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PROPOSTA DE MELHORIA NA DRENAGEM URBANA EM VIAS PÚBLICAS:

ESTUDO DE CASO NA AVENIDA COLARES MOREIRA LOCALIZADA EM SÃO


LUÍS – MA

PROPOSAL FOR IMPROVEMENT IN URBAN DRAINAGE ON PUBLIC ROADS:


STUDY AT AVENIDA COLARES MOREIRA LOCATED IN SÃO LUÍS - MA

Samuel Monteiro da Silva Filho1


Mestre. Alessandro Resende Machado2
Resumo
A medida que o avanço tecnológico cresce, os centros urbanos desenvolvem-se e com isso as regiões
metropolitanas passam a ter cada vez mais pessoas, para atender a esse cenário, novos espaços vão sendo
ocupados e com isso, vai ocorrendo o uso e ocupação do solo, os quais, de modo desenfreado e sem
planejamento, tende a acarretar em grande problemas, tal como inundações e enchentes que estão ligados a
impermeabilização da camada terrestre e um deficiente sistema de escoamento superficial. O estudo incialmente
foi caracterizado como bibliográfico, cuja abordagem será qualitativa e descritiva. Espera-se com a pesquisa a
criação e elaboração de um sistema de drenagem eficiente que solucione a problemas do escoamento analisado,
além do mais, buscar identificar falhas de projeto e melhorar aspectos de manutenção para os dispositivos de
captação existentes.
Palavras-chave: Inundações. Drenagem Urbana. Galerias Pluviais. Manutenções.

Abstract
As technological advancement grows, urban centers develop and with this the metropolitan regions start to have
more and more people, to meet this scenario, new spaces are being occupied and with this, the use and
occupation of the soil, which, in an unbridled and unplanned way, tends to cause big problems, such as floods
and floods that are linked to the impermeability of the terrestrial layer and a deficient surface runoff system. The
study was initially characterized as bibliographic, whose approach will be qualitative and descriptive. It is
expected with the research the creation and elaboration of an efficient drainage system that solves the problems
of the analyzed flow, besides, seeking to identify design flaws and improve maintenance aspects for the existing
catchment devices.
Key words: Floods. Urban Drainage. Storm Galleries. Maintenance.

1 INTRODUÇÃO

Tratar de drenagem urbana é abordar sobre o manejo das águas pluviais urbanas, ou
seja, aquele volume de água disposto em meio terrestre e que muitas das vezes está associado
a grandes problemas ao homem. A drenagem urbana surge com o propósito de controle do
fluxo de água, por minimizar o risco de enchentes sendo de grande valia a elaboração de
projetos estruturais adequadas de galerias de escoamento e não-estruturais também, como a
adoção de planos de gerenciamento de resíduos sólidos adequado, contundo, essa realidade
não é evidenciada em muitas cidades, ficando claro o ineficaz sistema que dispõem.
Constantemente observa-se que os grandes centros urbanos ficam cada vez mais
passíveis a ocorrência de desastres de ordem ambiental, mesmo com uma crescente
industrialização, aparato tecnológico e consequente urbanização, sendo por isso, o principal
fator que justifica a necessidade de intervenções nos ambientes naturais para que sejam
edificadas estruturas que atendam adequadamente as necessidades da população inserida no
espaço.
Porém, identifica-se que a própria urbanização não traz apenas benefícios, sendo ela
própria uma das grandes causadoras de problemas e agravamentos sociais, devido a
1
Aluno Concludente do Curso de Engenharia Civil – Email: contato.samuelmonteirorico@gmail.com
2
Orientador – Mestre em meio ambiente, águas e saneamento – alessandrorm@hotmail.com
modificação dos espaços, identificado pela implantação de calçadas, edifícios, praças
públicas, retirada de áreas verdes, excesso de impermeabilização do solo e vários outros
fatores que fazem com que caraterísticas naturais, tal como a capacidade de infiltração de
água pluvial no solo seja reduzida, e, com isso, seja originado problemas em resposta às
mudanças impostas. Tal fato passou a despertar interesse no aspecto de relação antrópica e
alteração da paisagem natural, e, por isso, agressão ambiental, refletindo por exemplo em
elevadas vazões de escoamento superficial e desordem urbana.
Tendo em vista que avanço tecnológico e crescimento dos centros urbanos,
desencadeiam alterações não só na paisagem, mas também contribui para alterações de cunho
ambiental, com isso surge a necessidade de compreender adequadamente a dinâmica de uso e
ocupação do solo, onde muitas das vezes ocorre sem planejamento, desencadeando diversos
problemas que causam desordem social, exigindo com isso, uma grande atuação por parte dos
poderes públicos os quais devem propor a elaboração de mecanismos de manutenções
corretivas e preventivas, ocasionando inclusive em elevados gastos financeiros, para
solucionar problemas que muitas das vezes poderiam ser contemplados na etapa de
planejamento e execução das obras.
Um dos maiores problemas na área da construção civil é que muitas obras são
desenvolvidas apenas com a finalidade de serem um objeto que irá atender a uma finalidade
específica, por exemplo, uma estrada que atende a fluidez de veículos, contudo, quando
pensadas, mesmo que passem por um planejamento, algumas das vezes alguns pontos não são
considerados, pois pensa-se apenas no objeto, mas não muito na influência que acarretará em
determinada região. Assim, não considerando essa problemática, faz-se surgir problemas não
tão esperados, como as enchentes nos centros urbanos, ocasionados pela péssima estrutura de
drenagem urbana e de gerenciamento dos resíduos sólidos. Diante disso, torna-se necessário
compreender não só os aspectos estruturais, mas também a dinâmica de ocupação e as
medidas necessárias para o combate da problemática, de modo que seja estipulado estratégias
a serem seguidas, visando o bem social, econômico e de meio ambiente.
Nesse contexto, considerando que a situação descrita ocorre no município de São Luís
– MA, o estudo surge com o objetivo principal de propor melhorias na situação do sistema de
galerias pluviais para drenagem urbana na Avenida Colares Moreira da cidade de São Luís em
função das principais vias de escoamento de tráfego. Tendo em vista esse cenário, torna-se
necessário também analisar o plano diretor da cidade e mecanismos legais que permitam uma
administração eficiente do sistema de drenagem da cidade, constatar os pontos críticos de
alagamento das vias do estudo de caso, verificar os dispositivos de drenagem existentes para a
via e dimensionar um sistema de drenagem que conduza adequadamente as águas pluviais do
local de estudo.

2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

O estudo incialmente foi caracterizado como bibliográfico, cuja abordagem será


qualitativa e descritiva, sendo assim, haverá uma busca por estudos de autores que sejam tidos
como referência na área de estudo relacionados ao tema de Drenagem Urbana, e,
concomitantemente, um estudo acerca do Plano Diretor da Cidade de São Luís, tendo em vista
avaliar a existência do projeto de drenagem da região.
Em um segundo momento serão realizados estudos de campo com visitas in loco na
região do bairro do Renascença, localizado em São Luís - MA, especificamente na interseção
da Ruas dos Pardais com a Rua Azulões e o cruzamento entre a Avenida Colares Moreira com
o intuito de se conhecer a região e realizar registros fotográficos, visando compartilhar a real
situação em que se encontra o local e analisar a situação estrutural das galerias.
Figura 1 – Localização do cruzamento de análise

Fonte: Google Earth Pró (2021)

No terceiro momento, a etapa final, será desenvolvido um dimensionamento que visa


atender aos fluxos hídricos advindos da chuva da região. Para isso foi delimitado a área da
bacia de contribuição para o ponto de estudo, considerando as cotas elevadas identificadas por
meio do software google Earth Pró. Com isso foi calculado a vazão de escoamento superficial
para determinar a necessidade de implantação de dispositivos de drenagem.
O estudo compreenderá ao final de uma abordagem quali-quantitativa que visa
descrever as características locais, bem como estipular valores numéricos que atendam a
capacidade de escoamento.
Nesse contexto o presente trabalho possui um aspecto descritivo conforme
indica Gil (1999) que pontua que esse tipo de pesquisa proporciona ao pesquisador
estabelecer relações de causa e efeito em função dos fatos observáveis, além de contribuir em
informações necessário que acarretam no conhecimento detalhado da situação, com isso, é
possível buscar uma compreensão aprofundada das ocorrências analisadas.
Para o levantamento bibliográfico serão utilizados artigos científicos,
monografias, dissertações, teses e relatórios técnicos, consultados em plataformas digitais, tais
como o Google Acadêmico, o Scielo e os repositórios institucionais das Instituições de Ensino
Superior. Serão considerados estudos publicados no período de 2010 a 2021, com exceção de
autores de grande relevância na área que serão usados estudos mais antigos. A escolha dos
estudos dar-se-á para aqueles que tem uma relação direta com o tema, sendo excluídos
aqueles que não estão no espaço de tempo escolhido e que não tenham ligação direta com o
tema. Os principais descritores de busca serão: Drenagem Urbana; Manejo de Águas Pluviais
e Enchentes.

3 RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se com o estudo a elaboração de um sistema de drenagem eficiente que


solucione a problemas do escoamento analisado, além do mais, buscar identificar falhas de
projeto e melhorar aspectos de manutenção para os dispositivos de captação existentes.

4 DRENAGEM URBANA

Segundo Vaz (2004) drenagem urbana é todo aquele processo de gerenciamento de


água da chuva que escoa no meio urbano, envolvendo diversas medidas cujo objetivo é
minimizar os riscos que as populações possam passar quando sujeitos a inundações,
possibilitando além do mais um certo grau de desenvolvimento urbano de forma harmônica e
sustentável. Com o passar dos anos, atrelado às consequências geradas pelo crescimento
econômico e somados ao aumento populacional tiveram como consequência uma deficiência
nos recursos-hídricos, tal fato encontra embasamento pela grande frequência e magnitude de
inundações no meio urbano, cuja ação promove uma degradação ambiental.
Ainda segundo Vaz (2004), o autor destaca que a visão acerca da drenagem se mudou
do cenário antigo (base de análise apenas econômica) para o novo, sendo este identificado por
se tratar de uma compreensão integrada do meio ambiente (social, legal, institucional e
tecnológica) com o intuito de resolver as problemáticas com o extinto político.
O Brasil, infelizmente, ainda lida com a fata de tratamento de esgoto, transferência de
inundação na drenagem e falta de controle de resíduos sólidos e atrelado a isso, deve-se
mencionar que a quantidade da água na drenagem pluvial contém uma enorme carga de
poluentes devido as vazões envolvidas (TUCCI, 2008). O limitado poder de disposição de
recursos hídricos em algumas bacias para a realização do uso para atividades básicas para a
população só reforça o fato de que o controle de poluição, concomitantemente, faz parte do
cenário de drenagem, já que este serve como um guia para a dispersão de agentes poluentes
no decorres do percurso hídrico (MARTINS, 2012).
É de chamar atenção o fato que devido ao aumento desenfreado da urbanização, o
despejo de efluentes, por exemplo, nos recursos hídricos acabam por voltar a sua origem (rio)
totalmente contaminados, tal fato é de chamar atenção para a necessidade para a realização de
um plano de gerenciamento de drenagem urbana a fim de minimizar a problemática, pois a
consequência é a deterioração dos mananciais e a redução da quantidade de água da
população (VAZ, 2004).
Não se pode tratar em drenagem sem mencionar o fato dos planos diretores.
Basicamente, a gestão de drenagem urbana compreende aspectos relacionados aos 3P:
Planejamento, procedimento e preparo. A priori, o planejamento refere-se a parte mais
complicada do processo. O planejar, refere-se à elaboração dos planos diretores, implantação
de sistemas e projetos. Ressalta-se que os planos diretores devem englobar os aspectos
específicos para drenagem urbana bem como os planos municipais e os projetos integrados,
envolvendo saneamento agregando aos planos existentes (MARTINS, 2012).
A drenagem, por diversas vezes, é vista como inimiga do meio social, bem como a
urbanização é vista como inimiga da sustentabilidade, conforme afirma Vaz (2004, pág. 1):
“A urbanização causa enchentes para a própria urbanização”. Segundo Martins (2012), a
ocupação desordenada das várzeas eliminou as áreas naturais de armazenamento e
escoamento, mostrando que administrar o problema de drenagem consiste em resolver um
problema de alocação de espaço (volume). A limitada disponibilidade hídrica em algumas
bacias para atendimento de todas as demandas humanas também ensina que o controle da
poluição faz parte do problema ‘drenagem’, já que esta é um vetor para a condução e
dispersão de poluentes no meio hídrico.
Ainda na linha de análise, deve-se ter noção dos tipos de poluição. Considera-se
cargas pontuais (levemente controladas) e difusas (geradoras de materiais transportados com
facilidade para os corpos hídricos), devem ser tratadas com atenção, pois se tornam um
grande desafio no que tange a questões de inundações e interrupção de via de tráfego,
portanto é necessário o reconhecimento dos resíduos sólidos como um problema de drenagem
(MARTINS, 2012).
Outro ponto relevante dentro dessa temática é a impermeabilização do solo. Esse
processo é responsável direto pelo tempo de concentração e pelo aumento de escoamento
superficial das bacias em zona urbana. Em estudos realizados de forma inovadora no país,
Campana et al. (1994) constatou que a densidade populacional tem uma forte relação com as
taxas de impermeabilização do terreno, pois foi visto que os resultados tendiam a um teor de
65% a partir de 100 habitantes/hectare, enquanto que considerado a verticalização nas cidades
esse teor aumentava.
A impermeabilização da bacia causada principalmente pela expansão desenfreada dos
espaços urbanos tem provocado a diminuição da capacidade de retenção, armazenamento, de
infiltração, consequentemente tem ocasionado um aumento no escoamento superficial o que
gera uma grande problemática nos grandes centros urbanos que são as inundações. De modo
geral, a ocupação do espaço urbano sem a devida consideração das limitações ambientais da
região, tem ocasionado efeitos diretos no meio ambiente antrópico (RIGHETTO, 2009).

5 PLANEJAMENTO URBANO

Com o passar dos anos o desenvolvimento urbano acelerou, tal efeito ficou
evidenciado principalmente em meados do século XX com a concentração da população nas
grandes cidades, acarretando cada vez mais em espaços reduzidos, produzindo excesso de
competição pelos mesmos recursos naturais (solo e água), destruindo parte da biodiversidade
natural. O pleno desenvolvimento sustentável urbano tem a missão de melhorar a qualidade
de vida da população e a conservação ambiental, ressalta-se ainda que é essencialmente o
papel integrador na medida em que a qualidade de vida somente é possível com um ambiente
conservado que atenda às necessidades da população, garantindo harmonia do homem e da
natureza (MARTINS, 2012).
Segundo Tucci (2008), na esfera do ambiente urbano, deve-se atentar ao conjunto de
ações que o tornaram para tal, nesse contexto, para ter ciência de um bom cenário, devem-se
apontar os principais componentes socioambientais, são estes: planejamento e gestão do uso
do solo, infraestrutura viária, água, energia, comunicação, transporte e gestão socioambiental.
Os espaços urbanos de modo geral, configuram-se como sendo espaços comuns de consumo e
moradia. O desenfrear industrial acarreta cada vez mais em desenvolvimento econômico
gerando uma batalha contra o processo de urbanização. No que tange as áreas urbanas, Tucci
(2008) define que o planejamento urbano é mais direcionado para a cidade formal, enquanto
nos pequenos polos, as cidades informais, o que é mais conveniente é apenas a observação das
tendências de ocupação.

6 RESÍDUOS SÓLIDOS

Atualmente a grande problemática social está em conciliar avanço comercial com


volumes de produção. Um tema que chama bastante atenção é no que se refere a questão do
gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos. Muito vem se discutindo para reverter a
problemática causada no ecossistema urbano, o qual encontra na Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS), uma certa contribuição a qual encaminha para o enfrentamento
dessa questão, privilegiando a inclusão social. Cada vez mais, torna-se notório que o
inadequado gerenciamento dos resíduos sólidos gera impactos imediatos não só no meio
ambiente, mas também na saúde, o que muitas vezes pode-se considerar como uma questão de
saúde pública (TUCCI, 2008).
É válido enfatizar que os resíduos sólidos devem ser inseridos e analisados em
vertentes que englobam crescimento urbano e desenvolvimento das cidades. Segundo Costa
et. al. (2019) alguns agravantes ambientais estão estreitamente ligados aos processos de
crescimento e desenvolvimento das cidades, trazendo impactos que geram grandes
desequilíbrios nos ecossistemas locais.
É importante salientar que a taxa de resíduos produzidos no país é alta, estima-se que
por dia cerca de 180 e 250 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos são coletadas
diariamente (IBGE, 2010; ABRELPE, 2010). Além do volume elevado, os resíduos vêm
passando por certa inovação, atendendo ao mercado consumidor, cada vez mais se passou a
serem produzidos objetos cuja composição contém elementos sintéticos e de alta
periculosidade ao ecossistema, e, principalmente, à saúde humana (FERREIRA e ANJOS,
2001). Ressalta-se ainda que a taxa de crescimento da geração de resíduos supera em sete
vezes a taxa de crescimento da população. Enquanto que o crescimento populacional no país
está em torno de 1% ao ano o de resíduos está na faixa dos 7% ao ano, o que comprova uma
grande ascensão (IBGE, 2010).

7 CONCEITOS HIDROLÓGICOS

7.1 Bacia Hidrográfica

As definições de bacia de hidrográfica são de grande importância para os


pesquisadores, pois contribuem na identificação da área de abrangência e suas subdivisões, na
qual, de modo geral, é identificada como sendo a concentração de uma determinada região a
uma rede de drenagem específica (TEODORO et al., 2007). Segundo Barrella (2001) as
bacias hidrográficas são caracterizadas como sendo grandes volumes de terras os quais são
definidos por um rio principal e seus afluentes, os quais são formados nas regiões mais
elevadas do relevo de determinado local, por onde as precipitações percorrem, formando
volumes de água ao longo do caminho, ou, percolam pelo solo acarretando na formação de
lençóis freáticos e nascentes. Nesse processo de caminho do volume de água, além da
formação no subsolo, ainda há a formação de riachos e rios, os quais vão unindo-se e
percorrendo o trajeto até que tenham como destino final os oceanos.
Lima e Zakia (2000) ao abordarem o conceito de bacia hidrográfica, tratam acerca de
equilíbrio dinâmico, ao relacionar ação antrópica e forças da natureza. Segundo os autores, as
bacias hidrográficas apresentam-se como sistemas abertos os quais são influenciáveis
diretamente por ações da natureza, ou seja, recebem diversas cargas de energias decorrentes
dos processos naturais (agente climáticos), contudo, nesse sistema, perdem a energia recebida
por meio de deflúvios, sendo assim, o equilíbrio dinâmico, pois qualquer alteração irá
acarretar em mudanças que serão compensatórias.

7.2 Período de Retorno

O tempo de retorno está relacionando ao risco e vulnerabilidade do local, pois


dependendo das características da bacia hidrográfica, as precipitações podem acarretar em
inúmeros riscos (BAPTISTA; NASCIMENTO; BARRAUD, 2005). Segundo Santos (2007) o
período de retorno é um mecanismo importante para a análise das inundações e riscos, pois
estão relacionados a probabilidade de ocorrência de pequenas, médias ou grandes inundações
para um determinado intervalo de tempo. Tucci (2012) pontua que ao se estudar as
caraterísticas da dinâmica dos fluídos de uma determinada região é o suficiente para definir os
riscos o qual poderão ser surgidos, por isso, na elaboração dos projetos, é necessário que
sejam feitos estudos de tempo de retorno. Por isso, em ambientes urbanos, por exemplo, essa
condicionante influencia na elaboração dos projetos de galerias e vazões máximas.
Ainda segundo Tucci (2012) grandes problemas podem ser evitados caso sejam
previstos valores de vazões máximas para inundações, caso sejam elaborados corretamente
projetos de uso e ocupação do solo, principalmente em áreas de grande risco de inundação
urbana.
O Tempo de Retorno (TR), ou, tempo de recorrência, é caracterizado por ser uma
estimativa em anos da qual relaciona-se um evento hidrológico extremo, do qual pode ser
igualado ou superado, sendo esse valor obtido pela relação inversa em função da
probabilidade (PINTO et al., 1976; TUCCI; BERTONI, 2003; BAPTISTA; NASCIMENTO;
BARRAUD, 2005; SANTOS, 2007).

7.3 Precipitação

A precipitação é identificada como toda a massa de água oriunda do ciclo da água,


proveniente do meio atmosférico que entra em contato com o solo na forma de chuva, neblina,
granizo, saraiva, orvalho, geada e neve, sendo a chuva a principal, pois é a que proporciona o
escoamento superficial que muitas das vezes está associada a prejuízos aos seres humanos
(TEIXEIRA, 2010). As precipitações dependem de três fatores que são primordiais, sendo:
altura, duração e intensidade, tendo como principal medida de parâmetro o milímetro (mm).
Segundo Teixeira (2010, p. 38):

A origem das precipitações está ligada ao crescimento das gotículas das nuvens, o
que ocorre quando forem reunidas certas condições. Para as gotas de água
precipitarem é necessário que tenham um volume tal que seu peso seja superior às
forças que as mantêm em suspensão, adquirindo, então, uma velocidade de queda
superior às componentes verticais ascendentes dos movimentos atmosféricos.

As precipitações estão diretamente relacionadas ao tipo de chuva, assim, tem-se:


chuvas frontais, chuvas orográficas e convectivas, as quais estão diretamente relacionadas
pela dinâmica de movimentação do ar úmido.

7.3.1 Chuvas Frontais

São chuvas cujas principais características são a duração média e longa, as quais se
originam pelo choque entre massas de ar quente e frio, nesse caso, as massas mais densas
(frias) empurram as massas menos densas (quentes) para cima, onde ocorre um processo de
resfriamento e condensação do vapor de água, acarretando em precipitação pluviométrica que
muitas das vezes, concomitantemente, ocorrem a formação de ciclones (vetos fortes) de
grande intensidade (VARELA, 2007).

7.3.2 Chuvas Orográfica

É o tipo de chuva que está mais ligada ao formato do relevo, das quais são formadas
precipitações pluviométricas pelo acúmulo de massas úmidas oriundas dos oceanos que ficam
barradas por conta de barreiras montanhosas do continente (relevo), apresentando como
principais marcas chuvas não muito intensas, porém muito duradouras em um local específico
(VARELA, 2007).

7.3.3 Chuvas Convectivas

Conhecidas também como “chuvas de verão”, são o tipo de precipitação pluviométrica


que surgem devido a formação do aquecimento de camadas de ar úmido próximo ao nível do
solo que afetam camadas de ventos vizinhas, de massa de ar quente, assim, acarretam em um
certo equilíbrio instável. No decorrer desse ciclo, a circulação de massas de ar influencia na
formação de nuvens, por meio da condensação do ar, de onde se origina a precipitação. É o
tipo de chuva caracterizado pela ocorrência, principalmente, em regiões equatoriais, pois são
os locais onde tem a maior quantidade de ventos do tipo vertical (VARELA, 2007).

7.4 Tempo de Concentração

Fator de grande relevância para a análise do escoamento superficial e precipitação de


uma bacia hidrográfica, no qual é um parâmetro onde mede o tempo que foi gasto para que
toda a região da bacia hidrográfica contribua para o escoamento superficial para determinada
área de análise. Segundo Araújo et al. (2011) além do formato da bacia, outros fatores que
influenciam o parâmetro é a declividade média, a sinuosidade, e a declividade do curso
principal, além do mais, vários são os procedimentos importantes a serem considerados no
cálculo, contudo, a maioria dos estudos considera apenas a área da bacia e a declividade do
curso principal. Araújo et al. (2011) ainda afirmam que não existe o método mais adequado
de cálculo, pois há inúmeras especificidades para cada região, contudo quando mais
detalhamento da área, melhor, para isso é necessário estudos de campo aprofundados para o
conhecimento de limitações, e, aplicações corretamente.

7.5 Vazão de Escoamento Superficial

Identificado como uma das principais fases do ciclo hidrológico para o engenheiro, é a
etapa que trata acerca do escoamento na superfície, ou seja, do transporte de fluídos sobre as
camadas superficiais. Nesses casos, os principais pontos que chama atenção é quanto a
intensidade e duração das precipitações, onde observa-se uma relação de proporcionalidade,
ou seja, quanto maior a intensidade das precipitações, maior será o escoamento e mais rápido
o solo atingirá o seu ápice de infiltração, chegando ao ponto de não conseguir manter suas
características e originar as inundações, além do mais, as precipitações antecedentes também
são fatores que merecem atenção, pois as precipitações que ocorrem quando o solo já está
úmido, então terá uma maior facilidade de escoamento (CARVALHO; SILVA, 2006).
Além dos aspectos climáticos, outros fatores que se relacionam ao escoamento
superficial é no que tange a fatores fisiográficos e a topografia da bacia, os quais interferem
diretamente na dinâmica de escoamento do fluído, nos quais consideram fatores como forma,
área, permeabilidade e a própria capacidade de infiltração dos solos, ou seja, todos os fatores
convergem a um ponto em comum, a capacidade de captação/infiltração do solo.

8 DISPOSITIVOS DA DRENAGEM PLUVIAL URBANA

Segundo a norma do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT,


que tange acerca dos mecanismos de drenagem pluvial urbana, DNIT 030/2004-ES, há três
tipos principais de sistemas de drenagem, sendo esses:
a) Galerias: formado por meio de canalizações subterrâneas, tem a função principal de
conduzir os deflúvios da plataforma de rolamento de tráfego;
b) Bocas-de-Lobo: funcionam como um intermediário, onde tem a função de conduzir os
deflúvios captados para as galerias e outros meios coletores. São localizados juntos
aos acostamentos das faixas de rolamento de tráfego ou mesmo dos meios-fios, onde,
muitas das vezes, são dispostos em grelhas de concreto ou metálica;
c) Poços de Visita: identificados como sendo caixas intermediárias que estão dispostos
ao longo da rede coletora a qual permite modificações de declividade, alinhamentos,
dimensões e quedas (DNIT, 2004).
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