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O QUE É NEGAR-SE A SI MESMO?

O negar-se a si mesmo não é a completa anulação da vontade. Mas uma renúncia definida
quando "minha" vontade quer seguir outra direção diferente da vontade de Deus.

Negar-se a si mesmo não é tornar-se um alienado.

Negar-se a si mesmo não é vida de ascetismo*. Essa posição coloca a vida cristã como uma dor
constante. A vida seria um peso, dura de ser suportada. Jesus veio para que o homem tivesse
vida e a tivesse em abundância.

Negar-se a si mesmo não é a perda do desejo. Quando o desejo se torna concupiscência, ele
passa a ser pecado. Mas há desejos legítimos como o desejo de se casar, ter filhos, pregar o
evangelho, salvar vidas, etc.

Negar a si mesmo é uma renúncia ao domínio da própria vida, e isso, sem dúvida, em algumas
situações, vai implicar em todos os aspectos que mencionamos acima. Haverá momentos de
aparente perda da vontade, da aparente alienação, de um também aparente ascetismo, bem
como de uma renúncia de um desejo legítimo.

Em Lucas 14:25-33 Jesus propõe aos discípulos o padrão para a vida cristã. Esse padrão nada
mais é do que a aplicação da cruz em cada parte do nosso ser.

Nesse texto Jesus dá três ênfases básicas quando por três vezes ele expressamente disse: “não
podem ser meus discípulos”, nos versos 26, 27 e 33.

Todas as vezes que Jesus falou de tomar a cruz ele falou também sobre negar a si mesmo. Os
dois conceitos caminham juntos, negar a si mesmo é tomar a cruz. A cruz nada mais é do que a
vontade de Deus e não há como fazer a vontade de Deus sem negar a nossa própria vontade.

O TOMAR A CRUZ

1- A CRUZ EM NOSSAS RELAÇÕES (VV. 26)

“Se alguém vem a mim, e não aborrece a seu pai e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs a
ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” Lucas 14:26.
O primeiro ponto diz respeito à minha necessidade de ser aceito, de ser honrado, respeitado e
amado. Pelo lado negativo se relaciona com o medo de ser rejeitado ou esquecido.

A cruz implica numa renúncia ao amor e à aceitação incondicional dos outros. Não que eu não
mais queira ser amado, mas que não buscarei ser amado a qualquer preço.
Quando tomamos a cruz nós temos de esquecer a opinião do mundo a nosso respeito.
Assim como Deus requereu de Maria gerar a Jesus sendo virgem, ele pode requerer de nós
algo que pode nos trazer constrangimentos e lutas.

Foi difícil para Maria aceitar ser usada por Deus desta forma. Ela poderia ser até apedrejada
como adúltera. Mas ela ignorou a aceitação do mundo. Deus pode nos pedir que façamos
coisas que serão mal interpretadas e até rejeitada por muitos. Precisamos ser livres de todos.
Não buscar a aprovação, o reconhecimento ou a aceitação mesmo de irmãos. Oferecemos
nosso amor e nossa aceitação incondicional, mas não esperamos ser retribuídos.

É necessário que cada um de nós deixe a cruz ser aplicada em nossos relacionamentos.
2- A CRUZ TRATA O NOSSO “EU” (VV 27)

“E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” Lucas
14:27.

Tomar a Cruz nos fala de tomar a vontade de Deus em detrimento da minha.

A tendência natural é evitarmos a dor e buscarmos o prazer. Entretanto, se a vontade de Deus


implicar em dor, eu devo me apossar dela em detrimento de meu desejo de conforto.

Jesus, sob a sombra da cruz disse: Não a minha vontade, mas a tua...

Várias vezes na vida e ministério do Senhor, Satanás ofereceu um caminho fácil para o poder
sem a cruz. As tentações para escapar da cruz foram muitas. Mesmo na hora em que ele
tragava o amargo cálice do calvário a tentação de descer da Cruz foi agudíssima. Não é
necessário dizer que Cristo tinha o poder de fazê-lo se ele assim o quisesse. Só não podemos
dizer o mesmo a nosso respeito. Quantas vezes temos nós descido da cruz e perdido o poder e
a autoridade.

O QUE É DESCER DA CRUZ?

Descer da cruz é qualquer atitude para salvar o “eu”. É qualquer tomada de um caminho
largo. Todos os esforços para defender, escusar, proteger, vindicar ou salvar o ego é, com
efeito, uma descida da cruz.

Auto-compaixão é descer da cruz. Eu que sou tão maravilhosa ser tratada desta forma.

Ressentimento é descer da cruz. A pessoa que foi injustiçada se irrita porque se acha tão
importante.

A recusa em se assumir a culpa ou responsabilidade é descer da cruz. Todos são culpados


menos eu, ou pelo menos todos são mais culpados do que eu.

A auto-vindicação é descer da cruz. Igrejas inteiras têm sido destruidas porque alguém não
abriu mão da vingança.

A auto-justificação é descer da cruz. Quando os outros nos entendem mal e nos esforçamos
para explicar nossas ações.

Mas a maior de todas as formas de descermos da cruz é quando oferecemos a cruz para o
nosso irmão.

Eu devo tomar a minha cruz e nunca oferece-la para o meu irmão. A cruz é um tipo de
princípio que precisamos ensinar por demonstração.

Já viram como uma ovelha morre? Não se ouve nem um gemido. Mas já observaram um porco
sendo imolado? Os ladrões foram condenados na cruz, mas Jesus tomou a sua
voluntariamente. Não vá para a cruz como um criminoso, mas como um cordeiro.
3- A CRUZ TOCA OS NOSSOS BENS (VV 33)

“Assim pois todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu
discípulo”.

Eu devo renunciar o desejo de ter controle sobre meus próprios bens. Para muitos, o abrir mão
de bens é bem mais difícil que abrir mão até de si mesmo.

Não existe cristianismo sem cruz. Existe religião. O ego deve perder o seu lugar de
centralidade, cedendo lugar à vontade de Deus. Jesus não apenas morreu na cruz, mas toda a
sua vida foi uma vida de Cruz.

A prosperidade é deveras parte do evangelho, mas é apenas uma parte. A ênfase principal está
em um modo de vida generoso e sacrificial. A cruz nos torna sensíveis às necessidades ao
nosso redor.

Deixe que a cruz trate com a maneira como você lida com o seu dinheiro. O Senhor precisa ter
controle completo sobre a sua conta corrente.

Somos um povo próspero, mas um povo generoso. Somos um provo próspero que teve os
bens tratados pela cruz.

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