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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS


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Fone/Fax: (35) 3829 1411
email: dcf@ufla.br

CARBONIZAÇÃO DA MADEIRA E CONTROLE DE


QUALIDADE DO CARVÃO VEGETAL

Professor: Paulo Fernando Trugilho

LAVRAS - MG
2006
1. OBJETIVOS DO CURSO

O Curso será dividido em duas partes, teórica e prática, as quais abordarão os


seguintes assuntos:

1.1. PARTE TEÓRICA

• A Matriz Energética Brasileira


- Fontes de Energia que compõe a Matriz Energética
• Conceitos de combustão, gaseificação, poder calorífico e hidrólise
• A Carbonização da Madeira
- Conceito
- Teoria da carbonização da madeira
- Degradação térmica dos componentes fundamentais da madeira
- Fatores que afetam a produção e qualidade do carvão vegetal
- Influência da madeira
- Influência do processo de carbonização
- Sistemas de utilização do carvão vegetal
• Noções de avaliação do conteúdo energético da madeira e do carvão
vegetal

1.2. PARTE PRÁTICA


Será composta por três etapas conforme descrito a seguir:
a) Avaliação qualitativa do carvão vegetal – Esta parte visa à verificação da
qualidade do carvão vegetal e será composta pelas seguintes análises:
- Análise física – densidade relativa aparente e verdadeira do carvão
vegetal
- Análise química imediata – teor de umidade (base seca), materiais
voláteis, cinzas e carbono fixo

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b) Avaliação quantitativa do carvão vegetal – esta etapa visa a quantificação da
produção do carvão vegetal e será composta por:
- Rendimentos gravimétricos da carbonização – rendimento em carvão
vegetal, líquido pirolenhoso, alcatrão insolúvel, gás não condensável
- Rendimento em carbono fixo
c) Determinação de densidade básica da madeira e estimativa de massa seca –
esta etapa visa o cálculo de densidade básica da madeira e a estimativa de
massa seca.
Além desses, ainda serão abordados temas relacionados com o controle
genético das propriedades da madeira e do carvão vegetal.

2. A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

Toda matriz energética é sustentada de acordo duas formas ou fontes de


energia, uma denominada de primária e outra de secundária. Esta é uma
classificação dada quanto à origem combustível. Os primários ou naturais são
aqueles utilizados nas mesmas condições em que são extraídos da natureza, já os
secundários ou derivados são aqueles que provêm de algum processo de preparação
ou são subprodutos de algum processo.
A matriz energética é uma fonte referencial e estratégica, ou seja, uma série
histórica composta pelas principais fontes de energia produzidas e usadas por um
dado país. Ela é composta por fontes primárias e secundárias de energia.

O Quadro 1 apresenta um exemplo da composição da matriz energética


nacional de 2005.

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As fontes primárias de energia são:

Não renováveis Renováveis


- Petróleo - Energia hidráulica
- Gás natural - Lenha
- Carvão vapor - Cana-de-açúcar (bagaço)
- Carvão metalúrgico
- Urânio (U3O8)

As fontes secundárias de energia são:

Não renováveis Renovável


- Derivados do Petróleo (gasolina, óleo - Carvão vegetal
diesel, gasolina, GLP, óleo combustível, - Etanol
etc.)
- Metanol
- Coque de carvão mineral

QUADRO 1 – Matriz energética nacional: Evolução do consumo por fonte


FONTE PORCENTAGEM x 103 tEP
Gás Natural 6,4 12.185
Carvão Mineral 1,9 3.594
Lenha 8,2 15.752
Bagaço de Cana 10,6 20.273
Outras Fontes Primárias
Renováveis 2,1 4.018
Gás de Coqueria 0,7 1.342
Coque de Carvão Mineral 3,6 6.817
Eletricidade 16,2 30.923
Carvão Vegetal 3,3 6.353
Álcool Etílico 3,6 6.961
Outras Fontes Secundárias 0,1 224
Petróleo 43,3 82.688
TOTAL 100,0 191.128
FONTE: BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL (MME, 2005) 18,8 + 16.2=35+6.9=41.9
tEP = Tonelada Equivalente de Petróleo

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3. CONCEITOS IMPORTANTES

3.1. CONVERSÃO - A madeira pode ser convertida em vários tipos de


combustíveis.

3.1.1. CARBONIZAÇÃO - É a operação de decomposição térmica da


madeira, na ausência ou presença controlada de oxigênio (ar), deixando como
resíduo sólido o carvão vegetal.
MADEIRA → CARVÃO VEGETAL + GASES CONDENSÁVEIS + GASES NÃO CONDENSÁVEIS
∆ (calor)

GASES CONDENSÁVEIS: a) não energéticos = água, ácido acético,


solventes metilênicos (acetona), etc.;
b) energéticos = alcatrões (insolúvel e solúvel)

GASES NÃO CONDENSÁVEIS: a) não energético = CO2


b) energéticos = CO, CH4, etc.

3.1.2. HIDRÓLISE - O processo de hidrólise consiste no ataque dos


componentes celulósicos da madeira pela água, os quais são convertidos em
açúcares simples, hexoses ou pentoses, deixando a lignina como resíduo sólido. A
hidrólise pode ser ácida ou enzimática.
+
MADEIRA + H → LIGNINA (Sólido) + AÇÚCARES (Líquido)
↓carbonização ↓ fermentação e destilação
alta qualidade ⇐ carvão etanol (álcool)

3.1.3. PIRÓLISE = DECOMPOSIÇÃO TÉRMICA = CARBONIZAÇÃO

3.1.4. DESTILAÇÃO SECA - Quando se está mais interessado nos


produtos voláteis do processo de carbonização ou decomposição térmica da madeira.
O carvão vegetal não é o produto principal. Sinônimo de carbonização.

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3.1.5. GASEIFICAÇÃO - É a transformação de um combustível sólido em
um combustível gasoso, ou seja, é a transformação da madeira em gases
combustíveis, onde o CO é o produto principal.
MADEIRA + O2 → GÁS POBRE (CO, H2, CH4, etc.)
∆ ↓
baixo poder calorífico ± 1200 kcal/Nm3
A quantidade de O2 deve ser controlada ⇒ combustão incompleta.

3.2. COMBUSTÃO - É uma reação de oxidação que o combustível sofre,


ocorrendo quando a quantidade de O2 é suficiente para transformá-lo em gases,
deixando como resíduo somente os óxidos minerais (cinzas). É uma reação
francamente exotérmica, isto é, de liberação de energia. O carbono e o hidrogênio,
no caso da madeira, combinam-se com o O2, gerando grande quantidade de energia.
MADEIRA + O2 → GASES (CO2, CO, CH4, H2O, etc.) + ENERGIA↑
∆ (calor)

Existem duas formas de combustão:


a) Combustão completa ou direta = na presença de O2 em excesso.
b) Combustão incompleta ou indireta = na presença controlada de O2.
A intensidade da combustão é medida, geralmente, pela presença de CO, que é
um gás oxidável, entre os seus produtos.

3.2.1. REAÇÕES MAIS IMPORTANTES DA COMBUSTÃO

a) C(s) + O2(g) → CO2(g) - ∆H => COMBUSTÃO COMPLETA



∆H = HCO2(g) - (HC(s) + HO2(g)) ⇒ Variação da entalpia ou variação de
energia
∆H = -94.052 cal/mol
PM Carbono = 12, daí que 94.052/12 = 7838 cal/g de carbono.

b) C(s) + 1/2O2(g) → CO(g) - ∆H => COMBUSTÃO INCOMPLETA



∆H = -26.416 cal/mol

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c) CO(g) + 1/2O2(g) → CO2(g) - ∆H

∆H = -67.636 cal/mol

d) H2(g) 1/2O2(g) → H2O(l) - ∆H



∆H = -68.317 cal/mol

e) H2(g) 1/2O2(g) → H2O(g) - ∆H



∆H = -57.798 cal/mol
Se subtrairmos e de d teremos a quantidade de energia que a água, na forma
de vapor, leva com ela, ou seja, o calor latente do vapor d'água.
68.317 - 57.798 = 10.519 cal/mol ou ainda se dividirmos pelo peso
molecular da água (PM = 18) teremos a quantidade de energia por peso, que é 584
cal/g de água.

f) S(s) + O2(g) → SO2(g) - ∆H



∆H = -71.040 kcal/mol
PM Enxofre = 32, daí 71.040/32 = 2220 cal/g de enxofre.

3.3. PODER CALORÍFICO - É a medida da quantidade de energia que o


material combustível libera quando queimado totalmente, dado normalmente em
cal/g ou kcal/kg para os combustíveis sólidos e líquidos e em kcal/m3 para os
combustíveis gasosos.
A medida do poder calorífico é de extrema importância na avaliação
energética de qualquer combustível. Em todo combustível pode-se obter dois tipos
de poder calorífico, um chamado de poder calorífico superior e o outro chamado de
poder calorífico inferior.

3.3.1. PODER CALORÍFICO SUPERIOR - É o poder calorífico obtido


em equipamentos apropriados denominados de calorímetros. É a medida da máxima

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quantidade de energia que um combustível pode liberar, pois aqui o calor latente do
vapor d'água não é perdido.

3.3.2. PODER CALORÍFICO INFERIOR - É o poder calorífico obtido


sem levar em consideração o calor latente do vapor d'água. A água gerada é perdida
sob a forma de vapor pelo sistema e, assim, leva consigo uma parte da energia
liberada pelo material (calor latente do vapor d'água). É um valor menor, portanto,
que o do poder calorífico superior.
A umidade presente no combustível é a principal responsável pela redução
do seu poder calorífico. O Quadro 2 apresenta o poder calorífico de alguns
materiais.

QUADRO 2 – Poder calorífico de alguns combustíveis

PODER CALORÍFICO
COMBUSTÍVEL (kcal/kg)
Parafina 10.400
Óleo Combustível 9.800
Carvão Vegetal 7.100
Madeira Seca 4.700
Madeira (25 - 30% umidade) 3.500
Querosene 11.110

A madeira possui poder calorífico que varia de 3.000 a 5400 kcal/kg


dependendo da espécie. Madeiras de coníferas possuem poder calorífico superior
médio de 5.200 kcal/kg, enquanto que as madeiras de folhosas possuem poder
calorífico superior médio de 4.500 kcal/kg. A composição química é a responsável
por essa variação, estando relacionada diretamente ao teor de lignina e extrativos.

3.3.3. FÓRMULAS PARA DETERMINAÇÃO DO PODER


CALORÍFICO INFERIOR

a) PC i =
C%
x 7838+
(O% − H%) x 28899+ S% x 2220 (Carvão Vegetal)
100 1600 100

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EX.: Carvão vegetal

C = 80%
H = 8%
O = 5%
u = 5%
PCi = 6216,2 kcal/kg
A energia gasta para evaporar a água presente no carvão é dada por:
EG = (584 * 5)/100 = 29,2 cal/g, pois são gastos 584 cal/g de água.
PCútil = 6216,2 - 29,2 = 6187,0 kcal/kg.

b) PC i = PC s −(0,0114 x PC s x U ) (FÓRMULA DE TILLMAN - Madeira)


U = umidade da madeira, base úmida, dada em porcentagem.
C%  H% O%  S%  U% + 9H 
c) PC i = x 7838+ −  x 28899+ x 2220 − 600x   (Madeira)
100  100 1600  100  100 
9H
d) PC i = PC s − 600 x , onde H é o teor de hidrogênio.
100
e) PCL = [(PC i − 6 x U )/ (100 + U )] x 100 , onde U é o teor de umidade.
f) PC i = 4590 − 51,9 x U , onde U é o teor de umidade, base seca.
g) PC i = 84,2 x TCF , onde TCF é o teor de carbono fixo.

Pelas equações apresentadas pode-se perceber perfeitamente a influência da


umidade no PCi, tanto na madeira como no carvão vegetal. Quanto maior o teor de
umidade menor será o poder calorífico. Pode-se notar também que o teor de
oxigênio presente no combustível diminui o seu poder calorífico. Quanto mais
oxigenado for o combustível menor será o seu poder calorífico.
Existem outras fórmulas de cálculo do PCi, tanto para a madeira como para o
carvão vegetal, todas elas possuem vantagens e desvantagens.
Nos países em desenvolvimento a energia a partir da biomassa pode
representar cerca de 40% da energia total usada. Nos países mais industrializados a
biomassa contribui com somente 0,1 a 4,0% do total da energia consumida. As
tecnologias utilizadas na produção, conversão e uso final da bioenergia variam das
mais simples às mais sofisticadas. A lenha pode ser extraída das florestas naturais ou
ser cultivada e colhida através de sistemas mais complexos de florestas energéticas.

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A biomassa pode ser convertida em combustível, sob a forma sólida, líquida ou
gasosa, em processos que variam de simples fornos ou até sofisticadas unidades
industriais.
Os combustíveis mais comuns encontrados na natureza são ditos
combustíveis hidrocarbonetos, isto é, aqueles que possuem um esqueleto
predominantemente formado por carbono e hidrogênio. A maioria dos combustíveis
apresenta na sua estrutura o carbono, o hidrogênio e, algumas vezes o enxofre.
Combustível é todo compostos capaz de gerar energia através de alguma reação
química.
A madeira é sem dúvida o mais antigo combustível usado pelo homem. A
madeira madura é uma complexa mistura, formada basicamente por carboidratos
(holocelulose), lignina, componentes estranhos (extrativos) e elementos minerais. É
um material altamente desuniforme tanto do ponto de vista químico, físico e
anatômico.

4. A COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA MADEIRA

Geralmente as madeiras possuem (análise química):

• CELULOSE: 40 - 45% 
• HEMICELULOSES: 15 - 35% (FOLHOSAS)  PC = ± 4.200 kcal/kg
20 - 30% (CONÍFERAS)  (HOLOCELULOSE)
• LIGNINA: 18 - 25% (FOLHOSAS) 
25 - 35% (CONÍFERAS)  PC = ± 6.400 kcal/kg
• EXTRATIVOS: 3 - 8% } PC = ± 8.300 kcal/kg
• CINZAS: 0,2 - 0,5%
> 1% EM MADEIRAS TROPICAIS

A análise elementar indica que as madeiras possuem:


• CARBONO = 49 - 50%
• OXIGÊNIO = 44 - 45%
• HIDROGÊNIO = 6%
• NITROGÊNIO = 0,1 - 1%

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Estes compostos e elementos se combinam para formar a complexa estrutura
que a madeira apresenta.
O poder calorífico dos extrativos depende da sua natureza, se é fenólico ou
não, e da sua estrutura química, cadeia aberta (alifático) ou cadeira fechada. O
Quadro 3 apresenta a composição elementar de alguns combustíveis utilizados.

QUADRO 3 – Composição elementar de alguns combustíveis sólidos e líquidos


COMBUSTÍVEL
ELEM CARVÃO LENHA
ÓLEO
(%) QUEROS MINERAL MINERAL
DIESEL VEGETAL SECA 30% U
(1) (2)
C 86,0 85,6 41,5 52,3 74,5 50,2 35,13
H 13,1 14,3 3,1 3,7 3,0 6,3 4,40
O - - 8,4 9,6 17,0 43,1 30,16
S 0,9 0,1 1,2 0,5 0,5 - -
N - - 0,8 0,9 1,0 0,06 0,04
H2O - - B.S. B.S. B.S. B.S. 30,00
CINZAS - - 45,0 32,5 4,0 0,38 0,27
ELEM = elemento, QUEROS = querosene, U = umidade, B.S. = base seca

5. CARBONIZAÇÃO DA MADEIRA

A carbonização da madeira é um exemplo típico de combustão parcial ou


incompleta. Dessa forma, o controle sobre a combustão passa a ser a etapa mais
importante do processo. Esse controle influencia de forma decisiva a produção e a
qualidade do carvão vegetal produzido. O carvão vegetal é considerado o resíduo
sólido remanescente resultante do processo de carbonização da madeira. A
finalidade fundamental da carbonização é a fixação de carbono. O Quadro 4
apresenta os produtos obtidos da carbonização da madeira, lignina e celulose.

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QUADRO 4 – Produtos gerados pela carbonização da madeira, lignina e celulose
CARBONIZAÇÃO
PRODUTO (%) MADEIRA LIGNINA CELULOSE
Carvão 38 50,6 35
Alcatrões 8 13,0 6,8
Metanol 1 0,9 0,07
Acetona 0,2 0,2 0,13
Ác. Acético 3,2 1,1 2,79
GNC 49,6 34,2 55,73
GNC = Gás Não Condensável

O ácido acético é indesejável no processo, pois ele é corrosivo


A lignina é o principal componente químico da madeira quando esta se
destina à produção de carvão vegetal e mesmo para qualquer outra finalidade
energética. Algumas literaturas fazem referência de que o componente químico,
lignina, é responsável por até 55% da produção de carvão vegetal.
A Figura 1 ilustra o esquema de operação um forno de carbonização.

frente carbonização gases

madeira

carvão

energia liberada pela


madeira.

FIGURA 1 – Esquema de um forno de carbonização de madeira

BALANÇO DE ENERGIA PARA O FORNO

Emadeira = Ecarvão + Egases

Existem dois tipos de gases um denominado de gás não condensável e outro


chamado de gás condensável. Os gases condensáveis gerados pelo processo podem
ser facilmente recuperados por algum método de condensação, sendo denominado

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de líquido pirolenhoso. O líquido pirolenho é formado por duas porções distintas
uma de cor marrom (castanho) denominada de ácido pirolenhoso (ác. acético,
metanol, água, acetona, alcatrão solúvel, etc.) e outra de coloração escura chamada
de alcatrão insolúvel (característica fenólica). Estas duas frações são facilmente
separadas por decantação, pois o alcatrão insolúvel é mais pesado que o ácido
pirolenhoso.

6. TEORIA SIMPLIFICADA DA CARBONIZAÇÃO

Como já definido anteriormente, a carbonização é um exemplo de combustão


incompleta, sendo que o seu controle é decisivo para que se tenha um aumento da
produção e melhoria da qualidade do carvão vegetal.
O Quadro 5 apresenta, de forma sucinta, as fases da carbonização em função
da temperatura final.

QUADRO 5 – Fases da carbonização em função da temperatura


INÍCIO DA
PRODUÇÃO DE FASE DOS FASE DO
LIBERAÇÃO LIBERAÇÃO DE DISSOCI-
GASES HIDROCAR- HIDROGÊ-
o DE ÁGUA HIDROCAR- AÇÃO
TEMP ( C) OXIGENADOS BONETOS NIO
BONETOS
150-200 200-280 280-380 380-500 500-700 700-900
TC(%) 60,0 68,0 78,0 84,0 89,0 91,0
GNC:
CO2 68,0 66,5 35,5 31,5 12,2 0,5
CO 30,0 30,0 20,5 12,3 24,6 9,7
H2 - 0,2 6,5 7,5 42,7 80,9
HIDROCAR- 2,0 3,3 37,5 48,7 20,5 8,9
BONETOS
(%)*
RGC(%) - 44,0 38,0 35,0 31,0 26,0
RCF(%) - 30,0 29,6 29,4 27,6 23,7
* alcatrão e pirolenhoso; TEMP = Temperatura; TC = Teor de Carbono; GNC = Gás
Não Condensável
RGC = Rendimento Gravimétrico da Carbonização; RCF = Rendimento em
Carbono Fixo

Pelo Quadro 5 observa-se que a melhor faixa de carbonização está


compreendida entre 280 e 500 oC, considerando-se a produção de produtos de maior

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interesse. Apesar do hidrogênio ser um combustível altamente energético, os
sistemas convencionais não permitem a sua utilização.
Analisando-se as informações contidas no Quadro 5, acima, pode-se observar
que a carbonização pode ser dividida em quatro etapas de acordo com a temperatura,
a saber:
a) abaixo de 200 oC - secagem e início da decomposição térmica da madeira;
b) de 200 a 280 oC - reações endotérmicas (predominância), com a liberação de
ácido acético, metanol, água, CO2, etc.;

c) de 280 a 500 oC - reações exotérmicas (predominância), com a liberação dos


gases combustíveis (CO, CH4, etc.) e alcatrões e;

d) acima de 500 oC - o carvão já é bem estável e apenas pequenas quantidades de


voláteis, principalmente o H2, são liberados.
Essas etapas ocorrem de modo simultâneo em peças de maior dimensão,
caracterizando períodos e/ou zonas de carbonização dentro dos fornos, com
temperaturas variáveis.

6.1. DECOMPOSIÇÃO TÉRMICA DOS CONSTITUINTES BÁSICOS DA


PAREDE CELULAR

• HEMICELULOSES – Faixa de 225 - 325 oC => São os componentes


químicos menos estáveis termicamente da parede celular. Produzem cerca de 12%
de carvão (base madeira) e materiais voláteis.

• CELULOSE – Faixa de 325 - 375 oC =>Produz cerca de 24% de carvão e


materiais voláteis (ác. acético, acetona, fenóis, água, etc.)
As hemiceluloses mais a celulose são os principais componentes responsáveis
pela formação do ácido pirolenhoso.

• LIGNINA – Faixa de 250 - 500 oC => É o componente mais estável


termicamente, apesar de começar a se decompor em temperaturas mais baixas. A

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faixa de maior intensidade de decomposição é de 310 a 420 oC. Produz cerca de
55% de carvão; 15% de alcatrão, 20% de água, metanol, acetona, ác. acético e; 10 -
15% de CO, CO2, CnHm.
A Figura 2 mostra a análise termogravimétrica da madeira e de seus
constituintes básicos.

FIGURA 2 – Análise termogravimétrica da madeira e de seus constituintes básicos

A Figura 3 mostra dois exemplos de modelos de carbonização da madeira


propostos por kanury e Blackshear e o de Holmes. O modelo de Holmes indica que a
velocidade da carbonização é de 38 mm/hora.

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FIGURA 3 – Modelos de carbonização propostos por Kanury e Blackshear e
Holmes

7. FATORES QUE AFETAM A PRODUÇÃO E A QUALIDADE DO


CARVÃO VEGETAL

7.1. FATORES RELACIONADOS À MADEIRA

ESPÉCIE – Muito importante fazer uma seleção quando possível.

PROCEDÊNCIA – Fazer uma avaliação da origem do material.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA – Os constituintes básicos da parede celular


são a celulose, as hemiceluloses e a lignina, destes componentes o teor de lignina é o
mais importante.

FATORES ANATÔMICOS – porcentagem de fibras, vasos e parênquima,


comprimento, largura e espessura da parede celular desses tecidos. A proporção de
cerne e alburno, onde a maior proporção de cerne aumenta o rendimento em carvão.

DENSIDADE BÁSICA – Por definição densidade básica é dada por:

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PSmad
DB =
VOLsat

em que, DB é densidade básica, dada em g/cm3, kg/m3 ou t/m3; PSmad é o peso da


madeira seca, dado em g, kg ou t e; VOLsat = volume verde ou saturado, dado em
cm3 ou m3.
Existe uma relação direta ou proporcional entre a densidade básica da
madeira e a densidade relativa aparente do carvão vegetal. Essa relação pode ser
observada pelo Quadro 6. Pode-se estimar a densidade relativa aparente do carvão
vegetal com base na densidade básica da madeira. Quanto maior for à densidade
básica da madeira maior será a densidade relativa aparente do carvão vegetal.

DRA = f (DB)
A seguir estão apresentadas exemplos de relação funcional entre a densidade
relativa aparente e densidade básica da madeira.

EX. 1. DRA = -0,0460256 +0,886744 x DB (r2 = 0,69)

EX. 2. DRA = -0,219397 + 1,00779 x DB (r2 = 0,56),

onde, DRA é a densidade relativa aparente do carvão vegetal e DB é a densidade


básica da madeira, dadas em g/cm3.

O Quadro 6 apresenta exemplos de densidade básica da madeira e densidade


relativa aparente do carvão vegetal para algumas espécies de eucalipto.

UMIDADE DA MADEIRA – O teor de umidade provoca perda sensível no


rendimento gravimétrico da carbonização, pois aumenta o gasto de energia durante a
secagem da madeira.
PU − PS
a) U bs = x 100, mais usada pela tecnologia da madeira
PS

PU − PS
b) U bu = x 100, mais usada pela área de celulose e papel
PU

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em que, Ubs = Umidade Base Seca, dada em porcentagem; Ubu = Umidade Base
Úmida, dada em porcentagem; PU = Peso Úmido, dado em gramas e; PS = Peso
Seco, dado em gramas.

RELAÇÃO ENTRE O TEOR DE UMIDADE BASE SECA E BASE ÚMIDA

U bu U bs
U bs = e U bu =
1 − U bu 1 + U bs

O teor de umidade influencia a densidade da madeira, por isso sempre que se


relatar o valor da densidade da madeira deve-se também indicar qual o seu teor de
umidade.

QUADRO 6 – Densidade básica e a densidade relativa aparente para algumas


espécies de eucalipto

ESPÉCIE IDADE DB (g/cm3) DRA (g/cm3)


E. maculata 5 0,643 0,440
E. propinqua 9 0,623 0,420
E. urophylla 4 0,594 0,360
E. saligna 5 0,569 0,346
E. grandis 9 0,564 0,360
E. microcoris 5 0,556 0,350
E. cloeziana 4 0,508 0,290
E. camaldulensis 4 0,435 0,270
E. grandis 4 0,406 0,231
5 0,474 0,368
Híbrido 6 0,513 0,386
7 0,518 0,398
5 0,544 0,458
E. pellita 6 0,533 0,400
7 0,545 0,458
7 0,614 0,532
E. tereticornis
8 0,585 0,490
E grandis 3 0,393 0,302
7 0,631 0,514
E. maculata
9 0,685 0,554
DB = Densidade Básica da Madeira, DRA = Densidade Relativa Aparente do Carvão Vegetal

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DIÂMETRO DA TORA – Quanto maior o diâmetro implica em maior
dificuldade para se carbonizar, pois à frente de carbonização caminha da superfície
em direção ao centro da peça. Também será maior a dificuldade na secagem da peça.
Peças de maiores diâmetros quando carbonizadas produziram maiores
rachaduras e trincas internas no carvão o que aumentará a produção de finos.

PRODUÇÃO DE MASSA SECA – A estimativa da produção de massa seca


é muito importante para a produção de carvão vegetal. A quantificação da massa
seca é dada por:

Massa Seca = DB x IM

onde DB é a densidade básica média da madeira e IM é o incremento volumétrico


médio da floresta.

7.2. FATORES ASSOCIADOS AO PROCESSO OU SISTEMA DE


CARBONIZAÇÃO

O controle sobre a combustão parcial é o determinante no aumento do


rendimento e na melhoria da qualidade do carvão vegetal produzido. Assim, os
fatores relacionados ao processo ou sistema de carbonização sobre o rendimento e a
qualidade do carvão vegetal passam pelo tipo de forno usado, sistema descontínuo
ou contínuo.

TEMPERATURA FINAL DE CARBONIZAÇÃO – Quanto maior a


temperatura final de carbonização menor será o rendimento em carvão e maior será
o rendimento em gases condensáveis e não condensáveis.

TAXA DE AQUECIMENTO – Quanto maior for à velocidade de aquecimento


menor será o rendimento em carvão e maior será o rendimento de gases
condensáveis.

PRESSÃO -

19
8. RENDIMENTOS DA CARBONIZAÇÃO

Pode-se calcular dois tipos de rendimento, um baseado no peso, o


gravimétrico, e outro baseado no volume, o volumétrico.

RENDIMENTO GRAVIMÉTRICO – Expressa a quantidade de carvão


produzido por unidade de peso de madeira, ou seja:

PCS
RGC = x 100
PMS

em que, RGC = Rendimento Gravimétrico da Carbonização; PCS = Peso do Carvão


Seco e; PMS = Peso da Madeira Seca.

RENDIMENTO VOLUMÉTRICO – Expressa a quantidade de carvão


produzido por unidade de volume de madeira, ou seja:

VC
RVC = x 100
VM

onde, RVC = Rendimento Volumétrico de Carvão; VC = Volume de Carvão e; VM


= Volume de Madeira.

RELAÇÃO VOLUMÉTRICA – Expressa a relação entre o volume gasto de


madeira para produzir um metro cúbico de carvão. Na prática considera-se que são
necessários 2 m3 de madeira para se produzir 1 mDC (metro de carvão).

RENDIMENTO EM CARBONO FIXO


É o rendimento com base no carbono que foi fixado no carvão.

RGC x TCF
RCF =
100

em que, RCF = Rendimento em Carbono Fixo, em porcentagem; RGC =


Rendimento Gravimétrico da carbonização, em porcentagem e; TCF = Teor de
Carbono Fixo, em porcentagem.

20
EXEMPLO: carvão com TCF = 80%
RGC = 33%
madeira = 50% de carbono

100 kg de madeira → 50 kg de carbono


↓ ↓ ± 53% de aproveitamento do total de
carbono da madeira
33 kg de carvão ↓ ± 47% de perda de carbono com os gases
gerados
↓ ↓
80% de carbono fixo → 26,4 kg de carbono

9. DENSIDADE A GRANEL

É a densidade dada, geralmente, em kg/st ou kg/m3.


EXEMPLO: Considere que um caminhão de transporte de madeira carregue 16 st
de madeira e que o peso dessa madeira seja de 9,6 ton = 9.600 kg. A densidade a
granel será:
Dag = 9.600/16 = 600 kg/st.
Considere agora que um forno se superfície padrão (5 metros de diâmetro) tenha
uma capacidade de 36 st de madeira, sabendo-se que o teor de umidade da madeira é
de 30%, base seca, e que a densidade a granel é de 600 kg/st. Qual será o peso seco
da madeira enfornada?
PS = (Dag * Volume de Madeira Enfornada)/(1+Umidade)
PS = (600 * 36)/1,3 = 16.615,48 kg
Retira-se do forno 5.000 kg de carvão, portanto, o rendimento gravimétrico da
carbonização é:
RCG = (5.000/16.615,48) = 30%

21
10. SISTEMAS DE UTILIZAÇÃO DO CARVÃO VEGETAL

O carvão vegetal é usado em vários setores industriais, sendo que no Brasil, o


setor siderúrgico é o maior produtor e consumidor desse insumo. O carvão é usado
em fábricas de cimento, padarias, uso doméstico, etc. Também pode ser triturado e
misturado com um material aglutinante (amido, alcatrão, etc.) e a pasta formada é
então prensada para formar os ditos briquetes de carvão vegetal.

10.1. O CARVÃO NA SIDERURGIA

• METALURGIA - Ciência ou arte de extrair metais de seus minerais.


• METALURGIA DO FERRO = SIDERURGIA
Minérios de Ferro: Hematita (70% Fe), Magnetita (73% Fe), Limonita (60% Fe)
Fe2O3 Fe3O4 Fe2O3(H2O)3
A hematita e a magnetita são os minérios mais usados no Brasil.
Minério de ferro = óxido mineral.
Uma classificação dos produtos siderúrgicos em função do teor de carbono
pode ser:
aço = 0,5 a 2% de C
ferro gusa = 4 a 5% de C
ferro fundido = 2 a 4% de C classificação baseada no teor de carbono
ferro doce = < 0,5% de C
MO + R → RO + M
onde MO é o minério e R é o redutor.

Redutores em siderurgia: Hidrogênio (H2)


Metano (CH4)
Etano (C2H6)
Carbono (C)
Monóxido de Carbono (CO), etc.

MO + C → reação endotérmica (redução direta)


MO + C → reação exotérmica (redução indireta) - preferível.

22
O carvão vegetal é dito termoredutor, pois ele fornece a energia e o redutor
para o minério de ferro.
Seqüência de redução do minério:

Fe2O3 → Fe3O4 → FeO → Fe

Existem duas maneiras de se diminuir o teor de carbono no ferro produzido,


uma é misturando-se um ferro mais velho e, portanto, oxidado onde o teor de ferro é
menor e uma outra forma é misturar oxigênio líquido no ferro na forma liquefeita.

10.2. OUTRAS FINALIDADES

A utilização em outras atividades está sendo cada vez mais acentuada,


principalmente o carvão para uso doméstico, na qual algumas empresas têm
investido em empacotadeiras de carvão vegetal.

11. QUALIDADES DO CARVÃO VEGETAL

a) Poder calorífico alto - fornecer energia;


b) Alto teor de carbono fixo - adequado ao alto forno;
c) Umidade baixa - a umidade influencia as características físico-químicas e
mecânicas;
d) Densidade alta - ocupa menor espaço para um mesmo volume;
e) Resistência mecânica ao impacto, à pressão e a fricção;
f) Teor de fósforo baixo - menor que 1,7% de fósforo, o sistema não consegue
eliminar o fósforo e o seu acúmulo enfraquece as ligações tornando o ferro
quebradiço a frio;
g) Teor de enxofre baixo - até 0,5%, causa um efeito semelhante ao do fósforo.
A presença de elevados teores de minerais no carvão vegetal é altamente
prejudicial à produção de ferro gusa, ferro ligas e de carbureto. Para o ferro gusa e o
ferro ligas, altos teores de minerais no carvão podem provocar a segregação, que
consiste no acúmulo de impurezas no centro das peças do metal solidificado. Isso

23
acarreta variações nas propriedades físicas, químicas e mecânicas dos produtos,
deixando-os duros e quebradiços, menos maleáveis e com campos favoráveis à
propagação de fissuras. Os minerais responsáveis por esse fenômeno são o fósforo e
o enxofre. Para o carbureto de cálcio (CaC2), os maiores inconvenientes advindos da
presença de quantidades elevadas de minerais, principalmente de fósforo, que torna
as pedras de carbureto quebradiças, esfarelando-se com facilidade. O carbureto de
cálcio é usado na fabricação do PVC e do gás acetileno (C2H2).
h) Reatividade - propriedade que o carvão tem de reagir com o CO2 e produzir CO.
É a capacidade que o carvão possui de regenerar o poder redutor do gás.
C + CO2 → 2 CO
Quanto maior for à quantidade de CO produzido maior será a reatividade do carvão.
A reatividade do carvão deve ser compatível com a velocidade de redutibilidade do
minério de ferro.
i) Porosidade - adequada, facilita a circulação de gases e a reação com o O2 no
interior do alto forno. Maior porosidade implica em maior reatividade.

12. AVALIAÇÃO ENERGÉTICA DA MADEIRA E DO CARVÃO VEGETAL

Este item tem por finalidade fazer uma avaliação energética da madeira e do
carvão vegetal, verificando-se a importância dos plantios para fins energéticos.

EXEMPLO 1: Supondo uma área plantada de 4.500.000 ha


Crescimento médio de 20 st/ha.ano
Densidade média de 500 kg/st (com 30% de umidade)
Rotação de 5 anos
Calcular:
a) Produção anual de madeira = 20 * 500 = 10.000 kg/ha.ano = 10
t/ha.ano
b) Produção ao final de 5 anos = 10 * 5 = 50 t/ha
c) Considerando-se que toda área será cortada de uma só vez,
teremos uma produção de = 50 * 4.500.000 = 225.000.000 t de madeira
d) Considerando que o poder calorífico da madeira com 30% de
umidade é de 3.000 kcal/kg = 3.000.000 kcal/t a energia que seria possível de ser
liberada = 3.000.000 * 225.000.000 = 6,75 * 1014kcal.

24
EXEMPLO 2: Considere que o consumo de madeira em 1992 foi de 20.000.000
ton.
Calcular a área necessária a essa produção, sabendo-se que:
Crescimento médio = 30 st/ha/ano
Rotação de 5 anos
Densidade da madeira = 500kg/st (com 30% de umidade)
a) Produção anual de madeira = 30 * 500 = 15.000 kg/ha.ano =
15t/ha.ano
b) Produção aos 5 anos = 15 * 5 = 75 t/ha
c) Área total a ser manejada = 20.000.000/15 = 1.333.333,33 ha
d) Área a ser cortada por ano = 20.000.000/75 = 266.666,67 ha/ano
ou 1.333.333,33/5 = 266.666,67 ha/ano
e) Qual a capacidade calorífica da área considerando-se que o poder
calorífico da madeira é de 3.000 kcal/kg?
20.000.000 * 3.000.000 = 6 * 1013 kcal
Por ano será de = 4.000.000 * 3.000.000 = 1,2 * 1013 kcal/ano

EXEMPLO 3: Em 1991 a produção e o consumo de carvão vegetal foi da ordem de


7.725.000 toneladas. Considerando-se que a densidade a granel do
carvão é de 250 kg/m3 e que são necessários 2 m3 de madeira para
produzir 1 m3 de carvão (relação volumétrica). Pergunta-se:
a) Qual a quantidade de madeira necessária a essa produção?
A produção volumétrica de carvão = 7.725.000 / 0,250 =
30.900.000 m3/ano
A quantidade de madeira necessária será = 2 * 30.900.000 =
3
61.800.000 m /ano
b) Qual a capacidade calorífica da madeira se o seu Poder Calorífico
= 3.000 Kcal/kg e densidade = 500 kg/m3?
A quantidade de madeira em tonelada = 61.800.000 * 0,500 =
30.900.000 t/ano
A capacidade calorífica = 30.900.000 * 3.000.000 = 9,27 * 1013
kcal/ano.
c) Qual a capacidade calorífica do carvão vegetal se o seu Poder
Calorífico = 6.600 kcal/kg?
A capacidade calorífica = 7.725.000 * 6.600.000 = 5,10 * 1013
kcal/ano
d) Qual a eficiência da transformação?
ET = (5,10 * 1013/9,27 * 1013) 100 = 55%
e) Qual as perdas?
P = 9,27 * 1013 - 5,10 * 1013 = 4,17 * 1013 = 45%
CAUSAS:
i) Na combustão, devido à umidade da madeira

25
ii) Nos gases gerados durante a carbonização (CO, CO2, alcatrões,
H2O, etc.)
Estas são perdas inevitáveis. Pode-se, no entanto, minimizá-la
através da recuperação e uso de alguns produtos gerados, presentes no líquido
pirolenhoso, que é formado por duas frações o ácido pirolenhoso e o alcatrão
insolúvel. O alcatrão insolúvel pode ser usado como combustível, pois possui
características semelhantes ao óleo diesel.
f) Qual a energia perdida por hora?
1 ano = 365 dias * 24 horas = 8760 horas
4,17 * 1013 kcal ----- 8760 horas
x kcal ---------- 1 hora
x = 4.760.273.973 kcal/h
g) Sabendo-se que 1 Kw.h = 860 kcal (se a transformação fosse
100%) e que a eficiência da transformação do combustível (carvão) em energia
elétrica é de 0,40. Qual seria a energia perdida em Kw?
EP(kw) = (4.760.273.973/860) * 0,40 = 2.214.081 kw.
h) COM A RECUPERAÇÃO DO ALCATRÃO - São
recuperados 84kg de alcatrão por tonelada de carvão produzido, cerca de 3% em
relação ao peso da madeira seca.
Total de alcatrão produzido por ano = 84 * 7.725.000 = 648.900.000
kg/ano = 648.900 t/ano
O Poder Calorífico do alcatrão é 60% do óleo diesel, ou seja, de
6.000 kcal/kg
A capacidade calorífica do alcatrão = 6.000.000 * 648.900 = 3,98 *
12
10 kcal/ano
Somando-se este valor com o obtido para o carvão vegetal (item c)
tem-se:
5,10 * 1013 + 3,98 * 1012 = 5,489 * 1013 kcal/ano
A eficiência da transformação = 5,489 * 1013/9,27 * 1013 = 59%

13. CONTROLE GENÉTICO DAS PROPRIEDADES DA MADEIRA E DO


CARVÃO VEGETAL

Neste item serão apresentados dados relativos ao controle genético sobre as


características de qualidade e rendimentos do carvão vegetal. Os resultados
apresentados são da dissertação de MARIA CAROLINA GASPAR BOTREL

26
(2006), que trabalhou com 9 clones de eucaliptos e carbonizações em escala de
laboratório.

13.1. CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO (DIÂMETRO, ALTURA


E VOLUME INDIVIDUAL)

O Quadro 7 apresenta o resumo da análise de variância para as características


de crescimento da árvore. Observa-se que o efeito de clone foi significativo, que os
coeficientes de herdabilidade clonal (h2c) foram elevados para todas as
características e que o ganho genético foi mais elevado para o volume individual
(25,55%).
A relação CVc/CVe, foi superior à unidade, sendo obtidos valores de 1,52
para o DAP e 1,46, tanto para a altura como para o volume estimado. De acordo
com Kageyama (1980) e Vencovsky (1978) a relação CVc/CVe, juntamente com a
herdabilidade, é indicativo das possibilidades de ganhos genéticos com a seleção.
Assim, a razão CVc/CVe maior que 1,0 indica condição favorável à seleção,
conforme já mencionado, pois a variação genética supera a ambiental.
QUADRO 7 – Resumo da análise de variância e estimativa dos parâmetros
genéticos para diâmetro à altura do peito sem casca (DAP), altura
total (HT) e volume sem casca em clones de Eucalyptus spp., aos
78 meses de idade

Fonte de Quadrados médios


G.L.
Variação DAP (cm) HT (m) Volume (m3)
Clones 8 8,66** 6,31** 0,009**
Resíduo 18 1,09 0,85 0,001
Média 16,6 24,3 0,2448
CVe (%) 6,29 3,79 13,98
CVc (%) 9,56 5,54 20,46
σ2f 2,89 2,10 0,0029
σ2e 0,36 0,28 0,0004
φ2c 2,52 1,82 0,002
h2c 87,40 86,47 86,52
CVc/CVe 1,52 1,46 1,46
Ganho 1,99 1,68 0,0625
Ganho (%) 12,00 6,91 25,55
**Significativo, pelo teste de F (p ≤ 0,01).
CVe: coeficiente de variação experimental, CVc: coeficiente de variação genética, σ2f: variação fenotípica,
σ2e: variação ambiental, φ2c: componente quadrático genotípico, h2c: coeficiente de determinação genotípica,
CVc/CVe: índice de variação; Ganho (%): ganho genético esperado com a seleção de 2 clones.

27
13. 2. PROPRIEDADES FÍSICAS (DENSIDADE BÁSICA E SECA E
MASSA SECA ESTIMADA)

O Quadro 8 apresenta o resumo da analise de variância para densidade básica


da madeira e a estimativa de massa seca. Observa-se que o efeito de clone foi
significativo, que os coeficientes de herdabilidade clonal (h2c) foram elevados para
todas as características e que o ganho genético foi mais elevado para massa seca
estimada (27,58%).
A relação entre o coeficiente de variação genético e o coeficiente de variação
experimental (CVc/CVe) obtidos para essas três características foram maior que a
unidade.

QUADRO 8 – Resumo da análise de variância e estimativa dos parâmetros


genéticos para densidade básica (DB), densidade seca (DS) e
massa seca (MS) em clones de Eucalyptus spp., aos 78 meses de
idade

Fonte de Quadrados médios


G.L.
Variação DB (g/cm3) DS (g/cm3) MS (kg/árvore)
Clones 8 0,0033** 0,0058** 3032,91**
Resíduo 18 0,0006 0,0012 500,29
Média 0,525 0,679 129,25
CVe (%) 4,49 5,03 17,30
CVc (%) 5,71 5,76 22,48
σ2f 0,0011 0,0019 1010,97
σ2e 0,0002 0,0004 166,76
φ2c 0,0009 0,0015 844,21
h2c 82,93 79,73 83,50
CVc/CVe 1,27 1,15 1,30
Ganho 0,037 0,049 35,65
Ganho (%) 6,98 6,89 27,58
**Significativo, pelo teste de F (p ≤ 0,01).
CVe: coeficiente de variação experimental, CVc: coeficiente de variação genética, σ2f: variação fenotípica,
σ2e: variação ambiental, φ2c: componente quadrático genotípico, h2c: coeficiente de determinação genotípica,
CVc/CVe: índice de variação; Ganho (%): ganho genético esperado com a seleção de 2 clones.

28
13.3. ANÁLISE QUÍMICA DA MADEIRA

O Quadro 9 apresenta o resumo da análise de variância para teor de cinzas e


de lignina e da massa estimada de lignina na madeira, assim como as estimativas dos
parâmetros genéticos e fenotípicos. Observa-se que o efeito de clone foi
significativo, que os coeficientes de herdabilidade clonal (h2c) foram elevados para
todas as características e que o ganho genético foi mais elevado para massa estimada
de lignina (33,46%).
A relação entre o coeficiente de variação genético e o coeficiente de variação
experimental (CVc/CVe) foi maior que a unidade, somente para o teor de lignina na
madeira e a estimativa de massa de lignina.
O teor de cinzas na madeira apresentou relação CVc/CVe menor que a
unidade.

QUADRO 9 – Resumo da análise de variância e estimativa dos parâmetros


genéticos para teor de cinzas na madeira (TCz), teor de lignina e
massa estimada de lignina em clones de Eucalyptus spp., aos 78
meses de idade

Quadrados médios
Fonte de
G.L. Massa lignina
Variação TCz (%) Lignina (%)
(kg/árvore)
Clones 8 0,0065* 17,79** 362,85**
Resíduo 18 0,0025 2,74 48,27
Média 0,15 29,55 38,26
CVe (%) 33,03 5,60 18,16
CVc (%) 24,42 7,58 26,77
σ2f 0,0022 5,93 120,95
σ2e 0,0008 0,91 16,09
φ2c 0,0013 5,02 104,86
h2c 62,12 84,61 86,70
CVc/CVe 0,74 1,35 1,47
Ganho 0,04 2,77 12,80
Ganho (%) 25,72 9,36 33,46
**Significativo, pelo teste de F (p ≤ 0,01).
* Significativo, pelo teste de F (p ≤ 0,05).
CVe: coeficiente de variação experimental, CVc: coeficiente de variação genética, σ2f: variação fenotípica,
σ2e: variação ambiental, φ2c: componente quadrático genotípico, h2c: coeficiente de determinação genotípica,
CVc/CVe: índice de variação; Ganho (%): ganho genético esperado com a seleção de 2 clones.

29
13.4. RENDIMENTOS DO PROCESSO DE CARBONIZAÇÃO

A avaliação dos rendimentos obtidos no processo de carbonização é de


extrema importância quando o material estudado se destina à produção de carvão
vegetal.
O Quadro 10 apresenta o resumo da análise de variância para as
características de rendimento do processo de carbonização. Pode-se observar que
somente as características rendimento gravimétrico em carvão (RGC) e rendimento
em carbono fixo (RCF) apresentaram efeito de clone significativo (p ≤ 0,01). Para o
rendimento em líquido pirolenhoso (RLP) e gases não condensáveis (RGNC), o
efeito de clone foi não significativo.
Os coeficientes de herdabilidade clonal (h2c) foram elevados para o
rendimento gravimétrico em carvão vegetal e o rendimento em carbono fixo e o
ganho genético não foi muito diferente entre essa duas características.

QUADRO 10 – Resumo da análise de variância e estimativa dos parâmetros


genéticos para o rendimento gravimétrico em carvão (RGC),
rendimento em carbono fixo (RCF), rendimento em líquido
pirolenhoso (RLP) e rendimento em gases não condensáveis
(RGCN), em clones de Eucalyptus spp., aos 78 meses de idade

Fonte de Quadrados médios


G.L.
Variação RGC (%) RCF (%) RLP (%) RGNC (%)
Clones 8 6,92** 2,55** 14,61 ns 7,78 ns
Resíduo 18 1,55 0,32 8,53 5,23
Média 35,03 25,97 45,44 19,53
CVe (%) 3,56 2,20 6,43 11,71
CVc (%) 3,82 3,32 - -
σ2f 2,31 0,85 - -
σ2e 0,52 0,11 - -
φ2c 1,79 0,74 - -
h2c 77,53 87,27 - -
CVc/CVe 1,07 1,51 - -
Ganho 1,58 1,08 - -
Ganho (%) 4,51 4,16 - -
ns
Não significativo
**Significativo, pelo teste de F (p ≤ 0,01)
CVe: coeficiente de variação experimental, CVc: coeficiente de variação genética, σ2f: variação fenotípica,
σ2e: variação ambiental, φ2c: componente quadrático genotípico, h2c: coeficiente de determinação genotípica,
CVc/CVe: índice de variação; Ganho (%): ganho genético esperado com a seleção de 2 clones.

30
13.5. ANÁLISE QUÍMICA IMEDIATA DO CARVÃO VEGETAL E
DENSIDADE BÁSICA RELATIVA APARENTE

O Quadro 11 apresenta o resumo da análise de variância para as


características químicas do carvão vegetal e densidade relativa aparente. Observa-se
que o efeito de clone foi significativo (p ≤ 0,05) somente para a densidade relativa
aparente do carvão vegetal. Para o teor de materiais voláteis, o teor de cinzas e de
carbono fixo, o efeito de clone foi não significativo. Este resultado já era esperado,
visto que estas características são muito influenciadas pela temperatura final de
carbonização, a qual foi a mesma no presente estudo.

QUADRO 11 – Resumo da análise de variância e estimativa dos parâmetros


genéticos para teor de materiais voláteis (TMV), teor de cinzas no
carvão (TCz), teor de carbono fixo (TCF) e densidade relativa
aparente (DRA), em clones de Eucalyptus spp., aos 78 meses de
idade

Fonte de Quadrados médios


G.L.
Variação TMV (%) TCz (%) TCF (%) DRA (g/cm3)
Clones 8 7,54 ns 0,01 ns 7,56 ns 0,004*
Resíduo 18 7,24 0,0098 7,23 0,002
Média 25,50 0,25 74,25 0,336
CVe (%) 10,55 40,29 3,62 11,174
CVc (%) - - - 8,391
σ2f - - - 0,0013
σ2e - - - 0,0005
φ2c - - - 0,0008
h2c - - - 62,85
CVc/CVe - - - 0,75
Ganho - - - 0,030
Ganho(%) - - - 8,93
ns
Não significativo
*Significativo, pelo teste de F (p ≤ 0,05)
CVe: coeficiente de variação experimental, CVc: coeficiente de variação genética, σ2f: variação fenotípica,
σ2e: variação ambiental, φ2c: componente quadrático genotípico, h2c: coeficiente de determinação genotípica,
CVc/CVe: índice de variação; Ganho (%): ganho genético esperado com a seleção de 2 clones.

31
14. PARTE PRÁTICA DO CURSO

OBJETIVOS

a) Carbonização de madeira em escala de laboratório - simulação do processo


contínuo;
b) Determinação dos rendimentos da carbonização, líquido pirolenhoso, gás não
condensável e em carbono fixo - com base no peso da madeira seca;
c) Realização da Análise Química Imediata do carvão vegetal - determinando-se os
teores de umidade, de materiais voláteis, de cinzas e de carbono fixo;
d) Determinação da densidade relativa aparente, densidade relativa verdadeira e da
porosidade do carvão vegetal.

MATERIAL NECESSÁRIO

- Madeira de Eucalyptus spp, cerca de 500g secas em estufa a 105 ± 3 oC;


- Serragem de madeira de Eucalyptus spp, cerca de 10 g, aquela que passar pela
peneira de 40 e ficar retida na de 60 mesh;
- Estufa regulada em 105 ± 3 oC;
- Balança eletrônica de 2 kg, com precisão de 0,01g;
- Balança analítica de 160g, com precisão de 0,0001g;
- Forno elétrico (mufla) adaptado para a carbonização;
- Cadinhos de porcelana - tamanho médio;
- Mufla com regulagem para 1200 oC, que será usada na análise química do carvão;
- Picnômetros de 50 ou 250 ml - densidade relativa verdadeira;
- Dessecador tamanho médio;
- Copo de becker de 500 ml;
- Manta de aquecimento ou chapa de aquecimento;
- Peneiras de 32 e 100 mesh - análise química imediata;
- Peneiras de 200 e 270 mesh - densidade relativa verdadeira;
- Saco plástico - guardar o carvão produzido;
- Vidro de 100 ml (boca larga) e;
- Etiquetas para a identificação do material.

32
PROCEDIMENTO DA CARBONIZAÇÃO

A carbonização será realizada em um forno elétrico (mufla) adaptado,


conforme ilustração mostrada na Figura 4. O controle do aquecimento será manual
com incrementos de 50 oC a cada 30 minutos, o que corresponde a uma taxa média
de 1,67 oC/minuto. A temperatura inicial será de 100 oC e a temperatura final será
de 450 oC, ficando estabilizada por um período de 30 minutos. O tempo total de
carbonização será, portanto, de 4 horas. Será utilizada cerca de 500 g de madeira,
previamente seca em estufa a 105 ± 3 °C.

B
A
A = Cápsula de Pirólise
B = Forno Elétrico (Mufla)

C C = Condensador Resfriado
a Água
D = Frasco Coletor

FIGURA 4 - Esquema Ilustrativo do Aparelho Usado para Carbonizar a Madeira

14.1. ANÁLISES FÍSICAS E QUÍMICAS NO CARVÃO VEGETAL

Essas análises correspondem a um conjunto de determinações que, permitem


avaliar a qualidade do carvão vegetal, segundo as diversas características desejadas,
quanto ao seu emprego. As análises estão assim divididas:

ANÁLISE FÍSICA
1.1. Densidade a granel – Norma ABNT NBR 6922/81
1.2. Densidade relativa aparente – Norma ASTM D 167-73 (adaptada)
1.3. Densidade relativa verdadeira – Norma ABNT NBR 9165
1.4. Porosidade – Norma ASTM D 167-73
1.5. Teste de tamboramento – Norma ABNT MB 1375-80
1.6. Teste de queda – Norma ABNT 7416-84
1.7. Poder calorífico superior – Norma ABNT NBR 8633

33
ANÁLISE QUÍMICA IMEDIADA - NBR 8112 da ABNT (D-1762-64 da ASTM)
1.8. Umidade (base seca)
1.9. Materiais voláteis
1.10. Teor de cinzas
1.11. Teor de carbono fixo

15. DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS DE ANÁLISE

15.1. ANÁLISE FÍSICA

1.1. Densidade a granel Norma ABNT NBR 6922/81

Material:
 Caixa de paredes rígidas de 60 x 60 x 60 cm, dimensões internas;
 Balança com capacidade suficiente, com precisão de 50 g.
Procedimento:
 Anotar a tara (peso) da caixa inicialmente (M1).
 Encher a caixa, cuidadosamente, evitando queda das peças de carvão
de alturas superiores a 5,0 cm do topo da caixa.
 Procurar como ponto de queda o centro da caixa. Quando o vértice da
pirâmide de empilhamento atingir o nível da caixa, deslocar os
pontos de queda para outros espaços vazios.
 Pesar a caixa cheia de carvão (M2)
Cálculo:
M 2 − M1
Dag = , Kg/m3
V
onde V = 0,216 m3.

1.2. Densidade Relativa Aparente Norma ASTM D 167-73 (adaptada)

Material:
 Carvão vegetal que passar pela peneira de 19 mm e reter na de 12 mm,
usar 500g de carvão seco em estufa a 105 ± 3 °C;
 Galão de 36 cm de altura e 28 cm de diâmetro, contendo um cano, de 1,0
cm de diâmetro e 15 cm de comprimento, colocado a 9,0 cm da sua borda
superior, que funciona como um ladrão;
 Cesto cilíndrico de arame (malha de 10 mm), com altura de 15 cm e
diâmetro de 25 cm;
 Balança de precisão;

34
 Dessecador;
 Estufa a 103 ± 2 °C.
Procedimento:
 Pesar 500 g de carvão precisamente seco em estufa, com uma
granulometria de 19 -12 mm;
 Encher o galão, contendo o cesto vazio, de água até passar pelo cano
(ladrão), que estará tampado, deixar que a água fique nivelada
(Figura 5);
 Destampar o cano (ladrão) e deixar que a água atinja outro ponto de
referência (nivelamento), assim que parar de sair água pelo cano
fechá-lo novamente;
 Tirar o cesto, com cuidado para não perder água do galão, e colocar o
carvão seco no seu interior, fechar e mergulhá-lo dentro d'água
novamente;
 Esperar por um período de 15 a 20 minutos. Destampar o cano
novamente e recolher a água deslocada em um copo becker de 1000
ml. Anotar o volume ou pesar a quantidade de água deslocada;
 Tirar o carvão do cesto, deixar o sair o excesso de umidade
superficial e então pesá-lo.
15 cm

9 cm

36 cm tubo de 1,0 cm de diâmetro

28 cm cesto: diâmetro = 25 cm
altura = 15 cm
malha = 1,0 cm
FIGURA 5 - Esquema ilustrativo do galão usado na medição da densidade relativa
aparente

Cálculo:
Pcs
DRA = , dada em g/cm3
Pad + (Pcu − Pcs )
onde, Pcs, Pad e Pcu são o peso do carvão seco, da água deslocada e do carvão úmido
(molhado), respectivamente;
 Considerar que a ρH2O = 1 g/cm3

35
A Densidade Relativa Aparente pode ser determinada também pelo
método de imersão em água (método hidrostático).

1.3. Densidade Relativa Verdadeira Norma ABNT NBR 9165

A densidade relativa verdadeira representa a densidade das substâncias que


formam o carvão vegetal.
Material:
 Carvão moído, sendo aquele que passar pela peneira de 200 e ficar retido
na de 270 mesh;
 Picnômetro de 50 ou 250 ml;
 Seringa com agulha fina, para ajudar a completar o nível do picnômetro;
 Balança de precisão;
 Estufa de secagem;
 Moinho;
 Dessecador;
 Manta de aquecimento.
Procedimento:
 Pesar o picnômetro completamente cheio de água (Ppa);
 Secar o picnômetro na estufa e após isto colocar 10 g de carvão
moído 200 - 270 mesh, no de 250 ml, ou 2 g no de 50 ml;
 Colocar água até 2/3 do volume do picnômetro;
 Colocar na manta de aquecimento e deixar ferver por 1 hora;
 Deixar esfriar e completar o volume do picnômetro com água
destilada e pesar (Ppca);
Cálculo:
Pcs
DRV =
Pcs − (Ppca − Ppa )
onde Pcs, Ppca e Ppa são o peso do carvão seco, do picnômetro com o carvão e a água
e do picnômetro com água, respectivamente.

1.4. Porosidade Norma ASTM D 167-73

36
É dada pela relação existente entre as densidades relativa aparente e
verdadeira do carvão vegetal. É uma estimativa da quantidade de vazios existentes
no carvão vegetal. É determinado da seguinte maneira:
 DRA 
PO = 100 − 100 
 DRV 

1.5. Teste de Tamboramento Norma ABNT MB 1375-80

Material:
 Peneiras de 13, 25 e 38 mm;
 Tambor de chapa de aço de 1/4” com diâmetro 30 cm e 25 cm de
comprimento;
 Contador de giros;
 Sistema para girar o tambor a 35,5 rpm;
 Balança de sensibilidade de 10 g.
Procedimento:
 Tomar 500 g de carvão que passar na peneira de 38 e ficar retido na
de 25 mm;
 Colocar no tambor fazendo-o girar 35,5 rpm por 500 voltas;
 Retirar e passar pela peneira de 13 mm;
 Pesar o carvão que passar pela peneira de 13 mm (Pf).
Cálculo:
Pf
%Finos = x100
500

1.6. Teste de Queda Norma ABNT 7416-84

Material:
 Caixa com 70 x 45 x 25 cm com fundo em forma de porta (falso), para abri
com rapidez;
 Piso de cimento liso ou com chapa metálica de 1,0 cm de espessura em
forma de bandeja;
 Peneiras de 9,5, 32, 38 e 50 mm;
 Balança com sensibilidade até 50 g.
Procedimento:
 Colocar 10 kg de carvão dentro da caixa, carvão este passado na
peneira de 38 mm e recolhido na de 32 mm;
 Deixar cair de 1, 83 m de altura, por quatro vezes consecutivas;
 Classificar o carvão utilizando as peneiras de 32 e 9,5 mm;

37
 Determinar as frações em relação ao total inicial.
Cálculo:
Peso (≥ 32 mm )
% (≥ 32) = x100
10
Peso ( 32 / 9,5mm )
% (32/9,5) = x100
10
Peso (≤ 9,5 mm )
% (≤ 9,5) = x100
10

1.7. Poder Calorífico Superior Norma ABNT NBR 8633

PODER CALORÍFICO SUPERIOR (PCS): a água gerada ou vaporizada na


combustão não sai do sistema, sendo recuperada na forma líquida. Não ocorre a
perda do calor de vaporização da água.
PODER CALORÍFICO INFERIOR (PCI): o calor de vaporização da água é
perdido, sendo portanto um valor menor que o poder calorífico superior.
CALORÍMETRO ADIABÁTICO: a combustão ocorre adiabaticamente, ou seja,
sem envolver trabalho ou variação de energia cinética ou potencial, sem ocorrer
perdas.
Relação entre PCI e PCS:
PCS− 600(U + 9H)
PCI =
1+ U
onde U é o teor de umidade do material (base seca) e H é o teor de hidrogênio.
Material:
 Calorímetro adiabático;
 Bomba calorimétrica;
 Fio PARR 45C10 (Niquel-Cromo);
 Serragem de madeira, aquela que passar pela peneira de 40 e ficar retida na
de 60 mesh;
 Balança de precisão; e
 Cilindro de oxigênio.
Procedimento:
 Pesar 1,0 g de serragem de madeira em uma cápsula metálica usada
no calorímetro;
 Colocar a amostra dentro da bomba calorimétrica convenientemente;
 Adicionar oxigênio suficiente para promover a completa combustão
da amostra;
 Introduzir a bomba calorimétrica no interior do calorímetro;

38
 Com o calorímetro ligado, deixar que a sua temperatura interna
estabilize, em seguida anote-a como ti;
 Faça a ignição ou queima da amostra;
 Espere que a temperatura interna do calorímetro estabilize
novamente, em seguida anote-a como tf;
 Retire a bomba calorimétrica do calorímetro e abra-a com cuidado
retirando o excesso de oxigênio lentamente para evitar perdas de
ácido nítrico formado;
 Lavar a bomba com água destilada recolhendo uma amostra para a
titulação com o carbonato de sódio (0,07 N), usar como indicador
metil orange (pH do ponto de viragem 4,2). Essa titulação é para
determinar a concentração de ácido nítrico formado que deve ser
descontado do poder calorífico superior. Cada ml gasto do carbonato
de sódio na titulação equivale a 1 cal, anotar o volume gasto como
sendo uma constante;
 Medir o fio de Níquel-Cromo, usado para dar início à ignição do
material, que foi gasto e anotar como sendo outra constante, que deve
ser descontada do poder calorífico superior, esse valor corresponde à
energia de ativação que dá início à combustão.
 Calcular o poder calorífico conforme o tipo de calorímetro usado.

15.2. ANÁLISE QUÍMICA IMEDIATA

Norma: NBR 8112 da ABNT (D-1762-64 da ASTM)

Objetivo: Determinar os teores de umidade, de materiais voláteis, de cinzas e, por


diferença, o de carbono fixo.
Material:
 Carvão vegetal moído que passou na peneira de 40 e ficou recolhido na de
60 mesh;
 Balança analítica, com precisão de 0,0001 g;
 Cadinhos de porcelana, tamanho médio, com tampa;
 Forno elétrico mufla com regulagem de temperatura até 1200 °C;
 Estufa de laboratório;
 Dessecador completo.
Procedimento:
 Pesar 1,0 g de carvão moído (40-60 mesh) no cadinho de porcelana
previamente tarado (Peso inicial da amostra);
 Levar para a estufa regulada em 105 ± 3 °C e deixar por duas horas;
 Tirar o material da estufa, após este período, em dessecador, deixar
esfriar por 15 minutos e pesar. Daqui tira-se o peso final da amostra.

39
CÁLCULO DA UMIDADE

Pi − Pf
U= x 100
Pf
onde Pi e Pf são os pesos iniciais e finais, respectivamente.
 Levar o material seco (cadinho tampado) para a mufla estabilizada
na temperatura de 950 °C;
 Deixar os cadinhos na extremidade externa da porta da mufla por 2
minutos, em seguida deixar por 3 minutos na borda. Este período é
para fazer o pré-aquecimento dos cadinhos, ou seja, uma ambiência,
para evitar que o cadinho se quebre devido ao choque térmico. Após
o acondicionamento dos cadinhos introduzi-los no interior da mufla e
deixar por 6 minutos, tirá-los em dessecador, deixar esfriar por 30
minutos e pesar novamente. Aqui se obtém o peso de material seco
sem a presença dos voláteis.

CÁLCULO DO TEOR DE MATERIAIS VOLÁTEIS


Pf − Pms
TMV = x 100
Pf
onde Pms é o peso de matéria seca, após 950 °C.
 Levar os cadinhos, agora sem tampa, para a mufla estabilizada em
750 °C. Deixá-los nesta condição por 6 horas. Passado este período,
retirar os cadinhos em dessecador, deixar esfriar por 30 minutos e
pesar. Aqui se obtém o peso do resíduo após a completa incineração
do material. O teor de cinzas representa a quantidade de componentes
inorgânicos no carvão.

CÁLCULO DO TEOR DE CINZAS


Pr
TCz = x 100
Pf
onde Pr é o peso do resíduo após a incineração à 750 °C.

CÁLCULO DO TEOR DE CARBONO FIXO:


TCF = 100 − (TMV + TCz)
onde TMV e TCz são o teor de materiais voláteis e o de cinzas respectivamente.

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16. LITERATURA CONSULTADA

BOTREL, M.C.G. Melhoramento genético do Eucalyptus para a biomassa


florestal e qualidade do carvão vegetal. Lavras, UFLA, 2006. 68 p. il. (Dissertação
de Mestrado em Florestas de Produção).
COQUE E ÁLCOOL A PARTIR DA MADEIRA/COALBRA. Álcool e emprego: o
impacto da produção de álcool de cana-de-açúcar e de madeira sobre a geração de
empregos. Brasília/DF, COALBRA, 170 p., 1983. (Cadernos COALBRA 3).
COQUE E ÁLCOOL A PARTIR DA MADEIRA/COALBRA. Produção de etanol
da madeira. Brasília/DF, COALBRA, 118 p., 1983. (Cadernos COALBRA 1).
FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS/CETEC. Manual
de construção e operação de fornos de carbonização. Belo Horizonte, CETEC, 55
p. 1982. (Série de Publicações Técnicas, 7).
FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS/CETEC.
Conservação de energia no processo de fabricação de cal em fornos rotativos. Belo
Horizonte, CETEC, 29 p. 1984. (Série de Publicações Técnicas, 4).
MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO. Tecnologia da produção de
etanol a partir da madeira. Brasília/DF, MIC, v 1, 190 p. 1981.
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA/MME. Balanço Energético Nacional 2005.
Brasília/DF, MME, 188 p., 2005 (ano base 2004).
PENEDO, W.R. Carvão vegetal: destilação, carvoejamento, propriedades, controle
de qualidade. Belo Horizonte, Fundação Centro Tecnológico de Minas
Gerais/CETEC, 173 p., 1982. (Série de Publicações Técnicas, 6).
PENEDO, W.R. Gaseificação da madeira e carvão vegetal. Belo Horizonte,
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC, 131 p., 1981. (Série de
Publicações Técnicas, 4).
PENEDO, W.R. Produção e utilização de carvão vegetal. Belo Horizonte,
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC, 393 p., 1982. (Série de
Publicações Técnicas, 8).
PENEDO, W.R. Uso da madeira para fins energéticos. Belo Horizonte, Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC, 158 p., 1980. (Série de Publicações
Técnicas, 1).

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