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A MENSAGEM DA

RESSURREIÇÃO
A Vida
de Verdade

Para onde estamos indo?

No Evangelho de João, Jesus é claro sobre o seu propósito: “Eu vim para lhes dar
vida, uma vida plena, que satisfaz” (10:10). Nele, a esperança brotou para que
recebêssemos, de graça e pela graça, vida abundante e verdadeira. Jesus não está
falando de uma vida de bem-estar superficial ou de felicidade instantânea. Tam-
pouco está falando de uma vida fácil. Pelo contrário, em sua própria jornada Ele
experimentou dor, sofrimento e morte — indo da cruz à luz. A caminhada cristã
é marcada por entrega. No entanto, à medida que nos entregamos a Cristo, sua
vida abundante é entregue a nós. E ela já está disponível.

O autor Sam Allberry afirma que os cristãos dão pouco espaço à ressurreição, seja
nos livros de teologia, nas classes de escola bíblica ou na vida cristã como um
todo. Nós a celebramos na Páscoa, mas em seguida a vida “volta ao normal”.[1] Nas
palavras do autor: “eles a colocam de volta na gaveta durante o resto do ano por-
que não sabem o que fazer com ela”. Não deixe essa boa notícia na gaveta! Tudo
o que há de importante, belo e restaurador não deve ser escondido e esquecido.
A ressurreição não se esconde na história.

Afirmamos que fomos salvos porque Jesus morreu por nós. Mas essa é apenas
metade da história. O apóstolo Paulo nos lembra do enredo completo:

Ele foi entregue à morte por causa de nossos pecados e foi ressuscitado para
que fôssemos declarados justos diante de Deus.
—Romanos 4:25

O alvo desta breve jornada de Páscoa é entender que a realidade da ressurreição


nos insere na vida de verdade. A ressurreição de Cristo nos salva para a vida.
Como diz Timothy Keller: “Ele foi entregue à morte por causa de nossos pecados e
foi ressuscitado para que fôssemos declarados justos diante de Deus”.[2]
Porque Jesus ressuscitou, redescobrimos nossa identidade recriada nele, encon-
tramos novo sentido nos momentos mais comuns do dia a dia, trabalhamos com
um novo propósito, servimos com motivação e amamos com segurança. Crer,
viver e praticar a ressurreição transforma a maneira como caminhamos com
Cristo e compartilhamos suas boas-novas. Ela é a base para o discipulado, nosso
relacionamento diário com o Senhor, e o motivo para o evangelismo, o ato de
viver em missão. É a boa notícia que temos para um mundo à procura de luz e
esperança. Para onde estamos indo? Rumo a este novo mundo, um Reino de paz,
justiça e alegria, inaugurado na ressurreição do Salvador.

[1] SAM ALLBERRY, Lifted: Experiencing The Resurrection Life.

[2] TIMOTHY KELLER, Esperança em Tempos de Medo.

Como usar este guia de reflexão

Este breve guia conduzivrá você através de passagens


bíblicas que tratam da ressurreição de Cristo. A cada dia,
você encontrará um texto bíblico para meditação, uma
reflexão e uma oração acerca da ressurreição vivida na
prática. Falando em prática, cada reflexão traz dicas
de ação, para que você pratique a vida de verdade em
sua vida comum. Além disso, cada texto conta com um
recurso adicional: um vídeo da CV Brasil ou do Bible Pro-
ject, para ajudar você a se aprofundar nos temas.

Lembre-se de separar um momento especial ao longo da


semana para meditar na Palavra de Deus, refletir, orar e
também conversar sobre o que aprendeu (com sua famí-
lia, em grupos da igreja ou online). Este material existe
para aqueles que desejam aprofundar sua fé ou simples-
mente descobri-la. Este é um recurso evangelístico para
apresentar Jesus e a vida abundante que Ele oferece às
pessoas. Para isso, aqui estão algumas dicas:

Roteiro evangelístico para a semana da Páscoa

1. Fale sobre este guia com alguém que ainda não


conhece Jesus. Converse sobre o que a Páscoa signi-
fica para você e porque ela é uma boa notícia trans-
formadora não só para a sua história em particular,
mas para a história de todos. E lembre-se: o relaciona-
mento é a melhor base para o evangelismo.

2. Busque conversas intencionais sobre temas relativos


à Páscoa: salvação, esperança, restauração. Ouça com-
passivamente os medos e as expectativas das pessoas,
compartilhe a boa notícia do mundo renovado em Jesus
e mostre que o que há de errado no mundo chegará ao
fim, sejam os problemas pessoais ou os sociais, pois
Cristo ressuscitou.

Oração
Pai, celebramos a Páscoa, pois Cristo ressuscitou e nele há
vida de verdade, em abundância. Avive essa verdade em meu
coração. Que nesta semana eu me recorde especialmente da
boa notícia que meu Salvador me dá. Que a nova vida dispo-
nível em Jesus viva em mim, e que a luz da ressurreição se
acenda em meu ser e irradie a todos ao meu redor. Que seja
um tempo de reflexão e ação, aprendizado e testemunho. Em
nome de Jesus, amém.
Dia 1
A História Não
Continua a
Mesma

“E, se Cristo não ressuscitou, nossa pregação é inútil, e a fé que vocês têm também é
inútil. […] Uma vez que a morte entrou no mundo por meio de um único homem, agora a
ressurreição dos mortos começou por meio de um só homem. Assim como todos morre-
mos em Adão, todos que são de Cristo receberão nova vida. Mas essa ressurreição tem
uma sequência: Cristo ressuscitou como o primeiro fruto da colheita, e depois todos que
são de Cristo ressuscitarão quando ele voltar.”

— 1 Coríntios 15:14, 21-23

Para muitos, Páscoa significa tempo em família. O que pode ser mais familiar
do que sentar-se, abrir um álbum ou uma caixa de fotografias e revisitar sua
história? Mais do que divertir e emocionar, histórias nos ajudam a lembrar-nos
de quem somos, de onde viemos, onde estamos e até para onde estamos indo.

Em 1 Coríntios, Paulo convida seus leitores a revisitar a própria história. Ele tra-
tou de diversos desafios da igreja em Corinto: questões éticas, problemas rela-
cionais e uma crise de unidade. Os cristãos estavam divididos; sua vida e missão,
comprometidas. Isso aconteceu porque tinham se esquecido de quem eram em
Cristo, ou seja, desconectaram sua identidade da identidade de Jesus.

Por isso, no coração da exortação de Paulo está um retorno à história que deve-
ria definir aqueles cristãos do passado e nós, discípulos de Jesus no presente:
as boas-novas da morte e ressurreição de Jesus. Perceba que Paulo não trata as
crises da comunidade em Corinto distribuindo conselhos. Seu foco é outro. Ele
reconhece que a transformação real acontece quando vivemos a realidade da
ressurreição. Sem ela não há boa-nova nem nova vida.

“A ressurreição é tão fundamental para o evangelho que as boas novas


perdem seu poder sem ela. […] Se o túmulo não estiver vazio, o evangelho
estará. Mas se Cristo ressuscitou dos mortos, então ele traça um caminho
de esperança e glória para seguirmos.”

Mitchell Chase, Resurrection Hope and the Death of Death


Se Cristo de fato ressuscitou dos mortos — como provaram os apóstolos e tantas
outras testemunhas —, tudo mudou. A ressurreição não se encaixava na visão de
mundo dos gregos e não totalmente na dos judeus, mas Paulo explica que, porque
Jesus ressuscitou, podemos viver em amor, santidade e integridade. Nossa história
não continua a mesma. Você pode vivê-la à luz da história do Rei verdadeiro.

A morte não é a palavra final. A ressurreição de Jesus é o primeiro fruto de um


novo mundo para o futuro e para o presente. Paulo não se preocupa em analisar
os fatos da ressurreição, ele está seguro nos testemunhos que recebeu (do próprio
Cristo, inclusive). Paulo convida a igreja a redescobrir sua identidade e vocação no
poder da ressurreição: no tipo de vida vivida na presença real de Cristo. A ressurrei-
ção é a motivação fundamental para compartilhar Jesus, viver com Ele.

Esta é a mensagem da Páscoa: a ressurreição não é um milagre isolado, uma


curiosidade histórica ou uma previsão distante, mas a conquista de uma nova
vida que já está em ação e que podemos descobrir diariamente.

Senhor, eu lhe agradeço porque a morte não é Se Cristo não tivesse ressuscitado, a sua his-
a palavra final. Graças à ressurreição de Jesus, tória seria a mesma?
há nova vida e um novo mundo que já come- Nesta semana que antecede a Páscoa, reflita
çou. Faça-me viver no poder da ressurreição e sobre como a sua história pertence à história
na presença de Jesus diariamente. Desse modo, de Jesus. Aproveite e compartilhe esta história
eu poderei descobrir a vida de amor, liberdade e com alguém e mostre como Cristo é quem dá
verdade que há somente nele. Que isso seja um sentido e esperança à nossa vida.
testemunho transformador. Eu oro em nome de
Cristo, amém.

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dar mais no tema desta reflexão:

“A Ressureição de Jesus em Lucas 24”.


Dia 2
Quando
Ele Partiu
o Pão

Quando estavam à mesa, ele tomou o pão e o abençoou. Depois, partiu-o e lhes deu.
Então os olhos deles foram abertos e o reconheceram.

— Lucas 24:30

Mesmo para quem não vê significado religioso na data, em diferentes culturas,


a Páscoa mobiliza as pessoas em torno de uma mesa farta para celebrar, se não
a ressurreição, um encontro familiar. Sim, o dia pede boas refeições, meticulosa-
mente planejadas e devidamente servidas.

Nos outros dias do ano, porém, naqueles em que não há o toque especial de um
almoço comemorativo, nos esquecemos de que nossas refeições diárias são o
cenário perfeito não só para lembrarmos da ressurreição de Jesus, mas também
para praticá-la na vida comum.

As refeições diárias eram tão importantes na vida de Jesus que, além de mencionar
uma série de episódios em que Ele estava comendo com as pessoas, os evange-
lhos também registram duas refeições pós-ressurreição: uma delas no Evangelho
de João, quando Jesus comeu com os discípulos na praia pela manhã (Jo 21:1-23),
e outra em Lucas 24, quando Jesus se encontra com Cleopas e outra pessoa na
estrada para Emaús, ambos seguidores de Jesus, embora não o reconhecessem.

Lucas diz que eles sabiam dos eventos recentes em Jerusalém e lamentavam
pela morte do Messias. Eles também conheciam as antigas Escrituras. Porém,
andando ao longo da estrada com Jesus, só o reconheceram quando Ele partiu o
pão — neste momento, eles ficaram perplexos. Coloque-se nessa história.

Podemos viver a ressurreição através de uma refeição em comunhão. Essa prá-


tica não é uma tentativa de espiritualizar um almoço comum ou algo do tipo.
É, sim, um modo de aprender a olhar para a vida, as relações e as refeições
diárias como campo de ação da graça de Deus em nós e através de nós, nas
quais exercitamos gratidão, serviço e hospitalidade, sinalizando o que o próprio
Jesus fez por nós, ao oferecer-se em amor e nos acolher em uma nova família.
O pastor Eugene H. Peterson escreve:

“O ato de comer sempre nos coloca num mundo complexo e de sacrifício,


um mundo em que se dá e se recebe. A vida é alimentada pela vida. Não
somos autossuficientes. Vivemos por meio da vida, e esta nos é dada.”
Eugene Peterson, Viva a Ressureição

Nossa vida é alimentada por Cristo! Nos cafés da manhã apressados antes de
um dia cheio de trabalho, nos almoços agitados com a família em uma cozinha
bagunçada ou nos jantares improvisados com amigos, podemos praticar essa
vida doada a nós — e doá-la sucessivamente. À mesa com as pessoas, podemos
experimentar e testemunhar da presença real de Jesus.

Senhor, faça-me lembrar que, no partir do pão, Pratique a hospitalidade e torne-a um hábito em
Jesus se revela. Que as refeições cotidianas, a seu cotidiano, na rotina da sua família. Convide
sós ou em companhia, aconteçam como uma pessoas para refeições em sua casa — cozinhe
lembrança e um testemunho prático da ressur- algo, prepare a mesa, ore com as visitas. Apro-
reição que inaugura a verdadeira vida. Ajuda-me veite o momento para se aproximar de quem
a praticar a ressurreição na simplicidade do você ainda não conhece e aprofundar a amizade
dia a dia, exercitando a gratidão, o serviço e a com quem você já conhece.
hospitalidade. Obrigado por ter me convidado à
mesa. Em nome de Jesus, amém.

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“Um Almoço de Natal”


Dia 3
O Grande
Poder

Quero conhecer a Cristo e experimentar o grande poder que o ressuscitou. Quero sofrer com
ele, participando de sua morte, para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dos mortos!

— Filipenses 3:10-11

É provável que você não pare periodicamente para responder em voz alta. No
entanto, todos nós vivemos a partir da resposta que damos à pergunta: “Quem sou
eu?”. Em outras palavras, nossa identidade orienta nosso modo de pensar, agir e se
relacionar com o mundo, com as pessoas e com Deus, do instante em que levanta-
mos da cama à hora de dormir, ao longo das pequenas histórias que nos moldam.

A ressurreição de Jesus muda o curso de nossa história e o cerne de nossa iden-


tidade. Além da riqueza de etnias, tradições, genealogias, personalidades e reali-
zações, somos quem somos graças a quem Ele é. Compartilhamos o evangelho
na vida e testemunhamos as boas-novas inteiramente quando nossas histórias
pessoais refletem a história de Cristo (Fp 2:5-11).

Em sua carta aos filipenses, o apóstolo Paulo, na época aprisionado, fala sobre
uma identidade sustentada pelo evangelho, não pelas circunstâncias. Somos
constantemente tentados a confiar nossa identidade ao que fazemos (trabalho,
estudos, conquistas pessoais) ou às pessoas com quem convivemos (família, ami-
gos, pares românticos), mas não radicalmente a Cristo. Este é o ensino de Paulo
em Filipenses: confiar nossa identidade a Jesus. Claro, não fazemos isso sozinhos.

A identidade cristã é sustentada pela ação do Espírito, o poder do próprio Cristo


preservando e transformando nosso coração cotidianamente à medida que o
imitamos de dentro para fora. É a isto que Paulo se refere quando fala sobre
conhecer e experimentar o grande poder da ressurreição: morrer com Cristo
todos os dias e ressuscitar com Ele a todo momento. No dia de Pentecostes, o
Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos, capacitando-os para a missão
de anunciar e encenar o Reino de Deus na história (At 1:8; 2.37-47). O Espírito é
a nova criação em nós (Rm 8:11).

Nos termos de Paulo, conhecer Jesus é estar intensamente envolvido com Ele.
Mais do que apenas saber acerca de Cristo, conhecê-lo envolve confiar, com-
prometer-se e conformar-se a Ele. Afinal, como tornar Jesus conhecido sem
conhecê-lo profundamente?

Senhor Jesus, muitas vezes busco minha O texto de hoje fala sobre conhecer a Cristo. Cultive
identidade no que eu faço ou no que práticas intencionais para se aproximar dele:
dizem a meu respeito. Mas quero ser - Busque algum devocional ou plano de leitura bíblica
quem o Senhor diz que eu sou. Porque para acompanhar diariamente, por exemplo o livro De
fui profundamente amado, quero amá-lo Onde Brota a Esperança, da CV Brasil;
profundamente. Que seu Espírito me leve - Aprenda sobre as disciplinas espirituais (oração,
a um profundo conhecimento de quem silêncio, comunhão) e coloque-as em prática;
o Senhor é, para que eu possa torná-lo - Convide alguém para conhecer o evangelho com
conhecido no dia a dia. você: leia algo em conjunto, ore com essa pessoa, e
compartilhe seus aprendizados sobre a Bíblia.

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“Você Vem Para a Festa?”


Dia 4
Viva
Esperança

Todo louvor seja a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Por sua grande misericórdia,
ele nos fez nascer de novo, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.
Agora temos uma viva esperança e uma herança imperecível, pura e imaculada, que não
muda nem se deteriora, guardada para vocês no céu.

— 1 Pedro 1:3-4

Até aqui já falamos sobre histórias, refeições e identidade — e como tudo isso se
entrelaça no tecido da vida ressurreta em Cristo. Estamos descobrindo como é
viver, na prática, a ressurreição de Jesus no presente, enquanto aguardamos seu
retorno e a restauração futura de toda a criação.

A ressurreição, no entanto, além de dizer quem somos (nascidos de novo), tam-


bém nos diz para quê estamos aqui neste mundo que ainda experimenta ten-
são e escuridão. Esse é o tema da mensagem da carta do apóstolo Pedro. Ele
escreveu para cristãos gentios que, naquele contexto, enfrentavam sofrimento e
hostilidade, mas foram exortados e instruídos à esperança.

Por meio da ressurreição, recebemos uma nova vida de santidade, que reflete o
caráter de Jesus em nosso estilo de vida, agora marcado por amor, bondade e
alegria (o fruto do Espírito descrito em Gl 5:22). A vida de santidade se evidencia
em dois sentidos: o Senhor nos separou para o seu propósito — já somos san-
tos; e enquanto caminhamos na vida diária nos tornamos santos pelo poder do
Espírito habitando em nós. Assim, demonstramos a realidade do mundo novo
inaugurado dentro do túmulo vazio, na vida que vence a morte.

Deste lado da eternidade, porém, as coisas continuam fora do lugar. O mundo


não vai bem, isso é fato. Mas a igreja é chamada a uma contracultura de espe-
rança que nos dá forças em meio ao sofrimento e fortalece aqueles que estão
carentes de esperança. Pense em como essa convicção e segurança podem
transformar o coração de quem vive como a história se encerrasse hoje, sem a
promessa de restauração reservada aos que creem em Cristo.

Uma nova esperança vive em nós, pois uma nova vida nos é doada pelo sacrifício
de Cristo, sua iniciativa de amor e graça, e sua ressurreição triunfante, da cruz
à luz. N.T. Wright, o estudioso do Novo Testamento, diz que “tornar-se cristão
significa que a mesma coisa que Deus fez por Jesus na Páscoa, ele faz por você,
bem no fundo de seu ser”.[3]

Perceba como Paulo e Pedro dialogam, ainda que em contextos distintos: com
Paulo, aprendemos que diariamente morremos com Cristo, somos crucificados
com Ele; com Pedro, lembramos que vivemos em Jesus, com Ele e como Ele.

[3] WRIGHT, N.T. Cartas para todos. Ebook.

Senhor, é verdade que as coisas neste mundo Esperança é um dos principais temas na história
estão fora do lugar. O sofrimento ainda faz parte da ressurreição. Você já parou para refletir sobre
da minha vida e de quem está ao meu redor. Mas as suas esperanças — as que residem no mais
na ressurreição de Cristo encontro a segurança profundo do seu coração? Faça esse exercício.
de um mundo plenamente renovado, que sou Vá além: busque uma conversa intencional com
chamado a testemunhar no dia a dia. Que seu alguém, pergunte e ouça com atenção suas
Espírito me faça um agente de esperança nesta esperanças e demonstre como a esperança em
terra. Em nome de Jesus, amém. Cristo nos dá sentido e força para lidar com as
dores deste mundo enquanto aguardamos a
chegada do novo.

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“Yakhal - Esperança”
Dia 5
Um Protesto
Contra a
Morte

A morte me envolveu com suas cordas, e os terrores da sepultura me dominaram; não via
outra coisa senão sofrimento e tristeza. Então clamei pelo nome do Senhor: “Livra-me,
Senhor!”. O Senhor é compassivo e justo; o nosso Deus é misericordioso! O Senhor protege
os ingênuos; eu estava diante da morte, e ele me salvou. Volte, minha alma, a descansar,
pois o Senhor lhe tem sido bom. Ele livrou minha alma da morte, meus olhos, das lágrimas,
meus pés, da queda. Por isso, andarei na presença do Senhor enquanto viver aqui na terra.

— Salmo 116:3-9

O que um salmo que fala sobre tristeza, sofrimento e morte faz dentre uma série
de textos sobre a ressurreição? Bem, a luz que irradia da ressurreição assume toda
a sua beleza e poder quando vista contra o pano de fundo escuro que nos envolve.

Esses versos combinam aflição, gratidão e testemunho, três aspectos da jor-


nada cristã. Lembre-se: viver a ressurreição não significa fugir dos problemas
do mundo, escapar da vida real na qual os terrores da sepultura nos dominam
(v. 3), em que há lágrimas e pânico (v. 8, 11). A Bíblia é realista. E a ressurreição
transforma a nossa realidade.

Por que Cristo ressuscitou, ainda que nossas adversidades e desafios não desa-
pareçam de uma hora para outra, podemos encontrar no Senhor profunda com-
paixão, justiça e misericórdia. Como podemos ter certeza de que Ele cuidará de
nós e nos preservará como fez com o salmista? Crendo na ressurreição.

Deus veio à terra humildemente, provou das nossas dores e as venceu de uma
vez por todas. Dane Ortlund escreve que a confissão do salmo de que “nosso
Deus é misericordioso” não é mera promessa genérica, mas “passou de verdade
abstrata à realidade concreta na encarnação”.[4] Ele também evidencia o desfe-
cho da história, a ressurreição. Por isso há liberdade mesmo em um mundo apri-
sionado pelo pecado, descanso em uma cultura cansada, alegria em cenários de
angústia, paz em tempos de conflito.

Aprendemos que a fé na ressurreição nos move a uma contracultura de espe-


rança em tempos de medo. Com o clamor do salmista, descobrimos que tam-
bém somos chamados a protestar contra a morte, que já foi derrotada. Ela não
é o ponto final. Nosso socorro está no Senhor e foi realizado na ressurreição.
Jesus já nos livrou da morte. A morte foi vencida pelo Servo Sofredor. Hoje,
enquanto vive aqui na terra, você pode desfrutar de sua vitória ao andar em sua
presença e testemunhar de sua grande compaixão.

[4] No Senhor Me Refugio: 150 Devocionais Diários nos Salmos, Dane Ortlund.

Pai, confesso que nos momentos de aflição con- Quando os dias difíceis chegam, onde você coloca
fio mais em minhas próprias forças do que em sua confiança? Talvez nas pessoas próximas, nas
seu poder. Mas apenas no Senhor há descanso, suas capacidades, no seu dinheiro ou até mesmo
liberdade e vida verdadeira. Que eu me lembre e em sua religiosidade. Anote, com sinceridade, o
viva essa boa notícia nos tempos difíceis, e assim que o sustenta nesses momentos. Em seguida,
anuncie seu amor misericordioso a quem busca ponha em prática a mesma confiança profunda
por socorro. Que eu caminhe com gratidão e tes- do salmista, lembrando-se de que o seu socorro
temunhe da sua bondade. Em Cristo, amém. está no Senhor. E se for complicado demais
enxergar uma boa notícia à frente, olhe para
trás, para a história da ressurreição.

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“O Que é Uma Cruz?”


Dia 6
Como um
Jardim

A todos que choram em Sião ele dará uma bela coroa em vez de cinzas, uma alegre bên-
ção em vez de lamento, louvores festivos em vez de desespero. […] O Senhor Soberano
mostrará sua justiça às nações do mundo; todos o louvarão! Será como um jardim no
começo da primavera, quando as plantas brotam por toda parte.

— Isaías 61:3,11

A verdade da ressurreição abre os nossos olhos para todas as dimensões do plano


de redenção, da cruz e do túmulo vazio: sua profundidade e amplitude. O poder
restaurador da graça vai muito além do que imaginamos. Mas a Bíblia nos dá
imagens nítidas do futuro conquistado pela ressurreição. John Stott esclarece que:

A esperança cristã diz respeito não somente ao nosso futuro individual (a


ressurreição do corpo), mas também ao nosso futuro cósmico (a restauração
do universo). […] A Bíblia começa com a criação original do universo e ter-
mina seus últimos capítulos com a criação de um novo universo.

John Stott, A Bíblia Toda, O Ano Todo

O livro de Isaías se estende entre anúncios de juízo e renovo para o povo de


Deus. Embora descreva o sofrimento que viria por meio dos exílios para a Assíria
e a Babilônia, consequências da idolatria, injustiça e rebelião do próprio povo, o
profeta também esboça a beleza, a abundância e a plenitude do futuro com a
chegada do verdadeiro Rei — uma mensagem de esperança para os cativos.

Em diversos trechos, vemos retratos de uma criação completamente restaurada.


O poema do capítulo 61 é um deles, que descreve a missão do Messias: trazer
consolo, liberdade e justiça. Os versos de Isaías transbordam alegria. Essa parece
ser a resposta inevitável àquilo que o nosso Deus vai fazer e já está fazendo! Con-
templamos aqui o lamento cedendo espaço à bênção, o desespero dando lugar
ao louvor festivo, antigas ruínas dando vez a uma cidade restaurada (Is 61:1-4).
Vemos estrangeiros sendo acolhidos, rebanhos bem alimentados e plantas bro-
tando por toda parte (Is 61:5, 11).

As palavras de Isaías aquecem nosso coração. Sabemos que ele não está vislum-
brando um futuro fantasioso para consolar superficialmente um povo abatido
pelo exílio. Não se trata de uma solução imediata para as terras devastadas de
Israel. Isaías avista uma restauração real que transformará as estruturas mais
profundas da criação, que restabelecerá o Jardim de Deus, onde haverá comu-
nhão e harmonia. Um Reino de paz, justiça e alegria. Reino revelado e realizado
pelo Servo Sofredor. Graças a Ele, toda a criação verá grande luz (Is 9:2).

Pai, obrigado porque seu plano de salvação Quando a Bíblia descreve a plenitude da Nova Criação,
— a operação resgate que a sua Palavra somos lembrados dos efeitos práticos e abrangentes
descreve — vai muito além do que ima- da ressurreição de Jesus que a inaugura no presente.
gino. O Senhor está transformando toda A ressurreição de Cristo pode transformar a rotina da
a criação, e na ressurreição de Jesus essa sua casa, o seu trabalho e a cultura como um todo.
restauração é inaugurada. Que a beleza da
Cidade Jardim prometida para o futuro me Nesta semana, veja esses contextos como oportunida-
dê esperança para cultivar novos jardins des para demonstrar as virtudes da criação restaurada:
enquanto caminho no presente. Em nome pratique a justiça, viva em amor, busque a paz nas
de Jesus, amém. relações e transborde alegria. Encontre nos retratos da
Nova Criação força e esperança para o presente.

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dar mais no tema desta reflexão:

“Céu e Terra”
Dia 7
Logo
Vem o
Dia

A noite está quase acabando, e logo vem o dia. Portanto, deixem de lado as obras das
trevas como se fossem roupas sujas e vistam a armadura da luz. Uma vez que perten-
cemos ao dia, vivamos com decência, à vista de todos.

— Romanos 13:12-13

No conhecido Sermão do Monte, Jesus disse que seus discípulos são “sal e
luz do mundo” (Mt 5:14-16). Essa dupla metáfora tem inspirado gerações de
cristãos a se engajarem na vida em missão, movida pelo desejo de resplandecer
Cristo a quem ainda não o conhece, trazer à luz quem ainda está no escuro.
De fato, Jesus resumiu o propósito missional da igreja. A “luz” é uma metáfora
bíblica poderosa. Deus é luz (1 Jo 1:5).

No entanto, precisamos refletir: será que temos nos apegado a essas pala-
vras como mais um entre muitos discursos motivacionais ou elas têm nos
definido profundamente?

Muito além de um lema genérico para a missão, ser luz é uma descrição da rea-
lidade e identidade cristã. Graças à ressurreição, nossa vocação de ser luz para
quem está ao lado, sob o mesmo teto ou na mesma rua, ou às nações distantes,
só faz sentido pois a luz da glória de Deus veio até nós em Cristo (Jo 8:12). Não é
mais uma luz inacessível, mas transformadora.

Fomos criados para ver e viver a luz da glória do Senhor. O pecado, contudo, nos
fez reféns do escuro. Mas nosso anseio persiste, como disse Moisés: “peço que
me mostres tua presença gloriosa” (Êx 33:18). Moisés não desejava apenas uma
demonstração milagrosa do poder de Deus, mas comunhão com Ele. Hoje pro-
vamos desta graça: vemos a presença gloriosa de Deus em Cristo, que brilhou
nas trevas (Jo 1:5) e nos acolheu em seu Reino de maravilhosa luz (Mt 4:16; 1 Pe
2:9). Ele nos fez participantes e representantes dessa luz.
O apóstolo Paulo diz: “Pois Deus, que disse: ‘Haja luz na escuridão’, é quem bri-
lhou em nosso coração, para que conhecêssemos a glória de Deus na face de
Jesus Cristo” (2 Co 4:6).

Sabemos que a luz da glória, da presença e do Reino de Deus, que invadiu o


presente na ressurreição, ainda não tomou por completo este mundo escuro,
ainda que sua vitória já tenha sido garantida. Entretanto, enquanto lamentamos
pela escuridão, também celebramos a luz revelada em Jesus e a proclamamos
— vivendo o caráter de Jesus em nós — à medida que vivemos em missão, na
jornada entre a noite e o dia. Pertencemos ao dia e podemos caminhar confian-
tes, pois o dia logo vem.

Senhor, é verdade que este mundo e o meu Como você pode refletir a luz de Jesus no seu cotidiano?
coração ainda sofrem com a escuridão. Mas A luz amplia nossa visão, clareia nosso caminho.
a sua maravilhosa luz já resplandeceu em Pense em hábitos e atos que o exponham à presença
Cristo, e hoje ela é real e está disponível de Deus e iluminem o coração e o entendimento de
para mim, para a igreja e para iluminar toda quem caminha com você. Comece hoje mesmo. Aqui
a criação. Que a luz que brilhou em Jesus estão algumas sugestões:
resplandeça através de mim enquanto, no - Convide esta pessoa para ler a Bíblia. A Palavra “é lâm-
meu dia a dia, eu sou revestido por ela em pada para os nossos pés” (Sl 119:5).
meus desejos, pensamentos, palavras e - Ore por esta pessoa e com ela. Através da oração,
atitudes. Em nome de Jesus, amém. temos acesso à presença de Deus, que é real e acessível
para nós graças à ressurreição de Cristo.
- Acolha e converse com alguém que tem enfrentado
um momento de escuridão e lembre essa pessoa de que
o dia de plena luz logo vem.

Explore este recurso em vídeo para se aprofun-


dar mais no tema desta reflexão:

“Da Cruz à Luz”


Quem é a CV

A Christian Vision - CV é uma organização global com o propó-


sito de equipar a igreja para a sua missão de evangelismo. Para
isso, trabalha para desenvolver iniciativas locais e plataformas
de mídia eficazes, executadas em parcerias com cristãos e igre-
jas locais de todo o mundo para compartilhar as Boas-Novas de
Jesus e mobilizar os discípulos de Cristo a compartilharem sua fé.

Sobre a Coleção de Páscoa

Este guia de reflexões faz parte da Coleção de Páscoa 2024 da


CV Brasil, Da Cruz à Luz.

Ao acessar a página oficial da coleção, br.cvglobal.co/cruzluz,


você pode baixar gratuitamente muitos outros recursos. Você
pode utilizá-los para o seu crescimento pessoal, para a edifi-
cação da sua igreja e para apresentar Jesus àqueles que ainda
não o conhecem.

Além deste guia, lá você encontra:

- Vídeo evangelístico de Páscoa, pronto para divulgação.


- Série de posts para redes sociais inspirados no devocional.
- Devocional na versão em áudio, para você baixar e compartilhar.

Acesse: br.cvglobal.co/cruzluz e conheça todos os recursos!

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