MORANGO

MORANGO
CRESCIMENTO CONSTANTE
EM ÁREA E PRODUÇÃO
88 ANUÁRIO HF 2020
A
produção mundial de morangos vem cres- TABELA 1. RANKING DOS PRINCIPAIS PAÍSES
cendo em números absolutos, passando de
7.879.108 toneladas (2013) para 9.223.815 PRODUTORES
toneladas (2017), ou seja, um crescimento de 17% País Produção (ton) Área (ha)
nos últimos cinco anos.
1. China 3.717.283 133.144
Mas, o aumento da área total plantada foi de
2. Polônia 177.921 49.642
apenas 7,1%, visto que em 2013 foi de 369.569 hec-
tares e em 2017 foi de 395.844 hectares. Portan- 3. Rússia 175.652 26.565
to, houve ganhos em produtividade em função da 4. Estados Unidos 1.449.280 21.327
maior eficiência das plantas e dos sistemas inova- 5. Turquia 400.167 15.392
dores de produção. 6. Alemanha 135.283 14.156
Segundo dados disponibilizados pela FAO (2017), 7. México 658.436 13.850
a América do Sul produziu 167.334 toneladas de mo- 8. Egito 407.240 11.072
rango em 7.725 hectares, sendo que Venezuela, Co- 9. Espanha 360.416 6.819
lômbia, Peru e Argentina figuraram como os países 10. Coréia do Sul 210.304 6.582
com maior área de produção (Faostat, 2019). 11. Japão 158.702 5.353
Nos últimos dez anos estes países apresenta- 12. Itália 125.335 4.855
ram um aumento significativo não apenas na área 13. Brasil 165.000 4.500
cultivada, mas também na adoção de novas tecnolo-
gias, elevando assim o rendimento e a qualidade da Fonte: FAOSTAT (2019)
fruta produzida.
Por meio de estimativas feitas pela FAO, o Bra-
sil não aparece entre os maiores produtores mun- Oferta e demanda
diais, sendo relatada uma área de apenas 400 ha,
com produção anual de 3.390 toneladas (Faostat, Com os avanços tecnológicos registrados nas úl-
2019). timas décadas, o consumidor pode encontrar mo-
Entretanto, pelos dados da Embrapa, Incaper- rangos no comércio em qualquer época do ano. En-
-ES, Emater (DF, MG, PR, RS), APTA e Epagri- tretanto, ocorrem flutuações na oferta em alguns
-SC, o Brasil cultiva anualmente cerca de 4.500 ha meses devido a condições climáticas desfavoráveis
de morangueiro, apresentando uma produção de cer- às plantas, o que faz com que os preços também os-
ca de 165.000 toneladas. cilem.
Relacionando-se estes dados obtidos por ins- Durante a safra 2019, o preço médio do moran-
tituições brasileiras com os dados coletados pela go em São Paulo (R$ 20,42) foi superior aos demais
FAO para os demais países, observa-se que o Bra- Estados, seguido do Rio Grande do Sul (R$12,43),
sil apresenta produção anual próxima da alcançada Paraná (R$ 8,74) e Minas Gerais (R$ 6,78). Com
pelo Japão, décimo primeiro maior produtor mun- exceção de SP, onde o preço médio na entressafra
dial, e é o maior produtor de morangos na Amé- (janeiro a março) foi R$ 5,69 superior ao período
rica do Sul. de maior produção (junho a dezembro), nos de-
mais Estados não ocorreu variação de preço médio
Visão nacional entre estes dois períodos.

A produtividade média no Brasil é de cerca de
30 ton/ha, ocorrendo diferenças acentuadas entre
regiões, dependendo do local e sistema de cultivo
adotado. Mesmo com os avanços alcançados nos
últimos anos, a produtividade média nacional ain-
da se encontra abaixo das registradas nos maiores
produtores mundiais (Estados Unidos e Espanha),
que apresentam produtividade acima de 50 ton/ha,
mas superiores à China, maior produtor mundial.
A área produzida no Brasil com a cultura do
morangueiro é de aproximadamente 4.500 ha (Ta-
bela 2). As propriedades que se dedicam ao culti-
vo do morangueiro no País têm como área média
cultivada 0,5 ha a 1,0 hectare. No entanto, tam-
bém podem ser verificadas áreas maiores de culti-
vo, pertencentes a grandes empresas, superiores a
15 hectares contínuos.
MORANGO
Considerando os preços médios encontrados
nas principais praças de comercialização de mo-
rangos nas regiões sul e sudeste, verifica-se que os
maiores valores pagos, acima de R$ 12,00/quilo,
são alcançados a partir de fevereiro até setembro,
sendo que o pico ocorre em maio (dia das mães),
quando o Rio de Janeiro paga os melhores valo-
res, acima de R$ 18,00/quilo de morangos.
Crescimento
Estima-se um crescimento de 4,0 a 6,0% na área
cultivada de morangos, motivado pela adoção de no-
vos sistemas de produção que mitigam o labor do
produtor, pela entrada de novos atores na produção
desta rosácea e pela rentabilidade econômica e pos-
sibilidade de entrada de recursos na propriedade de
forma menos sazonal.

ANUÁRIO HF 2020 89
MORANGO

TABELA 2. ÁREA COLHIDA, PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE DE Exportação e importação

MORANGO DOS PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES
O Brasil não tem tradição de exportação de mo-
Estado Área (ha) Produção (ton) Produtividade (ton/ha) rangos e não figura entre os principais países que co-
MG 2.100 84.000 41 mercializam esta fruta no exterior. Em 2019 foram
PR 650 21.450 30 comercializados US$ 448 mil em exportações de
RS 518 21.763 42 produto fresco e processado (190 mil quilos). Por ou-
SP 425 13.801 32 tro lado, a balança nos desfavorece. Foram importa-
ES 247 8.510 33 dos US$ 8 milhões em frutas frescas e processadas,
SC 225 9.900 20 totalizando 5,1 milhões de quilos (Agrostat, 2019).
DF 200 7.400 40 Em termos de importação de morangos fres-
BA 100 2.700 30 cos, foram adquiridos dos Estados Unidos 14.463 kg,
RJ 35 980 60 com dispêndio de US$ 109 mil. Por outro lado, a ex-
portação atingiu US$ 194 mil (146 mil kg), o que fa-
Total 4.500 165.440 -
voreceu nossa balança comercial, sendo o Panamá o
Fonte: Emater(es), Emater-Ascar-RS (L. Moura) Incaper, Embrapa, UFSC, J. A. maior comprador do morango brasileiro.
Maiorano e A. T. Watanabe (Dextru/CATI/SAA-SP). De modo geral, pode-se observar que houve,

90 ANUÁRIO HF 2020
 ção fora de solo os valores podem chegar próximos
de R$ 300 mil/ha.

Tendência para 2020

nos últimos anos, um avanço na produção brasilei-
ra, pois esta aumentou em números absolutos. Con-
tudo, o crescimento no mercado interno não se
refletiu da mesma forma para o externo, pois as
exportações brasileiras ainda são pouco significa-
tivas em volume, tanto para a categoria de mo-
rangos in natura como para os congelados, sen-
do que a exportação in natura é quase dez vezes
maior.
O volume de morango fresco exportado em
2019 foi de 146.092 kg, com valor na ordem de
US$ 194.190,00, sendo a Panamá responsável por
82% deste valor.
Custo de produção
Em sistemas ditos convencionais (canteiro/tubo
gotejador/túnel baixo), os custos estimados giraram
na casa dos R$ 90 mil/ha. Já em sistema de produ-
A expectativa para a safra 2020 é a redução da
oferta de cultivares de dias curtos, como Camarosa
(quebra de proteção nos Estados Unidos), aumen-
to do plantio de cultivares de dias neutros em siste-
mas convencionais em solo e fora dele. Alguns fa-
tores motivam esta observação, como a extensão do
período normal de safra de morangos (inverno/pri-
mavera), visto que o grande problema atualmente
é a redução da oferta de mão de obra, que limita a
ampliação de novos projetos.
Por outro lado, a produção fora de solo vem ga-
nhando espaço entre os produtores, pois amplia o
rendimento da mão de obra disponível, é menos
insalubre (melhora a ergometria de trabalho), alia-
do às novas tecnologias de produção, o que permi-
te a automação de processos diversos, como irriga-
ção e fertirrigação.
Em relação às cultivares, observa-se um movi-
mento intenso de empresas importadoras de mu-
das em posicionar novos materiais, em especial de
dias neutros. Por outro lado, instituições brasilei-
ras vêm trabalhando para criar cultivares brasileiras
adaptadas às condições climáticas locais e aos dife-
rentes sistemas de produção adotados.

FIGURA 1: PREÇOS MÉDIOS (R$) DO QUILO DE MORANGO NAS PRINCIPAIS CIDADES DAS REGIÕES
SUL E SUDESTE DO BRASIL, NO PERÍODO DE JANEIRO A NOVEMBRO DE 2019
20,00

MORANGO
18,00
16,00
14,00
12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov
Belo Horizonte Rio de Janeiro São Paulo
Curitiba Florianópolis Porto Alegre

ANUÁRIO HF 2020 91
 NO MUNDO
9.223.815 ton em 395.844 ha

NO BRASIL
165.440 ton em 4.500 ha
produtividade média de 30 ton/ha

Embrapa, Udesc-SC, UFLA-MG e Unicen-

tro-PR são algumas das instituições que têm lide-
rado este processo de busca de novas cultivares bra-
sileiras. Em especial, a Embrapa já vem trabalhando
no RS e em SP com parceiros na região de Atibaia e
Jarinú (prefeituras municipais, secretarias da agricul-
tura, associações de produtores de morangos e inicia-
tiva privada) na avaliação de seleções avançadas com
potencial de posicionamento no mercado.
Além da geração de novas cultivares, outra pre-
ocupação da pesquisa é quanto ao desenvolvimen-
MORANGO

to de sistemas de produção de mudas de moranguei-

ro que, além da condição sanitária, tenham condições
fisiológicas para acúmulo de reservas e diferenciação
de flores, para que possam competir em termos de
precocidade de produção, calibre de fruta e tenham
sabor adocicado, com produtividade similar às im-
portadas, buscando viabilidade econômica.

Autoria:
Luis Eduardo Corrêa Antunes
Sandro Bonow
Engenheiros agrônomos, doutores e pesquisadores da
Embrapa Clima Temperado
Carlos Reisser Junior
Engenheiro agrícola, doutor e pesquisador da Embrapa
Clima Temperado
*Agradecimentos aos colegas Lino Moura (Emater-
Ascar-RS), José Augusto Maiorano e Anderson Tatsuo
Watanabe do DEXTRU/CATI/SAA e CATI-Atibaia (SP)

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