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São muitas as lendas sobre a vida e feitos da Orixá, todas elas rodeadas de muito mistério.
Obá e Ogum
Sempre destemida e enérgica, ela adora enfrentar os Orixás. A lenda de Obá conta que ela
já derrotou Oxalá, Exu, Oxumaré, Iansã, Orunmilá, Oxossi e Omolú.
Sua única luta perdida foi contra Ogum, que foi mais esperto na hora do combate. Antes da
batalha, Ogum consultou Ifá, e a previsão foi de que se ele fizesse uma pasta com 200
espigas de milho e muito quiabo, a despejando em um canto da arena da luta, ele venceria.
Obá e Xangô
A partir desse casamento Obá se transforma totalmente, e passou a ser muito ciumenta e
possessiva. Seu amor pelo Orixá é descontrolado e ela faz qualquer coisa por ele. Como sua
prova de devoção, ela sempre carrega junto a si as brasas das festas de Xangô.
Ao lado dele, sua vulnerabilidade passa a ficar muito visível, já que ela é capaz de fazer
loucuras pelo marido. Por conta disso, ela foi enganada uma série de vezes dentro do
relacionamento.
A lenda conta que Obá tinha muita inveja de Oxum, pois percebeu que a Orixá era a
preferida de Xangô. Ela se questionava, mas não conseguia compreender o porquê, já que
Oxum era totalmente mimada e dengosa, e quem corria os riscos nas batalhas sempre ao
lado de Xangô era ela. Então, decidiu perguntar à Oxum o que ela fazia para encantar tanto
o esposo. Notando a inocência de Obá, ela disse que era o Amalá que ela preparava que
tinha um feitiço que o prendia. Ela passou a receita do prato para Obá, e a avisou que o
principal ingrediente era ao final do preparo, acrescentar a própria orelha como oferenda ao
amor dos dois.
Esperançosa com a eficácia do Amalá, Obá não notou que Oxum tinha as duas orelhas e que
aquilo tudo era uma grande mentira, então foi rapidamente preparar o prato e cortou a
própria orelha esquerda, a misturando ao amalá e o servindo para Xangô. Quando o Orixá
notou que a orelha de Obá estava na comida, ele ficou furioso, e sua ira foi tão grande que
as duas saíram correndo apavoradas do reino e viraram dois rios que correm paralelos e
recebem o nome das Orixás. Quando suas águas se encontram eles ficam com ondas muito
fortes, devido a disputas das duas pelo amor de Xangô.
Essa não foi a única vez em que Obá foi enganada por Oxum. Antes desse ocorrido, ela deu
de presente para Xangô um lindo cavalo branco. O Orixá adorou o presente, e aquele
tornou-se seu cavalo predileto. Logo depois, ele teve que partir em uma batalha, e dessa vez
Obá não pôde acompanhá-lo. Decorrido 6 meses, a Orixá ficou aflita pois o marido não
voltava, e resolveu consultar Orunmilá para saber o que poderia fazer, esse a instruiu a fazer
um sacrifício, um espanta-moscas feito de rabo de cavalo e colocar no teto da casa.
Obá então encomendou a Eleguá o iruquerê – nome dado ao instrumento – e Oxum ao saber
disso, resolveu interferir, orientando a cortar o rabo do cavalo branco que Xangô tanto
amava. O resultado não poderia ser outro: o cavalo sangrou até a morte. Quando Xangô
retornou da batalha, não encontrava seu cavalo e ao entrar em seu lar viu o iruquerê
pendurado no teto. As suas outras esposas disseram que foi obra de Obá e ele com toda sua
fúria repudiou a Orixá.
Mas Obá não deixou de graça todas as artimanhas de Oxum: em meio a um dia de ira, sem
que Oxum percebesse o perigo, ela virou um caldeirão dendê em fervura nos pés da Orixá.
Devido ao grave ferimento, há uma lenda que diz que é possível reconhecer os filhos de
Oxum por seus pés.
Obá e Oxum não podem ficar próximas uma da outra em uma roda, elas devem ficar sempre
o mais distante possível.
A história de Obá e Xangô é repleta de conflitos por causa da ingenuidade da Orixá quando
o assunto é amor. Seu ciúme descontrolado sempre a coloca na pior situação e aumenta a ira
de seu marido. De seu grande amor nasceu Opará, uma bela guerreira.