A ‘nova’ dos Beatles: Como a inteligência artificial
foi usada para o lançamento de ‘Now and then’
OGLOBO
Irineu Marinho (1876-1925) (1904-2003) Roberto Marinho
REFORMA TRIBUTÁRIA
Haddad indica que alíquota pode
ir a 27,5% com novas exceções
Com mudanças no Senado, percentual supera projeções da Fazenda
O ministro da Fazenda, Fernando Had-
dad, afirmou ontem que, caso as exce-
ções sugeridas pelo Senado na Reforma
Tributária sejam mantidas, a alíquota
REPRODUÇÃO DE VÍDEO
EDITORIAL
O LULA DE 2023 TEM MUITO A
APRENDER COM O LULA DE 2003 PÁGINA 2
FLÁVIA OLIVEIRA
Responsabilidade pela meta fiscal
também é do Congresso PÁGINA 3
Tempo de Lula para indicar ao
STF é o dobro de outros mandatos
Juristas avaliam que demora na escolha se de-
ve à importância política da Corte e a dificul-
dades na negociação com Congresso. PÁGINA 4
ENTREVISTA/JIM VAN OS
‘Quanto mais tratamos,
pior os jovens se sentem’
Psiquiatra holandês questiona práti-
cas da psiquiatria moderna e diz que
tratamentos para saúde mental não
funcionam como se imagina. PÁGINA 15
ALZHEIMER
Cientistas descobrem forma
de diagnóstico precoce PÁGINA 16
SEGUNDO CADERNO
ISSN 2178-5139
9 772178 513002
RIO DE JANEIRO, SEXTA-FEIRA, 3 DE NOVEMBRO DE 2023 ANO XCIX - Nº 32.960 • PREÇO DESTE EXEMPLAR NO RJ • R$ 6,00
Cidades liberam
transporte
para estudantes
fazerem o Enem
Pelo menos oito capitais, entre elas São
Paulo, já anunciaram que o transporte por
ônibus para o Enem será gratuito. Exame
padrão do imposto ficará meio ponto ma da faixa pretendida pelo governo acontece nos próximos dois domingos, e
maior em relação ao projeto que saiu da inicialmente, de 25,45% a 27%, e seria MEC é alvo de críticas por falha no sistema
Câmara dos Deputados em julho. O a maior alíquota de Imposto de Valor de inscrição que aumentou distância entre
percentual de 27,5% estaria, ainda, aci- Adicionado do mundo. PÁGINA 9 casa de estudantes e local da prova. PÁGINA 8
LEO MARTINS
ESPORTES
Argentinos e brasileiros brigam no Rio Vasco vence e
Com dezenas de milhares de torcedores do Boca Juniors chegando
renova esperança
ao Rio para a final da Copa Libertadores contra o Fluminense, no sábado, Depois de uma série ruim de jogos,
Copacabana foi cenário de briga entre brasileiros e argentinos. o Vasco superou o Cuiabá, fora de casa,
Imagens que circularam na internet mostraram agressões e correria. por 2 a 0. A equipe, no entanto, ainda
A polícia diz ter detido dois argentinos e um brasileiro. PÁGINA 21 está na zona de rebaixamento. PÁGINA 21
Entreouvindo VERA MAGALHÃES BERNARDO MELLO FRANCO
Lula: Lula quer mostrar que esquerda PSDB continua a minguar
tem plano para segurança PÁGINA 2 sem perspectiva de poder PÁGINA 3
PEDRO DORIA RUTH DE AQUINO
— E aonde chegaremos com essa ideia A IA sem telas vem aí— mas com Um passeio por cemitérios, longe
de déficit zero, Haddad? riscos para a privacidade PÁGINA 3 das guerras dos vivos SEGUNDO CADERNO
MAHMUD HAMS/AFP
Para facilitar caminho ao
Galeão, Linha Vermelha
terá faixa preferencial
Objetivo é organizar o acesso à Ilha do Go-
vernador. Pacote da prefeitura também
prevê linha de ônibus ligando o aeroporto
a novo terminal no Caju, usando pistas do
BRT, recapeamento da via expressa e 128
câmeras de monitoramento. PÁGINA 17
Polícia investiga se alunas
de outras escolas também
foram alvo de falsos nudes
Jovens, que já procuraram a Delegacia de
Violência aumenta, e Biden fala em pausa na guerra Proteção à Criança e ao Adolescente, seri-
O conflito em Gaza se intensificou, e Israel diz ter cercado a capital da região palestina governada pelo am amigas das estudantes do Colégio San-
grupo terrorista Hamas. A violência levou o presidente Biden a pedir ao país aliado uma “pausa”. Os EUA to Agostinho da Barra, onde as primeiras
querem retirar reféns, aumentar a ajuda humanitária e pressionam por mais proteção a civis. PÁGINAS 12 e 13 denúncias surgiram. PÁGINA 18
2 | Sexta-feira 3 .11.2023 | OGLOBO

Opinião do GLOBO Artigos

oglobo.globo.com/opiniao/
cartas@oglobo.com.br

O Lula de 2023 tem VERA

MAGALHÃES
muito a aprender
com o Lula de 2003 blogs.oglobo.globo.com/vera-magalhaes
vera.magalhaes@oglobo.com.br

Duas décadas representaram As ambições do

enorme retrocesso na visão do
presidente sobre a disciplina fiscal
plano de segurança

E O
ra previsível — e foi previs-
to aqui mesmo no GLO-
BO, entre tantos outros lu-
gares — que as metas tra-
çadas pelo governo na
apresentação do novo arcabouço
fiscal se revelariam impraticáveis.
Cumpri-las dependeria daquilo que
infelizmente se tornou anátema
nas rodas políticas de Brasília: cor-
tar gastos. Mesmo assim, elas foram
reiteradas repetidas vezes pelo mi-
nistro da Fazenda, Fernando Had-
dad — em particular o compromis-
so de zerar o déficit em 2024, envia-
do pelo Executivo ao Congresso na
Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Todos confiaram que, depois do
descontrole orçamentário promo-
vido pela PEC da Transição, haveria
ao menos grande esforço para ree-
quilibrar as contas públicas. Inten-
ções contam.
Até que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva torpedeou a meta do
ano que vem no final de um café da
manhã com jornalistas: “Eu sei da
disposição do Haddad, sei da vonta-
de do Haddad, sei da minha disposi-
ção. (…) [Mas] nós dificilmente
chegaremos à meta zero. (…) Se o
Brasil tiver um déficit de 0,5%, o
que é? De 0,25%, o que é? Nada. Ab-
solutamente nada. Vamos tomar a
decisão correta e vamos fazer aquilo
que vai ser melhor para o Brasil”.
Desde então, o governo se engalfi-
nha em torno do novo compromis-
so que apresentará à sociedade.
Metas fiscais estão longe de ser
“absolutamente nada”, como quer
Lula. É por meio delas que o gover-
no informa à sociedade e ao merca-
do como lidará com as finanças do
Estado. Pelos cálculos do Tesouro
Nacional, equilibrar as contas no
ano que vem significaria que a dívi-
da pública voltaria a cair em 2025,
depois de alcançar 76% do PIB (ela
era de 51% em 2013, atingiu o pico
de 87% em 2020 e voltará a subir
neste ano).
Se um país gasta mais do que arre-
cada, sem a perspectiva de equilí-
brio, o governo semeia desconfian-
ça na própria solvência, principal
pilar da estabilidade monetária.
Com menos confiança, o Estado
precisa pagar juros mais altos a
quem lhe empresta dinheiro, ali-
mentando ainda mais a dívida. A al-
ternativa é a incúria fiscal com in-
flação galopante, como ocorre na
Venezuela, na Argentina e, antes do
Plano Real, ocorria no Brasil. Quem
paga o maior preço em ambos os ca-
sos — juros mais altos ou mais infla-
ção —são os mais pobres. Eles é que
mais sofrem com a retração da eco-
nomia trazida pela necessidade do
governo de pagar mais pelos em-
préstimos que contrai. Eles é que
mais sofrem com o descontrole dos
preços por não disporem de meios
de preservar o poder de compra do
pouco que ganham.
plano de segurança que o governo começa a colocar
em execução a partir do anúncio das operações de
Garantia da Lei e da Ordem (GLOs) nos portos e aero-
portos é um primeiro passo do que o presidente Lula es-
pera ter alcançado ao fim de seu mandato: um novo mo-
delo de combate ao crime organizado que de fato signifi-
que uma cooperação federativa efetiva e a superação da
máxima segundo a qual a esquerda não tem projetos pa-
ra essa área. Duas missões bastante complexas de ser
atingidas com pleno êxito, todos estão cientes.
O tamanho da tarefa vem sendo mencionado co-
mo razão suficiente para justificar que Lula diga ao
ministro da Justiça, Flávio Dino, que precisará dele
à frente da empreitada —e, portanto, não deverá in-
dicá-lo ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao me-
nos não neste primeiro momento. Esse foi o primei-
ro efeito colateral colhido junto aos demais inte-
grantes do governo e aos que acompanham a lenta
discussão sobre a sucessão no STF desde que as me-
didas foram elencadas, com Dino e José Múcio à
frente do comitê que coordenará as ações.
Mas como fazer para que o plano de agora seja
mais bem-sucedido que os anteriores, e não apenas
repita a escrita de surtir algum efeito aparente no
momento de seu lançamento para, logo em segui-
da, ser superado por alguma reengenharia do pró-
prio crime organizado ou pelo simples término das
operações emergenciais?
A cooperação com os governos estaduais, sem que
se suplantem as prerrogativas deles, sobretudo no po-
liciamento dos territórios, é a principal diferença
apontada pelos responsáveis pela execução do novo
plano. A conclusão em Brasília e nos estados é que, se
Essa é a realidade. E Lula deveria contas públicas começa em 2006, não houver uma reação coordenada à
conhecê-la perfeitamente. Pelo segundo dados da Instituição Fiscal Lula espera sem-cerimônia com que as narcomilí-
menos a conhecia em 2003, quando Independente (IFI). Descontando desarmar o cias se alastram nacional e internacio-
assumiu seu primeiro mandato. A do superávit convencional as com- discurso de nalmente, tendo o Rio de Janeiro como
confiança depositada pelos agentes ponentes cíclicas (como flutuações falência da exemplo máximo de exibição de força,
econômicos em um novo governo geradas pelo preço de commodities) esquerda na área em pouco tempo as instituições do Bra-
Lula durante a campanha do ano e não recorrentes (como receitas de e o domínio sil serão tomadas pelo crime de forma a
passado derivou em boa parte da ex- leilões ou despesas emergenciais), bolsonarista comprometê-las.
periência e da memória daquele o resultado primário estrutural caiu sobre as polícias Ao que se anunciou como plano para
presidente que, na campanha de de 2,2% do PIB em 2003 para me- enfrentamento logístico às facções, se-
2002, assinou a Carta ao Povo Brasi- nos de 1% em 2007. Entrou no ver- guir-se-á, segundo as autoridades, um conjunto de
leiro afirmando: “Vamos preservar melho em 2010, quando o fim da bo- ações também na área de inteligência, para estrangulá-
o superávit primário quanto for ne- nança econômica deixou de masca- las financeiramente. Essa é e sempre foi a maior lacuna
cessário para impedir que a dívida rar as contas. Embora a situação fis- das versões anteriores de GLOs, intervenções e outras
interna aumente e destrua a confi- cal brasileira não tenha gerado um propostas lançadas com semelhante pompa por gover-
ança na capacidade do governo de cenário catastrófico como noutros nos anteriores, inclusive do próprio PT.
honrar os seus compromissos”. países, desde então jamais voltou ao O Judiciário também tem papel urgente a cumprir,
Simples, cristalino — e sensato. patamar do início do primeiro go- enfrentando a investigação de decisões judiciais que fa-
Não ficou nas palavras. Ao assu- verno Lula. vorecem líderes de organizações criminosas com limi-
mir em 2003, Lula imediatamente Lula passou a nutrir desdém cada nares de transferência de presídios federais para outros
elevou a meta de superávit primário vez maior pela responsabilidade fis- próximos dos territórios que comandam, quando não o
de 3,75% para 4,25% do PIB. No fi- cal. “Por que as pessoas são levadas a relaxamento de prisões temporárias.
nal daquele ano, o resultado foi de sofrer por conta de garantir a tal da Uma das maiores preocupações de Lula, contem-
2,3%, acima dos 2,2% alcançados estabilidade fiscal nesse país? Por plada com o desenho das GLOs voltadas apenas pa-
em 2002 e de toda a série histórica que toda hora falam que é preciso ra portos e aeroportos, era o Exército não ser envol-
até então. No ano seguinte, o gover- cortar gasto, é preciso fazer supe- vido em operações de policiamento de comunida-
no Lula alcançou 2,7%, recorde até rávit, é preciso fazer teto de gasto? des no Rio ou noutros estados. Por duas razões: ele
hoje. A inflação, que vinha subindo Por que o povo pobre não está na não quer que o governo federal assuma atribuições
e chegara a 12,5% em 2002, foi der- planilha da discussão da macroeco- que não são suas pela Constituição, dando aos go-
rubada a 5,7% em 2005, graças a ju- nomia?”, perguntava em novem- vernos locais um “sócio” conveniente para o caso de
ros catapultados a 26,5% no início bro, pouco depois de eleito — antes fracasso no policiamento ostensivo. Também exis-
do governo. Tudo isso com Antonio afirmava que suas práticas econô- te um trauma não superado na relação com a Força
Palocci no Ministério da Fazenda e micas anteriores falavam por ele. terrestre, considerada a mais contaminada politi-
Henrique Meirelles no Banco Cen- Em 2003, Lula jamais cometeria er- camente pelo bolsonarismo, que ainda enfrenta o
tral, sob as bênçãos de Lula. A busca ro tão primário quanto achar que os acerto de contas com eventos como o 8 de Janeiro.
pelo equilíbrio fiscal em nada impe- pobres perdem com a disciplina fis- A se concretizarem os objetivos do plano, com o es-
diu o governo de promover progra- cal. Em 2023, mal finge aceitá-la e treitamento dos laços com os governos estaduais e uma
mas sociais importantes: Bolsa Fa- na primeira oportunidade lança pe- boa sinergia entre militares e Polícia Federal, com co-
mília, Prouni, cotas raciais, Luz pa- los ares a primeira meta que ele mando duplo da Justiça e da Defesa, a gestão Lula espera
ra Todos, só para citar alguns. mesmo se impôs. Depois de duas desarmar não só o discurso de falência da esquerda na
Em algum momento, porém, Lula décadas de retrocesso, o Lula de área, como também o domínio bolsonarista sobre as po-
mudou de ideia sobre a responsabi- 2023 teria muito a aprender com o lícias. Com tantas possibilidades de ganho político, tra-
lidade fiscal. A deterioração nas Lula de 2003. ta-se de uma prioridade máxima de governo.

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OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023 Opinião | 3

_ SEG _ Fernando Gabeira _ Demétrio Magnoli (quinzenal) _ Miguel de Almeida (quinzenal) _ Edu Lyra (quinzenal) _ Irapuã Santana (quinzenal) _ Washington Olivetto (quinzenal)
_ TER_ Merval Pereira _ Carlos Andreazza _ QUA_ Vera Magalhães _ Elio Gaspari _ Bernardo Mello Franco _ Roberto DaMatta (quinzenal) _ QUI_ Merval Pereira _ Malu Gaspar
_ SEX_ Vera Magalhães _ Flávia Oliveira _ Pedro Doria _ Bernardo Mello Franco _ SÁB_ Carlos Alberto Sardenberg _ Eduardo Affonso _ Pablo Ortellado _ DOM_ Merval Pereira _ Dorrit Harazim _ Bernardo Mello Franco

FLÁVIA BERNARDO
OLIVEIRA MELLO FRANCO

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Meta é também O voo cego

do Congresso dos tucanos
O barraco desabou, e o barco (da economia)
se perdeu — aqui um pretexto para cele-
brar Jorge Aragão, agora em remissão do linfo-
N a semana de Finados, os tucanos
deram mais um passo rumo à ex-
tinção. Foram despejados do gabi-
ma diagnosticado há quatro meses — quando nete que pertencia à liderança do
o presidente da República anunciou a impos- partido no Senado.
sibilidade de cumprimento da meta de déficit O PSDB começou o ano com qua-
zero em 2024. Bolsa caiu, dólar subiu, juros fu- tro senadores. Após as deserções
turos avançaram, em reação espantosa, por- de Mara Gabrilli e Alessandro Vi-
que rigorosamente ninguém previa equilíbrio eira, restaram apenas dois. Um a
nas contas públicas no ano que vem. E a meta menos que o necessário para ter di-
nem sequer foi sacramentada em lei, que se- reito à sala própria.
gue por ser aprovada, como lembram as pro- Além de perder o espaço de reuni-
fessoras Mônica de Bolle (Johns Hopkins Uni- ões, a sigla teve que dispensar cerca
versity, EUA) e Élida Graziane (FGV-SP). O de 15 assessores. “O trabalho vai fi-
compromisso com o primário zerado foi sem- car mais desconfortável”, admite o
pre insistência do ministro da Fazenda, Fer- senador Izalci Lucas, um dos últi-
nando Haddad, para emprestar credibilidade mos remanescentes no ninho.
ao governo e pressionar Câmara dos Deputa- Em voo cego, os tucanos parecem
dos e Senado pela aprovação de medidas que condenados à derrocada. Sobrou
tornassem factível o novo regime fiscal. pouco da legenda que governou o
No fim de agosto, quando o governo encami- país por oito anos e disputou o se-
nhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei gundo turno em outras quatro cor-
Orçamentária de 2024, o Brasil soube que a ridas presidenciais.
ministra do Planejamento, Simone Tebet, O símbolo do declínio é São Paulo,
considerava crível um déficit de 0,5% do PIB, antiga cidadela do partido. Entre
com margem de 0,25 ponto percentual para 1994 e 2018, o PSDB venceu sete
mais ou para menos, como estabelece o arca- disputas seguidas pelo governo do
bouço que substituiu o natimorto teto de gas- estado. No ano passado, Rodrigo
tos. Naquela ocasião, havia tanto colegas de Garcia tentou a reeleição e termi-
governo quanto parlamentares defendendo o nou em terceiro lugar.
mesmo, para afastar risco de contingencia- A queda livre começou em 2014,
mento de despesas e investimentos num ano quando Aécio Neves não aceitou a
de eleições municipais. derrota nas urnas e tentou questio-
Foi Haddad quem fez questão de manter a nar a contagem de votos. Impacien-
meta de déficit zero, sob o argumento razoável te, a legenda desistiu de esperar e
de que a flexibilização na origem tiraria incenti- aderiu ao impeachment como um
vo para o Congresso aprovar as medidas econô- cia da execução das metas fiscais já estabeleci- gestão rigorosa e justa das contas públicas. atalho para voltar ao poder.
micas de interesse do governo, quase todas no das para a ancoragem das expectativas de infla- Refiro-me a Arthur Lira, presidente da Câ- A carona durou pouco. A Lava-Ja-
lado das receitas. A sinalização fez sentido do ção e, consequentemente, para a condução da mara dos Deputados, e a Rodrigo Pacheco, to, que só atingia a esquerda, recal-
ponto de vista simbólico, porque na prática o política monetária, o Comitê reforça a impor- número um do Senado. Nas duas Casas re- culou a rota e passou a depenar os
mercado já não cria no alcance da meta. No bo- tância da firme persecução dessas metas”. Ante- pousam projetos que ajudariam no equilí- tucanos. Aécio escapou da cadeia,
letim Focus — a sondagem semanal do Banco ontem, na primeira reunião após as declarações brio das contas. Das duas Casas saíram mas foi alvejado por grampos e
Central a instituições financeiras sobre infla- do presidente da República, a nota foi pratica- bombas fiscais que o inviabilizam. operações da PF.
ção, câmbio, juros, PIB, balança comercial, con- mente idêntica, só com “reafirma” no lugar de Coube ao titular da Fazenda, em entrevista no Depois disso, o partido acelerou
tas públicas —jamais constou projeção de equi- “reforça”. Preocupação mesmo demonstrou início da semana, chamar a atenção para deci- ladeira abaixo. Em 2018, o eleitora-
líbrio primário. com o ambiente externo, pressionado pelos ju- sões do Legislativo e do Judiciário que têm desi- do antipetista migrou para o colo de
Desde o início de junho, as estimativas para ros altos nos Estados Unidos, pelos solavancos dratado a arrecadação, mesmo com a economia Jair Bolsonaro. Geraldo Alckmin foi
2024 oscilaram entre déficit de 0,7% e 0,8%. na economia chinesa, pelas tensões geopolíti- crescendo acima do previsto. Somos de um abandonado e acabou com menos
Nesta semana, o relatório com base nos dados cas com nova guerra, agora no Oriente Médio. tempo em que expansão do PIB era diretamen- de 5% dos votos.
colhidos até sexta-feira, 27, dia em que Lula tra- — Condições da economia internacional te proporcional ao recolhimento de impostos. Em 2022, foi a vez de João Doria
tou da impossibilidade de equilíbrio, a expecta- estão entre as razões para não cumprimen- Haddad informou que só a base de cálculo da levar uma rasteira dos correligioná-
tiva era de -0,78%; é provável que piore, diante to da meta. A realidade que se impõe é in- CSLL e do IRPJ neste ano vem sendo diminuída rios. A legenda desistiu de lançar
do disse me disse. Até o Comitê de Política Mo- compatível com déficit zero —diz De Bolle. em R$ 200 bilhões, porque o Congresso derru- candidato próprio, e sua bancada da
netária do BC, nos dois últimos comunicados Se demonstrou coerência quanto à per- bou o veto do então presidente Michel Temer a Câmara encolheu para 13 deputa-
após cortes de meio ponto na taxa básica de ju- cepção sedimentada, não é de hoje, do mer- um abatimento previsto na Lei Complementar dos. Alckmin farejou o naufrágio,
ros, chamou a atenção para a importância de cado sobre a meta fiscal, o Copom perdeu a 160/2017. Uma fabricante de cigarros, conti- saltou do barco e se elegeu vice-pre-
perseguir o déficit zero, não de cumpri-lo. oportunidade de fustigar agentes públicos nuou, terá direito a crédito tributário de quase sidente em aliança com o PT.
Em setembro, ao fim da reunião que reduziu que têm responsabilidade sobre a política R$ 5 bilhões, porque o STF retirou o ICMS da Sem perspectiva de poder, o PSDB
a Selic para 12,75% ao ano —a taxa passou um fiscal, mas fingem que não. Ao avisar da im- base de cálculo do PIS/Cofins. Mesmo no pro- continua a minguar. Em São Paulo, a
ano em estratosféricos 13,75%, mesmo com a possibilidade de cumprir a meta de déficit jeto de taxação de fundos dos super-ricos a sigla começou o ano com 238 prefei-
inflação caindo a menos da metade no período zero, Lula estava, em certa medida, denun- alíquota foi reduzida de 22,5% para 15% na pas- tos. Hoje tem apenas 43. A revoada
—, o Copom fez referência ao equilíbrio das ciando a ação dos que insistem em dividir o sagem pela Câmara. A credibilidade do Legisla- parece indicar um novo fiasco nas
contas públicas: “Tendo em conta a importân- bônus, mas se recusam a partilhar o ônus da tivo também está em xeque. eleições municipais.

PEDRO ple, na época falimentar, foi ao departa-

mento de design ver quem poderia ajudá-
ChatGPT individual. Não precisa nem
buscar mais — o robô dentro do computa-
o AI Pin da empresa pendurado na lapela
de um paletó estiloso pela Paris Fashion
DORIA lo a pôr no mercado um produto radical-
mente diferente. O cara que ele encon-
dor gerencia sua agenda, faz uma ata das
suas reuniões, sabe de seus e-mails, tudo
Week. Esse broche será bem mais caro que
o pendente.
trou foi Ive. O designer inglês bolou o baseado no Rewind. Basta perguntar. O O AI Pin será capaz de projetar numa pa-
iMac azul translúcido, depois o primeiro passo seguinte é um pendente. Um cilin- rede, ou mesmo na mão, imagens. Vem com
iPod, então o iPhone — e o iPad. Até que drozinho de pendurar. Ele grava tudo o que câmera, gravação de voz. O objetivo é rigo-
blogs.oglobo.globo.com/opiniao deixou a Apple para criar um escritório você ouve e fala no mundo real. O Rewind rosamente o mesmo. Tornar-se um assis-
coluna@pedrodoria.com.br
independente de design. Pendant já está em pré-venda. Um assis- tente pessoal inteligente, capaz de resolver
A entrada no jogo de alguém responsável tente seu, que registra as burocracias do dia a dia, uma memória
O fim das telas? por reinventar nossa vida digital por meio
do projeto de produtos pode, de fato, criar
um ambiente em que passemos a conviver
É possível que
a inteligência
artificial nos
sua vida e depois res-
ponde às suas pergun-
tas. Por apenas US$ 59.
constante para que não nos esqueçamos das
coisas. Para que não precisemos lembrar. E
tudo sem qualquer tela.
com inteligência artificial sem precisar re- leve a interagir Será invasivo demais? Ainda não há uma etiqueta para esses apa-

N o final de setembro foi anunciado que o

designer Jony Ive está conversando com
a OpenAI, empresa que criou o ChatGPT,
correr a telas. Ive, porém, chegará tarde a
esse circo. Há duas empresas empenhadas
em fazer a mesma coisa.
com o mundo
digital sem a
necessidade
Ou nos adaptaremos?
A Humane é a outra
empresa, fundada por
relhos. É sempre possível que, assim como
ocorreu lá atrás com o Google Glass, as pes-
soas passem a considerá-los invasivos. E
para criar “o iPhone da inteligência artifici- A que está mais na frente é a Rewind. Seu delas dois ex-colegas de Ive. que a gente olhe torto para quem os usa. É
al”. O investimento na ideia já começa com produto inicial, um aplicativo para Macs Imran Chaudhri tam- claro que pode ser. Como pode acontecer de
US$ 1 bilhão do Softbank. Há um conceito que chegará nas próximas semanas ao bém foi designer da Apple e fez parte das a utilidade ficar tão patente que ninguém
por trás. É a aposta no fim das telas. Ou, ao Windows, grava tudo que você faz no com- equipes que criaram Macs, iPods, o iPho- queira abrir mão.
menos, na possibilidade de que a inteligên- putador. Conversas pelo Zoom, trocas de ne — tudo. Sua sócia é também sua mu- Ou, bem, que a gente ao menos combine
cia artificial nos leve a interagir com o mun- zap, buscas na web. Se daqui a três dias vo- lher — Bethany Bongiorno, igualmente o jogo. Para aqueles momentos um boca-
do digital sem a necessidade de telas. cê precisar lembrar para quem prometeu ex-Apple. E, como Ive no projeto secreto dinho mais particulares. Pois, agora, é ho-
Se a notícia não causa interesse, vale um café, a resposta está a uma busca de dis- ou a turma da Rewind, trabalham ambos ra de desligar o gravador, tudo bem? Nós,
pôr o contexto na mesa. Ive não é qual- tância. Agora, a Rewind firmou uma par- usando o GPT. No início de outubro, a ex- jornalistas, estamos habituados a situa-
quer um. Logo que Steve Jobs voltou à Ap- ceria com a OpenAI para criar um top model Naomi Campbell circulou com ções assim.
 4 |
Política
TAMANHA INDECISÃO
Demora de Lula na indicação para o STF já é,
em média, o dobro de seus mandatos anteriores
MARLEN COUTO, SÉRGIO
ROXO E JENIFFER GULARTE
politica@oglobo.com.br
RIO E BRASÍLIA
-
A lém do recorde na demo-
ra para indicar o novo
procurador-geral da Repú-
blica, o presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva já leva, em
média, o dobro do tempo
para definir quem vai ocu-
par a vaga aberta no Supre-
mo Tribunal Federal (STF)
que o observado em seus
mandatos anteriores. Des-
de que a ministra Rosa We-
ber se aposentou da Corte,
passaram-se 34 dias sem o
anúncio do futuro ministro,
o que torna o atual processo
de escolha para o tribunal o
terceiro mais longo nos go-
vernos do petista até o mo-
mento. Juristas ouvidos pelo
GLOBO consideram que a
prática ainda não traz prejuí-
zos ao funcionamento da
Corte — o que pode aconte- Em aberto. Desde que a ministra Rosa Weber se aposentou do STF, passaram-se 34 dias sem que Lula anuncie o novo magistrado a ser indicado para a Corte
cer caso se prolongue —,
mas avaliam que a indefini-
ção sinaliza o crescente peso RITMO DAS ESCOLHAS
do STF na política do país e
dificuldades de negociação
com o Congresso.
O anúncio mais demorado INDICAÇÕES
até o momento foi o de Cristia- PARA O
no Zanin, em junho, com uma STF
janela de 51 dias entre a apo-
sentadoria de Ricardo Lewan-
dowski e sua indicação. Nos
dois primeiros mandatos, pe-
ríodo em que Lula fez ao todo
oito indicações, só a delibera-
ção que sacramentou Cármen
Lúcia, em 2006, foi mais longa
que a atual. Seu nome foi con-
firmado oficialmente 42 dias
após a aposentadoria de Nel-
son Jobim. Para os demais mi-
nistros, o anúncio do indicado
para o tribunal ocorreu, em
média, 15 dias após a saída do
seu antecessor.
DÚVIDAS
Interlocutores do petista avali-
am que a demora nas escolhas
para o tribunal e para a Procu-
radoria-Geral da República
(PGR) se dá pelo fato de o pre-
sidente ainda ter dúvidas entre
os ministros da Justiça, Flávio
Dino, e da Advocacia-Geral da
União, Jorge Messias. O pri-
meiro, que não agrada ao PT,
tem um histórico político
mais denso e poderia exercer
um protagonismo maior den-
tro da Corte. Messias é mais
discreto e conciliador, além de
ser apoiado por quase todas as
lideranças petistas.
A legislação não estabelece
um prazo para que o titular do
Palácio do Planalto faça as in-
dicações para os dois cargos,
que precisarão também do
aval do Senado. Na semana
passada, Lula afirmou que vai
fazer a escolha ainda neste ano
e negou que não tenha “pres-
sa” para definir os nomes.
Professor da FGV Direito
Rio, Álvaro Palma de Jorge
ressalta que circunstâncias
políticas costumam influen-
ciar nas escolhas para o STF.
Os presidentes precisam
combinar um perfil que con-
siderem adequado para a Cor-
te e que cumpra os requisitos
constitucionais com sua acei-
tação entre os senadores, que
PRESIDENTE
Lula3
Bolsonaro
Temer
Dilma2
Dilma1
Lula2
Lula1
FH2
FH1
GOVERNO
INDICAÇÕES
PARA A
PGR
Elizeta Ramos
é a interina por
mais tempo à
frente da PGR
Fonte: Acervo O GLOBO e sites do STF e PGR / * Assumiram a vaga após morte do antecessor
** Já circulava meses antes a informação de que era o escolhido para o posto, após o ministro Francisco Rezek deixar o STF para ocupar vaga no Tribunal de Haia
são, em geral, previamente
consultados. Recentemente,
os parlamentares rejeitaram,
por exemplo, a indicação do
governo para a chefia da De-
fensoria Pública da União.
— O que tem acontecido é
que o Senado percebeu que
pode pressionar mais o pre-
sidente da República do que
fez antes. Em mandatos an-
teriores, Lula não precisou
refletir tanto sobre a esco-
lha, porque era mais forte
politicamente do que agora
— analisa o pesquisador. —
Se o presidente estivesse em
um país menos dividido e
com os níveis de aprovação
dos primeiros mandatos,
talvez demorasse menos.
Entre os ex-presidentes da
República desde Fernando
Henrique Cardoso, só Dilma
Rousseff demorou mais que
Lula para anunciar seus indi-
cados ao STF. Em média, fo-
ram quase cinco meses. A pe-
tista levou, por exemplo, oito
INDICADO
Escolha pendente
Cristiano Zanin
André Mendonça 0
Nunes Marques 12 (DIAS ANTES)
Alexandre de Moraes*
Luiz Edson Fachin
Luís Roberto Barroso
Teori Zavascki
Rosa Weber
Luiz Fux
Dias Toffoli*
Menezes Direito
Cármen Lúcia
Ricardo Lewandowski
Eros Grau
Ayres Britto
Cezar Peluso
Joaquim Barbosa
Gilmar Mendes
Ellen Gracie
Nelson Jobim**
INDICADO
Lula Escolha pendente
Bolsonaro Augusto Aras
Temer Raquel Dodge
Dilma Rodrigo Janot
Lula Cláudio Lemos Fonteles
Antonio Fernando de Souza
Roberto Gurgel
FH Geraldo Brindeiro
Sarney Aristides Junqueira
meses para anunciar Luiz
Edson Fachin, em 2015.
Professor de Direito Consti-
tucional da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro
(Uerj), Daniel Sarmento lem-
bra que, além da importância
do Supremo em casos cen-
trais para o país, a Corte é foro
para ações penais que miram
a classe política. Na sua avali-
ação, isso desvirtua, em parte,
a lógica de escolha de seus
magistrados, mais centrada
na proximidade com o campo
ideológico do chefe do Exe-
cutivo. O advogado vê ain-
da um fator pessoal na
indecisão de Lula:
—Nos dois primeiros
mandatos, Lula se fiou
mais em interlocutores
na escolha dos ministros e
talvez não tenha ficado sa-
tisfeito com o fato de que
os escolhidos tiveram
atuação dura nos casos
do mensalão e da Ope-
ração Lava-Jato. Pelo
CARLOS MOURA/STF
Sexta-feira 3 .11.2023 | OGLOBO
CPI DOS ATAQUES GOLPISTAS PARA
ACESSAR
PGR pede acesso a documentos sigilosos APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Subprocurador quer saber informações bancárias de investigados pelo colegiado O QR CODE
BRENNO CARVALHO
semana passada, já perderam
os cargos Ana Moser, ex-mi-
nistra do Esporte, e Daniela
Carneiro, que estava à frente
do Turismo. Todas as movi-
mentações ocorreram para
atender aos interesses do Cen-
trão, e os substitutos foram ho-
mens. Pesquisa Genial/Qua-
est divulgada na última sema-
na apontou queda de quatro
pontos na avaliação positiva
do governo Lula. Em dois me-
ses, o índice de eleitores que
aprova a gestão passou de 42%
para 38%. Os números acen-
deram alerta entre petistas.
Na semana passada, pela
primeira vez, o presidente ad-
mitiu a possibilidade de indi-
car uma mulher à Corte, ao ser
questionado em um café com
jornalistas no Planalto sobre o
tema. Antes, Lula vinha afir-
mando que gênero não seria
um critério para sua escolha.
— Pode ser mulher, pode
ser homem, pode ser negro,
pode ser negra —disse Lula.
Os nomes apresentados pe-
los deputados do PT para o
MÉDIA DE DIAS EM CADA
TEMPO (DIAS) MANDATO DE LULA
STF são o da advogada crimi-
nal Dora Cavalcanti; a minis-
34
51
43 tra do Superior Tribunal de
Justiça Regina Helena Costa;
a desembargadora Simone
18 Schreiber, do Tribunal Regio-
257 nal Federal da 2ª Região; a de-
187 fensora pública Mônica de
10 Melo; a advogada criminalis-
94
ta Flavia Rahal; a procuradora
187
16
federal Manuellita Hermes, a
11 14 advogada Lucineia Rosa dos
42 Santos e a promotora de Justi-
18 ça do Pará Ana Claudia Pinto.
4
16 Neste grupo, Dora, Regina,
4 Simone e Manuellita são as
10
mais bem posicionadas entre
17
1
aliados do presidente.
3
30 INTERINA BATE RECORDE
No caso da PGR, Elizeta Ra-
TEMPO (DIAS) mos já é a interina há mais
38 tempo à frente do Ministério
12 (DIAS ANTES) Público Federal (MPF) des-
81 (DIAS ANTES) de a redemocratização. São
2 38 dias desde a saída de Au-
23 (DIAS ANTES) gusto Aras, sem que o presi-
14 (DIAS ANTES)
dente tenha indicado um no-
1
15 (DIAS ANTES)
me para o posto. Lula, afir-
34 mam seus interlocutores,
não simpatizou com ne-
EDITORIA DE ARTE nhum dos postulantes com
quem já conversou, entre
trauma que passou com a pri- representação feminina no eles o subprocurador-geral
são na Lava-Jato, a escolha ga- alto escalão tem impactado Antônio Carlos Bigonha, que
nhou contornos diferentes negativamente a popularida- tem apoio de boa parte do PT.
para ele e para o PT. de do chefe do Executivo. Os Em seus mandatos anterio-
Diante da demora na indi- parlamentares, então, leva- res, Lula indicou Cláudio
cação para o Supremo, depu- ram ao gabinete presidencial Fonteles e Antonio Fernando
tados do PT viram na saída da uma lista de oito mulheres de Souza para o comando da
terceira mulher de um cargo que poderiam ser indicadas à PGR antes mesmo de seus an-
relevante no governo uma Corte. O movimento não sig- tecessores deixarem o cargo.
brecha para aumentar a pres- nifica, porém, um abandono Já Roberto Gurgel foi anunci-
são sobre Lula para a nomea- de Jorge Messias, que segue o ado um dia depois. Todos fo-
ção de uma ministra na vaga favorito da legenda. ram os mais votados na lista
deixada por Rosa Weber. Este Além de Rita Serrano, demi- tríplice da Associação Nacio-
grupo avalia que a queda da tida da presidência da Caixa na nal dos Procuradores da Re-
pública, critério que o presi-
dente já sinalizou que não vai
Recorde. Zanin Vice. O intervalo mais adotar. No caso do MPF,
foi a indicação para o anúncio de a interinidade gera preocupa-
mais demorada Cármen Lúcia foi ção pelo risco de prejudicar a
feita por Lula o segundo maior independência do ocupante
da cadeira, já que não há pro-
teção de um mandato e Elize-
ta Ramos pode ser demitida
pelo presidente a qual-
quer momento. O titular
da PGR é o único que po-
de apresentar, por exem-
plo, denúncia contra o ti-
tular do Planalto.
DANIEL MARENCO/10-08-2018
OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023
Comissões da Câmara
viram trincheira
de bolsonaristas
Colegiados de Segurança Pública e de Fiscalização Financeira
têm aprovado propostas que fogem de suas atribuições
FERNANDA ALVES
fernanda.lima@oglobo.com.br
-
N o comando das mesas dire-
toras, deputados bolsona-
ristas têm desvirtuado as dis-
cussões das comissões de Se-
gurança Pública e Combate ao
Crime Organizado (CSPC-
CO) e de Fiscalização Finan-
ceira e Controle (CFFC) da
Câmara. Os trabalhos desses
dois colegiados, nos quais opo-
sitores do governo Lula são
maioria, têm sido marcados
pela aprovação de proposições
que fogem de seu escopo.
Comissão que mais tempo
deliberou este ano, com 276
horas de trabalho, a de Segu-
rança Pública aprovou, por
exemplo, moção de repúdio
contra a vereadora Perla
Muller (PT), de Ribeirão Pre-
to (SP), por falar em entrevis-
ta “que a mãe do ex-presiden-
te Jair Bolsonaro deveria ter
morrido 66 anos antes”.
O colegiado também apro-
vou requerimentos questio-
nando gastos no cartão corpo-
rativo do presidente Lula e o
aluguel de carros durante via-
gem oficial à África.
O grupo hoje tem sua mesa
Efraim
Filho
Senador
diretora composta só por
apoiadores de Bolsonaro, sen-
do o presidente o deputado
Sanderson (PL-RS). Dos 76
deputados que compõem a
CSPCCO, entre titulares e su-
plentes, 33 são bolsonaristas.
REQUERIMENTOS
Entre os requerimentos apre-
sentados está o da deputada
Silvia Waiãpi (PL-AP), que pe-
diu uma visita “in loco” da co-
missão à plantação de Trema
micrantha Blume — espécie
que também teria o canabidiol
(CBD), substância terapêuti-
ca extraída da planta da maco-
nha —na UFRJ.
—A visita foi pertinente por
conta do efeito devastador que
a legalização da maconha po-
deria causar na área da segu-
rança pública. Na universida-
de obtivemos mais informa-
ções sobre o uso medicinal do
canabidiol extraído da planta
Trema micrantha Blume, que
não contém psicoativos, como
o THC, contido na maconha.
—justificou a deputada.
A Comissão de Fiscalização
Financeira e Controle, por
sua vez, tem aprovado uma
série de convocações e convi-
ASSISTA O DEBATE NA ÍNTEGRA
Acesse o QR code e veja a discussão que
reuniu nomes de destaque para analisar a
questão e sugerir possíveis caminhos.
Eduardo
Gomes
Senador
Realização
tes a ministros. Depois do
comparecimento do titular
da pasta de Justiça, Flávio Di-
no, no último dia 25, os depu-
tados esperam agora a presen-
ça de outros 15 nomes da Es-
planada. Na audiência na
CFFC, Dino fez questão de
ponderar que não gostaria de
tratar de assuntos fora do es-
copo da comissão.
—Quero que tenhamos um
bom debate, em que seja res-
peitado o decoro parlamentar
e possam ser respondidas to-
das as questões. Como segui-
dor do princípio da legalidade,
me manterei fiel ao convite e
prestarei informações ineren-
tes às minhas atribuições e só
tratarei dos temas que dizem
respeito a esta comissão. Espe-
ro que os parlamentares en-
tendam os limites deste cole-
giado —afirmou ao colegiado,
presidido pela deputada bolso-
narista Bia Kicis (PL-DF).
O pedido, no entanto, foi ig-
norado já no início da audiên-
cia, quando Dino foi questio-
nado sobre ter faltado à Co-
missão de Segurança, na últi-
ma terça-feira:
—Eu não responderei a as-
suntos relacionados à Comis-
Wagner Ferreira
Diretor Institucional e
Jurídico da Abradee
Patrocínio
Política | 5
CÂMARA DOS DEPUTADOS/DIVULGAÇÃO
Questionamentos. A deputada Bia Kicis ao lado do ministro da Justiça, Flávio Dino: perguntas fora do escopo da CFFC
ra, para falar sobre o não reco-
Fora do > Segurança Pública e > Fiscalização Finan- nhecimento do Hamas como
escopo Combate ao Crime: ceira e Controle: Apro- grupo terrorista por parte do
Aprovou moção de repú- vou requerimentos para governo brasileiro e a guerra
dio contra a vereadora audiência pública sobre da Ucrânia.
Perla Muller (PT) por falar “ataques às escolas e a O deputado Guilherme
que a mãe de Bolsonaro tentativa da esquerda Boulos (PSOL-SP), que inte-
deveria ter morrido 66 em culpar a direita”, gra a CFFC como suplente,
anos antes, além de re- além de convites ao criticou a condução dos traba-
querimentos sobre gastos ministro das Relações lhos pelos bolsonaristas que
no cartão corporativo do Exteriores, Mauro Vieira, dividem com ele o colegiado:
presidente Lula e o aluguel para falar sobre o não —É lamentável que os bol-
de carros em viagem à reconhecimento do sonaristas se apropriem das
África. Pediu visita a vivei- Hamas como grupo comissões para fazer politica-
ro de planta que teria terrorista pelo governo e gem rasteira. As comissões são
canabidiol na UFRJ. a guerra da Ucrânia. um espaço privilegiado para
um debate franco e aprofun-
dado sobre temas que afetam
são de Segurança Pública. Fal- grupo, que tem como atribui- todos os brasileiros. Fazer isso,
tei por motivos já justificados. ção o acompanhamento e fis- porém, exige trabalho sério e
A ausência é um direito. Fo- calização contábil, financeira, comprometido, o que não in-
ram as polícias Militar e Fede- orçamentária, operacional e teressa aos bolsonaristas, que
ral que recomendaram que eu patrimonial da União, já apro- estão mais preocupados em la-
não fosse à Comissão de Segu- vou requerimentos para a rea- crar nas redes sociais e disse-
rança e me liberaram para es- lização de audiência pública minar fake news.
tar aqui, na Comissão de Fisca- para debater “ataques às esco- Procurados, os presiden-
lização e Controle. las e a tentativa da esquerda tes de CSPCCO e CFFC,
Ao todo, dos 44 membros ti- em culpar a direita”, e convites Sanderson e Bia Kicis, res-
tulares e suplentes na CFFC, para a ida do ministro de Rela- pectivamente, não quise-
apenas 13 são governistas. O ções Exteriores, Mauro Viei- rem se manifestar.
OS IMPACTOS DA
REFORMA TRIBUTÁRIA NA
CONTA DE LUZ
O setor elétrico é complexo e dispõe de
particularidades fiscais na geração, transmissão,
distribuição e comercialização de energia e, portanto,
necessita ser analisado de forma qualificada no
debate sobre a Reforma Tributária. O consumidor,
que paga esta conta, também precisa ser ouvido.
Rosimeire Costa MEDIAÇÃO
Presidente do Conselho Milton Jung
Nacional de Consumidores Jornalista e âncora
de Energia (Conacen) do Jornal da CBN
Transmissão e Divulgação
6 | Política
Planalto tenta trégua, mas Lira e Renan se armam
Presidente da Câmara e emedebista já se preparam para medir forças na disputa eleitoral de 2024 por prefeituras
em Alagoas; Lula atua por pacificação entre os dois de olho em relação mais tranquila do governo com o Congresso
BERNARDO MELLO
bernardo.mello@infoglobo.com.br
-
Eguarmbora o governo Lula es-
teja atuando para apazi-
a rivalidade entre os
dois, o presidente da Câma-
ra, Arthur Lira (PP), e o se-
nador Renan Calheiros
(MDB) já preparam uma
série de embates pela con-
quista de prefeituras no ano
que vem em Alagoas. Inter-
locutores de ambos os lados
avaliam que o clima, após a
intervenção do Palácio do
Planalto, melhorou, mas
que a tendência é de recru-
descimento à medida que
as eleições se aproximem.
Lira e Renan vislumbram
concorrer ao Senado em
2026, e aliados consideram
que a base de prefeitos será
fator-chave na empreitada.
Na última segunda-feira,
em evento de lançamento
do novo Programa de Ace-
leração do Crescimento
(PAC) em Alagoas, Lira fez
questão de dividir palan-
que com o governador Pau-
lo Dantas e com o ministro
dos Transportes, Renan Fi-
lho, ambos do MDB. E disse
que tem se colocado à dis-
posição para trabalhar com
os adversários desde o fim
da eleição. No ano passado,
enquanto o presidente da
Câmara fez campanha para
o ex-presidente Jair Bolso-
naro, o senador estimulou o
Aproximação. Lira fez acenos aos adversários em evento do PAC em Alagoas
apoio do MDB a Lula já no
primeiro turno.
—Eu era muito pergunta-
do: “Você vai ao evento (do
PAC)?”. O (ex-)governador
Renan Filho deve ter ouvi-
do isso também. Ninguém
sai sem um pedaço arra-
nhado daqui. O recado é
claro: eu olho para frente,
adiante — discursou Lira.
O presidente da Câmara
acenou com a trégua a Re-
nan após a nomeação do ali-
ZECA RIBEIRO/CÂMARA DOS DEPUTADOS/13-09-2023
ado André Fufuca (PP-MA)
como ministro do Esporte,
há dois meses, o que mar-
cou a entrada de seu bloco,
o Centrão, no governo Lula.
A presença de Lira no lan-
çamento do PAC, segundo
aliados, foi pedida pelo pró-
prio presidente Lula, que
vê o apaziguamento com
Renan como importante
para navegar em águas mais
tranquilas no Congresso.
Duas ausências no palan-
Apoio. Renan prepara candidaturas a prefeito para reforçar base para 2026
que, porém, expuseram as
ressalvas do grupo dos Ca-
lheiros com a aproximação:
a do próprio Renan e a do
presidente da Assembleia
Legislativa de Alagoas,
Marcelo Victor (MDB).
Victor foi alvo de opera-
ção da Polícia Federal (PF)
às vésperas da eleição de
2022, por suspeita de com-
pra de votos —o que ele ne-
ga —, e afirmou à época ter
identificado as digitais de
Lira no caso. Ao GLOBO, o
deputado minimizou sua
ausência no evento do PAC
e disse que tinha outra
agenda marcada anterior-
mente, mas que o cenário
local está “sem estresse”.
DISCURSO MODULADO
Outros correligionários de
Renan Calheiros modula-
ram o discurso para evitar
ataques ao presidente da
Câmara. Um parlamentar
do MDB, questionado pela
reportagem sobre a relação
com Lira, pediu alguns se-
gundos para refletir: “Dei-
xa eu ver o que posso achar
do Arthur agora”.
Dois integrantes do parti-
do de Lira, por sua vez, afir-
mam que a trégua do presi-
dente da Câmara com Re-
nan faz parte de um esforço
de governabilidade junto
ao Palácio do Planalto. E re-
conhecem a possibilidade,
embora remota, de um ali-
nhamento informal entre
PP e MDB em 2026, quan-
do duas cadeiras ao Senado
estarão em jogo.
A preparação de Lira e Re-
nan para a próxima disputa
MOVIMENTAÇÕES DE CADA UM
Arthur Lira
O presidente da Câmara deve
lançar ao menos quatro paren-
tes para disputar prefeituras: o
pai, Biu de Lira, candidato à
reeleição em Barra de São Mi-
guel; os primos César Lira, cota-
do em Maragogi, Pauline, em
Campo Alegre, e Joãozinho
Pereira, em Junqueiro. Superin-
tendente estadual da Codevasf,
Joãozinho tem usado obras
custeadas com emendas de Lira
para se projetar contra o prefeito
Leandro Silva (MDB). Lira tam-
bém trabalha para se aproximar
de aliados de Renan Calheiros, o
que pode embaralhar o xadrez
eleitoral em Alagoas.
Sexta-feira 3 .11.2023
EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO
nas urnas, porém, já vem
ganhando ares de guerra
antecipada em 2024. Alia-
dos do presidente da Câma-
ra consideram que a eleição
de Renan Filho ao Senado,
no ano passado, foi influen-
ciada decisivamente pelo
apoio da maioria dos pre-
feitos alagoanos ao MDB, e
por isso buscam expandir
sua capilaridade.
Disputa de Arthur Lira
e Renan Calheiros por
prefeituras mira as
eleições ao Senado
Arthur Lira deve lançar
ao menos quatro parentes
para disputar prefeituras: o
pai, Biu de Lira, candidato à
reeleição em Barra de São
Miguel; o primo paterno
César Lira, cotado em Ma-
ragogi; e os primos mater-
nos Pauline e Joãozinho Pe-
reira, que devem concorrer
em Campo Alegre e Jun-
queiro, respectivamente.
Em Junqueiro, berço po-
lítico da família Lira, João-
zinho, que é o superinten-
dente estadual da Code-
vasf, tem usado obras cus-
teadas com emendas do
presidente da Câmara para
se projetar contra o prefei-
to Leandro Silva (MDB).
Renan, por sua vez, deve
apoiar um sobrinho, Remi
Filho, para suceder outro
sobrinho, Olavo Neto, na
disputa pela prefeitura de
Murici, cidade natal dos
Renan Calheiros
O senador deve apoiar Remi
Filho para suceder Olavo Neto,
ambos seus sobrinhos, na dis-
puta pela prefeitura de Murici,
cidade natal dos Calheiros.
Renan também filiou ao MDB o
vice-prefeito de Barra de São
Miguel, Floriano Melo, que
avalia concorrer contra o pai de
Arthur Lira. No municípios de
Rio Largo, terceira maior cidade
do estado, ele pretende lançar
um aliado, Rafael Tenório, pre-
sidente do clube de futebol
CSA, para concorrer à prefeitu-
ra pelo MDB. O senador tam-
bém tem fustigado aliados de
Lira nas principais cidades.
| OGLOBO
Calheiros. Desde o início
do ano, o ex-deputado Davi
Davino Filho (PP), aliado
de Lira, articula uma candi-
datura de oposição no mu-
nicípio. Ele busca filiar ao
PP um ex-aliado rompido
com os Calheiros, Eduardo
Oliveira, para disputar a
prefeitura. Em reação, Re-
nan filiou ao MDB o vice-
prefeito de Barra de São
Miguel, Floriano Melo, que
avalia concorrer contra o
pai de Lira.
O senador também tem
fustigado aliados de Lira
nas principais cidades de
Alagoas. Em Maceió, Re-
nan entrou com represen-
tação no Ministério Públi-
co para que investigue a
compra de um hospital pri-
vado pelo prefeito João
Henrique Caldas (PL), por
R$ 266 milhões. O emede-
bista levantou suspeita de
desvio de recursos na ope-
ração, feita sem licitação.
Aliados enxergam esta dis-
puta como a que tem maior
potencial de azedar a
trégua entre Renan e Lira,
que indicou nomes para o
secretariado de Caldas.
—Quanto mais distante o
processo eleitoral, mais as
feridas vão cicatrizando.
Mas a eleição em Maceió
será o embate mais impor-
tante de 2024 —afirma o
deputado federal Rafael
Brito (MDB), cotado para
disputar a prefeitura da ca-
pital alagoana.
Em Rio Largo, terceira
maior cidade do estado, Re-
nan também tem explora-
do investigações contra o
prefeito Gilberto Gonçal-
ves (PP), aliado de Lira, que
chegou a ser preso em ope-
ração da PF por desvio de
recursos em 2022. O sena-
dor pretende lançar um ali-
ado, Rafael Tenório, presi-
dente do clube de futebol
CSA, para concorrer à pre-
feitura pelo MDB.
Lira, por sua vez, trabalha
para se aproximar de alia-
dos de Renan, o que pode
embaralhar o xadrez eleito-
ral em Alagoas. Em Penedo,
no sul do estado, o ex-secre-
tário estadual de Educação
Marcius Beltrão (PSB)
rompeu com o atual prefei-
to, do MDB, e deve se lançar
com apoio velado do gover-
no e de Lira, contra a vonta-
de de Renan.
Já em Arapiraca, segunda
cidade mais populosa, o
prefeito Luciano Barbosa
segue no MDB, mas filiou o
filho, o deputado federal
Daniel Barbosa, ao PP.
Palácio do Planalto
O presidente Lula tem atuado
para apaziguar a rivalidade entre
Lira e Renan. Para interlocutores
de ambos os lados, o clima entre
o deputado e o senador até me-
lhorou após a intervenção do
Palácio do Planalto. A trégua faz
parte de um esforço de governa-
bilidade por parte do presidente.
Interlocutores já reconhecem a
possibilidade, embora ainda
remota, de um alinhamento
informal entre PP e MDB em
2026, quando duas cadeiras ao
Senado estarão em jogo. Tanto
aliados de Lira quanto de Renan
têm atendido aos pedidos do
Planalto para evitar ataques.
OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023 Política | 7

Apoio de siglas
ZECA RIBEIRO/CÂMARA DOS DEPUTADOS/31-10-2023
contra o arcabouço fiscal,
três contra a taxação dos su-
per-ricos, dois contra a re-

de oposição ao
forma tributária e quatro
contra a MP que reestrutu-
rou os ministérios.
Em outra toada, o partido

governo federal
tem em seu quadro de 14 par-
lamentares oposicionistas
ferrenhos como Geovania de
Sá (SC) e Lucas Redecker

supera 70%
(RS). Além de sempre votar
contra o governo, Redecker
assina pedidos de impeach-
ment movidos pela oposição
contra o presidente.
Em temas como taxação de super-ricos, No Podemos e no Patriota,
o contexto é o mesmo. Entre
Podemos, PSDB, Cidadania e Patriota os oposicionistas, há nomes
como Magda Mofatto (Patri-
foram mais fiéis do que partidos da base ota-GO) e Maurício Marcon
(Podemos-RS), que fazem
parte da bancada ruralista.
LUÍSA MARZULLO
luisa.castro@oglobo.com.br
dente e pertencem, em sua Do Patriota, Dr. Frederico
maior parte, às regiões Nor- (MG) é o único que votou
-
te e Nordeste, nas quais a es- em todas as oportunidades

A utointitulados partidos
de oposição, Podemos,
PSDB, Cidadania e Patriota
têm demonstrado fidelida-
de ao Palácio do Planalto em
votações recentes na Câma-
ra dos Deputados. Em maté-
rias caras ao governo Lula,
como a taxação dos super-ri-
cos, aprovada na semana
passada, e o arcabouço fis-
cal, o apoio dessas siglas foi
superior a 70%, maior que
de legendas da base como o
PSOL e União Brasil.
Nessa ala que, pelo menos
no discurso, se diz contra o
petista, apenas o Partido
Novo, com três deputados,
tem se posicionado comple-
tamente avesso às propostas
da gestão Lula. Já no PL de
Jair Bolsonaro há um grupo
governista de ao menos 30
parlamentares cristalizado.
Eles já integravam a sigla an-
tes da chegada do ex-presi-
querda tem um melhor de- Votações. Plenário da Câmara: quatro partidos autointitulados de oposição têm se alinhado ao governo Lula
sempenho eleitoral.
Este fato, contudo, não econômica tem sido horrível.
contra o governo, já que Mo-
fatto esteve ausente em al-
gumas sessões.
impediu punições por parte MÉDIA DE ALINHAMENTO Do outro lado há nomes Para Paulo Baía, sociólogo
da direção da sigla. Em maio Análise das votações do arcabouço fiscal, taxação dos super-ricos, como Amom Mandel e cientista político da Uni-
deste ano, Yury do Paredão reforma tributária e MP dos Ministérios (AM). O jovem de 22 anos versidade Federal do Rio de
(CE) foi expulso por ter “fei- critica publicamente Lula e Janeiro (UFRJ), o aceno de
to o L”, gesto em alusão a Lu- 78% já o chamou de “serpente integrantes da oposição ao
la, ao lado de ministros do que encanta mas na verdade governo federal, muitas ve-
governo. A medida mais se- 75% mente”. Nas votações, no zes, tem o objetivo de facili-
vera ficou restrita ao cea- entanto, tem apoiado suas tar o acesso a cargos estra-
rense, mas, após a votação 66%
propostas. tégicos e a liberação de
da Medida Provisória que No PSDB, há casos simila- emendas parlamentares.
reestruturou os ministé- res. Candidato à Presidên- — Esses parlamentares
60%
rios, outros oito deputados cia nas eleições de 2014, são porta-vozes de prefei-
foram suspensos das comis- EDITORIA DE ARTE quando disputou o segundo tos, de vereadores, de depu-
sões temáticas que integra- turno contra Dilma Rous- tados estaduais e, portanto,
vam na Câmara por terem se Cidadania, dos quatro depu- te na área econômica. Ape- seff (PT), Aécio Neves é um a sua participação no gover-
posicionado a favor. tados no exercício do manda- sar de quase sempre votar dos que tem dado aval a pro- no, mesmo que eles tenham
to, apenas Any Ortiz (RS) tem contra o governo, ela diz não postas prioritárias para o um discurso oposicionista,
PERFIS DISTINTOS adotado postura mais incisiva se considerar de oposição: governo. O tucano votou a é vantajosa para eles e para o
Nos demais quatro partidos, contra a gestão petista. — Sou independente: as favor da taxação dos super- governo, porque acabam
há dois perfis de parlamenta- Ao GLOBO, a deputada pautas que foram positivas ricos e da reforma tributá- votando em pautas do Exe-
res: os que integram o núcleo afirma que as bandeiras que para o país e forem boas, vou ria, e se ausentou na análise cutivo. O resultado disso é
duro do bolsonarismo e aque- defende são “completamen- apoiar e as que forem ruins, do arcabouço fiscal. que a política fica na “mes-
les que estão dispostos a dialo- te diferentes” das propaga- vou votar contra. Sou muito Dos 14 deputados federais mice”, sem grandes con-
gar com o governo federal. No das por Lula, principalmen- responsável, mas a agenda do PSDB, apenas um votou frontos — disse ele.

Tecnologia Edward Pimenta

Jornalista e Diretor do G.Lab

e inovação
no mercado Jaime Soares

de seguros Diretor executivo

da Porto Seguro

O mercado de seguros tem ganhado

cada vez mais espaço entre os
consumidores brasileiros. Saiba como a
Deloitte vem atuando com a vertical de
Rodrigo Tabarez
seguros da Porto para uma transformação Sócio da Consultoria
de ponta a ponta da maior seguradora Empresarial da Deloitte
brasileira. O diretor executivo da Porto
Seguro, Jaime Soares, e os sócios da
Deloitte, Rodrigo Tabarez e Sergio Biagini,
compartilham conosco detalhes e
insights dessa jornada.

Sergio Biagini
Sócio-líder da indústria de

6/11, às 10h30 Serviços Financeiros da Deloitte

 8 | Sexta-feira 3 .11.2023 | OGLOBO

SAQUE NA CRACOLÂNDIA DE SP PARA

Brasil
ACESSAR

‘Santa Ifigênia está na UTI’ APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Frase é de dona de loja sobre ataque de dependentes que deu prejuízo de R$ 80 mil O QR CODE

ENEM COM CATRACA LIVRE

Cidades liberam transporte público de
graça para candidatos que farão exame
EDILSON DANTAS
BRUNO ALFANO E PÂMELA DIAS
brasil@oglobo.com.br
-

H á dez anos o país parou

por R$ 0,20. Em junho
de 2013, uma série de passea-
tas contra o aumento na tari-
fa de ônibus defendia o que
naquele momento parecia
um sonho: o passe livre — o
movimento, depois, se tor-
nou um compilado de insa-
tisfações diversas e inconcili-
áveis. Passada uma década, a
liberação das catracas come-
ça a se consolidar como po-
lítica pública, pelo menos em
datas importantes. O que já
aconteceu em todo o país du-
rante a eleição agora se repe-
tirá em diferentes municí-
pios para a realização do Exa-
me Nacional do Ensino Mé-
dio (Enem) de 2023, uma
edição já marcada pela recla-
mação de longas distâncias.
As provas acontecem nos
dois próximos domingos.
—A mobilidade é um direi-
to da população para ter aces-
so ao trabalho, lazer e à educa-
ção e, por isso, a política de ta-
rifa zero é extremamente im-
portante. Hoje temos um pa-
norama social marcado por
uma população desemprega-
da e que tem um gasto muito
alto com transporte, fazendo
com que longos trajetos preci-
sem ser feitos a pé ou com
transporte alternativo ilegal.
Isso deixa à margem especial-
“Vou realizar mente pessoas pobres — ex-
duas provas, e plica Marcus Quintella, dire-
a primeira é tor da FGV Transportes.
chegar na hora
da prova”
_ FALHA DO MEC PREOCUPA
A cidade de São Paulo, por
Ynasiara exemplo, liberou as catracas
Silva, que dos ônibus, e o governo do
gastaria R$ 52 estado anunciou ontem que
de transporte tomou a mesma medida pa-
para o Enem ra trens, metrô e ônibus me-
tropolitanos. A cidade de
“O gasto muito São Paulo, ao lado do Rio e
alto com de Brasília, concentra mais
transporte queixas de longas distân-
deixa à cias, de acordo com o MEC.
margem Ynasiara Vitória Santos da
pessoas pobres Silva, de 19 anos, precisaria
que precisam gastar R$ 52, contando os
fazer longos dois dias, para ir e voltar da
trajetos a pé” prova do Enem. Ela utilizará
_ pelo menos duas conduções
Marcus para ir de Jardim Grimaldi
Quintella, até São Miguel Paulista, dis-
diretor da FGV tantes cerca de 20 quilôme-
Transportes tros. No caso dela, dentro do
Direito de ir e vir. São Paulo liberou as catracas no domingo do Enem e pelo menos outras nove capitais do país adotaram formas de facilitar acesso de estudantes à prova
limite de 30Km do edital do
Inep, mas ainda assim longe
o suficiente para causar pre-
ocupação na jovem:
— Tenho medo de não
conseguir chegar a tempo.
Na minha mente, vou reali-
zar duas provas, e a primeira
é chegar na hora — diz Yna-
siara. — O transporte tem
que ser gratuito, pois há
muita gente de renda baixa
fazendo a prova, o que torna
as coisas mais difíceis. Pare-
ce que o sistema está agindo
contra nós, os pobres. Mui-
tas pessoas não vão conse-
guir chegar por questão de
transporte. Sinceramente,
é humilhante.
Levantamento do GLOBO
mostra que pelo menos dez
capitais liberaram as catracas
para os alunos do Enem.
Além de São Paulo, também
vão disponibilizar passe livre
Aracaju (SE), Campo Grande
(MS), Maceió (AL), São Luís
(MA), Porto Velho (RO), Be-
lém (PA), Florianópolis (SC)
e Maceió (AL) e Vitória (ES).
Em algumas, basta mostrar o
cartão de confirmação da pro-
va para conseguir o benefício
e, em outras, é preciso outros
requisitos, como ter o cartão
de transporte local ou ser es-
tudante da rede pública.
Em Palmas (TO), o trans-
porte já é gratuito no fim de se-
mana. No Pará, o governo do
estado determinou a liberação
da catraca para todos os muni-
cípios. Muitas cidades médias
também aderiram à ideia. En-
tre elas, estão Rondonópolis
(MT), Maringá (PR) Laguna
(SC), Sobral (CE), Toledo
(PR) e Volta Redonda (RJ).
Neste ano, muitos estudan-
tes foram alocados pelo Inep
REPRODUÇÃO
para fazer provas muito longe
de suas casas. Depois de muita
reclamação, o órgão informou
que 50 mil candidatos —o que
representa 1% d total —fariam
provas em locais para além do
limite de 30Km previsto no
edital do concurso. A falha foi
atribuída ao Cebraspe, empre-
sa contratada para realizar o
Enem. Os candidatos fora do
perímetro oficial do exame
poderão, segundo o Inep, fazer
a prova durante a reaplicação,
em 12 e 13 de dezembro. São
datas do Enem para candida-
tos que têm imprevistos como
queda de luz no dia da prova ou
contraíram doença infecto-
contagiosa.
REALIDADE EM 84 CIDADES
Mesmo com os problemas es-
pecíficos do Enem de 2023, a
ideia de transporte gratuito
Teste duplo. A tem ganhado peso no país ao
estudante longo dos últimos anos. No
Ynasiara Vitória, fim de outubro, o Supremo
de 19 anos, que Tribunal Federal (STF) reco-
gastaria R$ 52 nheceu que estados e municí-
para percorrer pios devem garantir catracas
20km, lamenta abertas durante as eleições de
2024. Por unanimidade, o co-
descaso com
mais pobres: “é legiado pediu ao Congresso a
humilhante” aprovação de uma norma para
regulamentar o direito. Du-
rante as eleições do ano passa-
do, o STF também determi-
nou que o transporte público
fosse mantido nos dois turnos.
Ao todo, 84 cidades brasilei-
ras já adotaram algum sistema
que garante tarifa zero ou par-
cial aos moradores. Segundo
dados da Associação Nacional
das Empresas de Transportes
Urbanos (NTU), até junho
deste ano, 74 municípios havi-
am implementado a gratuida-
de durante todos os dias da se-
mana. São cidades pequenas e
médias, com populações que
variam de 3 mil a mais de 300
mil habitantes.
Apesar do caráter de in-
clusão social da tarifa zero,
Quintella destaca que a difi-
culdade de tornar este siste-
ma mais abrangente é o fato
de municípios e estados não
destinarem verba suficiente
para sustentar a oferta de
transportes em maior quan-
tidade e qualidade.
—Grande parte das tarifas
zero é ofertada apenas em
eventos especiais porque as
prefeituras não dão uma sus-
tentação financeira regular
para que as empresas ofere-
çam o serviço. Essa política
pública é importante, mas
requer uma equação mate-
mática que atenda às deman-
das da população e das con-
cessionárias —explica.

Novo refinanciamento do Fies da dívida caso o pagamento

seja feito à vista. A dívida tam-
bém pode ser paga em até 150
gamento seja feito à vista.
No caso de estudantes com
débitos vencidos em até 360
com mais consenso entre pes-
quisadores é a de que o paga-
mento seja condicionado ao

perdoa multas e juros em 100% parcelas, com 100% de des-

conto nos juros, mas sem ter o
abate no valor principal.
dias que não estejam no Ca-
dÚnico nem tenham recebido
Auxílio Brasil em 2021, haverá
sucesso profissional pós-for-
matura, num modelo em que
quem consegue renda alta pa-
Ministro afirma que estuda reformulação do programa para torná-lo ‘social’ —Se você está devendo ao descontos de até 77% do valor ga mais rápido e, quem não
Fies, não se desespere. A partir total da dívida, caso ela seja consegue um limite mínimo
de agora você pode procurar a quitada integralmente. deixa de ser cobrado, até se alo-
Caixa e o MEC e cuidar de sal- A renegociação das dívi- car no mercado de trabalho.
BERNARDO LIMA
bernardo.lima@bsb.oglobo.com.br
Inácio Lula da Silva. No Fies, o te com o Fies deve R$ 54 bi- dar a sua dívida com muito das é apenas um item no Para isso, é preciso mudar a lei.
BRASÍLIA estudante tem o curso superi- lhões somados. O refinancia- desconto — afirmou o presi- projeto de lei que visa a reto- —Estamos discutindo co-
-
or financiado pelo governo fe- mento pode ser feito com dente Lula, durante o anúncio. mada de obras públicas nas mo fazer a mudança do novo

O novo refinanciamento do
Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies) prevê des-
conto de até 100% em juros e
multas. O projeto de lei que
definiu as regras para o alívio
da dívida de 1,2 milhão de es-
tudantes foi sancionado ante-
ontem pelo presidente Luiz
deral numa universidade pri-
vada e só começa a pagar pelo
curso depois de formado.
A sanção, sem vetos, acon-
teceu em cerimônia fechada
no Palácio do Planalto. Se-
gundo o governo, esse con-
tingente de 1,2 milhão de
pessoas que está inadimplen-
contratos firmados até o fim
de 2017 que tenham débitos
vencidos e não pagos até 30
de junho de 2023.
Estudantes que tenham
débitos atrasados em até 90
dias terão desconto que pode
chegar a 100% nos juros, além
de até 12% no valor principal
Estudantes inscritos em
programas do CadÚnico
(Cadastro Único) do gover-
no federal ou que tenham
recebido Auxílio Emergen-
cial até 2021 terão descon-
tos de até 99% em débitos
vencidos e não pagos há
mais de 360 dias, caso o pa-
áreas de educação e saúde. A
medida foi incluída no texto
a pedido do governo federal,
durante a tramitação da
proposta no Congresso.
Especialistas em financia-
mento estudantil recomen-
dam que o fundo passe por
mudanças. Uma das propostas
Fies, mais social. Transforma-
ram num programa econômi-
co. Mas ele precisa ser um
programa social, dar oportu-
nidade aos jovens de terem
acesso à universidade — afir-
mou o ministro da Educação,
Camilo Santana, também no
momento do anúncio.
 OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023 | 9

APPLE PARA

Economia
ACESSAR

Vendas caem pelo 4º trimestre seguido APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Resultado aponta que empresa enfrenta desafio maior que o previsto na China O QR CODE

DIOGO ZACARIAS / ME/30-10-2023

ra compensar os estados, ti-

vesse mais do que os R$ 60
bilhões previstos em seu re-
latório — o valor desse me-
canismo era de R$ 40 bi-
lhões no texto da Câmara.
Ao GLOBO, Braga disse
na semana passada acredi-
tar em novas mudanças du-
rante a tramitação na Co-
missão de Constituição e
Justiça no Senado e disse
que o FDR deveria ter R$
100 bilhões. Nas palavras do
relator, o governo já teria to-
pado “o primeiro beijo”, em
uma sinalização de novas
concessões adiante. Ele afir-
ma já ter acolhido mais de
250 emendas à proposta.
Ontem, porém, Braga
afirmou que o valor do FDR
deve ser mantido em R$ 60
bilhões, conforme acorda-
do com a pasta:
—O valor do fundo se man-
tém em R$ 60 bilhões. A re-
forma está dentro do prazo,
acredito em aprovação em
primeiro e segundo turnos.
Ele lembrou ainda que o
relatório prevê uma “trava”
“Nada é perfeito”. Fernando Haddad defende que quanto menos exceções, melhor para o país e diz que governo precisa de 49 votos no Senado para aprovar texto, mas tentará ampliar margem para a cobrança de impostos
sobre consumo, que será a
IMPACTO média de 2012 a 2021:
— Garantimos uma trava

EXCEÇÕES NA
constitucional. Haverá revi-
são de tributos a cada cinco
anos. Teremos pequenos ajus-
tes, alguns redacionais, para
termos mais segurança jurídi-

REFORMA TRIBUTÁRIA
ca. Está tudo dentro do prazo.
Para o economista-chefe e
sócio da Warren Rena, Felipe
Salto, a alíquota padrão tende

Mudanças no Senado elevam alíquota

aficar bem maior do que o esti-
mado até agora.
—Já tinha um cenário pessi-
mista, que está se confirman-
do a cada alteração no texto,

em 0,5 ponto percentual, diz Haddad

em que a alíquota deve ficar
acima de 33% —afirmou.
Melina Rocha, consultora
especializada em IVAs, diz que
metade dos países que usam
esse modelo tributário teve
que adotar alíquotas reduzidas
ponto. Essa estimativa de-
ELIANE OLIVEIRA E VINICIUS NEDER to feito pelo escritório Bicha- — Quanto menos exce- em alguns casos.
economia@oglobo.com.br
BRASÍLIA E RIO
mos à equipe técnica do Se- ra Advogados, com base em ções, melhor para o país. Mas —Muitos modelos interna-
nado. Estamos dando trans- dados de países-membros da a carga cairá para a maioria cionais de IVA têm regimes di-
-
parência em tudo — afirmou Organização para Coopera- “Em relação à versão que dos setores. Queremos pro- ferenciados e alíquotas reduzi-

O ministro da Fazenda, Fer- Haddad, após o encontro.

nando Haddad, afirmou
ontem que as novas exceções MAIOR ALÍQUOTA DO MUNDO
ção e Desenvolvimento Eco-
nômico (OCDE), mostra que
a maior alíquota é a da Hun-
saiu da Câmara, aumenta mulgar a emenda constituci-
onal ainda neste ano.
em cerca de meio ponto (a O ministro disse que o go-
das. Acredito que o IVA que vai
ser implementado no Brasil
não foge muito destes mode-
no texto da Reforma Tributá- No texto apresentado na gria, com percentual de 27%. alíquota padrão). Não verno precisa de 49 votos para los — disse. — Se o aumento
ria, incluídas pelo relator do semana passada, Braga fez Economistas temem que a chega a 28%. Como aprovação no Senado, mas tra- for de meio ponto percentual,
projeto no Senado, Eduardo uma série de mudanças, proposta seja alvo de novas al- ampliaram as exceções, balhará para garantir uma fol- os novos regimes diferencia-
Braga (MDB-AM), elevam a que incluem alíquota me- terações durante a tramitação. ga, com até 60 votos na Casa. dos e alíquotas reduzidas não
alíquota padrão em meio nor para profissionais libe- Como o texto já foi aprovado amplia em meio ponto. —Vamos concluir uma ta- terão impacto tão grande.
ponto percentual. Haddad e rais, como médicos e advo- na Câmara e modificado no Essa estimativa demos à refa histórica, depois de 40 Segundo Melina, mesmo o
Braga se reuniram em Brasí- gados, e um novo critério Senado, terá que passar por equipe técnica do Senado. anos. Ela é perfeita? Nada é Canadá, considerado referên-
lia. Com base na proposta de tributação para a cesta nova votação dos deputados. Estamos dando perfeito. Mas à luz do que te- cia, adotou taxa zero para ali-
original, a estimativa da área básica, no qual parte dos Os números ainda são mos, o salto de qualidade é mentos essenciais. Na Índia, a
transparência em tudo”
técnica da Fazenda em agos- alimentos terá alíquota ze-
to era que o percentual usado rada e outra contará com
vistos como avanço pela
equipe econômica. A refor-
_ inestimável. Vamos figurar
entre os bons sistemas tribu-
aprovação só foi viabilizada
pelas exceções.
para calcular o valor do im- alíquota reduzida, entre ma prevê a unificação dos Fernando Haddad, tários do mundo, obviamen- Eduardo Fleury, advogado,
posto ficasse entre 25,45% e outras mudanças no texto impostos, simplificando o ministro da Fazenda te que temos uma transição, economista e consultor do
27%. Mas, com as novas con- voltadas a setores específi- sistema atual. Nesse novo mas haverá efeitos sobre as Banco Mundial, avalia que o
cessões, a alíquota pode che- cos (leia mais abaixo). sistema tributário, cinco federais (PIS, Cofins e IPI), expectativas de curto prazo. maior impacto se dará com
gar a 27,5%. Com as mudanças, a Fa- tributos sobre o consumo e em Imposto sobre Bens e exceções para saneamento e
—Em relação à versão que zenda agora prevê alíquota serão substituídos por um Serviços, com tributos de FUNDO DE R$ 60 BILHÕES concessão de rodovias:
saiu da Câmara, aumenta em entre 25,95% e 27,5%. Imposto sobre Valor Agre- prefeitura e estado (ISS e Na semana passada, logo —O caso dos profissionais
cerca de meio ponto (a Caso o prognóstico da Fa- gado (IVA). Mas ele é “du- ICMS). após apresentar seu relató- liberais tem pouco impacto
alíquota padrão). Não chega zenda se confirme, o país po- al”, pois se divide em Con- Haddad lembrou que a po- rio, Braga defendeu que o na arrecadação. Saneamen-
a 28%. Como ampliaram as de ter a maior alíquota de IVA tribuição sobre Bens e Ser- sição da Fazenda é conhecida Fundo de Desenvolvimento to e concessão de rodovias
exceções, amplia em meio do mundo. Um levantamen- viços, que reúne impostos quanto às concessões: Regional (FDR), criado pa- são a conta maior.

CONTEXTO número de bens considera-
dos essenciais, da cesta bási-
Alterações vão de ca, que terão IVA menor.
saneamento a imposto menor Além disso, estão previstos
regimes diferenciados para
para médico e advogado serviços de saneamento e de
concessão de rodovias; tele-
comunicações; agências de
viagem e turismo; e trans-
nores das exceções.
Economistas têm ressal-
tado que o ideal seria ter o
mínimo de exceções, pois
quanto mais taxas diferen-
ciadas, maior terá que ser a
alíquota padrão — que será
cobrada na maioria dos
bens e serviços. Isso porque
liberais, o relatório de Bra-
ga propõe um alíquota re-
duzida em 30% do IVA pa-
drão. Se a padrão for 25%,
por exemplo, esses serviços
pagarão 17,5%.
Boa parte desses profissio-
nais tem CNPJ, ou seja, rece-
be como uma empresa. Os
zida serão definidas em lei
complementar.
No caso dos bens essenci-
ais, o relatório do senador
prevê dois tipos de cesta bási-
ca para fins de tributação:
uma com produtos de pri-
meira necessidade, com IVA
zero, e outra um pouco mais

O relatório do senador Edu-

ardo Braga (MDB-AM)
sobre a proposta de emenda à
Constituição (PEC) da Refor-
ma Tributária sugere altera-
ções em 15 temas, com desta-
que para a ampliação de exce-
ções. São os produtos e servi-
ços que terão tratamento
diferenciado no novo sistema
de tributos, principalmente
por meio de alíquotas meno-
res (ou isenção total) do futu-
ro Imposto sobre Valor Agre-
gado (IVA).
O relatório de Braga in-
cluiu nas exceções os servi-
ços prestados por profissio-
nais liberais, como médicos
e advogados. E ampliou o
porte coletivo de passageiros
rodoviários intermunicipal e
interestadual, ferroviário,
hidroviário e aéreo.
O futuro IVA terá duas
parcelas, o IBS, para estados
e municípios, e a CBS fede-
ral. Somadas, terão uma taxa
“padrão”, que servirá de refe-
rência para as alíquotas me-
o pressuposto é manter a
arrecadação nos mesmos
níveis de hoje. Para com-
pensar a arrecadação que
deixará de ser feita sobre os
bens e serviços incluídos
nas exceções, será preciso
aumentar a cobrança sobre
todos os demais.
No caso dos profissionais
impostos pagos por eles não
costumam superar 10% do
faturamento das empresas
—para aqueles cujas empre-
sas estão no Simples nada
mudará, já que o regime
tributário diferenciado para
pequenas empresas será
mantido. As profissões libe-
rais que terão alíquota redu-
ampla, com IVA reduzido.
No setor automotivo, o
texto prevê prorrogar, até 31
de dezembro de 2032, para
empresas já habilitadas,
benefícios fiscais para proje-
tos aprovados até 31 de de-
zembro de 2024. Estes, con-
tudo, serão reduzidos gradu-
almente, em 20% ao ano.
10 | Economia Sexta-feira 3 .11.2023 | OGLOBO

SEG _ Rachel Maia (quinzenal) _Ricardo Henriques (quinzenal)_ TER _ Míriam Leitão _ QUA _ Zeina Latif _ QUI _ Míriam Leitão _ SEX _ Fabio Giambiagi (quinzenal)_Rogério Furquim Werneck (quinzenal) _ SÁB _ Carlos Góes (mensal) _ Alvaro Gribel (quinzenal) _ DOM _ Míriam Leitão

FABIO ginar um choque nos preços que gere

uma deflação de (3-2x3)= menos 3%; e
seria de bom tom deixar bem claro que “3
é igual a 3”.
vez que não faz sentido a instituição se
empenhar ao máximo em perseguir uma
GIAMBIAGI iii) as taxas vão e voltam: no Brasil e nos
outros países, a inflação pode ser muito
Nesse caso, se for preciso restabelecer
a credibilidade do regime, eventual-
meta que, alguns meses depois do ano
ter começado, poderia se revelar inviá-
alta num ano, mas quando o Banco Cen- mente afetada pelas circunstâncias de vel na prática. Para evitar que a medida
tral trabalha bem, depois ela volta ao ní- 2025/2026, haveria duas possibilida- seja encarada como uma forma da insti-
vel normal. des. Elas se inseririam na sequência de tuição ser isenta da responsabilidade de
oglobo.com.br/economia
Nesse contexto, o que significa que “o avanços que o país fez nos últimos 25 escrever uma carta ao Ministro da Fa-
economia@oglobo.com.br intervalo de tolerância para a inflação é anos e na qual se destacam três pontos: i) zenda em caso de violar o intervalo de to-
de 1,5% a 4,5%” numa decisão do Copom a concessão em lei de autonomia opera- lerância, pode-se mudar a prática para
Uma reflexão em agosto se a inflação em 12 meses for
de 7%? A banda influencia a decisão, O importante
cional ao Banco Cen-
tral em 2021; ii) a defi-
que todos os meses de janeiro o Banco
Central escreva uma carta pública com a

para 2027
nesse caso? Não. Isso quer dizer que o in- seria aumentar nição da meta de 3%, sua visão acerca do processo inflacioná-
tervalo é, de certo modo, irrelevante na o compromisso adotada no mesmo ano rio, analisando o que aconteceu no ano
segunda metade de cada ano. Para que com o para 2024; e iii) a ado- anterior e apresentando sua visão acerca
ele serve, então? Para muito pouco. cumprimento ção, em 2023, da “meta do ano que se inicia e do ano posterior.

Ttratar
rago aqui uma reflexão para o longo
prazo, justamente pela vantagem de
do tema numa situação em que es-
A proposta que se segue é para ser adotada
em 2027 pelo governo eleito em 2026. Se
for o bis do atual, haverá tempo para ter
efetivo da meta contínua” a partir de
de inflação,
mantida certa
2025.
A primeira possibili-
A segunda possibilidade seria, em
2027, definir que a partir de 2030 o in-
tervalo da banda de tolerância seria re-
tamos longe da decisão. Quando o infla- amadurecido a questão. E se for outro go- flexibilidade dade é que se evolua duzido para o intervalo de 2% a 4%. Em
tion target surgiu no Brasil, o assunto era verno, poderá ser uma forma de aprimorar nesse processo e, sem qualquer dos dois casos, o sentido seria
novo e havia pouca reflexão. Hoje já te- o regime. Para 2024/2026, como diria Ar- necessidade de nova lei, se defina que, a aumentar o comprometimento com o
mos mais de 30 anos de experiência com naldo, a regra é clara. partir de 2029, depois de uma fase de cumprimento efetivo da meta, mantida
o regime mundo afora e quase 25 anos A questão-chave é: o que acontecerá transição em 2027/2028, haveria a mes- certa flexibilidade. Se, no triênio 2024/
aqui. E aprendemos três coisas impor- se, a caminho de 2026, na segunda meta- ma meta atual de 3%, mas que depois de 2026, a inflação estiver muito perto de
tantes: i) a política monetária tem defa- de do governo, tivermos um novo “mo- 2028 deixaria de existir o conceito de 3%, talvez não haveria o que mudar em
sagens longas: uma decisão do Copom só mento Dilma” e o Bacen entender que “banda de tolerância” da inflação. Ou se- 2027. Porém, se tivermos uma situação
terá efeito na inflação meses depois; ii) “cumprir a meta” é “estimular o cresci- ja, o Banco Central, a cada decisão do na qual na prática o Bacen se satisfaz
choques são assimétricos: para uma me- mento, tendo uma inflação de até 4,5%” Copom, olharia à frente para “mirar” a com uma inflação da ordem de 4%, vale a
ta de 3%, um choque adverso pode jogar e a inflação, na prática, ficar entre 4% e meta “à vera” e, nesse sentido, a inflação pena pensar na proposta. Aguardemos
ela para (3+2x3)=9%, mas é difícil ima- 5%? Em tal situação, penso que em 2027 a cada ano será o que tiver que ser, uma os próximos anos para avaliar.

Executivos deixam
VICTOR MORIYAMA/BLOOMBERG

grandes bancos para

administrar fortunas
Trinta empresas de gestão de patrimônio foram abertas no 1º
semestre, muitas por ex-profissionais de instituições tradicionais

Da Bloomberg News mentou Fernando Vallada, di- uma taxa de desempenho de

-
retor da Anbima. — É uma 20%, os gestores de patrimô-

À medida que o lançamento

de novos fundos de hedge
no Brasil diminui, após um
evolução natural do mercado.
O Brasil tem R$ 460,4 bi-
lhões (US$ 91 bilhões) em
nio geralmente recebem de
0,30% a 0,70%. A baixa ren-
tabilidade é uma das razões
aumento acentuado nas ta- riquezas administradas por pelas quais bancos globais,
xas de juros, o mercado regis- 141 empresas independen- incluindo JPMorgan, BNP
tra uma migração para a ges- tes, segundo a Anbima. Elas Paribas e Crédit Agricole, Prédios da Faria Lima. No centro financeiro de São Paulo ficam algumas das novas empresas de gestão de patrimônio
tão de patrimônio. Um nú- competem com bancos que venderam seus negócios de
mero crescente de executi- cuidam de quase R$ 2 tri- private banking no Brasil. 2020 e agora eles adminis- toria de investimentos e mente experientes —disse Ar-
vos vem abandonando os lhões através dos seus negó- — Não tivemos muitos tram cerca de R$ 40 bilhões. tem R$ 6 bilhões sob sua naldo Curvello, sócio da Galá-
bancos para criar empresas cios de private banking. eventos de liquidez recente- Antonio Costa, ex-country gestão, negocia uma aquisi- pagos, responsável pelo negó-
que atendam famílias ricas, mente — disse Vallada. — head da Azimut Holding ção para expandir para ser- cio de gestão de patrimônio.
assim como muitos consul- LIQUIDEZ MENOR Eles são importantes para que Spa, ingressou na B.Side In- viços offshore. A expectativa Muitas empresas patri-
tores de investimento inde- Embora haja mais mediado- gestores de patrimônio e con- vestimentos em 2022. A é de mais fusões e aquisições moniais começam a traba-
pendentes estão se juntando res do que nunca, a quantida- sultores financeiros indepen- empresa com sede em São no mercado, uma vez que a lhar com clientes com for-
para ganhar escala. de de nova riqueza não tem dentes ganhem volume. Paulo foi fundada em 2019 concorrência mais forte e a tunas de R$ 3 milhões a R$
Trinta empresas de gestão crescido tão rapidamente. A turbulência no Credit por Rafael Christiansen, falta de ofertas públicas 10 milhões, enquanto ou-
de fortunas (wealth manage- Nenhuma empresa brasileira Suisse nos últimos anos con- que anteriormente supervi- comprimem as taxas. tras exigem de R$ 20 mi-
ment) foram abertas no pri- abriu capital em 2022 ou tribuiu para a saída de ban- sionou o private banking do Mesmo as empresas de ges- lhões a 100 milhões.
meiro semestre deste ano, 2023, já que os acionistas con- queiros experientes com cli- Banco Safra. Ambos são ve- tão de fortunas mais antigas, Serviços como planeja-
muitas delas fundadas por troladores evitam vender entes de longa data. A Sten teranos do Credit Suisse. como a Taler Gestão de Patri- mento tributário e sucessó-
ex-executivos do Credit Suis- ações a preços deprimidos. Gestão Patrimonial foi funda- mônio, fundada em 2005, es- rio são cruciais para atrair
se, de acordo com a Associa- Algumas famílias tiveram de da em agosto por Sávio Barros MAIS FUSÕES À FRENTE tão se fundindo com compa- clientes de alto patrimônio,
ção Brasileira das Entidades injetar dinheiro em suas em- e Bruno Rodrigues, ex-execu- Outros bancos também es- nhias mais recentes. A Galá- segundo Sigrid Guimarães,
dos Mercados Financeiro e presas para lidar com o cres- tivos do banco suíço. tiveram envolvidos no êxo- pagos Capital, empresa de in- cofundadora da Alocc, que
de Capitais (Anbima). cente peso da dívida, reduzin- A Wealth High Governan- do. Ex-executivos do Itaú vestimentos fundada por ex- atende cerca de 400 famí-
— Um grande número de do a liquidez disponível para a ce, com sede em São Paulo, Unibanco, maior banco da sócios do Banco BTG Pactu- lias e tem R$ 10,5 bilhões
profissionais deixou suas or- gestão dos multifamily offices. foi fundada pelo ex-chefe de América Latina em valor de al, adquiriu a Taler em se- sob gestão:
ganizações para montar as- E isso tem impacto nas ta- private banking do Credit mercado, ingressaram na tembro. Tem agora R$ 20 bi- — Apesar de tudo, o Brasil
sessorias de investimentos e xas. Embora os fundos de Suisse no Brasil, Marco Au- We Capital. lhões sob gestão. é resiliente. Temos empre-
acabou criando uma estrutu- hedge possam cobrar dos cli- rélio Abrahão. Ele deixou o A B.Side, que foi criada co- — Estamos muito focados sas que sobrevivem às crises
ra de multifamily offices — co- entes 2% de seus ativos mais banco com vários colegas em mo uma empresa de consul- em nos cercar de pessoas alta- e continuam a gerar lucros.

Em crise no Brasil, Starbucks tem receita global recorde presença mundo afora, temos
nas conversações ativas e con-
tínuas com o operador licen-
ciado uma atividade normal
Resultado do quarto trimestre foi 11% superior ao do mesmo período de 2022, com crescimento de vendas nos EUA e na China do negócio. Como prática pa-
drão, não divulgamos o conte-
CHRISTIAN PETERSEN/GETTY IMAGES/AFP/20-6-2020
údo de nossas discussões in-
VINICIUS NEDER
vinicius.neder@oglobo.com.br
8% na mesma base de com- cumentação apresentada, ternas com nossos operado-
paração, acima da estimativa antes de apreciar o pedido. A res licenciados”, diz a nota en-
-
de 6,3%, na média dos analis- SouthRock pediu proteção viada pela companhia.

EStarbucks
m crise no Brasil, a rede
americana de cafeterias
anunciou ontem
tas, segundo a agência Blo-
omberg.
Na noite da última terça-
contra credores de uma dívi-
da total de R$ 1,8 bilhão.
Questionada sobre a crise no
Na contramão da crise no
Brasil, a Starbucks global in-
formou que um número mai-
uma receita líquida global re- feira, a SouthRock Capital, Brasil, a matriz da Starbucks or de vendas e um tíquete mé-
corde de US$ 9,4 bilhões no dona da operação da Star- nos EUA informou ao GLO- dio por venda mais elevado
quarto trimestre fiscal (ter- bucks no Brasil, pediu recu- BO, por escrito, que está “cien- puxaram os resultados acima
minado em 1º de outubro), peração judicial, no Tribunal te da decisão da SouthRock de do esperado. Isso ocorreu tan-
alta de 11% em relação a igual de Justiça de São Paulo. No reestruturar seus negócios”, to nos EUA quanto na China.
período de 2022. No ano fis- dia seguinte, o juiz do caso mas evitou informar como li- Os dois países detêm, soma-
cal encerrado em setembro, a negou urgência para o pro- dará com os problemas e se dos, 61% das 38 mil lojas da
receita líquida global somou cesso e determinou a nomea- pretende manter a rede em marca em todo o mundo. No
US$ 36 bilhões, alta de 12%. ção de um administrador pa- funcionamento no país. Brasil, a SouthRock opera
As vendas em lojas saltaram ra realizar uma perícia na do- “Como uma marca com Starbucks nos EUA. Aumento das vendas e do gasto médio do consumidor uma rede com 187 unidades.
 OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023 Economia | 11

Governo quer nova correção do FGTS a partir de 2025

Proposta é que reajuste do Fundo pela caderneta seja feito somente daqui a dois anos. Julgamento no STF sobre
o tema seria retomado na quarta-feira, mas centrais sindicais pediram retirada de pauta a fim de negociar um acordo

ROBERTO MOREYRA/ARQUIVO
GERALDA DOCA
geralda@bsb.oglobo.com.br
com a atual fórmula de corre- duzir financiamentos em
BRASÍLIA ção das contas do FGTS. Em 40% com aumento de juros
-
abril, quando o julgamento nos contratos. A meta este ano

O governo tenta um acordo

junto ao Supremo Tribu-
nal Federal (STF) na ação que
pode mudar o índice de corre-
ção a ser aplicado nas contas
do Fundo de Garantia do Tem-
po de Serviço (FGTS). A pro-
posta do governo prevê a cor-
reção das contas do FGTS pelo
índice da poupança a partir de
2025. Em 2023 e 2024, os co-
tistas teriam direito à distribui-
ção integral do lucro anual do
Fundo, tendo como piso de
rendimento a inflação oficial,
medida pelo Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Am-
plo (IPCA) do IBGE.
A proposta será levada aos
ministros do STF. A mudan-
ça na remuneração das con-
tas do FGTS valeria apenas
para os novos depósitos, a
partir da publicação da ata do
julgamento. A Corte daria
prosseguimento ao julga-
mento na próxima quarta-
feira, mas as centrais sindi-
cais pediram que ele seja reti-
rado de pauta. A ideia é que o
assunto seja retomado den-
tro de 30 dias, a fim de garan-
tir tempo hábil às negocia-
ções com representantes do
Ministério do Trabalho, da
Caixa Econômica Federal e
da Advocacia-Geral da União
(AGU).
No texto enviado à Corte,
as centrais argumentam que
se busca uma solução que
não afete o uso do Fundo para
políticas públicas, como ha-
bitação e saneamento, e que
também preserve o patrimô-
nio dos trabalhadores.
Os termos do acordo estão
serão levados pelo ministro
da AGU, Jorge Messias, ao
começou, Barroso votou pa-
ra que a rentabilidade dos sal-
dos do FGTS correspondam,
no mínimo, à remuneração
da poupança.
APLICAÇÃO CONSERVADORA
Ele alegou que a poupança é
uma aplicação conservadora,
em referência a outros tipos de
investimentos mais arriscados
e que rendem mais. Destacou
ainda que o FGTS é um direito
social assegurado aos trabalha-
dores pela Constituição, como
uma espécie de proteção em
casos de perda do emprego. O
julgamento foi paralisado após
um pedido de vista do minis-
tro Nunes Marques.
Ogoverno alega que a corre-
ção das contas do FGTS pela
remuneração da poupança vai
encarecer os financiamentos
habitacionais, como o Minha
Casa, Minha Vida, que têm o
Fundo do trabalhador como a
principal fonte de recursos.
Pela lei, os saldos das contas
vinculadas são corrigidos pela
Taxa Referencial (TR), mais
3% ao ano. Se as taxas dos em-
préstimos não forem ajusta-
das, pode haver um descasa-
mento no balanço do FGTS.
As críticas à baixa rentabili-
dade do FGTS não são novas.
Em resposta ao problema,
em 2016 o governo passou a
distribuir o lucro anual do
FGTS entre os cotistas que ti-
nham saldo em dezembro do
ano anterior. De lá para cá, o
3%
acrescidos da
Equilíbrio. Governo e centrais tentam acordo que melhore remuneração do trabalhador sem afetar políticas públicas
lucro chegou a ser distribuí-
do pela metade, integral-
mente, e hoje o montante é
decidido pelo Conselho Cu-
rador do FGTS — os valores
são creditados nas contas de
forma proporcional aos sal-
dos pela Caixa Econômica
Federal nos meses de agosto.
Entre 2016 e 2022, a remu-
neração total depositada pa-
ra cotistas (3% ao ano, mais
Conselho Curador.
Integrantes do governo e
da construção civil alegam
que a sistemática atual de di-
visão do lucro melhorou a re-
muneração para os trabalha-
dores e deve ser mantida.
Barroso, porém, não concor-
da. Segundo técnicos a par
das discussões, o Executivo
chegou a propor ao ministro
a divisão integral do lucro,
habitacional não pode ser
custeada pelos trabalhado-
res. Dessa forma, caberia ao
Executivo encontrar alter-
nativas no Orçamento da
União, principalmente para
atender famílias de baixa
renda. Contudo, não há
margem para isso, disse um
ministro do governo.
é atingir 450 mil contratos do
Minha Casa, Minha Vida.
A revisão do FGTS chegou
ao Supremo em 2014, após
estudo encomendado pelo
partido Solidariedade e pela
Força Sindical apontar per-
das consideráveis ao traba-
lhador. Na época, o levanta-
mento mostrou que a corre-
ção dos valores trouxe prejuí-
zo de 88,3% ao dinheiro de-
positado no FGTS de 1999
até 2013. O pedido é para
substituir a taxa por um índi-
ce de inflação. O argumento
é que a TR não reflete o índi-
ce de preços, o que gera per-
das para o trabalhador.
Ao votar, Barroso sugere me-
xer na lei do FGTS, que fixou
como rendimento 3% ao ano,
mais a TR. Mas obriga que o
rendimento total seja no míni-
mo igual à poupança.
Segundo o voto do ministro,
caberá ao Congresso e ao go-
verno, em acordo com as enti-
dades representativas dos tra-
balhadores, avaliar uma possí-
vel recomposição retroativa
dos depósitos do FGTS, tendo
em vista que “valores foram in-
devidamente apropriados pe-
lo poder público em benefício
da sociedade como um todo”.
Contudo, o pagamento des-
sas perdas poderia gerar um
esqueleto para o FGTS e o pró-
prio governo. A rentabilidade
da poupança depende da taxa
básica de juros, definida pelo
Banco Central. Se a Selic for
menor ou igual a 8,5% ao ano,
a poupança rende 70% da Se-

presidente do STF, ministro
Luís Roberto Barroso, relator
do processo. Barroso já dei-
xou claro que não concorda
Taxa Referencial
Essa é a remuneração hoje do
saldo das contas do FGTS. Distri-
buição de lucros eleva rendimento
TR e parte do lucro) variou.
Mas, no período acumulado,
o ganho total superou a infla-
ção e a poupança, segundo o
tendo como piso a inflação.
Mas Barroso insiste na remu-
neração da poupança.
Para Barroso, a política
HABITAÇÃO POPULAR
Técnicos do Ministério das Ci-
dades alegam que a mudança
da correção das contas do
FGTS pela poupança pode re-
lic mais TR. Se a Selic estiver
acima de 8,5% ao ano, a pou-
pança rende 6,17% ao ano
mais a TR. Atualmente, a Selic
está em 12,25% ao ano.
Barroso foi procurado, mas
aassessoria do STF informou
que ele não iria se manifestar.

Vale-refeição só dura 12 dias bremesa, bebida e café, custa

em média R$ 49,33. O valor
BANCO NACIONAL S.A. - EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL
CNPJ nº 17.157.777/0001-67 - NIRE 33900017675 - Companhia Aberta
Edital de Convocação para Assembleia Geral Extraordinária a ser Realizada em 24 de Novembro de 2023

do mês, mostra pesquisa mínimo, que considera ape-

nas o prato comercial e uma
bebida, é de R$ 30,14.
Preço médio da alimentação fora de casa já chega A segunda maior alta foi re-
a R$ 46,60 no país. Em dez anos, alta foi de 70% gistrada no Sul, onde a refei-
ção fora de casa ficou 66,5%
mais cara. Na região, o preço
FABIO ROSSI/23-2-2018
médio pago pela refeição com-
pleta é de R$ 42,81, enquanto
o prato comercial e uma bebi-
da saem por R$ 28,91.
Porém, os trabalhadores que
pagam o preço mais alto em
relação à renda são os do Nor-
deste. A região tem o segundo
preço mais alto do país, e a re-
feição completa custa R$
43,55. O combo comercial e
uma bebida sai por R$ 30,23.
Considerando o salário médio
da região, de R$ 1.986, 48% da
Custo da refeição. Maior aumento ocorreu no Sudeste, onde alta foi de 77,7% renda ficariam comprometi-
dos se não houvesse o benefí-
CLEIDE CARVALHO
cleide.carvalho@sp.oglobo.com.br
De acordo com a pesquisa, cio do vale-refeição.
SÃO PAULO considerado o valor atual dos Os pesquisadores lembram
-
pratos, o vale-refeição dura, que a média nacional do preço
A administração do Banco NACIONAL S.A. – EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL (“Companhia”), na pessoa de
seu liquidante, vem, pela presente e nos termos do artigo 124 da Lei nº 6.404/76 (“Lei das S.A.”), e da Resolução
CVM nº 81/22 (“Resolução 81/22”), convocar os acionistas da Companhia para se reunirem em assembleia geral
extraordinária (“Assembleia Geral”), a ser realizada, em primeira convocação, no dia 24 de novembro de 2023, às
10:00 horas, na sede administrativa da Companhia, localizada na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro,
na Avenida Rio Branco, nº 115, 20º andar, parte, Centro, CEP 20.040-004, com a faculdade de participação
pessoal a distância na cidade de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, no endereço Rod. Stael Mary Bicalho
Motta Magalhães, 421, Belvedere, CEP 30320-570, para examinar, discutir e votar a respeito da seguinte ordem
do dia: (i) o aumento de capital social da Companhia, no valor de até R$ 1.529.036.945,04, mediante a emissão de
até 50.099.595.757 novas ações ordinárias e até 46.552.549.947 novas ações preferenciais, todas nominativas e
sem valor nominal, ao preço de emissão de R$ 15,82 por lote de 1.000 ações, com possibilidade de homologação
parcial, desde que o valor mínimo de R$ 700.000.000,00 seja efetivamente subscrito pelos acionistas da Companhia;
(ii) conforme informações enviadas pelas acionistas Empresa Brasileira de Participações Cebepê Ltda. (“CEBEPÊ”)
e Nac Administração e Participações Ltda. (“NAC”) ao liquidante, caso aprovado o aumento de capital social de que
trata este edital de convocação, NAC tem a intenção de subscrever ações de emissão da Companhia no montante
de, no mínimo, R$ 700.000.000,00; (iii) os acionistas da Companhia que exercerem o direito de preferência, nos
termos do artigo 171 da Lei das S.A., deverão integralizar as ações emitidas no âmbito do aumento de capital
mediante pagamento em dinheiro à Companhia nos termos aprovados pela Assembleia Geral; (iv) caso aprovada
a matéria constante do item (i) acima, a abertura de prazo para exercício do direto de preferência, pelos acionistas
da Companhia, para a subscrição das ações emitidas; (v) caso aprovada a matéria constante do item (i) acima, a
destinação de 90% do valor do aumento de capital homologado para a constituição de reserva de capital da Companhia
e o restante para a conta de capital da Companhia; e (vi) autorizar a Companhia a convocar a assembleia geral
extraordinária para homologação do aumento de capital, se aprovado pela AGE de Aumento de Capital, e consequente
reforma do artigo 4º, caput, do estatuto social da Companhia. A Companhia optou por disponibilizar aos acionistas
relatório detalhando as condições aplicáveis ao aumento de capital e justificativa para sua efetivação, na forma
constante da Proposta do Liquidante para a assembleia geral, a qual se encontra à disposição dos acionistas na
sede e no website da Companhia (https://bnsa.com.br/), tendo também sido arquivada no Sistema IPE da Comissão
de Valores Mobiliários (https://www.gov.br/cvm/pt-br). Informações Gerais: A Assembleia Geral será realizada no
endereço da sede administrativa da Companhia, localizada no Rio de Janeiro. Tendo em vista que a Companhia
possuía a sua sede na cidade de Belo Horizonte quando da sua intervenção pelo Banco Central do Brasil, os
acionistas que desejarem também poderão participar pessoalmente da Assembleia Geral a distância, no endereço
indicado acima. Poderão participar da Assembleia Geral os acionistas da Companhia, por si, seus representantes
legais ou procuradores devidamente constituídos. Os acionistas da Companhia poderão participar da Assembleia
Geral, desde que as ações de sua titularidade estejam escrituradas em seu nome junto à Oliveira Trust Distribuidora
de Títulos e Valores Mobiliários S.A., instituição financeira escrituradora das ações (“Escrituradora”), e portando os
seguintes documentos listados a seguir, que deverão ser encaminhados à administração da Companhia no endereço
eletrônico sqescrituracao@oliveiratrust.com.br, com pelo menos 48 horas de antecedência à realização da Assembleia
Geral: (a) extrato contendo a respectiva participação acionária, a ser obtido pelos acionistas junto à Escrituradora,
por meio do endereço eletrônico sqescrituracao@oliveiratrust.com.br; (b) documentos do acionista/representante:
(i) pessoa física – documento de identificação com foto; (ii) pessoa jurídica – cópia autenticada do último estatuto

O brasileiro que precisa al-

moçar fora de casa paga,
em média, R$ 46,60 por uma
refeição. O levantamento é da
Ticket, marca de vales refeição
ealimentação da Edenred Bra-
sil, e foi realizado em 4.500 es-
tabelecimentos nas cinco regi-
ões do país. Em dez anos, o
preço aumentou 70%, quase
dois pontos percentuais acima
da inflação do período medida
pelo IPCA, que acumulou alta
de 68,2% no período, e é o
principal indicador da infla-
ção. Em 2014, o valor médio
do almoço era de R$ 27,36.
em média, apenas 12 dias no
mês. Sem o benefício, o traba-
lhador gastaria R$ 1.025,20
para se alimentar 22 dias úteis
do mês, comprometendo
35% do salário só com uma
refeição no horário do traba-
lho, uma vez que a renda mé-
dia mensal do brasileiro é de
R$ 2.921, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE).
O maior aumento dos últi-
mos 10 anos ocorreu no Su-
deste, onde o custo aumentou
77,7%. A refeição completa,
que inclui prato principal, so-
da refeição foi puxada pelo au-
mento o Sudeste, uma vez que
nas demais o valor subiu me-
nos do que a inflação.
Boa parte do comércio, por-
tanto, absorveu os custos mais
altos, decorrentes do cenário
econômico durante e pós a
pandemia de Covid-19.
—Houve esforço de restau-
rantes e lanchonetes para
manter os preços. A pesquisa
ajuda as empresas a planeja-
rem o valor do benefício para
seus funcionários — diz Natá-
lia Ghiotto, diretora de produ-
tos da Ticket.
ou contrato social consolidado e da documentação societária outorgando poderes de representação (ata de eleição
dos diretores e/ou procuração), bem como documento de identificação com foto do(s) representante(s) legal(is); e
(iii) acionista constituído sob a forma de Fundo de Investimento – cópia autenticada do último regulamento consolidado
do fundo e do estatuto ou contrato social do seu administrador, além da documentação societária outorgando poderes
de representação (ata de eleição dos diretores e/ou procuração); bem como documento de identificação com foto
do(s) representante(s) legal(is). Para participação por meio de procurador, a outorga de poderes de representação
deverá ter sido realizada há menos de 1 ano, nos termos do art. 126, § 1º da Lei das S.A. Em cumprimento ao
disposto no art. 654, §1º e §2º da Lei nº 10.406/02 (“Código Civil”), a procuração deverá conter indicação do lugar
onde foi outorgada, qualificação completa do outorgante e do outorgado, data e objetivo da outorga com a designação
e extensão dos poderes conferidos, contendo o reconhecimento da firma do outorgante, ou, alternativamente, com
assinatura digital, por meio de certificado digital emitido por autoridades certificadoras vinculadas à ICP-Brasil, ou
com assinatura eletrônica certificada por outros meios que, a critério da Companhia, comprovem a autoria e integridade
do documento e dos signatários. As pessoas naturais acionistas da Companhia somente poderão ser representadas
na Assembleia Geral por procurador que seja acionista, administrador da Companhia, advogado ou instituição
financeira, consoante previsto no art. 126, §1º da Lei das S.A. As pessoas jurídicas acionistas da Companhia poderão
ser representadas por procurador constituído em conformidade com seu contrato ou estatuto social e segundo as
normas do Código Civil, sem a necessidade de tal pessoa ser administrador da Companhia, acionista ou advogado.
Os documentos dos acionistas expedidos no exterior devem conter reconhecimento das firmas dos signatários por
Tabelião Público, ser apostilados ou, caso o país de emissão do documento não seja signatário da Convenção de
Haia (Convenção da Apostila), legalizados em Consulado Brasileiro, em todos os casos, traduzidos por tradutor
juramentado matriculado na Junta Comercial e registrados em Cartório de Registro de Títulos e Documentos. Os
documentos e informações relativos às matérias a serem deliberadas na Assembleia Geral, notadamente a Proposta
do Liquidante e o laudo de avaliação que fundamenta o preço de emissão, encontram-se à disposição dos acionistas
na sede e no site da Companhia (https://bnsa.com.br/), tendo também sido arquivados no Sistema IPE da CVM
(www.cvm.gov.br). Rio de Janeiro, 3 de novembro de 2023. Reginaldo Brandt Silva - Liquidante Extrajudicial.
 12 | Sexta-feira 3 .11.2023 | OGLOBO

CRISE DEMOGRÁFICA PARA

Mundo
ACESSAR

China quer mulheres ‘na cozinha’ APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Solução do governo para queda na natalidade é promover ‘valores tradicionais’ O QR CODE

CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO

CIDADE DE GAZA SITIADA

Israel diz que completou cerco à capital, e
luta se intensifica; mais 365 saem do território
MAHMUD HAMS/AFP
CIDADE DE GAZA E JERUSALÉM
-

Eaéreos,
m meio a intensos comba-
tes e pesados bombardeios
as Forças Armadas de
Israel afirmaram que comple-
taram o cerco da Cidade de
Gaza ontem, quase uma se-
mana após o início da invasão
terrestre da Faixa de Gaza, na
sexta-feira passada. O sítio da
capital do território palestino,
governado pelo grupo terro-
rista Hamas, foi acompanha-
do pelo avanço das tropas isra-
elenses na cidade, enfrentan-
do, segundo relatos, encarni-
çada resistência em uma
guerra urbana extremamente
difícil de travar para os inva-
sores, em labirintos de ruas e
ruelas estreitas cheias de ar-
madilhas e com sistemas de
túneis subterrâneos de onde
combatentes inimigos sur-
gem de surpresa.
A informação sobre a fina-
lização do cerco foi dada pelo
porta-voz das Forças Arma-
das israelenses, contra-almi-
rante Daniel Hagari, que afir-
mou que os soldados "estão
atacando postos avançados,
quartéis-generais, posições
de lançamento [de foguetes]
e infraestrutura do Hamas".
Relatos indicam forte resis-
tência do Hamas, que com-
bate em estilo de guerrilha
num território que conhece
com a palma da mão, fazendo
contra-ataques de surpresa
saindo de túneis. Os milita-
res israelenses disseram ter
matado dezenas de mem-
bros do Hamas ontem, en-
quanto do seu lado as mortes
chegaram a 19.
—Certamente, é um terre-
no que foi mais pesadamente
preparado do que no passado
com campos minados e ar-
madilhas — disse à Rádio do
Exército o brigadeiro-gene-
ral Iddo Mizrahi, chefe do
corpo de engenheiros milita-
res. — O Hamas aprendeu e
se preparou bem.
‘NADA VAI NOS DETER’
O primeiro-ministro de Is-
rael, Benjamin Netanyahu,
no entanto, procurou dar
um tom positivo aos resulta-
dos da ofensiva até agora.
—Estamos no ponto culmi-
nante da batalha. Tivemos
êxitos impressionantes e esta-
mos avançando. Também ti-
vemos perdas dolorosas, mas
quero deixar uma coisa clara:
nada vai nos deter —disse ele.
Ontem, o Ministério da
Saúde de Gaza, controlado
pelo Hamas, afirmou que o
número de mortos no terri-
tório desde o início da guerra
passou de 9 mil, com mais de
Desespero. Moradores acorrem aos escombros de um prédio destruído pelo bombardeio israelense no campo de refugiados de Bureij em busca de sobreviventes: mortos passam de 9 mil, diz Hamas
32 mil feridos. O conflito co- com o Ministério da Saúde do permite que entre combustí-
meçou no dia 7 de outubro POR LOCALIDADE Egito, 365 pessoas deixaram a vel, o que agrava a situação hu-
com o ataque-surpresa do Danos Danos Faixa de Gaza ontem. O grupo manitária porque os geradores
grupo terrorista a Israel, dei- dispersos severos inclui 21 palestinos gravemen- de energia não podem funcio-
xando cerca de 1.400 mortos, POR CIDADE te feridos e 344 portadores de nar, além de limitar o atendi-
a maioria civis. O Hamas le- passaportes estrangeiros, en- mento das ambulâncias.
Beit Hanoun 2.269
vou também pelo menos 242 Cidade de Gaza 2.207
tre eles 72 crianças. Segundo a Organização
reféns para Gaza, e há cerca Jabaliya 1.754 Mundial da Saúde (OMS), 14
de 40 desaparecidos. Beit Hanoun Beit Lahiya 1.312 BRASILEIROS À ESPERA dos 36 hospitais de Gaza não
Abasan al Kabira
Ab 623
Um bombardeio que atingiu Beit Lahiya
Khan Yunis 528 Pelo segundo dia, brasileiros estão funcionando devido à
uma escola da ONU transfor- Rafah 421 não foram incluídos na lista falta de combustível ou por da-
Jabaliya Khuza'a 328
mada em abrigo no campo de Juhor ad Dik 191
de nacionalidades que tive- nos causados por ataques. A si-
refugiados de Jabaliya, no nor- Al Bureij 189 ram permissão para sair. Há tuação é “profundamente pre-
te de Gaza, matou ontem cer- Deir Al Balah 156 32 brasileiros e palestinos ocupante”, disse o chefe da or-
Campo de Jabalya
Cam 138
ca de 20 pessoas, segundo a Cidade de Gaza Bani Suheila 127 com residência permanente ganização, Tedros Adhanom.
agência das Nações Unidas pa- Abasan al Jadida
Aba 124 no Brasil, além de parentes Os hospitais que consegui-
ra refugiados palestinos Campo de Rafah
Cam
Al Qarara
119
111
próximos, à espera da retira- ram permanecer abertos estão
(UNRWA). Outras três esco- An Nuseirat 107 da do território. O chanceler operando com 40% acima de
las foram atingidas nos cam- GAZA Umm
U an Naser 60 Mauro Vieira conversou no- sua capacidade, acrescentou.
Campo
Cam de Ash Shati 56
pos de refugiados de al-Shati e ISRAEL Al Fukhkhari 54 vamente com seu colega —Vinte e três hospitais rece-
al-Bureij. Em visita a Gaza pela An Nuseirat Az Zawayda 53 egípcio, Sameh Shoukry, pa- beram ordens de evacuação na
primeira vez desde o início da Az Zahra'a
Wadi As Salqa
30
28
ra buscar uma solução. O Egi- Cidade de Gaza e no norte de
guerra, o chefe agência, Phi- Mostamarat 22 to se comprometeu a ajudar Gaza, e a retirada forçada nes-
lippe Lazzarini , se disse cho- Al Maghazi 21 cerca de sete mil portadores sas circunstâncias poria cente-
Khan Yunis 20
cado com a escala “sem prece- Al Musaddar 10 de passaporte estrangeiro nas de pacientes em uma situ-
dentes” da tragédia no territó- Deir Al Balah
Al Mughraqa 9 que estão retidos em Gaza. ação de risco de vida — decla-
rio palestino. An Naser
Shokat as Sufi
7
7
Enquanto saem estrangei- rou Adhanom a repórteres.
—Foi um dos dias mais tris- Al Qarara ros e feridos, a ajuda humani-
TOTAL 10.584
tes no meu trabalho humani- tária continua a entra em rit- HEZBOLLAH FAZ 19 DISPAROS
tário —disse ele. Bani Suheila POR REGIÃO mo amplamente insuficiente. Em Israel, as sirenes continu-
Mais ao sul das zonas princi- Segundo o Crescente Verme- aram a soar em várias regiões
pais de combates, continua- Norte
lho Palestino, 102 caminhões devido ao lançamento de fo-
Khan Yunis
ram ontem as saídas de palesti- 5.535 entraram ontem em Gaza por guetes contra o país. No nor-
nos feridos e de portadores de Cidade de Gaza Rafah com alimentos, água, te, o grupo xiita libanês Hez-
passaportes estrangeiros para Mostamarat
An Naser
2.491 suprimentos de socorro, re- bollah, contra 19 posições is-
o Egito pelo posto de fronteira Khan Yunis médios e equipamentos médi- raelenses ao longo da frontei-
de Rafah. As primeiras levas Rafah 1.915 cos. A ONU estima serem ne- ra com o Líbano. Em resposta,
foram retiradas na quarta-fei- Rafah
576
cessários 100 por dia para aviões de guerra e helicópte-
ra, após longas negociações atender às necessidades dos ros israelenses atacaram alvos
Deir Al-Balah
envolvendo Egito, Israel, EUA, 564 2,3 milhões de moradores do do Hezbollah, juntamente
Catar e o Hamas. De acordo enclave palestino. Israel não com artilharia e tanques.

Mais 3 > Três palestinos e um israelense
palestinos e morreram ontem em diferentes
1 israelense regiões da Cisjordânia ocupada.
morrem na Um jovem de 19 anos morreu
Cisjordânia por disparos de soldados israe-
lenses e outros dois ficaram
feridos em uma incursão no
norte da região, indicou o Minis-
tério da Saúde da Autoridade
Nacional Palestina. Em outro
incidente, dois palestinos de 14
e 24 anos morreram e outros
dois ficaram feridos.
> Já perto do assentamento
judeu de Einav, no norte da Cisjor-
dânia, um israelense morreu
quando seu carro foi alvo de
disparos de palestinos, segundo o
Exército e os serviços de socorro
israelenses. Em represália ao
assassinato, dezenas de colonos
judeus incendiaram lojas na
aldeia palestina de Deir Sharaf.
> “O Exército levantou barreiras
na região e está procurando os
terroristas”, declarou o Exército
de Israel em nota.
> A Cisjordânia, território pa-
lestino ocupado por Israel na
Guerra dos Seis Dias em 1967,
enfrenta uma espiral de violên-
cia desde o ataque terrorista do
Hamas ao território israelense,
em 7 de outubro. Desde então,
131 palestinos já foram mortos
em confronto com as forças de
segurança israelenses e mais
de 1.200 foram presos.
OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023
WASHINGTON
C om o conflito entre Israel
e o grupo terrorista Ha-
mas escalando e as mortes de
civis palestinos na Faixa de
Gaza se intensificando e pro-
vocando reações de repúdio
ao redor do mundo, os Esta-
dos Unidos resolveram pres-
sionar o governo do primei-
ro-ministro Benjamin Ne-
tanyahu para que as Forças
Armadas israelenses façam
pausas humanitárias curtas
na ofensiva no território. A
ideia é facilitar a libertação
de reféns e permitir a chega-
da de mais ajuda humanitá-
ria. Tanto o presidente Joe Bi-
den como o secretário de Es-
tado americano, Antony
Blinken, falaram publica-
mente sobre o tema.
COBRADO EM COMÍCIO
Na quarta-feira à noite, Bi-
den pediu uma “pausa” na
guerra para “dar tempo de
retirar os prisioneiros [em
poder do Hamas]”. O chefe
de Estado americano se pro-
nunciou sobre a guerra no
Oriente Médio após ter um
discurso de campanha in-
terrompido em Minneapo-
lis por um rabino, que pedia
um cessar-fogo em Gaza.
Biden discursava para cer-
ca de 200 pessoas em um
“Rostos, não só números”. Manifestantes em Paris levam velas e cartazes com retratos de palestinos mortos em Gaza
Irã enfrenta dilema com guerra entre Israel e Hamas
Após anos jurando destruir Estado judeu, país busca conter riscos de envolvimento direto financiando facções armadas na região
FARNAZ FASSIHI
Do New York Times
-
P or mais de quatro décadas,
o Irã prometeu destruir
Israel. O líder supremo do
país, aiatolá Ali Khamenei,
raramente aparece em públi-
co sem um keffiyeh palesti-
no, tradicional lenço quadri-
culado usado por homens no
Oriente Médio.
Comandantes iranianos se
gabam de treinar e armar gru-
pos inimigos de Israel em toda
a região, incluindo Hezbollah
e Hamas. Quando a facção pa-
lestina realizou o ataque terro-
rista de 7 de outubro — que
matou 1,4 mil israelenses —as
autoridades do país elogiaram
o feito, classificando-o como
uma conquista importante.
Agora, o Irã enfrenta um di-
lema e avalia como ele e as mi-
lícias que apoia —conhecidas
como o eixo de resistência —
devem responder à invasão da
Faixa de Gaza por Israel, e se
devem reforçar suas creden-
CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO
EUA pressionam por ‘pausa’
humanitária na ofensiva
Presidente Biden toca no tema, e secretário de Estado chega hoje a Israel;
Washington quer libertar reféns, aumentar ajuda a Gaza e diminuir mortes de civis
evento de arrecadação de
fundos para sua campanha à
reeleição no que vem. No
meio de sua fala, o presiden-
te foi interpelado por um ra-
bino na plateia:
— Como rabino, preciso
que o senhor peça um ces-
sar-fogo agora mesmo! —
gritou o religioso.
A resposta de Biden veio
em forma de um apelo:
— Acho que precisamos
de uma pausa. Uma pausa
significa dar tempo de reti-
rar os prisioneiros — res-
pondeu o presidente.
Biden também disse com-
preender a “emoção” que o
conflito provocava em to-
dos os lados.
— Isso é incrivelmente
complicado para os israelen-
ses. É incrivelmente compli-
cado também para o mundo
ciais revolucionárias sob o ris-
co de desencadear uma am-
pla guerra regional. Mais de 9
mil palestinos foram mortos
no enclave, segundo o Minis-
tério da Saúde de Gaza.
—Não há necessidade de o
Irã se envolver diretamente
na guerra e atacar Israel, por-
que ele tem a milícia do eixo
de resistência que age em seu
nome — disse Nasser Imani,
analista próximo ao governo.
—Neste momento, o Irã está
dizendo a todos eles, incluin-
do o Hezbollah, para mante-
rem as coisas em ebulição,
mas com moderação.
PONTO DE EBULIÇÃO
Por enquanto, as autoridades
iranianas estão sinalizando
publicamente que não que-
rem uma guerra.
—Quero reiterar que não es-
tamos buscando a dissemina-
ção dessa guerra —disse o mi-
nistro das Relações Exteriores
do Irã, Hossein Amirabdolla-
hian, em uma entrevista re-
muçulmano. Apoiei uma so-
lução de dois Estados. Tenho
apoiado desde o início.
A Casa Branca explicou,
posteriormente, que Biden
se referia aos reféns tomados
pelo Hamas em 7 de outubro,
quando o grupo terrorista
atacou Israel. O número de
pessoas sequestradas vem
crescendo a cada dia, à medi-
da que as autoridades israe-
lenses vão descobrindo que
pessoas desaparecidas estão,
na verdade, nas mãos do Ha-
mas ou de grupos aliados, co-
mo a Jihad Islâmica. Agora já
são 240. Quatro mulheres fo-
ram libertadas pelos terroris-
tas, e uma militar foi resgata-
da pelas forças israelenses.
Os comentários de Biden
não foram um apelo a um
cessar-fogo total, ao qual a
Casa Branca resiste para
ALAIN JOCARD/AFP
cente durante missão às Na-
ções Unidas, acrescentando
que “a região está em um pon-
to de ebulição e a qualquer
momento pode explodir”.
—Se isso acontecer, todos os
lados perderão o controle —
alertou o chanceler iraniano.
O ministro advertiu que as
facções regionais no Líbano,
Iêmen, Iraque e Síria poderi-
am abrir várias frentes contra
Israel, com um alto potencial
“de que o resultado será que as
coisas não acontecerão da ma-
neira que o regime de Israel
deseja”. Ele não entrou em de-
talhes sobre o que provocaria
os grupos, que, segundo ele,
agem de forma independente.
A República Islâmica vê as
milícias como tentáculos de
influência, capazes de atacar
enquanto proporcionam ao
Irã a negação do confronto di-
reto. Elas dão ao país uma van-
tagem nas negociações inter-
nacionais e um meio de reca-
librar o poder na região.
Mas se o Irã não fizer nada,
não limitar a resposta de Is-
rael ao Hamas. Mas, de acor-
do com o Financial Times,
as autoridades americanas
afirmaram nos últimos dias
que considerariam apoiar
uma suspensão temporária
das hostilidades se esta se li-
mitasse a ajudar os esforços
humanitários. Biden vem
sendo pressionado por gru-
pos de direitos humanos,
outros líderes mundiais e
até pela esquerda do Partido
Democrata, descontente
com o apoio irrestrito dos
EUA a Israel.
‘MINIMIZAR DANOS’
Por sua vez, Blinken desem-
barca hoje em Israel em sua
segunda visita ao país após o
início da guerra. O secretá-
rio de Estado americano,
antes de iniciar a viagem,
“Sequestrada pelo Hamas”. Em Viena, manifestantes pedem libertação dos reféns levados pelos terroristas em Israel
seus líderes inflamados cor-
rem o risco de perder a credibi-
lidade entre seus eleitores. Al-
guns conservadores iranianos
questionam por que as ações
da República Islâmica não cor-
respondem à sua retórica de
Jerusalém do domínio de Isra-
el. Muitos partidários do go-
verno se inscreveram simboli-
camente como voluntários pa-
ra serem enviados a Gaza.
As milícias dão a Teerã
a chance de terceirizar
ataques sem se envolver
diretamente no conflito
— No primeiro cenário, o
Irã corre o risco de perder um
braço; no segundo cenário,
corre o risco de perder a face
—avalia Ali Vaez, diretor para
o Irã do Crisis Group. —O Irã
pode tentar fechar esse círcu-
lo, permitindo que seus alia-
dos aumentem seus ataques
afirmou que pedirá a Israel
que tome “medidas concre-
tas” para minimizar os ris-
cos aos civis na Faixa de Ga-
za durante as operações mi-
litares contra o Hamas.
— Vamos falar sobre me-
didas concretas que podem
e devem ser tomadas para
minimizar os danos aos ho-
mens, mulheres e crianças
de Gaza — disse Blinken a
repórteres antes de embar-
car para Israel como parte
de uma nova turnê pela regi-
ão para tratar da crise em an-
damento. — Isso é algo com
que os Estados Unidos estão
comprometidos.
Embora enfatizando que os
EUA acreditam que Israel
tem “o direito e a obrigação de
se defender” após os ataques
terroristas do Hamas no iní-
cio deste mês, que deixou cer-
contra Israel e os EUA de for-
ma calibrada.
O Hezbollah, no Líbano, e a
milícia houthi, no Iêmen, lan-
çaram ataques recentes con-
tra Israel, mas seu alcance foi
limitado. O objetivo, por en-
quanto, não é uma guerra to-
tal, mas manter as Forças Ar-
madas de Israel sob pressão,
possivelmente limitando sua
capacidade de travar uma
guerra contra o Hamas, disse-
ram fontes familiarizadas
com a estratégia do Irã.
Grupos armados apoiados
pelo Irã no Iraque e na Síria in-
tensificaram os ataques às ba-
ses militares dos EUA nos dois
países. O Irã quer pressionar o
governo do presidente ameri-
cano, Joe Biden, a controlar Is-
rael — ou, pelo menos, fazer
com que os Estados Unidos pa-
guem um preço por seu apoio
incondicional ao país.
Em retaliação, as forças
dos EUA bombardearam
instalações na Síria na quin-
ta-feira passada que, segun-
Mundo | 13
ca de 1,4 mil pessoas mortas
no Estado judeu, Blinken dis-
se que é preciso evitar mais
mortes de civis em Gaza.
— Quando vejo uma cri-
ança palestina, um menino
ou uma menina retirada dos
escombros de um prédio
que desabou, isso me atinge
tanto no estômago quanto
ver uma criança em Israel
ou em qualquer outro lugar
— enfatizou o chefe da di-
plomacia americana.
‘CRIMES DE GUERRA’
O porta-voz do Conselho
de Segurança Nacional dos
EUA, John Kirby, disse que
Washington quer explorar
a ideia de “tantas pausas
[humanitárias] quanto fo-
rem necessárias” para reti-
rar reféns e pessoas e fazer
a ajuda entrar.
Ontem, o Escritório de Di-
reitos Humanos das Nações
Unidas expressou em nota
“sérias preocupações de que
estejam ocorrendo ataques
desproporcionais que pode-
riam equivaler a crimes de
guerra”, citando a escala de
mortes e destruição em Ga-
za. Segundo o Ministério da
Saúde do território, controla-
do pelo Hamas, já passa de 9
mil o número de mortes, e
chegam a 10,5 mil os prédios
destruídos ou danificados.
EVA MANHART/APA/AFP
do o Pentágono, eram pos-
tos avançados da Guarda
Revolucionária do Irã. O go-
verno Biden advertiu publi-
camente o Irã para que não
ampliasse o conflito. O
chanceler iraniano confir-
mou que os países trocaram
mensagens:
—Dissemos claramente aos
americanos que, quando se es-
tá ao lado do regime sionista
com força total durante uma
guerra, os EUA não estão em
posição de dizer aos outros pa-
ra se conterem.
Mas, para todos os lados, o
risco de erros de cálculo con-
tinua alto.
—Além do que Teerã pode
controlar, há também a peri-
gosa possibilidade de que al-
guns de seus parceiros regio-
nais com laços mais frouxos,
ou com um histórico de igno-
rar os conselhos iranianos, se
envolvam em ações descoor-
denadas que coloquem Teerã
diante de um fato consuma-
do —disse Vaez. —Por quase
quatro décadas, a política de
defesa avançada do Irã prote-
geu seu próprio solo contra
ataques estrangeiros. O con-
flito em Gaza está testando os
limites dessa política de uma
forma sem precedentes.
 14 | Mundo
Negociações paradas em dívidas com o Brasil
Total de 12 países, boa parte deles na África, devem mais de US$ 2 bilhões, mas recriação do órgão que é
encarregado de fazer acordos se arrasta no atual governo; para especialistas, demora prejudica novos negócios
VINÍCIUS ASSIS
Especial para O GLOBO
internacio@oglobo.com.br
JOHANNESBURGO
-
G uiné-Bissau e São Tomé e
Príncipe são dois dos paí-
ses que recentemente disse-
ram que querem sentar e ne-
gociar suas dívidas com o
Brasil, segundo fontes do go-
verno revelaram ao GLOBO,
mas esta pauta não tem avan-
çado em Brasília por uma
única razão: o Comitê de
Avaliação e Renegociação de
Créditos ao Exterior (Coma-
ce) ainda não foi recriado. Es-
te grupo interministerial,
que no governo anterior esta-
va no Ministério da Econo-
mia e agora deverá ficar no da
Fazenda, é o responsável pela
negociação e pelo encami-
nhamento institucional des-
ses assuntos. Mas a decisão
final é do Senado.
Mais de US$ 2 bilhões (R$
9,1 bilhões) entrariam hoje
nas contas brasileiras se todos
os 12 países devedores pagas-
sem tudo o que devem ao Bra-
sil. Nove deles são africanos,
mas o que esses governos de-
vem não chega a 14% do total
a ser recebido. Se todas as
dívidas fossem pagas, a maior
parte deste dinheiro viria da
Venezuela, que deve 57,6%
do valor total. O segundo da
lista de maiores devedores é
Cuba (26,5%), onde o presi-
dente Luiz Inácio Lula da Sil-
va esteve em setembro.
DE OLHO EM EXPORTAÇÕES
O Comace foi criado na dé-
cada de 1990, quando o Bra-
sil enfrentava dificuldades
para receber de volta di-
nheiro emprestado pelo go-
verno militar a diversos paí-
ses em forma de crédito pa-
ra aumentar exportações.
Com a alta dos juros nos Es-
tados Unidos na década de
1970, esses países devedo-
res passaram a enfrentar sé-
rios problemas financeiros.
O comitê já esteve também
no Ministério do Planeja-
mento, mas historicamente
tem sido recriado a cada go-
verno no da Fazenda. Isso
depende do momento po-
Nova York bate recorde histórico de alunos sem-teto
No último ano letivo, 119 mil estudantes de escolas públicas não tinham residência fixa, estatística que expõe a crise de imigração
TROY CLOSSON
Do New York Times
NOVA YORK
-
O número de estudantes
sem-teto de escolas pú-
blicas de Nova York atingiu
um recorde histórico no úl-
timo ano escolar, chegando
a mais de 119,3 mil, enquan-
to imigrantes continuam a
chegar na cidade após cru-
zarem a fronteira sul dos
EUA com o México. Apenas
no último verão, mais de 30
mil novos estudantes em
moradias temporárias in-
gressaram nas escolas da ci-
dade, incluindo cerca de 12
mil nos últimos 5 meses,
que não foram incluídos nos
números inéditos divulga-
dos na última quarta-feira.
A estatística, que inclui cri-
anças em abrigos, hotéis, casas
de parentes e outros locais
transitórios, lança luz sobre os
desafios do governo do prefei-
to Eric Adams. Os estudantes
sem-teto são especialmente
vulneráveis, com alto índice
Oportunidades. Lula chega a São Tomé e Príncipe em périplo africano em agosto: presidente afirmou querer retomar o financiamento para o continente
lítico do país e da força de
cada ministério.
Em agosto, o presidente
Lula visitou três países afri-
canos. Um deles foi Angola,
onde defendeu a volta de in-
vestimentos brasileiros no
continente, destacando o
país como um bom pagador.
— Vamos voltar a fazer fi-
nanciamento para os países
africanos. Vamos voltar a fazer
investimento para Angola,
que é um bom pagador das coi-
sas que o Brasil investiu aqui.
Angola sempre foi um país que
nos deu a certeza de que cada
dólar investido aqui seria res-
sarcido. E assim o fez —disse o
presidente em Luanda.
Angola não está na lista de
países que devem ao Brasil.
Entre os devedores africanos,
a maior dívida é a de Moçam-
bique. O valor passa de US$
143 milhões (R$ 798,5 mi-
lhões). Pelo cronograma de
um novo acordo fechado en-
tre os dois países no ano pas-
sado, duas parcelas já deveri-
am ter sido pagas. Mas o Sena-
do — que deve autorizar a
conclusão deste tipo de ope-
de abandono escolar e faltas
frequentes. Este setor da po-
pulação da cidade de Nova
York é hoje maior do que todo
o sistema público escolar tra-
dicional da Filadélfia.
Àmedida que o número glo-
bal de matrículas no sistema
diminui, o aumento do núme-
ro de crianças sem-teto signifi-
ca que a questão afeta mais es-
colas. Agora, cerca de 1 a cada
9estudantes não tem casa. No
entanto, algumas áreas da ci-
dade foram especialmente
atingidas. Em uma região do
Bronx, mais de 22% dos estu-
dantes estavam sem-teto.
FALTAM RECURSOS
Os números aumentam à me-
dida que a cidade enfrenta
uma escassez de habitação e as
escolas passam por intensas
pressões financeiras. “A situa-
ção está se tornando mais
terrível” declarou em um
documento divulgado à im-
prensa a organização sem
fins lucrativos Defensores
PAÍSES QUE DEVEM AO BRASIL
País
Antígua e Barbuda
Congo (Brazzaville)
Cuba
Gana
Guiné
Guiné-Bissau
Mauritânia
Moçambique
São Tomé e Príncipe
Senegal
Venezuela
Zimbábue
TOTAL
ração — disse à reportagem,
por meia de sua assessoria,
que não foi informado pelo
Poder Executivo. Portanto,
não há projeto de resolução
sobre o caso e o Contrato de
Reestruturação ainda não foi
assinado. O governo Bolsona-
ro não finalizou o processo so-
das Crianças de Nova York.
O aumento na estatística é
composto principalmente por
menores imigrantes. Os estu-
dantes poderiam representar
um benefício para muitas es-
colas, ajudando aquelas com
matrículas em declínio a evi-
tar cortes orçamentários. Mas
várias lideranças escolares,
que falaram em condição de
anonimato, disseram que o sis-
tema não está fazendo o sufici-
ente para apoiá-los.
Um diretor de escola de Ma-
nhattan disse que o Departa-
mento de Educação precisa
criar um escritório para super-
visionar as questões dos imi-
grantes. Outro diretor revelou
se preocupar com o fato de que
alguns adolescentes imigran-
tes nunca alcancem o nível
educacional necessário antes
de se formarem.
A porta-voz do Departa-
mento de Educação, Jenna Ly-
le, destacou um aumento no
financiamento para escolas
com estudantes sem-teto.
Montante da dívida
(EM US$ MILHÕES)
38,8
11,1
538,4
1,9
10,4
38,8
49,2
143,0
4,6
9,5
1.172,2
14,6
2.032,5
bre a dívida de Moçambique.
Uma fonte que teve acesso
às conversas em torno da pen-
dência entre os dois países
contou à reportagem que o
acordo firmado previa paga-
mentos de parcelas semes-
trais, sendo que a primeira de-
veria ter sido paga em dezem-
Novos desafios. Alunos numa escola de Manhattan: 1 em cada 9 sem casa fixa
—É nossa prioridade contí-
nua fornecer a eles todo o
apoio e recursos à nossa dispo-
sição —afirmou ela.
O último recorde para o
número de estudantes
sem-teto na cidade havia
sido de 114,6 mil, no ano
letivo entre 2017 e 2018.
Mais de 133 mil pessoas fu-
gindo do caos político e
econômico em seus países
chegaram à Nova York des-
Sexta-feira 3 .11.2023 | OGLOBO
RICARDO STUCKERT/PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA/27-8-2023
foram priorizadas nos últi-
mos meses, assuntos de po-
lítica externa acabam ficando
em segundo plano e esses pro-
cessos dependem de como
anda a relação entre o Execu-
tivo e o Legislativo.
—Há ainda um pente-fino
sendo realizado sobre as
ações do governo anterior.
Eventualmente algum as-
pecto pode ser renegociado
ou isso pode ser colocado
em pauta em um momento
mais propício — disse.
As fontes do governo ouvi-
das pela reportagem discor-
dam que o assunto não esteja
sendo priorizado pela atual
gestão, já que, internamente, a
avaliação e a análise dessas
dívidas estão sendo feitas. Ór-
gãos do governo, e até a Presi-
dência, têm demandado infor-
mações sobre o assunto quan-
do há missões oficiais em al-
gum país devedor. O atraso pa-
ra a formalização do Comace
se dá por questões políticas,
burocráticas e institucionais.
POTENCIAL DE GÁS
Soma da África Na opinião de João Bosco
Monte, fundador e presiden-
% te do Instituto Brasil-África
(Ibraf), o Planalto pode e de-
1,91 283,07 ve buscar uma solução para
esse impasse com países de-
0,54
milhões vedores enviando ao Con-
gresso uma possibilidade de
26,49
0,09 negociação. As pendências
existentes prejudicam a pos-
0,51
sibilidade de novos negócios
1,91 porque impedem qualquer
2,42 forma de apoio oficial brasi-
7,04 leiro à exportação para os paí-
0,22
% da África ses devedores. Segundo o
0,47 13,93% presidente do Ibraf, a negoci-
ação da dívida atual pode
57,68 também dar condição de se
0,72 pensar em alguma possibili-
dade de financiamento de
100 empresas brasileiras para pa-
EDITORIA DE ARTE
íses como Moçambique.
—No momento, Moçam-
bro de 2022 e a última ficou bique tem um ativo muito in-
prevista para junho de 2027. teressante que pode ser bom
Para o professor Mario Va- para o Brasil. A descoberta da
lente, do Núcleo de Relações bacia de gás no país, e ainda
Internacionais do Instituto não explorada, pode abrir pa-
Brasileiro de Mercado de Ca- ra empresas brasileiras opor-
pitais (Ibmec/MG), como tunidades de exploração des-
questões como a reforma tri- te grande potencial econô-
butária e o arcabouço fiscal mico —destacou.
muitas escolas, os pais se en-
volveram, doando supri-
mentos, preparando refei-
ções e reclamando aos re-
presentantes eleitos sobre
os problemas. Mas há outras
BRITTAINY NEWMAN/NYT/7-10-2019
necessidades que as famí-
lias não podem resolver. Al-
guns educadores acreditam
que se aproxima uma crise
de saúde mental para as cri-
anças migrantes.
CRIANÇAS INSEGURAS
María Marín é mãe voluntária
no Brooklyn, onde cerca de
metade dos estudantes vive
em casas temporárias. Ela con-
ta que, em 2022, um menino
venezuelano deixava a sala de
aula para se sentar ao lado dela
porque sentia falta da avó .
— Para que as crianças se
sintam seguras e protegidas,
de o ano passado — a maio- elas precisam ver seus pais se
ria composta por famílias sentirem seguros e protegidos
com crianças. A cidade —afirmou ela.
contratou cerca de 100 Esta semana, no hotel Row
funcionários para ajudar NYC, convertido em abrigo,
as famílias, mas esses tra- alguns pais descreveram expe-
balhadores estão cada vez riências. A venezuelana Cin-
mais sobrecarregados. thya Quiñonez disse que foi
Para cada cerca de 560 estu- fácil matricular a filha, mas
dantes que aprendem inglês elas partirão para Utah. A ci-
como nova língua, a cidade dade pagou as passagens co-
tem aproximadamente um as- mo um esforço para encora-
sistente social bilíngue. Em jar os migrantes a partir.
OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023
Saúde
ENTREVISTA
Jim Van Os / PSIQUIATRA
Especialista diz que avanço dos tratamentos de transtornos mentais foi incapaz de deter
alta na incidência e propõe abordagem com menos prescrição e mais visão social. Para ele,
os diagnósticos falham ao ignorar individualidade e complexidade da mente humana
JESSICA MOUZO
Do El País
-
U
ma epidemia de
transtornos men-
tais varre os paí-
ses ocidentais e
sobrecarrega os
serviços de saúde, que come-
çam a mostrar suas falhas. Al-
go está errado, defende o psi-
quiatra e epidemiologista
Jim Van Os, de 63 anos.
—Quanto mais tratamos,
pior os jovens se sentem —
reflete o médico, que é dire-
tor do Departamento de Psi-
quiatria e Psicologia do Cen-
tro Médico da Universidade
de Utrecht, na Holanda, e
professor da Universidade de
Londres, no Reino Unido.
Van Os tem questionado os
fundamentos da psiquiatria
moderna há anos e propõe
uma mudança em direção a
cuidados verdadeiramente
“biopsicossocioexistenci-
ais”, em que a experiência do
paciente seja o centro de uma
abordagem terapêutica alta-
mente individualizada.
Oespecialista conta, na en-
trevista a seguir, como ficou
obcecado, desde os anos em
que era estudante de Medici-
na, pela “diferença entre a te-
oria da psiquiatria e a expe-
riência do paciente”. Suas
próprias vivências com pa-
rentes próximos que sofriam
de sintomas psicóticos, dis-
tantes do que aprendeu na fa-
culdade, marcaram sua for-
ma de ver a profissão.
Você conseguiu unir o que
aprendeu na faculdade com o
que vivencia com o paciente?
Existem dois tipos de conhe-
cimento com os quais traba-
lhamos hoje: o da experiência
dos usuários e da psiquiatria e
da psicologia. O que vemos na
saúde mental é que o que con-
ta mais é a experiência das
pessoas que nela trabalham.
As técnicas e medicamentos
não são tão importantes
quanto pensávamos. As taxas
de transtornos psiquiátricos
aumentam nos países euro-
peus e são alarmantes. Na
Holanda, duplicaram nos úl-
timos 15 anos e temos um
exército de psicólogos e psi-
quiatras. Há um paradoxo:
quanto mais tratamos, pior os
jovens se sentem.
Por que isso acontece?
Existem forças coletivas, e
não individuais, que fazem
com que as taxas de sofri-
mento mental aumentem.
Sabemos, por exemplo, que
se a alimentação for deficien-
te, há mais doenças cardio-
vasculares e câncer. Estamos
aprendendo também que o
clima social e existencial em
que vivem os jovens causa al-
go em suas mentes.
Mas por que agora?
O que as pesquisas e os jo-
vens dizem é que existe um
clima de competitividade.
O sucesso é uma escolha e,
se não o alcançarmos, esco-
lhemos mal, somos tolos. E
há também um clima de iso-
lamento porque, embora
haja mais contato nas redes
sociais, isso não proporcio-
‘QUANTO MAIS OS
TRATAMOS, PIOR OS
JOVENS SE SENTEM’
na mais laços, e sim mais so-
lidão. E também há mais vi-
gilância: as pessoas têm me-
do de não parecerem nor-
mais porque se os outros te
enxergam como diferente,
você se sente mal.
Você diz que os psiquiatras
ainda estão no processo de
compreender os problemas
de saúde mental. Falta que
peça do quebra-cabeça?
Conhecer a mente. Resolve- to, pensar e falar sobre ela e
mos esse problema dizendo analisá-la, para que tenham
que existem diagnósticos. Se mais empoderamento.
você diz que tem esquizofre-
nia, não há necessidade de sa- A medicina padroniza o
ber mais sobre os reais proces- conhecimento e a abordagem
sos mentais e a experiência de aos pacientes. Isso não pode
quem a têm. Cientificamen- ser feito na saúde mental?
te, esses diagnósticos não fun- Psiquiatras e psicólogos têm
cionam, pois não captam a ex- dito que a mente é algo que
periência das pessoas. Há podemos prever, analisar na
muita heterogeneidade e va-
riação. E estamos tentando o
impossível: compreender a
mente pelo fenômeno da
consciência. O que propomos
é um modelo de sofrimento
mental em vez de um diag-
nóstico. Assim, podemos
compreender e pesquisar me-
lhor os fenômenos de recupe-
ração. Podemos ajudar as pes-
soas a relativizar e olhar a ex-
periência com distanciamen-
CHEIA DE AR?
Embalagens infladas, um mistério
NA WEB Saco estufado de salgadinhos industriais tem a função de conservar produto
ciência linear, causa e efeito,
mas estamos aprendendo
que não é esse o caso, é algo
mais complexo. Não tivemos
sucesso em encontrar os me-
canismos cognitivos e bioló-
gicos, não encontramos as
causas, não encontramos bi-
omarcadores... A mente é al-
go diferente, não existe causa
e consequência, existem in-
terações entre milhares de
causas que mudam ao longo
do tempo do paciente.
Essa visão parece lançar uma
bomba sobre os princípios da
psiquiatria moderna.
A bomba já aconteceu, cha-
ma-se ciência aberta. Há al-
guns anos, na (revista cien-
tífica) Science, houve uma
publicação em que tenta-
ram replicar o conhecimen-
| 15
PARA
ACESSAR
APONTE
O CELULAR
PARA
O QR CODE
DIVULGAÇÃO/UNIVERSIDADE DE UTRECHT
to básico da psicologia e
descobriram que não era
possível, apenas consegui-
am 30%. E na psiquiatria bi-
ológica tivemos exatamen-
te o mesmo problema: os
resultados publicados du-
rante 30 anos não são repli-
cáveis. Mas isso também é
ciência e nos ajudará a de-
senvolver algo melhor.
Mas muitas pessoas com
problemas de saúde mental
foram curadas pelos
tratamentos.
Eles funcionam. Mas não co-
mo pensamos. A metaciên-
cia estabeleceu que as psico-
terapias não dão certo pelos
esquemas terapêuticos em
si, mas pela função ritual
dentro do relacionamento.
Você se torna emocional-
mente ligado à pessoa. O que
você causa nessa relação é
motivação para mudar. Se o
ritual for compatível com a
forma como o paciente vê o
mundo, ele funciona.
Então é uma questão de fé?
É uma questão de relaciona-
mento. Ele dá motivação e
faz com que a pessoa tenha
fé em suas capacidades. Eu
uso muito pouco antide-
pressivos porque há cada
vez mais ciência aberta so-
bre eles e achamos que não
funcionam muito bem. Pro-
vavelmente há um pequeno
grupo de pessoas que tem
uma resposta muito boa e é
por isso que há um benefício
nos ensaios clínicos rando-
mizados, mas na grande
maioria não tem efeito.
E isso acontece, na sua
opinião, com todos os
psicotrópicos?
O que vemos é que o lítio e os
antipsicóticos desempe-
nham um papel melhor do
que os antidepressivos. Es-
tamos nos tornando mais
críticos em relação ao mo-
delo de prescrição crônica,
porque não compreende-
mos as alterações cerebrais
causadas pelos medicamen-
tos e pelo uso a longo prazo.
Antes falávamos em dar an-
tipsicóticos a vida toda, ago-
ra dizemos que, depois de
seis meses ou um ano, é pre-
ciso tentar reduzi-los.
Por que você diz que a
esquizofrenia não existe?
O sofrimento mental é real,
existe, mas o que não existe
é a categorização. Estamos
“Psiquiatras e dizendo à população que a
psicólogos têm dito esquizofrenia existe, mas o
que existe, cientificamen-
que a mente é algo te, é a suscetibilidade para
que podemos prever, desenvolver ideias inusita-
analisar na ciência das e ouvir vozes quando há
linear, causa e efeito, estresse. É uma suscetibili-
dade, uma sensibilidade.
mas estamos Por que não introduzem um
aprendendo que esse novo diagnóstico, a síndro-
não é o caso, há algo me de suscetibilidade à psi-
mais complexo cose? Seria dizer às pessoas
envolvido” que todos temos suscetibili-
dades e, quando há estresse,
um começa a beber, outro
“Existem forças fica ansioso e outro psicóti-
coletivas, e não co. Quando falamos que al-
individuais, que fazem guém tem sintomas nessa
situação, é sinal de que ele
com que o sofrimento precisa aprender a gerir es-
mental aumente” sa suscetibilidade.
16 | Saúde Sexta-feira 3 .11.2023 | OGLOBO

RECEITA tá relacionado a condições climáticas como

temperaturas mais altas e padrões de chuva.
DE MÉDICO Chuvas e enchentes podem contaminar fon-
tes de água potável, levando à propagação de
doenças como cólera e leptospirose.
Variações na qualidade do ar, muitas vezes
influenciadas pelo clima, podem afetar do-
Ludhmila Abrahão Hajjar enças respiratórias. Ondas de calor podem
Professora titular de Emergências
da FMUSP e diretora da Cardiologia
intensificar a formação de poluentes atmos-
do Hospital Vila Nova Star, em SP féricos que exacerbam condições como asma
e doença pulmonar obstrutiva crônica. Essas
Como o clima ondas, que estão mais frequentes devido às
mudanças climáticas, podem resultar em de-
sidratação, aumento de trombose e eventos
afeta a saúde
cardiovasculares que podem ser fatais, sobre-
tudo para idosos e outros grupos vulneráveis.
Eventos climáticos extremos, como ciclo-
soas mais suscetíveis a doenças. Podem ainda
alterar ecossistemas, impactando a biodiver-
seja, para combater a crise climática, as na-
ções, incluindo o Brasil, assinaram o acordo,
sidade e o equilíbrio de doenças no ambiente.
O aumento das temperaturas, juntamente
que entrou em vigor em novembro de 2016.
Aprincipal meta é manter o aumento da tem-
com a desflorestação, pode elevar a frequên- peratura do planeta bem abaixo dos 2°C, para
cia de incêndios florestais e até transformar garantir um futuro com baixa emissão de car-
partes dessas áreas em savana, o que teria bono, adaptável, próspero e justo. A emissão
consequências catastróficas para a biodiver- de certos gases tem provocado o agravamen-
sidade e os padrões climáticos. Setores de- to do efeito estufa e do aquecimento global.
pendentes de condições Ela ocorre em razão da intensa queima de
É essencial que climáticas específicas, combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão
o Brasil adote
políticas
como o turismo e a pes-
ca, podem ser afetados.
Em resposta a esses
mineral), por atividades agrícolas e pelo des-
matamento de florestas tropicais.
Nossas principais metas são: aumentar o
proativas de
mitigação e desafios, é essencial que uso de fontes alternativas de energia e a parti-
adaptação às o Brasil adote políticas cipação de bioenergias sustentáveis na matriz
mudanças proativas de mitigação e energética brasileira para 18% até 2030; utili-

O clima e a saúde de um país têm ligação in-

trínseca. As variações climáticas podem
influenciar a ocorrência, distribuição e pre-
valência de várias doenças, especialmente as
infecciosas. Muitas têm como vetores mos-
quitos, carrapatos e pulgas. A malária, trans-
mitida por mosquitos Anopheles, pode se tor-
nar mais prevalente em áreas onde o aumen-
to das chuvas cria mais habitats para a repro-
dução do inseto. O vírus da dengue, transmi-
tido pelo mosquito Aedes aegypti, também es-
nes, secas e inundações, podem deslocar
grandes populações, criando condições de
superlotação em abrigos temporários e, as-
sim, aumentar o risco de surtos de doenças.
Desastres naturais também podem ter im-
pactos profundos na saúde mental das pesso-
as afetadas, levando a condições como estres-
se pós-traumático, ansiedade e depressão.
Variações climáticas podem afetar a produ-
ção agrícola, levando à insegurança alimen-
tar e à má nutrição, o que pode tornar as pes-
climáticas adaptação às mudanças
climáticas, focando em
práticas agrícolas sustentáveis, conservação
de recursos hídricos, proteção de ecossiste-
mas, infraestrutura resiliente ao clima e fo-
mento à pesquisa científica.
Em 2015, durante a COP 21 (21ª Conferên-
cia das Nações Unidas sobre as Mudanças
Climáticas), foi firmado o Acordo de Paris,
um compromisso de 195 países para a redu-
ção da emissão de gases do efeito estufa. Ou
zar tecnologias limpas nas indústrias; melho-
rar a infraestrutura de transportes; e restaurar
e reflorestar até 12 milhões de hectares.
Àmedida que as transformações climáticas
avançam em ritmo acelerado, a saúde dos
brasileiros torna-se cada vez mais vulnerável.
Não se trata apenas de uma questão ambien-
tal. Se não houver ações concretas e imedia-
tas, seremos testemunhas não apenas da de-
terioração do planeta, mas da saúde e do
bem-estar de gerações presentes e futuras.

Cientistas
WIKIMEDIA COMMONS

descobrem
sinal inicial
do Alzheimer
Antes dos sintomas, mitocôndrias no
cérebro exibem alteração que pode
auxiliar diagnóstico precoce da doença

BERNARDO YONESHIGUE
bernardo.yoneshigue@oglobo.com.br
“Essa doença começa a se
desenvolver 20 anos antes
-
do início dos sintomas, por

A doença de Alzheimer é
uma das principais cau-
sas de demência na popula-
ção. Os sintomas avançados
são bem conhecidos, como
o declínio cognitivo, a perda
de memória e da autono-
mia. Mas cientistas têm se
voltado cada vez mais para
descobrir marcadores inici-
ais do quadro, que permi-
tam um diagnóstico preco-
ce — estágio em que há no-
vas opções terapêuticas pa-
ra retardar a patologia.
Nesta semana, pesquisa-
dores do Instituto Karo-
linska, na Suécia, publica-
ram um estudo na revista ci-
entífica Molecular Psychia-
try em que descreveram um
sinal precoce do Alzheimer
até então desconhecido: um
aumento metabólico nas mi-
tocôndrias de uma parte do
cérebro chamada hipocam-
po. Para os responsáveis pelo
trabalho, a descoberta abre
caminho não apenas para um
diagnóstico mais cedo, mas
para novos métodos de inter-
venção precoce na doença.
isso é importante detectá-la
precocemente. Especial-
mente tendo em conta os
medicamentos retardado-
res que estão começando a
chegar. Alterações meta-
bólicas podem ser um fator
diagnóstico importante nis-
so”, diz Per Nilsson, profes-
sor associado do Departa-
mento de Neurobiologia,
Ciências do Cuidado e Soci-
edade do Instituto Karo-
linska, em comunicado.
As medicações citadas por
Nilsson são principalmente
o lecanemabe, vendido com
o nome comercial de
Leqembi nos Estados Uni-
dos, onde foi aprovado neste
ano, após pedido da farma-
cêutica japonesa Eisai e da
americana Biogen. É um an-
ticorpo direcionado à elimi-
nação das placas de proteína
beta-amiloide, que se acu-
mulam no cérebro de paci-
entes com Alzheimer.
O remédio representa
uma nova fronteira no trata-
mento da doença, mas ainda
enfrenta uma série de limita-
Labirinto. Imagem microscópica dos neurônios de ratos; estudo analisou atividade de mitocôndrias antes da formação das placas características da doença
ções: é destinado apenas a
pessoas com Alzheimer
muito inicial, apresenta ris-
cos, como de hemorragia ce-
rebral, retarda em apenas
27% da taxa de declínio cog-
nitivo e não impede o agrava-
mento eventual do quadro.
Ainda assim, para que a
nova alternativa possa ser
ao menos considerada é es-
sencial que os diagnósticos
sejam feitos cada vez mais
cedo. Por isso, o time sueco
utilizou camundongos com
um modelo de Alzheimer
semelhante ao de humanos
para estudar o desenvolvi-
mento da doença antes da
formação das conhecidas
placas amiloides.
Eles observaram um au-
mento do metabolismo nas
mitocôndrias em animais
jovens, que foi seguido por
alterações nas sinapses do
cérebro. Essas alterações in-
terferiram no sistema de re-
ciclagem celular, a autofa-
gia, que é responsável justa-
mente pelo descarte de
substâncias para que elas
não se acumulem no órgão.
PRIMEIRO SINAL
“Curiosamente, as mudan-
ças no metabolismo podem
ser vistas antes que qualquer
uma das placas insolúveis
características do Alzhei-
mer se acumule no cérebro.
O diferente equilíbrio ener-
gético corresponde ao que
vimos nas imagens do cére-
bro com Alzheimer (já diag-
nosticado), mas agora detec-
tamos essas alterações nu-
ma fase anterior da doença”,
diz Maria Ankarcrona, pro-
fessora do Instituto.
As mudanças no metabo-
lismo das mitocôndrias fo-
ram observadas no hipo-
campo, estrutura do cére-
bro que desempenha um
papel importante na me-
mória de curto prazo e que
é afetada no início do pro-
cesso patológico do Alzhei-
mer. Os pesquisadores uti-
lizaram então microscopia
eletrônica e outras técni-
cas para avaliar as mudan-
ças nas sinapses que ocor-
riam em seguida.
Com isso, descobriram
que as vesículas chamadas
autofagossomos, que reali-
zam o processo de autofa-
gia, se acumularam nas si-
napses, interrompendo o
funcionamento. Para Nils-
son, isso abre caminho para
um novo tratamento:
“Essas descobertas desta-
cam a importância de man-
ter as mitocôndrias funcio-
nais e o metabolismo normal
das proteínas. No futuro, po-
deremos fazer testes em ra-
tos para ver se novas molécu-
las que estabilizam a função
mitocondrial e autofágica
podem retardar a doença”.

Empresa britânica promete bebida que ‘cura ressaca’ co, que são os responsáveis
pelo mal-estar, além de so-
brecarregar o órgão.
O experimento envolveu
Safety Shot é um suplemento com vitaminas, minerais e outros compostos para decompor o álcool; efeito não é comprovado voluntários que consumiram
o álcool durante uma hora, e
então ficaram 30 minutos

A empresa Safety Shot Inc.

prepara para o início de
dezembro o lançamento no
Reino Unido da primeira
bebida que promete reduzir
a ressaca ao acelerar a que-
bra do álcool e reduzir seu
nível no organismo em ape-
nas 30 minutos. O produto
leva o mesmo nome da em-
presa, algo como “shot de
segurança”, em português.
O produto estará disponí-
vel inicialmente em sites,
distribuidoras, restaurantes
e bares britânicos. Ainda
não há previsão para a bebi-
da chegar ao Brasil.
A companhia, fundada em
2018, patenteou sua fórmula
que supostamente acelera o
processo de desintoxicação
do álcool no corpo humano,
ou seja, que deve ser ingerida
após o consumo de bebidas
alcoólicas para reduzir seus
efeitos nocivos. Segundo a
empresa, a composição en-
volve vitaminas, minerais e
nootrópicos, compostos que
levam a fama de auxiliar o de-
sempenho cognitivo.
A Safety Shot afirma que a
formulação, uma espécie de
suplemento, atua em quatro
mecanismos para dar fim à
ressaca. Um deles seria com
o estímulo à atividade do sis-
tema nervoso central para
reduzir o impacto do álcool.
O outro, pela quebra mais
rápida do álcool e aumento
da função hepática.
“O fígado leva algumas
horas para metabolizar cada
grama de álcool e essa ação é
limitada (ele só consegue li-
dar com uma certa quanti-
dade de álcool de uma vez).
O álcool continua no san-
gue, aumentando ainda
mais o seu nível até que pos-
sa ser metabolizado. Safety
Shot decompõe esse álcool
ajudando a convertê-lo em
substâncias que são facil-
mente removidas pelo cor-
po”, diz a empresa.
Por fim, a Safety Shot alega
que o produto age na redução
da desidratação e evitar que o
álcool residual seja absorvido
no intestino por meio da cria-
ção de um escudo ao redor da
parede do órgão. A empresa
diz que isso reduziria a ten-
dência a náuseas e vômitos.
A Safety Shot cita um estu-
do recente, divulgado em ou-
tubro, que sugeriu um efeito
da bebida na redução do álco-
ol no sangue. Isso seria positi-
vo porque, ao chegar no fíga-
do, o álcool é transformado
em acetaldeído e ácido acéti-
sem beber. Nesse momento,
eles passaram por testes de
sobriedade e tiveram os ní-
veis de álcool na corrente
sanguínea medidos.
O trabalho, no entanto,
não foi revisado por pares e
publicado numa revista ci-
entífica. Além disso, a em-
presa não especificou o nú-
mero de voluntários e ou-
tras informações importan-
tes sobre os testes. Por isso, o
real impacto da bebida ain-
da é alvo de dúvidas.
OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023 | 17

NA ZONA OESTE PARA

Rio
ACESSAR

Ataque a tiros deixa cinco pessoas feridas APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Tentativa de homicídio aconteceu na Comunidade do Sapo, em Senador Camará O QR CODE

OBRAS NO ACESSO AO AEROPORTO

RUMO AO GALEÃO
Prefeitura vai recapear pistas, implantar faixa
exclusiva e criar linha expressa de ônibus
LUIZ ERNESTO MAGALHÃES
luiz.magalhaes@oglobo.com.br
ABRINDO CAMINHOS
-

A prefeitura do Rio prevê ações para facilitar o acesso ao Aeroporto Internacional BRT TRANSCARIOCA

E m processo de retomada
de sua capacidade com o
aumento das operações de
BRT TRANSBRASIL
LINHA VERMELHA
LINHA AMARELA
LINHA VERMELHA AEROPORTO
pouso e decolagem desde o LINHA EXPRESSA DE ÔNIBUS TOM JOBIM
início deste mês, o Aero-
porto Internacional Tom Uma linha de ônibus vai fazer a ligação
Jobim/Galeão terá seus direta entre o aeroporto e o Terminal
Gentileza, no Caju. A viagem deverá FAIXA PREFERENCIAL
acessos revitalizados pela
levar 20 minutos. A partir do terminal,
prefeitura. Foi fechado um A pista da Linha Vermelha no sentido Galeão vai
o passageiro poderá pegar outra linha
pacote de intervenções, já ganhar uma faixa preferencial à esquerda, com cerca
de ônibus para a Zona Sul ou o VLT até
iniciado no fim de outubro, de dois quilômetros, entre a altura da alça de acesso
uma estação do metrô.
com o início da troca total à Linha Amarela e a entrada da Ilha do Governador.
do asfalto da Estrada do Ga-
leão, da Linha Vermelha
(da Ilha do Governador até Número de câmeras
o Caju) e de vias internas da de monitoramento
passará...
Cidade Universitária, que TERMINAL
GENTILEZA
servem de alternativa à via LA para
RE
expressa. O investimento HA
AM
A
...de 128
será de R$ 60 milhões. LIN

— A proposta é oferecer
56
melhores serviços para
quem chega e sai do Rio de
Janeiro e para aqueles que A linha expressa de ônibus
trabalham no aeroporto. sairá do Tom Jobim pela pista
do BRT Transcarioca e depois
Isso inclui outras medidas RECAPEAMENTO DO ASFALTO
vai acessar o BRT Transbrasil,
que vamos iniciar nas
indo até o Terminal Gentileza.
próximas semanas — ex- Será feita a troca completa do asfalto na
plicou o chefe-executivo Estrada do Galeão, na Linha Vermelha (da
do Centro de Operações Ilha do Governador ao Caju) e em vias da
Rio (COR), coronel Mar- Cidade Universitária. O custo total será
de R$ 60 milhões.
cus Belchior Corrêa Ben-
to. — Com a concessioná-
ria Rio Galeão, estamos EDITORIA DE ARTE

definindo novos pontos GABRIEL DE PAIVA

para paradas de táxis e veí-
culos de aplicativos nos
terminais do aeroporto.
Belchior afirmou ainda
que será criada uma faixa
preferencial com cerca de
dois quilômetros na Linha
Vermelha — a partir das
imediações da alça da Linha
Amarela, no sentido da Ilha
do Governador — até a Es-
trada do Galeão. A solução
foi criada por técnicos da
Companhia de Engenharia
de Tráfego (CET-Rio) para
agilizar o deslocamento até
o aeroporto. Não haverá se-
gregação física da faixa, ape-
nas sinalização específica e
demarcações no asfalto.
CÂMERAS DE MONITORAMENTO
Essa experiência de demar-
car a pista já foi adotada em
maior escala no Rio em
2016, durante os Jogos
Olímpicos, quando foram
implantadas faixas prefe-
renciais em corredores de
tráfego como a Linha Ama-
rela e a própria Linha Ver-
melha, para que atletas e
outros credenciados circu-
lassem de forma mais ágil
pela cidade.
—A Linha Vermelha tem
quatro faixas, sendo que a
proposta é concentrar o
trânsito em direção à Ilha
mais à esquerda, melho-
rando a sinalização para
que os demais motoristas
que seguem para a Zona
Norte ou a Baixada usem as
demais. Uma única faixa
comportaria esse tráfego,
já que apenas cerca de 30
mil veículos que usam a via
por dia têm como destino a
Ilha ou o aeroporto — afir-
mou o chefe do COR.
A operação do trânsito se-
rá reforçada também com
Linha Vermelha. Pacote de intervenções inclui troca total do asfalto da via, que ainda tem buracos e imperfeições
mais câmeras de monitora-
mento. O trecho entre a Li-
nha Vermelha e o Tom Jo-
bim passará a contar nas
próximas semanas com 128
equipamentos conectados
ao COR. Hoje, o sistema
opera com 56 aparelhos.
— Esses novos equipa-
mentos são mais sofistica-
dos, também fazem a conta-
gem de trânsito em tempo
real. Caso haja algum aci-
dente que leve a uma redu-
ção repentina da velocida-
de, o operador no COR rece-
berá um alerta, permitindo
que haja uma ação mais ágil
para solucionar o problema
—disse Belchior.
A reivindicação por me-
lhorias na infraestrutura no
entorno do Tom Jobim é an-
tiga. A diretora-executiva
do Rio Convention & Visi-
tors Bureau (Visit Rio), Ro-
berta Guimarães Werner,
destaca pesquisas que mos-
tram que turistas estrangei-
ros que vieram à cidade para
assistir aos desfiles das esco-
las de samba se queixam da
sinalização e da infraestru-
tura na saída do Tom Jobim
para as áreas turísticas:
— Além disso, em qual-
quer destino internacio-
nal, a preocupação é ofere-
cer melhor mobilidade pa-
ra quem chega à cidade a
negócios ou a lazer. Mui-
tas cidades têm acesso no
aeroporto a linhas de me-
trô. Como o Galeão é a
principal porta de entrada
internacional do Rio, toda
medida que facilite deslo-
camentos e segurança dos
usuários é inteligente e
bem vinda.
Na ausência de metrô no
aeroporto, o projeto da pre-
feitura é criar uma ligação
direta de ônibus com o Ter-
minal Integrado Gentileza,
no Caju. Isso porque, a par-
tir dali, o passageiro tem
uma série de opções. Pode-
rá, por exemplo, pegar um
outro ônibus para a Zona
Sul ou o VLT até uma das es-
tações de metrô no Centro.
E até mesmo seguir viagem
para outra cidade, devido à
proximidade com a Rodo-
viária Novo Rio.
A ideia é que os ônibus
saiam do aeroporto pela
pista do BRT Transcarioca
e acessem o Transbrasil —
que só fica pronto no início
de 2024 —, indo sem parar
até o Gentileza, onde have-
rá um lounge para os passa-
geiros. A viagem, segundo
cálculos da prefeitura, le-
vará 20 minutos. O cami-
nho será o mesmo no senti-
do contrário. A linha só não
vai operar entre 1h e 3h,
quando a circulação será
interrompida para servi-
ços de manutenção.
Boa parte dos recursos do
projeto será investida na
troca de todos os painéis
acústicos que separam a Li-
nha Vermelha do Comple-
xo da Maré. Em 2011, quan-
do a barreira foi instalada, a
medida causou polêmica e
chegou a ser interpretada
como uma forma de “escon-
der” as comunidades de
quem chega ao Rio. Por isso,
na época, optou-se por usar
em alguns trechos um ma-
terial transparente. O mu-
nicípio argumenta que a
medida tem o objetivo de
reduzir acidentes e atrope-
lamentos. O novo modelo
ainda não foi divulgado.
PONTE ESTAIADA
Ainda para facilitar o aces-
so, a prefeitura vai voltar a
permitir que táxis circulem
pela ponte estaiada na en-
trada para a Ilha, que hoje é
exclusiva para os BRTs. A
medida será estendida às li-
nhas de ônibus executivas
que transportam passagei-
ros da Barra da Tijuca e da
Zona Sul do Rio para o aero-
porto. Mas, por razões téc-
nicas e de segurança, esses
veículos não poderão ter
acesso à pista seletiva da
Avenida Brasil, que voltou a
operar há dez dias.
Também estão previstas
melhorias na iluminação
das vias de acesso. Um dos
destaques será na da Ponte
Velha, no acesso à Ilha.
As melhorias nos acessos
acontecem em paralelo ao
aumento de movimento no
Galeão. No último dia 1º,
começaram as restrições de
voos no Aeroporto Santos
Dumont, por determina-
ção da Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac), com a
redução de 30% a 35% da
oferta de partidas. O objeti-
vo é limitar as operações do
aeroporto no Centro a dez
milhões de passageiros por
ano, e assim reduzir a ocio-
sidade do Tom Jobim. As
medidas já fizeram com
que companhias que ope-
ram voos domésticos alte-
rassem suas escalas.
No projeto de melhoria
dos acessos, a prefeitura ci-
ta que o Galeão recebe ho-
je, em média, 21 mil passa-
geiros por dia, mas esse nú-
mero já chegou a 68 mil. A
perspectiva é atingir a mar-
ca de 45 mil em dezembro
com as mudanças previs-
tas. E o aumento deve ser
maior a partir de 2 de janei-
ro de 2024, quando o San-
tos Dumont terá um limite
de 6,5 milhões de passagei-
ros por ano.
A prefeitura e o governo
do estado negociaram essas
medidas com a União em
um esforço para atrair mais
rotas internacionais e naci-
onais. A companhia portu-
guesa TAP, por exemplo,
anunciou que a partir de
2024 terá 12 voos semanais
saindo do Rio contra os dez
atuais. Já a partir do próxi-
mo dia 29, a British Airways
terá dois voos adicionais se-
manais entre Rio e Londres.
De dezembro a março,
durante a alta temporada, a
Delta Airlines retomará
uma rota com Atlanta, nos
Estados Unidos, e implan-
tará uma nova conexão diá-
ria com Nova York. No ve-
rão, a American Airlines te-
rá mais três voos semanais
para Miami e quatro para
Nova York.
18 | Rio Sexta-feira 3.11.2023 | OGLOBO

Tempo
TEMPERATURA SOL E LUA Nasc. 5H06 Cheia Ming. Nova Cresc.
> 40º 37º/40º 33º/36º 29º/32º 12º/14º
25º/28º 20º/24º 16º/19º 12º/15º < 12º Poente 18H06 02/11 05/11 13/11 20/11

PREVISÃO Sol Nublado Nublado Pancadas Nublado Chuvas e Geada MARÉ Hora BAIXA 0h41m 5h51m BAIXA 13h03m 18h43m
parcialm. de chuva c/ chuvas trovoadas Altura 0,5m ALTA 1,1m 0,3m ALTA 1,1m

30°
Macapá Fortaleza
BRASIL RIO Porciúncula
18° Previsão
ZONA
SUL
ZONA
NORTE
ZONA
OESTE
SENSAÇÃO
TÉRMICA/RIO
PROBABILIDADE
DE CHUVA
Boa Vista 25°/ 34° 23°/ 32° Temporais e ventania ainda Dia de calor no estado do RJ. Bom Jesus do 31°
26°/ 35° Natal
no Sul do BR. Situação de O sol aparece com força, as Itabapoana 19° HOJE 22°/33° 21°/35° 21°/35° 24°/31° Alta
São Luís 26°/ 30°
Belém alerta em SC e PR. Calor e temperaturas disparam e volta 33°
AMANHÃ 22°/28° 21°/30° 21°/30° 25°/40° Alta
Manaus 26°/ 32° João Itaperuna NORTE São Francisco 32°
29°/ 36°
25°/ 34° temporais em SP e MG. a chover no final do dia, com 19°
de Itabapoana 21°
Pessoa Santo Antônio 32° DOMINGO 19°/25° 18°/27° 18°/27° 24°/36° Baixa
25°/ 30° Pancadas fortes no RJ e em risco para raios. Venta de Pádua 19°
Porto Velho
25°/ 36°
Teresina Recife MS e chuva avançando para o bastante no decorrer da sexta. 33° São João 32° SEGUNDA 18°/24° 17°/26° 17°/26° 22°/24° Baixa
da Barra 20°
25°/ 37° 25°/ 30° interior do NE à tarde. São Fidélis
20° Campos 33°
Rio Branco Palmas Maceió
21° TERÇA 19°/26° 18°/28° 18°/28° 21°/24° Baixa
25°/ 34° Santa Maria 27°
25°/ 34° 23°/ 32°
33° Paraíba SERRANA Madalena 17° QUARTA 22°/27° 21°/29° 21°/29° 21°/26° Baixa
Brasília Salvador Aracaju 21° do Sul Nova 26°
Cuiabá Friburgo 16°
26°/ 38° 19°/ 27° 24° / 30° 25°/ 32° 29° Visconde 33°
30°
Teresópolis
QUINTA 21°/29° 20°/31° 20°/31° 21°/29° Baixa
Valença 33°
Vitória 13° de Mauá 18° Casimiro 34° Macaé
Campo Grande 18° 21°
22°/ 33° 34° Volta de Abreu 21°
24°/ 31° 34° 18° Redonda Barra 36° Cachoeiras Rio das 33°
Belo Horizonte Resende Petrópolis de Macacu
18° do Piraí 19° Ostras 21°
19°/ 31° 34° Barra 29° 32° Silva Jardim
Goiânia
18° Mansa 35° Duque 17° 33° 31° Praias - Imprópria: Barra da Ondas - Ondas de 1,0 metro. Ventos - Rajadas de vento
21°/ 31° Rio de Janeiro SUL 19° Búzios
21°/ 35° 23° de Caxias LAGOS 22° 20° Tijuca, Barra de Guaratiba, Ondulação de leste. Melhores variando de 40 a 50 km/h na
33°
34° Araruama
31° Botafogo, Flamengo, Leblon, locais: Arpoador, Macumba maior parte do estado e até
São Paulo Mangaratiba 35° Rio de 21° Cabo Frio
22°
21°
Janeiro Niterói
Maricá Saquarema 20° São Conrado e Urca. e Prainha. 70 km/h no sul do Rio.
17°/ 32° Angra 33°
34° 34° 32°
dos Reis METROPOLITANA 23°
Porto Alegre Florianópolis Curitiba 22° 22° 21° informações: Inea informações: Ricosurf
33°
15°/ 22° 20°/ 23° 15°/ 23° Paraty
21°

Alunas de outras
HIPÓLITO PEREIRA / 01-10-2007
internação por até três anos.
— Depois de um processo
com ampla defesa, os meno-

escolas podem ter sido

res são sujeitos a medidas soci-
oeducativas. E o juiz vai esta-
belecer qual será. A interna-
ção é a mais grave de todas.

alvo de falsos nudes

Então, ela é aplicada quando
existe violência ou grave ame-
aça. Fora essas hipóteses, o
juiz pode estabelecer uma
medida ou mais medidas acu-
Polícia investiga se adolescentes amigas das vítimas em muladas —diz o advogado.
Um comunicado enviado
colégio da Barra também teriam tido fotos manipuladas pelo colégio a pais e responsá-
veis diz que a direção se soli-
darizou com as alunas e as fa-
mílias das vítimas e diz ter to-
FELIPE GRINBERG
felipe. grinberg@infoglobo.com.br
ança e Adolescente, que proí- ram diferentes plataformas mado conhecimento dos epi-
be “simular a participação de de conversa para comparti- sódios que “assustam e decep-
-
criança ou adolescente em lhas as imagens, geradas por cionam”. A nota diz ainda que

A Delegacia de Proteção à
Criança e ao Adolescente
(DPCA) investiga se o vaza-
cena de sexo explícito ou por-
nográfica por meio de adulte-
ração, montagem ou modifi-
inteligência artificial.
Ao menos 25 famílias de
vítimas procuraram a Polícia
Posicionamento. Direção do colégio disse que fatos “assustam e decepcionam”
o colégio vai tomar “medidas
disciplinares aos fatos come-
tidos, em tutela escolar” e pe-
mento de nudes falsos de alu- cação de fotografia, vídeo ou Civil para denunciar o caso. A
ouvidos os responsáveis pelo reitos da Criança e do Ado- de a compreensão de todos
nas do Colégio Santo Agosti- qualquer outra forma de re- mãe de uma das alunas afir- colégio e alguns pais de víti- lescente, Carlos Kremer ex- envolvidos “pois a condução
nho (CSA), na Barra da Tiju- presentação visual”. mou ao GLOBO que um dos mas do vazamento falso. plica que, diferentemente dos atendimento demanda
ca, Zona Oeste do Rio, tam- O crime prevê pena de re- alunos que seria responsável —É um fato grave, que será do Código Penal, a lei não tempo e não podemos tomar
bém fez vítimas de outras es- clusão de 1 a 3 anos e multa pela divulgação das imagens apurado com todo rigor. Esta- gradua a punição exata para decisões precipitadas”.
colas. As outras adolescentes para casos cometidos por disse que não seria punido mos ouvindo todos os envolvi- os atos infracionais cometi- Em nota enviada ao GLO-
que já procuraram a delega- maiores de 18 anos. No en- “porque é branco e rico”. dos. As diligências estão acon- do por menores. Sem anali- BO, o Santo Agostinho desta-
cia seriam amigas das estu- tanto, até o momento, os in- tecendo e, na próxima sema- sar o caso específico do San- ca que promove “a conscien-
dantes da unidade. vestigados pela DPCA são MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS na, os responsáveis pelo colé- to Agostinho, ele diz que o tização de atitudes e valores,
O inquérito apura se os alu- menores de idade, assim co- O delegado titular da DPCA, gio serão ouvidos —disse. ECA prevê diversas medi- a formação em assuntos liga-
nos do colégio infringiram o mo as vítimas. A investigação Marcus Vinícius Braga, disse Secretário da Comissão das socioeducativas para os dos aos relacionamentos,
artigo 241 do Estatuto da Cri- apura se os adolescentes usa- que na próxima semana serão Nacional de Defesa dos Di- infratores, de advertência a convivência e violência”.

Finados: homenagens e pedido por fim da violência —Com a evolução do mer-

cado funerário, o consumidor
vem buscando por soluções
mais personalizadas e condi-
Procura por jazigos, cerimônias mais personalizadas e até uma ‘bela vista’ nos cemitérios tem aumentado nos últimos anos zentes com as preferências in-
dividuais. Assim como pelas
GABRIEL DE PAIVA
ofertas de aquisição mais flexí-
SELMA SCHMIDT
selma@oglobo.com.br
dade. Precisamos viver e veis, permitindo a compra dos
conviver na paz uns com os jazigos perpétuos de forma an-
-
outros —disse Orani. tecipada e a preços acessíveis

O Dia de Finados no Rio foi

marcado por cemitérios
cheios, saudade e muita emo-
Lá, também houve home-
nagem a cantores e composi-
tores famosos enterrados no
—observa a CEO do empreen-
dimento, Karla Monielly.
A procura é tanta que mais
ção. Na Penitência, no Caju, local: músicos tocaram clássi- três andares estão sendo
na Zona Norte, o arcebispo cos de Nelson Sargento, Bibi construídos no cemitério
Orani João Tempesta abenço- Ferreira, Paulo Debétio, Beth vertical instalado no local.
ou os presentes e rezou uma Carvalho, Moraes Moreira e Entre os atrativos , estão o
missa. Ele escreveu uma os MCs Marcinho e Sapão. estacionamento, o conforto
mensagem com um pedido —Acho linda e importantes e até uma bela vista. Entre as
de paz que foi reproduzida em essas atividades. É uma forma opções de uso estão o cemité-
um painel no topo do cemité- de homenagem e de sentir o rio parque, vertical, além dos
rio e que ficará exposto até do- carinho de todos lá em cima — jazigos, nichos, mausoléu,
mingo, podendo ser visto de disse Eva Queiroz, que foi ao crematório e columbários.
diversos pontos da cidade, co- cemitério ontem para se sentir Já nos cemitérios do grupo
mo linhas Vermelha e Amare- mais próxima da mãe, do pai, Jardim da Saudade foi registra-
la e Avenida Brasil: “Saude- irmã, sobrinho e dos avós. do um aumento de 20% na
mos a memória dos entes busca pelos planos funerários.
queridos e a Paz no mundo”. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Dia movimentado. No cemitério São João Batista , em Botafogo, as alamedas ficaram lotadas durante todo o tempo Há também mais interesse por
— Nos dias de hoje, duas Já no Jardim da Saudade de cerimônias personalizadas, o
coisas chamam atenção: a Sulacap, na Zona Oeste, uma anônimas e famosas, que es- pultada no local em 2022. zigos está em alta. No crema- que pode significar uma con-
situação de guerra e mortes novidade: a exibição, numa tão erradas no local e cujas fa- Independentemente da da- tório e cemitério da Penitên- sequência do período sem des-
que acontecem no nosso sala, de hologramas (ima- mílias aceitaram participar ta e de inovações para tentar cia, no Caju, por exemplo, o pedidas na pandemia de Co-
mundo, que machucam e gens tridimensionais em ta- da ação tecnológica. Uma de- deixar a ida ao cemitério me- aumento é de 54% nas vendas vid-19, de acordo com os admi-
marcam muito nossa socie- manho humano) de pessoas, las é a cantora Elza Soares, se- nos dolorosa, a procura por ja- nos últimos cinco anos. nistradores das unidades.

Empresário é sequestrado na Tijuca e liberado três horas depois em Olaria inicialmente registrado.
A Polícia Militar infor-
mou que foi acionada logo
após o fato, dando início às

U m empresário foi alvo de

sequestro-relâmpago na
manhã de ontem, na Tijuca,
ras e meia rodando, seques-
trado dentro do carro— con-
tou, em entrevista ao RJ TV.
maior e que havia um outro
carro os seguindo.
O empresário revelou ain-
A vítima estava na Rua
Mariz e Barros para dar
uma entrevista à TV Globo
pediu ajuda a um desco-
nhecido que passava na ho-
ra em que foi libertado para
buscas. Já a Polícia Civil dis-
se que a investigação está
em andamento na Delega-
Zona Norte do Rio. A vítima Ele disse ainda que inici- da que os marginais o amea- justamente sobre um caso usar o celular e, assim, con- cia Antissequestro (DAS) e
foi liberada em Olaria, na almente fora abordado por çaram para passar senhas e de violência. O sequestro seguir avisar os familiares que vítima e testemunhas
Zona da Leopoldina, quase três bandidos e que, de- tentaram fazer saques em ocorreu em torno das 7h, e que estava bem. Ele pediu estão sendo ouvidas. Tam-
três horas depois de ter sido pois, um quarto homem se sua conta bancária. Além dis- o empresário só foi libera- um carro por aplicativo e bém estão sendo realizadas
levada pelos bandidos. juntou a eles. No entanto, so, fizeram compras na inter- do por volta das 10h. foi até a 18ª DP (Praça da diligências para identificar
—Foram mais de duas ho- acredita que o grupo fosse net usando seus cartões. O empresário contou que Bandeira), onde o caso foi os suspeitos.
OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023 Rio | 19

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fizeram do que reafirmar o devendo portanto ser indicando ciclovia exclusiva

Fala sério, GLO
Para enfrentar a crise na
segurança pública no Rio de
Janeiro, o governo federal
anunciou uma GLO (Garantia
da Lei e da Ordem),
restringindo a operação a
portos e aeroportos. São
esses os locais em que os
moradores vivem sob o terror
da milícia e/ou de
traficantes? Parodiando
famosa personagem da
humorista Heloísa Périssé,
fala sério!
LUIZ CÂNDIDO DA SILVA
RIO
_
O presidente Lula anunciou
operação de GLO em portos e
aeroportos no Rio e em São
Paulo para conter o crime
organizado. As Forças
Armadas irão colaborar
aumentando a atuação em
estados que fazem fronteira
com o Paraguai, rota de
entrada de armas. É mesmo?
É a mesma coisa que dizer
para o ladrão “fuja, ou será
preso”. E as outras entradas?
Devem estar de brincadeira.
Não há a mínima vontade ou
interesse em resolver essa
questão. Quem quer mesmo
combater isso não divulga o
que será feito. O crime está
centenas de anos-luz à frente
das autoridades policiais e de
segurança. E com a ajuda do
governo em divulgar o plano
de combate então... Eles
agradecem pela ajuda. Qual o
gasto dos governos federal e
estadual com polícias e
sistema de segurança
pública? Se querem dar
risadas, procurem saber. Reze
cidadão, e é o que lhe resta. O
que esperar de um sistema
que, mais uma vez, solta um
preso com alvará falso?
Aconteceu no Rio, de novo.
Então, o que vocês querem?
Eles não têm competência
nem para segurar os presos.
PANAYOTIS POULIS
RIO
Equívoco legítimo
Em seu artigo publicado no
GLOBO (“Questão de justiça”,
2 de novembro) em que
defende seu projeto de lei que
anistia quem foi indiciado
pelo dano ao patrimônio
público no 8 de Janeiro, o
senador Hamilton Mourão usa
duas vezes o adjetivo
legítimo. Primeiro quando se
refere “manifestações
legítimas” e depois sobre o
“debate legítimo”. Nos dois
casos, o senador está
equivocado. As eleições
foram limpas e transparentes,
embora o candidato apoiado
por Mourão tentasse criar
dúvidas para que não fosse
assim. Portanto, as
manifestações não eram
legítimas. O candidato da
oposição venceu sem sombra
de dúvida. Além disso, quem
comete crime deve ser punido
com os rigores da lei. Não
deveria haver um “debate”
sobre se ter condescendência
com criminosos. Por outro
lado, falta punir quem sabia
que as Forças Armadas não
fariam nenhum movimento
contra a Constituição nem
contra o novo governo e
mesmo assim alimentou a
esperança de um golpe militar
para atender a seus próprios
interesses, de seus
apoiadores e a um grupo
inconformado com a
democracia. Anistia, não.
DANIEL ALEXANDRE DOS S. SILVA
RIO
Nudes e patriarcado
No Colégio Santo Agostinho,
estudantes deram uma
demonstração categórica do
uso e da submissão do corpo
feminino, ainda no que se diz
“avanço tecnológico”, como é
o caso da Inteligência
Artificial (“Polícia investiga
criação de nudes falsos em
escola”, 2 de novembro). Os
adolescentes nada mais
sistema patriarcal. Nada mais
do que faz, cotidianamente, a
nossa sociedade no exercício
da violência doméstica, na
negação às mulheres dos
seus direitos reprodutivos, no
nosso parlamento que pratica
violência política contra as
mulheres parlamentares e
que se utiliza do poder que
lhe é conferido para editar
leis que perpetuam o
patriarcado. O sistema que
quer manter o controle do
corpo feminino, quer pelo
machismo, quer pela
violência, ainda que pelas
mãos de garotos, como foi o
caso do Colégio Santo
Agostinho. Me solidarizo com
as mães das meninas e desejo
às mães dos meninos que
consigam indicar-lhes o
caminho da igualdade entre
os gêneros.
LEONOR NUNES DE PAIVA
RIO
Os danos do álcool
Ao ler no site do GLOBO
reportagem sobre o
lançamento de bebida que
promete reduzir a ressaca
produzida pelo consumo de
álcool (“Exagerou na cerveja?
Empresa lança bebida que
promete curar ressaca ao
acelerar a quebra do álcool”, 2
de novembro”), mais uma vez
atento para o fato de que
pouquíssimo se faz em relação
ao desestímulo ao consumo
desta que é a droga que mais
mata, direta e indiretamente,
em todo o planeta. Antes da
ressaca do dia seguinte, vários
são os episódios lamentáveis,
muitas vezes de violência,
cometidos por indivíduos
alterados pelo efeito do
consumo exagerado de bebida
alcoólica. Curar os sintomas
desagradáveis no dia seguinte
não ajudará em nada a
diminuir os eventos danosos
do dia anterior.
PAULO FERNANDO R. DA CRUZ
RIO
Ávido por gastança
Lula está se tornando
marionete de Lira, assim como
era Bolsonaro! O que é que
Haddad e Simone Tebet
continuam fazendo no governo
depois de desautorizados por
seu chefe supremo e seu PT
ávidos por gastança.
CECILIA CENTURIÓN
SÃO PAULO, SP
_
Depois de Lula colocar seu
exército para bater no
presidente do BC, os juros
começaram a baixar. A
queda de braço foi ganha,
mas o compromisso de zerar
o déficit foi interrompido
pelo comandante do
executivo, que não tem
compromisso com o corte de
gastos e só pensa em gastar.
É bom o BC ficar alerta aos
sinais dados pelo Planalto.
Se não há compromisso do
lado de lá, como se
comprometer do lado de cá?
Endividar as pessoas e
sangrá-las sem pena pode
dar errado, pois esse
Lula 3 tem se mostrado ser o
governo do atraso, da
mesmice com foco em
aumento dos impostos. Boa
coisa não pode dar lá na
frente. Espera-se que os
responsáveis por fazer as
leis e aprová-las fiquem
atentos aos desmandos
dessa sanha arrecadatória.
O povo saberá cobrar nas
urnas quando dói no bolso.
IZABEL AVALLONE
SÃO PAULO, SP
Pobre Cristo
Venho demonstrar a minha
insatisfação com as
“brincadeiras” que fazem no
Monumento do Cristo
Redentor, mudando
constantemente a sua cor
original e até de roupagem. O
Cristo não é apenas uma
estátua e sim um Santuário,
respeitado e reverenciado. Ele
é avistado por grande parte da
cidade do Rio de Janeiro, além
de ser uma das Sete
Maravilhas do Mundo. Outro
dia estava todo vermelho(?).
Incrível!
Por favor, Padre Omar, deixe o
Cristo em paz.
MARIA AMÁLIA
RIO
Cemitério sujo
Ao visitar ontem, Dia de
Finados, o Cemitério São
João Batista, fui
surpreendido com o estado
de abandono.
Montes de lixo amontoados,
garrafas pets pelo chão,
entre outras coisas. Fato
esse que não acontecia em
outros anos, quando o
cemitério se preparava para
celebrar essa data.
DANIEL PEREIRA DAVID FILHO
RIO
Pedestres
perderam
Parei de caminhar e correr
na faixa compartilhada (com
prioridade para pedestres)
da Lagoa há alguns meses
com medo de que alguma
motocicleta elétrica
acabasse com a qualidade de
vida dos anos que ainda me
restam viver. Escrevi carta
para este jornal, contactei
parlamentares, mas de nada
adiantou. Me restou desistir
de usufruir de um dos
lugares mais bonitos do
mundo por falta de ação do
poder público. Hoje, decidi
verificar se após as obras de
manutenção a situação tinha
melhorado. Atônito,
verifiquei que os ícones
informando que aquilo era
uma “faixa compartilhada
com prioridade para
pedestres” estão sendo
substituídos por ícones
de veículos de duas rodas.
Verifiquei ainda que as
marcas de 100 metros
indicativas para aqueles que
correm/caminham foram
apagadas, sendo
substituídas por marcas de
500 metros para bicicletas.
Nós, pedestres, fomos
definitivamente expulsos da
Lagoa. Se alguém quiser
andar ou correr neste
maravilhoso lugar que o faça
por sua conta e risco. E se for
atropelado por um veículo
elétrico em alta velocidade
pode ser que seja processado
por estar caminhando
aonde não devia. Sou eleitor
e fã do prefeito do Rio, mas o
descaso da prefeitura
para com os pedestres
constantemente ameaçados
por veículos — não apenas na
agora ciclovia exclusiva da
Lagoa, mas em qualquer
calçada do Rio de Janeiro
—tem sido lamentável.
EDUARDO FAIRBAIRN
RIO
Assalto em ônibus
Existe uma imensa maioria
de assaltos que acontecem
dentro dos ônibus no Rio que
jamais chegam ao
conhecimento da polícia. Isso
porque as vítimas
dificilmente vão a uma
delegacia ou registram suas
queixas no site. Os motivos
são os mais diversos:
descrença, falta de tempo,
ausência de cidadania,
represália, etc. Estatística
precária dificulta muito o
trabalho de prevenção,
repressão e mapeamento do
crime. Já que a vítima quase
sempre se cala, as empresas
deveriam ter um serviço
permanente de
contato com a polícia de
modo a mantê-la informada
sobre os assaltos ocorridos
nos seus ônibus.
MARCELO DE LIMA ARAÚJO
RIO

APLICATIVO O GLOBO PODCAST HÁ 50 ANOS

Petróleo: EUA aprontam plano de emergência
O app oferece Como navegar Ao Ponto 3/11/1973
funções que A tela inicial Em Editorias, Publicado a partir
facilitam a navega- destaca o leitor das 6h, de segunda a
ção, além de unir todo o conteúdo consegue sexta, com análises e
o conteúdo on-line e on-line que pode acessar suas informações sobre o
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Novos sanduíches Mensagens para A assessoria da Casa Branca para assuntos

energéticos preparou plano de emergência para
de pescados vestir e impactar enfrentar crise mundial de combustível que
prevê, entre outras medidas, a redução da
Novidade no Clube, o Maro- AChico Rei oferece R$ 15 de velocidade dos carros e uma maior utilização do
la, na Olegário Maciel, em plena desconto ao assinante na primeira carvão como fonte de energia. O Canadá,
Barra da Tijuca, oferece 15% OFF compra, desde que em valores principal fornecer de petróleo dos EUA, anunciou
ao assinante em seus sanduíches a acima de R$ 45, e 25% OFF nas um aumento de quase 400% no imposto federal
de pescados, assinados pelo chef demais. A marca produz camisetas sobre exportação de petróleo bruto. Em Tóquio, o
Thomas Troisgros. com estampas de Ministro da Indústria e Comércio Internacional
Veja mais detalhes 15% impacto social. Saiba R$ 15 anunciou que o Japão será obrigada a conter sua
desconto desconto
em nosso site. mais no site do Clube. expansão se a crise no Mundo Árabe persistir.
 20 | Sexta-feira 3 .11.2023 | OGLOBO

MERCADO DA BOLA PARA

Esportes
ACESSAR

Real Madrid renova com Rodrygo APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Brasileiro de 22 anos terá multa rescisória de 1 bilhão de euros (R$ 5,3 bilhões) O QR CODE

MARTÍN Manchester City, atual campeão europeu, a

quem Fluminense e Boca Juniors esperam
FERNANDEZ enfrentar na decisão do Mundial de Clubes
no mês que vem, na Arábia Saudita? Fla-
mengo e Palmeiras, que recentemente do-
minaram a Copa Libertadores, precisaram
recorrer a técnicos (e métodos) portugue-
esporteglb@oglobo.com.br ses para voltar a triunfar na América do Sul
após muito tempo.
Pois o duelo entre Fluminense e Boca Ju-
Uma final niors rompe tal tradição. Estarão frente a
frente no Maracanã dois times que podem
forjou ao longo dos anos, do qual é dono e
de vez em quando empresta a outros.
É um prazer para quem se importa de fu-
tebol que o Fluminense tenha chegado à de-
cisão da Libertadores jogando de sua ma-
neira característica, com a frequente asso-
ciação de jogadores em torno da bola, com a
solidariedade ao atacar e ao defender, com
coragem, destemor. Não que esta seja uma
tarefa deste time, deste
Estarão frente a
frente no
técnico, ou de quem
quer que seja, mas o
mão de suas convicções.
Não pode ser um acaso que o último degrau
no caminho do Fluminense para a Glória
Eterna seja o Boca Juniors, o time com mais
finais na história (esta é a 12ª), em busca do
sétimo troféu para se igualar ao Independien-
te como maior campeão da história. É um
equívoco olhar para a campanha do Boca nas
fases eliminatórias —seis empates em seis jo-
gos, três classificações nos pênaltis — e con-
cluir que se trata de um time de poucos recur-
sos técnicos. “Eu fico mal quando meu time

como as antigas
ser reconhecidos a muitos quilômetros de Maracanã, Fluminense-2023 aju- não se propõe a jogar”, costuma dizer o técni-
distância, seja lá quais forem as cores que amanhã, dois da a derrubar o mito co Jorge Almirón.
estiverem vestindo. Fernando Diniz, téc- times que podem (furado, como costu- Depois de três finais brasileiras seguidas,
nico do Fluminense, gosta de se apresen- ser reconhecidos mam ser certos mitos) a Libertadores também volta a ter idiomas
tar como um representante do futebol a muitos de que a Copa Liberta- diferentes nas arquibancadas. De um lado,

C om o apagamento das fronteiras, a queda

dos muros, a maior circulação de infor-
mações, ideias e pessoas, finais como a des-
te sábado deixaram de ser confrontos de es-
colas ou de estilos historicamente identifi-
cados a clubes ou seleções. O que é essenci-
almente positivo, mas também deixa uma
sensação de pasteurização. Quão inglês é o
brasileiro, da maneira brasileira de jogar
futebol — um conceito talvez amplo de-
mais, etéreo demais, mas certamente ade-
quado para definir este tricolor. Vale o
mesmo para o Boca Juniors, um típico ti-
me argentino — ou, no mínimo, um típico
time-argentino-que-vai-longe-na-Liber-
tadores, um conceito que o próprio Boca
quilômetros de
distância
dores é uma guerra a
ser vencida com san-
gue, suor e carrinhos.
o clube que orgulhosamente se apresenta
como “la mitad más uno” da Argentina. Do
outro, aquele sobre quem Nelson Rodri-
O time de Fernando Diniz varreu o Olimpia gues ensinou: “Ser tricolor não é uma ques-
das quartas de final com uma escalação ul- tão de gosto ou opção, mas um aconteci-
tra-ofensiva, e eliminou o Inter na semifi- mento de fundo metafísico, um arranjo
nal porque nem nos momentos mais difí- cósmico ao qual não se pode — e nem se de-
ceis, quando esteve à beira do abismo, abriu seja – fugir.”

JOGOS PAN-AMERICANOS 2023

Isaquias muda rotina, mas mantém apetite

Canoísta, que compete hoje na final do C1-1000, comemora nova fase, com mais liberdade e tempo em família.
Apesar de resultado abaixo da expectativa no Mundial, ele promete ir a Paris para conquistar a medalha de ouro

WILLIAM LUCAS/COB/DIVULGAÇÃO
CAROL KNOPLOCH*
carolk@sp.oglobo.com.br
a esposa e o filho Sebastian,
SANTIAGO mas dentro do CT.
-
— Independentemente

Éto dedorente
Sebástian Pereira, ge-
de Alto Rendimen-
Comitê Olímpico do
Brasil (COB), a definição
precisa de Isaquias Queiroz:
—Ele é um leão, que não
venceu a batalha no Mundial.
Está com fome, quer ganhar.
O canoísta, dono de qua-
tro medalhas em Olimpía-
das, uma de ouro, ficou fora
do pódio no Mundial em
Duisburg, em agosto, classi-
ficatório para Paris-2024.
Herdou a vaga olímpica por
uma combinação de resul-
tados e entrou em férias.
Agora, em fase inicial de
treinos de olho nos Jogos do
ano que vem, não disputaria
o Pan de Santiago. A edição
deste ano começou “tarde”,
fora do planejamento da ca-
tegoria. Mas, segundo o téc-
nico Lauro de Souza, Isaqui-
as fez questão de viajar ao
Chile para defender o bi-
campeonato no C1-1000.
Dessa forma, o atleta não
teve preparação específica.
Mesmo assim, ontem, na
classificatória da prova, em
San Pedro de la Paz, obteve o
melhor tempo geral e avan-
çou direto à decisão, que se-
rá hoje, a partir das 9h35.
— Estamos no treinamen-
to de base. Não é adequado
para a competição. Ele está
estudando português, mas
veio para a prova de mate-
mática — comparou o trei-
nador. — Porém, pela quali-
dade que tem, vai brigar pe-
las primeiras colocações.
Ontem, logo após a prova,
Isaquias disse ao GLOBO
No ‘susto’. Isaquias Queiroz não teve preparação específica para o Pan, mas avançou à final com o melhor tempo geral e tem chance de ouro por sua qualidade
que ela foi “bem doída” e
que sentiu cansaço nas per-
nas e nos braços:
— Me sinto bem acabado
mesmo (risos). Não estou
com a melhor remada e cus-
ta para o barco deslizar. Mas
estou feliz. Se eu sair daqui
com medalha, será fantásti-
co — disse Isaquias.
O atleta ainda ficou bravo
por estar apenas na prova
individual. Para o C2-500,
Lauro optou pelos jovens Fi-
lipe Vieira, de 21 anos, cam-
peão mundial sub-23, e
Heuer Rodrigo, de 17, cam-
peão sul-americano da cate-
goria também em 2023.
Foi uma decisão técnica. A
canoagem já tem vaga olím-
pica no C1-1000, com Isaqui-
as, e buscará um lugar no C2-
500 em qualificatório no iní-
cio do ano que vem. Mas, por
já ter se classificado, Isaquias
não pode remar no C2-500.
Lauro usa o Pan para testar o
barco sem ele:
—Isso mostra que o Isaqui-
as continua o Isaquias. Quan-
do o atleta perde a vontade de
estar em todas as provas, aí
sim temos um problema.
O técnico lembra que este
ciclo olímpico, mais curto,
inviabilizou o primeiro ano
de “mais descanso para atle-
tas extraclasse”. E conta que
isso “saturou” Isaquias.
— Optei por desacelerar.
Com aquela vida de seleção,
trancado no quarto do CT,
eu teria parado faz tempo.
Hoje, tenho uma vida fora
da seleção — reflete Isaqui-
as, que ganhou o segundo fi-
lho, Luigi, em agosto. — Se
ele puxar o Sebastian (o pri-
mogênito), vou enlouque-
cer, porque ele é elétrico. Às
vezes, o bichinho fica no
meu pé 24 horas por dia.
Mas, para mim, foi a melhor
coisa que aconteceu. Desde
Sebastian, obtive meus me-
lhores resultados.
NOVA ROTINA
Por isso, a pedido de Isaqui-
as, o COB transferiu, em
maio, parte da estrutura da
seleção permanente de La-
goa Santa (MG) para Ilhéus.
O atleta quer ficar na Bahia
e perto da família. Quando
morava em Minas, ficava
em uma casa separada, com da Panam
de onde eu estiver, tenho de
dar 100%. Eu não vou para a
praia, fui três vezes no ano.
Não tem essa que estou cur-
tindo. Querer, queria. Mas o
treinamento impede — diz
Isaquias — No fim de sema-
na, dá uma preguiça arreta-
da. Porque acumula o cansa-
ço da semana. Fico em casa.
Segundo Lauro, a seleção
permanente fará “uma mes-
cla” na preparação para Pa-
ris. Parte será em Ilhéus e
parte em Lagoa Santa, onde
a estrutura foi mantida.
— Temos todos os tempos
de anos anteriores marca-
dos em Lagoa Santa e preci-
samos disso para compara-
ções e referências — diz.
Isaquias comenta que ain-
da precisa abaixar seu peso e
não vê a hora de começar os
treinos de velocidade. Para
ele, os exercícios de longa
“são chatos” e deixam o atle-
ta “preguiçoso”.
— O ano de 2023 foi dife-
rente, mas do jeito que eu
queria. Falou-se muito que
o resultado do Mundial foi
ruim, mas não foi tão ruim.
A vaga olímpica, quera o im-
portante, veio independen-
temente da medalha —pon-
dera o canoísta, enfático so-
bre Paris e vago ao falar do
futuro: — Não vou para par-
ticipar. Vou para ganhar me-
dalha. E de ouro. Depois de
Paris, posso recalcular a ro-
ta... Não sei se vou até 2028.
É Isaquias sendo Isaquias.
*A repórter viaja a convite

FUTEBOL Paris. No entanto, o 17 de outubro, em FLAMENGO A expulsão de Gerson no não está 100% fisi-
Após cirurgia, Neymar fará brasileiro indicou que Montevidéu. O atleta Instabilidade volta a final do primeiro tempo, camente. A estraté-
gostaria de ser operado se chocou com o quando o Flamengo já gia não deu certo.
recuperação em Mangaratiba novamente por Lasmar. meia De La Cruz e atrapalhar rubro-negro havia sofrido o empate, No domingo, às 16h,
Depois da cirurgia, o torceu o joelho es- expôs mais uma vez a o Flamengo enfrenta
jogador postou uma foto querdo ao pisar no fragilidade do time de o Fortaleza, no Cas-
Durou pouco mais peração em sua mansão em sua rede social, na chão. Neymar viajou Instabilidade. A Aderrota evidenciou, encontrar recursos para telão. Mais uma vez,
de quatro horas a cirur- em Mangaratiba, na cama do hospital, com a para São Paulo, onde palavra escolhida por Tite mais uma vez, a dificulda- reverter resultados Tite precisará mexer
gia do atacante Neymar, Costa Verde do Rio. mensagem “Deu tudo passou por exames ao analisar a derrota para de do rubro-negro de negativos. na equipe titular.
ontem, em Belo Hori- A operação foi conduzi- certo”. no dia seguinte que oSantos, por 2 a 1 na transformar em resultado Como tentativa de me- Pulgar e Everton
zonte. O jogador do da por Rodrigo Lasmar, Neymar se lesionou no constataram a lesão. quarta-feira passada, os momentos de domínio. lhorar a criação, o za- Ribeiro voltam, mas
Al-Hilal-SAU, que sofreu médico da seleção fim do primeiro tempo Após o diagnóstico, o resume a temporada do E, mesmo com uma das gueiro Rodrigo Caio, que Gerson e Bruno
uma ruptura do liga- brasileira e do Atlético- da derrota por 2 a 0 do camisa 10 da seleção Flamengo. O ano não ficou maiores folhas de paga- estava sem jogar há seis Henrique, expulsos
mento cruzado anterior MG. Segundo o ge, o Brasil para o Uruguai, brasileira definiu a apenas marcado pelos mento do país, a solução meses, foi improvisado diante do Santos,
esquerdo há duas sema- Al-Hilal tinha a intenção pelas Eliminatórias notícia como "mo- fracassos, mas também também não vem do no meio no lugar de cumprem suspensão
nas, deve seguir a recu- de realizar a cirurgia em Sul-Americanas, no dia mento muito triste. por más atuações. banco de reservas. Arrascaeta, que ainda automática.
OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023
Copacabana é palco de briga entre torcedores
Antes da final da Libertadores entre Boca Juniors e Fluminense, argentinos e brasileiros protagonizaram cenas
de selvageria na orla da Zona Sul do Rio de Janeiro; PM entrou em ação com balas de borracha e gás
A orla de Copacabana foi
palco de cenas de selva-
geria em diversos pontos
durante a tarde e o início da
noite de ontem, envolvendo
torcedores de Fluminense e
Boca Juniors, que chegaram
à cidade aos milhares para
acompanhar a final da Li-
bertadores, amanhã.
A principal confusão
aconteceu perto da “Fan Zo-
ne” da Conmebol, em Copa-
cabana, iniciada após uma
briga entre argentinos e tri-
colores, que provocou mui-
ta correria e assustou ba-
nhistas. Nas redes sociais,
vídeos mostram as agres-
sões, com garrafas, cadeiras
e espreguiçadeiras sendo ar-
remessadas. A Polícia Mili-
tar precisou intervir com
balas de borracha e gás de pi-
menta. Outras confusões
foram registradas ao longo
da orla de Copacabana. Dois
argentinos e um brasileiro
foram detidos.
Nathan Pacheco, de 23
anos, que estava com a na-
morada em um quiosque na
orla, ao lado da tenda da
Vitória que deu três
pontos e confiança
para o clássico
Vasco resiste ao Cuiabá na Arena Pantanal, se
recupera de tropeço em Goiânia e embala para o
jogo contra Botafogo, segunda-feira
VITOR SETA
vitor.seta@extra.inf.br
-
O s quase 30 minutos de
pressão do Cuiabá no se-
gundo tempo certamente ge-
laram a espinha do torcedor
cruz-maltino que assistia ao
que seria a vitória do Vasco
por 2 a 0 sobre o time mato-
grossense, em plena Arena
Pantanal. Mas a tarde não se-
guiu o mesmo roteiro do em-
pate contra o Goiás, na roda-
da passada — terminando
ainda com um golaço de
Orellano — e o cruz-maltino
volta ao Rio vivo na briga con-
tra o rebaixamento e com um
pouco mais de confiança pa-
ra o clássico contra o Botafo-
go, na próxima segunda-fei-
ra, em São Januário.
Agora, o time tem 34
pontos, a três do primeiro
clube fora da zona de rebai-
xamento. O próprio Goiás,
que perdeu para o Braganti-
Botafogo vê relação com CBF e arbitragem piorar
Em meio à crise em campo, acusações de Textor irritam entidades, que irão acioná-lo nas esferas desportiva e cível
ATHOS MOURA
athos.moura@oglobo.com.br
-
Eainda
m queda brusca de de-
sempenho, o Botafogo
acumula desgastes ex-
tracampo na reta final do
Brasileirão. As acusações de
John Textor contra a CBF e a
arbitragem, após a derrota
para o Palmeiras, irritaram a
entidade e a classe, que pro-
metem responder.
A CBF vai entrar com uma
ação criminal contra o dono
Conmebol, contou que pou-
co antes da confusão come-
çar um grupo de argentinos
foi para a areia, na direção
dos torcedores do Flumi-
nense, e o clima ficou tenso.
— Eles foram na direção
da Fan Zone e o clima come-
çou a esquentar. Alguns ar-
gentinos passaram pela
gente fazendo provocação.
Estávamos no quiosque
quando de repente vimos o
corre-corre e a PM no meio.
Até o momento que senti-
mos o gás. Saímos correndo
de lá —disse o torcedor.
—Isso não pode ser assim.
Estávamos curtindo a festa e
do nada eles gritaram “cor-
re, corre!”. Quando me vi-
rei, meu pai foi atingido no
chão — disse um torcedor
do Boca ao canal de televi-
são TNT Sports.
A imprensa do país vizi-
nho repercutiu a violência.
De acordo com o jornal Cla-
rín, destacando que argenti-
nos estavam na orla quando
foram “emboscados” por
um grupo de torcedores do
Fluminense.
no, voltou a ser ultrapassa-
do. Independente das con-
dições, o triunfo na Arena
Pantanal foi vital para
manter curta a distância
para fora do Z4 a sete roda-
das do fim do Brasileirão.
— Estamos lutando e va-
mos lutando até o final. Essa
vitória vai dar confiança até
o último jogo. Vai ser difícil
para todos os adversários
que nos enfrentarem, por-
que vamos dar a vida — afir-
mou o técnico Ramón Díaz
após a partida.
Sem Vegetti, seu principal
jogador de ataque, suspenso
após expulsão contra o Goi-
ás, o Vasco penou sem um
atacante com perfil de refe-
rência no jogo aéreo. O tam-
bém centroavante Sebasti-
án Ferreira, escolhido como
substituto, não fazia bom jo-
go até a participação no pri-
meiro gol, que foi seu últi-
mo ato na partida.
da SAF do Botafogo. Ao co-
mentar a expulsão de Adr-
yelson, Textor acusou a en-
tidade de ser corrupta e pe-
diu a renúncia do presiden-
te Ednaldo Rodrigues:
— Não é para vermelho,
mudou o jogo. Isso é corrup-
ção, é roubo. Me multe, Ed-
naldo, mas você precisa se
demitir amanhã. Esse cam-
peonato virou uma piada.
Como resposta, a CBF
lembrou que receberá hoje,
no Rio, o Congresso da Con-
Desafogo. Gabriel Pec, celebrado por Erick Marcus, marcou o primeiro gol do Vasco ontem na Arena Pantanal
Ramón optou por iniciar
sem Payet entre os titulares e
com dois pontas de velocida-
de, Gabriel Pec e Erick Mar-
cus. O que se viu foi um festi-
val de cruzamentos sem mui-
to perigo, que normalmente
iam de um lado a outro. Nes-
se cenário, Ferreira pouco
aparecia, com dificuldades
para impor presença na área.
Ocruz-maltino também sen-
tiu falta de Léo, barrado para
a entrada de Maicon, e per-
deu poder de saída de bola.
Foi um primeiro tempo
muito ruim das duas equi-
pes, que sofreram com o ca-
mebol. O evento contará
com os mandatários da Fifa,
Gianni Infantino, e da Uefa,
Aleksander Ceferin; além
do da confederação sul-
americana, Alejandro Do-
minguez. Ednaldo ainda se-
rá oficializado como mem-
bro do Conselho da Fifa.
Textor também entrou
na mira da Associação de
Árbitros de Futebol do Bra-
sil, que prometeu entrar
com uma nota de infração
no STJD. Em posiciona-
Esportes | 21
REPRODUÇÃO
REPRODUÇÃO
Violência. Em nota, a assessoria de que e com aeronaves fazen-
Torcedores de imprensa da Secretaria de do patrulhamento aéreo.
Fluminense e Estado de Polícia Militar in- A Conmebol pediu, nas re-
Boca Juniors formou que o policiamento des sociais, que os torcedores
brigam em no local foi reforçado com tenham “um comporta-
Copacabana policiais do batalhão do mento pacífico e harmonio-
19ºBPM, do Batalhão de so”: “Repudiamos quais-
Rondas Especiais e Controle quer atos de violência e ra-
de Multidão (RECOM), do cismo que possam ocorrer
Batalhão de Polícia de Cho- no contexto desta final”.
LEANDRO AMORIM/VASCO
0 2
Cuiabá Vasco
João Carlos, Léo Jardim,
Matheus Alexan- Paulo Henrique
dre, Marllon, Alan (Léo), Maicon,
Empereur e Medel e Lucas
Rikelme (PK); Piton; Zé
Raniele (Ronald),
Lucas Mineiro
Gabriel, Pauli-
nho (Orellano) e
(Fernando Praxedes;
Sobral) e Denil- Gabriel Pec
son (Filipe (Puma Rodrí-
Augusto); Clay-
son, Pitta (Wel-
guez), Sebasti-
án Ferreira (Alex
lington Silva) e Teixeira) e Erick
Deyverson. Marcus (Payet).
Gols: 2T: Gabriel Pec, aos 11 minutos;
Orellano, aos 54 minutos. Árbitro: Ramon
Abatti Abel (Fifa-SC). Cartões amarelos:
Paulo Henrique, Raniele e Matheus Alexan-
dre. Público: 27.604.Renda: R$ 950.940,00.
Local: Arena Pantanal (Cuiabá).
reira. O meia chutou mas- que a frustração em Goiânia
BRASILEIRO cado uma rebatida da defe-
sa do Cuiabá e acabou en-
ainda fazia eco e foi empur-
rado para trás pelo Cuiabá,
31ª RODADA contrando o atacante para- que abusou das jogadas aé-
guaio, que acertou a trave. reas, enquanto o cruz-malti-
A BRIGA DO Z4 Gabriel Pec encerrou um no tinha dificuldades para
16 Cruzeiro
P
37
J
30
jejum que durava desde se- contra-atacar.
17 Vasco 34 31 tembro para a abrir o pla- A outra boa notícia veio no
18 Goiás 32 31 car. O lance ficou marcado último contra-golpe vascaí-
19 Coritiba
20 América-MG
23
20
31
31
por uma checagem confu- no. Orellano, contratação
sa do VAR, que levou cinco mais cara da temporada e que
P: Pontos J: Jogos minutos e exibiu ângulos vinha em péssimo momento,
pouco claros. A conclusão de críticas e perda de espaço,
lor e pouco conseguiram foi que Pitta dava condição deu a volta por cima. Fez um
criar ou aplicar intensidade. a Sebastián na jogada. golaço, tirando três defenso-
O gol do Vasco, no início Após o gol, mesmo com as res do Cuiabá de uma vez da
do segundo tempo, envol- entradas de Payet e de Alex jogada e marcando seu pri-
veu Praxedes e Sebas Fer- Teixeira, o Vasco mostrou meiro gol pelo clube.
mento, a Abrafut classifi-
cou a afirmação do empre-
sário como “grave, séria e
leviana”, e acrescentou que
ele “deixou de levar em
consideração o que real-
ALEXANDRE CASSIANO
mente de fato culminou
sua inesperada e frustrante
derrota: a falha de seus pró-
prios jogadores”.
Este desgaste ocorre num
momento em que a vanta-
gem do time na liderança do
Brasileiro, que já foi de 13
pontos, cair para três (mas
com um jogo a menos do
que o segundo colocado Pal-
meiras). Fruto do segundo
turno pífio da equipe: são
três vitórias, três empates e
cinco derrotas —36,36% de
Turbulência. Os jogadores do Botafogo após a derrota para o Palmeiras aproveitamento.
 OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023

ESPORTES
MARTÍN ESTÍMULO PARA
FERNANDEZ DEIXAR O Z4
Uma final como Vasco bate o
as antigas Cuiabá fora
esporteglb@oglobo.com.br PÁGINA 20 PÁGINA 21

TATIANA FURTADO
tatiana.furtado@oglobo.com.br
COMO O TIME DO FLUMINENSE FOI MONTADO
-
JAN/2019 FEV/2019 SET/2020 JAN/2021 MAR/2021 AGO/2021 JAN/2022 JAN/2022

M ontar um time campeão

— ou que sempre está
beliscando decisões — é um
misto de competência e sorte.
E o Fluminense que disputa a
final da Libertadores amanhã
contra o Boca Juniors, no Ma-
Paulo Henrique Ganso Nino André John Kennedy Samuel Xavier Jhon Arias Fabio Germán Cano
racanã, não foge à regra. A 34 anos 26 anos 22 anos 21 anos 33 anos 26 anos 43 anos 35 anos
posteriori, fica mais fácil ana- ÚLTIMO CLUBE ÚLTIMO CLUBE ÚLTIMO CLUBE ÚLTIMO CLUBE** ÚLTIMO CLUBE ÚLTIMO CLUBE ÚLTIMO CLUBE ÚLTIMO CLUBE
lisar as escolhas em cima dos Sevilla Criciúma Base do Fluminense Base do Fluminense Ceará Santa Fé (Colômbia) Cruzeiro Vasco
resultados. Mas as idiossin- **Ficou cinco
crasias do futebol — gols per- meses
emprestado à
didos dos favoritos em mo- Custo Custo Custo Custo Ferroviária Custo Custo Custo Custo
mentos decisivos, por exem- zero R$ 7,42 milhões* zero zero em 2023 zero R$ 3,15 milhões* zero zero
plo —não permitem apontar,
ao decorrer dos acontecimen- JUN/2023 FEV/2023 JAN/2023 JAN/2023 JAN/2023 NOV/2022 JAN/2022
tos, erros e acertos de forma
tão assertiva.
Ainda assim é possível ob-
servar padrões e fatos con- TOTAL GASTO
cretos sobre esse Fluminen-
se que chega à segunda final R$ 28,07
da principal competição do milhões Diogo Barbosa Marcelo Lima Guga Keno Alexsander Felipe Melo
continente e que busca o 31 anos 35 anos 27 anos 25 anos 34 anos 20 anos 40 anos
maior título da sua história. ÚLTIMO CLUBE ÚLTIMO CLUBE ÚLTIMO CLUBE ÚLTIMO CLUBE ÚLTIMO CLUBE ÚLTIMO CLUBE ÚLTIMO CLUBE
Por mais autoral que seja o Grêmio Olympiacos Ceará Atlético-MG Atlético-MG Base do Fluminense Palmeiras
futebol do tricolor, com
uma assinatura clara do téc-
nico Fernando Diniz, a Custo Custo Custo Custo Custo Custo Custo
montagem de grande parte empréstimo zero R$ 3 milhões R$ 8,7 milhões R$ 5,8 milhões zero zero
*valores corrigidos
da equipe titular —sobretu- pela inflação EDITORIA DE ARTE

do os 11 mais utilizados nos

APOSTAS CERTAS
jogos da Libertadores —não
passou exatamente pelas
mãos do treinador.
Em suas duas passagens
pelo tricolor (de janeiro a

Time do Flu foi montado desde 2019

agosto de 2019 e desde
abril de 2022), Diniz só te-
ve mais ingerência nas che-
gadas dos reforços da atual

a um custo baixo para os padrões

temporada, como Guga,
Keno, Lima e Diogo Barbo-
sa, e em subir Alexsander
da base para o profissional.
Todos participaram da
campanha da Libertado-
res, e apenas o atacante
veio do Atlético-MG como
titular absoluto. Mais do
que um pedido do treina-
dor, o jogador mais reno-
mado do elenco atual, Mar-
celo, era um desejo antigo
do clube.
O mérito do técnico tem
sido saber explorar as me-
lhores características de ca-
da um dentro do seu plano
de jogo e dos limites dos pró-
prios jogadores. Com mui-
tos atletas acima dos 30
anos, Diniz tem dosado a
presença em campo de titu-
lares imprescindíveis no
seu esquema, como Marce-
lo e Ganso. Ou até achar no-
vas posições para tirar o me-
lhor rendimento de cada
um, caso de Felipe Melo, de
40 anos, que se tornou za-
gueiro titular em função da
lesão de Manoel, e, conse-
quentemente, da suspensão
do atleta ao ser pego no exa-
me antidoping.
Tampouco pode-se dizer
que a diretoria tricolor mon-
tou esse time de olho em al-
tos voos na Libertadores. No
recorte dos jogadores que
mais entraram em campo co-
mo titulares no torneio, o pri-
meiro reforço até poderia dar
certa dimensão do sonho do
Fluminense.
Porém, quando Paulo
Henrique Ganso foi contra-
tado, em janeiro de 2019, o
clube sequer estava classifi-
cado para a competição (is-
so só voltaria a acontecer
em 2021). O jogador, apesar
do talento, não vivia seu me-
lhor momento na carreira
na Europa e não renovou
com o Sevilla. Nino, outra
contratação da época, era
uma jovem promessa.
CONTRATAÇÕES SEM CUSTO
Essa, inclusive, é uma das
principais características
da gestão do tricolor sob o
comando do diretor de fute-
bol Paulo Angioni, que está
no clube desde 2018, ainda
na presidência de Pedro
Abad. Procurar no mercado
bons jogadores que não afe-
tem as finanças do clube.
Tanto que, dentro do recor-
te descrito acima, o Flumi-
nense só comprou cinco jo-
gadores, desembolsando
menos de R$ 30 milhões —
valor menor do que o Fla-
mengo gastou para ter Ayr-
ton Lucas, por exemplo —
em atletas como Nino, hoje
um dos mais valorizados do
elenco, e Jhon Arias.
Boa parte do jogadores
veio de graça. Incluindo
dois dos principais nomes
do torneio: Fábio e Ger-
mán Cano. O goleiro che-
gou no início do ano passa-
do após a SAF do Cruzeiro
decidir não renovar o con-
trato com o jogador de mais
de 40 anos. Na mesma épo-
ca, o argentino não acertou
a extensão de contrato com
o Vasco e ficou livre no
mercado. Hoje, a folha sa-
larial do departamento de
futebol gira em torno de
R$8,5 milhões, fora do
top-10 dos maiores gastos
com elenco da Série A do
futebol brasileiro.
Em entrevista recente, in-
clusive, o presidente Mário
Bittencourt, que assumiu o
clube em junho de 2019 e
está em seu segundo man-
dato, afirmou que o time de
2008, também finalista da
Libertadores, custava até
quatro vezes mais que o des-
te ano graças à s verbas da
Unimed, então patrocina-
dora e parceira.
Outra fórmula do tricolor
na montagem do time, e que
se repete há alguns anos, é
poder recorrer à famosa ba-
se de Xerém. Assim como
Marcelo veio de lá há mais
de 15 anos, hoje a equipe
tem três nomes que já se
mostraram mais do que pro-
missores: John Kennedy,
que subiu em 2021 — já foi
emprestado e retornou este
ano —; Alexsander, que fez
a estreia nos profissionais
em novembro de 2022; e o
mais “veterano” André, vo-
lante que estreou em 2020 e
hoje é o grande ativo do clu-
be, cujo valor chega a 30 mi-
lhões de euros (cerca de
R$160 milhões).

A motivação de Felipe Melo

MARCELO GONÇALVES/FLUMINENSE/31-07-2023
onde está neste momento.
Simpatia pelo Boca à par-
te, o tricolor sabe que conta

contra um ‘inimigo íntimo’ com um jogador que é cara

da Libertadores. Pelo que já
provou em campo e, acima
Zagueiro tricolor já se declarou torcedor do Boca Juniors de tudo, pela confiança que
tem conquistado dia após
dia de sua própria torcida.
De um lado, Felipe é um
DAVI FERREIRA
davi.ferreira@oglobo.com.br
dor, e por fazer provocações Felipe Melo para o Boca. jogador de estilo de alta
ao River Plate. Em entrevista à ESPN ar- intensidade, muitas ve-
-
Em junho, quando o Flu- gentina, no final de 2021, zes visto como violento,

Jogar uma final de Liber-

tadores não é novidade
minense foi ao Monumen-
tal de Núñez enfrentar o
para Felipe Melo. O volante grande rival do Boca, ele
ele mostrou sua admiração
pelo clube:
—A verdade é que o Boca
mas que nunca se esquiva
de deixar em campo a
alma e o coração. Ao mes-
bicampeão sul-americana imitou uma galinha (apeli- me encanta. Sou torcedor mo tempo, um atleta téc-
pelo Palmeiras, em 2020 e do depreciativo do River) do Boca na Argentina. Gos- nico e de bom passe, que,
2021, reinventado como para a arquibancada. No taria muito de ir até a Ar- ao recuar para a defesa,
zagueiro no Fluminense, mês seguinte, antes de gentina, depois de aposen- oferece uma saída de bola
conhece os atalhos da com- enfrentar o Argentinos tado, e ver um jogo na Bom- muito qualificada.
petição. E além de ser um Juniors, pelas oitavas de bonera, com as pessoas, —Confesso que a maior
especialista em Libertado- final, a equipe treinou no gritando. marca de todas vai ser con-
res, ele também tem uma CT do Boca, em Buenos quistar uma Libertadores
ligação com o Boca Juniors. Aires. Felipe e outros no- ‘O FLU MERECE’ pelo Fluminense. A gente
A aproximação foi provo- mes do elenco apareceram Felipe Melo chegou ao Flu- está em um clube que é
cada pelo próprio jogador, em fotos com o ex-jogador minense no início de 2022. gigantesco e que falta essa
que se tornou simpático à Juan Riquelme. Sua contratação visava tra- competição. O Fluminense
torcida “xeneize” através de Em temporadas passadas, zer mais experiência ao merece isso —afirmou ao
interações nas redes soci- chegou a se aventar uma elenco de um clube que perfil da Conmebol nas
ais, onde se declarava torce- possível transferência de sempre almejou o local ‘Me encanta’. Felipe Melo treina no CT do Boca Juniors, em Buenos Aires redes sociais.
 FOTOS DE DIVULGAÇÃO
BERNARDO ARAUJO
Especial para O GLOBO
OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023

L“Now
á vêm os Beatles, tchuru-
ruru. E está tudo bem.
and then”, a tão aguar-
SEGUNDO CADERNO segundocaderno@oglobo.com.br
dada última música dos ra-
pazes de Liverpool, pipocou
nos streamings ontem, Dia
de Finados (que não é feria-
do por lá), e sacudiu o mun-
do da música, em uma re-
percussão que seria absurda
em se tratando de um artista
que não está em atividade
há mais de meio século — se
não fossem os Beatles. A ba-
lada doce e tristonha, grava-
da por John Lennon ao pia-
no no Edifício Dakota, em
Nova York, em 1977, traz a
poesia do músico cruel-
mente assassinado em
1980, a competência de
Paul McCartney na produ- Quebra-cabeça.
ção e em instrumentos di- “Now and then’’
versos, a guitarra leve de Ge- tem voz de Lennon
orge Harrison e a batida fir- gravada em fita em
me de Ringo Starr: os Bea- 1994, baixo e piano de
tles em essência. Paul, bateria de Ringo
O single (digital e físico) e guitarras de George
traz ainda uma versão remas- recuperadas das
terizada de “Love me do” e o sessões de 1995
áudio do minidocumentário
que conta a história de “Now
and then”. Mas o som de um
filme, sem imagens, quem
ouviria? Milhões de beatle-
maníacos, é claro.
A história por trás da can-
ção está em um documentá-
rio de 12 minutos assistido
mais de um milhão de vezes
em suas primeiras 24 horas
no ar, desde que foi disponi-
bilizado no canal da banda
no YouTube, na tarde de
quarta-feira. E a questão
que mais movimentou os
debates (mais do que a pró-
pria existência da canção,
um sinal dos tempos) é
abordada sem firulas: teria
sido cometido o sacrilégio
de se recriar a voz de John
Lennon através de robôs?
— A voz é realmente do
meu pai, de uma gravação
caseira dele, em cassete —
explicou o herdeiro Sean
Ono Lennon, filho de John e

A ÚLTIMA
Yoko Ono, que definiu a
música como uma “cápsula
do tempo”. — A inteligência
artificial foi usada como
uma ferramenta para lim-

VOZ
par a gravação.

PAPEL DE YOKO ONO

A fita com o registro de Len-
non em voz e piano foi en-

DOS
tregue por Yoko a Paul Mc-
Cartney, Ringo Starr e Geor-
ge Harrison em 1994. De lá
saíram as faixas “Free as a

bird” e “Real love”, lançadas
na coletânea “Beatles An-
thology” (1995). Os três be-
atles sobreviventes (George
morreria de câncer em
2001) trabalharam as músi-
cas no estúdio com o produ-
tor Jeff Lynne (membro da
Electric Light Orchestra e
companheiro de George no
estrelado projeto The Tra-
veling Wilburys, ao lado de
pesos pesados como Bob
Dylan e Roy Orbison), mas a
tecnologia da época não
permitia que voz e piano de
“Now and then” pudessem
ser usados em um lança-
mento profissional.
Um programa de restaura-
ção de áudio de Inteligência
Artificial, usado pelo dire-
tor Peter Jackson no badala-
do documentário “The Bea-
tles: get back”, foi usado pa-
ra melhorar a qualidade da
voz de Lennon (em inglês,
criou-se o verbo “demixar”,
algo como isolar os sons e
ruídos), que pôde ser unida
ao baixo e ao piano de Paul
(que também escreveu mais
versos), à bateria de Ringo, a
guitarras de George recupe-
radas das sessões de 1995 e,
voilà, eis uma música dos
Beatles. O clipe, dirigido
por Jackson, estreia hoje.
Além de “Get back”, dispo-
nível para streaming na Ap-
ple, a tecnologia também foi
usada no relançamento do
clássico “Revolver” (origi-
BEATLES
FERRAMENTA DE nalmente de 1966, remaste-
rizado e remixado em 2022),
INTELIGÊNCIA ao lado de outro produtor,
Giles Martin — sim, filho do
ARTIFICIAL PARA maestro George Martin, co-
TRATAR A VOZ DE laborador histórico da ban-
da, morto em 2016.
LENNON E NOVOS — Lá estava ela, a voz de
VERSOS DE PAUL: John, cristalina — diz Paul,
que no dia 30 de novembro
A HISTÓRIA DA começa, em Brasília, mais
POÉTICA MÚSICA uma turnê pelo Brasil e apa-
rece no Maracanã no dia 16
DE DESPEDIDA DA de dezembro, no minidoc.
— É muito emocionante.
BANDA, QUE Todos nós estamos lá, é uma
JUSTIFICA 40 gravação genuína dos Bea-
tles. Estar trabalhando em
ANOS DE ESPERA 2023 com o grupo, e prestes
a lançar uma canção que o
público ainda não ouviu, é
muito empolgante.
A viúva de George, Olivia,
deu sua aprovação e lem-
brou os trabalhos em 1995,
na época de “Anthology”:
— George achou que as
questões técnicas eram in-
transponíveis —contou ela
em entrevistas. — Mas se
estivesse aqui hoje, sabe-
mos, Dhani (filho do casal)
e eu, que ele se uniria de co-
ração a Paul e Ringo para
completar a gravação de
“Now and then”.
Ironicamente, a melhor
das três músicas foi a última
a nascer, após uma longa
gestação.
No filme, as vozes de Paul,
Ringo, Martin e Sean são
ilustradas por imagens de di-
ferentes épocas e contam co-
mo eles conheceram a tecno-
logia através de Peter Jack-
son. O diretor neozelandês
explica como a voz de John
foi isolada do piano (o pro-
blema em 1995 era separar
os dois sons; o piano do ex-
companheiro foi regravado
por Paul, que também gra-
vou um solo de guitarra slide
no estilo de George). O hi-
perprodutivo Macca ainda
teve a ideia de incluir um ar-
ranjo de cordas, assinado por
ele ao lado do Martin júnior e
de Ben Foster.
— Escrevemos partituras
para os músicos, mas não
podíamos dizer a eles que
era uma nova canção dos
Beatles — conta Paul no fil-
me. — Ficou em segredo.
Dissemos que era uma
música minha.
EMOÇÃO DE SEAN LENNON
Todos os depoimentos são
encharcados de emoção, é
claro.
—Foi espetacular vê-los
trabalhando juntos pela úl-
tima vez, tanto tempo de-
pois da partida de meu pai
(em 1980) — lembra Sean,
nascido em 1975, cinco
anos após a separação dos
Beatles. —As pessoas têm a
impressão de que ele parou
com a música para me cri-
ar. É verdade que ele não
fez mais shows, mas estava
sempre tocando e cantan-
do em casa.
Uma clássica parceria
com o selo Lennon & Mc-
Cartney, “Now and then”
(a expressão, se tomada de
forma literal, significa
“agora e então”, mas tam-
bém é usada no sentido de
“de vez em quando”, ou “às
vezes”) fala de um amor
inconstante:
“Sei que é verdade/ É tudo
por sua causa/ E se eu conse-
guir/ É tudo por sua causa”,
canta Lennon, no começo.
As idas e vindas (que po-
dem ser uma referência a
Yoko, aos Beatles, ou apenas
à pura poesia do composi-
tor) vêm em seguida:
“E se às vezes/ Precisar-
mos começar de novo/ Bem,
saberemos com certeza/
Que eu vou te amar”.
A sutileza do poeta está no
uso da expressão “Now and
then”:
“Agora e na época (ou “Às
vezes?”)/ Eu sinto a sua fal-
ta/ Oh, agora e na época/
Quero você por perto/ Volte
sempre para mim”.
Puro Lennon. Suco de Be-
atles em 2023.
2 | Segundo Caderno Sexta-feira 3 .11.2023 | OGLOBO
DIVULGAÇÃO/PAOLA LAMBERTIN

NELSON Las hermanas.

A argentina
MOTTA Kaleema
segundocaderno@oglobo.com.br vai dividir
o palco do teatro

DE VOLTA Futuros com a

cantora

AO FUTURO
brasileira
Filipe Catto

— 1975
U m dos grandes romances de Ma-
rio Vargas Llosa é “Conversa no
Catedral”, um tradicional boteco
de Lima, quando ele era um jovem
estudante metido a revolucioná-
rio, onde bebia e mantinha longas
conversas sobre política e a histó-
ria do Peru com o veterano jorna-
lista e romancista frustrado Am-
brosio. Em uma cena crucial, o jo-
vem comunista pergunta ao vete-
rano idealista de muitas derrotas:
“Qual foi o exato momento em que
o Peru se fodeu?”
Sim, porque a história é feita de mo-
mentos de virada que mudam seu ru-
mo, e se pode identificar esses mo-
mentos-chave, que no caso do Peru

TÃO LONGE E
teria sido o golpe militar do general isolado do que uma tendên- cimento encontrou Merce-
Odría, no fim dos anos 1940, que im- cia. A curiosa relação musical des Sosa e que Paulinho
pôs uma ditadura sangrenta que entre o Brasil e seus vizinhos Moska voou junto com Jor-
afundou o país na pobreza e na vio- sul-americanos — assunto ge Drexler. Na grande linha

TÃO PERTO...
lência e durou boa parte dos anos principal do Festival Ultraso- do tempo, porém, esses são
1950. Mas isso não interessa. É só pa- nidos, que estreia hoje — é pontos isolados, cheios de
ra estabelecer uma base de raciocí- marcada por inúmeros flertes espaços vazios entre eles. E
nio. A pergunta é: ocasionais, como esse dos Pa- aí começaram a surgir as in-
“Qual foi o exato momento em que FESTIVAL ULTRASONIDOS REÚNE, A ralamas com Fito Paéz. terrogações. ¿Qué pasa?
o Rio de Janeiro se fodeu?” O Ultrasonidos tenta fazer a Por que esse intercâmbio
Provavelmente PARTIR DE HOJE, PARCERIAS INÉDITAS sua parte nessa busca por não é mais frequente? Por
em 1975, aproximações, carinhos e gen- que na escalação dos festi-
quando o ENTRE ATRAÇÕES BRASILEIRAS tilezas entre Brasil y sus her- vais de música na América
governo E LATIN0-AMERICANAS, INTERCÂMBIO manxs, sempre no mais since- do Sul existem bandas de
Geisel ro portunhol. Hoje, às 17h30, o Argentina, Chile, Colômbia
inte- POUCO FREQUENTE NOS PALCOS percussionista argentino etc., e nenhuma banda do
grou à DIVULGAÇÃO/GABRIELLE PEIGE
Agustin Rios apresenta “Tam- Brasil? Por que a escalação
força, Encontro. bores de América”. Já as resi- dos festivais de música no
sem A dupla Fémina, dências artísticas, marca do Brasil não incluem bandas
nin- criada na evento, são entre o grupo vocal de Argentina, Chile, Co-
guém Patagônia, se Fémina, da Argentina, e o te- lômbia etc.? Por que parece-
ser con- apresenta cladista afrofuturista carioca mos ouvir mais o que é pro-
sultado, o com o tecladista Jonathan Ferr, e entre a multi- duzido nos EUA e na Europa
Estado da carioca instrumentista Kaleema, tam- do que o que é feito ao nosso
Guanabara (a Jonathan Ferr bém argentina, e a cantora redor? É por causa do idio-
ex-capital, ex- brasileira Filipe Catto. As duas ma? ¿Hablamos apenas en-
A FUSÃO DO Distrito Fede- duplas — que passaram a se- glish? ¿Qué pasa?
ANTIGO ESTADO ral, o atual mu- mana juntas em estúdio —vão Respostas na ponta da lín-
DO RIO COM A nicípio do Rio) apresentar o resultado das re- gua ninguém tem. Mas exis-
GUANABARA, ao antigo Esta- sidências em shows, a partir tem novos sinais no ar e eles
do do Rio, for- das 19h, no teatro do Futuros são animadores. O grupo
DURANTE O
mando o “Esta- —Arte e Tecnologia (Rua Dois Braza, que tem o DNA dos
GOVERNO do do Rio de Ja- de Dezembro 63 - Flamengo, Paralamas, gravou com o
MILITAR, FOI neiro”. Zona Sul do Rio). grupo uruguaio Cuatro Pesos
PROVAVELMENTE O Rio de Ja- Com entrada gratuita, o fes- de Propina. Estrela emergen-
O MOMENTO EM neiro era, por CARLOS ALBUQUERQUE do grupo —em 1991, Daniel tival continua no sábado e no te, a cantora Luciane Dom,
QUE TUDO natureza e his- Especial para O GLOBO
Ek, fundador do Spotify, ti- domingo, das 11h às 20h, com que fez recentemente uma
COMEÇOU A
DESANDAR
tória, uma ci-
dade-estado,
com sua pró-
“D á-me tu amor, solo tu
amor”, pedia Herbert
Vianna, em “Trac trac”, re-
nha 8 anos e discos ainda
eram comprados —, o ál-
bum teve boa repercussão
filmes, vídeos e instalações de
artistas latino-americanos.
residência artística na Co-
lômbia, lançou um single
com o grupo local Esteban
POR AQUI
pria cultura, gravação dos Paralamas do na Argentina e abriu as por- LINHA DO TEMPO Copete y su Kinteto Pacfico.
seu sotaque, Sucesso, lançada em 1991, tas do mercado sul-america- O Ultrasonidos também E o BaianaSystem, um gigan-
sua economia, suas instituições pú- para a música “Track track”, no para o trio. No ano se- desperta reflexões sobre es- te que não para de crescer
blicas, suas tradições, seu passado do argentino Fito Paéz, gra- guinte, os PDS lançaram um se atípico relacionamento dentro da moderna MPB, vi-
cosmopolita e progressista, e foi vada quatro anos antes. O disco com regravações dos entre nosotros y los herma- ve reforçando seus laços com
usado, aparentemente, para impul- pedido foi atendido, em ter- seus sucessos em espanhol e nos. É certo que os Secos e o continente, como demons-
sionar e melhorar o atrasado e se- mos. Embora “Os grãos”, passaram a lotar estádios no Molhados saudaram o san- tram os álbuns “Ato 3: Améri-
mi-rural Estado do Rio, mas deu que trazia a música, tenha país de Maradona. Mil nove- gue latino, que João Donato ca do Sol” e “Oxeaxeexu”.
ruim, o resultado foi inverso. Foi a vendido no Brasil menos cientos noventa y uno. jogou um molho de salsa na Por essas e por outras, que
cidade que iniciou um processo de que os trabalhos anteriores Mas esse foi mais um caso bossa nova, que Milton Nas- venham mais Ultrasonidos.
decadência, na mistura de poderes
e interesses com políticos arcaicos
e seus currais eleitorais, suas tradi-
HORÓSCOPO Cláudia Lisboa
ções de atraso e coronelismo.
Nada contra o bravo povo fluminen-
se, a grande vítima do pior da política
ÁRIES (21/3 A 20/4) LIBRA (23/9 A 22/10)
da ex-metrópole que se juntou à escó- Elemento: Ar. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Áries. Regente: Vênus.
ria política e à bandidagem da ex-pro-
Elemento: Fogo. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Libra. Regente: Marte.
Você precisará dedicar esforço e dirigir suas intenções para o caminho que Você precisará exercitar sua coragem e capacidade de superação diante
víncia. Não podia mesmo dar certo. o conduzirá até a concretização de seus objetivos. Não espere os sonhos acontecerem. dos desafios que surgirão agora. Invoque toda a confiança que possui.
O Rio de Janeiro continuaria mais TOURO (21/4 A 20/5) ESCORPIÃO (23/10 A 21/11)
lindo ainda se fosse o que nunca deve- Elemento: Terra. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Escorpião. Regente: Vênus. Elemento: Água. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Touro. Regente: Plutão.

ria ter deixado de ser. Uma metrópole Reconhecer o que não poderá ser mudado e se dedicar ao que, de fato, tem Você estará em busca de um pouco de emoção para o dia, e este será o
solução, será a melhor decisão a seguir neste momento. momento ideal para tomar medidas eficientes para promover seus objetivos.
independente, com seu próprio orça-
mento e seus investimentos, desen- GÊMEOS (21/5 A 20/6) SAGITÁRIO (22/11 A 21/12)
volvendo sua cultura e sua economia Elemento: Ar. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Sagitário. Regente: Mercúrio.
Agora você terá mais clareza daquilo que antes parecia difícil de compreen-
Elemento: Fogo. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Gêmeos. Regente: Júpiter.
O sucesso estará ao seu alcance neste momento, e ao atingir seus objeti-
com seus próprios meios e dependen- der através da razão. Aproveite para acolher seus próprios processos emocionais. vos você poderá oferecer uma contribuição valiosa à sociedade.
do menos do governo federal.
O Estado do Rio continuaria feliz CÂNCER (21/6 a 22/7) CAPRICÓRNIO (22/12 A 20/1)
com sua capital em Niterói, melho-
Elemento: Água. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Capricórnio. Regente: Lua. Elemento: Terra. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Câncer. Regente: Saturno.
As maiores transformações lhe acontecerão quando você se desapegar do Você precisará reavaliar antigos objetivos pessoais com honestidade, e
rando cada vez mais como cidade mo- que impede o crescimento pessoal. Não feche os olhos para o que está na sua frente. discuti-los com amigos poderá atrair aqueles que lhe apoiarão diante dos desafios.
derna e progressista, e seu interior AQUÁRIO (21/1 A 19/2)
LEÃO (23/7 a 22/8)
agrícola e suas potencialidades, suas Elemento: Fogo. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Aquário. Regente: Sol. Elemento: Ar. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Leão. Regente: Urano.
indústrias —fora os fabulosos royalti- O dia pedirá silêncio e reflexão para lidar com sentimentos que se mostra- Diálogos estabelecidos com sensatez e maturidade lhe permitirão alcançar
es do petróleo, que nem eram imagi- rão agitados e flutuantes. Respeite o momento e preserve sua intimidade. bons acordos. Organize-se para expressar seus sentimentos de forma consciente.
nados em 1976 —, sem reparti-los
VIRGEM (23/8 A 22/9) PEIXES (20/2 A 20/3)
com o Grande Rio. Elemento: Terra. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Peixes. Regente: Mercúrio. Elemento: Água. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Virgem. Regente: Netuno.
Ah, mas os políticos ... Encontros alegres e inesperados aguardam por você ao longo do dia. Agora você se beneficiará da autonomia e solitude que deseja, e por isso
Em dez anos, cinco governadores Procure explorar locais desconhecidos e contactar os amigos de longa data. não deverá hesitar em colocar limites nas relações. Não tenha medo de se priorizar.
condenados e presos. Precisa mais? E
o que é esse atual? CORREÇÃO. Diferentemente do que saiu publicado ontem, o nome do diretor musical do programa social Neojiba é Ricardo Castro.

Editora : Gabriela Goulart (gab@oglobo.com.br). Editor adjunto: Marcelo Balbio (balbio@oglobo.com.br). Editor assistente: Eduardo Rodrigues (earodrigues@oglobo.com.br) . Diagramação: Gustavo Amaral (gdamaral@edglobo.com.br) e Jacqueline Donola
oglobo.com.br/cultura (jacque@oglobo.com.br). Telefones: Redação:2534-5703. Publicidade: 2534-4310 publicidade@oglobo.com.br Correspondência: Rua Marquês de Pombal 25, 4º andar. CEP 20.230-240
OGLOBO | Sexta-feira 3 .11.2023
Para “Planeta dos abutres”,
animação que estreou na
HBO Max. A série de ficção
científica tem história
envolvente. É uma
produção de alto nível.
Para a sétima temporada
de “Elite”, na Netflix.
As tramas dos novos
episódios definitivamente
não empolgaram. A série dá
sinais de esgotamento.
JOGOS
LOGODESAFIO
POR SÔNIA PERDIGÃO
F A E E
M
SI
R ser usadas uma vez em cada palavra. Não valem verbos, plurais e
I E R N
sirene, siri, siriema.
meeira// efêmera, enferma// ENFERMEIRA. Com a sequência de letras SI: frenesi, frésia, resina, sina, sirena,
Solução: Enfim, feira, fêmea, féria, firma, firme, infra, mirra, refém// ferina, férrea, freira, inerme, infame, ínfera,
Segundo Caderno | 3
_ SEG_Play_ TER_Play_ QUA_Play_ QUI_Patrícia Kogut_ SEX_Play_ SÁB_Play_ DOM_Patrícia Kogut
PLAY Por Anna Luiza Santiago
Com Roberta Escansette, Gabriel Menezes, Giulia Costa e Maria Eduarda Aloan• oglobo.globo.com/play • anna.santiago@oglobo.com.br • colunaplay
DIVULGAÇÃO
Às 19h Figura real Interesse...
Daniel Rangel entrou para Esta é a primeira As pesquisas pelo ator de
o elenco de “A vovó sumiu”, imagem de Renato “Friends” Matthew Perry
novela de Daniel Ortiz. Ele Góes caracterizado dispararam desde sua
viverá um estagiário nerd e para “O Homem de morte, no último sábado,
virgem, apaixonado por Ouro”, filme de segundo estudo exclusivo
Lupita, personagem de Mauro Lima sobre a do Google Trends. Subiram
Daphne Bozaski. vida de Mariel 3.360 vezes no Brasil e 980
Mariscot, um vezes no mundo, nos quatro
No Multishow violento policial dias seguintes ao ocorrido.
brasileiro acusado Já as consultas pela série
Longe da TV desde uma de vários crimes. O cresceram 1.750% no país.
participação em “Vai na fé”, ator tirou a barba
Otávio Augusto fará para o personagem. ...Em ‘Friends’...
“Cosme e Damião”, série No elenco, estão
protagonizada por Rafael ainda Luisa Arraes, “Onde assistir a ‘Friends’?”
Portugal e Cezar Maracujá. Yuri Marçal e Pedro e “Quantas temporadas
Ele será um padre. Lamin, entre outros tem ‘Friends’?” foram as
FÁBIO ROCHA/GLOBO
perguntas mais procuradas
Mar Música sobre a produção no Brasil
nos últimos dias. Ela está
“Brava mente”, que ganhou A dupla Chitãozinho & disponível na HBO Max.
o prêmio de melhor Xororó com Milton
documentário Nascimento e o filho dele, ...Perdura
média-metragem no Bright Augusto Nascimento,
International Film Festival, durante as gravações do Chandler (Perry) é o quinto
do Reino Unido, estreará no “Som Brasil”, apresentado personagem mais buscado
canal OFF em 2024. A por Pedro Bial. A próxima desde 2018. Em primeiro,
produção é sobre surfe de edição do programa vai ao ar Rachel (Jennifer Aniston).
ondas gigantes. no dia 15 de novembro Leia outros dados no site.
QUADRINHOS
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CONTANTO QUE CAIBAM
nomes próprios. UMA MENINA, UM GATO E
QUÃO GRANDE
É O UNIVERSO?
UM URSINHO,É GRANDE
O BASTANTE PARA MIM.
NADA COM COISA ALGUMA José Aguiar
FORA DE FOCO Eduardo Arruda
O CORPO É PORTO André Dahmer
BICHINHOS DE JARDIM Clara Gomes
A VIDA É UM RISCO Adão Iturrusgarai
4 | Segundo Caderno Sexta-feira 3.11 .2023 | OGLOBO
_ SEG_ Joaquim Ferreira dos Santos _ TER_ Leo Aversa_ QUA_ Ana Paula Lisboa (quinzenal) _ Martha Batalha (quinzenal)_ QUI_ Cora Rónai_ Luis Fernando Verissimo _ SEX_ Ruth de Aquino_Nelson Motta_ SÁB_ José Eduardo Agualusa_ DOM_Cacá Diegues

RUTH DE homossexual Wilde tem um anjo com um

pênis, que já foi roubado várias vezes. Marcas
AQUINO de batom decoram a estátua.
ruth.aquino@oglobo.com.br Essa “necrópole-jardim” é um espaço que
fica entre a morte, o sagrado, a História e a
política, um cemitério das utopias, onde
tros. Ao contrário. De alguma forma, homena-
geio quem viveu, pouco ou muito. Não apenas
celebridades. Anônimos me interessam. Ga-
nham vida ali porque eu não os conheci. Tenho
fotos minhas sorrindo em todos esses cemité-
rios bem cuidados.

O DIA DAS convicções ideológicas, religiosas, políticas

e sexuais tão diferentes repousam em paz e
se exibem ao mundo. Anos-luz de distância
Isso não quer dizer que eu faça pouco do
luto. Oliver Sacks, prestes a morrer de cân-
cer, escreveu uma carta em que descrevia a

ALMAS E das guerras dos vivos que causam tanta dor.

Também curto visitar o cemitério de Mont-
parnasse, onde está o eterno casal Jean-Paul
morte como “um descolamento”. Sinto que
o luto também é um descolamento, tempo-
rário ou não. A perda física ressuscita, com

DOS VIVOS Sartre e Simone de Beauvoir. E a escritora exis-

tencialista Marguerite Duras, que nasceu em
Saigon mas viveu e morreu em Paris. Em Bue-
toda a exuberância das memórias, quem se
foi. O Dia de Finados não celebra o fim dos
corpos, mas a vida das almas.

M inha mãezinha nasceu no dia 2 de no-

vembro de 1922, em casa, em São João
da Barra. O tabelião perguntou à minha avó,
Maria Júlia, se não gostaria de mudar a data
do registro para o dia 1º, de Todos os Santos,
para evitar o aniversário no Dia de Finados.
Ela rejeitou imediatamente, dizendo que a
data de nascimento de Dinah lhe traria sorte
na vida. Muita sabedoria. Mamãe foi a 17ª de
23 irmãos. Viveu 92 anos, foi amada, teve fi-
lhos, netos e bisnetos. E morreu num domin-
go de carnaval. Não acordou.
O Dois de Novembro sempre foi na família
um dia de festa por causa dela. Talvez por isso
eu goste de passear em cemitérios fora do
Brasil, projetados por arquitetos. Meu favori-
to é o Père Lachaise, o maior espaço verde do
nos Aires, percorri muito La Recoleta, uma
joia arquitetônica, com seus mausoléus de
mármore, um deles abrigando Eva Perón.
Centro de Paris, com quase 220 anos de ida- Em Washington, um passeio rotineiro meu
de. É um jardim com paisagismo impecável, é o cemitério de Arlington, onde está sepulta-
bancos, praças, ladeiras. Arquitetura neo- do John Kennedy. Gosto de ler resumos de his-
clássica, do estilo românico ao haussmania- tórias dos mortos,
no: poderíamos dizer que as 70 mil sepultu- PASSEIOS EM olhar as fotos, ver com
ras são esculturas, num museu a céu aberto. CEMITÉRIOS E que idade morreram,
O convívio no Père Lachaise é eclético. Di- A ‘FIESTA DE admirar a ornamen-
vidimos o espaço com Oscar Wilde, Jim Mor- tação. É um turismo
rison, Yves Montand, Simone Signoret, Alan LOS MUERTOS’ silencioso e calmo.
Kardec, Chopin, Balzac, Sarah Bernhardt, ME FAZEM Não são passeios
Maria Callas e Proust. A sepultura do irlandês REPENSAR A VIDA mórbidos ou sinis-
No México, é uma semana de festas, procis-
sões, cantorias e danças. O “Día de los muer-
tos” não lembra em nada nossa cultura de
lágrimas e perdas. A cidade de Oaxaca fica toda
enfeitada. São maravilhosos os rituais, os figu-
rinos, as máscaras de caveiras alegres e colori-
das, as comidas picantes, os altares com fotos
felizes de parentes mortos. O cartaz da prefei-
tura anuncia “La fiesta más viva de todas”.
Quem sabe a gratidão e a memória sejam a
melhor maneira de lembrar nossas perdas indi-
viduais, dignas e honestas. Melancolia ou triste-
za tornam o luto infinito. Vamos valorizar as es-
peranças e honrar nossas conexões em vida.

DIVULGAÇÃO

Outro ângulo.
A atriz e Leonardo
Bittencourt, que
interpreta Daniel
Cravinhos, então
namorado de
Suzane: longa foca
na investigação

A MENINA
LUCAS SALGADO história, mas o filme con- Silvero Pereira, também
lucas.salgado@oglobo.com.br
segue, mesmo assim, nos para o Prime Video. O ci-

H á pouco mais de 21
anos, no dia 31 de outu-
surpreender pela forma
como é conduzido.
neasta afirma que não tem
a intenção de fazer um

QUE AINDA
bro de 2002, o assassinato Os protagonistas contam “universo compartilhado”
de um casal da elite paulis- que se ativeram aos fatos do do crime brasileiro.
tana chocou o país. Poucos processo e ao texto do rotei- —Quero contar histórias
dias depois, o choque seria ro, não procurando saber que me desafiem e que se-
ainda maior com a desco-
berta de que a filha deles
estava envolvida no crime,
cometido pelo então na-
MATA OS PAIS sobre a vida real de seus per-
sonagens após o período re-
tratado em cena. Carla des-
taca que precisou de distan-
jam interessantes. A da Su-
zane tem um magnetismo
até hoje.

morado dela e o irmão de- CARLA DIAZ DIZ QUE SE DISTANCIOU ciar de seu julgamento pes- ‘TRUE CRIME’ E A SOCIEDADE
le. O caso Suzane von Ri- soal do caso, ou não conse- Interesse semelhante tam-
chthofen até hoje desperta DE JULGAMENTO PESSOAL PARA guiria interpretar Suzane. bém motivou Carla a aceitar
interesse (e aquele choque Ilana Casoy conta que foi os projetos.
que vem desde 2002). Na VIVER SUZANE VON RICHTHOFEN uma preocupação da equi- — Uma das coisas que
última sexta-feira, chegou NO TERCEIRO FILME SOBRE O CASO pe tratar o caso de uma for- me fizeram topar é uma
ao streaming do Amazon ma que não “retraumati- curiosidade pelo gênero e
Prime Video o drama “A zasse” as vítimas ou reafir- também por entender a
menina que matou os pais masse julgamentos contra mente humana. O true cri-
— A confissão”, dois anos ríamos contar uma histó- mo Suzane e de Leonardo os condenados. me fala sobre isso, provoca
após o lançamento de “A ria diferente. Eu diria queBittencourt e Allan Souza —Acho que vivemos nu- uma reflexão sobre a soci-
menina que matou os pais” nos dois primeiros temos Lima como Daniel e Cristi- ma era em que ainda ve- edade e sobre o que está
e “O menino que matou os um suspense familiar, e, an Cravinhos. Bárbara Co- mos uma certa irrespon- por trás de atos tão terrí-
meus pais”. neste, temos um thriller len é a principal novidade sabilidade com o true cri- veis — diz a atriz.
Com base nos autos do investigativo — diz Rapha- do elenco, na pele da dele- me no Brasil. É uma gran- Conhecida pela trabalho
processo, os dois filmes an- el Montes, roteirista do gada Helena, responsável de responsabilidade pro- em “Bacurau”, Bárbara Co-
teriores apresentavam as projeto ao lado de Ilana Ca-
pela investigação. duzir true crime, porque len vê com atenção a popu-
versões para o crime pelas soy, autora do livro “Casos — Retomar um projeto temos pessoas vivas que larização de filmes, séries,
perspectivas de Suzane e de de família: Arquivos Rich- desses, quatro anos de- estavam envolvidas no ca- documentários, livros e
seu então namorado, Daniel thofen”. — Não acho que o pois das primeiras filma- so. Temos que nos ater aos podcasts sobre crimes reais.
Cravinhos. Já o novo projeto filme seja uma continua- gens, é bem desafiador. fatos, ao que está no pro- — A sociedade brasilei-
foca sua atenção na investi- ção porque você pode as- Mas a partir do momento cesso e na investigação, e ra tem alguns traumas pa-
gação policial. sistir a ele sem ver os ante-
que nos reencontramos, a não no “ouvi dizer” — fala ra lidar — destaca. — Um
—Quando decidimos fa- riores. É uma nova manei- conexão veio imediata- a roteirista. crime como o da Suzane
zer um novo filme, ficamos ra de contar essa história.mente — conta Carla. — Diretor dos três filmes mobiliza todo mundo. O
tentando definir onde ele Acredito que esse filme sobre o caso, Mauricio Eça filme vem também para
se encaixava. É um terceiro DELEGADA NA HISTÓRIA vai causar um impacto di- agora trabalha num longa podermos nos entender
filme? É uma continua- “A confissão” conta com os ferente. Ele é mais denso e sobre o maníaco do par- como sociedade e resol-
ção? Entendemos que que- retornos de Carla Diaz co- ágil. A gente sabe o fim da que, que será estrelado por ver nossas questões.
Sexta-Feira 03.11.2023
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