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Tudo que se refere a estudos, a justiça, demandas judiciais, ao direito, contratos, pertencem a xangô.

Ambicioso, chega ao poder destronando seu meio irmão ajaka. Passa, então, a reinar com autoritarismo
e tirania, não admitindo que sua atitudes fossem contestadas, o que possivelmente levou-o a cometer
injustiças em suas decisões. Usa o poder do fogo como seu símbolo de respeito. Galante e sedutor,
desperta a paixão da divindade oya(esposa de ógum), uma de suas três esposas - as outras são oxum e
obá.

Circulam a seu respeito, às vezes contradições, mas todos são unânimes em reconhecer seu caráter
violento e fogoso. Mesmo se ignoradas em seus detalhes constatamos que sua magia profunda consiste
em suprir a tempo os acontecimentos que se superpõem, ao invés de desenrolarem-se ao longo tempo
linear e irreversível, ao longo de um tempo mensurável. Seu tempo não tem começo e nem fim, é um
tempo reversível que supre sua duração.

Sàngó pode estar morto no rio e ao mesmo tempo estar vivo diante do rei. Está morto... e morto estar
vivo. Nele as oposições existem simultaneamente. Para o ser humano tal situação é ambígua e fora de
lógica, dois termos contraditórios excluem um ao outro na sincronia. Na lógica de SÀNGÓ os dois
coexistem, pois ela é caracterizada pela sincronia e pela interpolaridade. Mortal em seu corpo, imortal
em sua essência, o OBA de BENIN é o único soberano de dupla natureza: humana e divina.

"Xangô, como todos os outros imolè (orixás e ebora), pode ser descrito sob dois aspectos: histórico e
divino."

Como personagem histórico,

Xangô teria sido o terceiro Aláàfìn Òyó, "Rei de Oyó", filho de Oranian e Torosi, a filha de Elempê, rei dos
tapás, aquele que havia firmado uma aliança com Oranian. Xangô cresceu no país de sua mãe, indo
instalar-se, mais tarde, em Kòso (Kossô), onde os habitantes não o aceitaram por causa de seu caráter
violento e imperioso; mas ele conseguiu, finalmente, impor-se pela força. Em seguida, acompanhado
pelo seu povo, dirigiu-se para Oyó, onde estabeleceu um bairro que recebeu o nome de Kossô.
Conservou, assim, seu título de Oba Kòso, que, com o passar do tempo, veio a fazer parte de seus oríkì.
Dadá-Ajaká, filho mais velho de Oranian, irmão consanguíneo de Xangô, reinava então em Oyó. Dadá é o
nome dado pelos iorubás às crianças cujos cabelos crescem em tufos que se frisam separadamente. "Ele
amava as crianças, a beleza, e as artes; de caráter calmo e pacífico... e não tinha a energia que se exigia
de um verdadeiro chefe dessa época". Xangô o destronou e Dadá-Ajaká exilou-se em Igboho, durante os
sete anos de reinado de seu meio-irmão. Teve que se contentar, então, em usar uma coroa feita de
búzios, chamada adé de baáyàni. Depois que Xangô deixou Oyó, Dadá-Ajaká voltou a reinar. Em
contraste com a primeira vez, ele mostrou-se agora valente e guerreiro, voltou-se contra os parentes da
família materna de Xangô, atacando os tapás.

Xangô, no seu aspecto divino,

Permanece filho de Oranian, divinizado porém, tendo Yamase como mãe e três divindades como
esposas: Oya, Oxum e Obá. Xangô é viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os
ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma,
uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de xangô. O proprietário deve pagar
pesadas multas aos sacerdotes do orixá que vêm procurar nos escombros os èdùn àrá (pedra de raio)
lançados por Xangô e profundamente enterrados no local onde o solo foi atingido. Esses èdùn àrá (na
realidade, machado neolíticos) são colocados sobre um pilão de madeira esculpida (odó), consagrado a
Xangô. Tais pedras são consideradas emanações de Xangô e contém o seu àse (axé), o seu poder. O
sangue dos animais sacrificados é derramado, em parte, sobre suas pedras de raio para manter-lhes a
força e o poder. O carneiro, cuja chifrada tem a rapidez do raio, é o animal cujo sacrifício mais lhe
convém.

Fazendo-lhe também oferendas de amalá, iguaria preparada com farinha de inhame regada com um
molho feito com quiabos. É, no entanto, formalmente proibido oferecer-lhe feijões brancos da espécie
sèsé. Todas as pessoas que lhe são consagradas estão sujeitas à mesma proibição. Na Bahia, diz-se que
exitem doze Xangôs: Dadá; Oba Afonjá; Obalubé; Ogodô; Oba Kossô; Jakutá; Aganju; Baru; Oranian; Airá
Intilé; Airá Igbonam, e Airá Adjaosi. Reina uma certa confusão nessa lista, pois Dadá é irmão de Xangô;
Oranian é seu pai, e Aganju, um de seus sucessores. Também na Bahia acredita-se que Ogodô é
originário do território Tapá, e que segura dois "oxés" quando dança, sendo o seu èdùn àrá composto de
dois gumes. Os Airá seriam Xangôs muito velhos, sempre vestidos de branco e usando contas azuis (segi)
em lugar de corais vermelhos, como os outros Xangôs. Ao que parece, teriam vindo da região de Savê.

O que notamos nesse primeiro período yorubano, é que na realidade, o que se fala de Sàngó, e a sua
história nos Candomblés do Brasil, e de outros acima descritos, é incorreto, levando os fiéis a crer em
fatos irreais.

Inicialmente, averiguamos que Odùduwà é um Òrìsà funfun masculino e único, é o pai do povo yorubano
e não uma simples "qualidade" de Òrìsànlá ou seja, são divindades totalmente distintas, inclusive, não se
suportavam, pelos fatos vistos; e que também Ìyá Olóòkun, é um Òrìsà feminino e a Dona do Mar,
portanto da água salgada, é quem governa os oceanos e não o Òrìsà Yemojá, "Senhora do rio Yemojá e
do rio Ògùn", divindade de água doce, e muito menos mãe de Ògún e de outros filhos Òrìsà à ela
atribuídos. Notar a acentuação diferente no nome do Òrìsà Ògún e do rio, pois são palavras distintas.

Quanto a Sàngó, demonstramos que foi um mortal em sua vida no Àiyé, portanto quando morreu,
tornou-se um egún, pois seus pais eram mortais. O que ocorreu em sua vida, foi que uma de suas
esposas, e a única que o acompanhou em sua fuga de Oyó, era a divindade Oya, loucamente apaixonada
por ele, e no instante de sua morte ela o pega com o seu poder de Òrìsà e o conduz diretamente a
Olódùmarè, e por insistência de Oya, Ele o "ressuscita" como uma divindade, já que em vida, Oya,
perdida de amores, ensina-lhe vários segredos dos Òrìsà, principalmente o segredo do fogo que
pertencia somente a Oya, que ela lhe ensina e lhe dá este poder e outros, por paixão.

Esta afirmação é facilmente notada, pois Sàngó é a única divindade do panteão que é assentada de
forma material completamente diferente, isto é, em madeira, numa gamela sobre um pilão, sua roupa
ritual é composta de várias tiras de panos, coloridas e soltas, caindo sobre as pernas, que lembra
perfeitamente o tipo de roupa usada pelos Bàbá Egúngún (ancestrais) e seu animal preferido para
sacrifício é também o mesmo dos egún, dos mortos comum, o carneiro; existe também outras minúcias,
que aqui não cabe mencionar.

Nos Candomblés, citam Ajaká e Aganju como sendo "qualidades" de Sàngó, que agora sabemos isto não
é possível, pois, Ajaká é seu meio irmão e Aganju é filho de Dadá Ajaká, portanto seu sobrinho,
notoriamente pessoas mortais e completamente distintas, que fazem parte da família de Sàngó, mas não
tiveram a honra de tornarem-se Òrìsà, mas são ancestrais ilustres. Também no Brasil, faz-se uma
cerimônia chamada de "Coroa de Dadá" ou "Adê Baiani". que a coroa é levada ritualmente em uma
charola durante as festas do ciclo de Sàngó chamada de Banni ou lyamasse, que representa a mãe de
Sàngó. Ora, sabemos que quem usou este ade foi, Ajaká, apelidado de Dadá, de quem Sàngó lhe roubou
o trono, e que a mãe de Sàngó foi Torosí, filha de Elémpe, rei dos Tapa, e que ela não tem nenhuma
importância teológica, somente histórica, por ter sido mãe de um Aláàfin.

Não estamos desmerecendo e nem tampouco desprestigiando o Òrìsà Sàngó, somente tentamos
elucidar fatos notoriamente conhecidos na terra dos Yorubas, sob os aspectos histórico, através da
tradição oral, e divino que se convergem e se conservam na grandiosidade de Sàngó.

NOTA* : Os mitos e/ou fatos relatados, são baseados em dados religiosos, por vezes dogmáticos, que
pertencem ao corpo da tradição oral yorubana. Sob o ponto de vista cientifico, são considerados
parcialmente históricos, pois não são dados comprovados por documentos e nem tampouco pela
arqueologia, que pouco investiu, os "pouquíssimos" artefatos que foram achados e datados pelo
carbono 14, são de datas recentes, perto da longínqua História da Civilização Yoruba. No contraponto,
em nenhum momento afirmamos que não exista a História dos Yorubas, isto sim, seria um absurdo
afirmar. A tradição oral pode ser contraditória e a cronologia praticamente inexistente, pela forma
cultural dos yorubas mensurarem o tempo, mas jamais poderá ser negligenciada e nem tampouco
rejeitada.

Qualidades:

- AGONJÚ

Quer dizer terra firme. Tem perna de pau e é casado com YEMONJA. É o filho mais novo de ORANNIAN e
o preferido, herdou sua fortuna. É o mais cruel é aquêle que leva o coração do inimigo na lança. É o
SÀNGÓ amaldiçoado que matou e comeu a própria mãe.

Na verdade foi o 6º Alafin de Oyo que viveu em 1.240 A.C., aproximadamente. Era sobrinho neto de
SHANGO.

- BARU

Pega tempo e come com ÈSÙ. Dependendo da época este Òrìsá ora é BARU ora é ÌRÓKÒ. Tem caminhos
com OYA YÀTOPÈ . Não come quiabo nem amalá, come amendoim cozido e padê. Na África êle é
chamado de maluco, pois durante seu reinado fez muita besteira, motivo pelo qual os africanos não o
raspam nem assentam. Não fazia prisioneiros, matava todos.

Veste-se de marrom e branco e suas contas são iguais a roupa. Toca-se para ÈSÙ e SÀNGÓ.

BARU era muito destemido, mas quando comia quiabo, que êle gostava muito, dormia o tempo todo e
por isto perdeu muitas contendas, pois, quando acordava seus adversários já tinham voltado da guerra.
Êle ficava indignado. Então resolveu consultar um OLUÓ que lhe disse : Se é assim, deixe de comer
quiabo - BARU perguntou : me diz o que comerei no lugar do quiabo... Só folhas... Só folhas ? perguntou
BARU - Sim, respondeu o OLUÓ, tem duas qualidades , uma se chama oió e a outra xaná, são boas e
gostosas como o quiabo. E BARU falou : - A partir de hoje, eu não comerei mais quiabo.

- BADÈ

É o mais jovem VODUM da família do raio ( cujo chefe é KEVIOSSO ), corresponde ao SÀNGÓ jovem dos
NAGO. É irmão de LOKO. Usa roupa azul com faixa atada atras. Não fuma, não bebe nem fala. Um de
seus animais prediletos é o chicharro.

- OBAKOSSO

Perdeu os poderes mágicos de transportar-se da terra para o céu, enforcando-se num pé de OBI. Tem
fundamentos com ÈSÙ, ÉGÚN e OYA, devido a sua morte.

- AGODO

Muito ruim, brutal, inclinado a dar ordens e ser obedecido, foi ele quem raptou OBÁ. Come com
YEMONJA

- AFONJÀ

É o dono do talismã mágico dado por OYA a mando de OBÀTÁLÁ. É aquêle que fulmina seus inimigos com
o raio. Come com YEMONJA, sua mãe.

- ALAFIN

É o dono do palácio real, o governante de OYO. Vem numa parte de ÒÒSÀÀLÀ e caminha com
OSOGUIAN.
- OBÀ OLUBÈ

É muito orgulhoso, intratável e muito bruto. Come com OYA.

- OLO ROQUE

Seria o pai de ÒSUN OPARÀ. Tem fundamento com ÒSÓÒSÌ. Veste vermelho e branco ou marrom e
branco.

- ALUFAN

É idêntico a um AYRÀ. Confundem êle com OSÀLÚFÓN. Veste branco e suas ferramentas são prateadas.

Lendas

... arrependido sango retorna a orun

Xangô era rei de oyó, terra de seu pai; já sua mãe era da cidade de empê, no território de tapa. Por isso,
ele não era considerado filho legítimo da cidade. A cada comentário maldoso xangô cuspia fogo e soltava
faíscas pelo nariz. Andava pelas ruas da cidade com seu oxé, um machado de duas pontas, que o tornava
cada vez mais forte e astuto onde havia um roubo, o rei era chamado e, com seu olhar certeiro,
encontrava o ladrão onde quer que estivesse.

Para continuar reinando xangô defendia com bravura sua cidade; chegou até a destronar o próprio
irmão, dadá, de uma cidade vizinha para ampliar seu reino. Com o prestigio conquistado, xangô ergueu
um palácio com cem colunas de bronze, no alto da cidade de kossô, para viver com suas três esposas:
oyá ( yansã ) amiga e guerreira; oxum, coquete e faceira e obá, amorosa e prestativa.
Para prosseguir com suas conquistas, xangô pediu ao babalaô de oyó uma fórmula para aumentar seus
poderes; este entregou-lhe uma caixinha de bronze, recomendando que só fosse aberta em caso de
extrema necessidade de defesa. Curioso, xangô contou a yansã o ocorrido e ambos, não se contendo,
abriram a caixa antes do tempo. Imediatamente começou a relampejar e trovejar; os raios destruíram o
palácio e a cidade, matando toda a população. Não suportando tanta tristeza, xangô afundou terra
adentro, retornando ao orun.

... contas de Sango

Quando Xangô pediu Oxum em casamento, ela disse que aceitaria com a condição de que ele levasse o
pai dela, Oxalá, nas costas para que ele, já muito velho, pudesse assistir ao casamento. Xangô, muito
esperto, prometeu que depois do casamento carregaria o pai dela no pescoço pelo resto da vida; e os
dois se casaram. Então, Xangô arranjou uma porção de contas vermelhas e outra de contas brancas, e fez
um colar com as duas misturadas. Colocando-o no pescoço, foi dizer a Oxum: "- Veja, eu já cumpri minha
promessa. As contas vermelhas são minhas e as brancas, de seu pai; agora eu o carrego no pescoço para
sempre.

... contas de sango, uma outra visão

Sango, filho de Obatalá, era um jovem rebelde e vez por outra saía pelo mundo botando fogo pela boca,
queimando cidades e fazendo arruaça. Seu pai, Obatalá, era informado de seus atos, recebendo queixas
de todas as partes da terra. Obatalá alegava que seu filho era como era por não haver sido criado junto
dele, mas que, algum dia, conseguiria dominá-lo.

Certo dia, estando Sango na casa de Obá, deixou seu cavalo branco amarrado junto à porta da casa.
Obatalá e Odudua passaram por lá, viram o animal de Sango, e o levaram com eles. Ao sair, Sango
percebeu o roubo e enfurecido saiu em busca do animal, perguntando aqui e acolá. Chegando a uma vila
próxima dali, informaram-lhe que dois velhos estavam levando consigo seu animal, o que deixou Sango
ainda mais colérico. Sango alcançou os dois velhos e ao tentar agredi-los percebeu que eram Obatalá e
Odudua. Obatalá levantou seu opaxorô (cajado) e ordenou: "Sangò kunlé, foribalé". Sango desarmado
atirou-se ao chão em total submissão à Obatalá.
Sango tinha consigo seu colar de contas vermelhas, que Obatalá arrebentou e misturou a elas suas
contas brancas dizendo: "Isto é para que toda a terra saiba que você é meu filho".

Daquele dia em diante Sango submeteu-se às ordens do velho rei.

... arrependido e justiceiro

SÀNGÓ recebeu das mãos de OLODUMARÈ, o Deus supremo, um pilão de prata que representa a união
da terra, ÀIYÉ, com o céu, ÒRUN, o plano paralelo a terra onde moram os Òrìsás. Nesta ocasião SÀNGÓ
foi elevado a categoria de OBÁ OYO, rei de OYO, passando a ser o quarto ALÁÀÁFÍN de OYO, sendo o
único ser vivo a ter o privilégio de ir e vir da terra para o céu para comunicar-se diretamente com
ÒRÚNMÌLÀ, recebendo desse Òrìsá ordens e instruções para este melhor orientar-se em suas decisões
na terra. Após contar a ÒRÚNMÌLÀ tudo o que se passava na terra ele retornava feliz , pois sabia que era
de plena confiança desse Òrìsá. Como ser carnal ele foi possuído pela ambição, cometendo um pecado
imperdoável aos olhos de OLÓÒRUN que, por ser muito justo, jamais aceitou uma traição. SÀNGÓ tentou
apossar-se, definitivamente, do governo e dos poderes da terra e de todos os poderes que existiam no
espaço. OLODUMARÈ sabendo de tudo que se passava castigou-o, tomando-lhe o pilão que lhe dava o
poder de transitar, vivo, para o céu e o poder de governar os homens da terra. SÀNGÓ desgostoso e
muito arrempendido dos atos que praticara entrou em completo desespero, de joelhos, rogou perdão a
todos os seres maiores, que lhe viraram as costas. Triste e magoado subiu num monte existente em OYO
e enforcou-se num pé de OBI , a nóz de cola , o pão de ÒÒSÀÀLÀ .

Porém SÀNGÓ não morreu, desapareceu, ficando o seu espírito entre os dois mundos paralelos a terra.
OLÓÒRUN começou a sentir a falta de seu servo, mesmo sabendo de sua traição, pois SÀNGÓ foi
apedrejado por todos, pois nessa época era a mais terrível das faltas. OLÓÒRUN pensou, pensou muito e
tomou uma decisão, foi até OLODUMARÈ e rogou-lhe perdão em nome de SÀNGÓ, pedindo-lhe
trouxesse-lhe seu tão amado servo . OLODUMARÈ então concedeu o perdão a SÀNGÓ, mas com uma
condição, que não mais viesse como homem, mas sim como Òrìsá e que todas as pedras que lhe foram
atiradas servissem para ele castigar os mentirosoa, os ladrões e que fulminasse os traidores. E assim foi
feito. SÀNGÓ retornou a terra como Òrìsà e não mais como ARAYILE ( ser humano ) , representando
assim, a ira do próprio OLÓÒRUN contra os homens que se comportam mal na terra, passando a
ostentar então um pilão de duas bocas, a parte de baixo representando a terra e a de cima o céu,
continuando, assim, a exercer o seu governo em forma de Òrìsá. É proibido o uso de OBI em seus
assentamentos, pois lembra a sua passagem de vida e de morte na terra, tornando-se o OBI uma se suas
grandes KIZILAS.

... Sango é condenado por Osalá comer como os escravos *


Airá, aquele que se veste de branco, foi um dia às terras do velho Oxalá para levá-lo à festa que faziam
em sua cidade. Oxalá era velho e lento, Por isso Airá o levava nas costas. Quando se aproximavam do
destino, vira a grande pedreira de Xangô, bem perto de seu grande palácio. Xangô levou Oxalufã ao
cume, para dali mostrar ao velho amigo todo o seu império e poderio. E foi lá de cima que Xangô avistou
uma belíssima mulher mexendo sua panela. Era Oiá! Era o amalá do rei que ela preparava!

Xangô não resistiu à tamanha tentação. Oiá e amalá! Era demais para a sua gulodice, depois de tanto
tempo pela estrada. Xangô perdeu a cabeça e disparou caminho abaixo, largando Oxalufã em meio às
pedras, rolando na poeira, caindo pelas valas. Oxalufã se enfureceu com tamanho desrespeito e mandou
muitos castigos, que atingiram diretamente o povo de Xangô.

Xangô, muito arrependido, mandou todo o povo trazer água fresca e panos limpos. Ordenou que
banhassem e vestissem Oxalá. Oxalufã aceitou todas as desculpas e apreciou o banquete de caracóis e
inhames, que por dias o povo lhe ofereceu. Mas Oxalá impôs um castigo eterno a Xangô. Ele que tanto
gosta de fartar-se de boa comida.

Nunca mais pode Xangô comer em prato de louça ou porcelana. Nunca mais pode Xangô comer em
alguidar de cerâmica. Xangô só pode comer em gamela de pau, como comem os bichos da casa e o gado
e como comem os escravos.

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