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São Paulo:
Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus: Pinacoteca do Estado de São Paulo:
Secretaria de Estado da Cultura, 2013. (Bruno Brulon Soares e Marília Xavier Cury, tradução
e comentários)
A
Arquitetura (museal): arte de conceber, projetar e construir um espaço destinado a abrigar
as funções específicas de um museu (exposição, conservação preventiva e ativa, estudo,
gestão e acolhimento de visitantes). A arquitetura “envelopa” as coleções, a equipe e o
público de museu – isto é, integra todo o mecanismo da instituição como um instrumento
museológico
C
Coleção: coração das atividades de um museu, se configura como um conjunto de objetos
materiais ou imateriais que um indivíduo ou estabelecimento se responsabilizou em reunir,
classificar, selecionar e conservar em um contexto seguro e, com frequência, comunicado ao
público. Para ser definido como coleção, esse conjunto deve ser coerente e significativo.
Três variações o conceito de acordo com dois fatores: a natureza institucional da coleção e a
natureza material ou imaterial dos seus suportes.
1. Fonte e finalidade das atividades do museu como instituição;
2. Objetos mantidos fora do circuito de atividade econômica, submetidos a uma
proteção especial em local fechado, mantido com este propósito, e exposto ao olhar.
(Coleção é definida por seu valor simbólico);
3. Reunião de objetos que conservam sua individualidade e reunidos de maneira
intencional, segundo uma lógica específica.
E
Educação: um conjunto de valores, de conceitos, de saberes e de práticas que têm como fim
o desenvolvimento e sensibilização do visitante; como um trabalho de aculturação, ela
apoia-se notadamente sobre a pedagogia, o desenvolvimento, o florescimento e a
aprendizagem de novos saberes.
Ética (no museu): processo de discussão que visa a determinar os valores e os princípios de
base sobre os quais se apoia o trabalho museal. Nesse sentido, a museologia pode ser
definida como ética museal, já que é ela que decide aquilo que deve ser um museu e os fins
aos quais ele deve estar submetido.
Exposição: a) o resultado da ação de expor elementos concretos exibidos por sua própria
importância (como no caso de quadros ou relíquias), ou por evocarem conceitos ou
construções mentais (a transubstanciação, o exotismo); e, b) o conjunto daquilo que é
exposto (objetos autênticos, substitutivos, material acessório, suportes de informação e
sinalização utilitária), o lugar onde se expõe e são realizadas interações sociais acerca da
coleção exibida.
G
Gestão museológica ou administração de museus: ação de conduzir tarefas administrativas
do museu ou, de modo mais geral, o conjunto de atividades que não estão diretamente
ligadas às especificidades do museu mas que permitem seu funcionamento. Ou seja, gestão
do financeiro, jurídico, segurança e manutenção da instituição, organização da equipe de
profissionais, marketing e processos estratégicos e de planejamento (derivada da lógica da
administração pública).
I
Instituição: organismo público ou privado estabelecido pela sociedade para responder a
determinada necessidade. Por ser um organismo regido por sistema jurídico determinado e
ser de direito público ou privado, configura-se como uma instituição. A instituição museal
apresenta três definições possíveis:
1) Existem dois níveis de instituições: aquelas relacionadas às necessidades biológicas e
primeiras (se alimentar, dormir, se reproduzir) e aquelas relacionadas às
necessidades secundárias e resultante de exigências da vida em sociedade
(organização, saúde, defesa, educação, cultura). O museu é, portanto, uma
instituição de segunda necessidade.
2) Museu como uma instituição permanente que constitui um conjunto de estruturas
criadas no campo museal, organizadas a fim de que se possa estabelecer uma
relação sensível com os objetivos e que repousa sobre um conjunto de regras. Ou
seja, o museu tem um papel normativo e de autoridade sobre a área do
conhecimento com que se relaciona.
3) O local, estabelecimento não é a instituição em si, somente a sua forma concreta.
4) Assim, uma instituição museal pode não designar um museu específico, mas o
conjunto de organismos nacionais e internacionais ligados às operações dos museus.
M
Mediação: ação de reconciliar ou colocar em acordo duas ou várias partes. No museu, a
mediação busca favorecer o compartilhamento de experiências vividas entre os visitantes na
sociabilidade da visita, estabelecendo pontos de contato entre aquilo que é exposto (ao
olhar) e os significados que os objetos e os sítios podem portar (conhecimento).
Museal: 1) adjetivo que qualifica tudo aquilo que é relativo ao museu, distinguindo de
outros domínios; 2) substantivo que designa o campo de referência no qual se desenvolve o
desenvolvimento, funcionamento e criação da instituição museu; bem como a reflexão
crítica e teorização sobre suas especificidades, inclusive aquelas que escapam as
características dos museus tradicionais.
A especificidade museal se realiza na relação de dois aspectos: a apresentação sensível,
perceptível pela visão e audição (e raramente pelos outros três sentidos), e a marginalização
da realidade, ao criar um espaço separado, totalmente imaginário e simbólico, mas não
necessariamente imaterial.
Museologia: à priori, trata-se do estudo do museu. Mas pode ter cinco sentidos diferentes:
1) Aplicado amplamente a tudo o que se refere a museus (sinônimo de museal).
2) Estudo do museu, geralmente usado em ambientes acadêmicos ocidentais e
imposta entre profissionais a partir de 1960, quando a museologia se tornou uma
disciplina acadêmica independente.
3) ciência que examina a relação específica do homem com a realidade, consiste na
coleção e na conservação, consciente e sistemática, e na utilização científica, cultural
e educativa de objetos inanimados, materiais e móveis (sobretudo tridimensionais)
que documentam o desenvolvimento da natureza e da sociedade. Essa acepção teve
grande influência nos anos 1980.
4) Sob influência da “Nova Museologia”, movimento ideológico criado nos anos 1970
por teóricos franceses e difundido ao mundo na década seguinte, a museologia
passa a ser entendida a partir da vocação social e o caráter interdisciplinar dos
museus.
5) Conjunto de tentativas de teorização ou de reflexão crítica ligadas ao campo museal
(engloba todas as demais).
O
Objeto de museu ou musealia: uma coisa musealizada, isto é, tornada objeto de museu,
sendo “coisa” definida como qualquer tipo de realidade em geral.
A diferença entre a coisa e o objeto consiste no fato de que a coisa tornou-se uma parte
concreta da vida, e que nós estabelecemos com ela uma relação de simpatia ou de simbiose.
Por contraste, o objeto será sempre aquilo que o sujeito coloca em face de si como distinto
de si; ele é, logo, aquilo de que se está “diante” e do qual é possível se diferenciar. Nesse
sentido, o objeto é abstrato e morto, pois fechado em si mesmo.
O objeto do museu é feito para ser mostrado, com toda a variedade de conotações que lhe
estão intrinsecamente associadas, uma vez que podemos mostrar para emocionar, distrair
ou instruir. São selecionados em função de seu potencial de testemunho, ou seja, pela
qualidade das informações (indicadores) que eles podem trazer para a reflexão dos
ecossistemas ou das culturas que se deseja preservar.
P
Patrimônio: no direito romano, designava os bens herdados pelos filhos de seus pais. A
noção de patrimônio cultural surge no século XVII e é retomada pela Revolução Francesa,
ligada à noção de perda ou de desaparecimento potencial e da vontade de preservação.
A Convenção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural (UNESCO, 1972) considera como
patrimônio cultural:
Os monumentos – Obras arquitetônicas, de escultura ou de pintura
monumentais, elementos de estruturas de carácter arqueológico, inscrições,
grutas e grupos de elementos com valor universal excepcional do ponto de
vista da história, da arte ou da ciência;
Os conjuntos – Grupos de construções isoladas ou reunidos que, em virtude
da sua arquitetura, unidade ou integração na paisagem têm valor universal
excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência;
Os locais de interesse – Obras do homem, ou obras conjugadas do homem e
da natureza, e as zonas, incluindo os locais de interesse arqueológico, com
um valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético,
etnológico ou antropológico.
Posteriormente, soma-se à concepção de patrimônio os bens imateriais. Essa noção,
originária dos países asiáticos (notadamente do Japão e da Coreia), funda-se sobre a ideia de
que a transmissão, por ser efetiva, repousa essencialmente sobre a intervenção humana, da
qual provém a ideia de tesouro humano Vivo. Assim, em 2003, com a Convenção para a
Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, a UNESCO considera
“patrimônio cultural imaterial” as práticas, representações, expressões,
conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e
lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e,
em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu
patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de
geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e
grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de
sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e
contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à
criatividade humana.
A ideia de patrimonialização impõe-se à compreensão do estatuto social daquilo que é o
patrimônio.
Profissão:
Público: 1) adjetivo que traduz a relação jurídica do museu e o povo do território em que ele
se situa; o museu público pertence ao povo, sendo financiado por ele e geralmente regido
pelos princípios da administração pública (seu patrimônio é inalienável e imprescritível,
salvo em algumas exceções). 2) substantivo que designa o conjunto de usuários do museu.
S
Sociedade: uma comunidade de indivíduos organizada (em um espaço e em um momento
definidos) em torno de instituições políticas, econômicas, jurídicas e culturais comuns, entre
as quais está o museu e com as quais ele constrói a sua atividade.