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Políticas Educacionais
Políticas Educacionais
E ORGANIZAÇÃO DA
EDUCAÇÃO
BÁSICA
PROFESSORAS
Dra. Mara Cecília Rafael Lopes
Dra. Suzi Maria Nunes Cordeiro
ACESSE AQUI
O SEU LIVRO
NA VERSÃO
DIGITAL!
EXPEDIENTE
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de
EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
FICHA CATALOGRÁFICA
Coordenador(a) de Conteúdo
Mara Rafael Lopes
Projeto Gráfico e Capa C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho Núcleo de Educação a Distância. LOPES, Mara Cecília Rafael;
CORDEIRO, Suzi Maria Nunes.
e Thayla Guimarães
Editoração Políticas Educacionais e Organização da Educação Básica.
Mara Cecília Rafael Lopes; Suzi Maria Nunes Cordeiro.
Juliana Duenha
Design Educacional
Maringá - PR: Unicesumar, 2020. Reimpresso em 2023.
Bárbara Neves
224 p.
Revisão Textual “Graduação - EaD”.
Lorena Martins
Ilustração 1. Políticas 2. Educação 3. Organização. EaD. I. Título.
Marta Kakitani
Fotos
Shutterstock CDD - 22 ed. 379
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Impresso por: ISBN 978-85-459-2004-5
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- são, que é promover a educação de qua-
versão integral das pessoas ao conhecimento. lidade nas diferentes áreas do conheci-
Reitor
Wilson de Matos Silva
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Por meio da Unidade 4, você conhecerá as principais formas de avaliação externa do sistema
educacional brasileiro, com foco na Educação Básica, com o propósito de entender os instru-
mentos de regulação do Estado e a relevância na elaboração e implementação de políticas
educacionais em nosso país.
Por fim, a Unidade 5 trata do início das relações externas do Brasil e suas relações com os
Organismos Internacionais, com o objetivo de compreender as recomendações de políticas
educacionais para nosso país. Além disso, as retomadas históricas ajudarão a entender as
discussões sobre uma base comum curricular como instrumento de orientação dos currículos
da Educação Básica, e saber sua relação com a Reforma do Ensino Médio.
explorando Ideias
quadro-resumo
conceituando
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conecte-se
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01
8 UNIDADE 02
36
INFORMAÇÕES A EDUCAÇÃO NA
ESTATÍSTICAS, LEGISLAÇÃO:
CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
POLÍTICA FEDERAL
EDUCACIONAL E A DE 1988 E LDB DE 1996
INTERPRETAÇÃO DA
EDUCAÇÃO
UNIDADE 03
70 UNIDADE 04
122
SISTEMA AVALIAÇÃO NO
EDUCACIONAL SISTEMA
BRASILEIRO: EDUCACIONAL
ORGANIZAÇÃO E BRASILEIRO
ESTRUTURA
UNIDADE 05
164 FECHAMENTO
209
POLÍTICAS CONCLUSÃO GERAL
EDUCACIONAIS NO
BRASIL
CONTEMPORÂNEO:
BNCC
1
INFORMAÇÕES ESTATÍSTICAS,
CONCEITO DE
Política Educacional e a
Interpretação da Educação
PROFESSORA DRA.
Mara Cecília Rafael Lopes
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Os Indicadores Educacionais:
Censo Escolar, IDH e IDHM • Os Avanços no Acesso à Educação • O que é Política Educacional?
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Conhecer os indicadores educacionais como fonte de informação e análise das políticas, a fim de
entender as implicações na elaboração das políticas educacionais. • Analisar os indicadores de acesso
e democratização da educação, para compreender os avanços e a atual conjuntura da educação bra-
sileira. • Compreender os conceitos básicos: Estado, governo e políticas educacionais, a fim de analisar
a educação escolar no contexto atual.
INTRODUÇÃO
EDUCACIONAIS:
CENSO ESCOLAR,
IDH e IDHM
Para iniciarmos nosso estudo, preciso que você responda a algumas perguntas:
1. O que você conhece sobre as políticas educacionais?
2. Quais autores você leu como referência para o estudo de políticas educacionais?
3. Você já teve acesso às estatísticas sobre educação? Aos dados do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e Minis-
tério da Educação (MEC)?
4. Conhece alguns aspectos da legislação sobre educação?
UNICESUMAR
propostas para as políticas educacionais são mais assertivas. Para que seus argu-
mentos sobre a educação brasileira tenham validade, mesmo em um debate com
família ou amigos, devem basear-se em pesquisas e não no senso comum, certo?
“
Deve-se destacar que os indicadores sociais têm sido cada vez mais
utilizados para avaliar a situação da educação no Brasil. Esse uso
tem sido intensificado nos últimos anos, principalmente por dois
motivos: primeiro pela ampliação do grau de cobertura em todos
os níveis de educação no país, fenômeno que exige um acompa-
nhamento sistemático; e segundo pelo aumento de dados disponí-
veis sobre a educação brasileira, principalmente no que se refere à
qualidade do ensino, formação dos professores e situação física das
escolas (DIAS JÚNIOR; VERONA, 2010, p. 1).
“
Artigo 5º [...] XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível
à segurança da sociedade e do Estado (BRASIL, 1988).
11
O mesmo inciso determinou, ainda, a criação de uma lei para regulamentar o refe-
UNIDADE 1
“
VII - promover a colaboração entre governos dos diferentes níveis
da federação e entre o Poder Executivo federal e a sociedade, por
meio da publicação e do reuso de dados abertos; VIII - promover
e apoiar o desenvolvimento da cultura da publicidade de dados e
informações na gestão pública; IX - disponibilizar tecnologias e
apoiar as ações dos órgãos e entidades do Poder Executivo federal
ou que aderirem à INDA na implementação da transparência ativa
por meios digitais; e X - promover a participação social na constru-
ção de um ecossistema de reuso e de agregação de valor dos dados
públicos BRASIL, 2012a, on-line)
“
O direito de acesso às informações públicas, além de ser um di-
reito importante por si mesmo, tem uma finalidade ainda maior
por constituir um instrumento necessário para concretização da
participação da sociedade civil na reivindicação dos demais direi-
tos políticos e sociais constitucionais. Os cidadãos precisam de in-
formações para ter livre discernimento, com livre intercâmbio de
ideias, auxiliando a tomada de decisões e a reivindicação dos demais
12
direitos. O direito à informação não se trata, portanto, apenas de um
UNICESUMAR
direito constitucional fundamental, mas sim de um direito huma-
no, que tem como propósito conquistar outros direitos igualmente
constitucionais fundamentais e humanos (CARDOSO, 2017, p. 32).
13
“
O Censo Escolar é um levantamento estatístico anual, coordenado
UNIDADE 1
60.000.000
49.771.371 48.796.512 48.817.479 48.608.093 48.455.867
50.000.000
40.680.590 39.738.780 39.834.378 39.721.032 39.460.618
40.000.000
30.000.000
20.000.000
9.090.781 9.057.732 8.983.101 8.887.061 8.995.249
10.000.000
14
UNICESUMAR
18,6%
0,8%
47,7%
32,9%
18.603.701
15.116.036
8.906.605
4.499.423
355.937 830.380
55.141 88.644
Federal Estadual Municipal Privada
Urbano Rural
15
Em relação à localização, as matrículas da Educação Básica são encontradas ma-
UNIDADE 1
16
UNICESUMAR
pensando juntos
A educação é um direito de todos. Para que esse direito seja garantido, são ne-
cessários vários fatores, como condições, acesso, permanência e infraestrutura
básica. Por isso, as estatísticas públicas constituem um subsídio importante para
o conhecimento da realidade social e econômica, além de necessitar chegar a todo
cidadão. Em uma sociedade democrática, elas são decisivas para o pleno exercício
da cidadania, ao servir de instrumento para propor, reelaborar, acompanhar e
avaliar as políticas públicas.
■ O IDH e o IDHM
17
A dimensão da educação envolve a escolaridade que, no caso brasileiro, tem
UNIDADE 1
como base o número de anos de estudos concluídos com aprovação pelo indiví-
duo. Há três variáveis que possuem efeitos diretos sobre a escolaridade: a idade
do indivíduo, porque a legislação determina as etapas obrigatórias de estudo e a
idade mínima para o ingresso na escola; o período ou contexto temporal, no qual
o indivíduo ingressa na escola, a sua conclusão em cada série e a continuidade no
sistema de ensino, pois se relacionam com a condição econômica de cada aluno;
o corte a qual pertence o indivíduo (RIOS NETO et al., 2005).
“
Usado desde 1993 pelo PNUD em seu Relatório do Desenvolvi-
mento Humano (RDH), o IDH é utilizado, ainda, para classificar os
países enquanto “desenvolvidos” (quando atingidos valores acima
de 0,900) ou “em desenvolvimento” (para aqueles cujos valores não
atingiram 1994, on-line 2005, on-line). Segundo dados do RDH
2009, a Noruega encabeça a lista dos países com maior IDH (0,971),
seguida por Austrália (0,970), Islândia (0,969), Canadá (0,966) e
Irlanda (0,965). Dentre os países latino-americanos, o Chile, na 44ª
posição, é o primeiro a figurar na lista, com um IDH de 0,878 em
2007. O Brasil aparece na 75ª posição, apresentando um IDH de
0,813 (DUARTE, 2010, p. 2).
A classificação para leitura dos dados de IDH é a seguinte: baixo, médio, elevado
e muito elevado. Valores entre 0 e 0,499 são classificados como baixos; a classifi-
cação média localiza-se entre 0,500 e 0,799; a classificação elevada concentra-se
em valores entre 0,800 e 0,899; os valores acima de 0,900 indicam um IDH muito
elevado (DUARTE, 2010).
18
Ranking de desenvolvimento humano
UNICESUMAR
Os primeiros têm maior desenvolvimento; os últimos, menor.
De 188 países, o Brasil está em 79º lugar.
19
Reconhecer e combater essa desigualdade é um desafio complexo e permanen-
UNIDADE 1
20
UNICESUMAR
Figura 6 - Subíndices do IDHM, Cor, Brasil, 2010 - Fonte: Pnud (2017, p. 16).
Figura 7 - Subíndices do IDHM Ajustado, Sexo, Brasil, 2010 / Fonte: Pnud (2017, p. 17).
21
UNIDADE 1
Figura 8 - Subíndices do IDHM, Situação de Domicílio, Brasil, 2010 / Fonte: Pnud (2017, p. 18).
22
2
OS AVANÇOS NO ACESSO
UNICESUMAR
À EDUCAÇÃO
Ao olhar historicamente para os dados, surge uma pergunta intrigante: nós avan-
çamos nas políticas educacionais?
Sim, o Brasil melhorou a educação nacional em alguns aspectos. Essa é a
conclusão de um grupo de pesquisadores que estudou e analisou dados sociais
e econômicos do país nas últimas duas décadas. Eles utilizaram os dados com-
paráveis, como os da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do
IBGE. O resultado do levantamento, com dados do período entre 1995 e 2015
sobre educação, habitação, renda e posse de bens, inclusão financeira e digitali-
zação virou livro: O Brasil mudou mais do que você pensa, de Lauro Gonzales,
Maurício de Almeida Prado e Maiel Deak.
Segundo o estudo, a melhora da educação é significativa para os demais fato-
res, pois impacta o acesso ao sistema educacional, a permanência e os níveis de
conclusão. O acesso à Educação Superior, no Brasil, foi um processo tardio em
relação à maioria dos países latino-americanos (CUNHA, 1980). A porcentagem
de jovens, entre 18 a 24 anos, a terem acesso à Educação Superior, no período
2000-2010, passou de 9,1% para 18,7% do total. Observe, no gráfico a seguir, os
dados do período 1995-2015.
23
Brasileiros no Ensino superior
UNIDADE 1
Classes
C, D e E 87000
1995 2015
Figura 9 - Acesso à Educação Superior de 1995-2015 / Fonte: Inep (1995; 2015).
ESCOLARIDADE MÉDIA
(em número de anos)
1995 2015
11,6
9,7
8,2 8,4
5,4
3,9
Figura 10 - Escolaridade média da população de 1995 a 2015 / Fonte: Inep (1995; 2015).
UNICESUMAR
compromissos da Conferência Mundial de Educação para Todos (realizada em
Jomtien, Tailândia, em 1990), o Brasil finalmente incluiu uma parcela da população
de baixa renda que ainda estava fora da escola. Assim, a taxa de participação escolar
de alunos entre 7 e 14 anos subiu de 87%, em 1992, para 97%, em 2002, sendo que o
crescimento atendeu, especialmente, o grupo de renda mais baixa (SIMÕES, 2003).
O acesso à educação, que era restrito às classes A e B, passou a incluir milhões de
crianças e jovens das classes C, D e E. Sabemos, com isso, que, no Brasil, tivemos
uma melhora na distribuição da renda e da riqueza, que, de forma direta, determina
o acesso e a permanência dos estudantes na escola.
92
88 89
84
81
80
1995 2003 2015
Figura 11 - Taxa de atendimento escolar de 6 a 14 anos por classe / Fonte: Gonzales et al.
(2018).
“
A primeira preliminar é não ignorar o que é a situação do Brasil
em matéria socioeconômica. De há muito os educadores brasileiros
correlacionam dialeticamente sociedade e educação. Sabemos todos
que a distribuição de renda e da riqueza no país determina o acesso
e a permanência dos estudantes na escola. Sabemos também que
o aumento da permanência de estudantes na escola depende da
realização do direito ao saber, sob um padrão de qualidade possível
de ser incrementado. E sabemos também que não se deve exigir da
escola o que não é dela, superando a concepção de uma educação
salvífica e redentora. Problemas há na escola que não são dela, mas
que estão nela e problemas há que são dela e obviamente podem
também estar nela. Considerar este contexto socioeconômico des-
25
critiva e analiticamente, vê-lo como suscetível de superação por
UNIDADE 1
explorando Ideias
Para acompanhar as informações sobre a educação, segue alguns sítios para que você
possa se aprofundar:
INEP: http://www.inep.gov.br.
MEC: http://www.mec.gov.br.
IBGE: http://www.ibge.gov.br.
Observatório do PNE: http://www.observatoriodopne.org.br .
26
3
O QUE É
UNICESUMAR
POLÍTICA
Educacional?
27
Nesse sentido, é relevante considerar as divergências no conceito de Estado.
UNIDADE 1
“
Nesse sentido, o termo “política” se refere às escolhas, às decisões
tomadas por uma determinada autoridade política, decisões estas
que conformam “o que fazer” diante de um determinado problema,
necessidades ou demandas sociais, podendo ter sido, ou não, fruto
de um processo político participativo (RUA, 2015, p. 3).
“
[...] pelo governo quanto à sua implementação e manutenção, mas
emergem da sociedade, dos problemas ou demandas que podem ser
econômicos, políticos ou de bem-estar. As políticas públicas são o
resultado de uma interação complexa entre o Estado e a sociedade.
28
Em outras palavras, o processo de formulação de política pública
UNICESUMAR
é aquele através do qual os governos traduzem seus propósitos em
programas e ações, que produzirão resultados ou as mudanças de-
sejadas no mundo real (SOUZA, 2003, p. 13).
A educação, no campo das políticas públicas, é caracterizada como uma política social.
“
Políticas sociais: conjunto de propostas de intervenção sobre proble-
mas relacionados com o desenvolvimento social de um determinado
país, estado ou município, incluindo as políticas de educação, saúde,
habitação, transporte, cultura, esporte e lazer (BRASIL, 2007 p. 243).
“
E políticas sociais se referem a ações que determinam o padrão de
proteção social implementado pelo Estado, voltadas, em princípio,
para a redistribuição dos benefícios sociais visando a diminuição
das desigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimento so-
cioeconômico. As políticas sociais têm suas raízes nos movimen-
tos populares do Século XIX, voltadas aos conflitos surgidos entre
capital e trabalho, no desenvolvimento das primeiras revoluções
industriais (HÖLFLING, 2001, p. 31).
Diante desse conceito, podemos dizer que uma política é boa ou ruim para a
educação? Sim, a partir de estudo, pesquisa e análise das políticas. Mesmo depois
de décadas de implementação, uma política não foi capaz de garantir o direito
constitucional a qual se propôs, ela necessita ser reformulada ou substituída.
29
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 1
30
na prática
2. Resumo Técnico: Censo da Educação Básica 2018, obra indicada como leitura comple-
mentar, apresenta os princípios constantes adotados para a elaboração do Censo
Escolar. Com base no material citado, apresente esses princípios.
31
na prática
5. As políticas públicas podem ser propostas pelo governo ou pela população, por
meio de grupos sociais. As políticas educacionais, conforme estudamos, possuem
características próprias. Assim, analise as alternativas e assinale a correta:
32
aprimore-se
Caro(a) aluno(a), que tal conhecer um pouco sobre o Censo Escolar, que, certamente,
fará parte de sua vida profissional ao adentrar o campo da educação? Para tanto, veja
a seguir um excerto do texto de Pestana (2010), que caracteriza o Censo Escolar como:
Pesquisa de âmbito nacional que coleta dados sobre escolas, turmas, docentes
e alunos, de acordo com as etapas e modalidades da Educação Básica (Educação In-
fantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação Especial e Educação de Jovens e
Adultos), e se constitui na principal fonte de dados primários para o sistema nacional
de estatísticas educacionais, bem como para sistemas internacionais de estatísticas
comparadas. O principal objetivo do Censo Escolar é levantar informações que permi-
tam a definição e o cálculo de indicadores educacionais, a elaboração de panoramas,
diagnósticos e análises da realidade do sistema educacional brasileiro, de modo a
subsidiar o planejamento, a definição, a implementação e o monitoramento de políti-
cas públicas na área da Educação Básica. Trata-se de uma pesquisa declaratória e com
base em registros administrativos escolares, que é realizada anualmente pelo Institu-
to Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep, em parceria
com as secretarias estaduais e municipais de educação e com a colaboração dos es-
tabelecimentos de ensino públicos e privados. A coleta de dados é realizada durante
os meses de junho, julho e agosto, por meio de sistema eletrônico denominado Edu-
cacenso, disponível na rede mundial de computadores (web). A data de referência da
pesquisa é a última quarta-feira do mês de maio, denominada Dia Nacional do Censo
Escolar. A pesquisa é composta por quatro formulários – cadastro de escola, cadastro
de turma, cadastro de docente e cadastro de aluno – associados e interrelacionados
entre si. O formulário cadastro da escola contém informações de nome, endereço,
dependência administrativa, localização, regulamentação, recursos humanos, infraes-
trutura e equipamentos disponíveis, etapas e modalidades de ensino ofertadas pela
escola; o formulário cadastro de turma traz dados sobre etapa e modalidade de ensi-
no, disciplinas ofertadas, tipo de atendimento, horário de funcionamento da turma; o
formulário cadastro de docente possui informações de nome do docente, data e local
de nascimento, nome da mãe, sexo, raça ou cor, escolaridade, área de formação ini-
cial e continuada, bem como dados sobre o exercício da docência na escola, tais como
turmas e disciplinas em que atua; o formulário cadastro de aluno apresenta dados de
33
aprimore-se
identificação do aluno, tais como nome, data e local de nascimento, filiação, sexo, in-
formações sobre raça/cor, tipo de deficiência, quando aplicável, e indicação da etapa
de ensino, modalidade de ensino e turma em que está matriculado. O Censo Escolar
ainda contempla informações de rendimento (aprovação e reprovação) e movimen-
to escolar (abandono e transferência) de cada aluno. Tais dados são recolhidos no
início do ano letivo subsequente ao ano de referência do censo escolar, também por
meio do sistema Educacenso, em módulo específico denominado Situação do Aluno.
Com base nos dados do Censo Escolar, é possível traçar perfis de escolas, de docen-
tes, de alunos, obter quantidade de matrículas e de funções docentes, de abandono
escolar, de aprovação, de reprovação, calcular taxas de rendimento e realizar estu-
dos e pesquisas diversos sobre a educação brasileira. A disseminação dos dados do
Censo Escolar é realizada pelo Inep, por meio da publicação de sinopses estatísticas,
de arquivos com os microdados da pesquisa e da oferta de sistemas eletrônicos de
consulta de dados. Os dados do Censo Escolar servem de referência para a operação
de programas de distribuição de recursos financeiros e materiais geridos pela União,
estados e municípios. As matrículas apuradas pelo Censo Escolar embasam o cálculo
dos coeficientes de distribuição dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvi-
mento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
34
eu recomendo!
livro
conecte-se
35
2
A EDUCAÇÃO NA LEGISLAÇÃO:
CONSTITUIÇÃO
FEDERAL
de 1988 e LDB de 1996
PROFESSORA DRA.
Mara Cecília Rafael Lopes
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Reforma da Educação a par-
tir de 1990 • a Educação na Constituição Federal de 1988 • a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional de 1996.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Conhecer o processo de reforma da educação iniciada na década de 1990, a fim de compreender
as principais legislações educacionais • estudar os preceitos constitucionais da educação nacional,
para conhecer os direitos e deveres do Estado, da família e da escola quanto a educação • analisar
a LDBEN, seus avanços e retrocessos para a política educacional, com o intuito de compreender a
atual política educacional.
INTRODUÇÃO
EDUCAÇÃO
a Partir de 1990
UNICESUMAR
Boneti (2013, p. 278), “o ser cidadão não mais significa ter direitos, mas possuir
um conjunto de habilidades e/ou capital que o faz ser, nunca de responsabilidade
do Estado, mas do indivíduo”.
Nesse momento, o Estado, junto da sociedade civil e o mercado, são com-
preendidos como parceiros no processo de desenvolvimento. As políticas pú-
blicas, especialmente, as educacionais, são tidas como aquelas que são respon-
sáveis por preparar as habilidades individuais. Na educação, portanto, o foco é
direcionado às habilidades, competências e condições do ambiente produtivo. A
estrutura de funcionamento da reforma do Estado e da educação caracteriza-se
pela diminuição das responsabilidades sociais e transferência dessas responsa-
bilidades ao indivíduo. Nesse processo, as políticas visam racionalizar recursos;
diminuir as políticas sociais, saúde e educação; desregulamentar a economia;
privatizar e abrir mercados, conforme as diretrizes neoliberais.
Com a Reforma do Estado, em 1995, a administração pública gerencial passa
a considerar o cidadão cliente dos seus serviços. Para isso, exige formas flexíveis
de gestão e de descentralização. Na busca pela qualidade e efetividade, instaura
um modelo de avaliação sistemática dos serviços prestados, como as avaliações
nacionais, no caso da educação.
O desenvolvimento deixa de ser um projeto conduzido apenas pelo Esta-
do-nação e passa a ter como base o mercado mundial, conforme as orienta-
ções do Consenso de Washington, formulado em 1989, que estabelece seus dez
mandamentos: “disciplina fiscal, prioridades na despesa pública, reforma fiscal,
liberalização financeira, taxas de câmbio, liberalização do comércio, investimento
estrangeiro direto, privatização, desregulamentação e direitos de propriedade”
(TEODORO, 2008, p. 25). Em relação ao Consenso de Washington:
“
Trata-se dos resultados dos encaminhamentos tratados nas reuniões
de economistas do FMI, do Bird e do Tesouro dos Estados Unidos
realizadas em Washington D.C. no início dos anos 1990. Foram pro-
venientes dessas reuniões recomendações dos países desenvolvidos,
aos países em desenvolvimento, para que estes adotassem políticas
de abertura de seus mercados (SANDRONI, 1999, p. 123).
ESTADO DE BEM-ESTAR
ESTADO LIBERAL ESTADO NEOLIBERAL
SOCIAL
Não-intervencionista Intervencionista Não-intervencionista
O liberalismo é um
conjunto de ideias que
nasceu na Sociedade Surgiu no pós-Segunda
Moderna. Consolidou- Guerra Mundial, como
Surgiu após a crise de
-se em 1668, na Ingla- uma reação teórica
1929, como tentativa de
terra, com a Revolução e política ao Estado
recuperar as economias
Gloriosa. No restante Intervencionista Key-
nacionais, reverter o
da Europa, deu-se só nesiano. Com a crise
quadro de desemprego e
após a Revolução Fran- do petróleo de 1973 e
aumentar a capacidade de
cesa, em 1789. Nos inflação, o neolibera-
consumo da população.
Estados Unidos, porém, lismo gradativamente
ocorreu com a luta pela volta à cena.
Independência, em
1776 (CHAUÍ, 2000).
40
ESTADO DE BEM-ESTAR
UNICESUMAR
ESTADO LIBERAL ESTADO NEOLIBERAL
SOCIAL
Não-intervencionista Intervencionista Não-intervencionista
Acordo direto entre em- Regula as relações co- Flexibilização das rela-
pregador e empregado. merciais e de trabalho. ções trabalhistas.
41
ESTADO DE BEM-ESTAR
UNIDADE 2
A ascensão social é de
responsabilidade de
cada um: as condições
estão postas para to-
dos, o insucesso é fru-
Defende a não existên-
to da incompetência. O governo desempenha
cia de políticas sociais.
O Estado não poderia um papel fundamental
Descaracteriza qual-
interferir na economia, no enfrentamento da
quer tipo de ação cole-
o próprio mercado pobreza, do desemprego
tiva, em particular as de
dispunha de mecanis- e da desigualdade de
natureza sindical, que
mos de regulação, a renda, por meio da ofer-
são vistas como “corpo-
chamada “mão invisí- ta ou subsídio de bens
rativistas” e contrárias
vel”. A liberdade econô- de serviços à população.
ao interesse geral.
mica foi sintetizada
na frase “laissez faire,
laissez passer”, que em
francês significa “deixe
fazer, deixe passar”.
Quadro 1 - Estado Liberal, Estado de Bem-Estar Social e Estado Neoliberal / Fonte: a autora.
42
As políticas neoliberais, para a educação, implementadas no Brasil, mudaram o
UNICESUMAR
que anteriormente era compreendido como objetivo ou função social da edu-
cação, originada na escola republicana francesa, voltada à formação do cidadão,
que destaca o saber não somente pelo seu valor profissional, mas por seu valor
social, cultural e político. A perspectiva neoliberal, para a educação, tem o foco
na formação de “capital humano”, ou seja, de conhecimentos apreendidos pelos
indivíduos desde que sejam valorizados economicamente – uma escola que cada
vez mais se insere na ordem competitiva de uma economia globalizada. “Na nova
ordem educativa que se delineia, o sistema educativo está a serviço da competiti-
vidade econômica, está estruturado como um mercado deve ser gerido ao modo
das empresas” (LAVAL, 2004, p. 20).
Nesse sentido, entendemos que a educação deve preocupar-se com a forma-
ção para o mercado de trabalho, mas não atuar apenas por esse objetivo. A edu-
cação possui, como função social, o desenvolvimento do indivíduo nas diversas
áreas, que permita o desabrochar de suas potencialidades; uma educação que
forme para o exercício da cidadania, tendo em vista sujeitos críticos, autônomos e
emancipados, que possam ler a sociedade e propor soluções para seus problemas.
“
[...] a função social da educação seria de “ordenar e sistematizar as
relações homem-meio para criar as condições ótimas de desenvol-
vimento das novas gerações [...]”. Portanto, a finalidade da educa-
ção e o próprio homem, quer dizer, a sua promoção: “torná-lo cada
vez mais capaz de conhecer os elementos de sua situação a fim de
poder intervir nela, transformando-a no sentido da ampliação da
liberdade, comunicação e colaboração entre os homens” (SAVIANI,
1992, p. 52).
pensando juntos
43
A reforma educacional que se deu, partir da década de 1990, tem uma de suas
UNIDADE 2
44
Os documentos citados são essenciais para compreender esse processo de refor-
UNICESUMAR
ma, mas o material relevante não se limita a eles. Muitos documentos, legislações,
relatórios e pareceres são produzidos até o atual momento. Isso nos permite dizer
que vivemos, ainda, um processo de reforma da educação.
A reforma, ainda em curso, das políticas educacionais teve suas mudanças
propostas pelos organismos internacionais para a educação na América Latina,
com base nas políticas econômicas neoliberais e com uma forte crítica às políti-
cas sociais. O discurso participativo e de descentralização produziu significados
polissêmicos dos termos e o esvaziamento de seus significados políticos. A des-
centralização ocorreu de forma “centralizadora do controle pedagógico (em nível
curricular, de avaliação do sistema e de formação docente)” e descentralizadora
“dos mecanismos de financiamento e gestão do sistema” (GENTILI, 1998, p. 25).
A burocratização da rotina da escola e a formalização da participação ocorre-
ram nas instâncias colegiadas, além da ênfase na atividade administrativa como
estratégia de racionalização de recursos; tais aspectos provocaram mudanças na
gestão da escola, que prioriza a figura do gestor, e na formação de professores. O
Estado, nesse processo de reforma e desresponsabilização para com a Educação,
em especial quanto aos recursos, passa mais reponsabilidades para as famílias,
para a sociedade e às escolas (KRAWCZYK; VIEIRA, 2008).
Como conceber alguns aspectos da reforma educacional se a Constituição Fede-
ral de 1988 versa sobre a educação como um direito do cidadão e dever do Estado?
Vamos, assim, conhecer melhor os artigos que tratam da educação em nossa lei maior.
45
2
A EDUCAÇÃO NA
UNIDADE 2
CONSTITUIÇÃO
Federal de 1988
46
Os direitos fundamentais presentes, no artigo citado, já constavam na Declaração
UNICESUMAR
Universal de Direitos Humanos de 1948, da qual o Brasil é signatário.
pensando juntos
É possível efetivar uma sociedade livre, justa e solidária? Dentre as inúmeras possibilida-
des de resposta, podemos pensar o quanto a educação de qualidade é condição para o
alcance de tais objetivos.
O Art. 205, além de tratar a educação como direito de todos, afirma ser, também,
um dever do Estado e da família. Isso significa que eles têm o dever de propor-
cionar condições reais para que todos possam ter acesso à escola. Cada instância,
porém, possui responsabilidades específicas.
Ministério Público
Responsabilidade na função de provocar o Poder Judi-
e da Defensoria
ciário em face da omissão do Estado e das famílias.
Pública
47
O que ocorre, porém, se não houver vagas para os alunos? A Constituição
UNIDADE 2
48
A educação, direito de todos e dever do Estado e da
UNICESUMAR
Art. 205
família, será promovida e incentivada com a colabora-
Direito à educação.
ção da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
Objetivos da edu-
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
cação.
sua qualificação para o trabalho.
49
Expressa o dever do Estado com a educação efetivado
UNIDADE 2
50
Serão fixados conteúdos mínimos para o Ensino Fun-
UNICESUMAR
damental, de maneira a assegurar formação básica co-
mum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacio-
Art. 210 nais e regionais.
Conteúdos mínimos. § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, consti-
Ensino religioso tuirá disciplina dos horários normais das escolas públi-
Facultativo. cas de Ensino Fundamental.
Educação Indígena. § 2º O Ensino Fundamental regular será ministrado em
língua portuguesa, assegurada às comunidades indí-
genas também a utilização de suas línguas maternas e
processos próprios de aprendizagem.
51
A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de du-
UNIDADE 2
“
A laicidade, que coloca o ambiente escolar acima de crenças e dis-
putas religiosas, alheio a todo o dogmatismo sectário, subtrai o
educando, respeitando-lhe a integridade da personalidade em for-
mação, à pressão perturbadora da escola quando utilizada como
instrumento de propaganda de seitas e doutrinas. A gratuidade
extensiva a todas as instituições oficiais de educação é um prin-
cípio igualitário que torna a educação, em qualquer de seus graus,
acessível não a uma minoria, por um privilégio econômico, mas
a todos os cidadãos que tenham vontade e estejam em condições
de recebê-la. Aliás o Estado não pode tornar o ensino obrigatório,
52
sem torná-lo gratuito. A obrigatoriedade que, por falta de escolas,
UNICESUMAR
ainda não passou do papel, nem em relação ao ensino primário, e
se deve estender progressivamente até uma idade conciliável com
o trabalho produtor, isto é, até aos 18 anos [...] A consciência desses
princípios fundamentais da laicidade, gratuidade e obrigatoriedade,
consagrados na legislação universal, já penetrou profundamente os
espíritos, como condições essenciais à organização de um regime
escolar, lançado, em harmonia com os direitos do indivíduo, sobre
as bases da unificação do ensino, com todas as suas consequências
(AZEVEDO et.al., 2006, p. 193-194).
53
3
A LEI DE DIRETRIZES
UNIDADE 2
E BASES DA
EDUCAÇÃO
NACIONAL
de 1996
UNICESUMAR
déficit histórico no acesso, na permanência e na erradicação do analfabetismo.
“
Curiosamente, a conclusão a que chegamos é que o grande desafio
que ainda se põe para o Brasil em termos educacionais ao ingressar no
século XXI, nos vem do século XIX. Trata-se da tarefa de organizar e
instalar um sistema de ensino capaz de universalizar o Ensino Funda-
mental e, por esse caminho, erradicar o analfabetismo. A Constituição
de 1988 estabeleceu, nas Disposições Transitórias, o prazo de dez anos
para o cumprimento dessas duas metas. Os dez anos se passaram e
agora, em decorrência da Emenda Constitucional de número 14 e da
nova LDB, está se procurando fixar no Plano Nacional de Educação,
mais dez anos para se atingir essas mesmas metas. Corremos, assim,
o risco de, daqui a dez anos, estarmos concedendo mais uma década
para realizar aquilo que os principais países fizeram a partir do final
do século XIX e início do século XX (SAVIANI, 2001, p. 11).
LDB PNE
Número
Título Tema Metas - PNE
do título
55
LDB PNE
UNIDADE 2
Número
Título Tema Metas - PNE
do título
56
LDB PNE
UNICESUMAR
Número
Título Tema Metas - PNE
do título
Meta 1 - Educação
Infantil.
O Título V possui divisões: Meta 2 - Ensino Funda-
CAPÍTULO I DA COMPOSIÇÃO mental.
DOS NÍVEIS ESCOLARES Meta 3 - Ensino Médio.
CAPÍTULO II DA Educação Básica Meta 4 - Educação
Seção I Especial.
OS NÍVEIS DAS
Das Disposições Gerais Meta 5 - Alfabetização
MODALIDADES
V Seção II até o 3º ano do EF.
DE EDUCAÇÃO
Da Educação Infantil Meta 7- Padrão de
E ENSINO
Seção III Qualidade – IDEB.
Do Ensino Fundamental Metas 10 e 11 - Edu-
Seção IV cação de Jovens e
Da Educação Profissional Técnica Adultos e Educação
de nível Médio Profissional.
Metas 12 e 13 - Educa-
ção Superior.
57
LDB PNE
UNIDADE 2
Número
Título Tema Metas - PNE
do título
Seção V
Da Educação de Jovens e Adultos
OS NÍVEIS DAS CAPÍTULO III DA EDUCAÇÃO PRO-
MODALIDADES FISSIONAL E TECNOLÓGICA
V
DE EDUCAÇÃO CAPÍTULO IV DA Educação Supe-
E ENSINO rior
CAPÍTULO V DA EDUCAÇÃO
ESPECIAL
Meta 15 - Estabelece
que todos os professo-
res dos anos finais do
Ensino Fundamental
e do Ensino Médio
possuam formação
Estabelece quem são os profis-
superior na área em
sionais da educação, a formação
que lecionam.
mínima para atuar na Educação
DOS PROFIS- Meta 16 - Formação
Básica e a formação dos profis-
VI SIONAIS DA continuada e pós-gra-
sionais da educação. O Art. 670
EDUCAÇÃO duação dos professo-
estabelece a valorização dos pro-
res.
fissionais da educação por meio
Meta 17 - Valorização
de planos de carreira.
dos professores com
equiparação salarial
com outros profis-
sionais que possuem
escolaridade equiva-
lente.
58
LDB PNE
UNICESUMAR
Número
Título Tema Metas - PNE
do título
59
LDB PNE
UNIDADE 2
Número
Título Tema Metas - PNE
do título
Meta 10 - (Estratégia
10.3) fomentar a inte-
gração da educação de
jovens e adultos com a
educação profissional,
em cursos planejados, de
acordo com as carac-
terísticas do público da
educação de jovens e
adultos e considerando
as especificidades das
populações itinerantes e
do campo e das comu-
nidades indígenas e
Trata do fomento à cultura, assis- quilombolas, inclusive na
tência e educação indígena. Art. modalidade de educação
80º - trata do incentivo do ensino a distância.
a distância. Art. 82º - regulamen- Meta 11 - (Estratégia
DAS DISPOSI-
VIII tação de estágios. Art. 83º - sobre 11.3) fomentar a ex-
ÇÕES GERAIS
o ensino militar. Art. 84º - sobre o pansão da oferta de
aproveitamento de estudos. Art. educação profissional
85º - sobre concurso público em técnica de nível médio na
instituições públicas. modalidade de educa-
ção a distância, com a
finalidade de ampliar a
oferta e democratizar o
acesso à educação profis-
sional pública e gratuita,
assegurado padrão de
qualidade.
Meta 14 - (Estratégia
14.4) expandir a oferta de
cursos de pós-graduação
stricto sensu, utilizando
inclusive metodologias,
recursos e tecnologias de
educação a distância.
60
LDB PNE
UNICESUMAR
Número
Título Tema Metas - PNE
do título
Quadro 4 - LDBEN títulos, temas e a relação com o PNE (2014-2024) / Fonte: a autora (2019).
explorando Ideias
O Ministério da Educação possui uma página com o PNE, em que apresenta suas metas e
estratégias e disponibiliza relatórios de monitoramento e avaliação do Plano Nacional de
Educação. Acesse e conheça: http://pne.mec.gov.br/.
61
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 2
62
na prática
Constituição Federal
Decretos regulamentares
63
na prática
a) I e II, apenas.
b) II, III e IV, apenas.
c) I, III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
64
aprimore-se
A matéria intitulada “Após 20 anos, LDB não trouxe avanço pleno para educação no
Brasil”, para o Jornal da Universidade de São Paulo (USP), escrita pela professora
Sônia Kruppa, da Faculdade de Educação (FE) da USP, ajuda-nos a compreender um
pouco mais sobre a LDBEN de 1996 (BRASIL, 1996a,on-line). Leia o trecho a seguir:
Se a LDB fornece um solo a partir do qual o direito à educação se estrutura, deve ha-
ver planejamento e financiamento para garanti-lo: “É preciso reforma tributária para
garantir o direito à educação. A gente estava prestes a avançar para isso, porque o
Plano Nacional de Educação (PNE), que era uma exigência da LDB e da Constituição,
foi aprovado. Ele finalmente previa uma ampliação de recursos para garantir o aces-
so e a permanência”, avalia Sônia Kruppa.
Para a professora, um aspecto-chave do emprego de tais recursos, entretanto,
deveria ser a valorização da carreira docente:
“
O direito à Educação Básica envolve a formação de professores com
qualidade. Mas não basta só formar, é preciso pagar adequadamen-
te. É preciso ter quem queira ser professor de física, de língua por-
tuguesa, de inglês, de sociologia… É preciso de jovens que queiram
abraçar a carreira do magistério.
Além de prever recursos, o PNE também funciona como padrão de medida do go-
verno para diagnosticar a educação. O atual plano, com início em 2014, prevê 20
metas gerais a serem atingidas pela educação brasileira até 2024, além de conside-
rar também a elaboração de planos estaduais e municipais.
Medir a educação é tarefa complexa: acesso, permanência, qualidade, inclusão,
equidade, e níveis de investimento são alguns dos fatores em questão. Isolados, estes
aspectos dizem pouco. Além de observá-los em conjunto, é importante levar em conta
tanto sua evolução histórica quanto a relação dos indicadores com as metas do PNE.
65
aprimore-se
Observando cada setor da Educação Básica é possível identificar uma série de pro-
blemas particulares, apesar dos avanços desde a implantação da Lei de Diretrizes e
Bases. É o que mostra o Anuário Brasileiro da Educação Estatística, elaborado pelo
movimento Todos Pela Educação a partir de dados do IBGE/PNAD.
Segundo o relatório, a Educação Infantil ainda possui taxas baixas de acesso, em
especial no âmbito das creches, onde apenas 29,6% das crianças estavam matricu-
ladas em 2014.
66
aprimore-se
67
eu recomendo!
livro
68
anotações
3
SISTEMA EDUCACIONAL
BRASILEIRO:
Organização e Estrutura
PROFESSORA DRA.
Suzi Maria Nunes Cordeiro
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Níveis da Educação Escolar
no Brasil • Educação Básica e Educação Superior • Educação Básica e suas etapas: Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Ensino Médio • Modalidades da educação nacional.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer os níveis da educação brasileira, a fim de compreender como ela está organizada perante
a legislação • Entender as etapas da Educação Básica a partir da Reforma da Educação na década de
1990, para que possamos identificar suas características e compreender suas atuais condições • Reco-
nhecer as modalidades da educação a partir da legislação vigente, a fim de verificar suas relevâncias
para o ensino no nível básico.
INTRODUÇÃO
ESCOLAR NO
BRASIL:
Educação Básica
e Educação Superior
UNICESUMAR
competências, como veremos ao longo desta unidade, precisa ser desenvolvida
ainda na infância e na adolescência, dentro das instituições de ensino.
Ao longo da década de 90, alguns autores brasileiros pesquisaram sobre as
necessidades do mercado de trabalho, advindas da globalização e das novas tec-
nologias, dissertando sobre o novo perfil do trabalhador, caracterizando as novas
habilidades e competências que deveriam apresentar para realizar boas performan-
ces (DUBAR, 1999; MEGHNAGI, 1999). Estudos como esses, aliados a discursos
de Organismos Internacionais, tais como Banco Mundial, Unesco e Unicef, vistos
na unidade anterior, ajudaram na discussão sobre a educação que formaria, esses
sujeitos, o que resultou em novas políticas educacionais no Brasil, visando um novo
homem para essa nova sociedade (capitalista, neoliberal e globalizada).
Sabendo dessas premissas, precisamos compreender como é a organização
política das escolas e como está estruturada a educação brasileira nas instituições
de ensino, a partir da legislação vigente. Por isso, nesta unidade, veremos os níveis,
as etapas e as modalidades da educação nacional, a partir da Reforma da Edu-
cação, considerando nossa atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN), n. 9.394 de 1996 (BRASIL, 1996a, on-line).
Na Unidade 2, destacou-se que a atual LDBEN foi implantada em 1996, após
a Reforma do Estado, com o objetivo de organizar, de forma legal, a nova edu-
cação escolar. Na Lei n. 9.394 (BRASIL, 1996, on-line), vemos, em seu Art. 21,
que a educação escolar se compõe de dois níveis, conforme os incisos a seguir:
“I - Educação Básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e
Ensino Médio; II - Educação Superior” (BRASIL, 1996a, on-line). Dessa forma, a
educação brasileira está organizada em níveis e etapas, como podemos observar
na figura a seguir:
ORGANIZAÇÃO DA
EDUCAÇÃO NO BRASIL
Educação Educação
Níveis Básica Superior
nível e suas etapas, as quais exploraremos mais à frente. A Educação Básica, como
o próprio nome já indica, é a base elementar para nossa formação acadêmica. Sua
primeira etapa de ensino é a Educação Infantil, que possui uma seção única na
LDBEN. Essa etapa é dividida, atualmente, em creche (que atende crianças de 0-3
anos) e pré-escola (atendimento a crianças de 4 e 5 anos) (BRASIL, 1996a, on-line).
Seção II da LDBEN (1996) sobre Educação Infantil:
Art. 29. A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
Art. 30. A Educação Infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equiva-
lentes, para crianças de até três anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças
de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.
Art. 31. A Educação Infantil será organizada de acordo com as seguintes re-
gras comuns: I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvol-
vimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao
Ensino Fundamental; II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas,
distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional;
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno
parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; IV - controle de frequência
pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60%
(sessenta por cento) do total de horas; (Incluídos pela Lei nº 12.796, de 2013)
V - expedição de documentação que permita atestar os processos de desen-
volvimento e aprendizagem da criança.
Fonte: Brasil (1996a, on-line).
74
A segunda etapa da Educação Básica é o Ensino Fundamental, dividido em
UNICESUMAR
anos iniciais (1º, 2º, 3º, 4º e 5º ano) e anos finais (6º, 7º, 8º e 9º ano). Na LDBEN
(1996), o Ensino Fundamental apresenta-se de forma específica na seção III.
75
Por fim, a terceira e última etapa deste nível (Educação Básica) é o Ensino
UNIDADE 3
Médio, com três anos de duração, caracterizado como a fase final dos estudos
obrigatórios. Ele, também, possui uma seção exclusiva na LDBEN.
UNICESUMAR
Em interpretação, significa que, apesar de o Estado ser responsável pelo Ensino
Superior, aqui, referido como nível mais elevado do ensino, não garante a vaga
de cada cidadão, sendo que o acesso é permitido apenas para quem passar nos
processos de seleção delimitados por cada Instituição de Ensino Superior (IES)
(BRASIL, 1988).
Segundo o Art. 43, da Lei n. 9.394, a Educação Superior tem por finalidade:
“
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito
científico e do pensamento reflexivo; II - formar diplomados nas
diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores
profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade
brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III - incentivar o
trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvi-
mento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e,
desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em
que vive; IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e
comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras
formas de comunicação; [...] VII - promover a extensão, aberta à
participação da população, visando à difusão das conquistas e be-
nefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e
tecnológica geradas na instituição (BRASIL, 1996a, on-line).
78
2
EDUCAÇÃO BÁSICA E SUAS ETAPAS:
UNICESUMAR
EDUCAÇÃO INFANTIL,
Ensino Fundamental e
Ensino Médio
Educação Infantil
explorando Ideias
UNICESUMAR
1998), com objetivo de nortear a criação dos currículos escolares e o trabalho
docente, função hoje assumida pela BNCC (BRASIL, 2018). No ano seguinte, fo-
ram homologadas as primeiras Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil,
Parecer da Câmara de Educação Básica (CEB) n. 22, que organizavam a formação
de professores, a forma de ensino, dentre outras atribuições. Contudo ela já foi
substituída pelas DCN de 2009, como veremos mais à frente.
Em 2001, no final do governo FHC, foi estabelecido o Plano Nacional de Edu-
cação, com 26 objetivos para Educação Infantil. Dessa forma, a primeira etapa da
Educação Básica ganhou olhares para formação de professores, infraestrutura, ma-
teriais pedagógicos, dentre outros aspectos. Verificou-se que, com a compilação dos
resultados obtidos do PNE (2001-2010), porém, a meta para a Educação Infantil
não fora cumprida. A meta era para a pré-escola permitir o acesso de 80% das
crianças, mas foi alcançada pouco mais de 77%. Nas creches, a meta era de 50% das
crianças, cerca de 17% conseguiram acesso, apenas (UNICEF, 2009).
Em 2006, com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, na redação dada pela
Emenda Constitucional n. 53, a Educação Infantil volta a ser revista perante a
Constituição Federal e, posteriormente, pela LDBEN e demais documentos espe-
cíficos. Essa emenda garante, no Art. 208, que: “O dever do Estado com a educação
será efetivado mediante a garantia de: [...] IV - Educação Infantil, em creche e
pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade” (BRASIL, 1988). Essa mesma
redação só foi incluída na Lei n. 9.394, em 2013, com acréscimo do caráter de
gratuidade (BRASIL, 1996a, on-line). A especificação da oferta gratuita, na rede
pública, surgiu após a Emenda Constitucional n. 59 de 2009, que também inclui,
como dever do Estado, garantir: “I - Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4
(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita
para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria” (BRASIL, 1988).
Isso significa que, depois de 13 anos após ser incluída na Constituição Federal
(1988), a Educação Infantil passa a ser vista de forma legítima como etapa tão
importante quanto as demais do nível da Educação Básica. Pelo reconhecimento
das questões pedagógicas atreladas ao ensino da Educação Infantil é que a mesma
é considerada, ainda que de forma tardia e parcial, como constituinte da educação
obrigatória e, por isso, deve ser ofertada de forma gratuita, visando, sobretudo,
as classes que não têm condições de pagar pelo ensino particular às crianças na
pré-escola (4 e 5 anos), além de ser um direito de todos.
81
UNIDADE 3
pensando juntos
O Estado ainda resiste em assumir deveres relacionados a educação escolar, tais como a
universalização da creche. Ao mesmo tempo, há pais que precisam trabalhar e não pos-
suem condições de pagar instituições privadas para deixar seus filhos. Qual sua opinião
sobre esse contexto?
“
[...] Art. 3º O currículo da Educação Infantil é concebido como
um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os
saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do
patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico,
de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0
a 5 anos de idade.
Nessa etapa, o trabalho do professor com os pequenos alunos é mais lúdico. Por
isso, na explanação das DCN (BRASIL, 2009a) sobre as práticas pedagógicas, ve-
mos que o norte de todas as ações deve ser tanto a interação quanto a brincadeira,
que ajudam na construção da identidade de cada criança (BRASIL, 2009a). As
atividades que os professores da Educação Infantil realizam com as crianças são
diferentes das que a própria família poderia desenvolver.
Para trabalhar como professor regente na Educação Infantil, é exigida for-
mação em Pedagogia. Na rede pública, essa formação, também, é exigida para
atuação como diretor. Em geral, o papel do orientador e do supervisor, também,
é ocupado por pedagogos. Além desses profissionais, temos os docentes de Edu-
cação Física, que trabalham as questões específicas do corpo e do movimento. Em
algumas escolas, tanto públicas quanto privadas, professores com formação em
Artes Visuais e Música também trabalham com as questões artísticas. A maioria
das escolas que oferta esse ensino, porém, ainda é a privada, e conta com projetos
e/ou aulas extracurriculares.
82
Retomando a Lei n. 9.394 (BRASIL, 1996, on-line), o Art. 31 destaca que a
UNICESUMAR
etapa da Educação Infantil tem formas de avaliação diferenciadas, pois o processo
de aprendizagem nessa faixa etária, também difere-se dos demais. As DCN (BRA-
SIL, 2009a) estabelecem que as avaliações devem ser construídas com base em
observações críticas das atividades e das brincadeiras desenvolvidas pela criança,
de forma que utilize vários registros (atividades em papel, como desenhos; foto-
grafias; entre outros), a fim de que os pais e responsáveis pela criança verifiquem
o desenvolvimento dela. A avaliação deve ser um instrumento de percepção do
desenvolvimento da criança e de reflexão das práticas pedagógicas.
A carga horária mínima de 800h da Educação Infantil é distribuída nos 200
dias letivos, de forma semelhante à etapa de Ensino Fundamental, que veremos
mais à frente. Essas questões asseguradas em leis, tais como frequência e avaliações,
são importantes para garantir a qualidade do ensino e a garantia de vagas a todos
(BRASIL, 2009a).
Depois da reformulação das Diretrizes em 2009, tivemos, em 2014, sob o
governo de Dilma Rousseff, a implantação do Plano Nacional de Educação (2014-
2024), que ainda está em vigência seguindo a determinação do Art. 214 da Cons-
tituição Federal de 1988, e possui a seguinte meta para Educação Infantil:
“
Meta 1 - Universalizar, até 2016, a Educação Infantil na pré-escola
para as crianças de 4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta de Edu-
cação Infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das
crianças de até 3 anos até o final da vigência deste PNE” (BRASIL,
2014, on-line).
A meta, que deveria ser cumprida em dois anos de vigência do plano decenal,
ainda não foi alcançada. Segundo o Observatório do PNE, cerca de 30% das
crianças na faixa de 0 a 3 anos estão sendo atendidas em creches.
Em 2024, encerra-se a vigência desse plano e será necessário discutir novas
metas, de forma significativa, para a Educação Infantil. Por fim, o documento mais
recente, que engloba de forma efetiva essa etapa de educação, é a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC, 2018), aprovada em 2017, durante o governo de
Michel Temer. A base dispõe os conteúdos mínimos distribuídos em campos de
experiência, que nortearão o ensino da Educação Infantil, tanto para crianças de
0 a 3 anos, nas creches, quanto para crianças de 4 e 5 anos, nas pré-escolas. Em
83
unidades futuras, veremos a BNCC, de forma mais detalhada, mas já podemos
UNIDADE 3
adiantar que um documento com aspectos voltados a essa etapa denota grande
avanço na representatividade da Educação Infantil.
explorando Ideias
Para saber mais sobre as metas alcançadas no PNE (2014-2024) e as que ainda precisa-
mos alcançar até 2024, acesse: http://www.observatoriodopne.org.br/.
Fonte: a autora.
Ensino Fundamental
84
Precisávamos fortalecer a ideia de que todas as crianças deveriam frequentar a
UNICESUMAR
escola, o que exigiu dos governos diferentes planos e projetos que possibilitassem
o acesso e a permanência de crianças mais pobres, que antes passavam o tempo
ajudando a família no sustento da casa (BOMENY, 2003).
explorando Ideias
Segundo Beisiegel (1997), em uma declaração do então Ministro da Educação, José Gol-
demberg, em 1991, o MEC não via o analfabetismo de adultos como prioridade; em seu
entendimento, alfabetizá-los não mudaria sua posição social. Por isso, os esforços foram
concentrados na população de crianças e jovens entre 5 e 14 anos.
Fonte: Beisiegel (1997).
“
Esse projeto ainda previa a criação de mecanismos de integração
e compatibilização dos esforços financeiros da União e dos siste-
mas de ensino por meio da estruturação do Fundo Nacional de
Desenvolvimento (FNDE) e do Salário-Educação Quota Federal,
compartilhando as responsabilidades de sua gestão com o Conselho
Nacional de Secretários Estaduais (CONSED) e a União Nacional
dos Dirigentes Municipais (UNDIME).
85
Em 1998, foram homologadas, sob o Parecer CNE/CEB n.4, as Diretrizes
UNIDADE 3
Anos
1º ao 5º ano
iniciais
ENSINO
FUNDAMENTAL
Anos
6º ao 9º ano
finais
Figura 2 - Divisão da etapa de Ensino Fundamental (anos iniciais e anos finais) / Fonte: a autora.
Com essas modificações, houve a atualização das DCN para as Diretrizes Nacio-
nais Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 anos, que, em seu texto atual,
trazem o Ensino Fundamental como significativo na luta pelo direito à educação
escolar. As DCN, também, esclarecem que as escolas, que ofertam o Ensino Fun-
damental, devem-no considerar como aquele “[...]capaz de assegurar a cada um
e a todos o acesso ao conhecimento e aos elementos da cultura imprescindíveis
para o seu desenvolvimento pessoal e para a vida em sociedade [...]” (BRASIL,
2010a, p. 1), dentre outras aquisições de conhecimento. Isso significa que, ao
adentrar no Ensino Fundamental, posterior a Educação Infantil (ambiente mais
lúdico), a criança se depara com um ambiente alfabetizador, em que começará a
aprender a codificar e decodificar as palavras e os números, que terão significação
e utilidade em seu cotidiano. Esse processo de alfabetização, que se inicia no 1º
ano do Ensino Fundamental, perdura até o 3º ano, de forma gradativa.
86
Após o ciclo de alfabetização (1º ao 3º ano), a criança começa a ser inserida em
UNICESUMAR
contextos mais complexos e cada vez mais abstratos dos conhecimentos, envol-
vendo a leitura, a escrita e o cálculo. Dessa forma, o 4º e o 5º ano promovem que a
criança veja a aplicabilidade do que aprendeu, por meio de experiências e vivências,
que se prolongam nos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), em que os
conhecimentos específicos de cada ciência são explorados de forma mais intensa.
Na sequência da homologação das atuais DCN (BRASIL), do Ensino Funda-
mental, vieram as discussões sobre o Plano Nacional de Educação (2014-2024),
que somente foi implementado no governo Dilma, depois de três anos e meio de
discussões. Nesse documento, com vigência até 2024, vemos três metas voltadas,
de forma direta, para à etapa do Ensino Fundamental:
“
Meta 2 – Universalizar o Ensino Fundamental de 9 anos para toda a
população de 6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos
concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de
vigência deste PNE. [...] Meta 5 – Alfabetizar todas as crianças, no
máximo, até o final do 3º ano do Ensino Fundamental. Meta 6 – Ofe-
recer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas
públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da
Educação Básica (BRASIL, 2014, on-line).
87
A Lei n. 9.394, em seu Art. 32, sobre o Ensino Fundamental, apresenta o
UNIDADE 3
seguinte parágrafo:
“
[...] § 5º O currículo do Ensino Fundamental incluirá, obrigatoria-
mente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adoles-
centes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990,
que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a
produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído
pela Lei nº 11.525, de 2007) (BRASIL, 1996a, on-line).
Vemos que, para o currículo do Ensino Fundamental, alguns temas devem ser dis-
cutidos, seja de forma interdisciplinar ou de forma transversal. As disciplinas obri-
gatórias, para essa etapa, seguem a exigência da CF de 1988, que determina a criação
de um currículo comum, apresentado pelas DCN (2010) e pela BNCC (2018a).
AVALIAÇÃO: deve ser vista como parte integrante desse currículo do Ensino
Fundamental e assumir um “[...] caráter processual, formativo e participativo,
ser contínua, cumulativa e diagnóstica [...]” como orientam as DCN. A carga
horária mínima é de 800h, distribuídas em 200 dias letivos.
Nos anos iniciais (1º ao 5º ano), a formação do professor, sobretudo para o ciclo de
alfabetização, é em Pedagogia. A preferência para assumir cargos de Direção, super-
visão e orientação, também, é para pedagogos, considerando as normativas de cada
município/Estado. Poucas escolas, entre públicas e privadas, separam as disciplinas
de forma específica, como ocorre nos anos finais (um professor formado em Letras
para disciplina de Língua Portuguesa; um professor formado em Matemática para
tal disciplina etc.). Isso está relacionado aos documentos que a escola possui, como
Regimentos e Projeto Político Pedagógico, bem como a consideração do vínculo
que a criança desenvolve e precisa estabelecer com a pessoa que ensina. Essa divisão
ocorre, mais frequentemente, com as disciplinas de Educação Física e Artes, onde
os profissionais contratados devem ser da área de conhecimento.
88
Para os anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), cada disciplina deve
UNICESUMAR
ser ministrada por um professor formado na determinada área de conhecimento,
por exemplo, professores formados em História lecionam a disciplina de história.
O cargo de Diretor pode ser assumido por qualquer docente que tenha passado
por uma formação em gestão – como poderá ser seu caso, caro(a) aluno(a). Dessa
forma, cabe obedecer aos critérios exigidos em cada cidade/escola, pois temos a
opção de eleição para escolha democrática do diretor (em escolas públicas) ou
indicação (públicas e privadas). Os cargos de orientação e supervisão só podem
ser assumidos por pedagogos.
Ensino Médio
89
A LDBEN (1996) define, na seção IV, em seu Art. 35, as finalidades do Ensino
UNIDADE 3
Médio. Dessa forma, apesar de não ser obrigatório por lei que o Ensino Médio
seja destinado à preparação exclusiva para o mercado de trabalho, o aluno tem a
possibilidade de, ao finalizar essa etapa, dar continuidade aos estudos em Ensino
Superior e/ou inserir-se no mercado de trabalho, sem, obrigatoriamente, passar por
um ensino técnico. Contudo com a adoção de uma política neoliberal, o Estado
não se responsabiliza pela empregabilidade dos cidadãos, sendo dever do indivíduo
preparar-se para sua inserção no mercado de trabalho (ALBERTO, 2005). Por isso,
os cursos de capacitação e formação profissionalizante passaram a ser ofertados, em
grande parte, pelas empresas privadas, e não mais em escolas públicas.
Com o Decreto n. 2.208 de 1997, a integração entre Ensino Médio e ensi-
no profissional foi legalmente impossibilitada (BRASIL, 1997a, on-line). Dessa
forma, considerando a realidade desse período, de um ensino não obrigatório e
não gratuito para todos, muitos jovens enfrentavam desafios para terminar os
estudos e se qualificar para o mercado, pois precisavam cumprir dupla jornada
de estudos (Ensino Médio para finalizar os estudos e ensino profissional para se
qualificar para o mercado de trabalho), ou desistiam devido à falta de vagas para
todos (RAMOS, 2003).
No ano seguinte ao decreto mencionado, foram elaboradas as DCN para o
Ensino Médio, que foram substituídas pelas DCN do Parecer CNE/CEB n. 2 de
2012. Em 2000, tivemos a criação dos PCN que, correspondendo às Diretrizes,
propuseram a organização do currículo por áreas, sendo: a) Linguagens, Códi-
gos e suas Tecnologias; b) Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias;
c) Ciências Humanas e suas Tecnologias (BRASIL, 2000). Contudo, os PCN se
tornaram obsoletos diante das discussões sobre a necessidade da Reforma do
Ensino Médio, que surgiram a partir do PNE de 2014.
As discussões sobre a Reforma do Ensino Médio iniciaram-se durante o go-
verno Lula, mas foi durante o governo Dilma que começaram as medidas para
efetivação da mesma. Em 2009, a LDBEN (1996) alterou o inciso II do Art. 4º
sobre o dever do Estado com o Ensino Médio, que passou a ser reconhecido em
lei como etapa obrigatória e de responsabilidade do Estado. Em complemento,
em 2013, os incisos I, II e IV foram reformulados/incluídos pela Lei n. 12.796 e
encontram-se da seguinte forma:
90
“
I - Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (de-
UNICESUMAR
zessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: a) pré-escola;
b) Ensino Fundamental; c) Ensino Médio; II - Educação Infantil
gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade; [...] IV - acesso
público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os
que não os concluíram na idade própria(BRASIL, 1996a, on-line).
91
Uma das estratégias, para o alcance dessa meta, é a elaboração da Base Nacional
UNIDADE 3
Comum Curricular para a referida etapa, que já está aprovada, desde 2018, pelo
governo Temer.
Sendo este o documento mais recente voltado ao Ensino Médio, ressaltamos a
necessidade de políticas públicas que auxiliem na concretização das ideias da base
de forma qualitativa. A reforma do Ensino Médio, que está em processo perante
a Lei n. 13.415, tem como proposta promover o desenvolvimento de competên-
cias gerais e específicas que auxiliarão o aluno após a saída da escola, conforme a
BNCC (2018). As citadas competências, presentes em documentos educacionais
do Ensino Médio desde os PCN (2000), possuem origem nas discussões do perfil
de trabalhador para o mercado globalizado e tecnológico, já citados em unidades
e parágrafos anteriores (BRASIL, 2000; 2017a, on-line; 2018).
Para Meghnagi (1999, p. 18) “a competência é, portanto, um elemento vincu-
lado ao mercado de trabalho e às normas que o regulamentam, não dependente
mas condicionada, operando de forma suscetível às mudanças no tempo e no
sistema ocupacional em que se desenvolve”. O autor complementa que algumas
competências não podem ser reduzidas a uma única disciplina; dessa forma, seu
desenvolvimento deve ocorrer de forma interdisciplinar.
Considerando o exposto, a BNCC (2018) traz propostas de trabalhos com
discurso interdisciplinar, e as disciplinas não são mais divididas por ciências
específicas, como Língua Portuguesa, Filosofia, Geografia etc., mas sim por áreas
do conhecimento, o que representa a visão de fusão entre as antigas disciplinas
(BRASIL, 2018). Por esse motivo, a LDBEN (1996) foi atualizada pela Lei n. 13.415
nos Artigos referentes aos currículos do Ensino Médio; a seção IV teve várias
redações alteradas ou incluídas, a exemplo, o artigo 35-A:
“
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e
objetivos de aprendizagem do Ensino Médio, conforme diretrizes
do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes áreas do conheci-
mento: I - linguagens e suas tecnologias; II - matemática e suas tec-
nologias; III - ciências da natureza e suas tecnologias; IV - ciências
humanas e sociais aplicadas (BRASIL, 1996a, on-line).
92
Os docentes que já atuam no Ensino Médio deverão passar por uma atualização
UNICESUMAR
na formação continuada, para que compreendam a nova proposta para essa etapa
de ensino. Os graduandos – como você, caro(a) aluno(a) – têm a oportunidade de
já sair do curso com as habilidades necessárias para lecionar nesse novo formato.
Podem atuar no Ensino Médio regular professores formados em Letras, Mate-
mática, História, Geografia, Biologia, Física, Química, Filosofia, Sociologia, Artes
e Educação Física. Na direção, da mesma forma que nos anos finais do Ensino
Fundamental, pode assumir esse cargo qualquer docente que tenha passado pela
formação em gestão, como poderá ser seu caso, caro(a) aluno(a). Para os cargos
de orientador e supervisor, a formação exigida é em Pedagogia.
Finalizada a explanação de cada etapa da Educação Básica, precisamos com-
preender como cada uma delas pode ser ofertada para pessoas que, por algum
motivo, não possuem acesso de forma regular ou possuem especificidades re-
gionais, culturais, dentre outras, mas que, mesmo assim, devem ter seu direito ao
acesso educacional garantido, visto que a educação é direito de todos. Para tanto,
convido você a ler o próximo tópico desta unidade.
93
3
MODALIDADES DA
UNIDADE 3
EDUCAÇÃO
NACIONAL
Caro(a) aluno(a), nos tópicos anteriores, você aprendeu sobre o que a legislação
brasileira traz sobre a organização da nossa educação escolar. Portanto, sempre
que você for questionado sobre como a educação brasileira é organizada, lembre-
-se da resposta: em níveis e suas etapas. E quais são esses níveis? Educação Básica
e Educação Superior, correto? Lembrando que as etapas da Educação Básica são:
Educação Infantil, dividida em creche e pré-escola; Ensino Fundamental, dividido
em anos iniciais (1º ao 5º ano) e anos finais (6º ao 9º ano); Ensino Médio (que
possui três anos de duração).
Certa de que esses conhecimentos já foram assimilados, passamos, agora, à
compreensão de como nossa educação escolar está estruturada. Para tanto, precisa-
mos conhecer as modalidades de ensino ofertadas, sobretudo, na Educação Básica.
Pensando na pluralidade e diversidade cultural, devemos considerar que algumas
pessoas não possuem condições de acompanhar ou sequer frequentar uma escola
e/ou ensino regular. Independentemente das condições em que essas pessoas se
encontram, o Estado deve fazer cumprir o direito de acesso à educação escolar
para todos, conforme garante o Art. 205 da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
Considerando o exposto, vemos na legislação brasileira a presença de sete
modalidades de ensino voltadas para a Educação Básica: Educação Especial; edu-
94
cação do campo; educação indígena; educação quilombola; educação de jovens
UNICESUMAR
e adultos; educação a distância; educação profissional e tecnológica. Cada uma
dessas modalidades atende um grupo específico de pessoas. Portanto, as modali-
dades são meios diversificados de se ofertar a educação escolar. Como vemos na
figura a seguir, nem todas as etapas ofertam todas as modalidades, o que depende
da real necessidade e possibilidade de cada uma:
Educação
Especial
Educação Educação Educação Educação
Especial do Campo a Distância do Campo
Educação Ensino
Infantil Fundamental
Educação Educação Educação Educação
de Jovens
Quilombola Indígena e Adultos
Indígena
Educação
Educação Quilombola
Especial
Educação Educação
Profissional do Campo
e Técnica
Ensino
Educação Médio Educação
a Distância Indígena
Educação Educação
de Jovens Quilombola
e Adultos
Veja que, na primeira etapa da Educação Básica, apenas são ofertadas quatro mo-
dalidades de ensino, sendo necessárias para proporcionar que crianças desde a
tenra idade tenham acesso à educação. Não faria sentido, dessa forma, ofertar a
modalidade de educação a distância para crianças de 0 a 5 anos, concorda? De
forma gradativa, são acrescentadas, nas etapas seguintes, modalidades que atendam
determinadas demandas, tais como a educação de jovens e adultos e a educação a
distância. Por fim, o Ensino Médio é a etapa que atende todas as modalidades de
ensino, respeitando, dessa forma, a pluralidade e diversidade dos nossos alunos.
95
Para compreender a oferta e regulamentação das modalidades ofertadas em
UNIDADE 3
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Por muitos anos, a educação especial foi ofertada fora das escolas de ensino regular
para amparar pessoas com deficiência. No entanto, essa forma de ofertar o ensino
criava uma separação entre pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência, de
forma pejorativa. Essa divisão impede, por diversos motivos, a interação entre os
grupos. Com o avanço das pesquisas em Psicologia da Educação, Pedagogia e demais
áreas que estudam as relações sociais, notou-se que a junção dos grupos proporciona
muito mais interação, desenvolvimento social, tolerância e outros aspectos.
Dessa forma, criou-se um discurso em torno da inclusão, tanto na escola
quanto nos demais setores da sociedade. Assim, em 1994, durante a Assembléia
Geral em Salamanca, Espanha, foi aprovada a “Declaração de Salamanca”, que
define as pessoas com necessidades educacionais especiais como aquelas que
possuem alguma deficiência (física ou intelectual); altas habilidades; de minorias
étnicas; de grupos desfavorecidos ou marginalizados, dentre outros que precisam
de um amparo no processo de aprendizagem (UNESCO, 1994).
96
Aqui no Brasil, a Declaração de Salamanca foi considerada para construção
UNICESUMAR
do que hoje temos no capítulo V da Lei n. 9.394 de 1996 sobre a modalidade de
ensino da educação especial:
“
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei,
a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Re-
dação dada pela Lei nº 12.796, de 2013). § 1º Haverá, quando necessá-
rio, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às
peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento
educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados,
sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for
possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º
A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem
início na Educação Infantil e estende-se ao longo da vida, observados
o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei. (BRASIL,
1996a, on-line).
Por meio do Art. 58 da referida lei, vemos que a educação especial é oferecida, prefe-
rencialmente, na rede regular de ensino, respeitando os preceitos de inclusão solicita-
dos na Declaração de Salamanca. Contudo, os citados na lei, com garantia de direitos,
não são todos os citados na declaração (BRASIL, 1996a, on-line; UNESCO, 1994).
Caso não seja favorável ao aluno, por motivos plausíveis, a oferta no ensino re-
gular, o Estado, também, garante o direito de acesso a outras instituições de ensino
que tenham pessoas qualificadas para o seu atendimento. Outro aspecto importante
desse artigo refere-se ao público estudantil que tem direito a essa modalidade: desde
bebês, na Educação Infantil, até pessoas idosas que frequentam o Ensino Superior,
visto que o Estado deve ofertar “atendimento educacional especializado gratuito
aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades
[...]”, como listado no inciso III do Art. 40 da LDBEN (BRASIL, 1996a, on-line).
Outro Art. importante, com relação à educação especial, é o 59 da Lei n. 9.394:
“
Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiên-
cia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - cur-
97
rículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização espe-
UNIDADE 3
EDUCAÇÃO DO CAMPO
Caro(a) aluno(a), talvez você já tenha ouvido falar ou tenha visto, em alguma
mídia, relato de pessoas que passaram a infância em sítios, assentamentos e lu-
gares mais afastados da cidade, contando sobre como precisavam andar muito
para chegar até a escola ou, ainda, não tinham acesso a ela. Pois bem, a educação
do campo é, amplamente, conhecida como a modalidade destinada a essas pes-
soas, que vivem em zonas rurais. A história dessa oferta de ensino é permeada
de lutas políticas e ainda carece de reconhecimento, tanto na legislação quanto
na sociedade.
98
UNICESUMAR
Segundo Silva, Cecílio e Hirose (2010, p. 181) “a educação para zona rural
não tem sido objeto de destaque nas constituições brasileiras, como garantia de
direitos. A população originária do campo não teve e ainda não tem acesso à
educação digna”. Isso ocorre porque, para elaboração de políticas educacionais
à modalidade mencionada, não são feitas consultas aos camponeses, o que nos
impede de considerar muitas especificidades dessa população.
Essa modalidade deve atender desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.
Faz parte do público da educação do campo: assalariados rurais temporários;
posseiros; meeiros; acampados; assentados; atingidos por barragens; pescadores
e ribeirinhos, dentre outros que vivem do e no campo (SILVA; CECÍLIO; HI-
ROSE, 2010). Mesmo com esse montante de indivíduos espalhados por um país,
geograficamente, extenso, as políticas educacionais restringem-se à garantia legal,
na CF (1988), dos Artigos que legitimam o direito de todos à educação escolar;
na LDBEN (1996), o Art. 28 expressa:
“
Art. 28. Na oferta de Educação Básica para a população rural, os
sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua
adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, espe-
cialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas
às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - orga-
nização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar
às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III - adequação à
natureza do trabalho na zona rural (BRASIL, 1996a, on-line).
“
A Educação do Campo deverá oferecer sempre o indispensável
apoio pedagógico aos alunos, incluindo condições infraestruturais
adequadas, bem como materiais e livros didáticos, equipamentos,
laboratórios, biblioteca e áreas de lazer e desporto, em conformidade
com a realidade local e as diversidades dos povos do campo, com
atendimento ao art. 5º das Diretrizes Operacionais para a Educação
Básica nas escolas do campo (BRASIL, 2008a, p. 276).
Caro(a) aluno(a), perceba que a resolução citada traz que a educação do campo
deve amparar seus alunos, por exemplo, quanto à infraestrutura e demais aspectos.
Dessa forma, considerando o Art. 28 da LDBEN (1996), gostaria de lhe propor
uma reflexão: se na lei específica da educação não há maiores menções sobre essa
modalidade, e a essas instituições são delegadas o amparo aos alunos, abarcando
até mesmo as questões básicas de infraestrutura, quem ampara essas escolas?
explorando Ideias
UNICESUMAR
Figura 4: Escola indígena baníua no rio Içana, na Amazônia / Fonte: Wikipédia (2011).
101
Partindo da CF (1988), a LDBEN (1996) também inclui a educação indígena
UNIDADE 3
“
Art- 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agên-
cias federais de fomento à cultura e de assistência aos índios, desen-
volverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de
educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, com
os seguintes objetivos: I - proporcionar aos índios, suas comunidades
e povos, a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação
de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às infor-
mações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e
demais sociedades indígenas e não-índias. [...] Art. 79. A União apoia-
rá técnica e financeiramente os sistemas de ensino no provimento
da educação intercultural às comunidades indígenas, desenvolvendo
programas integrados de ensino e pesquisa (BRASIL, 1996, on-line).
102
Por isso, as DCN da modalidade de educação escolar indígena estabelecem, no
UNICESUMAR
parágrafo 3º do Art. 7º, que “[...] a Educação Escolar Indígena deve contribuir para o
projeto societário e para o bem viver de cada comunidade indígena, contemplando
ações voltadas à manutenção e preservação de seus territórios e dos recursos neles
existentes” (BRASIL, 2012c, p. 4). Enquanto, na Resolução n. 1 de 2015, vemos que:
“
Art. 4º A formação inicial de professores indígenas deverá ser rea-
lizada em cursos específicos de licenciaturas e pedagogias inter-
culturais e, quando for o caso, em outros cursos de licenciatura,
programas especiais de formação pedagógica e aproveitamento de
estudos ou, ainda, excepcionalmente, em outros cursos destinados
ao magistério indígena de Nível Médio nas modalidades normal ou
técnica (BRASIL, 2015, p. 2).
EDUCAÇÃO QUILOMBOLA
103
UNIDADE 3
“
O fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas será
precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo sis-
tema de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Se-
cretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação
e a manifestação da comunidade escolar. (BRASIL, 1996a, on-line).
Infelizmente, a única menção direta a essa comunidade ocorre nesse Artigo, que
tenta inibir o fechamento das escolas com a modalidade quilombola. Há neces-
sidades de mais políticas públicas voltadas aos quilombos e mais garantias de
educação, sobretudo de qualidade. De acordo com o Decreto n. 4.887 de 2003:
“
Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos,
para os fins deste Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo crité-
rios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de
relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade
negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.
Vide ADIN nº 3.239 (BRASIL, 2003, on-line).
104
Dessa forma, a educação quilombola vai além dos que vivem em quilombos, pois
UNICESUMAR
considera os negros de forma geral, mediante autodefinição da própria comuni-
dade (BRASIL,2003, on-line). Moura (2007), na mesma abordagem, afirma que
as comunidades de quilombos contemporâneos:
“
[...] vivem, em sua maioria, de culturas de subsistência, em terra
doada, comprada ou ocupada secularmente pelo grupo. Os ha-
bitantes dessas comunidades valorizam as tradições culturais dos
antepassados, religiosas ou não, recriando-as no presente. Possuem
uma história comum e têm normas de pertencimento explícitas,
com consciência de sua identidade. São também chamadas de co-
munidades remanescentes de quilombos, terras de preto, terras de
santo ou santíssimo (MOURA, 2007, p. 3 – grifo no original).
A autora afirma que muito precisa ser desenvolvido em termos de políticas edu-
cacionais para educação escolar quilombola, que pouco é citada na legislação
educacional. Em consonância, Larchert e Oliveira (2013) salientam que, apesar
dos pequenos passos em direção a mais políticas, precisamos ressaltar as novas
ações, tais como conferências e debates sobre o tema.
Nessa vertente, a Conferência Nacional de Educação (Conae) ocorrida em
2001, em Brasília, resultou na inclusão da educação quilombola como modalida-
de da Educação Básica, pelo Parecer CNE/CEB n. 7/2010 e na Resolução CNE/
CEB n. 4/2010, que institui as Diretrizes Curriculares Gerais para a Educação
Básica. Isso significa que essa modalidade deve ser ofertada em nível nacional
para Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A atual DCN vol-
tada para essa modalidade foi homologada em 2012 (BRASIL, 2010a; 2012d).
Considerando o exposto, a educação quilombola caracteriza um ensino de
emancipação humana e étnica para luta por direitos que ainda hoje se faz neces-
sária, mesmo que haja o discurso de retratação histórica. Nos quilombos, as for-
mas de aprender envolvem conhecimentos sobre a cultura africana, as memórias
sociais e a consciência do seu papel de pertencimento na sociedade.
Com a educação quilombola, encerramos a apresentação das modalidades
presentes na primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil. As crianças
de 0 a 5 anos de idade possuem direito a educação escolar nessa modalidade,
bem como na educação indígena e educação especial. As demais modalidades,
que veremos a seguir, não competem a essa etapa.
105
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
UNIDADE 3
“
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que
não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos funda-
mental e médio na idade própria e constituirá instrumento para a
educação e a aprendizagem ao longo da vida. (Redação dada pela Lei
nº 13.632, de 2018) § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuita-
mente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos
na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, conside-
radas as características do alunado, seus interesses, condições de vida
e de trabalho, mediante cursos e exames (BRASIL, 1996a, on-line).
106
Como a EJA é ofertada para maiores de 15 anos, idade em que muitos já estão
UNICESUMAR
trabalhando, houve a necessidade de garantir, na Lei n. 9.394, em seu Art. 24, que
“§ 2º os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de educação de jovens e adul-
tos e de ensino noturno regular, adequado às condições do educando, conforme
o inciso VI do art. 40. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)” (BRASIL, 1996a,
on-line). Dessa forma, a EJA é ofertada no período noturno.
A Resolução CNE/CEB n. 3 de 2010 da mencionada modalidade estabelece, como
idade mínima, os 15 anos completos para matrícula no Ensino Fundamental da EJA,
e de 18 anos completos para o Ensino Médio da mesma modalidade. A partir dessa
exigência, fica a critério do estabelecimento de ensino definir a carga horária mínima
para os anos iniciais do Ensino Fundamental; para os anos finais, deve ser de 1600h,
no mínimo, e de 1200 para o Ensino Médio. A emissão dos certificados de conclusão
fica sob responsabilidade das instituições que ofertam o ensino (BRASIL, 2010b).
Atuam, na modalidade EJA, os professores com as mesmas formações neces-
sárias para as etapas de Ensino Fundamental e Ensino Médio, visto que as disci-
plinas obrigatórias são as mesmas, mudando apenas o público alvo. Assim como
para atuar em instituições públicas das etapas da Educação Básica é necessário
ser aprovado em concursos públicos, na EJA, também, há esse requisito. Os pro-
cessos seletivos ocorrem de forma semelhante e variam de Estado para Estado, e o
candidato deve cumprir as exigências do edital do concurso para ser selecionado.
Destaca-se, portanto, que, para compreender a EJA, é necessário entender
e acompanhar os índices de analfabetismo em nosso país, e por que isso se faz
presente em uma época que trata a educação escolar como obrigatória e direito de
todos. Ora! Se desde 1996 já tínhamos políticas que garantiam acesso à educação
escolar para todos os brasileiros entre 6 e 14 anos, por que ainda temos jovens e
adultos analfabetos? O que falta, em nosso país, para que todos tenham acesso
à educação escolar e com qualidade? Pensar na alfabetização, atualmente, não
envolve apenas a leitura e a escrita, mas, também, o letramento, ou seja, a função
social que a alfabetização traz para a vida do sujeito.
Dessa forma, além de codificar e decodificar palavras, é necessário que crianças,
jovens e adultos as entendam, saibam interpretar o que leem e façam uso dessas
informações, do sistema de escrita, dos cálculos e raciocínio lógico, dentre outras
habilidades que adquirimos na escola, pois há uma grande preocupação aliada ao
analfabetismo: o analfabetismo funcional. Em suma, analfabetos funcionais são
aqueles que sabem ler, mas não compreendem; pessoas que sabem escrever, mas
não sabem fazer uso social da escrita. Para finalizar, caro(a) aluno(a), reflita: como
podemos acabar com o analfabetismo e proporcionar ambientes de letramento? 107
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
UNIDADE 3
108
Sobre o caráter emergencial, o Decreto n. 9.057 de 2017, em seu Art. 8º, estabe-
UNICESUMAR
lece que a responsabilidade da oferta da EaD para as etapas de Ensino Fundamental
e Médio é de autoridades educacionais dos Estados, municípios e Distrito Federal,
bem como o ensino a distância para modalidade de educação especial, EJA e edu-
cação profissional (BRASIL,2017b, on-line). Para tanto, deve obedecer ao Art. 9º:
“
A oferta de Ensino Fundamental na modalidade a distância em si-
tuações emergenciais, previstas no § 4º do art. 32 da Lei nº 9.394,
de 1996 , se refere a pessoas que: I - estejam impedidas, por motivo
de saúde, de acompanhar o ensino presencial; II - se encontrem no
exterior, por qualquer motivo; III - vivam em localidades que não
possuam rede regular de atendimento escolar presencial; IV - sejam
transferidas compulsoriamente para regiões de difícil acesso, incluí-
das as missões localizadas em regiões de fronteira; ou V - estejam em
situação de privação de liberdade (BRASIL, 2017b, on-line).
A EaD é, então, aliada às pessoas que possuem alguma restrição de acesso ao ensi-
no presencial durante os Ensinos Fundamental e Médio, como caráter de exceção
e garantia de direito. Portanto, não é permitido que essas etapas sejam ofertadas
por modalidade a distância para quaisquer crianças e jovens entre 6 e 17 anos.
O mesmo decreto define, a partir do capítulo III, a oferta do Ensino Superior na
modalidade a distância, que, também, precisa passar pelo processo de credenciamento
para oferta de cursos, assim como no ensino presencial. Para que IES públicas e pri-
vadas ofertem o ensino a distância, faz-se necessário disponibilizar ao aluno: corpo
docente capacitado, tutores e material didático (BRASIL, 2017b, on-line).
110
“Da Educação Profissional”, ambos incluídos pela Lei n. 11.741 de 2008, que estabelece
UNICESUMAR
as diretrizes e bases da educação nacional voltadas à educação profissional técnica de
nível médio, da educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológica:
“
Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos
objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e
modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e
da tecnologia. § 1o Os cursos de educação profissional e tecnológi-
ca poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a
construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas
do respectivo sistema e nível de ensino. § 2o A educação profissional
e tecnológica abrangerá os seguintes cursos: I – de formação inicial e
continuada ou qualificação profissional; II – de educação profissional
técnica de nível médio; III – de educação profissional tecnológica de
graduação e pós-graduação (BRASIL, 2008b, on-line).
111
Com a apresentação da educação profissional, finalizamos a explanação das
UNIDADE 3
ESTRUTURA DA EDUCAÇÃO
BRASILEIRA
NÍVEIS MODALIDADES
Educação Especial
Educação
Educação do Campo
Básica Educação Indígena
Educação Quilombola
Educação de Jovens
e Adultos
Educação Educação a Distância
Superior Educação Profissional e
Tecnológica
Espero que tenha apreciado e apreendido cada conceito aqui apresentado, para
que sua futura atuação em cada nível, etapa e modalidade da educação seja sig-
nificativa e assertiva na formação dos alunos.
112
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNICESUMAR
Prezado(a) aluno(a), observamos, ao longo dessa unidade, que a educação es-
colar brasileira é organizada por níveis (Educação Básica e Educação Superior)
e etapas (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). A educação
escolar está estruturada em níveis e modalidades (educação especial, educação
do campo, educação indígena, educação quilombola, EJA, EaD e educação pro-
fissional e tecnológica).
Nosso objetivo inicial foi o de conhecer os níveis da educação brasileira, a fim
de compreender como ela está organizada perante a legislação vigente: a CF de
1988, a LDBEN de 1996 (BRASIL, 1996a, on-line) e as respectivas DCN. Dessa
forma, você, caro(a) aluno(a), conhece as principais leis que organizam e regu-
lamentam a educação e qual é a importância de cada nível pelo qual passamos.
Posteriormente, nossa intenção foi entender as etapas da Educação Básica,
a partir da Reforma da Educação da década de 90, para identificar suas carac-
terísticas e compreender suas atuais condições. Isso é necessário para que você,
enquanto (futuro) professor, compreenda os caminhos que seus alunos percor-
reram, percorrem e ainda percorrerão, proporcionando uma visão do todo.
Por fim, planejamos que você reconheça as modalidades da educação a partir
da legislação vigente, a fim de verificar suas relevâncias para o ensino no nível
básico. Dessa forma, reconhecemos a importância das formas alternativas de
ensino para quem não tem acesso à forma regular. Também, é possível verificar
outros campos de atuação e a valorização da diversidade cultural que possuímos
no Brasil.
Para cada etapa da Educação Básica há um objetivo a ser cumprido pelo ensi-
no sistematizado. Para cumprir com seu papel de fiscalização, o Estado promove
avaliações de larga escala, a fim de verificar se as metas estão sendo atingidas. Por
isso, convido-lhe a estudá-las na próxima unidade.
113
na prática
1. Sabendo que a educação escolar brasileira está organizada em níveis e suas etapas,
reflita sobre a Educação Básica a partir da legislação atual, vista ao longo da Unidade
3, e assinale a alternativa correta:
a) Laura é uma menina com altas habilidades, ela está no 3º ano do Ensino Fun-
damental e necessita de atenção especial do professor para conseguir se de-
senvolver. A modalidade de ensino que mais se adequa à sua especificidade,
portanto, é a EaD.
b) Victor é um adolescente de 15 anos que precisou parar seus estudos para ajudar
seus pais na lavoura. Agora, as condições melhoraram e sua família decidiu que
ele precisa retomar os estudos. No entanto, ele parou de estudar no 5º ano do
Ensino Fundamental. A modalidade de ensino que mais se adequa à sua espe-
cificidade, portanto, é a EJA.
114
na prática
c) Adriana é uma jovem de 15 anos que precisa ajudar no sustento da família, mas
não desiste dos estudos, apesar de ser muito cansativa sua tripla jornada. Ela
cursa a escola no período da manhã, trabalha a tarde e à noite cuida de casa e da
família. Ela gostaria de ampliar seus conhecimentos técnicos para trabalhar em
algo melhor. A modalidade de ensino que mais se adequa à sua especificidade,
portanto, é a educação especial.
d) Pedro é um menino que vive no sítio com sua família e não tem acesso à cidade
com frequência. Contudo sua família considera o estudo muito importante para
seu futuro e o matriculou em uma escola na zona rural. A modalidade de ensino
que mais se adequa à sua especificidade, portanto, é a quilombola.
e) Marcela é uma senhora de 55 anos que quer retomar seus estudos, agora que
está aposentada. Ela não teve acesso aos estudos quando criança, pois morava
em uma aldeia de índios guaranis. A modalidade de ensino que mais se adequa
à sua especificidade, portanto, é a indígena.
3. Com base nas explanações sobre as etapas da Educação Básica vistas na Unidade
3, analise as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta:
I - A etapa da Educação Infantil não é responsável apenas por cuidar das crianças
de 0 a 5 anos, mas, também, por educar de forma que se desenvolva em todos
os aspectos cognitivos, sociais, emocionais, entre outros.
II - A etapa da Educação Infantil é dividida em creche (atende crianças de 0 a 3
anos) e pré-escola (atende crianças de 4 e 5 anos), sendo apenas a pré-escola
obrigatória.
III - A etapa do Ensino Fundamental possui os anos iniciais (do 1º ao 5º ano) e os
anos finais (do 6º ao 9º ano), sendo todas as séries obrigatórias às crianças e
aos jovens entre 6 e 14 anos.
IV - O Ensino Médio é a última etapa da Educação Básica e é obrigatória para jovens
de 15, 16 e 17 anos, que cursam, regularmente, as séries de 1º, 2º e 3º ano
dessa etapa.
115
na prática
a) V; F; V.
b) V; V; F.
c) F; F; V.
d) F; F; V.
e) V; F; F.
5. Observe a imagem a seguir e disserte sobre uma das etapas da Educação Básica,
destacando um dos documentos que norteiam o seu ensino.
Educação
Infantil
Educação Ensino
Básica Fundamental
NÍVEIS
Ensino
Educação
Médio
Superior
116
aprimore-se
117
aprimore-se
118
aprimore-se
119
eu recomendo!
livro
conecte-se
Web: https://youtu.be/3QdQ5jBL1cI
120
eu recomendo!
filme
121
4
AVALIAÇÃO NO
SISTEMA
Educacional Brasileiro
PROFESSORA DRA.
Mara Cecilia Rafael Lopes
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Avaliação no sistema educacio-
nal brasileiro: um foco na Educação Básica • Inep e as avaliações nacionais da Educação Básica: Enem,
Encceja e Pisa • Sistema de avaliação do Ensino Superior: Sinaes.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Conhecer as principais formas de avaliação do sistema educacional brasileiro na Educação Básica, a
fim de compreender sua relevância na elaboração de políticas educacionais • Analisar os objetivos e o
foco das avaliações de rendimento escolar utilizadas pelo Estado, para entendê-las como instrumento
de regulação do sistema educacional no Brasil • Estudar o sistema de avaliação da Educação Superior,
tais como avaliação institucional, Enade e avaliação de cursos de graduação.
INTRODUÇÃO
EDUCACIONAL BRASILEIRO:
UM FOCO NA
EDUCAÇÃO BÁSICA
124
de uma importante pauta da sua administração, com foco em mensurar fatores de
UNICESUMAR
qualidade, eficiência, equidade, desigualdade social, produtividade, rendimento do
aprendizado, análise do custo-qualidade e, também, o desempenho dos sistemas
de ensino, que podem ser observados nos índices de ranqueamento da educação
entre os Estados nacionais. Dessa forma, a avaliação educacional realizada na esfera
macro, ou seja, pelo Estado, tem como objetivo controlar e regular os resultados ou
produtos educacionais. Segundo Libâneo, Toschi e Oliveira (2012, p. 263) essas ava-
liações, aplicadas como testes educacionais, são justificadas pelo discurso nacional
de “[...] aferir o desempenho dos alunos nos diferentes graus de ensino, a fim de
controlar a qualidade do ensino ministrado nas escolas brasileiras”.
Pensando nesse discurso nacional, que justifica a aplicação das avaliações
educacionais, se concordamos ou não, o fato é que não podemos negar á que esse
modelo de avaliação se manifestou há anos, desde a década de 30, com interesse
na organização sistêmica da educação. Inclusive, a partir dos resultados obtidos
por meio dessas avaliações, as bases para a elaboração da proposta do sistema
nacional de avaliação foram possibilitadas no final da década de 80 e no próprio
Plano Nacional de Educação, de 2014 a 2024 (BRASIL, 2014).
Libâneo, Toschi e Oliveira (2012) afirmam que as pesquisas sobre o impacto
das avaliações realizadas em larga escala, iniciadas na década de 30, possibilitaram
a identificação de dois marcos interpretativos sobre a avaliação educacional. O
primeiro se refere à visão oficial, ideia utilizada pelo Estado nacional, no período
das décadas de 30 a 70, em que a ênfase recai nos testes padronizados para medir
as habilidades e aptidões dos alunos, a fim de verificar a eficiência e produtivi-
dade do sistema de ensino brasileiro. O segundo se refere à perspectiva crítica,
que surgiu na década de 80, pautada no modelo de avaliação que considera, além
dos aspectos quantitativos, os aspectos qualitativos, como os aspectos sociais,
políticos e culturais implicados nas práticas de avaliação educacional, realizada
em larga escala e, também, na avaliação escolar, realizada em sala de aula.
A partir do breve, contexto histórico da avaliação empregada no sistema edu-
cacional brasileiro, podemos observar, caro(a) aluno(a), que esse cenário constitui
a base para o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) ser implantado no
Brasil a partir dos anos 90, em especial, no período do governo de Fernando Hen-
rique Cardoso (FHC), que sustentou a tese ideológica capitalista, empregando,
para a avaliação educacional, o caráter de medição do desempenho escolar por
meio de testes padronizados e questionários socioeconômicos por amostragem,
125
vinculados à realização de diagnósticos em larga escala, a fim de regular e con-
UNIDADE 4
126
Portanto, reflita conosco, caro(a) aluno(a): qual é a centralidade que a avalia-
UNICESUMAR
ção da Educação Básica tem recebido na política pública educacional brasileira,
e quais as suas implicações na gestão escolar e no trabalho dos profissionais de
cada unidade escolar?
Ficou claro que a proposta inicial do sistema nacional de avaliação foi im-
plantada na década de 80, mas, desde os anos 30, havia o interesse pela constru-
ção desse sistema de avaliação, a partir dos resultados obtidos por pesquisas e
do planejamento educacional. No período dos anos 30 até o final da década de
80, a discussão sobre as avaliações acompanhava as perspectivas economicista e
tecnicista presentes na época, pautadas pelo objetivo de modernização do setor
educacional em larga escala, afinal, esse espaço de tempo é marcado, na história
do Brasil, como o período em que se objetivava o desenvolvimento econômico,
mesmo ao passar pela realidade do regime militar entre 1965 e 1985.
No final da década de 80, observou-se a necessidade de aplicar avaliações,
a fim de verificar os resultados da educação nacional com vistas à melhoria da
educação. As práticas avaliativas propiciaram o diagnóstico ou o conhecimento
da realidade educacional, além de indicarem e nortearem a qualidade da educa-
ção no que tange à sua expansão, democratização, administração escolar, ensino
e aprendizagem. Não podemos perder de vista que um dos objetivos centrais da
implantação do sistema nacional de avaliação, além de diagnosticar e nortear
orientações para a melhoria da educação brasileira, objetiva o reajuste da regu-
lação do Estado e a cultura de avaliar o que é aplicado no país (FREITAS, 2005).
É importante que você compreenda, caro(a) aluno(a), que, durante a mo-
vimentação da avaliação da Educação Básica no Brasil, também, ocorreu o im-
pulso das avaliações educacionais no contexto internacional, por exemplo, o
Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que é desenvolvido e
coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE). No Brasil, é coordenado, também, pelo Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Sobre a influência das organizações internacionais, no processo de constru-
ção e implementação das avaliações educacionais brasileiras, Oliveira (2013)
complementa que, na década de 90, após a Conferência Mundial sobre Educação
Para Todos (Jomtien, Tailândia), as organizações ligadas ao sistema da Organi-
zação das Nações Unidas (ONU) – como Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef), Banco Mundial (BM) e Programa das Nações Unidas para o
127
Desenvolvimento (Pnud) – passaram a ser agências impulsionadoras das refor-
UNIDADE 4
“
A introdução da avaliação em larga escala na regulação da Educação
Básica se deu no contexto de crise do Estado desenvolvimentista,
num quadro de busca de recomposição do poder político, simbólico
e operacional de regulação pelo Estado central e de restrições à sua
atuação na área social, ligando-se ao movimento reformista que, no
ingresso dos anos 1990, impôs uma nova agenda para a área social.
Essa agenda apontou para uma reorganização profunda dos princí-
pios e parâmetros de estruturação das políticas sociais, remetendo
à questão da reforma do Estado e dos caminhos da modernização
do País. A avaliação foi, então, vista como uma estratégia útil para
a gestão que se impunha com o rumo que vinha sendo dado à área
social (FREITAS, 2005, p. 9).
UNICESUMAR
rato de sistema de avaliação. Portanto, esclarecemos, aqui, que a centralidade da
avaliação da Educação Básica é a busca pela qualidade de ensino, ou do seu moni-
toramento, e a promoção da avaliação externa para melhorar o cotidiano escolar,
articuladas à boa governança educacional, orientada pelas agências internacionais e
pelo Ministério da Educação (MEC), no sentido de avaliar os processos e resultados,
a partir dos investimentos e das ações destinadas ao setor educacional.
Segundo Coelho (2008), a centralidade, que passou a ser articulada ao Saeb
em 1990, substituiu o Sistema de Avaliação do Ensino Público de 1.º Grau (Saep),
criado em 1987. A implantação do Saeb ocorreu com assistência internacional
do Pnud, por meio da aplicação das primeiras provas e do levantamento de dados
de nível nacional, em 1990. A segunda aplicação do Saeb foi em 1993 e a ava-
liação foi estruturada em três eixos de estudo: 1. Rendimento do aluno; 2. Perfil
e prática docente; e 3. Perfil dos diretores e formas de gestão escolar. Em 1995,
o Saeb incluiu, em sua amostra, o Ensino Médio e a rede particular de ensino,
também, adotou técnicas mais modernas de medição do desempenho dos alunos
e incorporou instrumentos de levantamento de dados sobre as características
socioeconômicas e culturais, bem como sobre os hábitos de estudos dos alunos.
Além de redefinir as séries avaliadas, sendo estas as, então, 4ª e 8ª séries do Ensino
Fundamental e a 3ª série do Ensino Médio.
É interessante destacar, caro(a) aluno(a), quais são as matrizes de referência teóri-
ca que subsidiam o monitoramento da qualidade educacional mensurado pelo Saeb.
Segundo Coelho (2008), em análise dos vinte anos da avaliação da Educação Básica
brasileira, a opção teórica adotada pelos instrumentos de avaliação desta são de natu-
reza cognitivista e a construção dos descritores, como base dos itens da prova, utilizam
os conteúdos praticados nas escolas brasileiras de Ensino Fundamental e Médio.
Além disso, a autora nos revela que os conteúdos cobrados nas provas são
associados às competências cognitivas utilizadas por Phillipe Perrenoud, que
tem como conceito de competência a capacidade de agir eficazmente em deter-
minada situação, apoiando-se em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. A
justificativa da utilização das competências, nas avaliações nacionais do Saeb,
consta em dispositivos legais, tais como o Art. 9º, inciso IV da LDBEN n. 9.394/96,
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e nas Diretrizes Curriculares do
Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Nesses documentos, inclusive, é possível
observar, além do conceito de avaliação, o conceito de ensino, aprendizagem e
escola (COELHO, 2008).
129
No desenrolar histórico da construção do Sistema de Avaliação da Educação
UNIDADE 4
130
Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb)
UNICESUMAR
O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é composto por três avaliações
externas complementares, a saber: Aneb; Anresc, também conhecida como Prova
Brasil; e a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA). Observe a figura a seguir:
Saeb
131
Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb)
UNIDADE 4
O que é?
Avaliação da qualidade da Educação Básica brasileira.
Maior avaliação educacional do país.
Retrato da Educação Básica nacional.
Quem?
Estudantes, professores, diretores e dirigentes da rede pública.
Por quê?
Avaliar a qualidade das redes de ensino e das escolhas públicas.
Como?
Testes de Língua Portuguesa, Matemática e Ciências (novidade em 2019) para os estu-
dantes.
Questionários para os estudantes, professores, diretores e dirigentes.
Onde?
Nas escolas públicas e privadas das 27 unidades da Federação, de acordo com agen-
damento.
Em 2019, foi anunciado pelo governo, por meio da Portaria n. 366, de 29 de abril
de 2019, algumas mudanças no Saeb, com destaque para a aplicação dos testes
de Ciências da Natureza e Ciências Humanas, a amostragem de estudantes do 9º
ano e a avaliação da alfabetização no 2º ano do Ensino Fundamental. Pela pri-
meira vez, a avaliação será mediada por um ditado, a fim de avaliar a capacidade
132
de ler e escrever das crianças. Também, está prevista, para a Educação Infantil, a
UNICESUMAR
aplicação de questionários eletrônicos para professores de creches e pré-escolas,
usados pela primeira vez pelo Inep em 2019.
As médias de desempenho nas avaliações do Saeb, juntamente com os dados
sobre aprovação e o fluxo escolar obtido no Censo Escolar, estudados na Unidade
1, compõem o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Ressaltamos que o Ideb não é uma prova. Seus resultados são calculados com
base no desempenho do estudante em avaliações do Inep e em taxas de aprova-
ção, analisando se o aluno aprendeu, não repetiu o ano e frequentou a sala de aula
por meio das informações coletadas no Censo Escolar, que cada escola pública
ou privada deve realizar (INEP, 2011b).
Lembre-se, caro(a) aluno(a), que, ao trabalhar na escola, você se deparará,
frequentemente, com a palavra Ideb em reuniões pedagógicas ou ao chegar pró-
ximo da data de realização de uma das avaliações do Inep, bem como do prazo
final de cadastramento do Censo Escolar. Por isso, tenha sempre em mente que
os objetivos do Ideb são dois e são coletados por dois instrumentos avaliativos (as
avaliações do Saeb e o Censo Escolar), que cumprem os objetivos de: “1) detectar
escolas e/ou redes de ensino cujos alunos apresentem baixa performance em
termos de rendimento e proficiência”, coletados por meio do Saeb e Prova Brasil,
e “2) monitorar a evolução temporal do desempenho dos alunos dessas escolas
e/ou redes de ensino” por meio do Censo Escolar (INEP, 2011b).
Visto que o Ideb é resultado do produto entre o desempenho e o rendimento
escolar (ou o inverso do tempo médio de conclusão de uma série), ele pode ser
interpretado da seguinte maneira: para a escola A, na qual a média padronizada
da Prova Brasil para o 5º ano do Ensino Fundamental é 5,0 e o tempo médio de
conclusão de cada série/ano é de dois anos, a rede/escola terá o Ideb igual a 5,0
multiplicado por 0,5, ou seja, Ideb = 2,5. Já uma escola B com média padronizada
da Prova Brasil, 5º ano é igual a 5,0 e o tempo médio para conclusão é igual a um
ano, terá Ideb = 5,0 (FERNANDES; GREMAUD, 2009).
O Plano Nacional de Educação (2014-2024) estabelece metas para o Ideb.
Observe:
133
Meta 7
UNIDADE 4
(Brasil, 2019).
“
O Ideb dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental seguiu uma tra-
jetória ascendente, tendo atingido 5,8 em 2017. Todos os estados
apresentaram avanços entre 2015 e 2017. Nessa etapa, a meta nacio-
nal para 2017 (5,5) foi superada. O Ideb dos Anos Finais do Ensino
Fundamental também apresenta crescimento, mas em ritmo mais
lento em comparação aos Anos Iniciais. De 2015 a 2017, o Ideb
aumentou 0,2 ponto, alcançando o índice de 4,7, valor abaixo da
meta para o ano (5,0). Por fim, no Ensino Médio, há um quadro de
quase estagnação e segue abaixo das metas definidas. O Ideb atual é
de 3,8, quadro que se mantém praticamente inalterado desde 2011,
quando foi de 3,7. Foram 19 as unidades da federação que apresen-
taram avanço do Ideb nessa etapa entre 2015 e 2017, e cinco tiveram
redução (CRUZ; MONTEIRO, 2018, p. 63).
Verifique, agora, como foi o alcance das metas no decorrer dos anos, de 2005 a
2017, assim como a comparação dos dados das escolas públicas e privadas apre-
sentadas no Anuário da Educação Básica 2019.
134
Ensino Fundamental - anos iniciais
UNICESUMAR
6,8 7,1
7 6,4 6,5 6,4 Total
5,9 6,0 5,8
6 5,2 5,5 Pública
4,6 5,0
5 4,2 5,3 5,5 Privada
3,8 4,7 4,9
4 4,4 Meta para 2021 6,0
4,0
3 3,6
2 Meta parcial
1 5,5
em 2017
0
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017
Ensino Médio
7 Total
5,6 5,6 5,6 5,7 5,8 Pública
6 5,4 5,3
5 Privada
3,6 3,7 3,7 3,7 3,8
4 3,4 3,5 Meta para 2021 5,2
3 3,4 3,4 3,4 3,5 3,5
3,1 3,2
2 Meta parcial
1 4,7
em 2017
0
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017
135
Prova Brasil/Anresc
UNIDADE 4
ANA
136
Segundo informações publicadas no documento básico sobre a ANA (BRASIL,
UNICESUMAR
2013), essa avaliação se insere no contexto de atenção voltada à alfabetização previs-
ta no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), criado pela Portaria
n. 867, de 4 de julho de 2012, que objetiva cumprir o compromisso assumido pelo
Governo Federal, pelo Distrito Federal, pelos Estados e municípios de assegurar, a
todas as crianças brasileiras, a alfabetização até a conclusão do ciclo.
A criação da ANA foi originada da necessidade de avaliar o Pnaic e se os
alunos chegavam ao final do 3º ano do Ensino Fundamental alfabetizados, em
especial, com conhecimentos em Língua Portuguesa e Matemática. Segundo as
informações do documento da ANA (BRASIL, 2013), a atenção voltada ao ciclo
de alfabetização se deve à concepção de que esse período é considerado necessá-
rio para que seja assegurado, a cada criança, o direito às aprendizagens básicas da
apropriação da leitura e da escrita e, também, à consolidação de saberes essenciais
às áreas e aos componentes curriculares obrigatórios.
As avaliações da ANA são aplicadas anualmente por meio de questionários
contextuais e pelo teste de desempenho baseado em cinco eixos, que possuem
como principais objetivos (BRASIL, 2015):
1. Avaliar o nível de alfabetização dos educandos no 3º ano do Ensino Fun-
damental.
2. Produzir indicadores sobre as condições de oferta de ensino.
3. Concorrer para a melhoria da qualidade de ensino e redução das desi-
gualdades, em consonância com as metas e políticas estabelecidas pelas
diretrizes da educação nacional.
Meta 5
Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o 3.º ano do Ensino Fundamental
137
Observe, na figura a seguir, o nível de alfabetização dos alunos do 3º ano do En-
UNIDADE 4
85,2
83,5
70
60
68,6
68,0
50
53,4
53,2
40
45,3
43,8
40,4
38,5
30
13,2
14,1
30,3
20
27,5
24,5
21,6
10
0
Todos Grupo Grupo Grupo Grupo Grupo Grupo Grupo
os muito baixo médio- médio médio- alto muito
grupos baixo baixo alto alto
Aneb
138
As escolas são selecionadas de forma probabilística (por sorteio), conside-
UNICESUMAR
rando os estratos de interesse da avaliação:
■ Dependência administrativa (pública federal, estadual, municipal e privada).
■ Unidade da Federação (Estados).
■ Localização (urbana e rural).
■ Área (capital e interior).
■ Porte da escola (pequena: uma ou duas turmas, e grande: três ou mais
turmas).
Veja, na figura a seguir, a diferença entre a Prova Brasil e a Aneb, conforme o Inep:
139
Provinha Brasil
UNIDADE 4
“
Art. 2° A Avaliação de Alfabetização “Provinha Brasil” tem por ob-
jetivo: a) avaliar o nível de alfabetização dos educandos nos anos
iniciais do Ensino Fundamental; b) oferecer às redes de ensino um
resultado da qualidade do ensino, prevenindo o diagnóstico tardio
das dificuldades de aprendizagem; e c) concorrer para a melhoria da
qualidade de ensino e redução das desigualdades, em consonância
com as metas e políticas estabelecidas pelas diretrizes da educação-
nacional (BRASIL, 2007).
140
A Provinha Brasil é elaborada pelo Inep e distribuída pelo MEC/FNDE para to-
UNICESUMAR
das as secretarias de educação municipais, estaduais e do Distrito Federal. Além
disso, conta com a participação de todos os alunos matriculados no 2º ano do
Ensino Fundamental das escolas públicas. A primeira etapa pode ser aplicada
até abril do ano de aplicação e a segunda até novembro do mesmo ano letivo. A
adesão a essa avaliação é opcional e a aplicação fica a critério de cada secretaria
de educação das unidades federadas (BRASIL, 2011a).
A partir das informações obtidas pela avaliação, os gestores e professores têm
condições de intervir de forma mais eficaz no processo de alfabetização, o que
aumenta as chances de que todas as crianças, até os oito anos de idade, saibam ler
e escrever, conforme uma das metas previstas pelo Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educação (Meta 2 do Art. 2º). Os resultados obtidos pela Provinha
Brasil, também, articulam-se com a proposta do Pnaic.
É importante que você saiba, caro(a) aluno(a), que essa prova não é caracteri-
zada como avaliação classificatória, mas é reconhecida pelo Inep, pelo MEC e pelo
FNDE como instrumento pedagógico importante, que fornece informações sobre
o processo de alfabetização aos professores e gestores das redes de ensino. Além
disso, tem como principais objetivos: avaliar o nível de alfabetização dos alunos nas
turmas dos anos iniciais do Ensino Fundamental, bem como diagnosticar possíveis
insuficiências das habilidades de letramento inicial e o nível de alfabetização.
Agora que você conhece o que é a Provinha Brasil e quais são os seus objeti-
vos, lançaremos uma questão: quem aplica e corrige essas provas? As correções
são realizadas pelo próprio professor da turma, com o objetivo de monitorar e
avaliar a aprendizagem de cada aluno ou turma e, também, por outras pessoas
indicadas e preparadas pela secretaria de educação, com a proposta de obter uma
visão geral de cada unidade escolar, das diretorias ou de toda a rede de ensino
sob a administração da secretaria (BRASIL, 2011a).
141
2
INEP E AS AVALIAÇÕES
UNIDADE 4
NACIONAIS DA
EDUCAÇÃO BÁSICA:
Enem, Encceja e Pisa
UNICESUMAR
pelo Inep, que tem em vista formular matrizes de referência para cada avaliação.
Caro(a) aluno(a), é necessário que você compreenda o funcionamento do Saeb
e que todas as suas avaliações são coordenadas pelo Inep, além de contar com a
colaboração e participação das secretarias estaduais e municipais de educação.
Dessa forma, as avaliações anteriormente apresentadas – Saeb, Prova Brasil,
Ana e as demais avaliações que serão apresentadas, como o Enem e o Enade –
caracterizam-se em avaliações de larga escala, de natureza sistêmica realizada por
um agente externo à escola, nesse caso, o Inep.
Segundo Wiebusch (2012), as avaliações externas, tanto nacionais quanto
internacionais, como o Pisa, objetivam a melhoria da qualidade da educação e
o desempenho dos alunos em determinados momentos da escolarização, por
meio de testes de proficiência, questionários contextuais e diagnóstico do siste-
ma de ensino. As avaliações externas foram criadas para oferecer subsídios para
formulação, reformulação e monitoramento de políticas educacionais e também
da gestão da educação. As avaliações articuladas ao Saeb foram criadas para re-
colher indicadores comparativos de desempenho, que embasam futuras tomadas
de decisões no âmbito da escola e nas diferentes esferas do sistema educacional.
Caro(a) aluno(a), para compreender o sistema nacional de avaliação brasileiro, é
necessário que compartilhemos com você uma breve contextualização histórica do
que é o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, que
funciona como principal instrumento de estudos, pesquisas e avaliações do sistema
educacional brasileiro. Assim, convidamos-lhe a conhecer o Inep, criado pela Lei n.
378, de 13 de janeiro de 1937, e transformado em Autarquia Federal vinculada ao
MEC, por meio da Lei n. 9.448, de 14 de março de 1997, e alterada pela Lei n. 10.269,
de 29 de agosto de 2001 (BRASIL, 1937, on-line; 1997b; 2001, on-line). O Inep tem
como objetivo subsidiar a formulação e implementação de políticas públicas para a
área educacional, a partir de parâmetros de qualidade de ensino e equidade social.
Também, tem como objetivo produzir informações e dados claros e confiáveis aos
gestores, pesquisadores, educadores e público em geral.
Dentre as ações e programas do Inep, podemos observar o atendimento dessa
autarquia às várias ações, como: programas, projetos e atividades implementadas
em consonância com o sistema educacional brasileiro. São diversos programas,
mas citaremos os mais conhecidos, no âmbito educacional, para que você, caro(a)
aluno(a), possa familiarizar-se. Porém, não deixe de acessar a página na Internet
143
do Inep e conhecer, na íntegra, cada programa e o que este significa para a socie-
UNIDADE 4
Em nosso país, temos várias avaliações em larga escala e, repetimos: estas têm como
objetivo diagnosticar, por meio de testes padronizados e questionários socioeco-
nômicos, a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro e as
condições, ou o contexto, em que o ensino é realizado. Anteriormente, apresen-
tamos alguns programas de avaliação administrados e aplicados pelo Inep, em
parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, as quais, juntas,
implementam exames, índices e indicadores de abrangência nacional.
É necessário frisar que a avaliação, como política educacional brasileira, está
amparada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei n. 9.394/1996 no Art.
9º, que atribui à União
“
assegurar o processo nacional de avaliação do rendimento escolar
no Ensino Fundamental, médio e superior, em colaboração com
os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a
melhoria da qualidade de ensino (BRASIL, 1996a, on-line).
Libâneo, Toschi e Oliveira (2012) acrescentam que essa prescrição legal não im-
pede que os Estados e municípios, também, possam ter iniciativas de avaliação
do desempenho escolar em seus respectivos sistemas de ensino, com o objetivo
de contribuir com a qualidade da educação em suas regiões.
144
UNICESUMAR
explorando Ideias
O Inep possui, em sua página, diversas publicações disponíveis para que possamos co-
nhecer o processo avaliativo da Educação Básica e superior. As publicações abordam os
seguintes temas: Avaliação da Educação Básica, Avaliação da Educação Superior, Estatísti-
cas Educacionais, Análises e Diagnósticos, Relatos de Pesquisa, Textos para Discussão, Es-
tado do Conhecimento, Série PNE em Movimento e Cibec. Para saber mais, acesse: http://
portal.inep.gov.br/web/guest/publicacoes.
Fonte: a autora.
Encceja
Enem
UNICESUMAR
rior (IES) privadas, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni),
mediante as notas obtidas no exame.
O principal objetivo do Enem, segundo o MEC, é avaliar o desempenho do aluno
ao término da escolaridade básica, para aferir o desenvolvimento de competências
fundamentais ao exercício pleno da cidadania. Desde a sua concepção, o exame foi
pensado como modalidade alternativa ou complementar aos exames de acesso aos
cursos profissionalizantes pós-médio e ao Ensino Superior (INEP, 2011d).
Apesar de voluntário, o Enem caminha para a universalização entre os estu-
dantes que terminam o Ensino Médio, pois diversas IES têm passado a utilizar os
resultados do Enem como componente dos seus processos seletivos. Além disso,
essa universalização do exame tem sido promovida pela sua participação em
programas governamentais de acesso à Educação Superior, como o ProUni, que
utiliza os resultados do Enem como pré-requisito para a distribuição de bolsas
de estudo em instituições privadas de Ensino Superior (INEP, 2011d).
O Enem foi atualizado conforme o Edital n. 14, de 21 de março de 2019.
“
4.1 O Enem 2019 será estruturado a partir de matrizes de referência dis-
poníveis no Portal do Inep, no endereço http://download.inep.gov.br/
download/enem/matriz_referencia.pdf . 4.2 O Exame será constituído de
redação em Língua Portuguesa e de quatro provas objetivas. Cada prova
objetiva terá 45 questões de múltipla escolha. 4.3 As provas objetivas e a
redação avaliarão as seguintes áreas de conhecimento do Ensino Médio e
os respectivos componentes curriculares:
147
Áreas do conhecimento Componentes curriculares
UNIDADE 4
Pisa
UNICESUMAR
senvolvimento Econômico (OCDE) e, no Brasil, é coordenador, também, pelo Inep.
Participam desse programa apenas os países membros da OCDE e, também, países
convidados, como Brasil, México, Argentina e Chile. Segundo Libâneo, Toschi e
Oliveira (2012, p. 268-269), o objetivo do Pisa é “[...] obter indicadores das efetivi-
dades dos sistemas educacionais de cada país participante”. O período de realização
acontece a cada três anos e “[...] avalia o desempenho de alunos das escolas públicas
e privadas, urbanas e rurais, das cinco regiões do país”.
De acordo com informações disponibilizadas na página do Inep, o objetivo
do Pisa é produzir indicadores que contribuam para a discussão da qualidade da
educação nos países participantes, de modo a subsidiar políticas de melhoria do
ensino básico. A avaliação, também, procura verificar se as escolas de cada país
estão ou não cumprindo com uma das metas traçadas junto às agências inter-
nacionais, a saber: a preparação dos jovens para exercer o papel de cidadãos na
sociedade contemporânea.
O Pisa abrange três áreas do conhecimento – leitura, matemática e ciências
– e, a cada edição, atribui maior ênfase para cada uma dessas áreas. Por exemplo,
em 2000, o foco era a leitura; em 2003, a matemática; e, em 2006, a ciências. O Pisa
2009 iniciou um novo ciclo do programa, com o foco, novamente, no domínio
de leitura; em 2012, mais uma vez, matemática; e, em 2015, ciências. De acordo
com o Relatório Nacional do Pisa 2012 (resultados brasileiros) (BRASIL, 2012e),
foi revelado que o Brasil avançou em pontos na área mais avaliada em 2012,
matemática, com relação aos outros países.
Contudo, você pode perguntar-se: “então por que o Brasil não está entre os
melhores classificados do Pisa?”. Para responder a essa pergunta, é preciso ana-
lisar a média dos outros países, por exemplo, Finlândia e Estados Unidos, que
possuíam como média, em 2012, respectivamente, 518,8 e 481,4 contra 391,5 do
Brasil. Mesmo apresentando avanço significativo em seus dados, o Brasil ainda
está longe de chegar perto de países desenvolvidos, conforme mostra a tabela
comparativa das edições de 2003 a 2012.
pensando juntos
Você concorda que poderíamos almejar, como meta para 2022, um número mais alto?
Diante do atual contexto da educação brasileira, as condições para superar a meta são
possíveis ou impossíveis de serem alcançadas?.
149
Diferenças
UNIDADE 4
entre 2003
Pisa 2003 Pisa 2006 Pisa 2009 Pisa 2012
e 2012
BR 356,0 4,8 369,5 2,9 385,8 2,4 391,5 2,1 35,4 5,4
MEX 385,2 3,6 405,7 2,9 418,5 1,8 413,3 1,4 28,1 4,1
PT 466,0 3,4 466,2 3,1 486,9 2,9 487,1 3,8 21,0 5,3
KOR 542,2 3,2 547,5 3,8 546,2 4,0 553,8 4,6 11,5 5,8
ES 485,1 2,4 480,0 2,3 483,5 2,1 484,3 1,9 -0,8 3,4
E.U.A. 482,9 2,9 474,4 4,0 487,4 3,6 481,4 3,6 -1,5 4,9
UY 422,2 3,3 426,8 2,6 426,7 2,6 409,3 2,8 -12,9 4,5
FI 544,3 1,9 548,4 2,3 540,5 2,2 518,8 1,9 -25,5 3,0
Tabela 1 - Comparativo das edições do Pisa de 2003 a 2012 / Fonte: adaptada de OCDE (2012,
on-line)3.
150
3
SISTEMA DE AVALIAÇÃO DO
UNICESUMAR
ENSINO SUPERIOR:
Sinaes
“
As avaliações educacionais em larga escala, uma realidade presente
em diversas partes do mundo desde a década de 70, vêm crescendo
no Brasil nos últimos anos, tanto em quantidade como em qualida-
de. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) foi
a primeira iniciativa brasileira, em escala nacional, para se conhecer
o sistema educacional brasileiro em profundidade, o qual começou
a ser desenvolvido no final dos anos 80 e foi aplicado pela primeira
vez em 1990.
O uso de avaliações em larga escala para o Ensino Superior no Brasil, por sua
vez, foi iniciado em 1995, com a criação do Exame Nacional de Cursos (ENC),
por meio da Lei n. 9.131/1995 - Art. 3º (BRASIL, 1995, on-line). e detalhado em
1996 pelo Decreto n. 2.026, de 24 de novembro de 1996 (BRASIL, 1996b, on-line).
151
O ENC foi criado para ser aplicado a todos os estudantes egressos de campos
UNIDADE 4
“
O Provão, exame universal e obrigatório, era aplicado anualmente
aos alunos dos cursos de graduação selecionados, iniciou-se em
1996 com administração, direito e engenharia civil, e foi sendo ex-
pandido até avaliar 26 áreas em 2003, último ano de aplicação. Parti-
cipavam do exame somente os alunos concluintes dos referidos cur-
sos, o que permitia que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Anísio Teixeira (Inep) calculasse e divulgasse um conceito referente
à qualidade do curso. Para o autor essa foi a primeira vez que se
teve uma medida objetiva da qualidade média dos alunos egressos
desses cursos, auxiliando empregadores e potenciais estudantes em
suas escolhas. Adicionalmente, pretende-se que a divulgação desses
resultados às instituições de ensino auxilie e incentive o processo
de melhoria do ensino. Hanushek e Raymond (2004), por exemplo,
encontram resultados empíricos que indicam que estados ameri-
canos que têm sistemas de avaliação do ensino básico com base na
accountability obtiveram melhores desempenhos educacionais do
que os estados sem avaliação.
152
de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) que, após um período de discussão sobre
UNICESUMAR
a nova proposta, foi aprovado no Congresso em 2004 e estabelecida sua criação por
meio da Lei n. 10.861, de 14 de abril de 2004 (VERHINE; DANTAS; SOARES, 2006).
O Sinaes, criado pela Lei n. 10.861, de 14 de abril de 2004, é formado por três
componentes principais: a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho
dos estudantes, ainda, avalia os aspectos que giram em torno desses três eixos, a
saber: o ensino; a pesquisa; a extensão; a responsabilidade social; o desempenho
dos alunos; a gestão da instituição; o corpo docente; as instalações e vários ou-
tros aspectos (BRASIL, 2017), cumprindo com os objetivos propostos pelo novo
sistema de avaliação do Ensino Superior:
1. Identificar mérito e valor das instituições, áreas, cursos e programas, nas
dimensões de ensino, pesquisa, extensão, gestão e formação.
2. Melhorar a qualidade da Educação Superior, orientar a expansão da ofer-
ta.
3. Promover a responsabilidade social das IES, respeitando a identidade
institucional e a autonomia.
Autoavaliação
Avaliação
Institucional Avaliação
Externa
Exame Nacional
de Desempenho Índice Geral
Sinaes
de Estudantes- de Cursos (ICG)
Enade
Avaliação Institucional
Avaliação externa
“
Processo que avalia uma instituição, um programa ou um desem-
penho, utilizando critérios estabelecidos e coerentes com o objetivo
da avaliação, conduzido por avaliadores externos ao contexto do
objeto a ser avaliado (INEP, 2019. p. 22).
Autoavaliação institucional
“
A autoavaliação institucional tem como objetivos produzir conhe-
cimentos, refletir sobre as atividades cumpridas pela instituição,
154
identificar as causas dos seus problemas, aumentar a consciência
UNICESUMAR
pedagógica e capacidade profissional do corpo docente e técni-
co-administrativo, fortalecer as relações de cooperação entre os
diversos atores institucionais, tornar mais efetiva a vinculação da
instituição com a comunidade, julgar acerca da relevância científi-
ca e social de suas atividades e produtos, além de prestar contas à
sociedade (INEP, 2018, p 35).
“
No âmbito do Sinaes, tem como objeto de análise a própria institui-
ção, observa as dez dimensões institucionais, envolve a participação
de toda a comunidade acadêmica e a sociedade civil e, como insumo
final, apresenta um relatório anual que subsidia a avaliação institu-
cional externa. A autoavaliação, em consonância com o Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI) da IES, deve ser vista como
um processo de autoconhecimento conduzido pela Comissão Pró-
pria de Avaliação (CPA). É um processo de indução de qualidade da
instituição, que deve aproveitar os resultados das avaliações externas
e as informações coletadas e organizadas a partir do PDI, transfor-
mando-os em conhecimento e ações, por meio da apropriação pelos
atores envolvidos (INEP, 2018, p 35).
Enade
O Enade é obrigatório?
156
O estudante selecionado para o Enade deve observar o regulamento previs-
UNICESUMAR
to no edital do Enade do ano em que for inscrito, pois ocorre alterações para a
melhora do processo. O estudante que não atender aos itens do edital ficará em
situação de irregularidade junto ao MEC. Isso ocorrerá quando o estudante:
■ Não comparecer ao Exame e não obter dispensa oficial conforme refe-
rência normativa.
■ Não preencher o Questionário do Estudante. O questionário é disponi-
bilizado previamente à prova, possui caráter obrigatório com objetivo
de obter o perfil socioeconômico do estudante e seu processo formativo.
■ Tiver o registro de participação indevida na prova. A participação na
prova é atestada a partir da assinatura do estudante na lista de presença
de sala e no cartão de respostas às questões objetivas da prova.
157
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 4
Caro(a) aluno(a), nesta Unidade 4, nosso objetivo foi mostrar a você uma parte
da gama de avaliações que são aplicadas na educação brasileira. Esperamos que
você tenha observado a importância nacional e internacional que essas avaliações
expressam para o sistema educacional brasileiro.
Ainda que as avaliações nacionais e internacionais contribuam com a ava-
liação da qualidade do ensino no Brasil, seus critérios qualitativos pouco con-
sideram os fatores sociais, culturais e econômicos que norteiam todo sistema
nacional de educação. Alguns testes solicitam que os participantes responderam
questionários socioeconômicos, porém esse modelo de avaliação ainda está longe
de considerar que esses fatores marcam diferenças em nossa extensa área terri-
torial, ou seja, uma avaliação orgânica.
Portanto, sempre que você ler ou ouvir críticas ao sistema de avaliação brasilei-
ro, pense, com bases científicas, que, nem sempre, essas críticas revelam contrarie-
dade às avaliações em larga escala, contudo expressam a necessidade de ampliar as
discussões sobre melhorias nas formas de avaliação do sistema, considerando não
apenas análises quantitativas, mas, também, qualitativas sobre a educação no Brasil.
Para finalizar esta unidade, queremos levá-lo(a) a refletir se a avaliação tem
como objetivo conhecer para intervir, de forma eficiente, nos problemas da edu-
cação brasileira detectados e sempre anunciados. O que pode explicar a premia-
ção das escolas cujos alunos apresentam melhor desempenho e a punição das
mais fracas por meio da baixa colocação no ranqueamento das escolas? A lógica
de intervenção não deveria ser outra? Para obter bons resultados, é preciso que a
escola tenha uma equipe motivada e engajada no processo educativo, não apenas
para os testes institucionais, mas para que os alunos aprendam para a vida. De-
ve-se levar em consideração as condições objetivas de ensino, as desigualdades
sociais, econômicas e culturais dos alunos, a fim de olhar para esses aspectos e
reconhecer que o processo educativo pode promover a construção da qualidade
e a democratização da educação no Brasil.
158
na prática
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) I, II e IV.
159
na prática
b) Dados provenientes dos resultados das proficiências dos alunos aptos para fre-
quentar o Ensino Médio.
c) Resultados obtidos por meio das avaliações, como Saeb, considerando as infor-
mações levantadas pelo Censo Escolar.
d) Resultados obtidos pelo exame do Pisa a cada dois anos, aplicado em toda a
Educação Básica.
e) Dados obtidos na Provinha Brasil e na ANA, considerando os dados do Censo
sobre aprovação.
160
aprimore-se
DISTORÇÃO IDADE-SÉRIE
É a condição em que se encontra o aluno que está cursando uma série com idade
superior a que seria recomendada ou prevista. É também denominada Defasagem
Idade-Série.
O valor da distorção é calculado em anos e representa a defasagem entre a idade
do aluno e a idade recomendada para a série que ele está cursando. O aluno é con-
siderado em situação de distorção ou defasagem idade-série quando a diferença
entre a idade do aluno e a idade prevista para a série é de dois anos ou mais.
A situação de distorção pode ser desencadeada por três fatores principais: a re-
petência; a entrada tardia na escola; abandono e retorno do aluno evadido.
A distorção idade-série representa um grave problema da educação no Brasil,
conforme demonstram as informações sobre o tempo de conclusão dos diferentes
níveis educacionais.
Os estudantes que concluem, sem interrupção, essas etapas educacionais levam,
em média, de 10,2 anos para completar as oito séries do Ensino Fundamental e 3,7
anos para passar pelas três séries do Ensino Médio. Se concluir o Ensino Funda-
mental e médio, separadamente, demonstra ser difícil, o caminho da primeira série
do fundamental à terceira série do médio é ainda mais árduo. Do total de alunos
que entram no nível educacional obrigatório, apenas 40% concluem o Ensino Médio,
precisando para isso, em média, 13,9 anos. (BRASIL, 2001).
No Ensino Fundamental, 39% dos alunos têm idade superior à adequada para a
série que cursam. No Ensino Médio, esse índice é de 53%. Na quinta série do Ensino
Fundamental e na primeira série do Ensino Médio, localizam-se os maiores índices
de atraso escolar. Nessas séries, as taxas de distorção idade-série são de 50% e 56%,
respectivamente. Como nas séries iniciais, a reprovação e o abandono são elevados,
um significativo contingente dos estudantes que alcançam as séries conclusivas che-
ga com idade acima da ideal.
161
aprimore-se
162
eu recomendo!
livro
conecte-se
Para informações sobre o cálculo do Ideb, consulte o texto para discussão n. 26,
da Série Documental do Ideb.
Web: http://portal.inep.gov.br/documents/186968/485287/%C3%8Dndice+-
de+Desenvolvimento+da+Educa%C3%A7%C3%A3o+B%C3%A1sica+%28Ide-
b%29/26bf6631-44bf-46b0-9518-4dc3c310888b?version=1.4.
163
5
POLÍTICAS
EDUCACIONAIS NO
BRASIL
Contemporâneo: Bncc
PROFESSORA DRA.
Suzi Maria Nunes Cordeiro
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Orientações internacionais de
políticas educacionais • BNCC em foco: da Educação Infantil à reforma do Ensino Médio.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer o contexto histórico e a origem das relações do Brasil com os organismos internacionais,
a fim de compreender as recomendações de políticas educacionais para o nosso país • Entender as
discussões sobre a base comum curricular por meio dos marcos legais, para que possamos conhecer
a BNCC como instrumento de orientação dos currículos da Educação Básica e considerar sua relação
com a Reforma do Ensino Médio.
INTRODUÇÃO
INTERNACIONAIS
de Políticas Educacionais
166
Com a retomada que faremos brevemente nos parágrafos a seguir, você será ca-
UNICESUMAR
paz de compreender essa relação entre bancos e educação escolar. Em meio ao
contexto da Guerra Fria, com o embate entre capitalismo liderado pelos Estados
Unidos da América (EUA) e o Socialismo da extinta União Soviética (URSS), o
Brasil iniciou o que Vizentini (1999) denomina segunda fase de políticas exte-
riores, ao criar laços com os EUA. Essa posição, segundo o autor, foi estratégica
durante o governo de Getúlio Vargas e dos demais governos populistas da década
de 50, visto que buscavam status de aliado privilegiado para o desenvolvimento
do país, que estava em período de crescimento industrial.
explorando Ideias
Vizentini (1999) salienta, em seu artigo, que, no período entre 1930 e 1950, o Brasil ini-
ciava uma Revolução Industrial que países de primeiro mundo já tinham passado. Para
tanto, precisava de recursos financeiros para evoluir e amparar a vinda do homem do
campo para a cidade. Esperava-se, com a aliança Brasil-EUA, que o país norte-americano
ajudasse financeiramente nesse desenvolvimento, porém, os recursos eram limitados. Ao
ver a situação, em seu segundo mandato, Vargas tentou retomar as políticas com países
socialistas e de terceiro mundo, mas ainda éramos vistos como inimigos dos socialistas,
e os países da América Latina e da América do Sul passavam por um recente processo de
descolonização, o que impediu as relações de mercado com o Brasil e levou às crescen-
tes crises políticas e econômicas da década de 60. Para saber mais sobre esse contexto,
acesse: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:3g8ZZbAunmwJ:ht-
tps://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/download/1941/2316+&cd=1&hl=p-
t-BR&ct=clnk&gl=br.
Fonte: Vizentini (1999).
É válido receber uma boa educação sem o direito de escolher o que você quer ser quando
formar-se?
Vemos, portanto, que a relação do Brasil com os Estados Unidos, tal qual a relação
com organismos internacionais, funciona de forma semelhante à nossa relação
(pessoal) com um banco. Quando fazemos um empréstimo, pedimos que nos
liberem a quantidade necessária para nossos planos e assinamos o contrato, que
possui, nas cláusulas, algumas exigências, como o pagamento parcelado e em
dia, com juros, às vezes com outras taxas, enfim... Com o Estado e suas relações
exteriores funciona da mesma forma, mas em proporções gigantescas, pois, além
de cumprir com o pagamento das dívidas, outras condições são impostas, como a
regulação da educação escolar, o usufruto de recursos naturais, entre outros que
vemos até a atualidade, não é mesmo?
Nas décadas de 60 e 70, com o governo militar, na parceria MEC/Usaid, algu-
mas das reformas ocorridas no ensino elementar corresponderam à reformulação
curricular, como a fusão de disciplinas como Geografia e História, a retirada das
disciplinas de Filosofia, Sociologia e Psicologia, em função da falta de espaço
nas grades em detrimento da inclusão das disciplinas Moral e Cívica, Educação
Física, Educação Artística e Programas de Saúde e Religião. Além disso, ocorreu
a divisão do currículo do Ensino Médio em duas partes: educação generalista e
educação profissional. Esta deveria, então, proporcionar habilitação para agrope-
cuária, indústria ou serviços, a depender da região em que a escola estava inserida
(ARANHA, 1996).
Caro(a) aluno(a), você encontra semelhanças com a atual reforma do Ensi-
no Médio? Lembre-se que ainda estamos resgatando as ideias sobre as relações
políticas entre o Brasil e o exterior, a fim de que compreenda como iniciaram os
seus comprometimentos com países e organismos internacionais, que já vimos
nas unidades anteriores. Entretanto não é mera coincidência retomarmos essas
questões aqui, na Unidade 5, pois trataremos sobre a Base Nacional Comum
Curricular, que está em vigência na atualidade.
169
UNIDADE 5
Figura 1 - Manifestação estudantil contra a Ditadura Militar, Rio de Janeiro, setembro de 1966
/ Fonte: Wikipédia ([2019], on-line)4.
170
econômicas e o mercado ficou cada vez mais pequeno para o Brasil, fechando-se
UNICESUMAR
muitas portas e levando-nos, também, à crise (VIZENTINI, 1999).
Chegamos à década de 80 com o enfraquecimento do governo militar e o agra-
vamento da crise econômica. A inflação chegou a 400% ao ano, com poucos polos
de exportação, muitas fábricas fechadas, aumento do desemprego; o Estado não
conseguia mais custear os setores sociais, como a educação, e havia crise em todos
eles (má qualidade, precariedade etc.). Muitas movimentações populares aconte-
ceram, solicitaram a melhoria da saúde, da educação, mais empregos e, sobretudo,
as Diretas Já. Com isso, houve a retirada dos militares do governo e o início do
processo de democratização do país. A princípio, o presidente José Sarney assumiu
o governo, no final de 1985, até que aconteceu a eleição, pelo povo, que elegeu
Fernando Collor de Mello, assumindo o posto da presidência em 1990.
A educação, nesse período, de 1970 a 1990, passou por uma intensa crise de qua-
lidade, evasão e repetência de alunos – e é preciso considerar que o número dos
que frequentavam já era abaixo do ideal. Com o governo de Sarney, as escolas se
tornaram instituições assistencialistas, o que desconfigurou o caráter científico
(FIGUEIREDO, 2001). O então presidente liderou as novas políticas, que influen-
ciaram na criação da Constituição Federal de 1988, a qual deu os novos direcio-
namentos à educação, nas décadas subsequentes, até chegar ao atual formato.
Retomando a Unidade 2 sobre a construção da Constituição Federal de 1988,
para superação da crise econômica que viveu o Brasil na década de 80. O gover-
171
no de Sarney tentou diversas formas de financiamentos, mas a falta de recursos
UNIDADE 5
internos e o endividamento externo não ofereciam saídas a não ser a adoção das
novas políticas de financiamento e economia propostas por bancos internacio-
nais. Dessa forma, precisou estabelecer laços com organismos internacionais,
que avaliaram a situação do país e propuseram medidas político-econômicas,
reforma do Estado, dentre outros aspectos que deveriam livrar-nos da falência.
O Consenso de Washington (1989), visto na Unidade 2, visou propor medidas
a serem adotadas por países da América Latina (devedores) para concessão de
novos empréstimos, o que, em suma, seria a adoção de
uma política neoliberal, com dez regras (vide Unidade 2).
Conforme salienta Silva (2005), o Brasil não aderiu,
logo no início, ao consenso de Washington. A adesão ocor-
reu a passos curtos, apesar de abruptamente. Apenas em
1991, com o governo Collor, é que iniciaram, de forma
vagarosa, as práticas neoliberais. O governo e as empre-
sas privadas começaram “[...] a defender um Estado que
se ocupasse dos interesses do capital, com o livre merca-
do, e que tivesse firmeza na contenção dos investimentos
públicos na área social, em especial na educação pública” Figura 3 - Fernando Collor
de Mello / Fonte: Wikipé-
(SILVA, 2005, p. 259). Isso ocorre porque o neoliberalis- dia ([2019],
mo afere ao Estado um papel diferente do que o Brasil on-line)6.
conhecia até a década de 90 – totalitário, logo, responsável
pelos setores sociais, pela criação e execução de políticas públicas. Com a política
neoliberal, o Estado passa a ser mínimo e ter papel meramente regulador, ou seja,
coordena as políticas nacionais, cumpre medidas supletivas e distributivas. Por
isso, são necessárias as avaliações nacionais em larga escala, vistas na Unidade 4.
Caro(a) aluno(a), apesar de nossa Constituição ser de 1988 e as adoções de
medidas neoliberais terem começado no Brasil em 1991, nossa Carta Magna
possui Artigos que propiciam as mudanças de um Estado. Por meio de leis es-
pecíficas, criadas ao longo da Reforma do Estado, a fim de regularizar cada setor
social (saúde, segurança, educação etc.), a CF (1988) ganhou várias emendas,
como até hoje ocorre, e que cada vez mais encaminham para medidas de um
Estado mínimo. A exemplo, na educação, vemos que a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDBEN), n. 9.394, de 1996, estabelece, em seu Art. 8º, que
172
“
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de
UNICESUMAR
educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo
função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais
instâncias educacionais (BRASIL, 1996a, on-line).
173
Sob o governo de Itamar Franco, o MEC ela-
UNIDADE 5
“
[...] mais em conformidade com o objetivo pragmático de atender
às condições internacionais de obtenção de financiamento para a
educação, em especial aquele de algum modo ligado ao Banco Mun-
dial (SAVIANI, 1999, p. 129).
Somente em 2001, tivemos metas para a educação escolar, que foram trabalhadas,
conforme veremos em parágrafos a seguir. Apesar de o Ensino Fundamental ser o
grande alvo da reforma da educação na década de 90, as demais etapas da Educação
Básica, também, tinham metas a serem cumpridas. Era necessário ampliar o acesso
à Educação Infantil para 3,2 milhões de crianças do segmento social mais carente.
174
O Ensino Médio, que ainda carregava viés de formação profissionalizante atre-
UNICESUMAR
lado ao ensino das ciências, ganhou enfoque por meio do documento “Modelo
latino-americano de formação profissional”, que sugere a separação do Ensino Mé-
dio e da educação profissionalizante, de forma que os setores privados assumam a
responsabilidade sobre a segunda educação (BIRD, 1992). Assim, houve reforço da
dualidade existente no Ensino Médio: a formação intelectual e a formação para o
mercado de trabalho. Ao atender a essas recomendações dos organismos interna-
cionais, a dualidade entre teoria e prática aparece na LDBEN seção IV, no Art. 35,
com as finalidades do Ensino Médio (BRASIL, 1966a. on-line). Vemos a liberação
do Estado na responsabilidade de capacitar para o mercado, sendo este dever do
próprio sujeito e das empresas privadas, como constatamos na Unidade 3.
Em 1996, conforme visto na unidade anterior, foi publicado o documento
“Educação: um tesouro a descobrir”, elaborado a pedido da Unesco. Esse relató-
rio define os quatro pilares da educação, ao considerar o mundo globalizado e
tecnológico: a) aprender a aprender; b) aprender a ser; c) aprender a fazer e; d)
aprender a conviver junto (UNESCO, 1996).
Esse novo cidadão, denominado sujeito Delors, deveria ser preparado na
escola, ter as quatro habilidades e, futuramente, adentrar no mercado de trabalho
ao saber desenvolver-se e desempenhar seu papel de forma rápida e assertiva,
sem perder tempo (com ensino ou aprendizagem) (CORDEIRO; SILVA, 2013).
O documento da década de 90 norteia a formação das crianças do novo século,
logo, os alunos dos anos 2000 foram como os alunos do Ensino Fundamental e
Médio de hoje estão sendo preparados, por meio dos currículos e das políticas
educacionais, a atenderem às demandas de aprender sozinhos, de forma rápida, a
serem proativos e manterem boas relações no ambiente de trabalho, o que dialoga
com as expectativas do mercado atual, elencadas por Sampaio (2013).
Ao considerarmos o exposto, compreendemos que o Ensino Fundamental
é preparado para atender às demandas do mercado de trabalho – das políticas
internacionais até as nacionais. Também, notamos, pelos quatro pilares, a for-
ma de ensino de um Estado neoliberal, enfatizada no aprender a aprender, cuja
responsabilidade maior é do próprio sujeito, o que propicia a descentralização
do Estado na formação de professores, no investimento, na criação de escolas e
infraestrutura, entre outras questões. Isso se refletiu em documentos como os Pa-
râmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental e Médio, no
final dos anos 90, que traziam discursos como o desenvolvimento de habilidades
e competências para o mercado de trabalho (BRASIL, 1997c, on-line).
175
Na linha de debates sobre a educação, o Brasil
UNIDADE 5
176
2
BNCC EM FOCO:
UNICESUMAR
DA EDUCAÇÃO
INFANTIL
à Reforma do Ensino Médio
Caro(a) aluno(a), vimos, até aqui, que as orientações internacionais para a edu-
cação escolar que emergem de outros países credores e de organismos interna-
cionais, sobretudo instituições financeiras, administram a educação com objetivo
de diminuir a pobreza, desenvolver o país, formar para o mercado de trabalho,
entre outros aspectos relacionados ao Estado neoliberal e capitalista. Não cabe
a nós, neste livro, julgar as relações externas, as medidas políticas dos governos
anteriores ou presente, nem impor algo como certo ou errado. O importante, para
nós, é que você compreenda o neoliberalismo, o Brasil como Estado dotado de
tal política e imerso em um sistema capitalista. Dessa forma, podemos refletir
sobre a forma mais adequada para melhorar a educação nesse contexto e qual é
a educação ideal para nosso povo.
Tais melhorias chegam à educação escolar por meio de políticas formuladas
a partir do governo, de forma vertical, com medidas provisórias, planos e pro-
jetos, que resultam em políticas educacionais ou a partir da própria sociedade,
democraticamente, por meio de projetos de leis que passam por debates, análises,
implantação e avaliações, que resultam em políticas públicas.
Para Ball (1998), as relações políticas, globais e locais, influenciam, por meio
de práticas discursivas, efeitos múltiplos no contexto de elaboração dos textos e
das práticas das políticas públicas. Nesse sentido, Mainardes (2006, p. 55) afere
que “a abordagem do ciclo de políticas traz várias contribuições para a análise
177
de políticas, uma vez que o processo político é entendido como multifacetado e
UNIDADE 5
Implantação do Elaboração de um
projeto que deve ser projeto de lei que seja
analisado e avaliado Produção Produção amplamente discutido
para averiguar a da prática de texto e aprovado pelos
possibilidade de poderes competentes
tornar-se uma em consulta com a
política pública. população.
178
Segundo o Relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
UNICESUMAR
Econômico (OCDE, 2010, p. 158) sobre o Pisa de 2009, “Reduzir a proporção de
alunos com desempenho abaixo do Nível 2 também tem importante dimensão
econômica”, o que sugere que países mais desenvolvidos devem essa posição à
boa qualidade na educação escolar, ao passo que, dessa forma, podem investir
mais na educação como um todo. As análises desse relatório apontaram para a
descoberta de que há uma correlação entre o Produto Interno Bruto (PIB) e o
desempenho educacional, acreditando que
“
a baixa renda nacional é incompatível com um forte desempenho
educacional [...]. No geral, o Pisa mostra a imagem de um mundo
dividido em países ricos e bem-educados e países pobres e mal-e-
ducados (OCDE, 2010, p. 160-161).
179
participação de alguns especialistas da educação, das votações da sociedade e das
UNIDADE 5
Meta 20
Ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no
mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto - PIB do
País no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10%
(dez por cento) do PIB ao final do decênio (BRASIL, 2014, on-line).
METAS COMENTÁRIOS
180
META 7 – Fomentar a qualidade da Educação Básica em
UNICESUMAR
todas etapas e modalidades, com melhoria do fluxo es-
colar e da aprendizagem, de modo a atingir as seguin- Chegamos em 2018 com os
tes médias nacionais para o Ideb: seguintes resultados respectiva-
2013 2015 2017 2019 2021 mente em 2015 e 2017:
Anos iniciais do EF 5,5 e 5,8
Anos ini-
ciais do
Ensino 4,9 5,2 5,5 5,7 6,0 Anos finais do EF 4,5 e 4,7
Funda-
mental Ensino Médio 3,7 e 3,8
Anos
finais do A meta para os anos finais do
Ensino 4,4 4,7 5,0 5,2 5,5 Ensino Fundamental e para
Funda- o EM não foram alcançadas
mental
ainda.
Ensino
3,9 4,3 4,7 5,0 5,2
Médio
Quadro 1 - Metas do PNE (2014-2024) não atingidas nos primeiros anos de vigência, de acor-
do com os dados do OPNE (2018) / Fonte: adaptado de Brasil (2014) e OPNE (2018, on-line)9.
181
Muitos acontecimentos político-econômicos estão associados ao atraso em alcançar os
UNIDADE 5
“
Elas acentuam duas grandes exigências gerais e complementares:
privatizar empresas estatais e serviços públicos, por um lado; por
outro,“desregulamentar”, ou antes, criar novas regulamentações, um
novo quadro legal que diminua a interferência dos poderes públicos
sobre os empreendimentos privados. O Estado deveria transferir
ao setor privado as atividades produtivas em que indevidamente
se metera e deixar a cargo da disciplina do mercado as atividades
regulatórias que em vão tentara estabelecer (MORAES, 2001, p. 18).
182
Nesse contexto, podemos considerar que os cortes nos orçamentos públicos
UNICESUMAR
– como o ocorrido no Proinfância – sejam o início de uma descentralização do
Estado sobre a educação escolar, visto que se ele não financia a educação, outros
deverão fazê-lo, no caso, as empresas de direito privado.
O primeiro passo para a efetivação do Estado mínimo é sua descentralização;
o Estado sai do centro da educação escolar, como principal responsável e man-
tenedor, e delega essa função às empresas, mas sem deixar o poder de fiscalizar
e regulamentar. O Estado objetiva isentar-se das funções estatais ligadas aos di-
reitos sociais: “Na verdade, ao proclamar a necessidade de um ‘Estado mínimo’, o
que pretendem os monopólios e seus representantes nada mais é que um Estado
mínimo para o trabalho e máximo para o capital” (PAULO NETTO; BRAZ,
2006, p. 227, grifo do autor). Não se trata de “abrir mão de um poder”, mas de uma
responsabilidade financeira. Em contrapartida, as empresas ganham, com deter-
minados privilégios concedidos pelo Estado, como diminuição dos impostos e
apoio diplomático (DREIFUSS, 1996).
Essa união entre Estado e empresas privadas não se trata de mera aliança com
fins de melhorias na educação, por exemplo, até porque, os documentos enfatizam
a necessidade de acesso à educação com equidade e não fomentam a qualidade. A
cooperação federativa, por meio de convênios (Estado-empresas privadas), abre
brechas para a descentralização do Estado e a privatização de estatais.
“
O tema da coordenação e cooperação federativa, embora seja com-
ponente intrínseco da organização dos Estados federais, ganha ain-
da maior relevância no caso brasileiro em função da convivência
de três entes federativos. Em algumas situações, nos espaços metro-
politanos, por exemplo, a ausência de formas de pactuação federa-
tiva agrava os problemas sociais e urbanos aí concentrados. Esse é
território em que a presença de articulação horizontal e vertical é
condição necessária para a viabilidade da gestão de diferentes po-
líticas públicas (CUNHA, 2004, p. 11).
183
do continue a ajudar, mas como os objetivos acordados não podem ser desfeitos, os
UNIDADE 5
184
UNICESUMAR
METAS ESTRATÉGIAS
185
A forma como a Base foi apresentada à população, contudo, causou muitas
UNIDADE 5
UNICESUMAR
suas conjunturas social, política e econômica, criando conscientização do seu
status e do seu papel na sociedade.
O conjunto de manifestações contra essas drásticas modificações nos currículos
escolares deram o tom para novas conversas sobre a base comum curricular, que
passou a ser discutida com o envolvimento da sociedade por meio de votações e
avaliações de atores escolares (professores e toda a equipe pedagógica e gestora).
Em cada instância (municipal, estadual e federal), a base passou por discus-
sões até chegar à elaboração das suas versões. No decorrer, ficou nítida a preocu-
pação em acatar as recomendações internacionais, visto que nas duas primeiras
versões (2015 e 2016) apareceram a adoção de “objetivos de aprendizagem como
princípio organizador do currículo”, originados de um documento da Unesco de
2012, Repenser l´Éducation: vers un bien commun mondial, que no Brasil foi
traduzido e publicado como “Educação para Cidadania Global” (ECG), em 2016
(BRASIL, 2015; UNESCO, 2016).
Nesse documento, encontramos, como justificativa dos objetivos de apren-
dizagem, o princípio organizador do currículo, as mudanças que ocorrem na
nossa sociedade e que já foram apresentadas desde o Relatório Delors (1996). Da
mesma forma que esse Relatório influenciou os Parâmetros Curriculares da Edu-
cação Nacional (PCN) no final da década de 90, agora, o ECG influenciou a Base
Nacional Comum Curricular. O ECG (UNESCO 2016) salienta que é necessária
uma educação que conscientize sobre o mundo atual, por isso, os objetivos de
aprendizagem devem nortear o desenvolvimento de habilidades e competências
de cada sujeito e as atuações em sociedade. As definições desses conceitos apare-
cem no texto final da BNCC para todas as etapas da Educação Básica (UNESCO,
1996; BRASIL, 1997c, on-line; UNESCO, 2016; BRASIL, 2018).
Caro(a) aluno(a), após as versões discutidas da BNCC, tivemos, em 2017, a
aprovação da base para as etapas de Educação Infantil e Ensino Fundamental. A
MP 746 foi substituída pela Lei n. 13.415, de 2017 (BRASIL, 2017a, on-line). Após
as discussões por mais um ano, tivemos a aprovação da base do Ensino Médio, em
2018, e hoje, contamos com a BNCC de todas as etapas, reunidas em apenas um
documento. O que mudou, porém, com a Base Nacional Comum Curricular, afinal?
Para compreendermos as mudanças na educação a partir da BNCC (2018),
precisamos iniciar pela análise de seus conceitos fundamentais: competências e
habilidades. Para a base, competência é
187
“
a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), ha-
UNIDADE 5
188
Na primeira etapa da educação
Conviver
Educação
UNICESUMAR
básica e de acordo com os eixos
estruturantes da educação infantil Brincar
Infantil (interações e brincadeiras), devem Participar
ser assegurados seis direitos de Explorar
Direitos de aprendizagem e Expressar
aprendizagem e desenvolvimento, para que as Conhecer-se
desenvolvimento crianças tenham condições de
aprender e desenvolver-se.
desenvolvimento
Figura 8 - Educação Infantil e seus campos de experiência / Fonte: adaptada de Brasil (2018,
p. 25).
189
seu lugar de pertença e desenvolvam as funções psicológicas superiores, como
UNIDADE 5
Essa forma gradativa de trabalhar traços, sons, cores e formas em diferentes faixas
etárias se repete com os outros quatros campos de experiência que a base traz
para a Educação Infantil. Ao longo da base, também, é apresentado o histórico
dessa etapa de Educação Básica no Brasil e alguns conceitos significativos para
a compreensão das diretrizes que o documento impõe. Tudo isso vale a pena ser
lido por você, caro(a) aluno(a).
Por meio das figuras anteriores, identificamos as competências e habilidades
esperadas, especificamente, para crianças da Educação Infantil. Dentro do campo
de experiência "Traços, sons, cores e formas', a competência que uma criança de 3
anos deve desenvolver, por exemplo, é de expressar-se de diversas formas e com
diferentes linguagens, como as artes visuais, a música e a dança. Para tanto, ela
precisa de algumas habilidades, dentre elas a de 'Criar sons com materiais, objetos
e instrumentos musicais, para acompanhar diversos ritmos de música' (BRASIL,
2018, p. 26). Como ela desenvolverá essa habilidade e, consequentemente, a com-
190
petência? Por meio de experiências com instrumentos e a criação destes, dentre
UNICESUMAR
outras formas de ação que o professor deve proporcionar para que o aluno tenha
contato com o objeto de estudo.
A mesma lógica funcionará com as demais etapas, mas de forma mais específica
e com divisão não por campos de experiências, mas por áreas do conhecimento,
ou seja, um conjunto de ciências importantes para o acúmulo de conhecimento
histórico e científico, que darão aporte teórico para o desenvolvimento global:
ENSINO FUNDAMENTAL
Áreas do conhecimento
Na BNCC, o Ensino Fundamental está
Componentes organizado em cinco áreas do
curriculares conhecimento.
Essas áreas, como bem aponta o
Parecer CNE/CEB nº 11/2010²4,
Anos Iniciais Anos Finais “favorecem a comunicação entre os
(1º ao 5º ano) (6º ao 9º ano) conhecimentos e saberes dos
diferentes componentes curricu-
Língua Portuguesa lares” (BRASIL, 2010). Elas se
intersectam na formação dos alunos,
Arte embora se preservem as especifici-
Linguagens dades e os saberes próprios construí-
Educação Física dos e sistematizados nos diversos
componentes.
Língua
Inglesa Nos textos de apresentação, cada
área do conhecimento explicita seu
Matemática Matemática papel na formação integral dos
alunos do Ensino Fundamental e
Ciências da Natureza Ciências destaca particularidades para o
Ensino Fundamental – Anos Finais,
Geografia considerando tanto as características
do alunado quanto as especifici-
Ciências Humanas dades e demandas pedagógicas
História
dessas fases da escolarização.
Figura 10 - Ensino Fundamental e suas áreas de conhecimento / Fonte: Brasil (2018a, p. 27).
COMPETÊNCIAS GERAIS
DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Competências Competências Competências Competências
específicas de específicas de específicas de específicas de
ENSINO MÉDIO
Formação técnica
e profissional
Figura 11 - Ensino Médio, áreas do conhecimento e itinerários. Fonte: Brasil (2018, p.469).
192
A lei n. 13.415, aprovada em fevereiro de 2017(BRASIL, 2017a, on-line), al-
UNICESUMAR
terou vários Artigos da LDBEN (1996), como veremos a partir de agora. Essa lei
apresenta 22 Artigos que tratam sobre vários aspectos ligados, sobretudo, à Re-
forma do Ensino Médio, que conta com a ajuda da BNCC como documento nor-
teador. Por isso, a lei estabelece a carga horária, o ensino de ciências obrigatórias,
dentre outras providências que consideram as diretrizes que a base exige para ser
implementada. Vejamos os artigos principais e suas alterações na LDBEN (1996):
193
LEI n. 13.415 COMENTÁRIOS
UNIDADE 5
194
LEI n. 13.415 COMENTÁRIOS
UNICESUMAR
Artigo 3.º Sobre a BNCC:
Art. 3.º A Lei n. 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, passa a vigorar acrescida do se-
guinte art. 35-A:
O artigo 35 sobre o Ensino Mé-
“Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curri-
dio ganhou um anexo, 35-A,
cular definirá direitos e objetivos de apren-
que acrescenta a regulamenta-
dizagem do Ensino Médio, conforme dire-
ção da BNCC. Esse artigo defi-
trizes do Conselho Nacional de Educação,
ne a BNCC como o documento
nas seguintes áreas do conhecimento:
referência para os objetivos de
I - linguagens e suas tecnologias;
aprendizagem nessa etapa da
II - matemática e suas tecnologias;
Educação Básica, expressando
III - ciências da natureza e suas tecnolo-
a consideração com as áreas do
gias;
conhecimento.
IV - ciências humanas e sociais aplicadas.
Vemos, no parágrafo 1.º, que
§ 1º A parte diversificada dos currículos de
a BNCC destina uma parte do
que trata o caput do art. 26, definida em
currículo como necessária para
cada sistema de ensino, deverá estar har-
a diversidade de cada região
monizada à Base Nacional Comum Curri-
escolar, desde que esteja em
cular e ser articulada a partir do contexto
consonância com as propos-
histórico, econômico, social, ambiental e
tas e os objetivos da base. Essa
cultural.
parte diversificada é importante
§ 2º A Base Nacional Comum Curricular re-
para atender às necessidades
ferente ao Ensino Médio incluirá obrigato-
de formação do cidadão, que
riamente estudos e práticas de educação
varia de escola para escola, mu-
física, arte, sociologia e filosofia.
nicípio para município e assim
§ 3º O ensino da língua portuguesa e da
por diante. Isso acontece devi-
matemática será obrigatório nos três anos
do aos diferentes contextos his-
do Ensino Médio, assegurada às comuni-
tóricos, econômicos, sociais e
dades indígenas, também, a utilização das
culturais que temos. Dessa for-
respectivas línguas maternas.
ma, não podemos ignorar esses
§ 4º Os currículos do Ensino Médio inclui-
aspectos durante a elaboração
rão, obrigatoriamente, o estudo da língua
dos currículos escolares.
inglesa e poderão ofertar outras línguas
estrangeiras, em caráter optativo, prefe-
rencialmente o espanhol, de acordo com a
disponibilidade de oferta, locais e horários
definidos pelos sistemas de ensino.
195
§ 5º A carga horária destinada ao cumpri-
UNIDADE 5
196
Os parágrafos 7.º e 8.º salien-
UNICESUMAR
tam que a formação do sujeito
deve ser integral, considerando
os aspectos físicos, cognitivos e
socioemocionais, porém, as for-
mas de trabalho do professor
devem ser organizadas median-
te as propostas de atividades
teóricas e práticas, por exemplo,
a fim de que se formem sujeitos
com domínio científico e tecno-
lógico, bem como com conhe-
cimentos contemporâneos da
linguagem. A Base estabelece o
que ensinar minimamente, mas
o como ensinar é de responsa-
bilidade da equipe pedagógica
de cada escola.
197
LEI n. 13.415 COMENTÁRIOS
UNIDADE 5
198
§ 8º A oferta de formação técnica e profis- Sobre a oferta do itinerário com
UNICESUMAR
sional a que se refere o inciso V do caput, ênfase técnica e profissional, o
realizada na própria instituição ou em par- parágrafo 6.º apresenta a neces-
ceria com outras instituições, deverá ser sidade de haver vivências práticas
aprovada previamente pelo Conselho Es- do trabalho, a fim de que o aluno
tadual de Educação, homologada pelo Se- tenha o mínimo de experiência e
cretário Estadual de Educação e certificada conhecimento prático da área de
pelos sistemas de ensino. atuação profissional em que es-
§ 9º As instituições de ensino emitirão cer- tará habilitado para atuar. A insti-
tificado com validade nacional, que habili- tuição também deverá providen-
tará o concluinte do Ensino Médio ao pros- ciar certificados que comprovem
seguimento dos estudos em nível superior a qualificação desse jovem para o
ou em outros cursos ou formações para trabalho.
os quais a conclusão do Ensino Médio seja Conforme vimos no parágrafo 8º,
etapa obrigatória. a oferta do ensino e das vivências
[...] deve ocorrer na própria escola
§ 11. Para efeito de cumprimento das ou em instituições parceiras, den-
exigências curriculares do Ensino Médio, tro das formas legais.
os sistemas de ensino poderão reconhe- Conforme salientado, o novo
cer competências e firmar convênios com Ensino Médio habilitará o jovem
instituições de educação a distância com para a inserção no mercado de
notório reconhecimento, mediante as se- trabalho e também para sua pro-
guintes formas de comprovação: gressiva formação em níveis mais
I - demonstração prática; elevados. Para isso, cabe a emis-
II - experiência de trabalho supervisionado são dos certificados pela institui-
ou outra experiência adquirida fora do am- ção escolar.
biente escolar; Por fim, o parágrafo 11.º traz uma
III - atividades de educação técnica ofere- questão que causou algumas
cidas em outras instituições de ensino cre- críticas durante a elaboração da
denciadas; BNCC, que é o uso da educação a
IV - cursos oferecidos por centros ou pro- distância como forma de realizar
gramas ocupacionais; os itinerários.
V - estudos realizados em instituições de Porém, a lei n. 13.415 estabelece
ensino nacionais ou estrangeiras; as medidas que devem ser se-
VI - cursos realizados por meio de edu- guidas, tais como a participação
cação a distância ou educação presencial do aluno em atividades práticas
mediada por tecnologias. considerando uma porcentagem
[...]. da carga horária, dentre outras
explanadas nos incisos I ao VI.
199
LEI n. 13.415 COMENTÁRIOS
UNIDADE 5
Quadro 3 - Principais mudanças com a Reforma do Ensino Médio, mediante lei n. 13.415 /
Fonte: adaptado de Brasil (2017a, on-line).
pensando juntos
Diante das mudanças apresentadas pela lei n. 13.415 e as propostas da BNCC, você con-
corda com a Reforma do Ensino Médio? Por quê?
Caro(a) aluno(a), a Lei n. 13.415 (BRASIL, 2017a, on-line) apresenta outras mudanças
relativas à Reforma do Ensino Médio, alterando alguns Artigos da LDBEN (1996),
que podem ser lidos por você no documento original. É importante o conhecimento
dessas mudanças para que saibamos o caminho pelo qual nossa educação seguirá. É
necessário, também, repensar a ação docente, os documentos escolares, a formação
de professores, dentre outros aspectos influenciados pelas políticas educacionais.
200
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNICESUMAR
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, você pôde verificar os percursos que a educação
seguiu mediante as interferências econômicas e políticas ao longo de anos. O
intuito, com essa unidade, foi que você percebesse como esses contextos influen-
ciam nas políticas educacionais e como, hoje, a nossa educação é permeada por
políticas externas. Temos uma carência de políticas públicas, nacionais – do nosso
povo para o nosso povo – em decorrência de uma dívida política.
Por isso, retomamos um pouco da história vista em unidades anteriores, mas
seguindo uma linha sequencial, ao mostrar como o Brasil se relacionou com
outros países e como chegamos a ter laços com os organismos internacionais.
Dessa forma, foi possível compreender o porquê de existirem recomendações
de políticas educacionais em nosso país. Agora, é preciso refletir sobre os rumos
da educação a partir dessas políticas e como você ajudará a trilhar esse caminho.
Após tantas políticas educacionais permeadas de sugestões internacionais,
atualmente, temos uma base comum curricular que, apesar de ter seus marcos le-
gais desde a Constituição de 1988, também, possui recomendações internacionais,
bem como empréstimos para sua implantação e auxílio na continuação da reforma
da educação, iniciada na década de 90 e que hoje focaliza o Ensino Médio.
Desejamos que você, caro(a) aluno(a), tenha compreendido a trajetória das polí-
ticas educacionais, a relação com a economia, as políticas externas que o Brasil esta-
belece em um contexto globalizado, capitalista e neoliberal, além de perceber a neces-
sidade de nós, enquanto sociedade, exigirmos políticas públicas que façam cumprir
a função social da escola para todos, sendo um direito nosso e um dever do Estado.
201
na prática
a) Os laços estabelecidos entre o Brasil e os demais países, ao longo dos anos, não
interferem em nossa educação escolar.
b) Depois da adoção de uma política neoliberal, o Brasil se tornou livre nas to-
madas de decisões das políticas educacionais e independe de recomendações
internacionais.
c) Os organismos internacionais possuem efetiva participação nas políticas edu-
cacionais no Brasil, mas os bancos, tais como Bird e FMI, não participam das
recomendações.
d) Atualmente, as agências financiadoras participam das políticas educacionais, no
Brasil, por meio de análises da educação, da economia, dos financiamentos e
das recomendações.
e) O Brasil é um dos poucos países em desenvolvimento que não aderiram ao
neoliberalismo e, por isso, não sofre com as recomendações impostas pelos
organismos internacionais.
2. A política neoliberal possui, entre seus ideários, a adoção de medidas que livrem
o Estado de grandes participações na economia, sobretudo com gastos públicos.
Considerando o exposto, assinale a alternativa que represente ao menos um dos
ideários neoliberais.
202
na prática
203
na prática
4. Pensando nas discussões sobre a BNCC (2018) e sua atual configuração, analise as
afirmativas abaixo:
a) V, V, F.
b) F, F, F.
c) V, V, V.
d) V, F, V.
e) F, F, V.
5. Pensando sobre todo o contexto de influências das relações entre o Brasil e os de-
mais países, bem como com os organismos internacionais, disserte sobre como es-
ses laços ainda permeiam a criação, ou não, de políticas educacionais em nosso país.
204
aprimore-se
205
aprimore-se
206
eu recomendo!
livro
207
eu recomendo!
filme
Os Herdeiros
Ano: 1970
Sinopse: o filme dirigido por Cacá Diegues conta de maneira tea-
tral (considerado uma parábola), a história política no Brasil entre
os anos 30 e 60 (década inicial do Regime Militar), por meio de uma
família apegada ao poder, que se relaciona com os governantes
em cada período representado. O jornalista Jorge Ramos (Sérgio
Cardoso) se casa por interesse com a filha de um fazendeiro e se
torna um político poderoso. Seu filho, contudo, o trai e se alia aos militares.
Comentário: esse filme proporciona que você, caro(a aluno(a), tenha uma visão po-
lítica de um cenário brasileiro relatado no livro e que já aconteceu há algum tempo,
mas não pode ser apagado da memória coletiva. Apresentamos essa recomendação
com o intuito de que você conheça o contexto político da época de forma mais lúdica.
conecte-se
O CNE aprovou a BNCC em 04 de dezembro 2018, e o Canal Futura fez uma en-
trevista com Nilma Fontanive, conselheira do CNE, e Cláudia Costin, diretora do
Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio
Vargas (CEIPE/FGV).
Web: https://www.youtube.com/watch?v=vqQs4tuV0Jw&t=651s.
208
conclusão geral
conclusão geral
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