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Cartografia e

Geoprocessamento

Johny Henrique Magalhães Casado

Unidade 4
Unidade 4| Introdução

O campo geográfico, para ser uma


ciência consolidada, precisa de estudos,
pesquisa, levantamento de informações.
É justamente neste sentido que diversos
bancos de dados foram criados com este
tipo de informação, permitindo não só
aos geógrafos, mas a comunidade em
geral o acesso a tais levantamentos.
Fonte:Pixabay (2020)
Unidade 4| Objetivos
1. Conceituar a Ciência da Informação Geográfica.
2. Expor dados sobre a Análise Espacial dos Dados Geográficos.
3. Demonstrar registros de imagens.
4. Compreender informações e dados sobre os registros de imagens.
1. O que é a Ciência da Informação Geográfica

Muitos usam diariamente as planilhas


eletrônicas que passamos com o tempo
a denominar Excel, mas que na verdade
é o nome dado ao software de planilhas
eletrônicas desenvolvido e distribuído
pela Microsoft no mundo todo. Mas o
que muitos não percebem é que estão
lidando com dados, organizados e
tratados, mas simples dados, cujo
significado e utilidade são criados pelo
usuário.
Fonte: Pixabay (2020).
A análise dos dados gera a informação que pode ser utilizada na pesquisa
científica, no mundo corporativo, na escola e na faculdade. Enfim, o mundo só
gira se a informação girar com ele. Assim, podemos dizer que a Ciência da
Informação entra para estudar e analisar todo o processo ligado à informação,
da captação dos dados até a disponibilidade desta informação.

Desta forma, temos que o ponto central da Ciência da Informação (CI) está na
sua contribuição e fomento à pesquisa como um todo e também para o
fenômeno da informação e suas variantes e formas. Busca, como ciência,
compreender a dinâmica da construção da informação, bem como seu papel
social e contexto (SILVA, 2016).
Com tantas inovações tecnológicas, a internet, a computação em nuvem,
temos um cenário atual no qual dados e informações são, cada vez mais,
valiosos, o que coloca a CI em evidência e eleva a importância de termos como
Data Mining, a mineração de dados que usa algoritmos para relevar
informações úteis aos negócios.

Neste sentido, Le Coadic (2004 apud Silva 2016, p. 14) apresenta a CI como
sendo uma área que deve estudar o homem em sua comunidade para que se
possa compreender o aspecto social inerente a esta relação dele com a
informação. Assim, com apoio de outras disciplinas, pode contribuir para
solucionar problemas informacionais, desenvolvendo pesquisas muito mais
densas e aprimoradas.
1.1. O que é a Ciência da Informação Geográfica

Para a Geografia, a estatística e seus


métodos foram incorporados em sua
produção de informação, fato que se
consolidou, após a década de 1960. Com
tais métodos, a estatística ofereceu à
Geografia as tão demandadas correlações
dos fenômenos analisados e seu aspecto
espaço- temporal.
Fonte: Mobimais (2020).
À medida que se estrutura a informação para o seu uso na Geografia,
podemos perceber o quão amplo é seu escopo ao não se resumir em sua
produção e uso, pois existem outras etapas, por exemplo, a coleta dos
dados e suas diferentes técnicas que segundo Sales (2017) envolvem
questões que se relacionam com a escala espacial e temporal da
amostragem. Em seguida, tais dados são processados estatisticamente e
ordenados e parâmetros básicos são calculados.
Tanto a CI quanto a estatística são agregadas à Geografia e, desta forma,
surge a disciplina denominada CIG, ou seja, Ciência da Informação
Geográfica, termo cunhado por Michael Goodchild, em 1992, e que por sua
vez promove, desde a aquisição até a visualização dos dados geográficos para
que seja possível realizar a especialização de sua forma de armazenamento,
manipulação e uso de tal informação.

Agora o SIG, cujo G representa a geográfica, é um sistema que também


promove apoio à tomada de decisão, mas faz isso permitindo que o operador
controle o monitoramento de eventos. No SIG, os eventos são reportados
pela sua localização, no tempo e espaço, e também operam nas áreas da
Cartografia, do Geoprocessamento, do Sensoriamento Remoto etc.
2. Conceito de análise espacial

No SIG, são tratados dados da análise


espacial; um conjunto de metodologias
estatísticas, que ao serem aplicadas a dados,
incorporam a eles sua dependência espacial,
que faz parte da primeira lei da Geografia.

Fonte: Cereda Junior (2017).


A primeira lei da Geografia representa o fato de que se o fenômeno é
semelhante a outro, deve estar próximo, geograficamente, por exemplo: a
visualização da frequência da ocorrência de casos epidemiológicos em certa
região ou cidade; a distância a ser percorrida por uma pessoa com
enfermidade em busca de medicamento.

Os dados geográficos, trabalhados pelos SIGs, necessitam serem devidamente


localizados no espaço, tanto quanto precisam estabelecer suas relações com
outros dados. A imagem a seguir apresenta o ciclo de inteligência dos dados
dos SIGs: modelar, especializar e integrar.
2.1. Banco de dados geográficos

De acordo com Leonardi (2020), os SIGs


dependem grandemente dos bancos de
dados, algo essencial ao estudo do
geoprocessamento, que produz grande
quantidade de dados espaciais, vetores e
matrizes.

Fonte: Leonardi (2020).


A justificativa da importância do banco de dados para os SIGs está no
crescente aumento no volume de dados produzidos, em parte pelo
próprio trabalho feito pelo geoprocessamento de dados cartográficos.

Assim, o SIG apresenta o SGBD, ou seja, Sistema de Gerenciamento de


Banco de Dados, no qual “o uso do SGBD permite, ainda, realizar, com
facilidade, a interligação do banco de dados já existente com o sistema de
geoprocessamento” (CÂMARA; ORTIZ, 1998, p. 6 apud LEONARDI, 2020,
p. 88).
Sem a informática, os bancos de dados seriam estritamente físicos, nada
muito prático com o volume de dados que temos hoje, mas estes bancos
de dados são eletrônicos e agilmente gerenciáveis, inclusive em estrutura
remota, via internet. Mesclando Geografia, espaço e banco de dados,
constata-se que este banco precisa ser relacional, ou seja, dados e
tabelas vão se relacionar via campos- chave.

Sobre os SIGs é importante ressaltar que a letra S representa o termo


sistema e não software. Embora seja um software, faz parte de um
sistema composto por outros componentes como: software, hardware,
dados, pessoas e metodologia. Este é mais um caso no qual o somatório
dos componentes forma um todo muito maior e mais complexo.
3. Interpretação das imagens como objeto de
estudo

A Ciência Geográfica cresceu, consideravelmente,


nos últimos anos. Saudoso o tempo em que os
dados, informações e imagens eram capturados
de maneira “arcaica” e manual, exigindo do
pesquisador forte engajamento no objeto
pesquisado. Não se quer aqui levantar hipótese
que o empenho e dedicação da pesquisa
diminuíram, pelo contrário, a tecnologia
fomentou ainda mais o desejo de adentrar em
campos desta ciência não muito explorados. Fonte: Pixabay (2020).
Os registros de imagens se aproximaram do campo geográfico; ler uma
imagem significa interpretar o espaço geográfico, ainda que seja esta leitura
realizada por representações e signos visuais que acompanham a humanidade
durante sua trajetória.

Expondo o conceito de análise de imagem, chega-se a conclusão de que: “Ao


vermos uma imagem e estruturarmos em conceitos geográficos, estamos
praticando uma analogia de espaço real e perceptivo, material ou imaterial,
visual ou não, natural ou fabricada, uma “imagem” é antes de qualquer coisa
algo que se assemelha a outra coisa” (JOLY, 1996, p. 38).
Stephen Shore apresenta elementos que estruturam a linguagem fotográfica e
o forte vínculo entre imagens e fotografias, considerando que a fotografia
seleciona uma imagem “diante de casas, ruas, pessoas, árvores e objetos de
uma cultura, um fotógrafo impõe uma ordem à cena – simplifica a
desorganização ao lhe dar uma estrutura” (SHORE, 2014, p. 37).

A forma de organização e composição dos dois termos (imagem e fotografia)


expõe os referenciais das palavras. Portanto, em síntese, a Geografia é
considerada como todo conhecimento artístico ou científico que permite a
compreensão de outros saberes, bem como identifica a relação entre a forma
espacial de fenômenos, sendo passível de denominação, descrição e expressão
(SANTOS, 2007).
3.1. Interpretação das imagens como objeto de
estudo

O sufixo grafia tem o sentido de gravar, de


inscrever, ou seja, tem como foco a
extração de conteúdo que, por sua vez,
remete à uma codificação. Nesta seara, a
informação geográfica assemelha-se à
informação gráfica que é constituída pelo
conteúdo mental (interpretação) que deve
ser transferido (RIBEIRO, 2013).

Fonte: PANIZZA E FONSECA (2020.)


Quando examinamos a história do pensamento geográfico, percebemos que, embora não
sendo dominante, esta forma de compreender pelas imagens resulta em grande interesse
pelos pesquisadores. São várias as soluções gráficas apresentadas como: mapas, desenhos,
gravuras, esquemas, blocos-diagramas, fotografias, filmes etc, acompanhando o trabalho
dos geógrafos (RIBEIRO, 2013).

Além desta perspectiva, os geógrafos sentiram-se atraídos por representações mentais


como fontes de informação. Portanto, uma Geografia Interpretativa ganhou importância ao
mostrar sensibilidade, bem como a percepção, formação e recepção de imagens que
demonstram paisagens e lugares que por trás de belas imagens retratam importantes
objetos de pesquisa (ORTEGA, 2010).

As imagens não são os elementos que se representam, não têm as ligações químicas nem
tão pouco os fenômenos físicos aos quais estão presentes no real elemento. “De fato, nem
sempre é inútil lembrar que as imagens não são as coisas que representam, elas se servem
das coisas para falar de outra coisa” (JOLY, 1996, p. 84).
4. Registro de imagens via sensoriamento remoto

Podemos conceituar o sensoriamento


remoto como a obtenção de
informações de algo que está
localizado na Terra, na superfície
terrestre, mas tal processo ocorre sem
qualquer contato entre o sensor e o
objeto.
Fonte: DPI INPE (2021)
O resultado deste sensoriamento são imagens geralmente captadas por sensores óticos
como os que equipam os satélites em órbita ao redor de nosso planeta azul. Estes
satélites captam a energia eletromagnética que o planeta reflete, gerando imagens usadas
em mapeamento, atualização da Cartografia, dados meteorológicos e até pesquisa de
impacto ambiental.

O sensoriamento é considerado uma técnica vital no desenvolvimento das sociedades,


pois este tipo de ferramenta permite a revelação de muitos dados geográficos, existentes
em espaços naturais e sociais, como a distribuição das áreas florestais, o avanço do
desmatamento, o crescimento das áreas urbanas etc. (PENA, 2021).

No contexto dos registros de imagens, o sensoriamento e a fotografia estão em plena


consonância. Os registros aéreos realizados, com a utilização de pombos ou balões,
passaram a captar imagens de superfícies que ajudaram no aprofundamento de estudos e
na produção de mapas. Além disso, estes registros propiciaram o reconhecimento de
territórios não explorados.
4.1. As imagens de satélite de alta resolução

As referências de escalas são de


suma importância para se ter uma
imagem de alta resolução. Observe
que em uma imagem de 0,5 metro
de resolução espacial do Parque
do Ibirapuera, em São Paulo, é
possível observar: casas, prédios
ruas, vias públicas, piscinas, lagos,
quarteirões etc.
Fonte: PANIZZA E FONSECA (2011).
A cada imagem, sendo de alta resolução ou não, é preciso interpretar de
forma visual as fotografias aéreas. As técnicas de interpretação visual podem
ser usadas, tanto nas fotografias aéreas quanto nas imagens de satélite. As
etapas da interpretação visual de imagens, da determinação à interpretação
dos objetos e fenômenos demandam o uso do raciocínio lógico e de
elementos de análise bem definidos.

A aquisição das fotografias aéreas demanda extremo feeling em relação à


preparação do voo, condições meteorológicas, velocidade do avião, a
estabilidade da aeronave, entre outras questões. Para fotografar uma área,
o avião voa em determinada direção (linha de voo), retornando, em
seguida, ou seja, faz o movimento da volta que deve traçar uma linha
paralela, em uma sequência que deve recobrir 30% da área (PANIZZA e
FONSECA, 2011).

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