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Eliozardo Come

Marzénio Mussanto

Nuzimira

Olívia Duvane

Licenciatura em Historia

Civilização Inca

Universidade-Save

Maxixe
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2024
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Eliozardo Come

Marzénio Mussanto

Nuzimira

Olívia Duvane

Civilização Inca

Trabalho de investigação científica a ser


apresentado na Cadeira de Pré-Historia e
Civilizações Ameríndias, para efeitos de
avaliação.

Docente: Mr. Sleila Macuacua

Universidade-Save

Maxixe
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2024
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Índice
1. Introdução.........................................................................................................................3

1.1 Objectivos............................................................................................................................4

1.1.1Geral...............................................................................................................................4

1.1.2 Específicos.....................................................................................................................4

1.2 Metodologia........................................................................................................................4

1.3 Origem da civilização Incas...............................................................................................5

1.3.1 Incas lendários e incas históricos..................................................................................5

1.4 Organização social, política e administrativa..................................................................6

1.4.1 As características principais para a escolha de um Inca eram:......................................7

1.4.2 A Sociedade Inca encontra-se dividida basicamente em três estamentos.....................7

1.4.3 Na sociedade Inca, ela era dividida em dois grupos distintos.......................................7

1.4.4 O povo constituía a maioria da população e encontrava-se dividido em três grupos....8

1.5 Organização política..........................................................................................................9

1.6 Sistema económico...........................................................................................................10

1.6.1 Os objectos mais usados como moeda de troca foram................................................10

1.6.2 Existiam três formas básicas de organização do trabalho...........................................11

1.7 Na religião.........................................................................................................................12

1.8 Arquitectura e arte...........................................................................................................12

1.9 Organização tecnológica..................................................................................................13

3. Contribuições..................................................................................................................15

4. Conclusão............................................................................................................................16

5. Referências bibliográficas..............................................................................................17
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1. Introdução

A civilização inca, situada nas regiões Andinas da América do Sul, desperta um fascínio
duradouro e uma admiração pela sua notável complexidade social, cultural e política. Entre
os séculos XV e XVI, os incas construíram um império vasto e poderoso, estendendo-se por
mais de 4.000 quilómetros, desde o Equador até o Chile. Sua capital, Cusco, era o centro de
um sistema administrativo e religioso elaborado, que integrava diversas etnias e povos sob o
domínio Incaico.

Com uma sociedade altamente organizada e estruturada, os incas desenvolveram tecnologias


avançadas para agricultura, arquitectura e engenharia, permitindo a construção de obras
monumentais como Machu Picchu e Sacsayhuamán, que ainda hoje intrigam e impressionam
pesquisadores e visitantes. Além disso, seu sistema de comunicação, baseado em uma extensa
rede de estradas, facilitou a integração e administração de um território diversificado e
montanhoso.

No entanto, apesar de seu impressionante legado, a civilização inca também enfrentou


desafios e conflitos, tanto internos quanto externos, culminando na sua conquista pelos
espanhóis liderados por Francisco Pizarro em 1533. Este evento marcou o fim do império
inca e o início de uma nova era na América do Sul.

Nesta pesquisa, exploraremos mais profundamente a rica e complexa história da civilização


inca, examinando seus aspectos políticos, sociais, culturais e económicos. Ao analisar o
legado deixado pelos incas, buscamos não apenas compreender seu impacto no passado, mas
também reconhecer sua influência contínua na cultura e identidade dos povos andinos até os
dias actuais.
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1.1 Objectivos

1.1.1Geral
 Compreender a complexidade da civilização inca, abordando seus aspectos políticos,
económicos, religiosos e culturais, e seu legado na história da América do Sul.

1.1.2 Específicos
 Investigar a organização política da civilização inca, analisando a estrutura de poder,
os mecanismos de controlo social e a divisão administrativa do império.
 Explorar a economia incaica, examinando as práticas agrícolas, o sistema de
redistribuição de recursos e o papel do comércio no desenvolvimento económico do
império.
 Analisar a religião e a cosmo visão dos incas, investigando suas crenças, práticas
religiosas e o papel dos sacerdotes no contexto social e político da civilização.

1.2 Metodologia
Para efectivação deste trabalho foi necessário, recorrermos a busca bibliográfica, o que levou
a leitura de diversos livros e artigos publicados.
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1.3 Origem da civilização Incas


A civilização inca desenvolveu-se na região andina, os incas eram um clã da tribo dos
“quíchuas” localizados na região de cusco no Peru. A partir do século XII a.C. e
aproximadamente 4.500 anos a.C.

Os incas também chamados de “quéchua” dominavam a região de cuzcos desde, o século


XV, iniciarão um processo de centralização e conquista territorial.

Os incas foram povos ameríndios, pré-colombianos, originários da região de Cusco, no Peru.


Seu império foi muito importante, um dos mais desenvolvidos das Américas no período de
sua existência, junto aos maias e astecas. Tinham uma sociedade dividida em classes e muito
hierarquizada.

O termo “inca”designa a um povo e um império, significava “chefe” título dado aos


imperadores e nobres. Apenas os chefes eram assim chamados.

Foram responsáveis pela criação de grandes monumentos, como Machu Picchu.

1.3.1 Incas lendários e incas históricos


Muitos autores não reconhecem as lendas como sendo passíveis de serem consideradas
historicamente. Não obstante tal fato, José António del Busto Duthurburu (1988) estabeleceu
uma lista dos principais monarcas lendários que constituíram a origem do Império Incaico.

1. Manco Capac (XI – XII d.C.): Considerado o fundador da cidade de Cuzco e o construtor
de Inticancha (Templo do Sol);

2. Sinchi Roca: Primeiro soberano a usar uma coroa (mascapaicha);

3. Lloque Yupanqui: Deu início a expansão Inca, conquistando territórios que se


encontravam aos arredores de Cuzco;

4. Mayta Capac: Preparou a primeira expedição com o objectivo de conquistar terras


distantes. Ficou conhecido pela sua força e habilidade militar;

5. Capac Yupanqui: Conquistou novos territórios e derrotou os invasores de Cuzco. Foi


assassinado pelos partidários do seu maior rival, Roca Inca;
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6. Inca Roca: Sublevou todos os partidários do seu antecessor e abandonou o Templo do Sol
(Inticancha) no Hurin Cusco (cidade alta); construiu seu próprio palácio no Hana Cusco
(cidade baixa);

7. Yahuar Huacac: Foi um reinado confuso e curto no qual se estendeu a expansão


cusquenha;

8. Huiracocha: Caracterizado por um reinado de relativa paz e de consolidação da monarquia


quechua (Inca); São considerados Incas históricos aqueles sobre os quais se tem uma
referência um pouco mais precisa. O primeiro deles foi Pachacútec, o Grande (1438-1471).
Seu nome significava “o transformador do mundo”, ele foi o primeiro a ser nomeado Inca
(Filho do Sol). Considerado um génio da política, ele foi responsável pela reedificação de
Inticancha (a real casa do sol), ocasião em que a encheu de riquezas e a tornou conhecida
com o nome de Coricancha (pátio de ouro). Foi um grande guerreiro e suas conquistas
propagaram-se pela costa sul do atual Peru até a região de Nasca. Contudo, verdadeiramente
passou para a História do povo Inca por ter sido um grande legislador e organizador do
Império, ao qual conhecia em profundidade (Visitou pessoalmente de Tiahuanaco a
Arequipa).

1.4 Organização social, política e administrativa


O povo Inca era considerado como os senhores dos Andes. O sol era seu ancestral comum,
adorado como o intermediário entre o céu e a terra. A cidade de Cuzco representava o centro
do Império, a montanha sagrada dos antigos; o coração geográfico, religioso, político,
económico, militar, cultural e linguístico dos Quechuas. O povo se identificava com esse
carácter centralizador da capital do Império. Cuzco era uma cidade relativamente grande que
podia abrigar cerca de 200.000 pessoas. Sua população encontrava-se distribuída em quatro
bairros: Quiticancha, Chumbicancha, Sairicancha e Yarambuycancha. A cidade era 6 dividida
entre alta e baixa. Na parte baixa, viveram os Incas da Primeira Dinastia e na alta, os da
Segunda.

O palácio dos soberanos era os maiores da capital. Os edifícios mais imponentes eram:
Amarucancha (gigante estrutura de pedra) e Corincancha (o real pátio do sol). A Praça de
Aucaypata era o centro geográfico do Império, o marco zero de onde partiam todas as
estradas que levavam aos quatro cantos dos seus domínios.
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Para tornar-se um Inca, ele deveria ser filho legítimo da união entre o soberano e uma de suas
irmãs. Caso isso não ocorresse, haver-se-ia de fazer uma cerimónia de legitimação.

1.4.1 As características principais para a escolha de um Inca eram:


A primogenitura, habilidade política e militar, além de perfeição corporal.

1.4.2 A Sociedade Inca encontra-se dividida basicamente em três estamentos


Realeza, nobreza e povo.

A realeza tinha a função de governar a sociedade. Eles estavam vinculados directamente ao


poder teocrático do Inca, que, de acordo com os seus atributos, recebia as seguintes
titulações:

 Sapa Inca: o Senhor do Solo;


 Cápac Inca: aquele que é Rico em Virtudes e Armas de Guerra;
 Huacchauya: Benfeitor dos Pobres e dos Viajantes;
 Gran Señor del Sol: a maior comenda auferida a este.

A esposa irmã paterna do Inca também fazia parte da realeza. Seu título era Coya, contudo,
por extensão, era chamado de Filha do Sol. Seu filho, chamado Pihuichuri, tinha direito
legítimo à sucessão do trono. O Inca ainda podia contrair casamentos externos com as Shipa
Coya (concubinas) ou com as Pihui (casamentos estabelecidos por interesse político). Os
filhos de tais casamentos, apesar de serem considerados bastardos, tinham o direito de
participar da realeza.

A nobreza era constituída por aristocratas que tinham amplas funções na administração do
Estado.

1.4.3 Na sociedade Inca, ela era dividida em dois grupos distintos


 Nobreza de Sangue: Linhagem constituída por um mito de que Pachacámacum, após
o grande dilúvio, lançou três ovos à terra: um de ouro (realeza), outro de prata
(nobreza) e um último de bronze (povo). Apesar da herança, para que um homem
fosse considerado nobre de sangue, deveria passar por diversas provações até ser
aceito definitivamente em tal estamento.
 Nobreza por Privilégio: Era constituída por dois grupos distintos: Nobres adevindos e
Nobres Privilegiados. O primeiro era composto por ex-reis que haviam se
subordinado as ordens do Inca. Já o segundo grupo era formado por pessoas que
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haviam conquistado o direito de ser nobre por algum serviço relevante prestado ao
Inca ou a sociedade.

1.4.4 O povo constituía na maioria da população e encontrava-se dividido em três


grupos
 Hatun Runa: Era formado pelos trabalhadores braçais. Também lhes cabia a obrigação
de prestar serviço militar. Quando constituíam uma família era-lhes imposta a
obrigação de pagar imposto;
 Mitimaes: Era formado por famílias “colonizadoras”, cuja função era estabelecer a
paz e a ordem nos territórios ocupados pelos Incas. Cabia-lhes a obrigação de repassar
os costumes quechuas para os povos conquistados;
 Yanavilcas: Era formado pelo povo conquistado pelos Incas, dos quais se extraía o
máximo de conhecimento possível. Suas funções eram basicamente servis, visto que
trabalhavam no cultivo da coca, na exploração de minas, no pastoreio e em serviços
domésticos.

Os incas possuíam uma admirável organização administrativa. No vasto território de seu


império, contavam com uma eficiente máquina estatal. Por meio de seus funcionários, o
soberano encontrava-se informado de tudo: quantos nasciam, quantos pagavam impostos,
quantos morriam. Os funcionários recebiam relatórios precisos e os informantes que mentiam
eram severamente castigados. A confiabilidade das informações se devia principalmente por
causa do quechua, o idioma oficial do império, que foi impostos a todos os súbitos.

O ayllu era a unidade administrativa do Império. A referida instituição surgiu no período pré-
incaico e, de pronto, converteu-se na base de sustentação da estrutura governamental incaica.
Na realidade, o Império era formado por um conjunto de ayllus.

Cada ayllu constituía um sistema formado por uma ampla rede de relações sociais,
económicas, políticas e religiosas. Essencialmente, um ayllu representava a família de um
grupo de famílias unidas com base nas relações de parentesco. O vínculo de parentesco dava-
se porque os membros do ayllu tratavam-se como irmãos; pois acreditavam descender de um
antepassado comum, o Ñaupaquenc, uma espécie de totem do agrupamento multifamiliar. A
partir daí, eles trabalhavam juntos e eram administrados por um funcionário real chamado
curaca.
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1.5 Organização política


Hemming destaca que o império incaico era altamente centralizado e hierárquico, com o
imperador (Sapa Inca) ocupando o ápice da estrutura de poder. O Sapa Inca era considerado
divino e exercia autoridade absoluta sobre todos os aspectos da vida no império.

Além do Sapa Inca, o governo incaico era composto por uma elite burocrática conhecida
como nobreza, que administrava as diversas regiões do império. Essa nobreza desfrutava de
privilégios e poderes significativos, sendo responsável pela implementação das políticas do
Sapa Inca em nível local.

Para manter o controlo sobre um território vasto e diversificado, os incas desenvolveram um


sistema de administração altamente eficiente, baseado na divisão territorial em províncias,
governadas por funcionários designados pelo Sapa Inca. Esses funcionários, conhecidos
como "curacas", eram responsáveis por colectar tributos, supervisionar obras públicas e
garantir a obediência às leis e ordens do imperador.

Hemming ressalta ainda que o sistema de comunicação e transporte dos incas desempenhou
um papel fundamental na manutenção da coesão política do império. Uma rede extensa de
estradas ligava as diferentes partes do território incaico, permitindo a rápida mobilização de
tropas e o transporte de mensagens entre as províncias.

Em resumo, John Hemming destaca que a organização política da civilização inca era
caracterizada por uma forte centralização de poder nas mãos do Sapa Inca, apoiado por uma
elite burocrática e um sistema de administração eficiente que garantia a autoridade imperial
sobre um território vasto e diversificado.
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1.6 Sistema económico


A base da vida incaica era a terra. Trabalhar nela era indício de saúde e felicidade. Só as
crianças, os velhos e os enfermos que não trabalhavam. Não e obstante tal fato, o Estado era o
único dono da terra, não havia qualquer tipo de propriedade privada. Contudo, ao nascer, o
súdito tinha direito de receber em usufruto um topo de terra com o qual lhe presenteava o
Estado. Ao casar-se recebia mais um topo, acção que se repetia a cada filho homem que
nascia. No caso do nascimento de uma menina, recebia meio topo. Não se sabe a dimensão de
um topo, sabe-se apenas que sua medida variava de acordo com a qualidade da terra. Assim
sendo, um topo de terra fértil era menor que outro de terra pobre.

A terra era chamada de Pachamama e foi convertida em deusa, Sem a terra nada existia, ela
era a base do Tahuantisuyo; tudo estava ligado à terra: o culto, o calendário, a mitologia, a
vida social, tudo girava em torno dela. No Império do Sol não existia dinheiro. O comércio
era realizado a base do escambo (troca).

1.6.1 Os objectos mais usados como moeda de troca foram


As folhas de coca, a pimenta, o milho, as plumas, o algodão, a lã e a carne seca.

O comércio local era realizado através de feiras que aconteciam nas praças. Todos podiam
negociar e não havia mendigos. As feiras tinham início ao amanhecer e terminavam com o
pôr do sol, chegado ao seu ponto culminante ao meio dia. O excedente da produção de cada
família, aldeia e região era armazenado em depósitos para a comercialização nas feiras e nos
mercados. Existia o depósito do sol destinado aos sacerdotes, o dos Incas destinado ao
Imperador e sua nobreza e, finalmente, o do povo. Os produtos eram armazenados em lugar
seguro, onde havia toda uma logística contra as intempéries e roubos.

Cabia ao Estado repartir o que a comunidade produzia. Poder-se-ia dividir não só alimentos,
como também moradia e vestimentas. A alimentação dos incas era feita à base de vegetais,
legumes, raízes, tubérculos, algas, cereais e frutas. As carnes de lhamas e alpacas também
poderiam ser consumidas. Eles costumavam usar o sal para conservar e cozinhar os
alimentos. Costumavam fazer três refeições diárias em comidas preparadas em panelas feitas
de barro.

O trabalho era visto como sinónimo de saúde e felicidade. Para os Incas, o ócio representava
um delito grave. Cada pessoa tinha uma função, independente de sexo ou condição física. Até
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os deficientes visuais eram responsáveis por catar piolhos nos demais para evitar a infestação
de parasitas.

1.6.2 Existiam três formas básicas de organização do trabalho


 O Ayni que era a forma colectiva;
 A Minca que era utilizada pelos sacerdotes e pelo Estado;
 Mita, que era o trabalho compulsório realizado por homens em idades que variavam
entre 25 e 50 anos, distribuídos em turnos sucessivos, divididos num período que
poderia durar pouco mais de três meses.

Eles se dedicavam à realização de obras públicas e ao guarnecimento do Estado. O ofício


predilecto dos Incas era a agricultura. Ela era praticada como uma forma de entretenimento
mediante muito regozijo e alegria. Tantos homens como mulheres gostavam de arar a terra, o
que lhes proporcionava muito prazer;

Os incas praticavam diferentes técnicas para o desenvolvimento do plantio. A mais


interessante dentre eles era a construção de plataformas destinadas ao cultivo. Mediante a
aplicação dessa técnica, eles conseguiam multiplicar as terras e a superfície plantada. Além
do mais, conseguiam conter desmoronamentos de terra, ao tempo em que evitavam as erosões
causadas pelo vento e pela chuva. Eles também já conheciam a técnica da jardinagem e
utilizavam excrementos de animais como adubo. O Guano, por exemplo, era um importante
esterco produzido pelas aves marinhas.

No tocante à irrigação, criaram um importante sistema formado por diques, canais e


aquedutos. Por incrível que possa parecer, eles sabiam como desviar o curso dos rios, pois
conseguiam drená-los. Subiam a água em montes, aproveitando a velocidade e utilizando o
peso de massa. Podiam, inclusive, trocar o sentido das correntes.
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1.7 Na religião
A religião da civilização inca é um tema complexo e fascinante, e um dos principais
estudiosos que fornecem uma análise abrangente sobre esse assunto é o arqueólogo e
antropólogo John Howland Rowe.

Rowe dedicou grande parte de sua carreira ao estudo da religião inca, e suas pesquisas são
fundamentais para entendermos as crenças, práticas e rituais religiosos dos incas.

Segundo Rowe, a religião dos incas era profundamente ligada à natureza e à ideia de
reciprocidade com as divindades. Os incas adoravam uma grande variedade de deuses,
conhecidos como "Apus", que representavam elementos da natureza, como montanhas, rios e
animais. Além disso, o culto ao Sol (Inti) ocupava uma posição central na religião inca, sendo
considerado a divindade suprema.

Os sacerdotes incas desempenhavam um papel crucial na religião, actuando como


intermediários entre o mundo humano e o divino. Eles realizavam cerimonias elaboradas,
como sacrifícios de animais e oferendas, para garantir a benevolência dos deuses e manter a
harmonia entre os seres humanos e a natureza.

Outro aspecto importante da religião inca era a prática da mumificação real, na qual os corpos
dos governantes falecidos eram preservados e mantidos em templos para serem adorados
como deidades.

A religião permeava todos os aspectos da vida incaica, desde a política até a agricultura, e
desempenhava um papel central na coesão social e na manutenção da ordem no império.

1.8 Arquitectura e arte


A arquitectura e a arte na civilização inca são aspectos impressionantes e significativos do
legado cultural deixado por esse antigo povo andino. Um dos estudiosos que oferece insights
valiosos sobre esse tema é o arqueólogo e historiador John Rowe.

Rowe destaca que a arquitetura incaica era caracterizada por sua solidez, engenhosidade e
harmonia com o ambiente natural. Os incas construíram impressionantes estruturas, como
templos, palácios, fortalezas e centros urbanos, utilizando técnicas avançadas de construção e
pedra.
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Um dos exemplos mais emblemáticos da arquitectura inca é Machu Picchu, uma cidade
perdida no topo de uma montanha nos Andes peruanos. Esta cidade é um testemunho da
habilidade dos incas em construir monumentos duráveis e integrá-los harmoniosamente ao
ambiente natural.

Além da arquitectura monumental, os incas também desenvolveram uma rica tradição


artística, incluindo cerâmica, tecelagem, metalurgia e escultura. A cerâmica incaica era
conhecida por suas formas elegantes e decorações elaboradas, muitas vezes representando
figuras humanas, animais e divindades.

A tecelagem era outra forma de arte altamente desenvolvida entre os incas, com tecidos
coloridos e intrincados padrões sendo usados para vestimentas, tapeçarias e objectos
cerimoniais. Os incas também eram habilidosos em trabalhar metais preciosos, como ouro e
prata, produzindo jóias e objectos rituais de grande beleza e complexidade.

A escultura incaica, embora menos conhecida do que outras formas de arte, também produziu
obras impressionantes, como as famosas cabeças-troféu e as esculturas em pedra encontradas
em templos e palácios.

Em resumo, a arquitectura e a arte na civilização inca são testemunhos impressionantes da


habilidade técnica, criatividade e visão estética deste antigo povo andino. Através da pesquisa
de John Rowe e de outros estudiosos, podemos apreciar a grandeza e a beleza da expressão
artística incaica e seu impacto duradouro na cultura e na história da América do Sul.

1.9 Organização tecnológica


A organização tecnológica da civilização inca é cativante e um dos estudiosos que oferece
uma análise detalhada sobre esse assunto é o arqueólogo e historiador Brian S. Bauer.

Para Bauer, destaca que os incas desenvolveram tecnologias impressionantes que


contribuíram significativamente para sua capacidade de organizar e administrar um vasto
império. Entre essas tecnologias, destacam-se:

 Agricultura em Terraços: Os incas dominavam a técnica de construção de terraços


agrícolas em encostas de montanhas, permitindo o cultivo em áreas montanhosas e
evitando a erosão do solo.
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 Sistemas de Irrigação: Para garantir o abastecimento de água para suas terras


agrícolas, os incas construíram elaborados sistemas de irrigação, incluindo canais,
aquedutos e reservatórios.
 Arquitectura: Os incas eram mestres na construção de estruturas arquitectónicas
impressionantes, como templos, palácios e fortalezas. Utilizando técnicas de
construção avançadas, como a técnica de encaixe de pedras sem o uso de argamassa,
eles ergueram monumentos duradouros que ainda impressionam pela sua solidez e
beleza.
 Estradas e Pontes: Os incas construíram uma extensa rede de estradas que ligava as
diferentes partes do império, facilitando o transporte de pessoas, alimentos e
mensagens. Além disso, eles construíram pontes de corda e pedra sobre rios e
desfiladeiros, permitindo a travessia segura de terrenos acidentados.
 Armazenamento de Alimentos: Para garantir o abastecimento durante períodos de
escassez, os incas desenvolveram técnicas de armazenamento de alimentos, como a
construção de depósitos subterrâneos (qullqas) em regiões de clima frio e seco.

A organização tecnológica da civilização inca demonstra uma habilidade notável para


adaptar-se ao ambiente montanhoso dos Andes e para desenvolver soluções inovadoras para
os desafios enfrentados na administração de um vasto império.

2. Sistema de comunicação

O sistema de comunicação na civilização inca foi uma parte fundamental da organização e


administração do vasto império andino.

Segundo Hyslop, destaca que os incas desenvolveram uma extensa rede de comunicação que
permitia a transmissão rápida de mensagens e informações em todo o império. Essa rede de
comunicação consistia principalmente em três elementos principais:

 Chasquis: Os chasquis eram mensageiros altamente treinados que corriam em relevos


montanhosos para entregar mensagens importantes de um lugar para outro. Eles se
revezavam em estações ao longo das estradas incas, permitindo que as mensagens
fossem transmitidas a longas distâncias em um curto espaço de tempo. Os chasquis
carregavam quipus, cordas connosco que representavam números e informações
codificadas, para ajudar na transmissão de mensagens.
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 Quipus: Embora os quipus sejam frequentemente associados ao sistema de


contabilidade inca, alguns estudiosos sugerem que também poderiam ter sido usados
como uma forma de comunicação escrita. Os quipus consistiam em cordas de
diferentes cores e nós que representavam números e informações codificadas, e os
chasquis poderiam ter usado esses dispositivos para transmitir mensagens complexas.
 Tambo: Os tambos eram postos de descanso ao longo das estradas incas, onde os
viajantes podiam encontrar abrigo, comida e descanso. Esses tambos também serviam
como centros de comunicação, onde mensagens podiam ser deixadas para os chasquis
ou para outros viajantes.

Além desses elementos, os incas também desenvolveram uma rede de estradas pavimentadas
que ligava as diferentes partes do império, facilitando o movimento de pessoas e mercadorias,
bem como a transmissão de mensagens.

Em resumo, o sistema de comunicação na civilização inca era altamente eficiente e


desempenhava um papel crucial na administração e coesão do império.

3. Contribuições

A civilização inca deixou um legado significativo, incluindo avanços em agricultura,


engenharia, arquitectura e organização política. Eles construíram estradas impressionantes,
como o Caminho Inca, desenvolveram técnicas avançadas de agricultura em terrenos
montanhosos e criaram um sistema administrativo eficiente baseado em uma economia de
redistribuição. Além disso, sua arquitectura em pedra, como em Machu Picchu, continua a
impressionar até hoje.
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4. Conclusão
Em conclusão podemos perceber que, a civilização inca foi uma das mais impressionantes e
avançadas da América pré-colombiana, deixando um legado cultural e arquitectónico
duradouro. Seu sistema político altamente centralizado, sua economia baseada na
redistribuição de recursos e sua rica religiosidade são aspectos fundamentais para
compreendermos a história e a influência dos incas na região dos Andes. Ao estudar a
civilização inca, podemos não apenas aprender sobre uma cultura fascinante do passado, mas
também reflectir sobre questões de poder, organização social e sustentabilidade que são
relevantes até os dias de hoje.
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5. Referências bibliográficas

C.A, B. (1992). Os Incas (8 ed.). (M. L. Martins, Trad.) Sao Paulo .

Hemming, J. (2012). A conquista dos Incas.

Martins, C. B. (2001). O papel do dinheiro primitivo na economia Inca. Sao Paulo.

Urton, G. (1997). The Social Life of number:A Quechua Ontology of Numbers and
Philosophy of Arithmetic. University of texas Press .

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