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Revista Concilium, Vol.

22, Nº 6
DOI: 10.53660/CLM-544-612
ISSN: 1414-7327

Avaliação da eficácia de florais de Bach para controle da ansiedade em


alunos da Odontologia durante o período de provas.
Evaluation of the efficacy of bach flowers to control anxiety in dental students
during the exam period.
Heloisa Maria Peressin1*, Isabela Vaz da Costa1, Daniela de Cassia Faglioni Boleta-Ceranto¹

RESUMO
A ansiedade é um estado emocional negativo, constituído por sentimentos de nervosismo, preocupação,
apreensão e tensão, associados com a ativação do Sistema Nervoso Autônomo. Este estado é extremamente
frequente em acadêmicos, principalmente, no período de avaliações, o que pode interferir nos resultados
das mesmas. Vários são os métodos para minimizar este estado negativo, entre eles farmacológicos,
psicoterapêuticos e terapias complementares. Dentre estas últimas, os Florais de Bach se destacam. Sendo
assim, este estudo teve por objetivo verificar a efetividade das essências Florais de Bach (Rescue Remedy
e Mimulus), na redução da ansiedade pré-avaliações em acadêmicos do curso de Odontologia da
Universidade Paranaense - UNIPAR, campus Umuarama. Os resultados demonstraram que o tratamento
com floral foi capaz de controlar não apenas a ansiedade, mas também sentimento de medo, dos acadêmicos
em períodos pré-avaliações. Conclui-se que métodos alternativos como os florais podem ser opções viáveis
e seguras para auxiliar no controle da ansiedade.
Palavras-chave: Floral; Ansiedade; Odontologia; Acadêmicos.

ABSTRACT
Anxiety is a negative emotional state, consisting of feelings of nervousness, worry, apprehension and
tension, associated with the activation of the Autonomic Nervous System. This state is extremely frequent
in academics, especially during evaluations, which can interfere in their results. There are several methods
to minimize this negative state, among them pharmacological, psychotherapeutic, and complementary
therapies. Among the latter, the Bach Flower remedies stand out. Thus, this study aimed at verifying the
effectiveness of Bach Flower essences (Rescue Remedy and Mimulus) in reducing pre-assessment anxiety
in undergraduate dental students from Universidade Paranaense - UNIPAR, Umuarama campus. Results
showed that flower essence treatment was able to control not only anxiety, but also feelings of fear, in
students during pre-assessments. We conclude that alternative methods such as floral essences can be viable
and safe options to help control anxiety.
Keywords: Flowers; Anxiety; Odontology; Academic.

1
Univerisdade Paranaense.
*E-mail: dcboleta@prof.unipar.br
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INTRODUÇÃO
A ansiedade é um estado emocional negativo, constituído por sentimentos de nervosismo,
preocupação, apreensão e tensão, que pode alterar a modulação do sistema nervoso autônomo
(PINHEIRO, et al 2018). Este estado é extremamente frequente em acadêmicos (REIS, et al
2017), principalmente, no período de avaliações, o que pode interferir nos resultados delas.
A palavra ansiedade provém do grego “anshein”, que significa sufocar – oprimir
(MARSSELA, et al 2006). A ansiedade pode se manifestar em diferentes graus, desde um estado
que contribui a nossa sobrevivência (ansiedade normal) até estados patológicos. Com relação à
ansiedade normal, ela é a força propulsora para enfrentarmos as atividades diárias. Contudo, após
um determinado limite a ansiedade pode se tornar negativa, causando sintomas físicos
desagradáveis capazes de se manifestarem em alterações sistêmicas.
A ansiedade e o medo são condições e emoções consideradas diferentes (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). Como citado anteriormente, a ansiedade é uma
sensação vaga e difusa que nos leva a enfrentar com insucesso as situações agradáveis ou não. Já
o medo, que também é uma reação normal, difere da ansiedade porque é ligado a uma situação
ou objeto específico que apresenta perigo, real ou imaginário, e nos leva a evitá-lo. Entretanto,
quando esses processos, sejam eles de ansiedade ou medo, chegam em níveis exacerbados, eles
podem ser prejudiciais para saúde oral e sistêmica (CARLSSON et al., 2015).
Em busca de melhorar a qualidade de vida, de atingir um patamar mais elevado de saúde
evitando o consumo exagerado de medicamentos alopáticos, cada vez mais as pessoas aderem às
chamadas “terapias alternativas" já que não apresentam contraindicações ou efeitos colaterais
absolutos.
As terapias alternativas, agora chamadas de complementares, visam a assistência à saúde
do indivíduo (BARBOSA, et al 1994). A Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares no SUS - PNPIC, é uma política pública que se estabeleceu a partir de demandas
sociais recorrentes, manifestadas nas diversas Conferências Nacionais de Saúde, e das diretrizes
da Organização Mundial Saúde - OMS (BRASIL, 2006).
Foi aprovada em 2008 pelo fórum do Conselho Federal de Odontologia (CFO) a
regulamentação das práticas integrativas e complementares à saúde bucal. Dentre essas terapias
estão a acupuntura, a fitoterapia, a hipnose, a homeopatia, a laserterapia e os florais. A ideia é
habilitar essas práticas como recurso terapêutico aos procedimentos convencionais na clínica
odontológica (CFO, 2008).
Os Florais de Bach consistem em um tipo de terapia complementar, considerados
instrumentos de cura suave, utilizados desde a década de 30, porém aprovados pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) somente em 1956. São reconhecidos em mais de 50 países (MANTLE,
et al 1997).
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Por volta de 1930, o médico inglês Edward Bach, desenvolveu a terapia floral,
denominada Florais de Bach. Existe hoje uma ampla gama de florais: como Florais Canadenses,
Florais da Austrália, Florais de Minas, dentre outros. No entanto, o fundamento de sua atuação
permanece o mesmo em todos os sistemas.
Os florais atuam por ação vibracional e não química como a medicina alopática
(PASTORINO, 1989). O efeito terapêutico dos Florais ainda não foi totalmente esclarecido, mas
é passível de comprovação científica (SOUZA; et al 2006), sugeriram que os efeitos centrais dos
Florais de Bach podem ser detectados através de modelos farmacológicos específicos como
ocorre com os fármacos terapeuticamente reconhecidos. A terapia floral é útil em situações de
estresse emocional e na prevenção de doenças, pois acredita-se que as enfermidades têm como
principal causa o desequilíbrio energético. Os florais destinam-se ao tratamento da esfera psíquica
e não da esfera física (OLIVEIRA, 2007).
Mochizuki-Kawai H et al (2018) realizou uma pesquisa onde foi testado a terapia floral
como incentivo para pacientes com distúrbios neurocognitivos causados por acidentes vasculares
cerebrais. Os resultados se mostraram satisfatórios para as disfunções na memória visuoespacial
e reconhecimento de pacientes com distúrbios neurocognitivos.
Outro estudo realizado em crianças por Moreno Peña (2016) concluiu que 90% das
crianças do estudo apresentaram um grau de ansiedade menor durante o atendimento
odontológico.
Por seu mecanismo ser de ação energética não apresentam contraindicações. Os florais
não causam danos, efeito adverso ou criam dependência. Podem ser prescritos paralelamente a
qualquer outro tipo de medicação com absoluta segurança. Entretanto, não substituem o
tratamento convencional, pois agem como uma terapia complementar (CHANCELLOR, 2000).
É a perfeita ligação entre a alma, corpo e mente, que são representativos da existência de saúde,
trazendo uma visão de que algumas doenças são decorrentes de emoções reprimidas, com isto,
trabalhando as emoções o sintoma deve desaparecer, trabalho este realizado pelos Florais de Bach
(OLIVEIRA, 2020).
Os Florais de Bach foram divididos em sete grupos, conforme as necessidades de
tratamento: para medo, incerteza, desinteresse por circunstâncias atuais, solidão,
hipersensibilidade às influências e ideais, desalento e desespero (KAMINSKI, 1998). Nestes sete
grandes grupos, estão incluídos basicamente todos os desequilíbrios emocionais, onde de cada
grande grupo se desdobram em inúmeras variáveis.
O Rescue Remedy é uma associação de cinco dos medicamentos de Bach, utilizado para
emergências ou de grande desgaste emocional. O Rescue foi criado pelo Dr. Bach para casos de
emergência e é indicado para situações nas quais o indivíduo apresenta sensação de sofrimento
antecipado (MARQUES; 2006).
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Trata-se de uma combinação de 5 essências: o Impatiens, indicado para levar a pessoa à


calma e paciência consigo mesma; o Star of. Bethlehem, indicado para amenizar traumas; o
Cherry Plum, indicado para desenvolver a capacidade de agir racionalmente e com controle; o
Rock Rose, indicado para desenvolver a coragem e o estado mental de calma e paz e o Clematis
indicado em situações de perda dos sentidos, estados de coma, em casos de acidentes e situações
estressantes em que a pessoa tenha que manter o pé no chão (BACH, 2006).
O medo pode ser considerado a “fase antes” da grande ansiedade. Por serem intimamente
ligados, esses sentimentos devem ser tratados concomitantemente. O Mimulus é indicado para
pessoas que vivem em um constante estado de medo, timidez e nervosismo, devido a
circunstâncias desfavoráveis. Isso se aplica aos acontecimentos concretos, tais como exames,
cirurgias, uma aparição pública, entre outros. Além disso, o medo pode tirar a calma, abalar,
gerando uma inquietação, e até mesmo levar à ansiedade. A essência Mimulus vai trabalhar o
medo das coisas concretas, possibilitando a coragem para superá-lo e não o negar (MARQUES,
2006). Devido às suas características os Florais Mimulus e Rescue Remedy foram escolhidos para
o presente trabalho, cujo objetivo foi verificar a efetividade das essências citadas na redução da
ansiedade pré-avaliações em acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade Paranaense -
UNIPAR, campus Umuarama.

METODOLOGIA
Participaram do estudo os acadêmicos do quarto e quinto ano do curso de Odontologia
da Unipar campus Umuarama. Foi aplicada a Escala Analógica Visual (VAS) e a Escala HAD
(Avaliação do nível e de Ansiedade e Depressão), através de um formulário eletrônico para
avaliação do grau de ansiedade individual. A escala de VAS, é uma forma de auto-avaliação
quantitativa na qual, em uma folha com uma linha horizontal de dez centímetros, em escala de
zero a dez, o voluntário é instruído a marcar com uma linha vertical à medida que julga ser o grau
de sua ansiedade, considerando a esquerda da linha como nenhuma ansiedade e a sua direita como
máxima ansiedade. A Escala HAD é composta por 14 questões objetivas que cujas respostas são
numeradas, ao final faz-se a somatória dos números para chegar ao escore do avaliado.
Os alunos com um grau maior de ansiedade foram convidados a serem voluntários do
experimento. Os que aceitaram participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, antes do início do estudo.
A investigação foi do tipo duplo-cego, em que o avaliador dos questionários e os
voluntários não sabiam a que tratamento estavam sendo submetidos. Na primeira etapa, os
participantes assinaram o termo de consentimento e responderam os formulários para avaliação
do nível de ansiedade, e depois foram divididos em dois grupos aleatoriamente para o uso do
frasco com floral (A) ou do placebo (B), sem identificação, e foram instruídos a iniciar a terapia
uma semana antes do início da semana de provas e durante toda a semana, com a posologia de
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quatro gotas quatro vezes ao dia para ambos os grupos. O protocol experimental foi apreciado e
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos sob Parecer número 5.486.159.
A formulação do placebo foi realizada por uma farmácia de manipulação, onde foram
também comprados frascos dos florais de Bach. Passada a semana de provas, os voluntários
foram orientados a responder novamente as escalas do nível de ansiedade. Os resultados foram
tabulados em uma planilha do Excel e depois comparados entre si.

RESULTADOS
Dos 25 acadêmicos voluntários, 76% (n=19), do gênero feminino e 24% (n=6) do gênero
masculino, com idade média de 23 anos. Com relação ao uso de medicamentos contínuos para
ansiedade 88%, ou seja, 22 alunos relataram não utilizar, enquanto 12%, 3 alunos, relataram
utilizar medicamentos para ansiedade, desta forma, foram excluídos da amostra.
Foi aplicado um questionário composto por 14 perguntas e o teste da escala VAS, aos 22
participantes previamente ao uso dos florais e do placebo.
Aos voluntários foi solicitado descrever sobre sua sensação de tensão/contração antes do
início do experimento. Um total de 40% respondeu ficar tenso boa parte do tempo, o que denota
uma ansiedade leve, 16% a maior parte do tempo, significando ansiedade moderada, 36%
responderam sentir-se assim de vez em quando, caracterizando sinal subclínico de ansiedade e
apenas 8% não apresentou sintomas. A mesma pergunta foi feita após o protocolo experimental
tanto aos que estavam no grupo floral, quanto placebo. Os resultados estão demonstrados na
Figura 01.
Figura 01: Sensação de tensão, contração relatada pelos acadêmicos antes do procedimento
experimental, e após com o uso de florais e placebo.

Me sinto tenso (a), contraído (a)


70% 63,6%

60% 54,5%

50%
40%
36%
40%
30%
18,2% 18,2% 18,2%
16%
20%
8% 9,1% 9,1% 9,1%
10%
0%
sem sintomas sub-clínico leve moderado

inicial floral placebo

Fonte: Os autores (2022)


Com relação à avaliação sobre medo, como se algo fosse acontecer, a Figura 02
expressa os resultados antes do início do experimento, com o uso de florais e placebo.
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Figura 02: Sensação de medo, como se algo ruim fosse acontecer, descrita pelos acadêmicos
antes do procedimento experimental, e após com o uso de florais e placebo.

Medo de algo ruim acontecer

inicial

50% floral
45,5%
45% placebo
40% 36,4% 36% 36,4%
35%
30% 27,3% 27,3%
24% 24%
25%
20% 18,2%
16%
15%
9,1%
10%
5%
0,0%
0%
sem sintomas sub-clínico leve moderado

Fonte: Os autores (2022)


Quando questionado aos voluntários sobre as preocupações, no início do experimento
60% relataram ficar com a cabeça cheia de preocupações a maior parte do tempo. Dos voluntários
do grupo floral quando requeridos a respeito, apenas 27,3% relataram essa condição, ao passo que
dos que estavam no grupo placebo 54,5% relataram continuar com a cabeça cheia de
preocupações a maior parte do tempo (Figura 03).

Figura 03: Sensação relativo às preocupações relatadas pelos voluntários antes do procedimento
experimental, e após com o uso de florais e placebo.

Fonte: Os autores (2022)

Quando questionados sobre sentirem-se à vontade/relaxados, os resultados estão


expressos na Figura 04.
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Figura 04: A figura mostra a sensação de estar à vontade e sentir-se relaxado descrita pelos
voluntários antes do procedimento experimental, e após com o uso de florais e placebo.

Sentir-se à vontade/relaxado
50%
44%
45%
40% 36,4% 36,4% 36,4%
35%
30% 27,3% 28% 27,3% 27,3%
25%
20%
20%
15%
8% 9,1%
10%
5%
0,0%
0%
Sim, quase sempre Muitas vezes Poucas vezes Nunca

inicial floral placebo

Fonte: Os autores (2022)

Com relação ao fato de sentir medo, frio na barriga ou aperto no estômago, no início do
experimento 62% referiram sentir muitas vezes ou quase sempre essa sensação. Dos voluntários
que tomaram floral apenas 27,3% relataram este sentimento, e dos que estavam no grupo placebo
apenas 9,1% relataram “muitas vezes”, conforme pode ser visualizado pela Figura 05.

Figura 05: Relativo à sentir medo, frio na barriga ou aperto no estômago os voluntários
relataram antes do procedimento experimental, e após com o uso de florais e placebo.

Fonte: Os autores (2022)

Quando questionados sobre inquietude e dificuldade em ficar parado, no início somente


28% dos avaliados relatou não se sentir assim. Após o tratamento, dos que fizeram uso do floral
54,5% relataram não se sentirem inquietos e dos que usaram placebo a porcentagem foi de 45,5%,
dados expressos na Tabela 01.
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Tabela 01: Porcentagem relativa à sensação de inquietude e dificuldade em ficar parado.


Inicial Floral Placebo
Sim, demais 28% 27,3% 0%
Bastante 4% 0% 9,1%
Um pouco 40% 18,2% 45,5%
Não me sinto assim 28% 54,5% 45,5%
Fonte: Os autores (2022)

Quando questionados sobre a sensação de entrar em pânico, no início apenas 36% dos
voluntários referiram não ter esta sensação. Após o tratamento, dos que usaram floral 63,6%
referiram não ter esta sensação, e dos que usaram placebo apenas 36,4% não relataram sensação
de entrar em pânico.
A análise subjetiva do nível de ansiedade, realizada através de uma Escala Analógica
Visual de 0 a 10, em que zero é a menor ansiedade possível e dez a máxima, demonstrou que 60%
dos voluntários apresentavam um nível de ansiedade acima de 7 no início do experimento. Ao
final do experimento, com o uso do floral a ansiedade acima de 7 foi descrita por somente 36,4%
dos voluntários, a mesma porcentagem para o uso do placebo.

DISCUSSÃO:
No presente estudo, dos 25 alunos que responderam ao questionário inicial, foram
excluídos apenas 3 deles, que utilizavam medicamentos para ansiedade. Entretanto, outros
medicamentos, como aqueles usados para TDAH/hiperatividade, ou o uso de outras terapias
integrativas, como acupuntura, ozonioterapia, psicoterapia, fitoterapia não foram avaliados, e
estão comprovados na literatura como eficazes no controle da ansiedade. Contudo, seu uso não
foi questionado, o que poderia influenciar nos resultados e deve ser considerado em trabalhos
futuros. Durante todo o experimento não houve perda de amostra, ou seja, todos concluíram o
protocolo experimental.
Segundo Huntley (2019) medicamentos ansiolíticos, quando usados a longo prazo,
podem ter efeitos colaterais adversos e indesejáveis, tais como a dependência física, diminuir
reflexos, aumentar o sono, e podem causar perdas de memória. Diante disso, as terapias não
convencionais, como o uso de florais, acupuntura, e ozonioterapia, estão ganhando mais espaço
nos dias de hoje, pois, não causam alterações e efeitos colaterais.
Nossos resultados constataram que a ansiedade se encontra bastante presente em
acadêmicos matriculados no quarto e quinto ano do curso de Odontologia, o que corrobora os
resultados de Moutinho et al. (2017), que demonstraram que a ansiedade é um transtorno mental
muito recorrente entre os acadêmicos. A idade média dos participantes da amostra foi de 23 anos,
ou seja, são jovens, reafirmando que o transtorno de ansiedade está cada vez mais prevalente entre
as faixas etárias menores.
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Uma grande parte desses acadêmicos eram mulheres, estudos apontam que o sexo
feminino possui uma disposição maior à ansiedade que o sexo masculino, pela questão social e
desempenho na sociedade, assim como biologicamente são mais susceptíveis, devido às
expressões de emoções serem mais afloradas (BASUDAN, et al. 2017).
Na figura 1, foi questionado se os voluntários se sentiam tensos, ou contraídos,
inicialmente em um estado subclínico, 36% responderam se sentirem tensos de vez em quando,
depois do uso do floral, os números subiram para 54,5%, e com o placebo os números subiram
para 63,6%. Já referente a ficar tenso ou contraído, boa parte do tempo, inicialmente foram 40%
dos voluntários, e após o uso do floral esse número diminuiu para 18,2%, assim como o placebo.
Isso demonstra que tanto o grupo floral quanto o grupo placebo tiveram resultados na redução da
ansiedade, isso pode ser justificado pelo impacto emocional em estar sendo submetido a um
tratamento, mesmo que seja sem efeito comprovado, como o placebo. J
A figura 2 demonstra os resultados a respeito do medo de algo ruim acontecer,
considerando um estado leve, inicialmente 36% dos participantes relataram essa condição, já os
que usaram floral foram 9,1%, que relataram essa condição, e os que usaram placebo 36,4%.
Novamente reforça que o tratamento com floral reduziu não apenas a ansiedade, mas também o
medo relatado pelos voluntários.
O organismo humano possui distintos tipos de energia, cada sentimento ou sintoma gera
no corpo um tipo de energia diferente. As flores utilizadas na terapia floral possuem, prótons,
elétrons e nêutrons, e quando adentram o organismo geram uma vibração diferente. Ao ingerir o
floral a energia composta na flor vibra de forma positiva, de acordo com o que o indivíduo precisa,
assim podemos explicar a redução do transtorno de ansiedade (ROCHA & BEZERRA, 2019).
Por isso, quando os florais entram em contato com o organismo, e são utilizados de uma forma
contínua, ele causa uma melhora nos sintomas ansiosos. Sendo assim, o uso dos florais e do
placebo, levou os voluntários a se sentirem menos tensos e consequentemente o medo de algo
ruim acontecer também diminuiu.
A figura 03 demonstra os resultados quando os voluntários foram questionados sobre as
preocupações, no início do experimento 60% relataram ficar com a cabeça cheia de preocupações
a maior parte do tempo. Ao passo que os voluntários que foram submetidos ao tratamento com
floral, apenas 27,3% relataram essa condição, e os que estavam no grupo placebo, 54,5%
relataram continuar com a cabeça cheia de preocupações a maior parte do tempo. Não é incomum
o indivíduo descontar a preocupação na ingesta de alimentos. Foi realizado um estudo sobre
ansiedade com adultos obesos, e comprovada a efetividade da terapia floral sobre a ansiedade.
Neste estudo foram usados outros tipos de essencias florais. Ao término do protocolo, foram
observados resultados como a redução da ansiedade e de compulsão alimentar, uma diminuição
considerável na frequência cardíaca em repouso e a melhora do sono (DOMINGOS, 2019). No
presente trabalho não avaliamos variáveis fisiológicas como a frequência cardíaca, o que pode ser
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feito em estudos futuros para consolidar os resultados. Apesar disso, nossos achados são
condizentes com os da literatura, porque os acadêmicos tiveram uma melhora considerável no
nível de ansiedade, utilizando tanto o protocolo floral, como o placebo.
Os resultados sobre sentirem à vontade ou relaxados, estão expressos na figura 04.
Inicialmente 20% dos participantes relataram se sentir relaxados quase sempre, com o uso do
floral esse número subiu para 27,3%, e com o uso do placebo 36,4% dos voluntários se sentiam
relaxados quase sempre. Quando questionados se eles se sentiamm relaxados e à vontade muitas
vezes, inicialmente 28% relataram se sentiam assim, já com o uso do floral esse número aumentou
para 36,4%, e com o uso do placebo esse número foi para 27,3%. E 8% dos voluntários relataram
não se sentir à vontade nunca, já com o uso do floral esse número caiu para zero. A terapia floral
também foi estudada em gestantes na evolução do parto e na tríade dor-ansiedade-estresse, onde
participaram 60 mulheres, 30 utilizando o floral e 30 no grupo controle. Durante o trabalho de
parto em variações de dilatação cervical, contrações uterinas, ocitocina e cortisol, foram
apresentadas diferenças significativas no grupo floral quando comparadas ao grupo placebo. As
mulheres que utilizaram floral apresentaram um controle psíquico maior que as mulheres que
utilizaram placebo. Houve um risco de 2,34 vezes maior de cesariana no grupo placebo quando
comparados ao grupo floral. Para fase latente e para a dinâmica uterina fraca o risco relativo para
o grupo placebo foi de 1,72 e 1,83, respectivamente. O grupo floral apresentou um tempo menor
de trabalho de parto, assim como o nível de cortisol representado pelo estresse foi menor também
(PITILIN, et al. 2022). Apesar de serem situações bastante diferentes, no período pré-parto as
mulheres costumam se sentir pouco relaxadas, a mesma sensação observada entre acadêmicos no
período pré-avaliações, e os florais tiveram bons resultados em ambos os casos.
A figura 05 aponta os resultados quanto ao sentir medo, frio na barriga ou aperto no
estômago. No início do experimento 62% referiram ter muitas vezes ou quase sempre essa
sensação. Dos voluntários que tomaram floral apenas 27,3% relataram este sentimento, e dos que
estavam no grupo placebo apenas 9,1% relataram “muitas vezes”, novamente enfatizando o efeito
positivo do uso dos florais no controle destes parâmetros.
De acordo com os dados da figura 5, os resultados do grupo placebo foram mais eficazes
que os do grupo floral. Segundo Silva e Salles (2012) os pacientes que fazem esses tipos de
tratamento, também apresentam resultados positivos, pois o indivíduo sente que realmente está
sendo tratado e crê que ocorreu melhora em seu estado emocional, pois, psicologicamente acredita
que o tratamento está sendo eficaz. Porém, essa melhora em seu estado emocional, não pode ser
igual a quem recebe o tratamento correto. Por conta amostra do presente estudo ser pequena, da
variabilidade de indivíduos e da idade dos mesmos, principalmente, por conta do grande número
de mulheres, estes resultados podem ter variado devido a esses fatores, bem como também a
fatores hormonais bastante importantes quando se refere à voluntárias do sexo feminino.
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A tabela 01 apresenta os resultados sobre a inquietude e a dificuldade em ficar parado.


Na avaliação inicial, somente 28% dos avaliados relataram não se sentir assim. Após o tratamento,
dos que fizeram uso do floral 54,5% relataram não se sentirem inquietos e dos que usaram placebo
a porcentagem foi de 45,5%. Alguns participantes da pesquisa inseridos no grupo placebo,
relataram que se sentiram mais calmos e controlados no período que utilizaram o placebo, mesmo
sem saberem em que grupo estavam inseridos. Contudo, as respostas do grupo floral apresentaram
significância, embora ambos terem mostrado redução de ansiedade. Em outro estudo feito com
terapia floral e placebo, ambos os grupos, tanto o floral quanto placebo, reduziram os níveis de
ansiedade durante o processo de tratamento (PANCIERI, 2018).
Quando questionados sobre a sensação de entrar em pânico, no início apenas 36% dos
voluntários referiram não ter esta sensação. Após o tratamento, dos que usaram floral 63,6%
referiram não ter esta sensação, e dos que usaram placebo apenas 36,4% não relataram sensação
de entrar em pânico. Esse resultado é bastante interessante visto que o pânico faz com que o
indivíduo não tome atitudes necessárias, e o tratamento com floral praticamente dobrou o número
de voluntários que não apresentavam tal sensação.
Uma análise subjetiva do nível de ansiedade, realizada através de uma Escala Analógica
Visual de 0 a 10, em que 0 era a ansiedade mínima e 10 a máxima, demonstrou que 60% dos
voluntários apresentavam um nível de ansiedade acima de 7. Com o uso do floral a ansiedade
acima de 7 foi descrita por somente 36,4% dos voluntários, a mesma porcentagem para o uso do
placebo.
A ansiedade em graus elevados pode causar danos ao córtex pré-frontal e hipocampo,
regiões do cérebro responsáveis pela memória, concentração e associação (REIS & MIRANDA,
2017). Devido ao grande índice de ansiedade em acadêmicos, e os possíveis danos que ela pode
causar, o uso de terapias complementares como o floral, mostrou favorável melhora no nível de
ansiedade.

CONCLUSÃO:
Os resultados mostraram, com o protocolo utilizado, que a terapia floral foi eficaz em
reduzir a ansiedade, assim como a terapia placebo, entretanto, dentro da limitação do trabalho não
podemos afirmar veementemente isso, devido ao curto prazo e o grupo pequeno para estudo.
Sugerimos trabalhos futuros com uma amostra maior e um tempo maior para estudo e avaliação.
Alguns indivíduos obtiveram melhora com o uso do placebo, mas em questionamentos
específicos, de um modo geral a terapia floral obteve resultados mais satisfatórios. Com a
crescente utilização de terapias alternativas, é necessário a formação de mais profissionais para
atender esta demanda, sendo essencial que as universidades se atentem a esta crescente e
consigam atender a procura de profissionais interessados na área. Assim como um meio prévio
introduzir durante a graduação conhecimento sobre as terapias integrativas, seja através de estágio
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ou disciplinas optativas. Para confirmar os resultados, seria interessante trabalhos futuros com um
número maior de participantes e um tempo prolongado.

REFERÊNCIAS

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transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed Editora, 2014.

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2006.

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BASUDAN, Sumaya; BINANZAN, Najla; ALHASSAN, Aseel. Depression, anxiety


and stress in dental students. International journal of medical education, v. 8, p. 179,
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CARDOZO, Mayara Quadros et al. Fatores associados à ocorrência de ansiedade dos


acadêmicos de biomedicina. Saúde e Pesquisa, v. 9, n. 2, p. 251-262, 2016.

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behaviour–a national Swedish cross-sectional survey. BMC Oral Health, v. 15, n. 1, p.
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CHANCELLOR, Philip M. Manual ilustrado dos remédios florais do Dr. Bach.


In: Manual ilustrado dos remédios florais do Dr. Bach. 2000. p. 193-193.

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Recebido em: 20/09/2022


Aprovado em: 25/10/2022
Publicado em: 01/11/2022

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