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Entretanto, dentre as técnicas de geoprocessamento que foram mencionadas, a que mais se destaca
são os SIG, por serem considerados instrumentos tecnológicos de suporte para a tomada de decisões
referente ao fenômeno estudado, seja ambiental, social e, principalmente, biológico e da saúde. Essa
tecnologia geográfica direciona um alvo na superfície da Terra através das suas coordenadas geográficas
para construção de mapas temáticos à base de simbologias por meio de ferramentas complexas, ao integrar
dados de diversas fontes que possibilitem a geração de banco de dados georreferenciados e que possam ser
manipulados adequadamente (BORGES & SANTOS, 2017).
Por sua vez, os SIG auxiliam na construção de mapas temáticos, facilitando a realização das
pesquisas, transformam-se em instrumentos válidos para auxiliar na
interpretação do evento para o planejamento, monitoramento e avaliação que direcionam as práticas
interventivas (NARDI et al., 2013). Há pouco tempo, o acesso
aos SIG para confecção desses mapas era restrito devido ao seu alto custo, hoje em dia, o acesso se tornou
democrático por causa do surgimento dos SIG gratuitos, a exemplos dos QGIS e o TerraView, ideais para
pesquisas nas áreas sociocultural, ambiental e da saúde pública (CHIARAVALLOTI-NETO, 2017).
A utilização de geoprocessamento e análise espacial são atualmente alternativas essenciais para a
implantação de práticas de controle e vigilância epidemiológica (CHIARAVALLOTI-NETO, 2017).
O estudo da análise espacial e geoprocessamento são ferramentas que vem sendo utilizadas no
apoio ao controle da esquistossomose e na previsão de quadros de expansão ou redução da distribuição
geográfica de caramujos em função das alterações climáticas globais (STENSGAARD et al., 2019). As
técnicas de análise espacial vêm sendo sistematicamente utilizadas para analisar padrões de distribuição de
espécies de caramujos do gênero Bulinus e Biomphalaria que colonizam regiões específicas da África
(MOSER et al., 2014). No Brasil, os SIGs vem sendo aplicados em estudos de distribuição de caramujos
hospedeiros intermediários de S. mansoni em relação a ocorrência da esquistossomose, principalmente em
áreas de alta endemicidade no estado da Bahia (CARDIM et al., 2011), Pernambuco (GOMES et al., 2018),
Minas Gerais (FONSECA et al., 2014) e Sergipe (SANTOS et al., 2016). Estudos utilizando os SIGs em
áreas de baixa endemicidade para a transmissão da esquistossomose são raros, como no estado de São
Paulo. Um exemplo a ser citado é o estudo realizado por ANARUMA FILHO et al. (2010) no município
de Campinas. Os autores conseguiram por meio de interpretação fotografias aéreas, hierarquizar os sítios
de transmissão da esquistossomose correlacionados a distribuição da doença, distribuição de caramujos, as
características da paisagem e das variáveis socioambientais, resultando na identificação de hotspots
endêmicos, indicando os locais ou sítios onde a vigilância e controle devem ser severos e constantes. E o
trabalho de Teles et al. (2014) no município de Bananal no qual fizeram um mapeamento dos focos de
parasitas com as coordenadas dos endereços de residência dos pacientes que foram diagnosticados, tratados
e dos caramujos infectados.
Os SIGs podem utilizar como fonte de dados variáveis climáticas como, por exemplo, temperatura,
além de dados de distribuição de Biomphalaria registrados na literatura, possibilitando, o uso de um modelo
estatístico, que possa formular e testar hipóteses explicativas para a distribuição dos hospedeiros
intermediários da esquistossomose no Brasil baseados nas diferenças climáticas encontradas nas diversas
regiões brasileiras (CARVALHO et al., 2017; GOMES et al., 2018). Outros exemplos de sua aplicação são
os estudos da distribuição da espécie Biomphalaria no Uruguai, Argentina (RUMI et al., 2017), China e na
África (YANG et al., 2018; FAN et al., 2018). Marengo et al. (2014) fizeram estudos de previsão de
aumento de precipitação para as próximas décadas no Brasil, em função das alterações climáticas globais,
que provavelmente teriam consequências com aumento do volume de água de todas as bacias hidrográficas
brasileiras. Estas alterações no regime das chuvas poderiam agravar o problema das enchentes, modificando
as planícies de inundação onde vivem os caramujos. Com isso, as espécies de Biomphalaria poderiam
cruzar as áreas naturais de distribuição geográfica, que poderá ampliar as áreas de distribuição e com isso
expandir para novas áreas o risco de transmissão da esquistossomose (GITHEKO et al., 2010), e assim
modificar a situação de risco dessa enfermidade.
Atualmente, há uma rede global para o controle de doenças transmitidas pelo caramujo, dentre elas
a esquistossomose, usando vigilâncias de satélite e SIG. Os modelos consistem na avaliação de dados do
modelo climático global, sensores de satélite, observação da terra, prevalência da doença, distribuição e
abundância de caramujos hospedeiros e mapas digitais de principais fatores ambientais que afetam o
desenvolvimento e propagação de agentes de doenças transmitidas pelo caramujo. Um site de Internet,
www.gnosisgis.org (Rede GIS infecções sobre caramujos) dá suporte com especial referência à
esquistossomose. (AKANDE & ODETOLA, 2013).