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O pós-modernismo visto por Ernest Gellner

 Ernest Gellner (1925-1995), filósofo e antropólogo social judeu-checo nascido na França e


posteriormente naturalizado britânico.
 Pós-modernismo, razão e religião, 1992, que aborda o fundamentalismo religioso (islã), relativismo
(pós-modernismo), Racionalismo do Iluminismo.
 O Pós-modernismo é um movimento contemporâneo que não é muito claro e cuja influência pode ser
encontrada na Antropologia, Estudos Literários e Filosofia.
 Tudo é um “texto” e o material de quase tudo é significado.
 Qualquer coisa que seja, é feita pelo significado conferido a ela.
 Pós-modernismo e Relativismo X Positivismo.
 José Guilherme Merquior viu nesta confrontação uma repetição da batalha entre o classicismo e o
romantismo.
Etapas históricas a caminho do pós-modernismo
 Para a compreensão sobre o que é o Pós-Modernismo é necessário entender a evolução do marxismo.
 É dividido em três etapas:
 Marxismo teórico (filosofia materialista segundo a qual as forças de produção são determinantes das
estruturas sociais), que se afirmava científico, o que destoa da posição dos intelectuais pós-modernos
que colocam em questão precisamente a possibilidade de se chegar a uma visão única.
 Marxismo na prática (como no exemplo da URSS, estabelecida em 1922 por Lenin e mais tarde por
Stalin que associou a ideologia estatal ao marxismo-leninismo), nessa etapa os marxistas ainda
acreditam numa verdade única, que eles próprios detinham e quem era crítico ou pensava diferente era
tido como herético e falhava em alcançar essa verdade marxista por culpa própria.
 Escola de Frankfurt é uma escola de teoria social e filosofia, associada ao Instituto para Pesquisa
Social da Universidade de Frankfurt, na Alemanha. Com o fim do Estalinismo, as reformas de Nikita
Kruschov (a denúncia dos crimes cometidos por Stalin, no Discurso Secreto, “Sobre o culto à
personalidade e suas consequências”, no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em
1956, onde relatou sobre o Grande Expurgo, os gulags e o Holodomor, além de criticar o culto à
personalidade dos líderes socialistas) e a crescente dúvida no empreendimento comunista surge um
movimento influente que se encontra livre da obrigação de defender o comunismo e a aplicação
prática do marxismo, a Escola de Frankfurt e a sua teoria crítica. Quais as características dessa Escola?
 Tinha muitos traços em comum com os marxistas do partido, mas diferente deles, que acreditavam na
objetividade do marxismo e viam a objetividade científica de seus opositores como fruto dos seus
interesses de classes, não acreditavam em uma verdade única, objetiva.
 O pensamento vive sob significados, significados são específicos da cultura. Um pensador crítico não
buscava descobrir aquilo que era, visto que essa busca visava apenas a ratificação camuflada do status
quo, ele buscava a substância escondida sob a superfície, as profundezas que explicam porque é que o
que era, era, e buscava a profunda iluminação relacionada ao que deveria ser.
 Os pós-modernistas dão um passo a mais, tal como os frankfurtianos repudiam também essa busca
objetiva e positivista pelo que “era”, contudo não substituem esse caminho por outro alternativo
(obscuramente especificado pelos frankfurtianos), e sim pela afirmação de que nenhum tal caminho é
possível, necessário ou desejável. Não é a objetividade superficial que é repudiada, mas a objetividade
como tal.
 Alguns nomes da Escola de Frankfurt: Max Horkheimer, Theodor W.Adorno, Herbert Marcuse, Erich
Fromm, Jürgen Habermas, dentre outros.
Pós-modernismo: definição e crítica
 Jordan Peterson (1962) é um psicólogo clínico, cientista político e professor de psicologia
canadense, graduou-se em Ciência Política em 1982 e em psicologia em 1984 pela Universidade McGill.
Ao se formar, em 1982, tirou um ano de folga para visitar a Europa e ficou atormentado pela corrida
armamentista nuclear , desenvolvendo interesses sobre as origens psicológicas da Guerra Fria e a
capacidade humana de fazer o mal.

 Definição: é a alegação de que uma vez que há um número incontável de maneiras pelas quais o
mundo pode ser interpretado e percebido¹, nenhum método canônico de interpretações pode ser
confiável².

 Alegação secundária: “Uma vez que nenhum método canônico de interpretação pode ser
confiável, todas as variáveis de interpretação são melhor interpretadas como a luta por diferentes formas
de poder.”

 Crítica: Não há nenhuma justificativa para a alegação secundária, exceto que ela permite que o
ressentimento marxista prossiga em um novo disfarce.

 A primeira alegação é verdadeira, mas incompleta. O fato de haver um número indeterminado


de interpretações não significa que existe um número indeterminado de interpretações válidas. O que
significa válido? Algo é válido, “quando a proposição ou interpretação é representada no mundo, o
resultado desejado ocorre dentro do prazo específico”. (Pragmatismo americano de William James e C.S.
Pierce).

 A validade, porém, é limitada pela necessidade de iteração (entre outros fatores). Suas
interpretações têm de mantê-lo, no mínimo, vivo e não sofrendo demais hoje, amanhã, na próxima
semana, no próximo mês e no próximo ano em um contexto definido por você, sua família, sua
comunidade e os sistemas mais amplos dos quais você faz parte. Isso limita as suas percepções,
interpretações e ações. Os jogos têm de ser iteráveis, jogáveis e, quiçá, atraente aos jogadores, como Jean
Piaget fez questão de destacar em seu trabalho sobre o equilíbrio.

 Relação com o Marxismo: Pós-modernismo e marxismo não são proporcionais, visto que o
ceticismo das metanarrativas torna esta aliança logicamente impossível. Contudo, na teoria e na prática
eles se relacionam, por exemplo, Derrida e Foucault eram, praticamente, marxistas reprimidos, apesar de
suas críticas a esse sistema, já que compararam a retórica de “burgueses versus proletários” à política de
identidade que surge nos anos 70. O fundamento de Foucault é que as relações de poder governam a
sociedade, o que é uma reformulação do discurso marxista da originária luta de classes. A preocupação de
Derrida com os marginalizados é uma versão da mesma coisa. Portanto, continuam usando dessa matriz
de pensamento.

 Problema ético: O pós-modernismo deixa seus praticantes sem uma ética. A ação no mundo,
inclusive a percepção é impossível sem uma ética, então é permitido utilizar vias transversas. Esta
permissão produz uma contradição lógica, já que não existia uma ética.

 Logo, o pós-modernismo por sua natureza cética, não pode se aliar ao marxismo. Mas se alia, na
prática. {Existe uma supremacia da retórica marxista pós-moderna na academia, Heterodox Academy}.

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