Você está na página 1de 45

Luz e Óptica

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani 1

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia


(UFRB)

1
luis.mamani@ufrb.com.br
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 1 / 47
Óptica física ou ondulatória

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 2 / 47


Referências bibliográficas:

Raymond A. Serway, Jhon W. Jewett, Princípios de Física, Vol 4., 8a


edição.2
Moysés Nussenzveig, Curso de Física Básica, vol 4.
Halliday - Resnick, Fundamentos de Física, vol 4.

2
A maioria das figuras apresentadas nestas notas de aula foram extraídas deste livro.
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 3 / 47
O experimento da fenda dupla de Young

Sabe-se que ondas podem interferir construtivamente ou destrutivamente.


Esse tipo de comportamento não se limita às ondas mecânicas. Ondas de
qualquer tipo satisfazem essa propriedade. Tendo concluído que a luz pos-
sue um comportamento dual, se comporta como onda e como partícula, na
primeria parte da nossa discussão, a luz também sofre interferência constru-
tiva e destrutiva quando mais de duas ondas de luz são superpostas.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 4 / 47


O experimento da fenda dupla de Young
• A interferência de ondas foi demonstrada
pela primeira vez por Thomas Young em
1801. Na figura do lado podemos observar
uma representação esquemática do exper-
imento de Young. Frentes de onda plana
chegam na barreira, parte das ondas sofre
difração pelas fendas S1 e S2 , que agem
como fontes de ondas esféricas. Um padrão
de interferência é observado sobre a tela, onde
lugares iluminados representam interferência
construtiva e lugares escuros interferência
destrutiva. Tente reproduzir os resultados no
simulador https://phet.colorado.edu/
sims/html/wave-interference/latest/
wave-interference_all.html
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 5 / 47
O experimento da fenda dupla de Young

• Analogia com ondas mecânicas: O


mesmo padrão de interferência mostrado para
a luz pode ser observado no caso de ondas
mecânicas. Na figura ao lado mostramos
o padrão de interferência produzido numa
piscina quando duas fontes de ondas, podem
ser duas pedras jogadas na piscina. Como
pode ser observado, temos regiões onde
as ondas mecânicas sofrem interferência
construtiva, destacado pela letra A, e sofrem
interferência destrutiva, destacado pela
letra B. Tente simular os resultados no
simulador https://phet.colorado.edu/
en/simulations/wave-interference.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 6 / 47


O experimento da fenda dupla de Young
Na figura podemos observar como duas ondas podem se combinar sobre a
tela de visualização. Na figura (a) as ondas percorrem a mesma distância
até chegar na tela, elas estão em fase de tal maneira que interferem constru-
tivamente. Na figura (b) a onda inferior percorre uma distância adicional de
λ para chegar no ponto P, onde elas se encontram en fase. Já na figura (c)
a onda inferior percorreu uma distância adicional de λ/2 de tal maneira que
a superposição e destrutiva no ponto R.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 7 / 47


O experimento da fenda dupla de Young

Fontes de luz incoerentes: quando duas lâmpadas são colocadas uma do


lado da outra podemos observar interferência? Não! Porque as ondas de luz
são emitidas de maneira independente. Ondas de luz de uma lâmpada (fonte
normal) sofrem mudanças de fase aleatórias em intervalos de tempo muito
pequenos (da ordem de nanossegundo). Portanto, se existe interferência é
nesses intervalos de tempo que acontecem. Por esse motivo não temos as
condições para observar franjas claras e escuras quando duas lâmpadas estão
próximas.
Condições para interferência:
• Fontes coerentes, que significa ondas mantendo fase constante uma em
relação à outra.
• Fontes monocromáticas, que devem possuir um único comprimento de
onda ou a mesma frequência.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 8 / 47


O experimento da fenda dupla de Young

• Se a luz se propaga na direção original de-


pois de passar pelas fendas, como mostrado
na figura, não observamos interferência.
Lembrando que na apróximação da óptica ge-
ométrica esses resultados são explicados pelo
fato que o tamanho da fenda é muito maior
que o comprimento de onda da luz incidente,
λ ≪ d. Perecebam que nessa apróximação
a luz não sofre desvio “e segue seu caminho
reto” depois de passar pelas fendas.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 9 / 47


O experimento da fenda dupla de Young

• O que acontece se o comprimento de onda


é maior que o tamanho da fenda (λ ≫ d)?
A luz se propaga em direções diferentes de-
pois de passar pelas fendas, como mostrado
na figura, em este caso observamos inter-
ferência. O fenômeno da interferência pode
ser “explicado” se analisarmos a figura com de-
talhe, percebam que a luz sofre difração nas
fendas e acaba ocupando regiões onde pode-
mos usar o princípio de superposição. Isso
explica porque observamos regiões claras e es-
curas na tela.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 10 / 47


Ondas em interferência

• Em esta parte do estudo, vamos


analisar o experimento de Young desde
o ponto de vista bidimensional. Con-
siderando a distância entre as fendas
e a tela de visualização como L, a
separação entre as fendas é d, com
a fonte emitindo um comprimento de
onda (monocromática). Vamos anal-
isar o percurso que a onda que sai de
S2 percorre até chegar em um ponto
arbitrário P sobre a tela, ver figura do
lado.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 11 / 47


Ondas em interferência

• A onda inferior percorre uma distân-


cia r2 até o ponto P, enquanto que
a onda superior percorre uma distân-
cia r1 . Se desenharmos um triângulo
isósceles com lados r1 e um vértice em
P, temos que r2 = δ + r1 . Portando,
a diferença de caminhos percorridos
pelas ondas é

r2 − r1 = δ. (1)

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 12 / 47


Ondas em interferência

• Na sequência, vamos obter uma relação en-


tre δ, o ângulo θ e d, para isso destacamos o
triângulo retângulo amarelo, como mostrado
na figura. Usando a função trigonométrica
seno obtemos a seguinte relação
δ
sin θ = , → δ = d sin θ (2)
d
Portanto,
r2 − r1 = d sin θ (3)
Essa próximação é verdadeira sempre que L ≫
d.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 13 / 47


Ondas em interferência
• Interferência construtiva: se a diferença nos percursos é um multiplo
inteiro do comprimento de onda da luz, r2 − r1 = 0, ±λ, ±2λ, ±3λ, · · · ,
temos interferência construtiva,

d sin θclaro = mλ, m = 0, ±1, ±2, ±3, · · · (4)

onde m é o número de ordem, m = 0 é o máximo de ordem zero,


m = ±1 máximo de primeira ordem, etc, etc.

• Interferência destrutiva: se a diferença nos percursos é um multiplo


inteiro de λ/2, r2 − r1 = ±1/2λ, ±3/2λ, ±5/2λ, · · · , temos interferência
destrutiva,
 
1
d sin θescuro = m + λ, m = 0, ±1, ±2, ±3, · · · (5)
2

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 14 / 47


Ondas em interferência
• Usando a semelhança de triângu-
los, amarelo e vermelho, podemos
obter uma relação do triângulo retân-
gulo OPQ para obter as distâncias so-
bre a tela nas quais podemos obser-
var regiões de interferência construtiva
(claras) e destrutiva (escuras).
y
tan θ = (6)
L
Como L ≫ y , temos que a função
tangente é apróximadamente igual à
função seno, logo,
y
tan θ ≈ sin θ = , → y = L sin θ (7)
L

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 15 / 47


Ondas em interferência
• Regiões claras: usando a equação acima podemos obter a distância das
primeiras regiões claras sobre a tela θ = θclaro . Portanto,

mλ y mλ
sin θclaro = = → yclaro =L (8)
d L d

• Regiões escuras: usando a equação acima podemos obter a distância das


primeiras regiões escuras sobre a tela θ = θescuro . Portanto,

1
  
1 λ y m+ 2 λ
sin θescuro = m+ = , → yescuro =L (9)
2 d L d

Os resultados acima podem ser usados na direção contrária. Con-


hecendo y podemos determinar o comprimento de onda da luz. Na
época que Young implementou seus experimentos não se podia pensar que
partículas tenham interferência destrutiva.
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 16 / 47
Ondas em interferência

Para uma demonstração em laboratório assista os vídeos:


• https://www.youtube.com/watch?v=PVyJFzx7zig&t=47s
• https://www.youtube.com/watch?v=nuaHY5lj2AA
• https://www.youtube.com/watch?v=oeUaOw7dF0U

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 17 / 47


Exemplo
Ex. Uma tela de visualização está separada de uma fenda dupla por 4,80 m.
A distância entre as duas fendas é de 0,0300 mm. Uma luz monocromática
está direcionada no sentido da fenda dupla e forma um padrão de interfer-
ência na tela. A primeira onda escura está a 4,50 cm da linha de centro na
tela. (A) Determine o comprimento de onda da luz. (B) Calcule a distância
entre as franjas claras adjacentes.

Solução: (A) Lembrando que


1

m+ λ 2
yescuro = L (10)
d
A primeria região escura m = 0 está em yescuro = 4, 5 × 10−2 m. Podemos
calcular o comprimento de onda como segue
2 d yescuro 2(0, 03 × 10−3 m)(4, 50 × 10−2 m)
λ= = , → λ = 562nm
L 4, 80m
(11)
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 18 / 47
Exemplo

(B) A distância entre a franjas m = 0 e m = 1 é

λ 562 × 10−9 m
yclaro,m=1 − yclaro,m=0 = L = 4, 80m −3
,
d 0, 03 × 10 m (12)
yclaro,m=1 − yclaro,m=0 = 9, 00cm

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 19 / 47


Exemplo
Ex. Uma fonte emite luz visível de dois comprimentos de onda: λ = 430
nm e λ′ = 510 nm. Ela é utilizada em um experimento de interferência de
fenda dupla no qual L = 1, 50 m e d = 0, 0250 mm. Encontre a distância de
separação entre a franja clara de terceira ordem para os dois comprimentos
de onda.
Solução: Lembrando que
(
yclaro,λ = L mλ
d ,
mλ ′ (13)
yclaro,λ′ = L d ,

Calculando a franja de terceira ordem para os dois comprimentos de onda


3λ′ 3λ
yclaro,λ′ − yclaro,λ =L −L ,
d d
3(1, 50m) −9 −9

yclaro,λ′ − yclaro,λ = −3
510 × 10 m − 430 × 10 m = 1, 44cm
0, 0250 × m
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 20 / 47
Distribuição de intensidades do padrão de interferência da
fenda dupla
• Até agora focamos em determinar
o lugar onde as franjas claras e es-
curas são localizadas. Mas como a in-
tensidade da luz é distribuida sobre a
tela de visualização? Lembrando que
as fontes de luz tem que ser coer-
entes para ter interferência, as ondas
ao chegarem na fenda dupla estão em
fase, lado esquedo da barreira, e pos-
suem a mesma frequência angular ω.
Supondo que o campo elétrico no ponto P é dado por

E1 = E0 sin ω t, e E2 = E0 sin (ω t + ϕ) (14)

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 21 / 47


Distribuição de intensidades do padrão de interferência da
fenda dupla

Embora as ondas estejam em fase nas fendas, quando chegam no ponto P


elas possuem uma diferença de fase ϕ devido aos diferentes percursos que
precisam percorrer, δ = r2 −r1 . Uma diferença de caminho de λ, interferência
construtitva, corresponde a uma diferença de fase de ϕ = 2π, por exemplo.
Logo, podemos obter uma relação entre a fase ϕ e a diferença de caminho δ

λ 2π
(15)
δ ϕ

Portanto, substituindo (2) temos

2π δ 2π
ϕ= , → ϕ= d sin θ (16)
λ λ

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 22 / 47


Distribuição de intensidades do padrão de interferência da
fenda dupla
Usando o princípio da superposição podemos calcular o campo elétrico re-
sultante no ponto P

EP = E1 + E2 = E0 [sin ω t + sin (ω t + ϕ)] (17)

Temos que
      
ϕ ϕ ϕ
EP = 2E0 cos sin ω t + = A sin ω t + (18)
2 2 2

Nota: lembrando
   
A+B A−B
sin A + sin B = 2 sin cos
2 2

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 23 / 47


Distribuição de intensidades do padrão de interferência da
fenda dupla
O resultado acima mostra que a onda possui a mesma frequência ω que
a onda aoatravessar as fendas. Porém, a amplitude é diferente, A =
2E0 cos ϕ2 . Observem que quando ϕ = 0, ±2π, ±4π, · · · a amplitude é
máxima, A = 2E0 , correspondendo a interferência construtiva. Usando a
equação (16) podemos escrever


d sin θclaro = ϕ = 2πm, m = 0, ±1, ±2, · · · (19)
λ
Simplificando temos

d sin θclaro = λm, m = 0, ±1, ±2, · · · (20)

Que é exatamente igual à equação (4). Uma maneira independente de cal-


cular os lugares claros sobre a tela.
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 24 / 47
Distribuição de intensidades do padrão de interferência da
fenda dupla

Podemos proceder da mesma maneira para mostrar a equação


  onde as franjas
escuras estão localizadas. A amplitude A = 2E0 cos ϕ2 é mínima, A = 0.
quando ϕ = ±π, ±3π, ±5π · · · , correspondendo a interferência destrutiva.
Usando a equação (16) podemos escrever


d sin θescuro = ϕ = π (2m + 1) , m = 0, ±1, ±2, · · · (21)
λ
Simplificando temos
 
1
d sin θescuro = m+ λ, m = 0, ±1, ±2, · · · (22)
2

Que é exatamente igual à equação (5).

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 25 / 47


Distribuição de intensidades do padrão de interferência da
fenda dupla
Por outro lado, a intensidade da luz no ponto P é proporcional ao quadrado
do campo elétrico no ponto
   
2 2 2 ϕ 2 ϕ
I ∝ EP = 4E0 cos sin ω t + (23)
2 2
Contudo, os instrumentos de medição não medem diretamente a intensidade
em qualquer instante mas sim o valor médio num intervalo de tempo. Con-
siderando que a medição seja realizada num período t = T , o valor médio da
função sin2 (ω t + ϕ/2) é 1/2, porque essa função oscila no intervalo [0, 1].
Logo, a intensidade da luz média no ponto P é
 
ϕ π 
I = Imáx cos2 , → I = Imáx cos2 d sin θ (24)
2 λ

na última equação usamos (16).


Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 26 / 47
Distribuição de intensidades do padrão de interferência da
fenda dupla
Podemos escrever essa equação na apróximação para ângulos pequenos us-
ando a relação sin θ ≈ y /L, logo a intensidade é
 
2 πd
I = Imáx cos y , (ângulos pequenos) (25)
λL
Da equação temos que a intensidade é máxima quando
cos2 (α) = 1, logo α = mπ, m = 0, ±π, ±2π, ±3π, · · · (26)
de novo recuperamos (8). Da mesma maneira podemos proceder para obter
os mínimos, que acontecem quando
 
2 1
cos (β) = 0, logo β = m + π, m = 0, ±π, ±2π, ±3π, · · ·
2
(27)
de novo recuperamos (9), de maneira independente.
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 27 / 47
Distribuição de intensidades do padrão de interferência da
fenda dupla
A figura mostra a intensidade como função de d sin θ para o experimento de
Young com duas fendas, onde podemos observar as regiões de máximos e
mínimos.

Como mostrado na figura, a distribuição da luz é a mesma entre as franjas


claras. Para olhar uma experiência da fenda dupla assista o vídeo https:
//www.youtube.com/watch?v=PVyJFzx7zig.
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 28 / 47
Distribuição de intensidades do padrão de interferência da
fenda dupla
• A figura mostra a intensidade da luz
como função de d sin θ considerando
multiplas fendas no experimento de
Young. Como pode ser observado,
para mais de duas fendas o padrão
apresenta máximos primarios e se-
cundários. Conforme o número de
fendas aumenta os máximos primários
aumentam em intensidade e se
tornam mais estreitos, enquanto os
máximo secundários diminuem sua
intensidade. Veja uma demonstração
no vídeo https://www.youtube.
com/watch?v=KlKduOOHukU.
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 29 / 47
Mudança de fase devida à reflexão

• No procedimento a seguir, question-


amos se o experimento da fenda dupla
de Young é a única maneira de obser-
var um padrão de interferência da luz?
A resposta é não! Existe um exper-
imento simples chamado de espelho
de Lloyd que é mostrado na figura do
lado. A fonte real emite luz que segue,
pelo menos, os dois caminhos mostra-
dos. Parte da luz vai diretamente para
o ponto P na tela de visualização e
outra parte da luz sofre refleção no es-
pelho.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 30 / 47


Mudança de fase devida à reflexão

• Pode-se pensar que a luz refletida é


gerada na fonte virtual S ′ . Como a
distância entre as fontes é d, temos
algo análogo ao experimento da fenda
dupla de Young e seria esperado ob-
servar um padrão de interferência na
tela de visualização, o que de fato
acontece. Porém, na hora de medir
as posições dos máximos e mínimos
observa-se que estão invertidas em
relação aos resultados apresentados
acima. Contudo, esse resultado é ex-
plicado se as fases das fontes coer-
entes diferem em 180◦ .

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 31 / 47


Mudança de fase devida à reflexão

• Para ilustrar melhor o que de fato acontece


sobre a tela de visualização vamos considerar
o ponto P ′ , que se ubica à mesma distância
das fontes S e S ′ . O que é esperado no exper-
imento da fenda dupla é uma franja clara em
P ′ porque as ondas percorrem a mesma dis-
tância. Porém, o que se observa é uma franja
escura, isso mostra que existe uma mudança
de fase de 180◦ na onda refletida no espelho.
Em geral, a onda muda de fase se sofre re-
flexão por um meio com índide de refração
maior do que aquele no qual a luz se propaga.
Assista o vídeo https://www.youtube.com/
watch?v=Z4sELf6laMw.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 32 / 47


Interferência em filmes finos

Efeitos de interferência podem acontecer quando a luz refletida por duas


superfícies sofre interferência, isso acontece no caso das bolhas de sabão ou
quando óleo é derramado sobre água, por exemplo. Lembrando o resultado
que foi encontrado em aulas anteriores
λ
λn = (28)
n
onde λn é o comprimento de onda da luz no meio com índice de refração
n e λ o comprimento de onda da luz no vácuo. Consideremos a situação
mostrada no próximo slide, onde analisamos a interferência da luz por um
filme fino sobre raios que incidem próximos à normal.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 33 / 47


Interferência em filmes finos

• O raio 1 é refletido pela superfície, A, sofre


uma mudança de fase de 180◦ . Já o raio
2, que é refletido pela superfície, B, inferior
interna do filme, não sofre mudança de fase
porque é transmitido para o ar (n > 1). Por-
tanto, os raios 1 e 2 estão fora de fase, o que é
equivalente a afirmar que a diferença de cam-
inhos é λn /2. Percebam também que o raio
2 percorre uma distância de 2t, onde t é a
espessura do filme. Logo, a condição para in-
terferência construtiva em filmes finos é
 
1
2t = m + λn , m = 0, 1, 2, · · ·
2
(29)

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 34 / 47


Interferência em filmes finos
Considerando a equação, λn = λ/n, podemos reescrever a equação acima
como  
1
2nt = m + λ, m = 0, 1, 2, · · · (30)
2
onde λ é o comprimento de onda da luz no vácuo. Percebam que a diferença
de caminhos dos raios 1 e 2 é r2 − r1 = 2t.
interferência destrutiva: se a diferença dos caminhos for multiplo inteiro
de λn existe interferência destrutiva, r2 − r1 = 2p = λ, no caso geral temos
2nt = mλ, m = 0, 1, 2, · · · (31)
Os resultados mostrados até aqui são válidos quando o filme fino se
encontra entre dois meios com índice de refração menor que a do
filme fino. Para finalizar, os raios 3 e 4 levam a efeitos de interferência
para os raios transmitidos. Para complementar o mencionado, pode assistir
o seguinte vídeo onde é mostrado a interferência em filmes finos https:
//www.youtube.com/watch?v=WTxDyYHaYAI.
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 35 / 47
Anéis de Newton

• Outra forma de observar a interferência é


considerando o arranjo mostrado na figura,
onde uma lente plano-convexa é colocada no
topo de uma superfície de vidro plana. Como
podemos observar, a espessura da camada de
ar entre a lente e vidro muda de 0, no ponto
O, até por exemplo t, no ponto P. Se o raio
de curvatura da lente for maior que r , R ≫ r ,
um padrão de interfetência é observado.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 36 / 47


Anéis de Newton

Visto de cima, podemos observar anéis


claros e escuros. Newton foi quem obser-
vou e reportou esses resultados. Assista a
demonstração em laboratório, https://www.
youtube.com/shorts/iiAS387KBRM.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 37 / 47


Anéis de Newton

• O padrão de interferência pode ser explicado


porque o raio 1 (muda de fase 180◦ ), que é
refletido pelo vidro, se combina com a luz do
raio 2 (não muda de fase porque n > 1) que é
refletido pela lente. O padrão de interferência
é descrito pelas equações (n = 1 porque o
filme fino está no ar):
 
1
2t = m + λ, m = 0, 1, 2, · · · (32)
2
para interferência construtiva, e

2t = mλ, m = 0, 1, 2, · · · (33)

para interferência destrutiva.


Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 38 / 47
Anéis de Newton

Analisando a geometria do problema podemos encontrar uma relação para


os raios dos anéis escuros com o raio de curvatura R, que é dado por,
r
mλ R
r= , m = 0, 1, 2, · · · (34)
n
Exercício (1/2 ponto): mostrar a relação acima.

Os anéis de Newton são usados para testar lentes ópticas e corrigir im-
perfeções na hora de fabricar essas lentes.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 39 / 47


Exemplo
Ex. Calcule a espessura mínima de um filme de uma bolha de sabão que
resulta em interferência construtiva da luz refletida se for iluminado com
uma luz cujo comprimento de onda é λ = 600 nm. O índice de refração do
filme de sabão é 1,33.

Solução: no caso a interferência construtiva temos


 
1
2nt = m + λ, m = 0, 1, 2, 3, · · · (35)
2

A espessura mínima é quando m = 0, logo,


λ 600nm
t= = , → t = 113nm (36)
4n 4(1, 33)

E se a espessura do filme é aumentada em duas vezes, 2t, existe interferência


construtiva? A resposta é não! mostre esse resultado.
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 40 / 47
Exemplo

• Ex. Células solares – dispositivos que geram


eletricidade quando expostos à luz do sol –
com frequência são revestidos com um fino
filme transparente de monóxido de silício (SiO,
n = 1,45) para minimizar as perdas refleti-
vas da superfície. Suponha que uma célula
solar de silício (n = 3,5) seja revestida com
um fino filme de monóxido de silício para este
propósito (ver figura). Determine a espessura
mínima do filme que produza a menor reflexão
a um comprimento de onda de 550 nm próx-
ima ao centro do espectro visível.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 41 / 47


Exemplo
Solução: Como desejamos reflexão mínima, estamos à procura de um mín-
imo de interferência destrutiva produzida pelo filme fino, no caso SiO. Perce-
bam que a fase do raio 1 muda 180◦ , e o mesmo acontece com o raio 2,
que muda 180◦ porque é refletixo por uma superfície com maior índice de
refração. Portanto, os raios 1 e 2 estão em fase quando chegam no olho do
observador. Neste caso a interferência destrutiva acontece quando a difer-
ença dos caminhos é multiplo semi-inteiro do comprimento de onda no meio,
r2 − r1 = λn /2 = 2t, usando λn = λ/n, temos

λn λ
2t = , → t= (37)
2 4n
Substituindo os valores numéricos
550nm
t= , → t = 94, 8nm (38)
4(1, 45)

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 42 / 47


O interferômetro de Michelson
• O interferômetro foi inventado pelo
físico Albert A. Michelson (1852 -
1931). Basicamente divide um feixe
de luz em dois feixes que percorrem
caminhos diferentes que no final con-
vergem no mesmo ponto, o obser-
vador, para formar um padrão de in-
terferência. A fonte emite um feixe de
luz monocromático que é dividido no
espelho M0 .
O ângulo entre o feixe de luz incidente e o espelho é 45◦ . Os feixes de luz
percorrem caminhos de comprimentos L1 e L2 , depois se juntam de novo
em M0 produzindo um padrão de interferência que é observado através do
telescópio. No seguinte vídeo podem observar uma demonstração https:
//www.youtube.com/watch?v=UA1qG7Fjc2A.
Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 43 / 47
O observatório de onda gravitacional por interferômetro a
laser

• Em 1915 Albert Einstein propôs a teoria da


relatividade geral. Entre as previsões teóri-
cas existem tipos de soluções como os bura-
cos negros e estrelas de nêutros. Contudo,
uma das previsões mais impressionantes é a
existência de ondas gravitacionais. Por causa
da natureza ondulatória, essas ondas podem
sofrer interferência, em princípio.
Foi com o objetivo de medir essas ondas que nasceu o projeto LIGO, mostrado
na foto, que usa o princípio de funcionamento dos interferômetros. Basica-
mente dois feixes de laser são lançados sobre os braços do interferômetro.
(Foto extraída da página web do projeto LIGO https://www.ligo.org/
sp/science/GW-Detecting.php)

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 44 / 47


O observatório de onda gravitacional por interferômetro a
laser

As ondas gravitacionais perturbam o espaço-tempo de tal maneira que quando


passam através da Terra, qualquer mudança nas trajetórias dos raios laser
pode ser medido. Os resultados da primeira observação de ondas gravita-
cionais rendeu o prêmio novel de física de 2017 para Barry Barish, Kip Thorne
e Rainer Weiss. Confira na página do prêmio https://www.nobelprize.
org/prizes/physics/2017/press-release/.

Prof. Dr. Luis Alex Huahuachampi Mamani Turma - Física IV UFRB 45 / 47

Você também pode gostar