido bom é bandido morto”. Tem que
articular repressão e prevenção e buscar
referências em casos que deram certo.
O POVO +
Mais.opoVo.CoM.Br
assinantes têm acesso
exclusivo e antecipado à
íntegra da entrevista
 6 RepoRtagem Política
edição: Érico Firmo | eriCoFirMo@oPovo.CoM.Br | 85 3255 6101
LudmyLa barros
eSPeCial Para o Povo
ludmyla.vieira@opovo.com.br
Neste ano, os moradores
de Boa Esperança do Nor-
te, no Mato Grosso, irão pela
primeira vez eleger prefeitos
e vereadores do município
mais novo do Brasil. Apesar
de tentar a emancipação des-
de 2000, a separação oficial de
Sorriso e Nova Ubiratã (MT)
ocorreu só em 2023.
No Ceará, há movimentos
para criação de pelo menos 19
municípios. Os últimos foram
criados no Estado há mais de
30 anos. Desde 1996, leis que
tratam de emancipações se
tornaram mais restritivas. As
discussões foram delegadas
ao Poder Legislativo nos esta-
dos e ao Judiciário. Cada caso
é analisado individualmente.
Não há lei federal com crité-
rios uniformes.
Houve disparada no número
de emancipações com a rede-
mocratização, que deu auto-
nomia de entes federativos aos
municípios. Durante a ditadura
militar (1964-1985) esse tipo de
divisão era controlado rigida-
mente, pela centralização do
poder do regime.
Ao final da ditadura, além de
a separação ser permitida, ela
não precisava cumprir critérios
específicos. Os únicos pré-re-
quisitos eram: a preservação da
continuidade e da unidade his-
tórico-cultural do ambiente ur-
bano, de acordo com o previsto
em lei complementar estadual,
e a consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dire-
tamente interessadas.
Houve, então, um cresci-
mento desenfreado. Segundo
o Instituto de Pesquisa Econô-
mica Aplicada (Ipea), de 1984
a 2000, foram instalados 1.405
municípios, dos 5.568 que exis-
tem hoje no Brasil. No Ceará,
dos 184 municípios, 43 foram
criadas do ano final da ditadu-
ra, em 1985, até 1992. A partir
desta data o território cearense
não contou com novas emanci-
pações de distritos.
A interrupção se deveu à
emenda constitucional 15, de
1996, que impôs um período
para criação, a incorporação, a
fusão e o desmembramento de
municípios, a ser determinado
por lei federal. A matéria foi
disciplinada em 2002 e suspen-
deu todas as novas instalações,
com exceção das já estavam em
curso. A regulamentação fede-
ral até hoje não saiu.
Segundo estudo do Senado,
até o freio nas emancipações,
houve a criação de inúmeras
www.opovo.com.br
Segunda-feira
Fortaleza - CearÁ - 18 de Março de 2024
divulgação/PreFeitura de SorriSo
micro e pequenas municipali-
dades, gerando problemas na
| geogRaFIa poLÍtICa | Há pedidos para criar partilha do FPM. “Esses peque-
nos municípios, cuja emancipa-
pelo menos 18 municípios no Ceará. Há mais de ção foi em boa parte motivada
por interesses políticos locais,
30 anos novos municípios não são criados. Veja as não conseguem gerar receitas
próprias para atenderem suas
populações e passam a depen-
consequências que as emancipações podem ter der fortemente de transferên-
cias”, diz o texto, que defende a
O que impede
emenda de 1996 como maneira
de mitigar a situação.
A visão é compartilhada por
Tasso Jereissati. Ele foi três ve-
zes governador, de 1987 a 1991 e
de 1995 a 2002. Principalmente
a criação
no primeiro período, foi um dos
responsáveis por fazer com que
o Ceará fosse um dos estados
que menos criaram municípios.
Durante o mandato de se-
nador, em 2008, ele foi o autor
de dezenaS
de uma das muitas propostas
de lei federal para a emancipa-
ção de municípios. No texto, ele
argumentou que a Constituição
proporcionou “um abuso na
criação de municípios”.
de municípiOS
Mas há, no meio político,
quem defenda a emancipação.
Dentre eles, o ex-deputado es-
tadual Domingos Filho conside-
ra que a divisão permite “que o
cidadão possa receber os ser-
viços públicos mais próximos
no ceará
de si”. “Imagina que tivemos
distritos maiores que muitas
cidades já existentes. Isso não é
razoável”, alega.
Sobre o fator econômico, ele
também não vê complicações,
já que “os gastos seriam reti-
rados do conjunto dos outros
municípios, que já existem”.
“Se a Jurema, maior distri-
to do Brasil, se emancipa de
Caucaia, todos os custos e os
gastos públicos da Jurema
também saiam de lá. Então
nós estamos redestribuindo
com muita legitimidade para
aquele distrito que por si só se
tornou maior do que muitos
municípios já existentes.”
Domingos é contra uma lei
federal, com critérios fixos
de população, área ou po-
tencial econômico igual para
todo o Brasil. Segundo ele, é
impossível que tal legislação
contemple as características
regionais que influenciam ou
não a emancipação.
O ex-deputado cita que no
Norte do Brasil, por exemplo,
os municípios têm uma área
maior, mas contam com popu-
lação mediana. No Nordeste, há
uma população bem maior nos
distritos, além de alta estru-
turação urbana. “Você ter uma
legislação federal é impossível.
A não ser que você tenha um
conjunto de anexos aplicando
região por região, o que ficaria
inadequado porque perderia
o sentido de norma geral da
boa EspErança do nortE, no Mato grosso foi emancipado em 2023, se tornando o mais município mais recente do País União”, diz ele.
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Fortaleza - CearÁ - 18 de Março de 2024
RepoRtagem 7

aUrelio alves
Economia.

j agrOnegóciO
eStimula
Distrito
Um dos
criaçãO de
distritos onde
há movimento cidadeS nO
antigo pela
emancipação centrO-OeSte
é Jurema, o
maior distrito
do Brasil. Com tantas proibições no
em caso de Ceará, o que levou à criação de
desmembra- um município em pleno 2023,
mento de no Mato Grosso, foi especial-
Caucaia, mente um fator: o agronegó-
seria um
dos maiores
cio. Se separando de Sorriso e
municípios (uma pequena parte) de Nova
do Ceará Ubiratã, a cidade herda áreas
da primeira e sexta posições
entre os municípios mais ricos
do agro no país.
O aval partiu de uma diver-
gência aberta pelo ministro
do Supremo Tribunal Federal
(STF), Gilmar Mendes, que é do
Mato Grosso. Ele argumentou

B
que “houve equívoco ao decla-
rar inconstitucional a lei que
AreninhA nA JuremA, em Caucaia, considerada o maior distrito do Brasil criou o município” pelo minis-
tro Luís Roberto Barroso.
Para as eleições deste ano,
Foco Processo. Interesses. Emancipação. Calebe Francio (PSDB) atual
o pesquisador subprefeito trabalha para lan-
da UFC
alexandre
O naScimentO diSputaS pedidOS nO çar uma candidatura única,
baseada no apoio das famílias
Queiroz acha
que o assunto de um lOcaiS ceará eStãO mais tradicionais do local, do
qual ele faz parte. “Famílias
deve ser
encerrado
pois dispersa
municípiO emperram paraliSadOS que ajudaram a transformar
Boa Esperança no que ela é, que
das “reais
necessidades Para o professor do depar-
emancipaçõeS há anOS está trabalhando num consen-
so de união para soltar uma
de debate”. o tamento de Geografia da Uni- candidatura única”, disse o po-
ideal, defende, versidade Federal do Ceará O professor Alexandre Quei- Os últimos pedidos de lítico, cujo pai Alberto Francio,
seria maior
cooperação
Alexandre Queiroz, a emanci- roz, contrário a novas emanci- emancipação do Ceará se de- foi um dos “fundadores” do
entre pação de municípios é a terri- pações, defende que a lei federal ram em 2010, por iniciativa de antigo distrito, vindo de Santa
prefeituras já torialização de um poder. Con- não veio por causa do impacto Domingos Filho, então presi- Catarina para a região.
existentes siste em um grupo de atores dessas divisões na política local, dente da Assembleia Legislati- Segundo Alexandre Queiroz,
que têm interesse em conduzir provocando conflitos de inte- va. Na ocasião, houve pedidos pesquisador da UFC, esse tipo
o destino dos habitantes de um resses entre o grupo que detém aceitos de desmembramento de migração é comum no Cen-
território em específico. o poder no município já existen- em 19 municípios e, assim, de tro-Oeste e visa à exploração
“Você cria toda uma base te e as novas forças que surgi- realização de plebiscitos. Em das commodities, da planta-
legal que teria transferência, rão e reivindicam o comando do alguns casos, há a situação de ção de milho e de soja. Assim,
organização dos poderes e distrito emancipado. quatro distritos querendo se a região tornou-se uma que
um orçamento. E nós sabe- “A depender das situações, separar da mesma cidade. mais cresceram economica-


mos, isso tá claro na Assem-
bleia Legislativa e na Câmara
dos Deputados, controlar um
orçamento público é ter po-
der”, afirma.
o toDo Ao ser emancipado, o antigo
“Fragmenta- distrito é governado por uma
ção excessiva subprefeitura até as primeiras
não contribui eleições. Depois, é estabelecida
pois tende uma Lei Orgânica, conforme a
a gerar
interesses tão
Constituição Federal e as leis
específicos estaduais, tratando dos salá-
que bloqueiam rios dos servidores, parlamen-
agendas tares e gastos administrativos
comuns. diversos. Cada município re-
Pessoas e
problemas se
movimentam
além dos
territórios”,
cebe transferências do Fundo
de Participação dos Municípios
(FPM), que leva em conta a po-
pulação, mas é definido por
afirma meio de faixas: 86,4% do mon-
Queiroz. tante vai para os municípios
do interior, por exemplo.
as tensões entre os grupos, os
interesses locais e regionais,
podem se sobrepor. Tanto que
há tanto tempo essa lei federal
não foi votada. Cria uma zona
cinzenta. E convenhamos, sem
dúvidas é uma vantagem enor-
me você se estabelecer politi-
camente em um território, ser
a maior força política e se per-
petuar por anos e anos, não?”,
levanta o professor.
De fato, dos últimos seis mu-
nicípios emancipados no Ceará,
na leva de 1992, três contaram
com primeiros gestores cujos
parentes exerceram cargos
públicos depois. Os outros três
seguiram na vida política de
alguma outra forma, apoiando
chapas e até mesmo detendo
aparelhos do município.
Nenhuma solicitação se con-
cretizou devido à necessidade
de judicialização. Segundo Do-
mingos, o assunto deverá ser
retomado em breve, por meio
de conversas na Assembleia e
na Câmara dos Deputados.
O ex-parlamentar defen-
de que o procedimento é justo,
isento e necessário no Ceará,
tendo em vista os longos anos
sem emancipação. “Não há
conflito político algum. Se há
emancipação, há autonomia.
Quem vai definir a liberação é
o conjunto das populações en-
volvidas, no caso um plebiscito.
Como os outros estados con-
tinuaram (a emancipar), e nós
não, temos distritos absurda-
mente estruturados e que po-
dem se emancipar.”
mente e no número de cidades
de porte médio.
“Você tem uma zona aber-
ta, vastos espaços baixamente
ocupados que começam a ser
incorporados ao território na-
cional pela atividade agrícola e
agronegócio moderna. Então,
surgem esses movimentos de
emancipação de municípios”,
explica o professor.
5570
municípios existem
no brAsil
AtuAlmente
 8 POLÍTICA
WWW.OPOVO.COM.BR
SEGUNDA-FEIRA
FORTALEZA - CEARÁ - 18 DE MARÇO DE 2024

EDIÇÃO: ÉRICO FIRMO E ÍTALO CORIOLANO | POLITICA@OPOVO.COM.BR | 85 3255 6101

ADOBE STOCK

O papel do poder público para

garantir o voto às pessoas em
situação de rua | ELEIÇÕES | Mais que não ter título de eleitor,
pessoas em situação de rua muitas vezes não têm nem documento de identificação.
Instituições buscam atuar em conjunto para garantir direito à participação política

SAMUEL SETUBAL

VÍTOR MAGALHÃES
vitor.magalhaes@opovo.com.br
A garantia dos direitos para
pessoas em situação de rua exi-
ge mais que a atuação de órgãos
públicos, mas também o traba-
lho conjunto entre diversas es-
feras. Na primeira parte desta
série de reportagens, O POVO
mostrou ontem os obstácu-
los desta população, dentre as
mais necessitadas de políticas
públicas, para o acesso à parti-
cipação política.
A reportagem conversou
com integrantes do Ministério
Público do Ceará (MPCE), da De-
fensoria Pública e do Tribunal
Regional Eleitoral (TRE-CE) so-
bre o papel destes órgãos para
proporcionar a garantia de di-
reitos às pessoas em situação
de rua, particularmente em
relação à participação política.
“Os destinatários mais ne-
cessitados e mais vulnerabi-
lizados, são aqueles que não
contribuem para formar essa
vontade estatal, por meio do
voto, na escolha dos represen-
tantes e por meio de outros
instrumentos de participação.
Acabam alijados. Muitas vezes
a ausência do título de eleitor
é precedida de uma ausência
de documento de identificação.
Então essas pessoas nem se-
quer existem formalmente para
acessar as políticas públicas,
mesmo as assistencialistas”,
explica Leandro Sousa Bessa,
titular da Subdefensoria Públi-
ca-Geral do Ceará.
Dentro da Defensoria, o Nú-
cleo de Direitos Humanos e
Ações Coletivas (NDHAC) tem
atuação voltada às pessoas
em situação de rua. “Temos
também o Defensoria em Mo-
vimento, projeto que leva uma
carreta e também uma van, de-
pendendo do tamanho da ação,
para descentralizar o acesso a
essas ações e levar a Defensoria
Trabalho
MPCE: papel
na garantia
de direitos e
fiscalização
O Censo da PopRua de 2021,
em Fortaleza, é resultado de re-
comendação da promotora de
Praça do Justiça Giovana de Melo Araújo,
Ferreira, em da 9ª Promotoria de Fortaleza,
Fortaleza, especializada em Conflitos Fun-
concentra diários e Defesa de Habitação.
grande “Os equipamentos (públicos)
número de não acompanhavam a realida-
pessoas em de, por trabalharem com nú-
situação meros defasados”.
de rua A promotora reconheceu que
os números do censo apontam
para subnotificação. “O número
destoava com o que era percep-
a locais onde ela não chega. tível aos nossos olhos. Enten-
Também são verificadas situa-
Regularização demos que está subnotificado,
ções relacionadas à população mas a gente tinha de ter dados
em situação de rua por esses
equipamentos”, pontua Bessa.
Vulnerabilidade para conseguir trabalhar. Com
base nisso, fizemos um segundo
O defensor destacou ainda a
necessidade de fortalecer par- não está só nas ruas momento, de fiscalizações, das
circunstâncias de funciona-
cerias institucionais com ór- mento para ver o que era preci-
gãos e secretarias de governo so melhorar em equipamentos
tanto para gerar mais ações di- Mãe de um menino de eventuais pendências com a existentes e fazer com que os
recionadas, quanto para levar a oito anos com Transtorno Justiça Eleitoral para votar novos não caíssem no erro”.
informação sobre esses muti- do Espectro Autista, Ediva- com uso da biometria ainda nas Giovana destaca que estru-
rões até o público-alvo. “Órgãos nia Saraiva Gomes, 24 anos, eleições municipais de 2024. turas como os Centros Pop são,
da Prefeitura e do Governo do trabalha nas ruas do Centro “Nunca votei na minha vida, na maioria das vezes, porta de
Estado que prestam assistên- vendendo doces. Embora não vai ser a primeira vez (neste entrada para pessoas em situa-
cia a essa população podem ser esteja em situação de rua, ela ano)”, conta. Edivania é um ção de rua acessarem os docu-
SÉRIE
canais importantes de comuni- se encontra em situação de dos exemplos de pessoas que mentos. “Não adianta disponi-
cação para fazer a informação vulnerabilidade social. Be- não estão em situação de rua, bilizar benefícios se as pessoas
chegar na ponta”. neficiária do Bolsa Família, mas se encontram em situa- não têm o documento necessá-
Sobre a regularização da si- Edivania cria o filho em meio ção de vulnerabilidade e que rio para acessar. A gente pre-
tuação eleitoral, Bessa revela aos desafios de se trabalhar acabam sendo muitas vezes cisa encarar que essas pessoas
que há conversas em andamen- na Praça do Ferreira, onde o alijadas da participação polí- não têm o básico. Muitas vezes,
to com o TRE-CE. “Estamos menino corre e explora livre- tica, dada a dinâmica de vida. O POVO não têm certidão de nascimen-
retomando um diálogo com mente os arredores do local. No caso da jovem, ainda mostrou to. São pessoas sem registro”.
o TRE-CE, para que o órgão Moradora do bairro Bom com a responsabilidade de histórias de Em 2020, carta-proposta
acompanhe o projeto Defensoria Jardim, a jovem mostrou di- cuidar do filho, que necessita pessoas em foi entregue aos candidatos
em Movimento e leve seus servi- versos documentos, incluindo de atenção e cuidados especí- situação de pelos movimentos que traba-
ços; combinando nossa atuação o título de eleitor, mas contou ficos. Ao O POVO, ela manifes- rua que, entre lham com a população em si-
os muitos
com a da Justiça Eleitoral para que precisa regularizar a situa- tou expectativa de exercer o direitos
tuação de rua. “Neste ano, tão
identificar essas situações de ção eleitoral e que não chegou direito ao voto para optar por ausentes, não logo se estabeleçam as candi-
ausência de título, regulariza- a fazer a biometria. Ela ten- um nome que garanta mais tem acesso daturas a gente realizará um
ção, biometria, dentre outros”. ta agendar a coleta e resolver inclusão para si e para o filho. ao voto novo momento”.

Inclusão
TRE-CE intensificará ações a tempo da próxima eleição
O juiz Daniel Carneiro, ou-
vidor titular do TRE-CE, re-
lata que o tribunal estabelece,
através da Ouvidoria e em con-
formidade com resolução do
Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), políticas para atender
pessoas em situação de rua e
de vulnerabilidade.
Em 2023, ele contabilizou
cinco ações de atendimento ao
segmento. Duas em Fortaleza,
em 18 de agosto e 14 de novem-
bro; uma em Juazeiro do Nor-
te, no dia 6 de outubro; uma
em Maracanaú, no dia 27 de
outubro; e uma em Quixadá, no
dia 31 de outubro.
“Atendemos aproximadamen-
te 270 pessoas nessas ações. O
objetivo desse atendimento, no
âmbito do TRE-CE, é a emissão
de título para quem não tinha
ou perdeu e a regularização da
situação eleitoral, que diante da
situação que vivem, muitos às
vezes não votam e ficam com
o cadastro eleitoral irregular.
Também fazemos a coleta bio-
métrica e emissões de certidões
eleitorais para que possam pedir
algum benefício social, porque
muitos desses benefícios exigem
comprovação de quitação eleito-
ral”, diz o ouvidor.
Neste ano, a intenção é aten-
der o máximo de pessoas antes
de 8 de maio, data-limite para
regularização da situação elei-
toral para que seja permitido o
voto nas próximas eleições.
“Em março vamos fazer ou-
tra ação (mutirão) no Cariri,
com atendimento voltado a
pessoas em situação de rua. Es-
tamos agendando outro evento
em Fortaleza, na Praça do Fer-
reira, muito provavelmente no
mês de abril. Queremos incre-
mentar essas ações até maio
para que essas pessoas possam
exercer sua cidadania e votar
ainda neste ano”, destaca.
Carneiro aponta o desafio de
garantir atendimento a uma
população que está em des-
locamento constante entre os
espaços das cidades e para isso,
projeta ações descentralizadas.
“A intenção do TRE-CE é de que
no mutirão que sempre se rea-
liza no fechamento do cadastro,
não se centralize o atendimen-
to. A intenção é descentralizar”.
No caso de pessoas que não
têm moradia (endereço fixo)
e precisam tirar o documento
eleitoral, o juiz explica que a Jus-
tiça Eleitoral defere o registro.
“Quando é verificada a si-
tuação de rua nós deferimos o
registro. Realmente, a pessoa
precisa indicar um endereço,
mas quando é verificada efe-
tivamente essa situação, nós
asseguramos o exercício da ci-
dadania. A pessoa já é excluída
pelo contexto que vive e a Jus-
tiça Eleitoral quer incluí-la, não
mantê-la excluída”.
A multa eleitoral a quem
deixou de votar pode ser per-
doada para as pessoas em
situação de rua e de vulne-
rabilidade social. “O juiz tem
esse poder de dispensar o
pagamento, tanto de pessoas
em situação de rua, quanto
daquelas numa situação de
pobreza e vulnerabilidade. A
multa é na faixa de R$ 4 a R$ 5
por eleição. É um valor irri-
sório, mas ainda assim, para
pessoas que vivem em situa-
ção de rua esse valor pode ser
a alimentação dela no dia”.
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 10 política
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Deuzinho lamenta Catanho

não ser de Caucaia; Salmito
diz que “é um nome especial”
| ElEiÇÕES | O atual vice-prefeito da cidade criticou o nome
governista por não ser caucaiense; já Salmito teceu elogios
tatIaNa ForteS/GoV. do Ceara

cATANHo é o escolhido para ser

o candidato governista em Caucaia

Salmito Filho (PDT), secre- caucaia

GuilHerme GoNsAlves
guilherme.gonsalves@opovo.com.br
A escolha do secretário da
Articulação Política do Governo
Elmano de Freitas (PT), Walde-
mir Catanho (PT), como candi-
dato governista à sucessão do
atual prefeito Vitor Valim (PSB),
em Caucaia, tem repercutido
entre oposição e situação.
O vice-prefeito de Caucaia
e pré-candidato ao comando
do Executivo, Deuzinho Filho
(União), avaliou a escolha do
petista como natural, devido à
aproximação do prefeito com o
PT, mas lamentou o nome não
ter sido um caucaiense “que
mora e vive na cidade”.
Deuzinho, porém, afirmou
que respeita todos os seus
concorrentes e não será di-
ferente com Catanho. O vice
declarou que sua conduta na
campanha será de propostas
e respeito.
“Avalio como natural, haja
visto que o prefeito em 2022
trabalhou efetivamente para
o PT. Só lamento não ter sido
escolhido um (a) caucaiense,
que mora e vive na cidade. Mas
respeito todos os meus concor-
rentes e não será diferente com
o Catanho. Desejo que façamos
uma campanha de propostas e
da vontade de fazer melhor pra
gente de Caucaia, essa será mi-
nha conduta de campanha”, dis-
se ao O POVO, neste domingo, 17.

tário do Desenvolvimento Eco-
nômico do governo estadual, Lista de
pré-candidatOs
era um dos cotados para ser
candidato à sucessão de Valim
em Caucaia. Ele disse ter ficado
muito honrado por ser lembra-
eveNTo waldemir catanho (pT)
do e classificou Catanho como lideranças atual secretário
“um nome muito especial”. como o de articulação
“Sempre que o meu nome é governador Política do governador
elmano de
lembrado como uma possível elmano de Freitas.
Freitas e
opção para uma missão nobre o ministro
de governar, eu fico, a priori, Camilo Deuzinho Filho (união)
muito honrado. Vejo como um Camilo irão se eleito vice-prefeito de
nome muito especial para Cau- manifestar em Caucaia em 2020,
caia”, afirmou ao O POVO. apoio ao nome
rompeu com Valim
Salmito teceu uma série de de Waldemir
Catanho após divergências
elogios ao pré-candidato petis- políticas e de gestão.
durante
ta. De acordo com ele, Catanho evento que
reúne experiência política com deverá Naumi Amorim (psD)
diversas classes e tem força de ocorrer
ex-prefeito de Caucaia
atrair a confiança de Valim, de em breve.
de 2016 a 2020, foi
vereadores de Caucaia, do go-
derrotado no 2º turno
vernador Elmano, do ministro
por Vitor Valim.
Camilo Santana (PT), do senador
Cid Gomes (PSB) e da deputada
federal Luizianne Lins (PT). emilia pessoa (psDb)
“O Catanho reúne experiên- deputada estadual,
cia política, de saber lidar com apoiada pelo ex-
as lideranças populares como senador tasso
os indígenas, lideranças sindi- Jereissati, chegou
cais, lideranças populares, lide- a ser secretária da
ranças empresariais, lideranças gestão de Valim.
políticas, experiência em ad-
ministração pública municipal coronel Aginaldo (pl)
quando foi secretário de gover- representa
no da então prefeita de Fortale- o bolsonarismo
za, Luizianne Lins”, destacou. em Caucaia.
O secretário também afir-
mou ter convicção de que Cata- Zé Gerardo (pDT)
nho como opção de pré-candi- Foi prefeito de Caucaia
dato a prefeito de Caucaia será entre 1997 e 2000 e
muito importante para garan- também exerceu três
tir as conquistas da população mandatos como
trabalhadas pelo governo do deputado federal.
atual prefeito Vitor Valim.

‘Lava Jato terminou como verdadeira

organização criminosa’, diz Mendes
| BalaNÇo | Operação completou dez anos neste domingo, data da deflagração da
1ª fase das investigações que desbarataram o maior esquema de corrupção da história

Decano do Supremo Tribunal
Federal (STF), o ministro Gil-
mar Mendes disse que a Opera-
ção Lava Jato “terminou como
uma verdadeira organização
criminosa”. Responsável por re-
levar o maior escândalo de cor-
rupção do País, início da ope-
ração completa dez anos neste
domingo, 17. Para o ministro,
Lava Jato produziu distorções
no sistema jurídico e político,
deixando um salto “marcada-
mente negativo”.
“Acho que a Lava Jato fez um
mal enorme às instituições”,
afirmou Mendes em entrevista
à Agência Brasil. “O que a gen-
te aprendeu? Eu diria em uma
frase: não se combate o crime
cometendo crimes. Na verdade,
a Lava Jato terminou como uma
verdadeira organização crimi-
nosa, ela envolveu-se em uma
série de abusos de autoridades,
desvio de dinheiro, violação de
uma série de princípios e tudo
isso é de todo lamentável”, disse.
Inicialmente favorável à for-
ça-tarefa de Curitiba, o decano
do STF reconsiderou sua posi-
ção ao longo dos últimos anos,
tornando-se um crítico da ope-
ração na Corte. Antes disso,
porém, declarou em novembro
de 2015 que a investigação da
Lava Jato havia revelado “um
modelo de governança corrup-
ta, algo que merece o nome cla-
t
ro de cleptocracia”. Na mesma
ocasião, Mendes atribuiu ao PT moro
a crise que abalava o País na- a lava Jato
quele momento. perdeu força
Na entrevista à Agência a partir de
Brasil, Mendes ainda afirmou 2018, quando
Sérgio Moro
que ganhou convicção de que aceitou o
os procedimentos suspeitos convite de
da Lava Jato não eram apenas Bolsonaro
“uma irregularidade procedi- para assumir
mental”, e sim “um movimento o Ministério
político”. (Agência Estado) da Justiça.

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Fortaleza - CearÁ - 18 de Março de 2024
reProdução/InstagraM
Técio NuNes (Psol) e Cindy Carvalho (rede) são pré-
candidatos da mesma federação à Prefeitura de Fortaleza
política 11
Psol e Rede poderão definir
candidato em Fortaleza
por meio de votação
| pREFEitURa | Integrantes de uma mesma federação,
os dois partidos lançaram pré-candidatos distintos para
a disputa: Técio Nunes (Psol) e Cindy Carvalho (Rede)
A federação Psol-Rede lan-
çou duas pré-candidaturas em
Fortaleza para as eleições muni-
cipais, com Técio Nunes e Cindy
Carvalho, respectivamente. Po-
rém, apenas um nome poderá
ser cabeça de chapa pelo Paço
Municipal. Decisão que poderá
ser tomada por meio de votação
interna, a partir da quantidade
de delegados que cada partido
possui, levando em conta o re-
sultado das eleições de 2020.
O deputado estadual e forte
liderança do Psol, Renato Ro-
seno, elogiou Cindy, mas disse
que a federação terá que sen-
tar para resolver a questão de
acordo com o regulamento.
Tem que resolver. Tem o re-
gulamento. A Cindy é uma
companheira jovem, valoro-
sa, ela obviamente merece
todo o respeito. Mas a fede-
ração vai ter que sentar”, dis-
se ao O POVO.
Roseno explicou que pelo
estatuto da federação, os votos
para vereadores das eleições
de quatro anos atrás, isto é, de
2020, geram a proporcionali-
dade para a atual federação. Na
ocasião, o Psol elegeu dois par-
lamentares, Adriana Gerônimo
e Gabriel Aguiar, com mais de
8 mil votos cada, já a Rede Sus-
tentabilidade um, Estrela Bar-
ros, com quase cinco mil.
“Pelo estatuto da federação, os
votos de quatro anos atrás, eles
geram a proporcionalidade para
a federação atual. É assim, o Psol
teve ‘x’ votos há quatro anos atrás
para vereador, a Rede teve ‘y’ vo-
tos. Essa proporção é a proporção
dos delegados para a federação
atual”, explicou Renato Roseno.
Em 2020, o Psol teve Renato
Roseno como candidato à Pre-
feitura, somando 34.346 votos.
De votos nominais e de legenda,
a sigla conquistou 46.606 e 3.588,
respectivamente, dando um to-
tal de 50.194, ou seja, 3,93%. Já a
Rede Sustentabilidade contabili-
zou 42.672 votos nominais e 590
de legenda, somando ao final
43.262, o equivalente a 3,38%.
Técio Nunes, produtor cultural
escolhido pelo Psol para repre-
sentar o partido na disputa pela
Prefeitura de Fortaleza, acredi-
ta que a Rede tem legitimidade
de apresentar um nome própria
e teceu elogios a ambientalista
Cindy Carvalho. Afirmou ainda
que a federação irá se unir mais
perto do fim das convenções,
entre 20 de julho a 5 de agosto.
Questionado sobre a Rede com-
por como vice na chapa encabe-
çada pelo Psol, Técio disse que o
debate é interno da legenda.
“Nossa federação segue firme
e forte e apresentará um pro-
grama que apresente soluções
efetivas para mudar Fortaleza”.
A pré-candidata pela Rede à
Prefeitura de Fortaleza, Cindy
Carvalho, por sua vez, destacou
que seu nome foi aprovado pela
direção municipal da sigla, e que
embora o partido esteja em uma
federação com o Psol, são parti-
dos distintos. “A minha pré-can-
didatura está posta, foi aprova-
da pela direção municipal. Nós
defendemos que mais mulheres
possam ser candidatas. Agora, se
no decorrer da conjuntura algu-
ma mulher de outro partido sur-
gir com chances reais de eleição, a
Rede estará disposta a conversar”,
afirmou. (Guilherme Gonsalves,
com colaboração de Yuri Go-
mes/Especial para O POVO)
 12 POLÍTICA
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SEGUNDA-FEIRA
FORTALEZA - CEARÁ - 18 DE MARÇO DE 2024

JOAOPAULO.BIAGE@OPOVO.COM.BR

JOÃO O futuro de Bolsonaro

PAULO após ser colocado no
BIAGE
ESTA COLUNA
É PUBLICADA

centro de trama golpista

ÀS SEGUNDAS
CORRESPONDENTE O POVO EM BRASÍLIA

BOLSONARISTA | TENSÃO | Bolsonaro alega ser vítima de “perseguição”;

E LIRISTA, PIAUIENSE advogado do ex-presidente, por sua vez, ironizou depoimento
É O PRESIDENTE DA CMO de militar. Especialistas falam sobre chances de prisão
O Partido Progressistas indicou o deputado Júlio Arcoverde NELSON ALMEIDA / AFP
(PP-PI) para presidir a Comissão Mista de Orçamento
(CMO). O colegiado é o responsável por analisar e aprovar VÍTOR MAGALHÃES
as estimativas de despesas e receitas do governo, além de vitor.magalhaes@opovo.com.br
propor modificações nas Leis de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) e de Orçamento Anual (LOA).

Júlio Arcoverde é autodeclarado bolsonarista. Inclusive, O ex-presidente Jair Bolsona-

ele foi um dos parlamentares a marcar presença na ro (PL) está novamente no cen-
manifestação em favor do ex-presidente no último dia 25, tro de investigações que apuram
em São Paulo. Como se não bastasse, o deputado piauiense uma suposta articulação para
é homem de confiança do presidente da Câmara, Arthur aplicar um golpe de estado no
Lira (PP-AL). Foi ele o responsável por colocar Júlio na Brasil em 2022. Na semana pas-
CPI das apostas esportivas, comissão que investigou sada, o ministro Alexandre de
manipulações de resultados no futebol. Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), derrubou o sigilo
Ano passado, foi a CMO a responsável por turbinar as de depoimentos de envolvidos,
comissões permanentes do Congresso Nacional com que expuseram ainda mais Bol-
emendas que podem chegar a R$ 16,6 bilhões. Para sonaro. Mas quais serão os efei-
equilibrar o colegiado, o relator vai ser um senador do PT. tos dessas revelações?
Enquanto alguns especialis-
IDILVAN: MAIS RECURSOS tas apostam que uma eventual
prisão do ex-mandatário es-
PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL taria perto de se concretizar,
dado o andamento das investi-
Por falar em Comissão Mista de Orçamento (CMO), é lá que gações, outros discordam ao ci-
o deputado Idilvan Alencar (PDT-CE) quer pressionar por tar que não há elementos para
mais recursos para a educação pública do País. O anúncio pedido de prisão preventiva.
de 100 novos institutos federais motivou o parlamentar,
que quer aumentar e melhorar o sistema educacional. Pedro Rocha, advogado crimi-
nalista e especialista em delitos
“A educação superior pública no País é só 15% da rede. 85%
é privada, só para entendermos o tamanho do desafio.
de organizações criminosas
comentou os desdobramentos
Como nós podemos contribuir? Com orçamento. Pautar
novos recursos na CMO para que tenhamos mais dinheiro
do caso em entrevista ao pro-
grama O POVO News. Para o
para a educação”, apontou Idilvan. advogado, os depoimentos co-
meçam a consolidar respostas
Na Comissão de Educação desde 2018, Idilvan não teme sobre se Bolsonaro havia exe-
a presidência de Nikolas Ferreira (PL-MG). Apesar cutado o plano golpista ou se
do coro de parte dos deputados, ele não quer adiar a apenas pensava em hipóteses
votação do Plano Nacional de Educação. “Em 10 anos, para se manter no poder.
muita coisa muda. Eu defendo a revisão do PNE. Temos
que ver quais metas foram cumpridas e impor novos “Descobrimos que não havia
desafios”, analisou. apenas uma, mas três versões do
documento (minutas do golpe)
gerados a partir de um debate
PAULO SERGIO que envolveu um grupo e visando
a quebra do estado democrático
de direito. A partir do momen-
to em que o presidente convoca
chefes das Forças Armadas para
saber como se manter no poder,
isso fica mais claro”, disse.
Rocha destaca ainda que os de-
poimentos dos ex-comandantes
de Forças Armadas reforçam a
tese de que Bolsonaro queria dar
andamento ao plano. “Não foi uma
desistência voluntária, foi uma
falta de apoio, tornando inviável a
prática do crime e por conta disso
o crime não evoluiu, mas acredito
que houve claramente uma ten-
tativa e isso deve fazer Bolsonaro
IDILVAN Alencar (PDT- réu em uma ação criminal no que
CE) é deputado federal diz respeito a este tema”.
E acrescentou: “Agora se isso
tudo vai gerar uma prisão? A
curto prazo, acredito que não.
Não vejo condições para um
NAUMI AMORIM TOMA decreto de prisão preventiva”,
projetou o advogado.
POSSE NA CÂMARA FEDERAL Dentre os depoimentos com
sigilo derrubados, estão o do
Célio Studart (PSD-CE) licenciou-se para, novamente,
assumir a Secretaria de Proteção Animal do Ceará e abriu
vaga para um suplente do partido. Na última quarta-feira,
Naumi Amorim (PSD-CE) tomou posse como o mais novo
deputado federal do Estado. No período em que estiver na
Câmara, ele vai priorizar projetos que levem melhorias
para o município de Caucaia.
EX-PRESIDENTE Jair Bolsonaro vê o cerco
se fechar cada vez mais após depoimentos de generais
ex-comandante do Exército,
general Marco Antônio Freire
Gomes, e o do ex-comandante
da Aeronáutica, tenente-briga-
deiro do ar Carlos de Almeida
Baptista Junior. Ambos detalha-
ram encontros convocados pelo
então presidente da República,
com aval de aliados do governo,
para discutir uma trama golpis-
ta. Além disso, destacam a atua-
ção de ex-ministros no caso.
As falas marcam uma fra-
tura entre Bolsonaro e esta ala
das Forças Armadas. No fim de
semana, Bolsonaro reagiu ale-
gando sofrer suposta “persegui-
ção” e reforçando que não teme
julgamentos na esteira do caso.
No sábado, 16, o ex-presidente
esteve no ato de lançamento da
pré-candidatura de Alexandre
Ramagem (PL) à Prefeitura do Rio
de Janeiro. Ao discursar, se de-
fendeu e mandou alguns recados.
“Não faltarão pessoas para te
perseguir, para tentar te derro-
tar, vão te acusar de coisas ab-
surdas (...) Poderia estar muito
bem em outro país, preferi voltar
para cá com todos os riscos que
ainda corro. Não tenho medo de
qualquer julgamento, desde que
os juízes sejam isentos”, disse.
Fabio Wajngarten, advogado
de Bolsonaro, foi outro que rea-
giu aos depoimentos. Ele ironi-
zou o que foi relatado à PF pelo
general Freire Gomes. “Tem
general com memória seletiva...
Recorda-se de vírgulas e frases
e palavras, mas não se recorda
de datas. Bem curioso. Mais ain-
da as defesas não terem acesso
à esse depoimento folclórico”.
Gestão Bolsonaro.
Presidente do
STM critica
alto número
de militares
O presidente do Superior
Tribunal Militar (STM), o bri-
gadeiro cearense Francisco Jo-
seli Parente Camelo, classificou
como um “erro” o fato do último
governo ter tido muitos milita-
res em sua composição. A fala
do militar ocorreu em entrevis-
ta à CNN Brasil no último sába-
do, 16, após ele ser perguntado
sobre a relação da gestão do ex
-presidente Jair Bolsonaro (PL)
com o segmento e na esteira de
investigações que apuram con-
dutas de militares numa supos-
ta trama golpista para invalidar
os resultados das eleições pre-
sidenciais de 2022.
“Acho. Não tem dúvida. Não
podemos ter um governo com
tantos militares. Tanto no Mi-
nistério da Saúde, como mes-
mo na Presidência. Os milita-
res têm que ter a consciência
de que nós estamos subordi-
nados ao poder civil. O minis-
tro da Defesa tem que ser ci-
vil, não um militar. Nós temos
nossa competência, como nos
prender à Constituição, a ga-
rantia dos Poderes, a garantia
da lei e da ordem, e para isso
temos que nos preparar. Não
temos que nos misturar com a
política. Temos que trabalhar
dentro das nossas competên-
cias”, disse. (Vitor Magalhães)

“Tô muito feliz de assumir esse mandato, que não é meu.

É um mandato do povo. Pra mim, é muito bom estar aqui
trabalhando para o Ceará e para o povo de Caucaia. Lá
minha votação é maior. Eu e minha esposa somos filhos
adotivos de Caucaia”, afirmou Naumi.

A princípio, ele fica como deputado federal até junho,

quando Célio deve se desincompatibilizar da secretaria
para tentar concorrer à Prefeitura de Fortaleza.

Aponte a câmera do celular e

acesse mais notas exclusivas
de João Paulo Biage.

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Fortaleza - CearÁ - 18 de Março de 2024
almoço e jantar
Preços de itens variam até 202%
| Em FortalEza | Molho de tomate, sal e batata inglesa apresentam a maior diferença de valor nos
13 supermercados analisados pelo Procon. Já a menor variação encontrada foi do feijão carioca Kicaldo
larissa viegas
larissa.viegas@opovo.com.br
Arroz, feijão, salada, batata
e uma proteína. O famoso prato
feito, ou simplesmente PF, está
sempre à mercê da oscilação
dos preços dos ingredientes. Em
março, o projeto Preço Compa-
rado Supermercados, em par-
ceria com o Departamento Mu-
nicipal de Proteção e Defesa dos
Direitos do Consumidor (Procon
Fortaleza), analisa itens que
compõem o almoço e o jantar
do brasileiro e mostra que os
valores de iguais mercadorias
variaram até 202% na Capital.
Os 20 alimentos pesquisados
em 13 supermercados foram se-
lecionados pelo O POVO a partir
da pesquisa mensal promovida
pela entidade, realizada entre
os dias 27 de fevereiro e 11 de
março. A lista completa traz 100
itens comercializados em 36 es-
tabelecimentos, localizados em
diferentes regionais da Cidade.
No mês de março, o molho de
tomate tradicional Fugini 300g
ocupa o topo do ranking dos
20 itens com maior variação de
preço. No Super do Povo Super-
mercados do bairro Henrique
Jorge, ele custa R$ 0,99 e, no
Super Lagoa, no Centro, R$ 2,99.
A diferença de R$ 2 representa
202% de diferença.
O sal também apresentou
uma grande discrepância en-
tre os preços. O item estava a
R$ 0,89 no Cometa Supermer-
cados da Cidade dos Funcioná-
rios, e R$ 2,19 no Extra bairro
de Fátima. Equivale a R$ 1,30 de
distância, ou 146,1%.
Com uma variação de 103,9%,
a batata inglesa está mais bara-
ta no Nidobox Supermercado, no
Passaré, custando R$ 5,39 o qui-
lo. O valor mais alto foi encon-
trado no Guará Supermercado
da Praia de Iracema e no Super
Lagoa do Centro, por R$ 10,99 o
quilo. A alta chega a R$ 5,60.
Por outro lado, a menor dife-
rença detectada neste período
analisado foi do pacote de um
quilo de feijão carioca Kicaldo. O
item custa R$ 7,79 no Supermer-
cado Pinheiro de Messejana e
R$ 9,79 no Mercado Extra do bair-
ro de Fátima. São R$ 2 de discre-
pância, o que representa 25,7%.
A segunda menor desconfor-
midade foi do quilo do frango
resfriado inteiro. Ele é ana-
lisado como o produto mais
barato desta categoria e apre-
sentou alta de 26,6% entre um
mercado e outro. No GBarbosa
Economia 13
Preço Comparado
edIçÃo: beatriz cavalcante | beatrIz.CavalCante@oPovodIgItal.CoM | 85 3255 6039
Fernanda barroS
do Edson Queiroz a ave custa
R$ 10,19, enquanto no Merca-
do Extra do bairro de Fátima a
etiqueta marca R$ 12,90. A dife-
rença é de R$ 2,71.
Em terceiro lugar no índice
de menores variações está a
unidade do molho de coentro.
Os supermercados mais bara-
tos são o Nidobox Supermer-
cado do Passaré e o Super do
Povo Supermercados do Hen-
rique Jorge, cobrando R$ 1,89.
No Centerbox Supermercados
do Jangurussu, o item custa
R$ 2,49. A diferença é de R$ 0,60
e a variação é de 31,7%. (Cola-
borou Alexandre Cajazeiras/
Cientista de Dados O POVO)
conFira o proJeto preço
no oP+ as tabelas exclusivas e
comparado
interativas do o povo com os
supermercados iniciou
100 itens dos 36 supermercados
pesquisados pelo Procon
em janeiro de 2024.
Fortaleza. o conteúdo está mensalmente, o povo
aberto na plataforma de analisa 20 dos 100 itens
streaming o povo+. pesquisados pelo procon
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SEGUNDA-FEIRA
FORTALEZA - CEARÁ - 18 DE MARÇO DE 2024

NEILAFONTENELE@OPOVO.COM.BR

NEILA Número de corridas

FONTENELE ESTA COLUNA
É PUBLICADA de moto por dia dobra
ÀS SEGUNDAS

MULHERES: DO AÇO em Fortaleza, revela 99

À OFICINA MECÂNICA | EXCLUSIVO | As mulheres são a maioria, com
os últimos dias, devido à força do calendário que
59% entre os usuários, tanto no Ceará como no Brasil

N elegeu março como o mês da Mulher, os debates so-

bre equidade de gênero foram ampliados - uma dis-
cussão cada vez mais necessária para a invenção de
uma sociedade mais justa. GIORDANO BARROS
ENVIADO A SÃO PAULO*
giordano.barros@opovo.com.br
FERNANDA BARROS

O Pacto Global da ONU, em Nova York, promoveu na semana

passada um debate sobre a situação das Mulheres, com a
participação de uma delegação de 150 pessoas da Rede Brasil.
Em Nova York, Ana Fontes, fundadora e CEO da Rede Mulher
Empreendedora, defendeu recomendações contra algumas A presença da modalida-
crueldades sociais, como a tentativa de diminuição das de motos da 99 completa dois
capacidades de desempenho feminino. anos no Brasil, alcançando 3,3
mil municípios em todo o País.
Dentre as lições, aparentemente simples, estão: “seja acolhimento Segundo a empresa, a 99Moto
para as outras”; “abra as portas para mulheres”; “dê conselhos”; já registra mais de 57 milhões
“elogie genuinamente outra mulher”; “recomende mulheres de pessoas no período, e o
para vagas e participações”; “comprem de outras mulheres”. Ou mercado cearense é um motor
seja, um discurso que passa pela criação de estratégias de novas potente no mercado. “O desa-
narrativas femininas para a abertura de espaços. fio é acompanhar a demanda”,
afirmou Luis Gamper, diretor
AECIPP/DIVULGAÇÃO de duas rodas da 99. Dados da
empresa revelam que a du-
ração média das corridas de
moto é de 11 minutos, enquanto
a distância média percorrida é
de 6 quilômetros. Além disso,
as viagens de moto são cerca
de 30% mais econômicas para
os passageiros em comparação
com os carros de aplicativo.
No Ceará, onde 99Moto está
em 140 dos 184 municípios, as
corridas percorrem em mé-
dia 7 km e têm duração mé-
EVENTO em homenagem dia em torno de 14 minutos.
ao Dia da Mulher no Pecém Além disso, apenas no último
ano, o número de corridas
diárias em Fortaleza quase
No Ceará, a Associação das Empresas do Complexo Industrial dobrou. Gamper destaca que,
e Portuário do Pecém (Aecipp) também levantou a pauta em devido ao menor custo das
homenagem ao Dia Internacional da Mulher, com o evento “Elas corridas de moto, estas ten-
Brilham nas Empresas do Pecém”. A secretária de Proteção dem a ser mais longas, com
Social do Estado do Ceará, Onélia Santana, abriu as discussões uma extensão média aproxi-
no Pecém, levantando o tema do desenvolvimento humano madamente 7% maior do que
a partir da infância - um processo que passa pela nomeação as viagens de carro.
das pessoas a partir da sua concepção, fato esse estudado pela
ciência e comprovado por estudos em diversas universidades. Para o executivo, o Estado é
parte importante no processo,
No caso das mulheres, cujos espaços, principalmente no trabalho, tendo em vista a rápida ado-
ainda fazem parte de uma construção social, essa é uma questão
fundamental. Conforme os depoimentos apresentados na
ção da modalidade, atribuída
à necessidade preexistente
Aecipp por Márcia Sandra Roque Vieira Silva (presidente da da população e à praticidade
Enel Ceará), Gisele Sestren (gerente de Recursos Humanos da oferecida pela plataforma. “O
ArcelorMittal Pecém) e Luciane Mello (gerente executiva de DHO grande diferencial do Ceará é
e Sustentabilidade da Cimento Apodi), ainda será preciso um que já existia um mercado of-
esforço maior para se atingir a meta da ONU de 25% de mulheres fline. As pessoas com quem eu
em cargos de liderança até 2030. falei lá, desde pequenas lem-
bram dos mototáxis. Portan-
to já existia uma necessidade
DEMANDA PARA ELETRICISTAS grande da passagem do o􀍤ine
para o online. Lá, a gente viu o
Na Enel Ceará, para a inclusão de mulheres eletricistas, mercado crescer muito rápido
turmas foram criadas para a formação de profissionais do sexo desde o lançamento. Isso mos-
feminino. No primeiro curso, havia 40 vagas ofertadas, e 600 tra a força do Nordeste”, disse
mulheres se inscreveram, o que mostra a demanda nessa área Gamper ao O POVO.
e a importância de abertura de espaços específicos para acolher Entretanto, a cultura analó-
novas profissionais. gica, isto é, o “boca a boca” dos
tradicionais pontos de moto-
táxis, comuns tanto na capital
40% DAS CADEIRAS DE CONSELHEIRAS cearense quanto no interior
do Estado, ainda se apresenta
Com ou sem cotas, os processos de inclusão de mulheres como um dos principais po-
passaram a ser declarados como uma necessidade, mesmo em tencializadores de mercado
segmentos considerados “masculinos”, como os setores de aço, para os aplicativos que dis-
cimento e energia. Em empresas de alimentos como a M. Dias põem do serviço de locomoção
Branco, com ações negociadas na B3, entretanto, as estratégias em duas rodas. “Quando um
nessa área parecem mais amadurecidas: são 40% de mulheres dos motoristas entra na plata-
no Conselho de Administração. forma, conquista outro, e por
aí vai”, afirma.
As mulheres são a maioria,
ESPAÇO NAS OFICINAS com 59% entre os usuários,
tanto no Ceará como no Brasil,
Apesar dos esforços, ainda existem muitos tabus a serem sendo 57% da faixa etária de
quebrados: um deles é a presença de mulheres nas oficinas 24 a 44 anos. Para Luís Gam-
mecânicas - mas esses espaços também estão sendo per, tais indicativos têm uma
construídos. Em Fortaleza, surgiram iniciativas como a explicação evidente. “Elas se
GoLube. Dirigida pela empreendedora Inaê Evangelista, a sentem mais seguras na garu-
oficina mecânica, localizada na Cidade dos Funcionários, tem pa de uma moto do que dentro
formado e contratado mulheres, e vem se especializando em de um carro. Num carro, está
estratégias especiais ao público feminino. A empresa chegou fechada com uma pessoa es-
a oferecer, no Dia da Mulher, até salão de beleza para quem tranha e, numa moto, é mais
levasse o carro para a manutenção. fácil de sair, caso seja neces-
sário. É também uma alter-
Ou seja: muita gente passando do discurso para a ação. nativa ao transporte público,
onde também existem muitos
problemas de segurança para
a mulher”, explica.
Além disso, segundo da-
Aponte a câmera do celular e dos da empresa, a categoria é
acesse mais notas exclusivas amplamente adotada por resi-
de Neila Fontenele dentes de áreas periféricas. De
EM DOIS anos, 99Moto alcança 57
milhões de pessoas e 60% do País
todos os usuários de 99Moto, reduzir o tempo de viagem, já
57% têm uma renda familiar ganha muito, principalmente
de até R$ 2 mil. Aproximada- pra quem tem que pegar ôni-
mente 66% das viagens ocor- bus, fazer baldeação”, destaca.
rem nessas localidades, onde No dia a dia, a alta deman-
o serviço de transporte público da nos picos, das 6h às 9h e
é particularmente deficiente. 17h às 20h, traduz a constata-
“Muitos dos passageiros usam ção do diretor. Além disso, na
para ir e voltar do trabalho. cidade do Rio de Janeiro (RJ),
Alguns usam com destino fi- por exemplo, o destino mais
nal ao trabalho e outros para comum é a Central do Brasil,
se conectar ao transporte pú- importante estação ferroviá-
blico. Muitas dessas pessoas ria da cidade, onde convergem
moram na periferia, onde o diversas linhas de trem, metrô
sistema de transporte público e ônibus.
não é eficiente. A ideia da 99
é facilitar isso. Se conseguir *O repórter viajou a convite da 99
Cenário.
Expansão nas pequenas cidades
O objetivo principal da em- operações, o município de So-
presa era suprir as necessida- bral compôs o seleto grupo tes-
des de transporte em cidades tes, ao lado de Goiânia, Recife e
com deficiências nessa área e Aracajú, sendo a única que não
com uma alta demanda. “Agora era capital estadual. “Sei que
estamos direcionando nossos ela (Sobral) difere um pouco
esforços para localidades com das outras, mas era justamente
populações de 50 mil a 100 mil para testar um Interior”.
habitantes, onde já existe uma E os incentivos a fim de
certa densidade populacional. atrair novos parceiros e escalo-
Isso pode fazer sentido, espe- nar nesse mercado continuam.
cialmente nas regiões próximas “Damos alguns incentivos para
às grandes metrópoles. Embora a pessoa entrar na nossa pla-
ainda não tenhamos uma data taforma, como faça várias cor-
definida para expansão, essa ridas e ganhe taxa zero. Tem
possibilidade está sendo con- outros desafios como corra e
siderada”, afirma Luis Gamper, ganhe, que é quando o moto-
diretor de duas rodas da 99. rista realiza um número de-
Ele lembra que o Ceará sem- terminado de corridas e ganhe
pre esteve no radar da em- um valor a mais”. Mas “o boca a
presa. Em 2022, no início das boca é o principal canal”.
Análise.
Regulamentação do setor
O Governo Federal anunciou quatro rodas pode ter um im-
na primeira semana de março pacto positivo na sistemática do
o envio ao Congresso do Pro- transporte com motos em nível
jeto de Lei 12/2024 com regras nacional. “Inicialmente, enfren-
que nortearão o trabalho de tamos muitos conflitos. Porém,
motoristas de veículos de qua- atualmente, os diálogos que
tro rodas que atuam por meio mantemos com as prefeituras
de aplicativos. O Ministério do são muito mais construtivos,
Trabalho propõe regulamentar com menos obstáculos”, diz ele.
os motoristas de aplicativos, Gamper expressa confian-
estabelecendo um piso salarial ça de que as conversas sobre a
de R$ 32,09 por hora, uma taxa regulamentação dos profissio-
de contribuição previdenciária nais de veículos de duas rodas
de 27,5% (sendo 20% custeados seguirão adiante e poderão ter
pelos empregadores e 7,5% pe- um desfecho semelhante ao dos
los trabalhadores), além de um motoristas de quatro rodas. Ele
limite de jornada de 12 horas e o enfatizou, ainda, os benefícios
reconhecimento sindical. de tais medidas em termos de
Para Luís Gamper, a regu- segurança para motoristas,
lamentação para veículos de passageiros e empresas.
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Segunda-feira
Fortaleza - CearÁ - 18 de Março de 2024 15
 16 ECONOMIA
WWW.OPOVO.COM.BR
SEGUNDA-FEIRA
FORTALEZA - CEARÁ - 18 DE MARÇO DE 2024

CAROL.KOSSLING@OPOVO.COM.BR
FCO FONTENELE

CAROL
KOSSLING ESTA COLUNA
É PUBLICADA
ÀS SEGUNDAS

DIA DA ÁGUA, EQUIDADE

DE GÊNERO E FAVELA
acesso ao esgotamento sanitário tem relação direta

O e fundamental com a qualidade da água no meio am-

biente. Diariamente, mais de 376 milhões de litros de
efluentes chegam nas Estações de Tratamento de Esgo-
to operadas pela Ambiental Ceará em 24 cidades do Estado. Este
processo garante anualmente que o equivalente a 54 mil pisci-
nas olímpicas de esgoto sejam coletadas, tratadas e retornem ao
meio ambiente sem poluir a natureza. Até o final de 2024, o vo-
lume de esgoto tratado será 13% maior, com 52 milhões de litros ATUALMENTE, a Gol possui dois voos semanais
a mais por dia em razão do aumento da infraestrutura de esgo- para a Argentina a partir de Fortaleza
tamento sanitário, a partir de obras executadas pela Ambiental
Ceará. Essa expansão vai beneficiar 440 mil pessoas com acesso
à coleta e ao tratamento de efluentes nos municípios atendidos
pela empresa. Dia 22 de março é o Dia Mundial da Água vale re-
fletir como estamos tratando esse bem natural.
Com céu aberto Brasil
LIDERANÇA FEMININA e Argentina, Governo do
Na Hapvida NotreDame Intermédica as mulheres ocupam 69%
dos cargos de liderança. Atualmente, são quatro vice-presidentes
em áreas como Contas Médicas, Recursos Humanos, Regulação,
Odontologia e Marketing.
Ceará busca fortalecer voos
O número representa 30,7% das cadeiras, quando a média do
| ANAC | Países colocam fim aos limites
mercado é de 19% em empresas comandadas por homens, segundo
o estudo Panorama Mulheres 2023, do Talenses Group e do Insper.
semanais de voos regulares entre os locais
No total, são 2.434 mulheres em posições de liderança, sendo,
além das 4 VPs, 10 diretoras, 368 gerentes, 1.113 coordenadoras
e 939 supervisoras. Além do plano de carreira com diretrizes O POVO entrou em contato Nacional de Aviação Civil (Anac)
para ascensão feminina, a empresa conta com uma política de ANA LUIZA SERRÃO com a Secretaria de Turis- Argentina assinaram um me-
diversidade, contra o assédio e discriminação, e criou o Canal da luizaserrao@opovo.com.br mo do Ceará (Setur-CE) para morando de entendimento para
Mulher para colaboradoras e clientes. verificar as expectativas do estabelecer a política dos paí-
cenário. “O Ceará conta com ses, em reuniões durante o mês
Já o 30% Club Brazil, capítulo da campanha global que promove dois importantes voos sema- de março. O texto foi assinado
a equidade de gênero nos Conselhos de Administração das 100 A política de céu aberto entre o nais para a Argentina, ope- pelos diretores-presidentes
maiores companhias do Mercado de Capitais, dará início, a Brasil e Argentina, que elimina o rado pela companhia Gol. da Anac Brasil, Tiago Pereira,
série de webinars “O caminho para a equidade de gênero nos limite de 170 voos semanais entre Diante desse cenário, a Setur e da Anac Argentina, Gustavo
Conselhos de Administração”. Entre os participantes, executivos os países estimula o Governo do avalia de forma muito posi- Marón. De acordo com a Anac
do Santander, Natura, B3, Carrefour, Magazine Luiza, Porto, Ceará a buscar fortalecer a cone- tiva a política de céu aberto Brasil, os dois países estavam
TIM, Vivara, Vivo, Santander e Natura, encabeçarão o painel, xão aérea entre os países. Além e mantém diálogo constante limitados a oferecer, em con-
dia 19 de março, às 18 horas, na página oficial do Linkedin da disso, a medida vai deixar as com as companhias aéreas. junto, 170 voos semanais pelas
30% Club Brazil. passagens aéreas mais baratas Objetivo é fortalecer essa co- companhias aéreas.
nos trechos, analisou o profes- nectividade”, disse em nota. O documento facilita, tam-
sor do Departamento de Enge- bém, a liberação de voos e ser-
PARCERIAS SOCIAIS nharia Aeronáutica da Escola de Além disso, a reportagem viços cargueiros. As empresas
Engenharia de São Carlos da USP contatou a aérea Gol para ana- aéreas poderão fazer o trans-
O iFood apresentou, em São Paulo, o programa iFood Acredita (EESC-USP), James Waterhouse. lisar as possibilidades de am- porte de carga internacional
na Favela, realizado em parceria com a Favela Holding, grupo “Eu tenho absoluta certeza pliação dos trechos, mas não sem exigência de que a referida
mantenedor da Central Única das Favelas (Cufa). A proposta é (que os voos ficarão mais ba- obteve retorno até a publica- operação se inicie ou termine
fortalecer um movimento em torno da diversidade e mobilidade ratos), porque quando tem-se ção desta matéria. No entanto, no País de origem da compa-

�
social para impulsionar o crescimento de estabelecimentos de a liberdade da demanda, não a expectativa geral da medida nhia, por exemplo. É o que in-
empreendedores pretos e pardos, localizados nas duas maiores tem essa restrição, promove-se é que cada vez mais cidades formou a agência brasileira so-
favelas da capital paulista, Heliópolis e Paraisópolis. não só a competitividade, como e trechos sejam contempla- bre estes direitos denominados
o ajuste ao mercado. (...) Se você dos com um número maior “Sétima Liberdade do Ar”.
DANIELA RODRIGUES/ DIVULGAÇÃO IFOOD tem uma coisa mais elástica, de voos nos locais, o que pode “Além do instrumento com a
você pode modelar a demanda, incluir Fortaleza. Argentina, o Brasil negociou di- IMPACTO
a oferta e aumentar a competi- Os impactos se dariam jus- reitos semelhantes para carga Com o céu
tividade, ambas vão no sentido tamente porque a Agência Na- na região com Chile, Costa Rica, aberto, as
de redução de custo”, informou cional de Aviação Civil (Anac) Cuba, Panamá, Paraguai, Peru, companhias
o docente em entrevista. no Brasil e a Administração República Dominicana, Uruguai aéreas
poderão
e Venezuela”, esclareceu a Anac colocar aviões
Brasil. Questionada sobre quais de “tamanho
são os outros países onde o adequado”
Brasil já possui políticas de céu para a
aberto para cargas e passagei- demanda
ros, a entidade não retornou. “correta”,
Neste cenário, a Anac Brasil fazer
alterações
frisou ainda que o memorando e incluir
de entendimento dos dois paí- cidades.
ses reconhece a necessidade
EMPREENDEDORES durante o de renegociação do acordo so-
lançamento do iFood Acredita na Favela bre serviços aéreos bilaterais,
no intuito de “consolidar os
avanços alcançados e atualizar
Totalmente gratuito o programa oferece diversos benefícios, o marco jurídico bilateral no
como consultoria personalizada para melhorar o desempenho setor, que atualmente é regido
dos restaurantes e lojas no aplicativo, cursos ministrados pela por acordo assinado em 1948.”
plataforma de capacitação online iFood Decola. Waterhouse destacou que
não havia sentido manter res-
E, ainda, uma linha de crédito especial, quando for necessário, trições entre os brasileiros e
voltada a investimentos para expansão dos negócios, como argentinos, já que a Argentina
em insumos, infraestrutura, equipe ou marketing. Além disso, é um dos principais parceiros
os locais recebem mais visibilidade no aplicativo, ficando em comerciais do País e ambos
destaque para os consumidores de suas regiões. A expectativa é compõem o bloco do Merca-
apoiar, inicialmente, 100 parceiros. do Comum do Sul (Mercosul),
que reúne países da América
No Ceará, mais de 9.200 estudantes matriculados em Escolas Latina para integração e opor-
de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) estão recebendo tunidades comerciais. Agora,
formação em empreendedorismo, inovação e educação financeira poderão haver mais benefícios
por meio da Unidade Curricular Jovem Empreendedor I. à economia dos países.
“É muito mais interessante
Essa iniciativa é conduzida pela Junior Achievement Ceará em que o Mercosul todo tenha es-
parceria com a Secretaria da Educação do Estado do Ceará ses acordos, com todos os paí-
(Seduc). Neste semestre, a disciplina eletiva está sendo oferecida ses. Se não tiver, eu acho que
em 221 EEMTI’s, distribuídas por 110 municípios cearenses. um dos caminhos naturais é
isso acontecer. (...) Eu vejo, cla-
ramente, que o Mercosul preci-
sa cada vez se fortalecer mais
com medidas como essa. Redu-
Aponte a câmera do celular ção de tributos e a redução de
e acesse mais notas barreiras”, explicou o docente.
exclusivas de Carol Kossling. (Com Agência Estado)

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Segunda-feira
Fortaleza - CearÁ - 18 de Março de 2024
Ceará registra 18
desabamentos desde janeiro;
onze casos em Fortaleza
| 2024 | Número é do Corpo de Bombeiros. Problemas
estruturais devem ser observados e Defesa Civil acionada
FÁBIo lIMa
alexia vieira
alexia.vieira@opovo.com.br
Dois desabamentos foram
registrados em Fortaleza
neste sábado, 16, e domingo,
17. Durante o fim de sema-
na, houve ainda o colapso de
uma residência em Maraca-
naú, na Região Metropolitana.
Ao todo, o Corpo de Bombei-
ros Militar do Ceará (CBMCE)
atuou em 18 desabamentos
desde janeiro de 2024. Confor-
me os registros da corpora-
ção, dez ocorreram na Capital.
No desabamento ocorrido
no sábado, no bairro Bon-
sucesso, a marquise de um
prédio caiu. A edificação, que
tem quatro apartamentos no
andar superior e quatro pon-
tos comerciais no térreo, foi
interditada pela Defesa Civil
da Capital. Quatro famílias
residentes foram removidas
e alocadas em outros imó-
veis disponibilizados pelo
proprietário do prédio. Elas
receberam cestas básicas,
mantas e colchonetes.
Já nas primeiras horas da
manhã do domingo, um tri-
plex no bairro Mucuripe de-
sabou parcialmente. O imó-
vel também funcionava com
um apartamento em cima
e ponto comercial embaixo.
Os moradores foram enca-
minhados a um abrigo soli-
dário. O local foi interditado
pela Defesa Civil, bem como
oito apartamentos e dez pon-
tos comerciais do entorno,
que estavam desocupados.
A ocorrência em Maracanaú
foi registrada no bairro Je-
reissati II. Um imóvel de dois
andares desabou. Um homem
de 74 anos que morava no tér-
reo da residência conseguiu
sair sem ferimentos.
Problemas estruturais de-
vem ser observados
O tenente-coronel Haroldo
Gondim, coordenador esta-
dual de Proteção e Defesa Ci-
vil, explica que o número de
desabamentos geralmente é
acentuado no período chuvo-
so. “Quanto melhores as chu-
vas, maior a tendência de ter”,
afirma. As construções irregu-
lares, concentradas principal-
mente nas periferias, apresen-
tam maiores riscos.
CIDADES 17
edIçÃo: sara oliveira | sara.olIveIra@oPovodIgItal.CoM | 85 3255 6101
casos em Fortaleza são maioria dos atendimentos
de ocorrências do tipo pelo Corpo de Bombeiros
“As moradas são irregulares BomBEIroS
quando [as construções] não são
acompanhadas por arquitetos
ou engenheiros. Muitas vezes as
Desabamentos
casas são construídas meio que em 2024 no Ce
na marra. Eu sei que nem sem-
pre é possível [contratar profis-
sionais]. Essas casas estão mais 05/02 - são gonçalo
nas periferias, muitas são feitas do amarante (bairro
sem orientação”, explica. Centro)
O coordenador chama aten- 10/02 - Pacatuba
ção para a necessidade de (bairro Jereissati II)
analisar as “doenças estrutu- 10/02 - Fortaleza
rais” que os edifícios podem (bairro ancuri)
apresentar, como trincas, ra- 11/02 - Fortaleza
chaduras, fissuras, afunda- (bairro Centro)
mento do solo ou do telhado. 11/02 - Fortaleza
Caso o prédio tenha essas ca- (bairro Meireles)
racterísticas e haja piora na 11/02 - Fortaleza
infraestrutura durante o pe- (bairro Parquelândia)
ríodo chuvoso, é preciso acio- 19/02 - Fortaleza
nar a Defesa Civil municipal e (bairro Cais do Porto)
evacuar o local. 20/02 - Itaitinga (bairro
“O colapso da estrutura é Centro)
algo que não dá para esperar 26/02 - Pacatuba
acontecer. É preciso chamar (bairro Jereissati III)
a Defesa Civil do município. 26/02 - Fortaleza
Caso não venha a colapsar, ela (bairro Conjunto Ceará)
pode analisar uma possível 28/02 - Fortaleza
interdição”, afirma. Haven- (bairro Montese)
do o desabamento parcial ou 01/03 - Fortaleza
completo, o tenente-coronel (bairro Meireles)
orienta não voltar para a es- 05/03 - Fortaleza
trutura da casa ou escombros (bairro Cristo redentor)
até o local ser liberado pelas 06/03 - Maracanaú
autoridades competentes. (bairro distrito
Em municípios onde a De- Industrial)
fesa Civil não é bem estrutu- 07/03 - Quixadá (bairro
rada, a coordenação estadual Campo velho)
deve prestar apoio técnico, 16/03 - Fortaleza
segundo Haroldo. Os municí- (bairro Bonsucesso)
pios devem ter planos de con- 16/03 - Maracanaú
tingência para áreas mapea- (bairro Jereissati II)
das por risco de inundação, de 17/03 - Fortaleza
alagamento e que possam ter (bairro Mondubim)
edificações comprometidas.
Cogerh. Quandú
Açude sangra em Itapipoca
e Ceará chega a 17
reservatórios cheios
O açude Quandú, no municí- Também há três da bacia Me-
pio de Itapipoca, sangrou neste tropolitana; três da Coreaú;
domingo, 17. A última vez que a quatro da Acaraú e um da bacia
barragem chegou a 100% da ca- do Alto Jaguaribe.
pacidade foi em julho de 2023. Outros 11 açudes estão com
Com ele, o Ceará passa a ter 17 90% da capacidade preenchida,
reservatórios cheios, conforme tendo os açudes Sobral e Angi-
dados da Companhia de Gestão cos as maiores porcentagens
dos Recursos Hídricos (Cogerh). de reserva — 96,4% e 95,3%,
Dos 17 açudes em sangria, respectivamente. Além deles,
seis são da bacia hidrográfica 42 reservatórios têm menos de
do Litoral, incluindo o Quandú. 30% do volume preenchido.
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SEGUNDA-FEIRA
FORTALEZA - CEARÁ - 18 DE MARÇO DE 2024

DANIELANOGUEIRA@OPOVO.COM.BR

FLOR Crianças e adolescentes do

DO LÁCIO
POR DANIELA NOGUEIRA
ESTA COLUNA
É PUBLICADA
QUINZENALMENTE bairro Ellery encenarão Paixão
ÀS SEGUNDAS

SÃO JOSÉ E SANTO

de Cristo | 28ª EDIÇÃO | Espetáculo ocorre
na Sexta-Feira Santa, 29, integrando período de
ANTÔNIO: POR QUE celebração da Páscoa. Atores ensaiam há dois meses
“SÃO” E “SANTO”? FÁBIO LIMA

À
S VEZES, É SANTO. ÀS VEZES, É SÃO. De tanto falar, já in-
corporamos ao nome e nem refletimos sobre a diferença
entre as duas formas. Mas ela existe. Embora tenham o
mesmo significado, as duas palavras são usadas por ra-
zões distintas. Usa-se “santo” com nomes iniciados por vogal ou
por H. Exemplos: Santo Expedito, Santo Antônio, Santo Hilário.
Usa-se “são” antes de nomes iniciados por consoante. Exemplos:
São José, São Paulo, São Bento. O termo “são” é uma forma contraí-
da de “santo”. A regra para a escolha dessas expressões é relacio-
nada à produção sonora, à pronúncia dos sons das palavras.

v œ
EXCEÇÕES
COMO ESTAMOS falando
de língua portuguesa,
há exceções. Uma bem
conhecida é Santo Tomás
de Aquino. Como Tomás
começa com consoante,
deveria ser “são”. Mas
a forma “Santo Tomás”
é bastante usada, por
mais que já se utilize
também “São Tomás”.
Outras formas: Santo
Tirso e São Tirso.
DATAS
COMEMORATIVAS
SÃO ESCRITOS com inicial
maiúscula os nomes de datas
comemorativas, festas populares,
celebrações cívicas, feriados
(religiosos ou não) e datas NESTE ano, destaque para a renovação do
históricas em geral. Assim, temos: figurino feita com a ajuda da comunidade
Semana Santa
Páscoa
Carnaval
Dia das Mães Bairros Ellery e Monte Castelo. colaboração com a comu-
Dia do Trabalho BEMFICA DE OLIVA O POVO esteve no local na ma- nidade, que contribui com
Réveillon bemfica.oliva@opovodigital.com nhã de ontem, 17, para acompa- materiais e mão de obra.
Dia do Professor nhar o processo de preparação.
Proclamação da República O elenco da encenação é, Segundo Wescley Sacra-
Natal tradicionalmente, composto mento, coordenador do


SANTA
COM OS NOMES
próprios femininos,
não há variação. Usa-
se somente “santa”
independentemente
da primeira letra do
nome. Exemplos:
Santa Teresinha, Santa
Cecília, Santa Ana.
SALVA A DICA!
VAMOS RESOLVER A QUESTÃO
ABAIXO SOBRE O USO DOS PORQUÊS.
Quarta-Feira de Cinzas
Sexta-Feira Santa
Os meses do ano e os dias da
semana são escritos com inicial
minúscula na língua portuguesa.
Quando fazem parte de uma
celebração, usa-se a inicial
maiúscula.
Exemplos: “Minhas férias serão
em maio” / “O 1º de Maio é uma
data de luta”; “Vou ao curso às
sextas-feiras e aos sábados” / “Não
trabalharei na Sexta-Feira Santa”.
Mais de 40 crianças e ado-
lescentes serão protagonistas
da tradicional encenação da
Paixão de Cristo no bairro El-
lery, em Fortaleza, no dia 29
de março. O espetáculo é or-
ganizado pelo Grupo Sagra-
da Família, ligado à Paróquia
Nossa Senhora de Lourdes, e
neste ano terá o apoio da Se-
cretaria da Cultura de For-
taleza (Secultfor).
Os ensaios acontecem na
Associação Comunitária dos
por crianças e adolescentes,
entre atores e figurantes, que
recebem o auxílio da equipe
técnica do espetáculo.
Contemplado em edital da
Secultfor, em 2024 a Paixão
de Cristo do bairro Ellery terá
maior estrutura. Serão seis ce-
nários e, como de costume, a en-
cenação ocorre pelas ruas da re-
gião, com um trajeto que liga os
palcos ao longo do espetáculo.
Também se destaca, este
ano, a renovação do figuri-
no. As roupas são feitas em
Grupo Sagrada Família, o
envolvimento dos mora-
dores é fundamental, e vai
além da montagem do es-
petáculo. “Sem a comuni-
dade a gente não consegue
fazer nada”, pontua. “Eles
abraçam, mesmo”.
A participação das crianças
e adolescentes, segundo ele,
mostra isso na prática. A pre-
paração, diz Wescley, ajuda a
criar um maior senso de comu-
nidade, ampliando o contato
entre os residentes do bairro.
Wescley pontua ainda que
o processo ajuda também o
próprio elenco: de acordo
com o coordenador, crianças
que antes tinham dificulda-
des em falar e conviver com
colegas, ganham, por meio da
Sem a
comunidade
participação no espetáculo, a gente não
maior desenvoltura, e passam consegue
fazer nada.
a criar relações sociais mais

􀛨.
Eles abraçam,
(IDECAN 􀣔􀩚􀣔􀛨 PC􀒀CE 􀒀 ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) “Até aprofundadas. “A gente sem- mesmo”
porque há outros processos de geração de metano que pre trabalha a coletividade,
não envolvem formas de vida, como a interação de um depende do outro”, frisa. Wescley
água com certos minerais, no processo conhecido como O próprio Wescley se colo- Sacramento,
serpentinização”. (linhas 13 a 15 de texto associado) ca como exemplo: atualmente coordenador
responsável por organizar o do Grupo
Sagrada Família
No período acima, empregou-se corretamente a forma do porquê. espetáculo, ele esteve, quando
Assinale a alternativa em que isso também tenha ocorrido. criança, no elenco da primei-
ra encenação — a Paixão de
a) Esperamos que nosso desenho demonstre por quê, naquela cena, Cristo do bairro Ellery está na
era impossível identificar a quantidade de pessoas presentes. 28ª edição. O coordenador afir-
b) Por que estávamos esperando a chegada do depósito não ma que estar no elenco da peça
podíamos ir adiantando outras tarefas? acaba tornando os participan-
c) Nunca se identificaria por que eles agiram daquela maneira. tes “celebridades” da vizinhan-
d) Era muito difícil identificar as causas, por que a substância não ça”. “As pessoas realmente co-
tinha todas as suas propriedades ainda conhecidas. meçam a reconhecê-los como
e) Os objetivos porque lutamos não podem ser esquecidos. artistas”, diz.
O processo, segundo ele,
Lembremos que “por que = por qual motivo”, por qual razão. Assim, permite que alguns busquem
em a), o sentido é “nosso desenho demonstre por qual motivo era o sonho da carreira na área da
impossível...”. Assim, o certo deveria ser “por que”. É a mesma ideia Cultura. “A gente sabe que no
da letra e). “Os objetivos pelos quais lutamos” = por que lutamos. Ceará, em Fortaleza, existe um
Em b) e em d), o sentido é de “pois, porque”. Ou seja, deveria ser limite muito grande da cultura
“porque”, junto e sem acento. Assim, está certa a letra c) = “Nunca se contemporânea”, afirma. “Mas
identificaria por qual motivo eles agiram”. eu percebo que muitos deles
têm muita vontade, de ir para
SUGESTÕES? o Theatro José de Alencar, de
Por favor, escreva para: ser artista”, conclui.
danielanogueira@opovo.com.br
Aos residentes no Ceará, bom feriado de São José!
Volto daqui a 15 dias. Sexta-Feira da Paixão

Quando: 29 de março
Onde: saída da matriz Nossa
Senhora de Lourdes
Aponte a câmera do celular e Trajeto percorrendo ruas
acesse mais notas exclusivas do bairro
de Daniela Nogueira. Apresentação gratuita
 CIDADES 19
WWW.OPOVO.COM.BR
SEGUNDA-FEIRA
FORTALEZA - CEARÁ - 18 DE MARÇO DE 2024

PACO@OPOVO.COM.BR

LÚCIO Evento promove inclusão

BRASILEIRO ESTA COLUNA
É PUBLICADA
DE SEGUNDA A
DOMINGO da pessoa com síndrome
Fazendo 15 anos em setembro a partida de Hugo Jereissati,
que era o caçula dos seis do senador Carlos.
de Down em Fortaleza
Morreu em Bali, onde morava. | BEIRA MAR | Ato destacou protagonismo do indivíduo
Suas irmãs, Vera, Diana e Lia, viajaram especialmente para
trazer as cinzas.
com síndrome de Down e chamou atenção da sociedade
Que repousam junto às da mãe, Maria de Lourdes, nascida

YURI ALLEN/ESPECIAL PARA O POVO

Ribeiro, no Rio de Janeiro.

De larga aceitação no Jet-Set, teve missa mandada celebrar

por sua amiga Diane von Furstenberg, em Nova York.

E aqui no Brasil, a fabulosa Carmen Mayrink Veiga, que soube

já na UTI, também mandou rezar.

PAPO & TRAGO

ACERVO PESSOAL

EVENTO foi realizado pela Associação

Fortaleza Down ontem, 17

UM GRANDE momento do Troféu Hermenegildo Sá

Cavalcante do Farias Brito, Tales entre agraciados
José Augusto Bezerra e Cid Carvalho, legenda do rádio. A programação do evento, Para a presidente da Asso-


PENÉLOPE MENEZES intitulado “Show de Inclusão”, ciação, Shirley Chaves, desmis-
No Chez Marc, educador Antônio Filgueiras, do Lourenço
penelope.menezes@opovo.com.br precede o Dia Internacional tificar os rótulos comumente
Filho, mandou abrir um portuga que eu não conhecia, porém,
da Síndrome de Down, em 21 associados às pessoas com sín-
aprovei, Cem Reis.
de março. A data é uma alusão drome de Down é um dos obje-
à trissomia do cromossomo tivos do evento. “É uma forma
Além de desenvolver conversa levíssima.
21, condição genética das pes- de chamar a sociedade a ver e Programação
“Menos estereótipos, mais soas com síndrome de Down. entender um pouco do poten- do ato teve o
BOLA COM AFETO oportunidades” para pes- Mas se engana quem acredita cial e da capacidade de supera- tema “Show
soas com síndrome de Down foi que o dia oficial é feito apenas de ção que eles têm”, revela. de Inclusão” e
Mônica Miranda seguindo pra Budapeste com genro precede o Dia
Antônio Gomes. lema de uma onda azul que celebrações, como afirma a di- A Ordem dos Advogados do Internacional
tomou conta da avenida Beira retora financeira da Associação Ceará (OAB-CE) também parti- da Síndrome
Mercê ver neto Antônio Emanuel, Arruda de Granja, jogador Mar, ontem, 17. O evento, que Fortaleza Down, Luana Lopes. cipou por meio do secretário- de Down, em
profissional, atuando no futebol da Eslováquia, que fica bem perto. teve a promoção da Associa- geral adjunto da Comissão de 21 de março
ção Fortaleza Down, reuniu fa- “Essa data vem representar Defesa dos Direitos das Pessoas Dia é de luta
mílias e visitantes em volta ao um dia de luta. Na verdade, com Deficiência (CDDPD), Maurí- em busca de
ALINHADO palco, em mesas na areia, com não é nem um dia de festa, é cio Lima. Ele considera o evento direitos
Maria Vital recebeu Azuis com um colar que chamou atenção suas camisas azuis e meias de um dia em que as pessoas com um “não ao capacitismo” ao de-
de suas convivas. cores diferentes. Estas tinham síndrome de Down estão em monstrar a participação ativa
um objetivo claro, que o público busca dos seus direitos a uma da população com síndrome de
Não tanto portentoso, porém, denotando um quê diferente. fez questão de informar. vida normal, à educação, à Down em Fortaleza.
“Muitas pessoas estão per- saúde, ao trabalho… simples- O filho de Maurício, Norton
guntando o por quê das meias mente uma vida normal”, diz. Lima, 30, foi um dos respon-
coloridas, né? É um jeito de sáveis por uma apresentação
RONDA DOS NATAIS divulgar a ação e chamar os A influenciadora Alice Peres, de dança no evento. Na oca-
olhares da sociedade, por- 18, responsável pelo perfil no Ins- sião, o artista performou ao
Segunda, 18 de março: Aldonso Palácio, filho que muita gente desconhece tagram “Mundo de Alice”, não dei- lado da namorada, Marina,
nominado do grande empresário de petróleo a síndrome de Down, a tris- xou de expressar sua animação 24, e compartilhou sua visão
BON MOT e lady Eudinha .... Teresa Gurgel, de meus somia do cromossomo 21”, em participar do evento. “Eu acho sobre o conceito de inclusão
SE VOCÊ ESTÁ compadres Lidinha e Zeraimundo Gondim .... destaca a pedagoga e espe- que vai ser muito lindo, maravi- da pessoa com síndrome de
INCOMODADO Márcio Parayba, um dos verbetes do Sociedade cialista em atendimento edu- lhoso”, declarou a jovem, eleita a Down: “Com a dança, eu e ela
COM A SUA Cearense do Wai-Wai de Deda Studart .... Maria cacional, Raquel Gondim. primeira Miss Down do Brasil. vamos abrir portas”.
JUVENTUDE, Amélia Ferreira Gomes, que foi primeira-dama
NÃO SE PREOCUPE, .... Carlito Pamplona, da família pioneira da
EM TRINTA ANOS cera .... Daniely de Freitas, casada com tenente-
VOCÊ ESTARÁ coronel da Aeronáutica, que comandou a Base
CURADO. (Jean Aérea .... Carlos Henrique Queirós, do ramo
Giradoux) Pague Menos .... Ana Rosa de Paula.

Pelo menos 5 fugas são registradas

t em presídios do Ceará em 2024
NÚMEROS | RMF | Caso mais recente aconteceu na madrugada
Levantamento
foi feito com de ontem, 17, quando sete presos fugiram de unidade em Itaitinga
base em
matérias
publicadas
pelo O POVO Sete detentos fugiram da levantamento do O POVO, com
Foram dois da Unidade Prisional Profes- base em matérias publicadas.
casos em sor José Sobreira de Amo- Em janeiro, dois casos fo-
janeiro, um rim, em Itaitinga, na Região ram registrados. No dia 15,
em fevereiro e
Metropolitana de Fortale- quatro presos fugiram da
dois em março
za (RMF), na madrugada Unidade Prisional Profes-
de ontem, 17. Foi pelo me- sor Olavo Oliveira (UPPOO
nos a quinta fuga registra- II) em Itaitinga, na RMF. Os
da no sistema penitenciário internos haviam utilizado
neste ano. Os dados são de uma corda para escalar uma
muralha e fugir da unidade
prisional. Eles foram recap-
turados no dia seguinte.
No dia 21 de janeiro, ou-
tra fuga foi registrada no
Estado. Cinco detentos es-
caparam da Unidade Prisio-
nal Francisco Hélio Viana de
Araújo (UP), em Pacatuba,
também na Região Metropo-
litana de Fortaleza (RMF). Os
fugitivos foram recaptura-
dos em menos de 24 horas.
Em fevereiro, um deten-
to, identificado como Antô-
nio Dourado da Costa Neto,
fugiu da Unidade Prisional
Professor Clodoaldo Pinto
(UP-Itaitinga2), em Itaitin-
ga, na madrugada do dia 9.
Um grupo de, pelo menos,
11 detentos teria feito um
túnel para fugir do presí-
dio, no entanto, dez foram
interceptados no local.
Em março, no último dia
9, Nilson dos Reis Feitosa, o
“Nilsinho”, fugiu da Unidade
Prisional Francisco Hélio Via-
na de Araújo, na Pacatuba. Ele
é condenado por homicídio,
estupro e roubo.
Conforme a Secretaria da
Administração Penitenciária
do Estado do Ceará (SAP), um
dos sete internos que fugi-
ram ontem foi recapturado.
Não foi informado balanço
oficial das fugas registradas
no sistema penitenciário do
Estado neste ano e em 2023.
Foi questionado à pasta
também sobre quantos presos
foram recapturados e quantos
ainda permanecem foragidos.
(Mirla Nobre)
 20 OPINIÃO
WWW.OPOVO.COM.BR
SEGUNDA-FEIRA
FORTALEZA - CEARÁ - 18 DE MARÇO DE 2024

COMENTE NOSSO EDITORIAL: OPINIAO@OPOVO.COM.BR

EDITORIAL
Por uma política de proteção infantil constante
ois estudos divulgados na úl- desses números, segundo o relatório da (ODS) estabelecidos pelos próprios nascer. Ou seja, o combate à mortalida-

D tima semana por órgãos vin-

culados à Organização das
Nações Unidas (ONU) apon-
tam para a necessidade de
que sejam aplicadas a nível
global políticas de proteção às crianças.
No primeiro levantamento, o Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Uni-
cef) aponta que, em 2022, a mortalidade
infantil chegou à marca histórica abai-
xo dos 5 milhões de vítimas em todo o
mundo. Foram 4,9 milhões de crianças
com menos de cinco anos que morreram
no período. O número representa uma
redução de 51% no comparativo com o
ano 2000 e 62% em relação a 1990.
O trabalho de profissionais de saúde
qualificados e a proteção conferida por
vacinas ajudam a explicar a diminuição
Unicef. No entanto, apenas essas medi-
das não são suficientes e os índices po-
dem ser muito melhores.
A queda dos números de mortalidade
infantil passou por uma desaceleração
duas vezes maior entre 2015 e 2022 do que
a observada nos primeiros 15 anos deste
século. Sobretudo em países da África
Subsaariana, onde complicações relacio-
nadas a problemas no nascimento, doen-
ças respiratórias e outras enfermidades
como malária e a diarreia compõem uma
realidade ainda muito distante da ideal.
O relatório alerta que até 2030,
nesta tendência, 35 milhões de
crianças morrerão antes de com-
pletar cinco anos. Números bem
distante dos projetados nos Objeti-
vos de Desenvolvimento Sustentável
membros da ONU.
Um segundo estudo, este divulgado
pelo Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (Pnud), mostra que
o Brasil conseguiu em 2022 reverter
pelo segundo ano consecutivo a queda
de seu Índice de Desenvolvimento Hu-
mano (IDH).
No entanto, a notícia que poderia ser
boa é sombreada pelo fato de este mes-
mo índice de 2022 (0,760) ainda estar
abaixo do obtido em 2019 (0,766), antes
da pandemia de Covid-19. Além disso,
no comparativo, o Brasil caiu mais duas
posições e ocupa o 89º lugar entre os 193
países listados pela ONU.
O IDH de cada país é calculado com
base em uma série de dados como esco-
laridade, renda e expectativa de vida ao
de infantil é determinante para a obten-
ção de um IDH mais elevado.
O cruzamento de informações das
duas pesquisas revela como são neces-
sárias tais políticas públicas contra as
mortes na infância. E que elas sejam
permanentes e voltadas para resultados
no curto, no médio e no longo prazo.
Os desafios globais contra a morta-
lidade infantil são gigantescos. Princi-
palmente para os estados emergentes
– caso do Brasil – e em desenvolvimen-
to. No entanto, este é um cenário social
possível de ser revertido com a implan-
tação de políticas mais efetivas e com
um modelo de concertação entre países
mais eficiente para que não deixemos
escapar tantas vidas de uma forma tão
precoce e evitável. 

FUNDADO EM 7 DE JANEIRO DE 1928

POR DEMÓCRITO ROCHA

PRESIDENTE INSTITUCIONAL & PUBLISHER

A indústria, a Fiec e a juventude

Luciana Dummar

PRESIDENTE-EXECUTIVO
João Dummar Neto
DIRETORES-EXECUTIVOS DE JORNALISMO A reindustrialização brasileira requer para o atendimento das necessidades de re- integradoras da teoria com a prática. Fi-
Ana Naddaf
Erick Guimarães capacitação inovadora e, neste aspecto, é dução da emissão de carbono pela substitui- quei muito entusiasmado ao ver ali jovens
DIRETOR DE JORNALISMO DAS RÁDIOS louvável a ação da Fiec, por meio do Sesi e do ção dos combustíveis fósseis por fontes de dominando a robótica, fazendo projetos,
Jocélio Leal
Senai, na ampliação de suas estruturas de energias limpas, como o Hidrogênio Verde, cálculos, circuitos integrados e construin-
DIRETOR DE NEGÓCIOS E MARKETING
Alexandre Medina Néri ensino e criação de uma nova rede de equi- gerado a partir do sol e do vento que a na- do diversos protótipos, em uma efetiva
DIRETORA DE GENTE E GESTÃO pamentos adequados às exigências tecnoló- tureza nos oferece em abundância. Em Ma- aplicação do conhecimento.
Cecília Eurides
gicas de operações indus- racanaú vi de perto os novos laboratórios do Ao ouvir as falas do presidente da Fiec,
DIRETOR CORPORATIVO
Cliff Villar
Roberto Macêdo triais e atraentes para a “Instituto Senai de Tecnologia Ariosto Holan- Ricardo Cavalcante, nesses três eventos,
roberto@pmacedo.com.br
DIRETOR DE OPINIÃO preparação de jovens. da”, uma estrutura de ponta, dotada de ex- reforcei a certeza de que estamos re-
Guálter George Empresário
EDITORIALISTA-CHEFE
Participei com muito pertise técnica, onde se encontra também o criando completamente nosso sistema de
Plínio Bortolotti interesse, nas duas últi- “Centro de Inovação do Sesi”. ensino: instalações, currículos e métodos
mas semanas, da inau- No Centro de Fortaleza foi inaugurada a de transmissão e aquisição de conheci-
CONSELHO EDITORIAL guração de três desses “Escola Sesi de Referência”, que leva o meu mento dos cursos das escolas profissio-
Adísia Sá; Diatahy Bezerra de Menezes;
Fausto Nilo; Francisco José de Lima Matos; equipamentos em Forta- nome, o que muito me orgulha, sobretu- nalizantes do Sesi e Senai.
Lino Vilaventura; Manfredo Oliveira;
Pedro Henrique Saraiva Leão;
leza e em Maracanaú. do por se tratar de uma unidade de en- É animador ainda ver que essa estru-
Plínio Bortolotti; Raimundo Padilha; O Sesi e o Senai da Barra do Ceará agora sino que tem metodologia inovadora vol- tura montada para atender necessida-
Roberto Macedo; Valdemar Menezes;
Wânia Cysne Dummar contam com o “Centro de Excelência para tada para estudantes que, nela, poderão des do setor empresarial é uma forma da
Transição Energética Jurandir Picanço”, uma interagir intensamente entre si, em um indústria contribuir para a capacitação
DIRETORIA DE JORNALISMO nova escola dedicada à formação profissional aprendizado com disciplinas integradas e técnica e cidadã da juventude. 
DIRETORES-EXECUTIVOS
Ana Naddaf
Erick Guimarães

DIRETOR DE JORNALISMO DAS RÁDIOS

Jocélio Leal

Ah! Fortaleza...
EDITORES-CHEFES
André Bloc, Beatriz Cavalcante, Chico Marinho,
Cristiane Frota, Érico Firmo, Fátima Sudário,
Fernando Graziani, Gil Dicelli, Regina Ribeiro,
Renato Abê, Tânia Alves e Thadeu Braga “Junto à sombra dos muros do forte, a Em um território pobre e assolado por transformação dos valores da cultura do
EDITORES-ADJUNTOS pequena semente nasceu”. A frase do poeta uma natureza inclemente, a “impossibili- desapego à memória ou, ainda, o desprezo
Amanda Araújo, Carol Kossling, Demitri Túlio,
Irna Cavalcante, Ítalo Coriolano,
Gustavo Barroso abre o hino de uma cidade dade de ser” funciona como um poderoso ao enraizamento.
João Marcelo Sena, Júlio Caesar, que, como tantas outras, cresceu, a partir aguilhão que compele ao “sair de si”, fun- No imaginário mercador, a especula-
Lucas Mota, Marcela Tosi, Marcos Sampaio e
Rubens Rodrigues de acampamentos e habitações precárias, damento de um ethos nômade marcado ção (fruto da astúcia entre o comprar e o
EDITORA DE MÍDIAS SOCIAIS
em torno das sedes das forças militares, pelo movimento e o exílio. Segundo Mar- vender), o gosto pelo efêmero e pela cópia
Glenna Cherice em busca de proteção e de guerite Youcenar, “um dos privilégios de (o kitsch) justificam a construção e a der-
Cláudia Leitão um melhor exercício de sobreviver consiste em se lembrar”. Como rubada permanente de edificações simbóli-
REDATORA DE CAPA E FAROL
Domitila Andrade claudiasousaleitao@yahoo.com.br
suas práticas comerciais. compreender Fortaleza, diante de uma cas deste imaginário (a exemplo do Castelo
Professora da Uece
ASSESSORA DE COMUNICAÇÃO Bons tempos... Mas volte- memória constantemente esquecida e (re) do Plácido ou do Edifício São Pedro) e nos
Daniela Nogueira e sócia da Tempo de
Hermes Projetos Criativos.
mos à instalação, no sécu- inventada? Pelos caminhos do imaginá- ajudam a compreender o fracasso das dis-
OMBUDSMAN
Joelma Leal Colunista do O POVO lo XVIII, da Vila do Forte e rio, conseguiríamos perceber que o Ceará putas judiciais, a falta do planejamento ur-
sua geografia favorável à é uma invenção do comércio. No século banístico da gestão pública, assim como a
EMPRESA JORNALÍSTICA O POVO S.A.
exportação de matérias XIX, uma geração de mascates acabará por indiferença dos seus proprietários. A men-
Av. Aguanambi, 282 - Joaquim Távora -primas (como o algodão), destronar velhas elites agrárias e Fortale- tira não está no discurso, mas nas coisas,
CEP 60055-402 - Fortaleza - CE – PABX: 3254 1010
CNPJ: 07.222.565/0001-62 que permitirá, segundo Liberal de Castro, a za crescerá como um locus de troca, bal- afirma Calvino. Como seres de passagem,
www.opovo.com.br inserção da pequenina Fortaleza no circuito deação e passagem. No entanto, o ethos sempre a fazer e refazer suas origens, os
do comércio com cidades como Liverpool, empreendedor, que produzirá o enrique- cearenses estaríamos condenados a um
Havre, Hamburgo, Barcelona e Nova York. cimento de alguns, não representará a eterno presenteísmo? Ah! Fortaleza... 
GALERIA DE PRESIDENTES

Demócrito
Rocha
1928 - 1943
Paulo
Sarasate
1943 - 1968
Creuza
Rocha
1968 - 1974
Mudanças climáticas e biodiversidade
Em 2023, o El Niño demonstrou sua Intergovernamental sobre Mudanças Cli- uso de solo, tais como mineração, agricultu-
natureza mais severa sobre o Brasil. Por máticas da ONU. E para entender melhor ra e pecuária, potencializam as consequên-
exemplo, na região Sul, chuvas torrenciais e esses impactos, pesquisadores do Cen- cias negativas das mudanças climáticas so-
inundações desencadearam perdas huma- tro de Conhecimento em Biodiversidade bre nossa biodiversidade.
Albanisa Demócrito nas. Nas regiões Nordeste e Norte, estiagens elaboraram um panorama dos impactos Segundo o estudo, a maioria das pesqui-
Sarasate Dummar
1974 - 1985 1985 - 2008 provocaram secas, inclusive notórias nos das Mudanças Climáticas sobre a biodi- sas projeta efeitos negativos das mudanças
rios amazônicos. Os im- versidade brasileira, visando determinar climáticas (68,6%), em comparação com
Tarcísio Lyra dos pactos do El Niño têm sido quais os principais agentes das mudan- efeitos neutros (3,9%) ou positivos (27,5%).
ATENDIMENTO Santos Abreu
tarcisioabreu@hotmail.com
intensificados pelas mu- ças, padrões e lacunas de conhecimento Mais do que nunca, proteger nossa biodi-
AO LEITOR E ASSINANTE danças climáticas globais, entre grupos de plantas e animais, bio- versidade é fundamental para mitigar os
3254 1010 Biólogo, doutor em Ecologia
e pesquisador da Rede Biota resultando em fenômenos mas e regiões brasileiras. impactos das mudanças climáticas e en-
mercadoassinante@opovo.com.br
Cerrado e do Centro de extremos mais frequentes Os resultados preliminares destacam que frentar a crise socioambiental que assola o
Conhecimento em Biodiversidade e imprevisíveis. há um maior número de artigos científicos planeta. Hoje já não se trata de garantir a
AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS: Agência Estado e Agência O Brasil, conhecido realizados na Floresta Atlântica, Cerrado e qualidade de vida das gerações futuras. É
France Press
por sua riqueza de es- Caatinga, em relação aos demais biomas; a sociedade atual que, em poucas décadas,
DISTRIBUIDOR EXCLUSIVO EM BRASÍLIA:
MÍDIA DISTRIBUIDORA DE JORNAIS LTDA – Aeroporto pécies animais e vegetais, é particular- de estudos sobre plantas, aves e insetos em estará sujeita às impiedosas intempéries
Internacional de Brasília Pres. Juscelino Kubitschek;
Setor de locadoras, lote n-º 14, salas 03 e 04;
mente vulnerável a perdas de biodiver- comparação a anfíbios, repteis e peixes. E do aquecimento global. Afinal, “El Niño”
CEP: 71608-900 – Brasília/DF; sidade devido ao aquecimento global, ainda que atividades vinculadas à fragmen- tende a retornar mais “maduro” e intenso
Telefone: (0XX61) 364 9900, Fax: (0XX61) 364 9901
E-mail: idiadistribuidora@grupomidia.com.br conforme o último relatório do Painel tação, a perda de habitat e às alterações do a cada quatro anos. 
PREÇO DO EXEMPLAR NO CEARÁ:
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OUTROS ESTADOS DO NORDESTE:
segunda a sábado: R$ 4,50; domingo: R$ 8,00
OUTROS ESTADOS:
segunda a sábado: R$ 5,50; domingo: R$ 10,00
ASSINATURA ANUAL: R$ 1.132,00

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ombudsman@opovodigital.com (85) 98893 9807 opiniao@opovo.com.br (85) 3255 6104 ou 3255 6129
 OpiniãO 21
www.opovo.com.br
Segunda-feira
Fortaleza - CearÁ - 18 de Março de 2024

democracia e investimento
O investimento direto estrangeiro se tornou importante
diante de um mundo cada vez mais conectado e com econo-
mias interdependentes. Além de financiar ações seminais em
áreas como inovação e desenvolvimento, é responsável por
impulsionar setores essenciais da economia na construção de
comunidades com enorme diferencial competitivo. Isso se tor-
na ainda mais importante em países como o
márcio coimbra Brasil, que têm forte déficit de poupança in-
contato@casadapolitica.com.br
terna e se tornaram dependentes de capital
Cientista político,
externo para realização de investimentos.
presidente do
Instituto Monitor
Ao mesmo tempo, com um Estado que
da democracia e direciona 92% dos recursos do setor público
colunista do o povo para custeio, fica claro que o governo brasi-
leiro tem capacidade estatal de investimen-
to limitada e muito menor do que as neces-
sidades de nossa economia. Isso explica por
que mais de 65% das obras do PAC são rea-
lizadas com dinheiro da iniciativa privada.
Essa é a razão pela qual o governo bra-
sileiro trabalha constantemente para atra-
ção de investimento direto estrangeiro
IdeIas
para a ampliação de nossa economia. Nesta disputa externa
em busca por recursos internacionais, diversos fatores sur-
gem como elementos essenciais que atraem capital de qua-
lidade. Entre eles, podemos citar um ambiente regulatório
confiável, judiciário independente, contas públicas equilibra-
das, moeda e regras estáveis, liberdades individuais assegu-
radas e democracia consolidada, ou seja, uma trilha virtuosa
que assegure o retorno dos investimentos.
Ao mesmo tempo que existem recursos de qualidade que
exigem esse arcabouço de virtudes, também existem inves-
timentos predatórios, de mais fácil atração e que não exigem
este ambiente de estabilidade. São perigosos porque trafe-
gam em modelos corruptos, exigem contrapartidas e carre-
gam armadilhas de dependência política, financeira, econô-
mica e social.
Com base nesse risco, muitos países desenvolvidos vêm
trabalhando modelos de defesa contra investimentos pre-
datórios. Como consequência, a União Europeia viu uma
diminuição muito significativa do investimento predatório
a partir de 2022. Ali existem iniciativas de adoção e atuali-
zação de mecanismos de análise de investimentos diretos
estrangeiros existentes. A Itália, por exemplo, retirou-se das
iniciativas chinesas da Nova Rota da Seda por considerar o
modelo perigoso para seu interesse nacional.
Em Portugal, desde 2014, estabelece-se o regime de salva-
guarda de ativos estratégicos essenciais para garantir segu-
rança da defesa nacional e do aprovisionamento do país em
serviços fundamentais. O governo pode opor-se a qualquer
transação da qual resulte, direta ou indiretamente, a aqui-
sição de controle de terceiros à UE sobre ativos estratégicos
nos setores de energia, transportes e comunicações.
O Brasil deveria seguir o mesmo caminho, especialmen-
te por se alinhar atualmente com países que optaram pelo
investimento predatório, como os membros do Brics. Nosso
país deveria optar pelos investimentos de qualidade, com re-
cursos de origem conhecida e limpa, ao mesmo tempo que
realiza reformas que tornem o país receptivo àquelas de-
mocracias que visam parcerias longas, sadias e focadas na
construção de um país forte e próspero. Devemos trabalhar
na atração de investimentos diretos estrangeiros de quali-
dade, sob pena de nos tornarmos reféns de um modelo que
pode aprisionar nossa economia e nossa sociedade. n

O alto custo das Cidades que são oásis

campanhas eleitorais
Estamos nos aproximando de
mais uma campanha eleitoral. Par-
tidos e pré-candidatos se movimen-
tam e fazem as contas para saber o
custo da empreitada. A pergunta é
sempre a mesma: quanto é necessá-
rio para eleger um
cleyton monte prefeito ou verea-
cleytonvmonte@gmail.com
dor de uma capital
Cientista político,
brasileira? A res-
professor
universitário e
posta é conhecida:
colunista do o povo muito caro. O Brasil
tem uma das cam-
panhas mais dis-
pendiosas do mun-
do. Levantamentos
realizados nos últimos 20 anos des-
tacam que a razão entre o número
de eleitores e o volume de recursos
emprenhados é impressionante.
Com campanhas encarecidas, temos
poucos incentivos para a renovação
de postulantes e a prevalência do
poder econômico.
As eleições para as prefeituras exi-
gem uma logística que realmente tem
um valor elevado; agências de publi-
cidade, equipes em diferentes pontos
da cidade e o uso intensivo das redes
sociais consomem milhões para tor-
nar a chapa competitiva. Para os ve-
readores, os custos são menores e as
estratégias as mais diversas: visitas
sociais frequentes, presença no uni-
verso virtual e conhecimento sobre
a região, tema ou grupo que deseja
representar. É uma corrida difícil,
que começa muito antes do período
oficial de propaganda eleitoral. Quem
tem mandato ou apoio da máquina
acaba saindo na frente. A questão é
complexa, uma vez que permeia um
aspecto estrutural: a desilusão de
parte do eleitorado com o mundo po-
lítico e, não raro, a oportunidade de
tirar vantagem do momento. A justiça
eleitoral e o Congresso Nacional rea-
lizaram uma série de reformas para
tentar baratear as campanhas. Tal-
vez a mais ousada tenha sido o fim do
financiamento empresarial. Apesar
de bem intencionada, a medida não
conseguiu frear os tentáculos do po-
der econômico - o Caixa 2 ainda exis-
te. Além disso, os valores de grande
parte dos serviços e produtos ficaram
inflacionados - e nem estou falando
da persistente compra de voto.
O problema está longe de ser
equacionado, pois os grandes parti-
dos políticos, aparentemente satisfei-
tos com o bilionário Fundo Eleitoral,
pouco se preocupam com o diálogo
social permanente. O mecanismo de
representação política continua foca-
do em personalidades e não em ban-
deiras ou programas. Recentemente,
tivemos o ingresso das facções nesse
jogo. Cada vez mais, as candidaturas
com poucos recursos têm que usar
da criatividade e de outras frentes de
apoio para conquistar espaço. n
de diversidade gênica
A urbanização é o mais importante
fenômeno socioambiental global deste
século. As cidades crescem e provo-
cam impactos ambientais, inclusive no
âmbito genético. É consensual entre
os biólogos que a fragmentação de ha-
bitats ocasionados
Fabio Angeoletto pela urbanização
fabio_angeoletto@yahoo.es
isola manchas natu-
Professor
rais, como bosques,
universitário (UFr) e
colunista do o povo
diminuindo o fluxo
gênico entre as es-
pécies, aumentando
a endogamia, isto é,
cruzamentos entre
parentes, tudo isso
resultando em acumulação de muta-
ções genéticas deletérias e redução da
capacidade de adaptação das espécies
às mudanças ambientais, nas cidades.
Surpreendentemente, cientistas
do projeto Global Urban Evolution
publicaram um estudo demonstran-
do em escala mundial, que, ao menos
para algumas espécies a urbanização
promove, e não elimina, a diversi-
dade genética. Eles realizaram o se-
quenciamento completo dos geno-
mas de mais de 2.000 trevos-brancos
(Trifolium repens), uma planta cos-
mopolita, de amostras obtidas nas
zonas rurais e urbanas de 24 cidades
de cinco continentes.
Os pesquisadores descobriram
que as populações urbanas de tre-
vos-brancos apresentavam alta
diversidade genética, e, curiosamen-
te, que havia um fluxo gênico mais
elevado entre trevos urbanos do que
entre populações de trevos em am-
bientes rurais.
Há evidências crescentes de que
este modelo, denominado de faci-
litação urbana, pode ser aplicado
a muitas espécies. Por exemplo, a
ave europeia chapim-real (Parus
major) apresenta maior diversida-
de genética nas cidades do que em
florestas prístinas. No caso dos tre-
vos, sua maior adaptação às cidades
do que ao campo pode ser explicada
pela biologia da espécie. Essa planta
cresce rapidamente depois de da-
nos como cortes de gramados – ao
contrário de outras plantas com as
quais ela compete.
As cidades apresentam uma infi-
nidade de espaços verdes bem apa-
rados (parques, gramados, quintais)
onde o trevo pode crescer. Além dis-
so, o trevo é sensível à seca e se be-
neficia da irrigação abundante em
habitats urbanos. Por outro lado, nas
áreas rurais ninguém está aparando
polígonos onde ocorrem trevos, ou
regando pastos.
A pesquisa intitulada “Does urba-
nisation lead to parallel demographic
shifts across the world in a cosmopo-
litan plant?” foi publicada na revis-
ta Molecular Ecology e pode ser lida
gratuitamente no site do periódico. n

as notíCIas reProdUzIdas nesta

seção obedeCeM à graFIa da
éPoCa eM qUe ForaM PUblICadas.

Há 70 anos Há 80 anos Há 90 anos

1954. poLÍTIcA 1944. coNFLITo 1934. mUNDo

Bombas de hidrogênio Aniquilada a companhia espanhola 250 mortos e mil feridos

Washington, 18 - (AFP) O presidente da Comissão
Parlamentar de Energia Atômica, Sterling Cole, revelou,
nesta cidade, que os Estados Unidos possuiam, afora
uma bomba de hidrogênio comum, uma susceptível
de ser lançada sôbre qualquer ponto do globo. Numa
entrevista televisionada e filmada, Cole declarou: “Sim,
possuimos a bomba de hidrogênio”.
MOSCOU, 18 - Reuters - A irrupção dos exércitos
do marechal Koniev na região Kamentz-Podolsk
dividiu em duas partes as tropas de Von Manstein.
O general Malinovsky, com a grande técnica de
seus conhecimentos, ensaia o cêrco da cidade de
Nikolaev. Numerosos cadáveres de soldados espanhois
pertencentes á “Legião Azul” foram encontrados.
New-York, 15 (Via-aérea) - O correspondente da Agência
Reuter em São Salvador informa que o número conhecido
das vítimas da explosão ontem ocorrida em La Libertad
era, á última hora, de mais de duzentos e cincoenta
mortos e cêrca de mil feridos. S. Francisco (Califórnia) 15
- Via-aérea - A carga de dinamite que explodiu ontem no
porto de La Libertad, em São Salvador.

1954. EXpLoSÃo 1944. INTErNAcIoNAL 1934. EXpEDIÇÃo

“Maria Celeste” ardendo em chamas Alcançando a fronteira da Rumânia Nova escalada

São Luiz, 17 - Telepress - O navio “Maria Celeste”, que
se encontrava atracado no porto de São Luiz, explodiu
na manhã de ontem, em consequencia de uma centelha
que teria atingido um dos três mil barris de gasolina
que conduzia a bordo. A embarcação possuindo a
tripulação de 18 homens, alguns dos quais se encontram
desparecidos, juntamente com outros estivadores.
MOSCOU, 17 - Reuters - Anuncia-se oficialmente que as
tropas soviéticas atingiram o rio Dniester em diversos
pontos. O exército soviético em peso encontra-se a
menos de trinta quilometros do rio Dniester. As forças
russas que estão chegando são constituidas de unidades
móveis do segundo grupo de Exército Ucraniano, cujo
avanço alcançou a velocidade de um furacão.
Berlim, março- Embarcará, nestes dias, em Gênova,
a expedição alemã, preparada no maior sigilo que se
propõe realizar, no ano corrente, uma nova tentativa
de escalada do massiço do Himalaia, a (Montanha
do Terror), como os chamam os indigenas hindús. A
expedição pretende escalar o Nanga Parbat, de 8,116
metros de altura, gigantesca torre.
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Segunda-feira
Fortaleza - CearÁ - 18 de Março de 2024

esportes.opovo.com.br
AURÉLIO ALVES
Marinho (esq).
e Moisés (dir.)
anotaram os
gols do Tricolor
DEU LEÃO
Caminho aberto
para a final
FORTALEZA VENCE MARACANÃ NO CASTELÃO,
COM DOIS GOLS DE MOISÉS, AVANÇA À FINAL DO
CAMPEONATO CEARENSE E GARANTE CLÁSSICO-REI
MATEUS MOURA
mateus.moura@opovo.com.br
Sem sustos, o Fortaleza
venceu o Maracanã por 3 a 0,
ontem, na Arena Castelão, e
avançou à final do Campeonato
Cearense. Desta forma, o Trico-
lor do Pici confirmou o Clássico
-Rei contra o Ceará na decisão,
em duelo marcado para acon-
tecer nos dias 30 deste mês e 6
de abril, ambos às 16h40min.
Como de costume, Vojvoda
optou por não repetir o time
que atuou na partida anterior
e escalou um Fortaleza com
sete modificações, sobretudo
no sistema defensivo — setor
em que trocou toda a primei-
ra linha em relação ao duelo
contra o Retrô-PE, pela Copa
do Brasil. Apesar das mexidas,
o desempenho do Leão foi po-
sitivo. A necessidade da vitória
para garantir a classificação fez
a equipe do Pici ter uma atitude
mais incisiva no ataque.
O problema para fazer gols,
que vinha sendo uma “pedra no
sapato” nos últimos jogos, não
aconteceu diante do Maracanã.
Na primeira etapa da partida, o
Tricolor balançou as redes três
vezes do rival, mas somente
uma valeu, a de Moisés, em co-
brança de pênalti já aos 53 mi-
nutos. Nos outros dois lances,
onde Lucero e Marinho marca-
ram tentos, o VAR precisou tra-
çar linhas de impedimento.
E não há como ignorar a
extrema lentidão do processo
de análise na cabine de vídeo.
No gol de Lucero, os árbitros
responsáveis pelo VAR demo-
raram cerca de cinco minutos
para chegar a uma conclusão.
Na de Marinho foi ainda pior:
em torno de nove minutos. Ao
todo, a partida ficou paralisa-
da 14 minutos, tempo acresci-
do parcialmente pelo árbitro
esportesopovo
Marcelo de Lima Henrique —
ele deu 13.
Na etapa final, a superiori-
dade do Fortaleza se sobrepôs.
Melhor desde o apito inicial, o
time comandado por Vojvoda
seguiu buscando gols, até pela
questão do mando de campo
na decisão contra o Ceará. Para
ser o mandante no segundo
jogo contra o rival alvinegro, o
Leão precisaria vencer o Mara-
canã por cinco gols de diferen-
ça. Chegou próximo, mas não
alcançou o número.
Para além do desempenho,
o jogo também acabou sen-
do importante para resgatar a
confiança de alguns jogadores
que vinham em má fase, como
Moisés e Marinho.
Moisés foi, individualmente,
o destaque da partida. O ata-
cante tirou a pressão sobre o
time ao abrir o placar na eta-
pa inicial e, no segundo tempo,
ampliou a vantagem para 2 a 0.
Marinho, alvo de vaias em jogos
ESTADUAL
7 4-3-3: João Ricardo; Dudu,
VEZES
o Leão do Pici
chegou à decisão
do Estadual nos
últimos anos,
desde 2018
anteriores, anotou seu primei-
ro gol na temporada pelo Tri-
color em uma bela cobrança de
falta. Pode ser uma virada de
chave para ambos.
Assim, o Fortaleza confir-
mou as expectativas, superou
o Maracanã e chegou à final do
Estadual. É a chance do Leão
conquistar o hexacampeona-
to, feito que seria inédito no
futebol cearense. Para o Mara-
canã, que fez uma campanha
histórica, o foco passa a ser a
disputa da Série D.
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FORTALEZA - CEARÁ - 18 DE MARÇO DE 2024
FICHA TÉCNICA
3X0
Fortaleza
Kuscevic, Titi e Escobar
(Pacheco); Zé Welison (Lucas
Sasha), Kauan e Kervin (Calebe);
Marinho (Pikachu), Moisés
(Machuca) e Lucero. Téc: Vojvoda
Maracanã
4-3-3: Léo Recife; Zé
Augusto, Igor Ribeiro (Alan
Ferreira), Guilherme e Mateus
Maranguape; Rogério (Dedê),
Vinicius Canindé e Patuta
(Índio Potiguar); Testinha,
Pio (Matheus Bahia) e Júnior
Mandacaru (Iago Barbosa).
Téc: Júnior Cearense
Local: Arena Castelão,
em Fortaleza/CE
Data: 17/3/2024
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique
Assistentes: Renan Aguiar e
Marcondes Simão
VAR: César Magalhães
Gols: 53min/1ºT e 14min/2ºT -
Moisés e 19/2ºT - Marinho
Cartões amarelos: Zé Welison e
Kuscevic (FOR); Testinha (MAR)
Público e renda: 25.281 presentes/
R$ 272.860,00
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24 esportesopovo
SEGUNDA-FEIRA
FORTALEZA - CEARÁ - 18 DE MARÇO DE 2024

ESPORTES@OPOVO.COM.BR ESTA COLUNA

Peça-chave
É PUBLICADA
ÀS SEGUNDAS

MARCELO
ROMANO CAMISA 97

BRASIL FATURA NOVAS

VAGAS OLÍMPICAS
O REMO é mais uma modalidade olímpica em que o Brasil terá
representantes na Olimpíada de Paris. Foi realizada na última
semana, no Rio de Janeiro, a seletiva pan-americana para a
definição de vagas nos barcos Single Skiff e double skiff peso
leve. Nas provas individuais, o Brasil foi o vencedor com Lucas
Verthein e Beatriz Tavares, ambos atletas do Botafogo.
do Vovô
LOURENÇO ASSUME VAGA NO MEIO-CAMPO DO
CEARÁ, FAZ GOLS NAS SEMIFINAIS DO ESTADUAL
LUCAS, AOS 25 anos, é hoje o grande nome da modalidade no E CONSOLIDA PAPEL IMPORTANTE NA EQUIPE
Brasil. Na última Olimpíada, fez uma campanha surpreenden-
te. Entre 32 atletas, chegou até a semifinal e acabou em 12º
lugar na classificação geral. No Mundial do ano passado foi o
FÁBIO LIMA

14º. Nos Jogos Pan-Americanos, faturou a medalha de ouro. O

objetivo em Paris será buscar o top-10.

BEATRIZ TAVARES conseguiu, na seletiva olímpica, superar

a mexicana Kenia Lechugo, para quem havia perdido na final
dos Jogos Pan-Americanos. Disputará sua primeira Olimpíada,
tentando terminar entre as 15 melhores. Nas outras duas pro-
vas da seletiva, o double skiff peso leve, o Brasil não conseguiu
brigar pelas duas vagas em disputa, terminando em terceiro Lourenço
no masculino e quarto no feminino. balançou as
redes diante
O REMO ainda terá um evento qualificatório mundial em maio, do Tubarão
mas as chances do Brasil são remotas. Assim, das 14 provas a
serem disputadas em Paris, o Brasil estará nas duas individuais.

TAMBÉM NO Rio de Janeiro, o Brasil faturou sua terceira vaga

olímpica na canoagem slalom, em seletiva continental. O Bra-
sil já tinha obtido via Campeonato Mundial, no ano passado,
as cotas para participar tanto no K1 (caiaque) como no C1 (ca-
noa), com Ana Sátila. Faltava classificar no masculino. Apenas
uma vaga em disputa.

NO C1, Charles Correa terminou em terceiro lugar. Já no K1, Pepe

Gonçalvez, 30 anos, foi o vencedor e vai disputar sua terceira
Olimpíada. No K1, em termos mundiais, hoje ele é apenas coadju-
vante. Na Rio-2016, chegou à final e terminou em sexto lugar.

AS MAIORES chances de Pepe em Paris serão na estreante pro-

va de Caiaque Cross. Para isso, ele precisará se classificar em
uma seletiva mundial em junho. O brasileiro foi medalhista de
bronze em duas etapas de Copa do Mundo, em 2022. Ana Sátila
também tem bons resultados no Cross e disputará a seletiva.

NA CANOAGEM velocidade, a única prova que o Brasil asse- JOÃO VITOR UMBELINO
gurou vaga olímpica até o momento é o C1 100 metros, com o ESPECIAL PARA O POVO
joao.monteiro@opovo.com.br
campeão olímpico Isaquias Queiroz. A seletiva pan-americana
acontecerá no final de abril, nos EUA.

Autor do gol no empate por 1 a

Aponte a câmera do celular e
acesse mais notas exclusivas
de Marcelo Romano.
NO PARAGUAI
Sorteio hoje à noite
define grupo do Fortaleza
na Copa Sul-Americana
Com o Fortaleza presente,
o sorteio da fase de grupos da
Copa Sul-Americana acontece
hoje, às 20 horas (de Brasília),
em Luque, no Paraguai, na sede
da Conmebol. Atual vice-cam-
peão do torneio, o Tricolor do
Pici figura no pote 2.
Os 32 times serão divididos
em oito grupos de quatro cada.
Os primeiros colocados de
cada chave avançam ao mata-
-mata, enquanto os segundos
disputam um playoff com os
terceiros vindos da fase de
grupos da Libertadores.
Como o regulamento da Sula
não permite duelo de equipes
do mesmo país na fase de gru-
pos, o time cearense poderá ter
quatro possibilidades de adver-
sário vindo do pote 1, todos da
Argentina: Boca Juniors-ARG,
Racing-ARG, Defensa y Justicia-
-ARG ou Lanús-ARG.
Do pote 3, à exceção de Cuia-
bá e Belgrano-ARG, a chave do
Fortaleza pode contar com Uni-
versidad Católica-EQU, Universi-
dad César Vallejo-PER, Sportivo
Luqueño-PAR, Nacional Potosí-
-BOL, Racing-URU ou Sportivo
Ameliano-PAR.
1 no segundo jogo da semifinal do
Campeonato Cearense, contra o
Ferroviário, no último sábado,
16, o meio-campista Lourenço
tem ganhado cada vez mais a
confiança da torcida do Ceará e
do treinador Vagner Mancini.
O meia, que já atuou como
primeiro volante no Vovô, foi
o destaque da equipe nos dois
confrontos contra o Tubarão da
Barra atuando como meia-ata-
cante. Com dois gols decisivos,
o camisa 97 tem se consolidado
como peça-chave no Alvinegro
de Porangabuçu.
A versatilidade de Lourenço
é o principal trunfo para jogar
no meio-campo do Ceará. Seja
como volante ou até meia-ata-
cante, ele já mostrou que pode
contribuir com boas atuações.
Já do pote 4, as possibilida- Iniciando o ano como titular,
des são o Real Tomayapo-BOL, o ex-atleta do Vila Nova atuava
Alianza Valledupar - COL, De- à frente da zaga, como um pri-
portivo Garcilaso - PER, Rayo meiro volante que facilitava a
Zuliano - VEN, Nacional-PAR, saída de jogo e ligava os pontas
Always Ready-BOL ou Sporti- com passes longos e toques rá-
vo Trinidense-PAR. Há neste pidos pelo meio-campo.
pote, ainda, o RB Bragantino, Após período no departamen-
mas pelo regulamento o time to médico, Lourenço voltou a ser dos destaques: foi dele o gol do
paulista não pode figurar no relacionado na primeira semi- Ceará. Em números, Lourenço
grupo tricolor. final e mudou o jogo ao entrar foi o jogador do Vovô que mais
Após a fase de grupos, todas na segunda etapa. Acionado no acertou dribles (3). Em outros
as etapas do mata-mata serão lugar de Jorge Recalde, foi res- fundamentos, teve 94% de pre-
disputadas em sistema de ida ponsável por fazer o segundo gol cisão nos passes, finalizou duas
e volta. Não há mais o benefí- da equipe alvinegra e foi o autor vezes — uma delas convertida
cio do gol qualificado (fora de do chute que gerou o rebote para em gol —, e interceptou uma
casa). O único duelo em partida Facundo Barceló balançar a rede bola. Os dados são do FootStats.
única é a final, prevista para o e decretar a vitória por 3 a 2. A atuação do atleta também
dia 23 de novembro, ainda sem Para o segundo jogo, Mancini foi bem vista pelo comandan-
local confirmado. promoveu mudanças na onze- te alvinegro. Mancini explicou
A distribuição dos clubes na titular. Barceló e Lourenço os motivos para a mudança na
por potes foi definida com base ganharam a vaga dos estran- equipe titular, sendo um deles
no ranking da Conmebol, divul- geiros Facundo Castro, desfal- a atuação do time no segundo “A equipe ficou um
gado no ano passado. A fase que por lesão, e Recalde, que tempo do primeiro jogo da se-
de grupos está prevista para foi para o banco de reservas. mifinal contra o Ferroviário.
pouco mais rápida,
ser disputada entre 3 de abril e “Eu achei que a equipe ficou um Efetivo, participativo e deci- mais compacta,
29 de maio. pouco mais rápida, mais com- sivo, Lourenço deve continuar
No ano passado, o Fortaleza pacta, mais competitiva”, expli- na equipe titular na sequência
mais competitiva”
chegou até a grande decisão, cou o comandante. da temporada. Seja como pri-
Vagner Mancini,
diante da LDU, do Equador, e foi O camisa 97 não deixou a meiro volante, segundo volante
técnico do Ceará
derrotado nos pênaltis. (Mateus oportunidade de voltar à equi- ou meia, o camisa 97 do Ceará já
Moura e Lucas Silva, com Gaze- pe titular passar em branco e mostrou que merece uma vaga
ta Esportiva) tratou novamente de ser um entre os 11 iniciais.
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SEGUNDA-FEIRA
FORTALEZA - CEARÁ - 18 DE MARÇO DE 2024
TÊNIS
Roteiro repetido
ALCARAZ REPLICA 2023, VENCE MEDVEDEV POR 2 A 0 NA FINAL E
FATURA BICAMPEONATO DE INDIAN WELLS, NOS ESTADOS UNIDOS
Carlos Alcaraz é bicampeão
de Indian Wells. Repetindo ro-
teiro de 2023, quando fez 2 a 0
na decisão sobre Daniil Medve-
dev, o espanhol repetiu a dose
ontem, desta vez com um pou-
co de sofrimento no primeiro
set, para celebrar nova con-
quista no Master 1000 disputa-
do no deserto da Califórnia.
Se no ano passado o russo
foi presa fácil, com 6/3 e 6/2,
desta vez o número 2 do mun-
do precisou suar para fechar a
primeira parcial, por 7/6 (7/5).
Alcaraz precisou de enorme
reação para buscar virada ao
sair em desvantagem de 3 a 0.
Na segunda parcial, aproveitou
o desgaste do rival e dominou
toda a disputa para fechar com
6/1. Este é o 5º título de Masters
1000 do número 2 do circuito.
Com menos de 17 horas de
descanso após batalha de três
sets com o americano Tommy
Paul pela semifinal, Medvedev
entrou em quadra prome-
tendo superação na busca de
vingança contra Alcaraz, para
quem perdeu na final de 2023 e
também na decisão do Finals,
em novembro.
E o russo começou acelera-
do na decisão, logo abrindo 3 a
0. Contra um rival jovem e ta-
lentoso, contudo, a vantagem
rapidamente fez fumaça, com
o espanhol devolvendo a que-
bra no game cinco e empatan-
do em 3 a 3 logo a seguir.
O equilíbrio prevaleceu, com
Medvedev sempre abrindo um
ponto na frente e vendo Alcaraz
reagir. A definição do set, por-
tanto, acabou no tie-break e
foi o número 2 do mundo quem
começou melhor, abrindo 3 a
0. A vantagem de uma quebra
permaneceu até 5 a 4, quando
o russo buscou a igualdade. O
espanhol ficou novamente à
frente e aproveitou o primeiro
set point para abrir vantagem
após 1h10 de jogo.
Alcaraz abriu o set seguinte
com 0 a 30. Mas se redimiu e vi-
rou com bela curta e saque for-
te para largar com 1 a 0 e evitar
sufoco como na parcial ante-
rior. Com bela passada e Win-
ner de devolução, abriu 2 a 0 ao
aproveitar o terceiro break.
Enquanto tudo dava certo
para Alcaraz, com semblante
mais tranquilo, a fisionomia
AVISO
25
MATTHEW STOCKMAN / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP
6
VEZES
Alcaraz e Medvedev
se enfrentaram
em finais, Alcaraz levou
com 4 vitórias a taça do
do espanhol torneio pela
segunda vez
amarrada de Medvedev trans-
parecia que uma reviravolta
parecia bastante improvável.
Seu forte serviço não entrava e
o jovem abriu logo três break
points no sexto game. Quebrou
em curta equivocada na rede.
Bastava confirmar o saque
pelo novo troféu.
A torcida começou incenti-
var Medvedev por uma reação
e ele discutiu com o público.
Acertou uma passada e pediu
que não fosse aplaudido. A se-
guir, Alcaraz abriu um duplo
match point. Com bola para
fora do russo, comemorou
com braços abertos E depois
foi para o córner onde estava
seu estafe, vibrando efusiva-
mente. (Agência Estado)
TÊNIS
Iga Swiatek acaba com “tabu” da LOTECA
favorita e vence WTA de Indian Wells CONCURSO 1102
FLAMENGO  FLUMINENSE
Iga Swiatek recuperou o maestria, ganhando por 6/4 e Swiatek começou o jogo de  CRUZEIRO TOMBENSE
trono de Indian Wells após cair 6/0 em somente 1h09. maneira arrasadora. Começou a SPORT  SANTA CRUZ
na semifinal do ano passado.
Campeã em 2022, justamen-
Aos 22 anos, a polonesa
chega à conquista de seu 19º
bater mais forte na bola, vibrar
a cada ponto somado e fez 5 a
SAMPAIO CORRÊA  MARANHÃO
te superando Maria Sakkari título de WTA, sendo oito a nível 4. Novamente colocou enorme
 MAN. UNITED LIVERPOOL
na decisão, a polonesa ga- 1000. Tornou-se bicampeã em pressão do saque de Sakkari e,
 NOVA IGUAÇU VASCO
nhou outra vez da grega na Indian Wells, assim como foi no terceiro set point, fechou para  RETRÔ NÁUTICO
final de ontem para celebrar em Roma, além de ganhar em largar com vantagem de 6 a 4.
ATLÉTICO MADRID BARCELONA 
novo título. Miami, Doha, Pequim e o Finals. E o começo do segundo set  PALMEIRAS PONTE PRETA
De quebra, acabou com Na próxima semana, busca- foi uma reprise da parcial an-  BRAGANTINO INTER DE LIMEIRA
a “maldição da favorita” no rá o segundo troféu em Miami, terior, com Iga abrindo 3 a 0. SANTOS  PORTUGUESA
deserto da Califórnia. Desde já iniciando a preparação para Com vantagem incrível de 5 SÃO PAULO  NOVORIZONTINO
2012, com a belarussa Victo- buscar do tetracampeonato em a 0, ela abriu logo três match  BOTAFOGO SAM. CORRÊA/RJ
ria Azarenka, que uma cabeça
de chave 1 não erguia o troféu
Roland Garros. Ainda tem um
Aberto dos Estados Unidos no
points e fechou no primeiro,
mostrando que é a melhor do
 AMÉRICA-MG ATLÉTICO-MG
Observação: Jogo acontece nesta segunda
do WTA 1000. Ela o fez com vitorioso currículo. planeta com sobras. (AE)
A coluna Alan Neto não foi publicada hoje em razão de licença médica do jornalista.
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FORTALEZA - CEARÁ,SEGUNDA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2024
FCO FONTENELE
O OUTRO LADO DA HISTÓRIA
BEATRIZ TEIXEIRA
ESPECIAL PARA O POVO
ana.teixeira@opovo.com.br
Presidente Castello Branco
— este título soa familiar, cer-
to? Em Fortaleza, por exemplo, é
possível enxergá-lo em vias pú-
blicas, escolas e edifícios. Bra-
sil afora, ele pode até ser visto
sendo homenageado ao nomear
um município, como é o caso de
uma cidade em Santa Catarina.
Mas Humberto de Alencar
Castello Branco não foi apenas
ex-presidente do País, ele tam-
bém participou e articulou o
golpe cívico-militar de 1964 —
a primeira faísca dos 21 anos de
ditadura, conhecida também
como “Anos de Chumbo”. Foi
assim que, no dia 15 de abril, o
marechal cearense foi eleito de
forma indireta como o primeiro
presidente do regime.
Mesmo com sua participa-
ção nos anos obscuros para
os brasileiros, Castello Bran-
co tem uma imagem que pode
até ser considerada “boa”. Para
muitos, inclusive, ele é classi-
ficado como o “menos pior” ou
o “mais brando” daquele perío-
do. Mas tem como um ditador
ser “leve” se pratica um poder
autoritário?
O filme “Castello, O Ditador”,
uma produção do O POVO+
lançada no dia 11 de março,
pretende mostrar que apesar
da mitificação de sua imagem,
o marechal cearense teve um
papel importante para a manu-
tenção da ditadura militar no
País, como também para o que
ela se tornaria.
A pesquisadora Luana Sam-
paio, uma das diretoras do lon-
ga, se debruçou nos feitos de
Castello Branco naquela época,
pesquisando em documentos
históricos e relatos. Ela explica
que a imagem de ditador não
costuma ser atrelada ao ex-
chefe de Estado, “porque os ou-
tros foram piores”.
A carreira militar construída por ele é um
dos pontos que ajuda em sua reputação. Castel-
lo Branco era conhecido por aqueles que eram
próximos como um homem inteligente e mode-
rado, defensor de que a política não se mistura-
va com as forças armadas. “Agora, quando a po-
lítica está indo pelo rumo que ele não concorda,
ele muda o ponto de vista dele, para se meter,
interferir naquilo, com o discurso que o Brasil
ia cair na garra do comunismo”, aponta Luana.
É com essa articulação que Castello Branco
passou a segurança necessária para que a área
civil acreditasse que eles iam fazer “uma lim-
pa” — se referindo ao comunismo — e, após
o tempo estipulado de mandato, ele e as Forças
Armadas brasileiras devolveriam o poder para
a democracia.
Os fatos históricos, no entanto, mostram o
contrário: a ditadura se estendeu por anos,
com sua repressão aos opositores se tor-
nando cada vez pior. E os cinco Atos Insti-
tucionais foram cruciais para que isso se
tornasse possível.
O cearense foi responsável pelo 2º, 3º e
4º Atos Institucionais, que permitiam inter-
ferências nos governos estaduais e municipais,
dissolução dos partidos políticos, perseguições
políticas e a criação de uma nova Constituição
— a de 1967. Castello Branco não era moderado
como por muitas vezes é descrito.
“Ele alicerça a ditadura e as bases dela para
FCO FONTENELE
ela se tornar até 1985 cada vez mais terrível”,
afirma o jornalista Demitri Túlio, também dire-
tor do documentário, pontuando que o objetivo
do longa é desconstruir essa ideia de “modera-
do”. Para ele, a forma como a história oficial do
golpe militar foi contada contribuiu para essa
contradição em torno da imagem do marechal.
“Ele não era um ditador bonzinho”, pontua.
“Ele conspirou para derrubar João Goulart.
Conspirou com intelectuais e civis”, lista a par-
ticipação do ex-chefe de Estado, destacando
que é importante lembrar do apoio civil do gol-
pe. Ele lembra que as Forças Armadas tinham
os meios, mas foi esse apoio que possibilitou
seguir, pois estes buscavam uma liderança que
desse voz aos desejos autoritários e ações que
iam contra minorias.
“A história oficial fala desse Castello Branco
atenuado, mas ele não é”, sustenta. Em seguida,
completa: “Não existe ditador bom, mais ou me-
nos, ou ruim. Ditador é ditador, ele é autoritário
e contra a democracia”. (continua na pág. 3)
FILME “CASTELLO,
O DITADOR”
Onde assistir: O POVO+
(www.mais.opovo.com.br)
EDIÇÃO: RENATO ABÊ, MARCOS SAMPAIO E LARA MONTEZUMA
www.opovo.com.br/vidaearte
vidaearte@opovo.com.br | 3255 61 37
PONTO DE VISTA
Convocar a memória
do presente para
entender o passado
A memória de Castello Branco sempre se bene-
ficiou de uma lembrança seletiva e, por que não
dizer, celebrativa. Seu nome é homenageado
por avenidas, edifícios, escolas e monumen-
tos. Um batalhão em Fortaleza, por exemplo,
recebe seu nome. Mas quando surgiu a ideia
de fazer um filme sobre o primeiro ditador
do regime militar, sabíamos que não iría-
mos fazer uma biografia.
A pesquisa desnudou a face golpis-
ta de Castello e sua singular partici-
pação na conspiração orquestrada por
ele juntamente com as Forças Armadas,
empresários, imprensa, latifundiários, se-
tores religiosos e conservadores da socieda-
de brasileira. O Marechal que é diversas vezes
lembrado como o “menos pior” ou um homem
intelectual e admirável - como inclusive nos foi
dito em algumas entrevistas - foi o articulador
central do golpe de Estado que fez o Brasil mer-
gulhar em mais de duas décadas de profunda
opressão, violência, perseguição, desigualdade
social, instabilidade econômica e demais cha-
| DOCUMENÁRIO | gas deixadas pelos militares.
Durante a produção, sempre se falou no Ato
“Castello, Institucional Nº 5, aquele que extinguiu os di-
reitos civis e abriu caminho para a tortura em
O Ditador”, larga escala. No entanto, pouco se lembra que
os quatro Atos Institucionais anteriores a esse
produção do foram assinados por Castello, que com eles ins-
titucionalizou a cassação de mandatos, excluiu
O POVO+, apresenta direitos políticos, perseguiu opositores, proibiu
eleições diretas para presidentes e governado-
o marechal res, extinguiu partidos políticos, dentre outras
medidas autoritárias.
O filme, então, cresceu em direção a essa he-
cearense para além rança escanteada do “primeiro presidente cea-
rense” e foi à fundo no debate sobre as conse-
das homenagens e quências da ditadura que ele ajudou a construir.
Diante da incipiência do diálogo em escala ins-
revela a figura titucional sobre a memória da ditadura e tendo
em vista a data na qual o golpe irá completar 60
do primeiro anos, “Castello, O Ditador”, convoca a memória do
presente para que o passado seja ouvido.
presidente da
ditadura militar
LUANA SAMPAIO
Diretora de “Castello, O Ditador”
 VIDA&ARTE
􀣥 FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2024

PRÓXIMA
RAYMUNDO NETTO* S E M A NA

raymundo.netto@gmail.com R O M EU DUART E
*ESCREVE QUINZENALMENTE, ÀS SEGUNDAS

C O N F I R A E STA E O U T R A S C O LU N A S E M M A I S . O P O V O . C O M . B R / C O LU N I STA S

Hotel São Pedro: estertores finais

O polêmico infortúnio do Hotel São Pedro,
edificação em forma de navio, que singra a
região desde 1951, um dos pioneiros do ramo
hoteleiro na orla da cidade, entre outras pecu-
liaridades arquitetônicas e turísticas, é apenas
mais um capítulo da nossa Fortaleza distraída e
ambiciosa. Uma cidade sem passado, sem ros-
to, sem futuro possível.
Há quem diga, no discurso nostálgico, ideali-
zado e falso: “Antigamente as pessoas respeita-
vam mais o que era antigo”. Isso é uma dispara-
tada ilusão e, para não romantizar mais, outra
mentira! Contamos nos dedos as nossas edi-
ficações construídas no século XIX. As poucas
que restam, e muito poucas – por experiência,
em breve, ainda menos –, datam do início do
século XX, pois que nossos pais e avós, que Deus
os tenham e os perdoem, já gostavam mesmo
do “novo”, dos “modismos”.
Naquela época, patrimônio era apenas uma
palavra horrorosa e sem sentido, a não ser para
aquela minúscula e sempre poderosa parcela
privilegiada que já nasce em berço de ouro (que
depois vira patrimônio e até razão de morte em
família) e que sabe bem o valor que um patri-
mônio (financeiro) tem. Daí, em 2024, quando
o exótico e imponente prédio completa 73 anos
de existência e divina resistência, nós fazemos
com ele o que a sociedade ignorante, consumis-
ta e desperdiçadora faz com os nossos idosos: os
reconhecem como inúteis, desprezam a sua his-
tória, o seu legado, os seus feitos em vida produ-
tiva e passam a desejar que se vão, que morram
logo para não dar mais trabalho e ocupar aquele
lugar que poderia ser de outro. Afinal, já viveu
demais... e o povo gosta mesmo é de plástico, es-
pelhos, silicone e BBB!
Vejamos: há 18 anos – acredite, tempo sufi-
ciente – teve início o seu processo de tombamen-
to. O que foi feito desde então? Nada! “Deixa cair!
Quero é ver!”
Acontece algo assim também com outro prédio
na cidade, que, como não poderia ser diferente,
pertence a uma família iletrada, rica de dinheiro
e de cultura de TV. O proprietário já afirmou, com
toda a sua autoridade (ou boçalidade) política e
bancária: “se tombarem, eu o derrubo!” Lembre-
mos da inocente canção: “quem tem mais do que
precisa ter, quase sempre se convence que não
tem o bastante.”
Coincidentemente, desde o início do processo,
o São Pedro ficou à deriva diante do esvaziamen-
to dos últimos moradores e do seu desrespeitoso,
gradual e acelerado desmonte. Alia-se a isso, a
falta de decisão e de ação do Poder Público (uma
legislação que treme feito vara verde) e os confli-
tos de interesses com a família proprietária, ir-
manando-o com o “Mara Hope”, outro “encalhe”
na nossa deflorada Praia de Iracema, a praia dos
NÓS FAZEMOS amores, que devem estar por vir com os escafan-
dristas do futuro buarqueano.
COM ELE O QUE Nos meus inquietantes sonhos, esses concen-
tradores de renda têm a noção de retribuir à cida-
A SOCIEDADE de e à sociedade – que bem sabem ser explorada
IGNORANTE, a seu serviço – esses patrimônios. Que as grandes
construtoras, curiosamente generosas em doa-
CONSUMISTA E ções abundantes e “despretensiosas” durante as
campanhas políticas, unidas, usassem desses re-
DESPERDIÇADORA cursos na solução de casos como esse, quando a
FAZ COM OS engenharia poderia mostrar o seu valor. E que os
gestores, com coragem e mais atentos aos clamo-
NOSSOS IDOSOS􀪱 res sociais (e não políticos, partidários e/ou eco-
nômicos) e àquilo que a sociedade precisa, mes-
OS RECONHECEM mo quando não entende ou não sabe, abraçassem
COMO INÚTEIS essas causas, articulassem parcerias estratégicas
e inteligentes, tomassem a frente de campanhas
de mobilização de recursos para cumprir e fazer
valer o idílico “pertencimento”. E que o nosso “Ti-
tanic de tijolos”, que há quem diga “Nem Deus der-
ruba”, não se choque com o vil iceberg “da força da
grana que ergue e destrói coisas belas.”

Q U E R D I V U L GA R S E U E V E N T O ?
M I G U E L . A R AU J O @ O P O V O . C O M . B R

O MELHOR DA AGENDA CULTURAL

INFORMAÇÕES SOBRE ATRAÇÕES, DATAS E HORÁRIOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS ORGANIZADORES DOS EVENTOS

DIVULGAÇÃO
TRIBUTOS
Avril Lavigne canta hoje,
sexta, 9 de setembro
(09/09), no Rock in Rio
2022: veja programação
de shows
HARD ROCK CAFÉ
O Hard Rock Café Fortaleza,
localizado no shopping
RioMar Fortaleza, presta

tributos a três artistas NETFLIX
nesta segunda-feira, 18. A
banda de rock, reggae, pop MINISSÉRIE
e surf music 4ventos presta Está disponível no catálogo da Netflix a
homenagem à cantora minissérie documental “O Ninho: Futebol
Avril Lavigne (dona de hits & Tragédia”. A obra apresenta relatos
como “Girlfriend” e “When de familiares das vítimas e jornalistas
You’re Gone”) e às bandas envolvidos na investigação da tragédia
Evanescence e Paramore. ocorrida no centro de treinamento do
O tributo será realizado a Flamengo, em 2019, quando atletas da
partir das 19h30min. base de futebol do clube morreram devido
a um incêndio. Em três episódios, a série
Quando: segunda-feira, 18, às percorre os impactos do evento nas
19h30min famílias dos jogadores.
Onde: Hard Rock Café
Fortaleza (rua Desembargador Onde: Netflix
Lauro Nogueira, 1500 - Papicu)
Mais informações:
@hrcfortaleza no Instagram
UMA VIDA
JULIE VRABELOVÁ/DIVULGAÇÃO

IGNEZ FIUZA
EXPOSIÇÃO
MOSTRA
JOAOFILHO TAVARES

Segue disponível para visitação

a mostra “ReVouVer Ignez SESC Estrelado por Anthony
Exposição comemora Fiuza - Legado & Memória 100 INSCRIÇÕES Hopkins, o drama “Uma
centenário de Ignez anos”, que celebra a trajetória Seguem abertas até Vida - A História de
Fiúza no MAUC-UFC e trabalho da marchand domingo, 24, as inscrições Nicholas Winton” está
cearense Ignez Fiuza. para a Mostra Sesc Cariri em exibição em cinemas
Conhecida como “Dama das de Culturas, que traz a de Fortaleza
Artes”, ela se consagrou como oportunidade para artistas ou
grande marchand (título dado grupos de artistas nacionais
ao profissional que negocia se apresentarem com o
obras de artes) do Ceará. A intuito de promover suas DRAMA
exposição no Museu de Arte artes. Artistas que têm foco Estrelado por Anthony Hopkins, o drama
da UFC (Mauc) apresenta nas áreas de Artes Cênicas “Uma Vida - A História de Nicholas Winton”
trabalhos feitos ao longo das (Teatro, Circo, Dança), está em exibição em cinemas de Fortaleza.
décadas de 1970 a 2010. Artes Visuais, Audiovisual, A obra apresenta a trajetória de Nicholas
Literatura e Música devem Winton, humanitário que, em 1938, durante
Quando: até 3 de maio de acessar formulário virtual a Segunda Guerra Mundial. se horrorizou
2024; funcionamento de para inscrever toda sua obra com a situação vivida por famílias em Praga
segunda a sexta-feira, de 8 às e conjunto. Em seguida, eles devido à influência da Alemanha nazista. Ele
12 horas e de 13 às 17 horas irão passar pelo processo de ajudou crianças e outras pessoas a fugirem
(entrada até 15 minutos antes seleção. do Holocausto, mas ficou atormentado com o
do encerramento) sentimento de culpa pensando nos que não
Onde: Mauc (Avenida da Quando: até domingo, 24 conseguiu resgatar.
Universidade, 2854. Benfica) Onde: sesc-ce.com.br/mscc-
Gratuito credenciamento-artistas Quando e onde: Ingresso.com

CLÓVIS
HOLANDA
CLOVISHOLANDA@OPOVO.COM.BR
*ESTA COLUNA É PUBLICADA DE SEGUNDA A SEXTA E AOS DOMINGOS
Judiciário:
prestigiada
posse
Na tarde do último dia 8 de março, o
Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região
- Ceará (TRT-CE) realizou sessão solene
de ratificação de posse do desembargador
Antônio Teófilo Filho como novo integrante
daquela Corte. Muitos nomes de expressão,
sobretudo da Advocacia e do Judiciário,
compareceram ao momento. Registros...
Manuel Pinheiro, Elmano de Freitas, Durval Maia e Evandro Leitão
Franze Gomes, Leônidas Cristino
e Tarcisio Lima Verde
Allan Dias e Franciana Fernando Ferrer, Welington Leitão, Hélio Leitão e Hélio Leitão Filho
Gisele Bringel e
Alisson David
Filme aborda histórias de vítimas da ditadura
| CASTELLO, O DITADOR | Depoimentos resgatam os desdobramentos do regime militar
DIVULGAÇÃO
“Castello, O Ditador” mergulha na figura do
marechal cearense Castello Branco
JOÃO FILHO TAVARES
Desembargador Antônio Teófilo Filho
Antônio Marques e
Paulo Regis Botelho
Gardel Rolim e Vasconcelos Junior e
Durval Maia Jefferson Quesado
No último dia de março, o gol-
pe de 1964 completará 60 anos.
A data não é comemorativa, mas
um lembrete de um passado da
história brasileira marcado por
repressões e perseguições da-
queles que se opuseram ao go-
verno militar da época.
O documentário “Castello,
O Ditador”, além de abordar a
face autoritária do marechal
cearense, mostra como as ações
do primeiro chefe de Estado do
regime foram a base para os 18
VIDA&ARTE
FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2024 􀢭
ZOOM
...E no zunzum fashion do Confira mais eventos, personalidades,
Oscar, o holofote da coluna comportamento e estilo no perfil das
vai sobre Anya Taylor-Joy colunas sociais do O POVO no
que, após ser apontada como Instagram: @pauseopovo
uma das mais elegantes da
cerimônia, a bordo de um
Dior, surgiu assim, com as
pernocas de fora, para a festa
da Vanitiy Fair.
Aplaudida por grandes
papéis, como a jogadora Beth
Harmon, em “O Gambito da
Rainha”, ela retorna às telonas VERNISSAGE
este ano em “Furiosa: Uma
Saga Mad Max”, dividindo o
protagonismo da produção MAUC (UFC) e família Fiuza realizaram
com Chris Hemsworth. Filme
será apresentado ao mundo
abertura, no último sábado, 9, da exposição
“ReVouVer Ignez Fiuza - Legado & Memória
da Sétima Arte no famoso 100 anos”. Mostra celebra o centenário de
Festival de Cannes, na França. nascimento de Ignez Fiúza, referência no
mundo das artes do Ceará e um capítulo
importante para o desenvolvimento da cena
MICHAEL TRAN / AFP
artístico-cultural do Estado.
Com mais de 70 peças, exposição revisita o
acervo da marchande, que entre os anos de 1970
a 2010, promoveu, fomentou e incentivou artistas
cearenses nas centenas de eventos que realizou
no antiquário Recanto de Ouro Preto, na Galeria
Ignez Fiuza, no restaurante La Bohème - Praia de
Iracema, na unidade do La Bohème na Varjota e
em seu Escritório de Arte. Registros...
Diana Azevedo, Gracyele
Siqueira, Sandro Gouveia
e Beta Fiuza
Daniela Nogueira e Tereza Távora Ximenes
Dodora Guimarães e Dito Machado
Roberto Galvão e Ignez Meneleu Fiúza
Lúcia e Nicia Borba
Camila Fiuza, Bia e Lucia Wolff,
Lilian Quinderé e Rodrigo Maia
anos que se seguiram e as con- A “fase de terror que o Bra- Há também Stella Maris e
sequências para os que viriam sil viveu” está impressa no fil- Chico Aragão, membros do gru-
após o fim do período ditatorial. me por meio de relatos, docu- po Aparecidos Políticos. Ade-
“Partindo do princípio que o mentos e elementos estéticos, mais, o historiador Manuel Do-
Castello Branco foi fundamental a exemplo da fotografia preto mingos Neto e o escritor Lira
para que a ditadura acontecesse, e branco. Para dar voz a essa Neto falam sobre o período his-
que durasse tanto tempo, en- narrativa, participam Bárba- tórico e a figura que foi Castello
tram essas pessoas — por mais ra Goulart, neta do ex-presi- Branco. (Beatriz Teixeira/Es-
que elas não tenham sido víti- dente João Goulart; além de pecial para O POVO)
mas diretamente dele —-, elas Breno Moroni e Eliana de Cas-
estão ainda hoje lutando por isso tro, irmãos de Jana Moroni
e não vai ter responsabilidade de Barroso e Teodoro de Castro; “Castello, O Ditador”
nada?”, questiona Luana Sam- e Lúcia Rodrigues, sobrinha Onde assistir: O POVO+
paio, diretora do filme. de Frei Tito. (www.mais.opovo.com.br)
 􀏄 VIDA&ARTE
FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2024

&CINEMA

FILIPE REDONDO/FOLHAPRESS / DIVULGAÇÃO

| REPORTAGEM |
Falecido em 2014,
Coutinho produziu
filmes fundamentais
do cinema nacional.
EDUARDO
Apaixonado pelo
sertão nordestino, fez
da palavra o elemento
COUTINHO
basilar de seu projeto
ético e artístico
O REAL E AS PAIXÕES

JÁDER SANTANA
ESPECIAL PARA O POVO
vidaearte@opovo.com.br

No cinema de Eduardo Coutinho, documenta-

rista paulistano falecido há exatos dez anos, nada
importa mais que os encontros. Limitam-se o es-
paço e o tempo, reduzidos ao elementar, ao indis-
pensável, para que se dilatem as trocas, os diálo-
gos. Fundador de um projeto ético e estético que
renovou a abordagem documental na sétima arte,
Coutinho fez de sua trajetória uma homenagem às
potencialidades da conversa.
Foi longo e cheio de desvios o caminho que es-
colheu trilhar. Começou, nos anos 1960, no uni-
verso infinito da ficção. Dirigiu “O pacto” (1966), “O
homem que comprou o mundo” (1968) e “Faustão”
(1971). O primeiro, um filme de conquistas amo-
rosas; o segundo, uma sátira política influencia-
da pelo que Glauber Rocha vinha fazendo em seu
cinema; o último, uma tragédia shakespeariana
ajustada ao cangaço.
“Mas ele viu que não tinha vocação para esse
tipo de cinema que envolvia grandes equipes e
muito dinheiro. Então, foi abrindo mão, foi se de-
siludindo com o cinema de ficção”, explica o jor-
nalista Carlos Alberto Mattos, autor de “Eduardo
Coutinho: O homem que caiu na real” (2003). O
título do livro brinca com as decisões do cineasta:
Coutinho “caiu na real” porque, casado e com um
filho, admitiu que precisava de um emprego que
os sustentasse.
Esse “real” indica ainda outro movimento de
abandono e renovação. Afastando-se da fantasia
da ficção, Coutinho “cai” nos domínios concretos
da realidade: em 1975 é convidado a trabalhar
produzindo documentários para o Globo Repór-
ter, cargo que, apesar da desconfiança do cineasta
em relação às ligações da emissora com a Ditadu-
ra Militar, acaba aceitando.
É para o Globo Repórter que Coutinho dirige
“Theodorico, o imperador do Sertão” (1978), docu-
mentário no qual começaria a experimentar com
as subversões narrativas que se transformariam
em uma de suas marcas. O que Coutinho come-
ça a fazer depois da bem sucedida parceria com
o Globo Repórter caracteriza, de certa forma, o
retorno ao projeto ético que ele havia começado a
colocar em prática em 1964 e que foi interrompido
pelo golpe militar. “Cabra marcado para morrer”,
sua obra mais conhecida e peça fundamental para
a história do cinema nacional, dava indícios da
depuração da palavra que Coutinho executaria a
partir da segunda metade dos anos 1990.
“É uma fase caracterizada pela palavra, pela
interação, pela conversa — ele chamava de ‘con-
versa’, e não de ‘entrevista’”, afirma o jornalista
Carlos Alberto Mattos. Hoje, fala-se de Coutinho
como um “cineasta de conversa”, e de sua produ-
ção como “cinema de palavra”, reconhecendo nes-
se contato o elemento central de sua obra.
Em certa ocasião, Coutinho afirmou que “o
som mais bonito que existe é o da voz humana”.
Reduzindo o supérfluo, acentuava o essencial:
o outro, a pessoa, os donos dessas vozes. O que
contava, para ele, para o seu filme, era a primei-
ra história, a primeira fala de seus personagens.
“Ele participava como instigador, era sua pró-
pria ferramenta de trabalho. Provocava, puxava
a memória e a imaginação dos interlocutores”,
argumenta Mattos.
Na disposição dos cenários, sua cadeira esta-
va sempre a poucos metros da cadeira do outro.
Queria olhar nos olhos. E ser olhado. Todos são
personagens, inclusive ele. Coutinho subvertia o
documentário tradicional e os tradicionais docu-
mentaristas. Enquanto aqueles costumavam im-
por sua própria voz, ou sua tese, como instância
condutora da narrativa, Coutinho deixava que a
trama fosse levada pelos que aceitavam conver- CINEASTA
sar com ele. Ninguém estava ali “como represen- EDUARDO
tante de alguma categoria sociológica”, escreveu COUTINHO
João Moreira Salles. No cinema de Coutinho, não
havia uma tese a ser provada.

“PAIXÃO PELA
FORMA DE FALAR”
| ENTREVISTA |
ACERVO FAMILIAR
Eduardo e o filho,
Pedro Coutinho,
em 2010
O cineasta que, com pergun-
tas de uma sagacidade des-
concertante, mergulhava na
intimidade de seus interlocu-
tores, foi um homem discreto e
introspectivo quando afastado
de seu ofício. Nas palavras de
Pedro Coutinho, filho do diretor,
foi esse homem “fechado, mui-
to distante” que conheceu em
casa. Levou tempo até que ele
percebesse a intensidade do que
o pai criava quando estava no
comando de uma câmera.
Coutinho, o filho, que é pro-
motor de justiça do Ministério
Público do Rio de Janeiro (MPRJ),
conversou com O POVO+ sobre
sua experiência familiar e sobre
a descoberta que teve, já ado-
lescente, da importância do pai
no panorama do cinema nacio-
nal. Transitando entre passado
e futuro, reflete sobre qual filme
teria sido seu favorito e especu-
la sobre o que o cineasta estaria
produzindo caso estivesse vivo.
O POVO - Um tópico constante
das entrevistas que tenho
feito pra essa reportagem é
a especulação sobre o que
o Coutinho estaria filmando
hoje. Todo mundo se propõe a
pensar nisso. O que você acha?
Ele compartilhou ideias nesse
sentido, sobre novos projetos
ou novas ideias?
Pedro Coutinho - Do pon-
to de vista da saúde, é muito
difícil que ele ainda estivesse
filmando. A saúde dele com 80
anos já era muito ruim. Ele ti-
nha um enfisema pulmonar.
Mas esse exercício de imagi-
nar o que ele estaria filmando
é muito interessante, mui-
ta gente fala disso comigo. A
questão das crianças, era uma
vontade muito grande que ele
tinha de filmar, conversar com
crianças, pelo tipo de respos-
ta que elas dão. Mas isso é um
trabalho muito difícil. Ele tinha
comentado muito sobre esse
tema, mas sabia que era muito
difícil pela questão da autori-
zação, da fiscalização da Justi-
ça da Infância e da Juventude.
Em relação ao trabalho ex-
perimental, eu acho difícil.
Eu acho que ele tentou seguir
por caminho com o “Moscou”
e com “Um dia na vida” e acho
que não deu o resultado que
ele esperava. E aí ele volta,
com “As canções” e com o fil-
me que acabou resultando no
“Últimas Conversas”, para um
sistema mais tradicional de
entrevista. Então, eu acho di-
fícil que ele fosse, entre os 80 e
Ele sempre
tinha que
discutir novas
ideias porque
sentia essa
necessidade
de continuar
filmando”
PEDRO COUTINHO
Filho de Eduardo Coutinho
os 90 anos, de novo para uma
área mais experimental.
OP - Dos filmes que ele
dirigiu, qual foi para ele o
mais marcante, ou o favorito,
aquele para o qual ele mais
retornava?
Pedro - Sem dúvida o “Cabra
marcado para morrer”, que é
o filme da vida dele. É basica-
mente o filme que ele deixou
inacabado em 1964 e ao qual ele
volta de 81 a 84 para terminar,
porque ele sentia como um de-
ver, uma responsabilidade que
tinha com as pessoas que fil-
mou, que sofreram muito pela
questão da ditadura. Então,
eu acho que esse é um filme
no qual, quando ele volta, ele
resgata uma dívida moral que
sentia. E é o filme que também
resgata ele para o cinema, que
ele tinha largado.
OP - Em que ponto de sua vida
familiar você percebeu que seu
pai era um nome fundamental
para o cinema brasileiro?
Quando “caiu essa ficha”?
Pedro - Comecei a entender
quando ele volta para terminar
o “Cabra”, em 1984. Eu tinha de
12 para 13 anos, não tinha como
assimilar. Mas ali, ele se torna
realmente relevante. Até então
a participação dele no cinema
era muito discreta, e então,
quando eu tinha 13 anos, ele
ganha uma importância muito
grande, com muitos festivais,
viagens, etc.
Mas depois, isso meio que
desaparece. Ele vai trabalhar
com vídeo e não consegue mais
ter o mesmo sucesso. Acho que
é só na segunda retomada, que
é com “Santo forte”, principal-
mente com “Edifício Master”,
quando ele ganha muitos prê-
mios, que eu tenho realmente
a noção de que ele é um sentido
próprio, que tem um caminho
próprio para o documentário e
para o cinema brasileiro. Eu já
era bem mais velho.
OP - Quais são suas primeiras
memórias com o seu pai
em relação ao cinema? E as
últimas?
Pedro - Eu tenho, de novo, a
questão do “Cabra”, porque eu
participei minimamente, fa-
zendo uma dublagem de uma
cena em que a Elizabeth Teixei-
ra e a família cantam uma mú-
sica, um coco, para não ficarem
intimidados pela presença dos
jagunços em volta da casa dela.
Ali é a primeira memória que
tenho de meu pai com o cine-
ma. Até então ele estava na
Globo, no Globo Repórter.
E as últimas memórias são
do trabalho que ele vinha de-
senvolvendo no “Últimas Con-
versas”, que seria um filme bem
diferente do que o João (João
Moreira Salles) e a Jordana Berg
acabaram fazendo, que muda-
ram um pouco o ângulo do fil-
me. E também algumas ideias
que ele tinha de fazer um filme
com citações, o mais esdrúxu-
las possíveis. Citações de recei-
tas antigas, de manuais para as
mulheres se comportarem nos
séculos XVIII e XIX.
Ele mesmo achava que talvez
não desse para fazer um longa-
metragem, mas tinha a ideia de
filmar alguma coisa assim. Ele
sempre tinha que discutir novas
ideias porque sentia essa neces-
sidade de continuar filmando,
até porque tinha que sustentar
a família, minha mãe e o meu
irmão. Então, ele tinha que pen-
sar em projetos novos. Mas,
realmente, ele estava numa fase
muito difícil, com 80 anos e a
saúde muito ruim.
OP - Quando penso no quão
acurada era a sensibilidade do
Coutinho, no quão disposto a
ouvir as histórias dos outros
ele parecia ser, fico pensando
em como era a convivência
doméstica com o ele. O
Coutinho que fazia e aparecia
nos documentários era o
mesmo Coutinho com quem
vocês dividiam seus dias? Ou
descobrir o cinema do seu pai
foi descobrir um lado dele que
você não conhecia?
FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2024
AVISO
Pedro - Na convivência
doméstica, meu pai era mui-
to diferente daquele que apa-
rece no cinema. Ele não era
essa pessoa curiosa que senta
e pergunta sobre a sua vida.
Era uma pessoa mais fecha-
da, muito distante. O cinema
e a televisão acabavam afas-
tando ele da nossa presen-
ça cotidiana. Durante muito
tempo ele filmou fora de casa,
e isso afastava um pouco. Eu
e meu irmão sentimos muito
isso, essa falta dele, da pre-
sença. Não era a mesma re-
lação que ele tinha de sentar
e estar aberto para a pessoa
contar a sua vida. Realmente
era bem diferente.
Mas por isso mesmo, como
você bem colocou, ver os fil-
mes, principalmente ler as
críticas, entender a visão que
a academia tem sobre o tra-
balho dele, é muito importan-
te para descobrir outras face-
tas do meu pai que eu mesmo
não conhecia. O trabalho dele
é parte da vida dele, então
isso para mim também é mui-
to importante.
OP - Apesar de paulista, seu
pai demonstrou um interesse
forte e duradouro pelo
Nordeste, em especial, me
parece, pelo sertão nordestino.
Um antigo colega de trabalho
dele disse, em certa ocasião,
que a vida interior do Coutinho
estava no Nordeste, que era
com aquilo que ele mais se
identificava. Havia, de fato,
essa identificação íntima?
Pedro - Com certeza ha-
via uma identificação muito
grande com a forma de falar
do nordestino. Não o da zona
da mata, mas o do interior, do
agreste e do sertão. Era uma
forma de falar que o agrada-
va muito e que ele dizia que
o Sul do País não tinha. Ele
tinha essa paixão pela forma
de falar. “O fim e o princípio”,
um filme mais recente, mos-
tra bem isso: a forma de se
comunicar, de falar das coi-
sas. Mesmo pessoas que não
eram alfabetizadas tinham
uma forma de falar muito
rebuscada, se comparamos
com pessoas do Sul e do Su-
deste. Ele tinha essa iden-
tificação, não é à toa que se
casou com a minha mãe, uma
mulher pernambucana. Acho
que ele tinha essa identifica-
ção muito forte, embora te-
nha feito filmes no Rio e São
Paulo também.
VIDA&ARTE
􀎑
FILMOGRAFIA
O NORDESTE COMO
IDENTIDADE
Eduardo Coutinho dizia que o “absurdo de fil-
mar pessoas falando” era o que o mantinha vivo.
E, para ele, poucos lugares conjugavam tão bem
as possibilidades desse absurdo quanto o sertão
nordestino. “Porque lá a invenção verbal é muito
forte. O lugar no Brasil onde se inventa melhor é
no sertão”, argumentou o diretor em conversa com
a pesquisadora Consuelo Lins em 2004.
Apesar de nascido em São Paulo, Coutinho pro-
duziu boa parte de sua filmografia no Nordeste. Se-
gundo a pesquisadora Kamilla Medeiros, é a partir
de “Cabra marcado para morrer” que se estabelece a
relação do diretor com a região: a ideia para o filme,
que se desenrola no município paraibano de Sapé,
surgiu quando Coutinho, integrando uma caravana
da União Nacional dos Estudantes, a UNE Volante,
viajava pelos estados da região.
Medeiros, que é autora da pesquisa “O fim e
o princípio: O reencontro de Eduardo Coutinho
com o Nordeste”, destaca que o fascínio do ci-
neasta pela região passava pelo reconhecimento
de uma oralidade particular. “O que ele mais ad-
mirava era a força fabulatória do nordestino, a
forma como as pessoas contavam suas histórias,
uma espécie de poética do sertanejo. E não só a
fala, mas também a forma como o corpo rever-
bera essa fala”, argumenta.
É desse interesse vital pela fala e pelos gestos, que,
segundo a pesquisadora Luana Sampaio, se compõe
o legado do cineasta. “Ele está em todo mundo e a
história do Brasil está naqueles filmes”, resume.
NARRATIVA
POLÍTICA DO
INDIVÍDUO
REPRODUÇÃO
Uma das personagens de “Jogo de
cena”, de 2007, no qual o cineasta
brinca com as ideias de ficção
Por mais que tenha feito, com “Cabra marcado
para morrer”, um dos filme seminais da redemocra-
tização, Eduardo Coutinho recusava, por sua con-
duta e pela forma de sua arte, categorizações que,
não muito tempo depois de sua morte, impulsiona-
das pelo fortalecimento das políticas identitárias, se
tornaram fundamentais para a arte e compulsórias
para os artistas.
Os entrevistados de Coutinho — e o tratamento
que o autor dava para a captação de suas histórias
— escapavam dos esforços de classificação e rotu-
lagem tão caros à sociologia. Tratando as pessoas
como representantes delas mesmas, Coutinho dava
“rasteiras nas nossas convicções”, como escreveu
João Moreira Salles. Sua investigação de escuta e fala
impedia que a singularidade de seus interlocutores
fosse surrupiada por teses generalizantes.
“As categorias aparecem a partir do discurso das
pessoas, vão sendo trazidas pela subjetividade de
cada um, e não o contrário”, afirma pesquisadora e
roteirista do Núcleo de Audiovisual do OP+, Luana
Sampaio, autora de estudo sobre os elementos de
arquivo, memória e política na construção da narra-
tiva do filme “Peões” (2004), sobre a classe operária
do ABC paulista e sua participação nos movimentos
sindicais da década de 1980.
“Não é um filme sobre as greves, mas ele chega
às greves por meio da experiência de cada pessoa”,
argumenta Sampaio. A pesquisadora chama atenção
para outro aspecto: no filme, o diretor resgata foto-
grafias dos operários nas manifestações do passado
e as apresenta a eles, vinte anos depois. “Ele diz que
o crime do documentário é roubar a imagem da pes-
soa, então é um gesto ético muito forte ele devolver
essa imagem”, analisa.
Em uma entrevista da década de 1990, o cineas-
ta declarou: “O filme não termina com uma res-
posta-síntese”
EXTRA
Confira a reportagem completa
sobre Eduardo Coutinho
 VIDA&ARTE
􀠾 FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2024
Brincar
Desenho vivo. DANIEL BRANDÃO
Zootirinhas. REBECA JESSICA
Coisinhas. DHIOW
HORÓSCOPO PERSONARE
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ÁRIES
21 DE MARÇO A 20 DE ABRIL
As parcerias podem
lhe oferecer suporte,
considerando a Lua no eixo
família-relacionamentos e
sua fase cheia. Você tende a
ser impulsionada a lutar por
seus interesses, mas é preciso
atuar de forma estratégica
na gestão dos desafios, já
que o Sol adentra seu signo
e Marte a área de crise.
CÂNCER
21 DE JUNHO A 22 DE JULHO
Procure valorizar o
importante suporte
emocional, visto a Lua
entre seu signo e a área
familiar, passando pela
fase cheia. Este momento
pode aflorar um impulso
de expansão profissional
associado ao exercício de
seus talentos, visto que Marte
adentra a área espiritual
e o Sol a do trabalho.
LIBRA
23 DE SETEMBRO A 22 DE OUTUBRO
O Sol tende a iluminar o
potencial das parcerias
ao ingressar na área de
relacionamentos. Momento
de maior engajamento na
gestão do dia a dia, já que
Marte adentra o setor das
rotinas e a Lua transita entre
a casa do trabalho e seu signo,
passando pela fase cheia.
CAPRICÓRNIO
22 DE DEZEMBRO A 20 DE JANEIRO
Você tende a viver um
momento mentalmente
dinâmico e de sintonia
emocional com o entorno
imediato, contribuindo com
intercâmbios dinâmicos, já
que Marte adentra a casa das
ideias, o Sol a área familiar
e a Lua transita no eixo
relacionamentos-trabalho,
passando pela fase cheia.
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adivinhadindi.tumblr.com
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TOURO
21 DE ABRIL A 20 DE MAIO
O Sol pode dar clareza às
dificuldades ao adentrar o
setor de crise. Sua capacidade
de articulação interpessoal
tende a ficar em evidência
em prol tanto da gestão
das rotinas, visto que a Lua
transita no eixo comunicação-
cotidiano, passando pela
fase cheia, e Marte ingressa
na área de amizades.
LEÃO
23 DE JULHO A 22 DE AGOSTO
Busque moderar o discurso
em prol das parcerias,
visto a Lua no segmento
crise-comunicação e sua
fase cheia. Você tende a se
conectar com seus valores
e objetivos na vida, dando
um toque apaixonado às
suas ações, já que o Sol
adentra a área espiritual
e Marte o setor íntimo.
ESCORPIÃO
23 DE OUTUBRO A 21 DE NOVEMBRO
Busque inserir no dia a dia
intervalos de descanso e
introspecção. Este momento
astrológico tende a favorecer
uma maior dedicação à vida
doméstica em seus aspectos
operacionais e interpessoais,
visto que o Sol ingressa
no setor do cotidiano e
Marte na área social.
AQUÁRIO
21 DE JANEIRO A 19 DE FEVEREIRO
Procure dinamizar os
recursos patrimoniais. Este
momento pode promover
um movimento de expansão
mental que contribui com
sua postura na gestão do
dia a dia, visto que o Sol
ingressa no setor das ideias,
Marte no material e a Lua
transita no eixo cotidiano-
espiritual, ficando cheia.
PALAVRAS CRUZADAS
GÊMEOS
21 DE MAIO A 20 DE JUNHO
Chegou a hora de somar
esforços. Sua proatividade na
defesa de seus objetivos pode
O ANJO
ficar em evidência, contando Mumiah
com uma importante
articulação nas parcerias, Protege nas operações misteriosas; dá bom sucesso nas empresas;
pois Marte adentra o setor
profissional, o Sol o das domina sobre a Química, Física e a Medicina; dá saúde e longa vida. Faz
amizades, e a Lua transita bons curadores e torna-os célebres por curas maravilhosas, devidas ao
no eixo material-social, conhecimento das leis ocultas da natureza. Quem nasce sob esta influência
passando pela fase cheia. será célebre por suas descobertas maravilhosas, desvendará os segredos
da natureza e terá palavras de força e coragem contra a maldade.
VIRGEM
23 DE AGOSTO A 22 DE SETEMBRO
Ações colaborativas tendem
a tomar corpo com a Lua no
O SANTO
segmento amizades-material,
passando pela fase cheia.
São Cirilo de Jerusalém
Momento de transformação
interior pode lhe permitir
Nasceu por volta do ano de 315 em não o próprio Deus. Ele deixou
refinar sua postura na defesa Jerusalém ou em seus arredores. para a Tradição da Igreja diversos
dos seus interesses, visto que Pouco se sabe sobre sua infância escritos, mas os mais famosos
o Sol adentra o setor íntimo. e juventude, além de que ele deles são as suas 24 catequeses.
cresceu num lar cristão, com vida Nela, incluem uma introdução,
financeira confortável. Ordenado 18 catequeses aplicadas durante
sacerdote em 345, aos 30 anos, ele a Quaresma e cinco “catequeses
foi sagrado bispo de Jerusalém mistagógicas”. A vida dele não se
apenas três anos mais tarde. resumiu às catequeses, mas foi
Cirilo precisou enfrentar a heresia também marcada por polêmicas
SAGITÁRIO do arianismo, que afirmava que e perseguições. Em 386, São Cirilo
22 DE NOVEMBRO A 21 DE DEZEMBRO Jesus seria o filho de Deus, mas morreu aos 71 anos de idade.
Tente valorizar o somatório
de talentos. Seu lado
acolhedor e prestativo
no trato humano pode
evidenciar, o que ajuda
nas parcerias nos âmbitos
privado e profissional,
pois o Sol ingressa na casa
social, Marte no setor
SUDOKU
familiar e a Lua transita
no eixo íntimo-amizades,
passando pela fase cheia.
PEIXES
20 DE FEVEREIRO A 20 DE MARÇO
Busque fortalecer o círculo de
confiança, considerando a Lua O que é e como jogar
no segmento social-íntimo 1. O jogo é constituído de 81
e sua fase cheia. Seu lado quadrados numa grade de 9 x 9
dinâmico e próspero pode quadrados, subdivivida em nove
grades menores de 3 x 3 quadrados.
aflorar, fazendo-lhe criar 2. Cada fileira (vertical e horizontal)
oportunidades e alcançar deverá conter números de 1 a 9.
resultados importantes, já 3. Cada grade menor, de 3 x 3
que Marte ingressa em seu quadrados, deverá conter números
de 1 a 9.
signo e o Sol na área material. 4. Nas fileiras horizontais e verticais
da grade maior, cada número deverá
aparecer uma só vez.