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A QUARTA TEORIA POLÍTICA DE DUGIN: descolonizadora e antirracista?

DUGIN'S FOURTH POLITICAL THEORY: decolonizing and anti-racist?

Paulo César de Souza1

RESUMO

Trata-se de um trabalho acadêmico intitulado: “A QUARTA TEORIA POLÍTICA DE


DUGIN: descolonizadora e antirracista?” com o propósito em apresentar, em sala
de aula, bem como, elaborar resenha crítica do capítulo quatorze sob título: o
liberalismo e suas metamorfoses. proposto por Dante Alexandre Ribeiro das
Chagas, professor convidado da disciplina optativa TÓPICOS EM ESTUDOS
ESTRATÉGICOS (Contra a Ordem globalista: Introdução à Quarta Teoria Política)
ao curso de Ciências do Estado na Faculdade de Direito da Universidade Federal de
Minas Gerais. Utilizou-se a pesquisa e referência bibliográfica: Alexander Dugin
(2012), Flavio Ricardo Vassoler e podcast promovido pelo Instituto de Filosofia e
podcast Ep. 067: A quarta teoria política, promovido pelo Ciências Humanas.
socióloga Marize Schons, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Palavras Chaves: Comunismo. Dugin. EUA. Fascismo. Globalismo. Guerra Fria.


Liberalismo. Liberdade. Metamorfose. Nazismo. Política. Rússia.

ABSTRACT

This is an academic work entitled: "DUGIN'S FOURTH POLITICAL THEORY:


decolonizing and anti-racist?" with the purpose of presenting, in the classroom, as
well as preparing a critical review of chapter fourteen under the title: liberalism and
its metamorphoses. proposed by Dante Alexandre Ribeiro das Chagas, guest
professor of the optional subject TOPICS IN STRATEGIC STUDIES (Against the
Globalist Order: Introduction to the Fourth Political Theory) to the State Sciences
course at the Faculty of Law of the Federal University of Minas Gerais. We used the
research and bibliographic reference: Alexander Dugin (2012), Flavio Ricardo
Vassoler and podcast promoted by the Institute of Philosophy and podcast Ep. 067:
The fourth political theory, promoted by Human Sciences. sociologist Marize Schons,
from the Federal University of Rio Grande do Sul

Keywords: Communism. Dugin. USA. Fascism. Globalism. Cold War. Liberalism.


Freedom. Metamorphosis. Nazism. Policy. Rússia.

1
MATRÍCULA 2020430791. Acadêmico de Ciências do Estado na Faculdade de Direito da UFMG.
Matriculado na disciplina optativa TÓPICOS EM ESTUDOS ESTRATÉGICOS (Contra a Ordem
globalista: Introdução à Quarta Teoria Política). Professor Dante Alexandre Ribeiro das Chagas.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Após o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a


Rússia se viu diante de muitos impasses. Um deles foi o rearranjo de sua
geopolítica histórica e fundamental para muitos dos atos russos. Nessa direção. O
país asiatico passou por um lapso temporal difícil em todos os âmbitos, tendo assim
a Rússia perdido o status de grande potência e fisgou o novo status de potência
nuclear a nível regional.
Alexander Dugin foi professor da Universidade Estadual de Moscou,
sociólogo, filósofo e cientista político, além de geopolítico, presidente do Centro de
Estudos Conservadores da Universidade Estadual de Moscou, integra ao
departamento de Sociologia das Relações Internacionais da mencionada
Universidade.
A quarta teoria política, é um projeto teórico com viés ideológico, que possui
implicações geopolíticas no mundo material, um projeto político com o propósito em
aglutinar as nações europeias e asiáticas em uma união cesariana, direcionada a
uma oposição à hegemonia americana. Nesse sentido,a quarta teoria política,
segundo Diguin (2012), se opõe à globalização e às três conjecturas ideológicas:
liberalismo, comunismo e o facismo. Diante disso, o professor interpreta as três
teorias, e estabelece uma síntese entre o comunismo e facismo e propõe uma
alternativa como solução.
Parte da literatura ocidental, sobretudo brasileira, crítica ser uma tese
confusa e embaraçosa do professor Dugin, sendo interpretado como alarmismo e
diversas confusões conceituais. O embaraçamento deságua na definição dos
discípulos da QTP (Quarta Teoría Política) nova resistência como comunistas e
fascistas. A expressão no liberalismo negativo, isto é, liberalismo do “mal” faz da
QTP (quarta teoria política) a base da metafísica em que estabelece a luta
revolucionária e cultural contra o mundo moderno.

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1.1. PRIMEIRA TEORIA: LIBERALISMO

A primeira teoria foi a mais estável ao longo de muitos anos. O liberalismo,


apontado como ideologia pelo autor, não era tão dogmático quanto o marxismo.
Assim sendo, o liberalismo desenvolveu operando armas dirigidas contra suas
alternativas diretas.

1.2. SEGUNDA TEORIA: COMUNISMO

A segunda teoria apareceu posterior ao liberalismo. É razoável chamar o


comunismo, tanto quanto o socialismo em todas as suas variedades, de segunda
teoria política (DUGIN, 2012). Ele apareceu depois do liberalismo como uma
resposta crítica à emergência do sistema burguês-capitalista, que era a expressão
ideológica do liberalismo.

1.3. TERCEIRA TEORIA: FASCISMO

O fascismo é a terceira teoria política. Como uma concorrente por seu


próprio entendimento do espírito da modernidade, diversos pesquisadores
consideram o totalitarismo como uma das formas políticas da modernidade.
Assim, o fascismo emergiu depois das outras grandes teorias políticas e
desapareceu antes delas. A aliança da primeira teoria política com a segunda teoria
política, os equívocos geopolíticos suicidas de Hitler, o derrubaram no meio do
caminho. O fascismo, se voltou para as ideias e símbolos da sociedade tradicional.
Em alguns casos, isso gerou um ecletismo, em outros o desejo dos conservadores
de liderar uma revolução ao invés de resistir a ela, levando sua sociedade na
direção oposta.

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Em 1991, a primeira teoria política, o liberalismo havia derrotado a segunda
teoria política, o socialismo. Isso marcou o declínio global do comunismo. Como
resultado, ao fim do século XX, a teoria liberal é a única remanescente das três
teorias políticas da Modernidade que é capaz de mobilizar as vastas massas por
todo o mundo.

1.4. QUARTA TEORIA POLÍTICA COMO UMA ALTERNATIVA AO


PÓS-LIBERALISMO NA COMPREENSÃO DE DUGIN

A Quarta Teoria Política, na compreensão do autor, pode emergir ou não. O


pré requisito para seu aparecimento é o dissenso. Isto é, o dissenso em relação ao
pós-liberalismo como prática universal, contra a globalização, contra a
pós-modernidade, contra o “fim da história”, contra o status quo, contra o
desenvolvimento inercial dos principais processos civilizacionais na aurora do
século XXI.
O status quo e essa inércia não pressupõem quaisquer teorias políticas. Um
mundo global só pode ser governado pelas leis da economia e pela moralidade
universal dos “direitos humanos”. Todas as decisões políticas são substituídas por
decisões técnicas. A maquinaria e a tecnologia substituem todo o resto. O filósofo
francês, Alain de Benoist, chama isso de “la gouvernance”, ou
“microgerenciamento”. Gerentes e tecnocratas assumem o lugar do político que
toma
decisões históricas, otimizando a logística do gerenciamento. Massas de
pessoas são equiparadas à massa singular de objetos individuais. Por essa razão, a
realidade pós-liberal, ou, melhor dizendo, a virtualidade cada vez mais deslocando a
realidade para longe de si mesma, leva diretamente à abolição completa da política.
Para Alexander Dugin o nascimento da quarta teoria política não configura
um arranjo ideológico, mas a real alternativa ao pós-modernismo. Nessa

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configuração, ressalta que não poder ser a continuação entre as teorias
mencionadas, aponta as mudanças pós-modernas do liberalismo à globalização e
por esse motivo, deve ser apontada novos princípios e novas estratégias. Nessa
direção, segundo o autor, a quarta teoria deve buscar “inspirações sombrias” na
pós-modernidade, na liquidação do programa do iluminismo

Conforme André Luiz V.B.T. dos Reis (2023)

Há muita curiosidade, e maiores incompreensões ainda,


quanto à proposta teórica e ideológica de Alexander Dugin,
que muitos da mídia qualificam, algo impropriamente, como
“guru” de Putin. Dugin se envolveu em algum grau com
movimentos declaradamente fascistas no fim dos anos 1980 e
início dos 1990, mas logo os deixou pra militar no assim
chamado ”Nacional Bolchevismo”, que tentava sintetizar
alguns elementos fascistas e stalinistas. Nos anos 2000, já
mergulhado no pensamento tradicionalista, decidiu abandonar
aquilo que considerava como ideologias
modernas/contemporâneas. E propôs uma meta-teoria para
superá-las , publicada em livro originalmente em 2009, e
traduzido pro inglês em 2012. Na obra, o russo estabelece
uma nova classificação das principais ideologias, ao mesmo
tempo em que as redefine segundo o sujeito normativo
identificado em cada uma delas. Elas seriam o liberalismo, o
socialismo e o fascismo [nacionalismo]. O liberalismo é o nome
“guarda-chuva” dado a toda ideologia que faz do sujeito
moderno o princípio normativo da sociedade. Dizendo de outra
maneira, ele aplica o epíteto de liberal a toda ideologia
estritamente individualista. O socialismo, identificado
principalmente com o marxismo, diz respeito ao conjunto de
ideologias que relativizam o indivíduo particular frente a uma
coletividade definida pela ordem material de produção da vida
social: ou seja, pela classe econômica. Por fim, o fascismo é
visto de forma ampla. Todo nacionalismo, não somente os
étnicos, com matiz anti-individualista e associado ao
Estado-Nacional caem na definição da Terceira Teoria Política.
Ou seja, se trata de conceito mais amplo do que o mobilizado
na Academia, e que não pode ser reduzido somente ao
fascismo italiano ou ao nazismo. Frequentemente, Dugin é
acusado de ser “neofascista”. Mas é necessário averiguar o
que se entende por fascismo pra ver se há algum caráter
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heurístico no rótulo imputado ao russo. Há abordagens
psicologizantes do fascismo, que o associam à ideia de
“personalidade autoritária”. Outros, pelo contrário, pensam que
qualquer ideologia iliberal, ou seja, anti-individualista, e
portanto com traços hierárquicos ou holistas, é
necessariamente fascista. Dificilmente estas abordagens são
compatíveis com o olhar histórico. O fascismo é uma ideologia,
marcada por certas características, programas e agendas, não
uma doença psíquica. Já o UR-Fascismo tornaria praticamente
as práticas de poder de todos os povos da história, exceto as
do Ocidente contemporâneo, em graus diversos de fascismo, o
que dificilmente resiste a qualquer escrutínio histórico e
antropológico adequado. Há 3 argumentos que, até onde vejo,
negam qualquer caráter verdadeiramente fascista à Quarta
Teoria Política (QTP): I) Dugin é fortemente anti-racista. Ele
inclusive amplia o conceito de racismo a fim de incluir toda
posição, postura ou mentalidade que hierarquize povos de
maneira etnocêntrica; II) Não é nacionalista. Pelo contrário, é
crítico à relativização de todas as identidades em prol de um
conceito massificado e homogêneo de nação; III) Dugin
repudia o conceito Ocidental de Estado-Nação, que considera
prejudicial e superado. Se formos além nestas formulações, o
pensador russo é muito mais platônico em sua perspectiva
metafísica do que verdadeiramente hegeliano. São elementos
que negam o caráter fascista do pensamento de Dugin, ainda
que se possa considerá-lo holista, hierárquico e autoritário O
pensador russo supõe superar as teorias políticas
contemporâneas propondo um novo sujeito. De modo geral,
ele sugere duas aproximações ou alternativas para este papel:
o primeiro, uma determinada leitura do conceito de Dasein, de
Heidegger. O segundo, que considero bem mais interessante,
a mobilização e ressignificação da tese das Estruturas do
Imaginário, de Gilbert Durand. Para Dugin, cada povo tem um
Logos específico e próprio, que ele associa a um dos regimes
do imaginário do intelectual francês. Apesar destas
formulações, a principal chave para ler a proposta de Dugin
continua sendo a tradicionalista. E talvez, ainda mais
especificamente, Henry Corbin. Quando Dugin fala de Povo,
não está se referindo a uma coletividade massificada, nem
muito menos a um etnia. Ele reivindica, por um lado, a noção
de Narod, que tem longa história no socialismo populista russo,
mas que também foi instrumentalizada, com um significado
historicizado, pelos soviéticos. Por outro lado, e na verdade
acima, se encontra a angelologia de Corbin. Todo Povo
verdadeiro é expressão de um Anjo, de um universal ou forma
divina específica, com um destino e uma atuação precisa na
“história sagrada”. É uma visão tradicionalista.
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2. A QUARTA TEORIA POLÍTICA: resenha crítica do capítulo quatorze

No início do capítulo Quatorze, título: O LIBERALISMO E SUAS


METAMORFOSES, Alexander Dugin aponta que o nacional bolchevique alemão
Ernst Niekisch, no ano de 1932, as ideias eram similares as eurasianismo inclusive
escreveu um livro com um titular revelador Vladimir Vladimirovitch Putin. Aduz que o
livro passou quase despercebidamente. Entretanto, após alguns anos, segundo
Alexander Dugin, o levou direto para os campos de concentração, assevera que
estava certo. Constata-se no raciocínio do autor que Adolf Hitler apareceu para ser
pontualmente uma figura fatídica. Sabe-se que Hitler é considerado pela acadêmica
como um dos grandes nomes do século XX, nada obstante, não ficou conhecido
pelos pontos positivos e sim por ter comandado um regime tirânico que mergulhou a
Alemanha no ódio, sendo que foi responsabilizado por instigar um país contra um
povo.
Ressalta na obra a expressão “na sociedade humana não há fatalidades
como aquelas inerentes na natureza, a mudança das estações, ou desastres
naturais. A dignidade do indivíduo sempre consiste no fato de que ele sempre pode
dizer não. Nessa linha de raciocínio, segundo Dugin, houve confronto de Niekisch
com o nazismo e os nazistas, calculou as consequências catastróficas para a
Alemanha, bom como para a humanidade.

Conforme Alexander Dugin (2012, p. 329)

Niekisch confrontou o Nazismo e os nazistas, e previu mais cedo e


mais precisamente do que outros quais seriam as consequências de
seu domínio sanguinário para a Alemanha e para a humanidade. Ele
não desistiu. Ele lançou um desafio contra o “maligno fado”, não
abaixando a guarda. Mais importante: ele resistiu a uma força que
parecia invencível com um punhado de antinazistas. Um grupo de
seguidores de Niekisch – um deles o nacional-bolchevique Harro
Schultz-Boysan – se tornou o núcleo da “Orquestra Vermelha”. Foi ele,
quase cego então, que as tropas soviéticas libertaram de um campo
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de concentração em 1945. Ele não viu as vitórias físicas pelas quais
ele deu sua vida, mas até o fim de seus dias ele permaneceu convicto
de que é necessário se opor ao destino maligno da história humana,
mesmo que ele venha do volante motor mais profundo.

Dugin discorre que na atualidade pode ser dito o mesmo sobre o liberalismo
enquanto ideologia, o qual logrou êxito no ocidente e que espalha as doutrinas
pelo mundo, com o apoio dos EUA. Assim, o autor demonstra com clareza a sua
oposição ao liberalismo ao afirmar ser o destino maligno da civilização humana.
Para o autor, uma das saídas é a oposição, a refutação aos dogmas venenosos por
parte das pessoas honestas no planeta. Leva-se em consideração os
apontamentos de Alexander Dugin, considerando que para compreender o
presidente russo Vladimir Vladimirovitch, segundo alguns analistas, é fundamental
observar as ideias do autor em questão. Tal analogia lembra, aparentemente, no
Brasil a influência de Olavo de Carvalho sobre Jair Bolsonaro no período em que ele
foi Chefe do Poder Executivo Federal. Não obstante, o que se observa nos
argumentos do autor é um posicionamento minoritário entre os filósofos com
influência no mundo. Há diversas pontas soltas em suas ideias, o que parece
bastante confuso e estranho para os ocidentais, sobretudo aos latinos americanos.
Assevera que devemos a todo custo repetir, segundo ele, a verdade, mesmo
quando parecer ser inútil, politicamente incorreto.

2.1. O LIBERALISMO COMO UM SUMÁRIO PARA A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL,


E SUA DEFINIÇÃO

Segundo o autor, para compreender a essência do liberalismo, deve-se


reconhecer que ele não foi acidental, visto que seu aparecimento na história das
ideologias políticas se baseou em processos fundamentais, consequentemente,
desaguando em toda a civilização do ocidente. Nessa direção, segundo o autor, o
liberalismo não se resume apenas em uma história

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Conforme Alexander Dugin, a definição de liberalismo não se resume
apenas em uma filosofia mas, ideologia política e econômica atrelado às linhas de
forças mais importantes da era moderna. Nessa linha de raciocínio, o autor aponta
duas nomenclaturas sendo a primeira de liberdade e a segunda de liberdade para.
Em outro trecho, a comparação chega a uma versão do anarquismo.
Aduz Dugin que os princípios descritos abaixo se encontram na base do
liberalismo histórico, desenvolvido pelos filósofos Locke, Mill, Kant, posteriormente
Bentham e Constance.

Assevera Alexander Dugin (2012, páginas. 331 e 332)

A compreensão do indivíduo como medida de todas as coisas; A


crença no caráter sagrado da propriedade privada; A asserção da
igualdade de oportunidade como a lei moral da sociedade; A crença
na base “contratual” de todas as instituições sociopolíticas, incluindo
o governo; A abolição de quaisquer autoridades governamentais,
religiosas e sociais que reivindiquem uma “verdade comum”; A
separação de poderes e a criação de sistemas sociais de controle
sobre quaisquer instituições governamentais; A criação de uma
sociedade civil sem raças, povos e religiões no lugar dos governos
tradicionais; A dominação das relações de mercado sobre outras
formas de política (a tese: “economia é destino”); A certeza de que o
caminho histórico dos povos e países ocidentais é um modelo
universal de desenvolvimento e progresso para todo o mundo, o qual
deve, de modo imperativo, ser assumido como padrão.

Nesse sentido, Dugin pontua que todos os princípios da filosofia do


liberalismo e o próprio nome “liberalismo” se estruturam na "liberdade". Lado outro,
a expressão parece confusa, visto que não há liberdade negativa, e esse
negativismo não torna ninguém livre. A explicação da liberdade de, segundo o autor,
para os liberais é definida precisamente e possui um caráter dogmático sob as
propostas descritas abaixo

O governo e seu controle sobre a economia, política e sociedade civil;


A igreja e seus dogmas; Os sistemas de classe; Qualquer forma de
áreas comunais de responsabilidade da economia; Qualquer tentativa
de redistribuir com uma ou outra instituição governamental ou social

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os resultados do trabalho material ou imaterial (a fórmula do filósofo
liberal Philip Nemo, um seguidor de Hayek: “A justiça social é
profundamente imoral”); As ligações étnicas e Qualquer forma de
identidade coletiva.

Verifica-se que o autor explica que as ideias podem parecer algum tipo de
versão do anarquismo. Entretanto, justifica que tal possibilidade não é verdadeira e
menciona que os anarquistas consideram como alternativa para o governo, o
trabalho livre, com uma coletivização total de seus produtos. Além disso,
considerando teoricamente que o governo deve mais cedo ou mais tarde
desaparecer, os liberais, por razões pragmáticas (DUGIN, 2012). Nesse rumo, o
autor aponta que os liberais repudiaram as instituições sociopolíticas, a familia, a
diferenciação sexual

2.2. O LIBERALISMO E A NAÇÃO

Para Alexander Dugin, o fortalecimento do liberalismo, se deu com as


instituições políticas, religiosas e sociais ocidentais e com o passar do tempo,
gradativamente, enfraqueceram a monarquia, a igreja e os feudos. O entendimento
sobre a nação era entendida como totalidade de cidadãos de um Estado Assim
sendo, aponta Dugin que as nações europeias chutaram religião etnicidade e classe
acreditando que fosse da “idade das trevas” pontuando ser a diferença entre o
nacionalismo liberal e outras versões

2.3. O DESAFIO DO MARXISMO

Explana Alexander Dugin que Marx estudou cuidadosamente a economia


política de Adam Smith e extrai as conclusões. Em um dos posicionamentos
descrito no capítulo Quatorze, reconheceu a liberdade velada de classe, camuflando
novos mecanismos de exploração.
Outro ponto relevante que o autor apresenta no capítulo Quatorze é a
dificuldade de relacionamento entre socialistas e esquerdistas
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Diz Alexander Dugin (2012, p. 341 )

A questão sobre como se relacionar com socialistas e esquerdistas


alcançou seus momentos mais difíceis para liberais nas décadas de 20
e 30, quando os comunistas provaram pela primeira vez a importância
de suas intenções históricas e a possibilidade de tomar e manter o
poder. Nesse período a escola neoliberal surge (von Mises, Hayek, e
um pouco depois Popper e Aron), formulando uma tese ideológica
muito importante: o liberalismo não é uma fase de transição do
feudalismo para o marxismo e o socialismo, mas uma ideologia
totalmente completa, possuindo um monopólio exclusivo sobre a
herança do Iluminismo e da Era Moderna; o próprio marxismo não era
um desenvolvimento do pensamento ocidental, mas um retorno
regressivo (“slogans modernistas”) à época feudal de revoltas
escatológicas e cultos milenaristas. Os neoliberais provaram isso pela
crítica sistemática do filósofo conservador alemão, Hegel, bem como
através de referências à experiência totalitária soviética, e pediram um
retorno às raízes, a Locke e Smith, agarrando-se firmemente em seus
princípios e criticando os social-liberais por suas concessões e
compromissos.

Nessa direção, os questionamentos de Marx colaboraram com outros


pensadores, ao ponto de ter apontado suas esperanças ao propósito da
coletivização social da propriedade. Segundo o autor que por mais de dois séculos o
marxismo se transformou em adversário ideológico e competidor ao ponto de ser o
mais importante do liberalismo.

2.4. A VITÓRIA DEFINITIVA DOS LIBERAIS NA DÉCADA DE 90

Constata-se a concordância do autor ao mencionar a derrota na guerra


político-ideológica travada entre Estados Unidos (EUA) e a antiga União Soviética
(URSS) conhecida como guerra fria, ocorrida no lapso temporal de 1947 a 1991.
Salienta o autor que o período mencionado foi importante na história política por
colocar um ponto ideológico entre as duas potências.

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2.5. NO LIMIAR DO SÉCULO AMERICANO

Explana o autor que no século XX a vitória do liberalismo, inclusive aponta o


ciclo da modernidade, que foi completado e recebeu o monopólio sobre o controle e
direção do desenvolvimento histórico. Nessa direção, o autor aponta que os EUA
como a cidadela do liberalismo mundial, ressalta a vitória da guerra ideológica por
sedimentar na ideologia liberal. A migração dos americanos merece atenção,
quando explanou, no capítulo Quatorze, que os EUA deixaram de ser um governo
nacional e se tornaram um sinônimo para o governo mundial.

2.6. LIBERALISMO E PÓS-MODERNIDADE

A abordagem das três teorias políticas pelos filósofos não poder ser
interpretada como verdade absoluta, visto que a compreensão de Alexander Dugin
esbarra em pontos confusos, pelo menos na compreensão ocidental. Discorre o
autor que no período da pós- modernidade o liberalismo coexistiu com o
neoliberalismo. Aponta o autor o panorama da monstruosidade

Para Alexander Dugin (2012, p. 354 )

A medida das coisas se torna não o indivíduo, mas o pósindivíduo, o


“divíduo”, acidentalmente jogando com uma combinação irônica de
partes de pessoas (seus órgãos, seus clones, seus simulacros até
chegar aos ciborgs e mutantes); A propriedade privada é idolizada,
“transcendentalizada” e se transforma daquilo que um homem possui
para aquilo que possui o homem; A igualdade de oportunidade se
transforma na igualdade de contemplação das oportunidades (a
sociedade do espetáculo Guy Debord); A crença no caráter
contratual de todas as instituições políticas e sociais se transforma
em uma equalização do real e do virtual, o mundo se torna um modelo
técnico; Todas as formas de autoridades não-individuais desaparecem
completamente e qualquer indivíduo é livre para pensar o mundo de
qualquer maneira que ele ache adequada (a crise da racionalidade
comum); O princípio da separação de poderes se transmuta na ideia
de um referendo eletrônico constante (parlamento eletrônico), no qual
cada usuário de internet vota continuamente em qualquer decisão, o

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que leva à multiplicação de poder ao número de cidadãos separados
(cada um é seu próprio ramo do governo); A “sociedade civil”
substitui completamente o governo e se converte em um caldeirão
global e cosmopolita; Da tese “economia é destino” se toma a tese “o
código numérico – este é o destino”, na medida em que trabalho,
dinheiro, o mercado, produção, consumo tudo se torna virtual.

2.7. O LIBERALISMO NA RÚSSIA CONTEMPORÂNEA

A proposta da quarta teoria política sugerida pelo autor, tem como destaque
o desvinculamento da expressão ideologia. Nessa circunstância o autor pontua que
até o início da década de 90, a ideologia marxista dominava a Rússia. Afirma que os
princípios do liberalismo eram estranhos às fundações da sociedade russa. Lado
outro, discorre o autor que o sentido do aparente liberalismo na Rússia na década
de 90 era referente às tradições políticas-econômicas, referindo-se a uma imitação
ignorante do ocidente.
Assevera Alexander Dugin que o início de Vladimir Putin no poder tentou
reverter processo de desintegração, entretanto não logrou êxito, sem nenhuma
oposição político-ideológica. Nessa direção, segundo o autor, a maioria dos liberais
tornou-se apoiadores. Chama atenção a afirmativa do autor no sentido que o
liberalismo não penetrou a fundo e não gerou uma geração política de liberais. Por
fim, conclui o autor que o verdadeiro liberal é aquele que atua em acordo com os
princípios do liberalismo.
Conclui-se no capítulo quatorze a abordagem de alexander dugin foi no
sentido de contrapor o liberalismo e suas mudanças. pontuou ainda a relevancia do
livro hitler; desastre para a alemanha, que inicialmente passou despercebido,
porem, alguns anos o levou para os caompos de concentração, ressaltou que o lider
nazista apareceu para ser uma figura fadica. ressaltou que niekisch confrontou o
nazismo e os nazistas, conseguiu prever os desdobramentos da alemanha.
Alexander Dugin pontua que o liberalismo não foi acidental, que o seu
aparecimento na história das ideologias políticas foi econômica, sendo baseado em
processos se desenrolando por toda a civilização ocidental.

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Ressalta o autor, no final do capítulo, que na década de 90 falava-se em
liberais e não em liberalismo, enfatizou que a denominada ideologia marxista
dominava a Rússia e a estranheza dos princípios do liberalismo à sociedade
Russa. Lado outro, aqueles que inicialmente se identificavam como liberais,
migraram e se declararam como apoiadores de Putin, sob as simpatias patrióticas
individuais de Vladimir. Por fim, no ponto de vista do autor, em todo o período da
década de 90, o liberalismo não penetrou a fundo e não gerou uma geração política
de liberais autênticos e convictos.
Noutro giro, o posicionamento do autor é complexo, pelos acontecimentos
da Guerra Fria, não tem como mensurar a proporção do impacto da penetração do
liberalismo na Rússia e a URSS. O inconformismo com a teoria política não pode
servir como pretexto para desconstruir a importância, ainda que tenha pontos
negativos

Referências

DUGIN, Alexander. A Quarta Teoria Política. Arktos Media, 2012.

DUGIN, Alexander. A Quarta Teoria Política: ser ou não-ser. Disponível em: <
http://novaresistencia.org/2018/02/17/dugin-a-quarta-teoria-politica-ser-ou-nao-ser/
> Acesso em: 27 de Maio de 2023.

DUGIN, Alexander. A Quarta Teoria Política. Tradução: Jean A. G. S. Carvalho.


Disponível em: <
http://www.4pt.su/pt-br/content/quarta-teoria-politica-uma-breve-apresentacao >
Acesso em: 27 de Maio de 2023.

REIS, André Luiz V.B.T.dos. A Quarta Teoria Política de Dugin é um neofascismo?.


10/03/2022·. Última atualização:08/02/2023. Disponível em: <
https://disparada.com.br/a-quarta-teoria-politica-dugin-neofascismo/ > Acesso em:
27 de Maio de 2023.

VASSOLER, Flávio Ricardo. Aula especial com Vassoler 3: OTAN (EUA) e Rússia
são imperialistas? Como pensa Vladímir Pútin?. Disponível em: <

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A QUARTA TEORIA POLÍTICA DE DUGIN: descolonizadora e antirracista?
13
https://www.youtube.com/watch?v=jyo-buUSEe0 > Acesso em: 27 de Maio de
2023.

VASSOLER, Flávio Ricardo.Como pensa Alexander Dugin? (aula com Vassoler).


Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=jZnYSKorb_M > Acesso em:
27 de Maio de 2023.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Faculdade de Direito da UFMG.


Oferta de Disciplinas Optativas de Ciências do Estado e Formação Livre do Direito -
2023/1. TÓPICOS EM ESTUDOS ESTRATÉGICOS: Contra a Ordem Globalista:
Introdução à Quarta Teoria Política. Disponível em: <
https://cienciasdoestado.direito.ufmg.br/wp-content/uploads/2023/03/Horario-Ciencia
s-do-Estado-OPTATIVAS-2023-1.pdf > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Instituto de Filosofia e


Ciências Humanas. Ep. 067: A quarta teoria política. Disponivel em: <
https://podcasters.spotify.com/pod/show/o-que--tudo-isso/episodes/Ep--067-A-quarta
-teoria-poltica-e1gona6/a-a7n1990 > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES

A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO


THE FOURTH POLITICAL THEORY: A BRIEF PRESENTATION
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A Quarta Teoria Política: seu símbolo significa o número 4 e o sinal de


Júpiter, o planeta da Ordem e da Monarquia. É o símbolo patriarcal
indo-europeu do Deus dos Céus - Dyaus, Zeus, Deus.

PAULO CÉSAR DE SOUZA: Acadêmico de Ciências do Estado na Faculdade de Direito da UFMG.


Matriculado na disciplina optativa TÓPICOS EM ESTUDOS ESTRATÉGICOS (Contra a Ordem globalista:
Introdução à Quarta Teoria Política). Professor Dante Alexandre Ribeiro das Chagas.

Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/styles/large/public/main/articles/qtp1-final.png?itok=DhyDzasD >


Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO
THE FOURTH POLITICAL THEORY: A BRIEF PRESENTATION
http://www.4pt.su/pt-br/content/quarta-teoria-politica-uma-breve-apresentacao

Políticas são definidas pelos paradigmas da História - sendo inteiramente dependentes


deles. Então, para compreender a QTP corretamente, precisamos considerar quais são
seus três paradigmas básicos:

Pré-modernidade (sociedade tradicional)

Modernidade (sociedade moderna)

Pós-modernidade (um tipo de pós-sociedade ou dissociedade onde todos os laços


sociais e todas as formas de identidade coletiva - incluindo gênero - são destruídas, ou
transformadas em "opcionais")

PAULO CÉSAR DE SOUZA: Acadêmico de Ciências do Estado na Faculdade de Direito da UFMG.


Matriculado na disciplina optativa TÓPICOS EM ESTUDOS ESTRATÉGICOS (Contra a Ordem globalista:
Introdução à Quarta Teoria Política). Professor Dante Alexandre Ribeiro das Chagas.

Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/qtp1.png > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO
THE FOURTH POLITICAL THEORY: A BRIEF PRESENTATION
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As três principais teorias políticas (liberalismo, comunismo e nacionalismo -


"fascismo") pertencem ao segundo paradigma - ou seja, a Modernidade.
Todas essas três ideologias são essencialmente modernas e lidam com o
mapa ontológico e o gnoseológico (epistemológico) da filosofia do
Iluminismo, com conceitos cartesianos tendo o sujeito como centro.

PAULO CÉSAR DE SOUZA: Acadêmico de Ciências do Estado na Faculdade de Direito da UFMG.


Matriculado na disciplina optativa TÓPICOS EM ESTUDOS ESTRATÉGICOS (Contra a Ordem globalista:
Introdução à Quarta Teoria Política). Professor Dante Alexandre Ribeiro das Chagas.

Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/qtp2.png > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO
THE FOURTH POLITICAL THEORY: A BRIEF PRESENTATION
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As três Teorias Políticas podem ser situadas no espaço com características de


direções especiais. Então, a Primeira Teoria Política (liberalismo) tem seu lugar
topológico no centro e no ponto mais alto do círculo aberto (esse aspecto é essencial!). A
Segunda Teoria Política (comunismo/socialismo) está à esquerda. A Terceira Teoria
Política (nacionalismo e fascismo) fica à direita. Estando ao centro, a posição do
liberalismo é central no sentido filosófico. É o ponto que define onde fica a esquerda e
onde fica a direita. Esquerda e Direita só obtém significado em relação à Primeira Teoria
Política. Essa é razão pela qual o liberalismo é tão importante. E esse é o motivo de essa
teoria vencer enquanto a Modernidade permanece inquestionável e sem oponentes.

PAULO CÉSAR DE SOUZA: Acadêmico de Ciências do Estado na Faculdade de Direito da UFMG.


Matriculado na disciplina optativa TÓPICOS EM ESTUDOS ESTRATÉGICOS (Contra a Ordem globalista:
Introdução à Quarta Teoria Política). Professor Dante Alexandre Ribeiro das Chagas.

Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/qtp3.png > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO
THE FOURTH POLITICAL THEORY: A BRIEF PRESENTATION
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As três Teorias Políticas podem ser situadas no espaço com características de


direções especiais. Então, a Primeira Teoria Política (liberalismo) tem seu lugar
topológico no centro e no ponto mais alto do círculo aberto (esse aspecto é essencial!). A
Segunda Teoria Política (comunismo/socialismo) está à esquerda. A Terceira Teoria
Política (nacionalismo e fascismo) fica à direita. Estando ao centro, a posição do
liberalismo é central no sentido filosófico. É o ponto que define onde fica a esquerda e
onde fica a direita. Esquerda e Direita só obtêm significado em relação à Primeira Teoria
Política. Essa é a razão pela qual o liberalismo é tão importante. E esse é o motivo de
essa teoria vencer enquanto a Modernidade permanece inquestionável e sem oponentes.

PAULO CÉSAR DE SOUZA: Acadêmico de Ciências do Estado na Faculdade de Direito da UFMG.


Matriculado na disciplina optativa TÓPICOS EM ESTUDOS ESTRATÉGICOS (Contra a Ordem globalista:
Introdução à Quarta Teoria Política). Professor Dante Alexandre Ribeiro das Chagas.

Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/qtp4.png > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO
THE FOURTH POLITICAL THEORY: A BRIEF PRESENTATION
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As relações e alianças entre as três Teorias Políticas podem ser diferentes: há (ou
haviam) tais opções como Primeira Teoria Política + Segunda Teoria Política
versus Terceira Teoria Política (Segunda Guerra Mundial), ou Segunda Teoria
Política + Terceira Teoria Política versus Primeira Teoria Política (o Pacto de
Ribbentrop-Molotov). A História mostra que os dois tipos de alianças foram
testadas no século XX, onde a competição entre as três Teorias Políticas era a
principal estaca ideológica.

PAULO CÉSAR DE SOUZA: Acadêmico de Ciências do Estado na Faculdade de Direito da UFMG.


Matriculado na disciplina optativa TÓPICOS EM ESTUDOS ESTRATÉGICOS (Contra a Ordem globalista:
Introdução à Quarta Teoria Política). Professor Dante Alexandre Ribeiro das Chagas.

Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/qtp5.png > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO
THE FOURTH POLITICAL THEORY: A BRIEF PRESENTATION
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Depois da vitória comum da Primeira Teoria Política + Segunda Teoria Política contra a
Terceira Teoria Política na Segunda Guerra Mundial, a Terceira Teoria Política
desapareceu da realidade política. De 1945 em diante, ou ela passou a pertencer ao
passado, ou perdeu completamente seu significado e a influência real na política mundial
e nas sociedades. A partir desse momento, a luta entre a Primeira Teoria Política e a
Segunda Teoria Política começou. Esse foi o sentido da segunda metade do século XX do
ponto de vista da ideologia.

PAULO CÉSAR DE SOUZA: Acadêmico de Ciências do Estado na Faculdade de Direito da UFMG.


Matriculado na disciplina optativa TÓPICOS EM ESTUDOS ESTRATÉGICOS (Contra a Ordem globalista:
Introdução à Quarta Teoria Política). Professor Dante Alexandre Ribeiro das Chagas.

Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/qtp6.png > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO
THE FOURTH POLITICAL THEORY: A BRIEF PRESENTATION
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O fim do século XX se esgotou, por ter visto o o fim da batalha entre PTP e
a STP. A PTP definitivamente ganhou e, a partir desse momento,
permanece como a única Teoria Política que representa a Modernidade
como tal, a nível ideológico. O liberalismo triunfou e se tornou o sistema
universal de pensamento (Pensée Unique) na escala mundial. Daí veio a
globalização, e assim por diante. A partir de 1991, com a queda do muro de
Berlim, entramos no contexto do Império Liberal planetário. Não pode haver
mais nem TTP, nem STP. Tudo o que vagamente nos faz lembrar dessas
teorias são simulacros liberais.

PAULO CÉSAR DE SOUZA: Acadêmico de Ciências do Estado na Faculdade de Direito da UFMG.


Matriculado na disciplina optativa TÓPICOS EM ESTUDOS ESTRATÉGICOS (Contra a Ordem globalista:
Introdução à Quarta Teoria Política). Professor Dante Alexandre Ribeiro das Chagas.

Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/qtp7.png > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO
THE FOURTH POLITICAL THEORY: A BRIEF PRESENTATION
http://www.4pt.su/pt-br/content/quarta-teoria-politica-uma-breve-apresentacao

O momento histórico em que vivemos é essencialmente unipolar - não só geopolítica (com EUA e
OTAN como centro global), mas também ideologicamente - com a clara e absoluta dominação do
liberalismo (de todos os tipos - esquerda, direita, extrema esquerda ou extrema direita). Podemos
aceitar tal status quo (como as elites políticas globais e as massas convencidas e controladas
mentalmente por elas) ou desafiá-lo. Mas o problema é que não podemos mais nos opor à PTP
usando ideologias da STP e TTP - ambas são instrumentalizadas pelos liberais. Então, estamos
numa espécie de armadilha. A dominação absoluta do liberalismo (PTP) não nos deixa ter
nenhuma alternativa séria fingindo que não há nada desse tipo e que não possa haver. Assim, nós
somos obrigados a descansar no momento unipolar, ou a rodar pelas curvas dos labirintos dos
simulacros artificiais - entre o liberalismo anarco-comunista de extrema esquerda e o liberalismo
de capital de extrema direita.

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Matriculado na disciplina optativa TÓPICOS EM ESTUDOS ESTRATÉGICOS (Contra a Ordem globalista:
Introdução à Quarta Teoria Política). Professor Dante Alexandre Ribeiro das Chagas.

Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/qtp8.png > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO
THE FOURTH POLITICAL THEORY: A BRIEF PRESENTATION
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Aqui, aparece o horizonte da QTP. Se ainda insistirmos na Alternativa (porque, como humanos, somos
essencialmente livres, assim, podemos aceitar ou rejeitar qualquer coisa) e compreendemos o significado
ideológico da história da Modernidade (recusando-nos a fazer uma união com os campos
pseudo-esquerdistas e pseudo-direitistas), nós precisamos de uma alternativa para além da Segunda Teoria
Política e da Terceira Teoria Política. Disso, logicamente segue-se a necessidade da Quarta Teoria Política
(QTP). Precisamos observar que a Modernidade termina precisamente com a vitória global da PTP
(Liberalismo). Então, o Fim da História descrito por F. Fukuyama é, na realidade, o Fim da Modernidade. E,
então, este é o início da Pós-Modernidade. Mas a Pós-Modernidade é essencialmente liberal, porque
manifesta a si mesma dentro do liberalismo (não fora dele). Assim, é o liberalismo que define as condições da
Pós-Modernidade. Pós-Modernidade não é (como é dado agora) uma alternativa à Modernidade. Ela é a fase
mais elevada, a culminação da modernidade. Então, Pós-Modernidade é algo baseado na vitória completa e
absoluta da PTP. Essa é a razão da pós-modernidade ter a necessidade de ser global (unindo a implosão do
homem aos fragmentos sub-humanos no nível micro e, ao mesmo tempo, insistindo na integração
progressiva nos níveis macro, global e transnacional). A Pós-Modernidade não pode ser meramente local ou
regional. Mas é justamente neste momento de passagem da Modernidade para a Pós-Modernidade (liberal /
pós-liberal), onde os próprios princípios de ordem social, política e geopolítica estão estremecendo, que
temos a oportunidade de propor a Alternativa. Não só uma alternativa ao liberalismo (PTP), mas sim uma
Alternativa à Modernidade em si - porque a PTP é a expressão política essencial da Modernidade política.

PAULO CÉSAR DE SOUZA: Acadêmico de Ciências do Estado na Faculdade de Direito da UFMG.


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Introdução à Quarta Teoria Política). Professor Dante Alexandre Ribeiro das Chagas.

Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/qtp9.png > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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Mas o problema é: onde podemos encontrar o fulcro? A Modernidade e a


Pós-Modernidade - precisamente por meio do Terceiro Totalitarismo (desta vez, liberal) -
já destruíram a humanidade e a substituíram pela assembleia de indivíduos (a doutrina
dos direitos humanos). Recusando-se o sujeito normativo do liberalismo onipresente (o
indivíduo e - no futuro próximo - a espécie pós-humana), ficamos no vazio, porque o
liberalismo não aceita institucionalmente nenhuma forma de ontologia e antropologia
não-individuais.

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Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/qtp10.png > Acesso em: 27 de Maio de 2023. :

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A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO
THE FOURTH POLITICAL THEORY: A BRIEF PRESENTATION
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Então, chegamos à principal estrutura da QTP.

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Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/qtp11.png > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA BREVE APRESENTAÇÃO
THE FOURTH POLITICAL THEORY: A BRIEF PRESENTATION
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Todas essas considerações filosóficas (passos conceituais que tornam explícita a estrutura da
Quarta Teoria Política) podem ser traduzidas na práxis política. É apenas um dentre muitos dos
meios pelos quais é possível projetar para a realidade a ideia principal da QTP,

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Disponível em: < http://www.4pt.su/sites/default/files/qtp12.png > Acesso em: 27 de Maio de 2023.

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