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.

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se interessam pelos as'pe,t s l- a’d0s a ,A ,,


questéo da relaié A Eduardo Guimaraes
da linguagem com aquilo sobre que
ela fala (e constréi).

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Um Estudo Enunclatluo
da [esrliuacão

Eduardo Guimaráes

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30/11/11 R$10,87
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Copyright ©
@ Eduardo
Eduardo Guimarfies
Guimarães

C00rdenag:£i0 editorial: Ernesto


Ernesto Guimaraes
Guimarães
Ed:'m:'ag.'£E0 eletrcinica e Capa:
Capa: Eckel
Eckel Wayne
Wayne
ReviséT0.' Equipc dc Revisores
sores da
da Pontes
pontes Editores
Editores

Dados Internacionais
Internacionais de
de Catalogaqfio
Catatogação nana Publicagfio
publicação (CIP) S0
(CIp)
Cfimara
Câmara Brasileira
Brasileira do Livro, Sp, Brasil
do Livro, SP, Brasil SUMARIO
Guimarfies,
Guimarães, Eduardo
Eduardo APRESENTAC/KO ........................................... ..
Seméntica
Semântica do
do acontecimentoz
acontecimento: um
um estudo
estudo enunciativo
enunciativo APRESENTAÇÃO .....
da designa¢5o
designação / Eduardo
Eduardo Guimarfies
Guimarães —
_ Campinas, SP : ~ 5
Pom 21 M50, mi
Pontes, 2" edição, 2005.
Curnpinu., õp , INTRQDUQIAO ..................................................
TNTRODUÇÃo..........
7
Biblio rafia
Bibliografia.
ISBN
ISBN g85_71"13_161_9
85-71 I3_161_9
I
CAPITULO
C¡piruto I
ENUNCIAQAO ~
E ACONTECIMENTO ......... ..
ENTiNCIAçÃO B ACONTECTMENTO ... 11
l. Lingiiistica
1. Lingüistica 2.
2. Nomes
Nomes de
de rua
rua 3.
3. Nomes
Nomes geogréficos
geográficos CAP]?-UL0 H
4.
4. Nomes pessoais
pessoais 5.
5. Portugués
porruguês -_ seméntica
semântica 1. Titulo i. iit"l" Ctpiruro II
02-0075
02-007 5 ' CDD-469.2
cDD-469.2
0O NOME
NOME PROPRIO
PRÓPRIO DE
DE PESSOA
PESSOA ....................
-J -t
. _ , _ , _ CAPITUL0 III
Indlces
Indices para
para catalogo
catálogo slstematlcoz
sistemático: NOMES III RUA
C,qpírurc DE
l' Designacio
1. Designação :: Estudo
Estudo enunciativo
enunciativo :: Seméntica
Semântica :: Porrugués
português :: Lingiiistica 469.2 NOMES DE RUA
2.
2. Nomes
Nomes :; Sentido
Lingüística 469.2
Sentido :: Semfintica
Semântica I: Portugués
português :, Lingiiistica 469.2 fi.rgi;Lìi"u ‘ ' ..43
+Ol.Z
It
CAP1'TuL0
CtpÍrurc IV
NOMES DE DE RUA
RUA E
EOO MAPA
MAPA COMO
COMO TEXTO
TEXTO 59
PONTES
PONTES EDITORES
EDITORES 1»Ll 1’¡l CAP,~m0 v
Av-
|1 DR
P. Arlindo Joaquim
Joaquim de
de Lemos,
Lemos, 1333
1333 /\ FY21
1. NOMES
C,qpiruro DA
V CIDADE .......................................
13100-451
13100-451 Campinas SP Brasil §;/ NOMES DA CIDADE
Campinas Sp Brasil
0b t¿ 69
Fone
Fone (19)3252.6011
(19) 3252.6011
Fax (19)
ry
q pg! CAPHULO VI
Fax 3253-0769
(19)32s3.0769 c? ‘, êÐl
9 AC¿pirurc
CIDADE VI E 0s NOMES DE ESPAQO ..........
pontesedit0res@ponteseditores.com.br
ponteseditores@ponteseditores. com. A CIDADE E OS NOMES DE ESPAçO ....
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CONCLUSÃO ..................................................
CONCLUSAO ....... ..
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BIBLIOGRAFIA...
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95

2005
Impresso no
no Brasil
Brasil

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APRESENTAQ10
APRESENTAÇAO

Como para todo todo semanticista,


semanticista, aa questao
questão da relagao
relação dasdas palavras
com 0o mundo sempre rondou meus interesses. Esta questao questão se se pos
pôs para
mim
mim p‘ela
pela via dos estudos argumentativos.
argumentativos. Para esta esta posigao
posição o o sentido dasdas
expressoes
expressões lingiiisticas
lingüísticas naonão éé referencial, ou seja,seja, nao
não pode se se apresentar
aa partir do conceito
conceito de verdade.
verdade. Neste sentido, as as expressoes
expressões lingiiisticas
lingüísticas
significam
significam no enunciado pela relagao relação que tém têm com o acontecimento
acontecimento em
que funcionam.
quefuncionam.
Coloco-me
Coloco-me deste modo, numa numa posigao
posição materialista,
materialista, junto
junto com aque-
les que nao
não tomam aa linguagem
linguagem como transparente,
transparente, considerando que sua sua
relacao
relacão com o real éé historica.
histórica.
A paitir
partir do inicio
início dos anos 90 do século XX, ou seja, seja, ha
há pelo menos
dez anos, dedliquei-me
{ediquei-me ao estudo das questoes
questões relativas ao
ao dominio
domínio da
da de-
signagao
signação ee referéncia
referência nana linguagem. Inicialmente
Inicialmente meu interesse se se deveu aoao
estudo da questao
questão da cidadania nas nas constituigoes
constituições brasileiras. O que me
levou a analisar a designagao
designação de palavras como cidadao cidadão ee repfiblica
república nos nos
diversos
diversos textos constitucionais
constitucionais da historia
história do do Brasil,
Brasil, motivo de de varios
viírios tex-
tos publicados nestes filtimosúltimos 10 anos.
anos. Neste mornento
momento desenvolvi uma
primeira abordagem
abordagem da da questao
questão dos
dos nomes
nomes proprios
próprios ee de
de sua
sua relagao
relação com
os
os nomes comuns. Estes Estes estudos
estudos eu
eu os
os apresentei,
apresentei, no no inicio
início dos
dos anos
anos 90,
90, em
cursos nana P65-graduagao
Pós-graduação de de Lingiiistica
Lingüística do do Instituto
Instituto de
de Estudos
Estudos da da Lingua-
gem
gem dada Unicamp. Isto produziu, desde desde entao,
então, o o envolvimento
envolvimento de de outras
outras pes-
pes-
soas
soas nesta via de de reflexao
reflexão enunciativa
enunciativa para os os problemas da designagao.
da designação.
Neste periodo
período meus contatos com outros paises países dada América
América Lati-
na e com a Unemat,
lJnemat, em Caceres,
Cáceres, me levou aa refletirrefletir mais especifica-
mente sobre as as relagoes
relações do Brasil com a América Latina, ee sobre as as
relagoes
relações das linguas
línguas do Brasil (reflexao
(reflexão que venho fazendo como como mem-
bro do Projeto Historia
História das Idéias Lingiiisticas
Lingüísticas no Brasil: Etica Ética ee Poli-
Polí-
tica de Linguas).
Línguas). Isto foi fqi decisivo para a
a melhor configuragao
configuração do con-
ceito de espago
espaço de enunciagao.
enunciação.

55
_ _ _ 7 _

Envolvido nos
nos projetos do do Laboratorio
Laboratório dede Estudos
Estudos Urbanos da
Unicamp,
Unicanp, levei este meu interesse
interesse para os estudos das palavras da cida-
de: cidade,
cidade, municipio,
município, comarca, rua, nomes de ruas, etc. E aqui a questao
questão
dos nomes
nomes proprios
próprios acabou por assumir um lugar significativo.
lugar muito significativo.
Neste livro estarao
estarão presentes muitos aspectos deste percurso, pelo
qual espero poder contribuir para uma reflexao
reflexão sobre os nomes e seus
sentidos
sentidos configurada
configurada no interior
interior de uma concepgao enunciativa
concepção históri-
enunciativa ee histori-
ca da linguagem.
INTRODUQ10
INTRODUÇAO

Colocar-se
Colocar-se na posigao
posição do semanticista inscrever-se num dominio
semanticista é inscrever-se domínto
de saber
saber que inclui no seu objeto a consideragao
consideração de que a linguagem fala
a linguagem
de algo. Pour outro lado, nao não hahá como pensar uma semantica lingüística
semântica lingiiistica
sem levar em conta que o que se diz é incontomavelmente construído na
incontornavelmente construido
linguagem.
E no espago
espaço conformado por estas duas necessidades
necessidades que procura-
rei configurar
configurar o que é para
é para mim uma acontecimento. Ou
semantica do acontecimento.
semântica
sej a, uma semantica
seja, semântica que considera que a analiseanálise do sentido da linguagem
deve localizar-se
localizar-se no estudo da enunciagao,
enunciação, do acontecimento
acontecimento do dizer. dizer'
Por outro lado, considerando
considerando aaprópriaoperação
propria operagao de analise,
análise, tomar
0o ponto de de vista de uma semantica lingüística éé tomar como lugar de
semântica lingtiistica
observagao
observação do sentido o enunciado. Deste modo, saber 0 significa
o que significa
fornia é
uma forma é dizer dizer como seu funcionamento é parte da constituição
constituigao do
sentido do enunciado. Mas para mim, considerar considerar 0 processo no qual uma
o processo
forma constitui o sentido de um enunciado enunciado é considerar
considerar em que medida medida
esta fonna
forma funciona num enunciado, enquanto enunciado de um texto.
Ou sej a, nao
seja, não ha
há como considerar que uma forma forma funciona
funciona em um um enunci-
ado, sem considerar
considerar que ela funciona num num texto, e em que medida ela é
constitutiva
constitutiva do sentido do texto.
Deste modo, procuro utilizarttilizar aqui o que Benveniste (1966)t consi-
Benveniste (1966)‘
derou como 0o movimento intregrativo
intregrativo de uma unidade lingtiistica.
lingüística. Para
ele esta relagao
relação (integrativa) da dá o sentido da unidade. Ou seja, o sentido
de um
um elemento
elemento lingfiistico
lingüístico tem a ver com o modo como este elemento elemento faz
parte de uma unidade maior ou mais ampla. Vé-se Vê-se que ao fazer este uso
da relagao
relação integrativa, a despeito de Benveniste
Benveniste ter dito que ela nao não per-
mitia passar
passar do limite
limite do enunciado, estou dizendo que ha uma passagem
há uma passagem
do enunciado para o texto, para o acontecimento,
acontecimento, que nao segmental' E
não é segmental.
esta é aa rela <2 ao de sentido
relação sentido.
A -
l. Em “Os
1. "Os Niveis
Níveis da Analise Lingüística"
Análise Lingfiistica”.

66 7
i -— Til

Tratar aa enunciacao,
enunciação, coloca de de saida
saída aa questao
questão do
do sujeito
sujeito que
que enun
enun- Por outro lado vou me
me ocupar do estudo dede um
um conjunto
conjunto de
de nomes
nomes
cia, e assim aa questao
questão do sujeito nana linguagem.
linguagem. E para
para os
os meus
meus proposi-
propósi- comuns, que procurarei, de
de alguma forma, ligar aà problematica
problemática dos
dos no-
no-
tos isto deve levar aa uma recolocagao
recolocação do do lugar dos
dos estudos
estudos da
da enunciacao
enunciação mes proprios
próprios aqui estudados. Vou estudar
estudar aa designagao
designação de
de nomes
nomes como
como
num espaco
espaço distinto dodo que eles
eles tiveram ouou tém
têm ainda em certas
certas de
de suas
suas cidade,
cidade, municipio,
nrunicípio, comarca,
contarca, rua,
rua, ruela,
ruela, morro.
nxorro.
formulagoes.
formulações. Para mim o tratamento da enunciagao
o tratamento da enunciação deve se
se dar num es-
dar num es- O centro de meu interesse éé oo estudo do
do funcionamento dos
dos nomes,
nomes, ee
pago
paço em que seja possivel
possível considerar
considerar aa constituigao
constituição historica
histórica do
do sentido,
sentido, especificamente
especificamente da
da designacao.
designação. Para
Para configurar
configurar oo que
que considero designagao
considero designação
de modo
modo que a semantica
semântica se
se formule,
formule, claramente,
claramente, como uma disciplina
disciplina do
do vou distinguir
distinguir esta
esta palavra num conjunto de de palavras
palavras muitas
muitas vezes
vezes usadas
usadas
campo das ciéncias
ciências humanas, fora dede suas
suas relagoes
relações com aa logica
lógica ou
ou aa umas pelas outras,
outras, ou
ou distinguidas
distinguidas de
de modos
modos diferentes
diferentes dependendo
dependendo do
do autor
autor
gramatica
gramática pensadas ou como 0 o matematizavel
matematizável ou como uma
uma estrutura
estrutura ou da posigao
posição de cada um.
um. N0meagc'i0_,
Nonteação, designapfio,
designação, referéncia,
referência, denotapfio,
denotação,
biologicamente
biologicamente determinada.
determinada. por exemplo,
exemplo, ee palavras
palavras correlatas,
correlatas, sao
são muitas
muitas vezes
vezes usadas
usadas como
como sinonimas
sinônimas
Este trabalho mantém assimassim um dialogo
diálogo com dominios
domínios como
como aa filo- ee as
às vezes como
como diferentes. Basta Basta ver como
como denotagiio
denotaçcn podepc/le ser
ser usada como
usada como
sofia
sofia da linguagem,
linguagem, notadamente aa teoria dos dos atos
atos de
de fala,
fala, aapragmâtica,
pragmatica, sinonima
sinônima ou nao não dede desigmzgdo
designnção ee referéncia.
referênclc. VouVou aqui usar designação como
aqui usar designagao como
aa semantica
semântica argumentativaz. Por outro lado mantém também um um dialogo
diálogo distinta
distinta dede nomeagao
nomeação ee de de referéncia
referência (denotagao).
(denotação).
decisivo com aa Analise
Análise de Discurso tal como praticada
praticada nono Brasi13
Brasil3 ee que
que A nomeapiio éé oo funcionamento
Anomeação funcionamento semantico
semântico pelo qual algo algo recebe
recebe um um
se
se organiza e desenvolve
desenvolve aa partir
partir dos
dos trabalhos de de Pécheux.
Pêcheux. nome (nao (não vouvou aqui discutir este este processo). A designagdo
designação éé oo que que se se
Mais especificamente,
especificamente, tomo aa enunciagao
enunciação comocomo um um acontecimento
acontecimento poderia chamar
chamar de de significacao
signifìcação de de umum nome,
nome, masmas nao
não enquanto
enquanto algoalgo abs-
abs-
no qual se
se dzi
dá aa relacao
relação do sujeito
sujeito com aa lingua.
língua. A questao
questão éé como
como descre-
descre- trato. Seria a significagao
significação enquanto algo proprio próprio das
das relagoes
relações de de lingua-
lingua-
ver e analisar esta relacao.
relação. gem, mas enquanto
enquanto uma relacao linguistica
uma relação lingüística (simbolica)
(simbólica) remetida
remetida ao ao real,
real,
Ao lado de tratar oo sentido tal como acima exponho, vou vou considerar
considerar exposta ao ao real,
real, ouou seja,
seja, enquanto uma relagao relação tomada
tomada na na historia.
história. E É
a questao
questão do politico
político na linguagem, tomando
tômando como como lugar
lugar de
de reflexao
reflexão 0o neste sentido que nao não vou tomar 0 o nome comocomo um um palavra
palavra queque classifica
classifica
dominio
domínio da semantica,
semântica, mais especificamente
especificamente 0o dominio
domínio dosdos estudos
estudos dada objetos, incluindo-os em em certos
certos conj untos. Vou
conjuntos. Vou considerar,
considerar, taltal como
como con-con-
enunciagao.
enunciação. Isto quer quer dizer que para mim enunciar
enunciar éé uma
uma pratica
prática politica
política sidera Ranciére
Rancière (1992), que os os nomes
nomes identificam
identificam objetos.
objetos. Hipotese
Hipótese que que
em um sentido muito preciso, que procurarei apresentar apresentar aa seguir,
seguir, no
no pri- me interessa ,fo1temente tanto para os
intereqsafortemente os nomes comuns,
comuns, comocomo para
para os
os no-
no-
meiro capitulo. Tanto a nogao de
capítulo. Tanto noção de político,politico, que vou
vou fazer operar aqui,
fazer operar aqui, mes proprios,
próprios> como se se vera.
verá. A referéncia
referência sera vista como a particulari-
será vista como a particulari-
quanto minha concepgao
concepção de sentido sao são pensadas
pensadas historicamente
historicamente ee nao não zacao
zação de algo na ee pela enunciacao.
enunciação.
como uma agao ação particular
particular numa situagao
situação particular.
particular. Se,
Se, do ponto de de vista da filosofia
filosofia ee da da logica,
lógica, aa consideragao
consideração da da
Como
Como objeto especifico
específico de reflexao
reflexão vou estudar
estudar aa designacao,
designação, linguagem diz respeito aa que éé preciso saber saber como
como umauma expressao
expressão lin- lin-
constitutiva do sentido dos nomes. nomes. De um um lado
lado tratarei
tratarei de
de nomes
nomes pro-
pró- guistica
güística se se relaciona inequivocamente
inequivocamente com com aquilo
aquilo que
que ela
ela significa
significa (refe-
(refe-
prios, ou seja, nomes que se se apresentam
apresentam comocomo nomes de objetos uni-
nomes de objetos úni- re), para aa lingiiistica,
lingüística, ee especificamente
especificamente para para aa semantica
semântica linguistica,
lingüística, aa
cos. Para isso vou deter-me
deter-me no estudo
estudo dos nomes
dos nomes proprios
próprios de de pessoa
pessoa ee questéio
questão nao não éé necessariamente
necessariamente essa. essa.
dos nomes de ruas. Quero, Quero, ao
ao tomar estes
estes objetos de de analise,
análise, enfren-
enfren- Para a semantica
semântica lingiiistica
lingüística 0o queque interessa
interessa éé saber,
saber, nono que
que diz
diz res-
res-
tar diretamente, em analises
análises especificas,
específicas, nomes
nomes queque poderiam
poderiam levar,
levar, peito aà relacao
relação da linguagem com as as coisas,
coisas, como
como ao ao dizer
dizer algo
algo fala-se
fala-se
com alguma
alguma facilidade, aa uma concepgao
concepção segundo
segundo aà qual estes
estes nomes
nomes das coisas. Ou seja, seja, aa questao
questão naonão éé ontologica
ontológica mas mas simbolica.
simbólica. Nao Não pode-
pode-
funcionam meramente por suas suas relagoes
relações com os os objetos
objetos unicos
únicos que
que mos esquecer de de lembrar
lembrar aqui que que nono nascimento
nascimento da da linguistica
lingüística modema
moderla
nomeiam. Saussure separou de de modo absoluto estas estas duas
duas questoes
questões (a (a lingiiistica
lingüística ee aa
da relagao
relação com as coisas).
as coisas).
De certo modo pode-se ver, no no que dizdiz respeito
respeito aà relagao
relação da da lin-
2. Nesta
2. linha de filiagao lembro Bréal (1897), Bally (1932), Benveniste (1966, 1974),
NestalinhadefiliaçãolembroBréal(1897),Bally(1932),Benvenisre(1966, Ducrot
1974),Ducrot
(1972,1973,1984);
(1972, 1973, 1984); Austin
Austin (1962), Grice (1957,1967), Searle
(1962),Grice(1957,t96j), Seæle (1969);
(1969); entre
entre outros.
ourros.
guagem
guagem com oo mundo, um debate debate diretamente
diretamente afetado
afetado pela
pela logica.
lógica. E E
3. Tal como aparece
3. ap¿rece na obra de
de E.
E. Orlandi (ver, por exemplo,
exemplo, Orlandi
Orlandi (1983, 1990, 1992,
(1983,1990,1992, os problemas sao são considerados
consiilerados segundo tragam dificuldades proprias
tragamdificuldades próprias
1996, 1999)).
t996,1e99)). para as as hipoteses
hipóteses de de unicidade ee existéncia
existência vindas
vindas desta
desta disciplina.
disciplina.

8
9
Diante, por exemplo,
exemplo, de de nomes como Super-homem, unicdrnio unicórnio em
frases como o unicérnio
unicórnio ncio
não existe, ou se admite que estes nomes tem têm
sentido,
sentido, ee assim se levado aa considerar como
se éé levado como nao tendo valor de
não tendo
verdade uma frase claramente verdadeira, ou admite-se que estas ex-
pressoes
pressões naonão temtêm nelas
nelas nenhum sentido, sentido, ee tudo que uma expressao
expressão
referencial faz é, numa dada frase, denotar um objeto. Ou seja, toda a
significacao redtzida aà referéncia“.
significação é reduzida referênciaa.
No entanto nada impede que tenhamos, como linguistas, lingüistas, que res- C¡pírurc II
CAPITL/L0
ponder como se pode falar de alguém, alguém, que nao jogador de ténis,
não é um jogador tênis,
dizendo o jogador de ténis.
dizendo 0jogador ránis. Assim
Assim como é perfeitamente
perfeitamente possivel
possível falar
falar de ENUNCIAQ-10
ENUNCIAÇAO EE ACONTECIMENTO
uma
uma mesma
mesma coisa
coisa usando expressoes
expressões como como meu carro e aquele carro da
esquerda, ao mesmo tempo em que a segunda expressao expressão pode ser usada
para falar
para de um carro que nao
não é meu e a
a primeira, em principio,
princípio, nao.
não. A enunciagao,
enunciação, enquanto acontecimento
acontecimento de linguagem, se faz pelo pelo
Um outro aspecto impoitante
importante aqui. O que significa
significa dizer que qlue o
o nome funcionamento
funciönamento da lingua.
língua. Inscrevo minha posigao
posição numa
numa linha de filiações
de filiagoes
proprio
próprio nao
não tem sentido (tal como diz Russell)? Esta é uma solugao solução que proximas
próximas que passa por Benveniste
Benveniste (1970), em “O "O Aparelho Formal da da
esta ligada ao referencialismo
esfâligada referencialismo e empirismo de sua posigao posição ee assim leva a Enunciagao”, a é a língua
para quem a enunciagao é a lingua posta em
Enunciação",paraquem enunciação posta em funcionamen-
pensar
pensar que aà linguagem
linguagem cabe so só indicar
indicar (de modo transparente) as coisas to pelo locutor, e por Ducrot "Esboço de
Ducrot (1984), em “Esbogo de uma
uma Teoria Polifônica
Teoria Polifonica
existentes.
existentes. Esta solucao
solução nao
não considera que as coisas existentes
existentes saosão referi- da Enunciacao”, para quem a enunciagao
Enunciação",paÍaquem aparecimento
enunciação é o evento do aparecimento de
do de
das enquanto significadas, e nao simplesmente
significadas, e não simplesmente enquanto existentes. Eé um enunciado. Para mims mint' a questao
questão é como tratartÍatar a enunciacao
enunciação como
isso que tomar
tomar a questao pela lingiiistica
questão lingüística permite considerar. E, assim, a funcionamento
funcionamento da lingua
língua sem remeter
remeter isto a um locutor, aa uma centralidade
partir do fato semantico
do fato semântico de de que
que asas coisas
coisas sao
são referidas enquanto do suj eito.
sujeito.
significadas
significadas ee nao
não enquanto simplesmente
simplesmente existentes,
existentes, podemos conside- Dois elementos sao são decisivos para a conceituagao
conceituação deste aconteci-
rar que é possivel
possível referir porque as coisas sfio são significadas
significadas ee nao
não simples-
simples- mento defilinguagem:
deJinguagem: a lingua
língua e o sujeito
sujeito que se pelo funciona-
se constitui pelo
mente existentes. Podemos referir algo com a palavra pedra porque a mento da lingua na
da'lírigua na qual enuncia-se algo. algo. Por outro lado, um terceiro
lado,
linguagem significa
significa o mundo de tal modo que qte identifica
identificd os seres em vir- elemento
elemenio decisivo, de meu ponto de vista, na constituicao aconteci-
constituição do aconteci-
tude de significa-los.
significá-los. E é isso que toma
torna possivel
possível a referéncia
referência a um ser mento, é sua temporalidade.
temporalidade. Um quarto elemento ainda aindaéé 0o real a que o
particular
particular entre os seres assim identificados. E É este tipo de questao
questão que dizer se expoe
expõe ao falar dele. NaoNão se trata aqui do contexto, da situagao,situação,
queremos discutir
discutir ao estudar
estudar aqui aa designagdo.
designação. tal como
tal como pensada na na pragmatica,
pragmática, por por exemplo.
exemplo. Trata-se
Trata-se de de uma
materialidade historica
histórica do Ou enuncia enquanto
do real. Ou seja, nao se enuncia enquanto ser
real. seja, não se ser
fisico,
físico, nem
nem meramente
meramente no mundo fisico.
físico. Enuncia-se enquanto ser
enquanto ser afetado
pelo simbolico
simbólico ee num mundo vivido através simbólico.
através do simbolico.

1.
1. ACONTECIMENTO TEMPORALIDADE
ACONTECIMENTO E TEMPORALIDADE

Considero
Considero que algo é acontecimento
acontecimento enquanto
enquanto diferenga
diferença na sua pró-
sua pro-
pria ordem. E o que caracteriza
caracterizaaa diferenga acontecimento nao éé
diferença é que o acontecimento não
um fato no
no tempo.
tempo. Ou
Ou seja,
seja, nao
não é um fato novo enquanto distinto de
qualquer
qualquer outro ocorrido antes no tempo. O que o caracteriza
caracteriza como dife-
renga
rença é que o acontecimento
aconteciryento temporaliza. Ele nao
não esta presente de
está num presente
4. Esta discussao
4. discussão se
se da
dá entre, por exemplo, as posigoes
posições de Frege e Russell.
Russell. 5.
5. Ver Guimaraes
Guimarães (1989 ee 1995).
1995)

1 10
10 11
um antes e de um depois no tempo. O acontecimento
acontecimento instala sua propria
própria Municipios
Municípios Prefeitos
P reþitos deixaram
deixarant as cidades
cfula.des depenadas.......................42
deperutdas.......................42
temporalidade:
temporalidade: essa a sua diferenga.
diferença. Fdrum
Fórunt Os
O s anticapitalistas
anticapitalistas se retinem
reúnem no Sul........................... ..44
9ul............................44
Antes
Antes de falar de como
como sese da
dá aa temporalidade
temporalidade do acontecimento,
acontecimento, gos- Minas Gerais A tenente diz que nao não esta
está mais com Itamar: 1tanm........45
...... ..45
taria de recusar aqui a posigao
posição benvenistianafi,
benvenistiana6, segundo aà qual o tempo
tempo da Igreja B04110
Boctlo sobre
sobre romance
rcnuatce afastapadre clique.,46
de paróquia clzique.
afasta patlre deparéquia . .46
enunciacao
enunciação se constitui pelo locutor ao enunciar. Ou seja, o
seja, presente do Acre O plano paranlatar
plano para governador Jorge Viana
matar 0o governadorlorge Vana.........47
....... ..47
acontecimento nao
não é, para
para mim, comocomo quer
quer Benveniste, o tempo
tempo no qual
qual o CPI Perguntas
P e r g unt a s hilcirias
hil ári as dos
do s deputados
de p utatlo s sobrefittebol.....
s o b re fut e b o1.........47 47
locutor diz ea
eu e enuncia, a partir do qual se organizam
organizam um passado (um Receita
Receila Decreto escancara
escatxcara 0 bancário........................48
o sigilo bancario...................... ..48
antes)
antes) e
e um
um futuro (um depois),
depois), constituindo-se
constituindo-se assim, aa partir
partir do Eu, uma Privatizagao
Privatização Um China..... .....................49
negécio da China............................................
Umnegócio ..49
linha de
de sucessividade. O O que
que quero dizer éé que não éé oo sujeito que
que nao
temporaliza, é o acontecimento. O sujeito nao não é assim a oiigem
origem do tempo Uma analise
análise tradicional deste indice
índice procuraria
procuraria observar seu aspec-
da linguagem. O sujeito é tomado
tomado na temporalidade
temporalidade do acontecimento.
acontecimento. to meramente informativo. Ou seja, seja, o indice
índice diz ao leitor quais saosão as
E o que é esta temporalidade?
temporalidade? De um lado ela se configura
configura por um matérias da revista e em que paginas
páginas elas estao.
estão.
presente
presente que abre em si uma laténcia
latência de futuro (uma futuridade),
futuridade), sem a Do meu ponto de vista ha há ai
aí bem mais do que isso. isso. De um lado as as
qual nao
não ha
há acontecimento de linguagem, sem a qual nada é significa- matérias aparecem
aparecem como sendo de uma secao seção especifica, "Brasil", entre
específica, “Brasil”,
do, pois sem ela
do, pois (a laténcia
ela (a latência de de futuro) nada
nada ha
hâ ai
aí de
de projegao,
projeção, de outras (“Intemacional,
("Internacional, Geral, Economia
Economia e Negocios,
Negócios, Guia,
Guia, Artes e Espeta-
Espetá-
interpretavel.
interpretável. O acontecimento
acontecimento tem como seu um depois incontornavel,
incontornável, cu1os”).
culos"). Sem utilizar aqui categorias de analise
análise especificas,
específicas, podemos
podemos dizer
ee proprio
próprio do dizer. Todo acontecimento
acontecimento de linguagem significasignifica porque que
que oo que se
se diz na
na primeira
primeira coluna
coluna do indice
índice pode
pode ser considerado como o
ser considerado o
projeta em si mesmo um futuro. dizer de um locutor que categoriza os espagos espaços da revista, ao que
ao passo que aa
passo
Por outro lado este presente e futuro
futuro proprios
próprios do acontecimento fun- segunda
segunda coluna éé um um dizer de umum locutor
locutor que toma
toma os titulos
títulos de matéria (á
matéria 021
cionam por um passado que os faz significar.
significar. Ou seja, esta laténcia
latência de enunciados
enunciados por outros locutores)
locutores) e indica suas paginas
páginas iniciais. Deste
Deste modo
futuro,
futuro, que, no acontecimento, projeta sentido, significa
significa porque o aconte- o presente do acontecimento deste fndice índice é o tempo em que 0o locutor da
cimento
cimento recorta um passado como memoravel.
umpassado memorável. formulagao
formulação do indice
índice atribui
atribui uma matéria a uma certa categoria,
categoria, categoria
A temporalidade do acontecimento constitui o seu presente e um que ai
aí esta
est{ como um passado
um passado neste acontecimento, que se apresenta como
se apresenta
depois que abre o lugar dos sentidos, e um passado
passado que naonão é 1embran-
lembran- um rememorado,
rememoiado, que faz significar
significar de um certo
cerlo modo, e nao
não de outro, o
ca
ça ou recordacao
recordação pessoal de fatos anteriores.
anteriores. O passado
passado é, no aconteci- . titulo
título da matéria
matériae e aamatéria.
matéria. E tudo isso projeta sentidos futuros, sentidos
mento, rememoracao
rememoração de enunciagoes,
enunciações, ou seja, se se da
dá como parte de uma capazes
capazes de movimentar,
movimentar, inclusive,
inclusive, outras enunciacoes.
enunciações. Por Por exemplo:
nova temporalizacao,
temporalização,taltal como aa laténcia
latência de futuro. E É nesta medida
medida que
o acontecimento é diferenga
diferença na sua propria
própria ordem: o acontecimento é Municípios
Manicflnios depenadas
Prefeitos deixaram as cidades depenadas.
sempre
sempre uma
uma nova temporalizagao,
temporalização, um um novo espago
espaço de conviviabilidade
conviviabilidade
de tempos, sem a qual nao
não ha
há sentido, nao ha acontecimento
nãohâ acontecimento de lingua- O que aqui se
se rememora como categoria para aamatéria
categoria para (Municípi-
matéria (Municipi-
gem, nao
não hahá enunciacao.
enunciação. os) faz o titulo
título projetar como sentidos (futuridade do acontecimento),
acontecimento),
Tomemos para ilustrar
ilustrar nosso ponto de vista o indice
índice de uma revista. entre
entre outros,
outros, a) as cidades
a) as sinônimo de
como sinonimo
cidades como municípios; b)
de municipios; b) a
Vou utilizar
utilizar aqui uma parte
parte do indice
índice da
da Revista Veja de 17
Vejade l7 de
de janeiro de irresponsabilidade dasdas adrninistracoes
administrações dasdas cidades própria dos
cidades como propria
2001, especificamente
especificamente sua Segao
Seção Brasil:
Brasll: brasileiros; ee c)
municípios brasileiros;
municipios c) um
um sentido
sentido dede generalizagao
generalizaçã'o da
neste nível
irresponsabilidade neste nivel de governo: municipio como lugar da
governo: o município
Sa'0
São Paulo A a'0en§a
doença marca
marca as aparigées públicas de Covas..........
aparições pniblicas ..36
Covas............36 irresponsabilidade
irresponsabilidade (o que sem duvida
dúvida localiza a atencao leitor de um
atenção do leitor
Justiga
Justiça ktlau abre a discussao
Caso do Lalau discussão sobre aa prisiio
prisão especial...39 modo muito particular).
Congresso
Congresso Sucessiio
Sucessão na presidéncia da Camara
napresidência Câmara ee do Senado............. ..40
\enado...............40 Constitui-se no indice
índice o que é o presente
presente para esta edicao
edição da Veja.
daVeja-
Nao
Não ha
há nada nele que relacione
relacione necessariamente uma matéria desta edi-
6. (1974a),"A
6. Benveniste (1974a), “A Linguagem
Linguagem e aa Experiéncia
Experiência Humana”.
Humana" gao
ção com qualquer
qualquer outra da semana anterior. O presente ai nao é um de-
aínão

12 13
|— — 7 7

pois da semana anterior, nem o passado é um antes da semana em ques- O acontecimento


acontecimento em que se fala é, do meu ponto de vista, espacoespaço de
tao,
tão, nem o futuro é aqui a semana posterior aquela àquela em que se esta.está. temporalizagao.
temporalização. Nesta Nesta medida o
medida o passado no
no acontecimento éé uma
acontecimento
Neste sentido diria que a significagao
significação do indice
índice é uma instrugaol
instrução7 de rememoracao
rememoração de enunciagoes fragmentos do passado
enunciações por ele recortada, fragmentos passado
como saber
saber de que trata a revista, onde isto esta,está, e das conseqiiéncias
conseqüências dos por ele representados
representados como o seu passadog.
passadoe.
sentidos ai aí tratados. O
O indice nao
índice não é uma mera indicagao de onde algo
indicação A questao
questão para mim é poder descrever como se da dá este aconteci-
.z
esta.
está. E uma indicacao
indicação que passa pelo sentido
sentido que o acontecimento cons- mento
mento de linguagem,
linguagem, como ele se constitui.
constitui. E o que faremos mais aà frente
truiu. Deste modo o indice
índice é uma instrugao
instrução de como interpretar
interpretar tanto um ao falar
falar de cena enunciativa e espago
espaço de enunciagao.
enunciação. Antes vou caracte-
caracte-
modo de chegar aà matéria, como a propria própria construgao
construção de algo como noti- notí- rizar o que éé para mim politico.
o político.
cia, que para ser noticia
notícia é constituido
constituído por uma temporalidade
temporalidade especifica.
específica.
Esta caracterizacao
caracterização da temporalidade do acontecimento
datemporalidade acontecimento nao não coincide,
coincide, 2. O POL1TICO: DESIGUALDADES E A
DTSTRIBLIçÃO DE DESIGUALDADES
POLITTCO: DISTRIBUIQAO
portanto, com o tempo
portanto, com o tempo do ego que diz eu, que chamo
eu,que chamo aqui locutor“. A
locutors. A confi-
confì- AFIRMAQAO
AFIRMAÇÃO DE DE PERTENCIMENTO
PERTENCIMENTO
guragao
guração do Locutor no acontecimento
acontecimento é aa de que ele ele é a origem do dizer
dizer e
assim
assim dada temporalidade.
temporalidade. Diria
Diria que Benveniste
Benveniste limitou-se
limitou-se aa tratar
tratar desta
desta repre- Colocando-me no dominio
domínio das posigoes
posições materialistas vou considerar
sentagao.
sentação. Deste
Deste modo
modo aa temporalidade
temporalidade do acontecimento
acontecimento da enunciagao
ennciaçãotraztraz o politico
político como algo que é proprio divisao
próprio da divisão que afeta materialmente
materialmente aa
sempre
sempre esta
esta disparidade
disparidade temporal
temporal entre
entre oo tempo
tempo do acontecimento
acontecimento ee aa repre- linguagem
linguagem e, e, para 0
o que me interessa
interessa aqui, o acontecimento
acontecimento da enunciag€1o‘°.
enunciaçãolO.
sentagao
sentação da temporalidade pelo Locutor. Esta disparidade significa significa direta- Comego
Começo por considerar
considerar o modo como Ranciere caracteiza
Rancière (1995) caracteriza
mente aa inacessibilidade Locutor aquilo
inacessibilidade do Locutor àquilo que enuncia. O locutor nao
locutor não esta
estií as abordagens político na filosofia.
abordagens do politico filosofia.Para
Para ele estas abordagens tratam
onde
onde a enunciagao
enunciação significa (tempo do Locutor).
signifìca sua unidade (tempo Locutor). do que ele chamou aa arqui-politica, para-política e a meta-politica.
arqui-política, aa para-politica meta-política. A
Assim
Assim oo Locutor esta
está dividido
dividido no acontecimento. E esta
está dividio
dividio por- primeira (a arqui-politica)
arqui-política) temtemsuasua configuragao
configuração no pensamento platôni-
pensamento platoni-
que falar, enunciar, pelo funcionamento
funcionamehto da lingua
língua no acontecimento,
acontecimento, é co e, Rancière, transforma politica em organizagao. Isto se
e, segundo Ranciere, a política em organização. se
falar enquanto sujeito. Para caracterizar
caracterizar este aspecto recorro,
recorro, neste pon- enuncia em Platao em afirmagoes
emPlatão afirmações diretivas
diretivas como “é necessario
"é necessário fazer seu
to, aà posicao
posição da analise
análise de discurso para
paraaa qual o sujeito que enuncia é proprio
próprio traba1ho”
trabalho" que aparecia
aparecia ja já como um artificio retórico que formu-
artifício retorico
sujeito porque
porque fala de uma regiao
região do interdiscurso,
interdiscurso, entendendo
entendendo este como lava a submissao
suþqissão do povo aà distribuigao
distrìbuição ordenada dos papéis sociais. A
uma memoria
memória de sentidos.
sentidos. Memoria
Memória que se
se estrutura pelo esquecimento politica
política éé neste caso mentira. Cabia aà arqui-politica anular a “falsa
arqui-políticaanular polí-
"falsa poli-

de que jzi significa (Orlandi, 1999). Ser sujeito de seu dizer, ser
significa (Orlandi, ser sujeito,
suj eito, é tica”,
tica", a democracia, pela constituicao
constituição da Republica.
República.
falar de uma posigao
posição de sujeito. A para-politica,
para-política, que
qrue aparece na fonnulagao
formulação de Aristoteles
Aristóteles que naonão
Esta tomada
tomada de posigao
posição teorica
teórica da
dá um sentido
sentido bem especifico
específico ee forte aceita a descaracterizacao da politica
aceitaadescaracterização política feita
feiø por
por Platao,
Platão, integra
integra e neutraliza o
aà consideragao
consideração de que o acontecimento
acontecimento de linguagem
linguagem nao
não se da
dá no tempo, conflito
conflito entre
entre pobres ee ricos, entre interesses opostos.
opostos. A politica
política éé neste caso
nem
nem no tempo
tempo do locutor, mas éé um
um acontecimento
acontecimento que temporalizaz
temporaliza: uma aparéncia
aparência e ela encontra seu fim fim na pacificacao
pacificação social. Se, por exemplo, o
temporalidade em que que o passado nao
não éé um antes
antes mas um memoravel
memorável govemante estaestá diante da possibilidade popula¡ entao
possibilidade de um levante popular, então ele
recortado pelo proprio
próprio acontecimento
acontecimento que tem também o futuro como deve fazer como se
devefazer se govemasse
governasse para o povo, neutralizando assim assim o conflito.
conflito.
uma
uma laténcia
latência de futuro. O sujeito nao
não fala no presente,
presente, no tempo, embora
o locutor oo represente assim, pois
pois so
só éé sujeito enquanto afetado pelo 9. EÉ preciso nao
9. não confundir aa memoria
memória dede sentidos (memória discursiva: interdiscurso)
sentidos (memoria interdiscurso) do
interdiscuro, memoria
memória de sentidos, estruturada pelo esquecimento, que (memorável de enunciagoes
passado no acontecimento (memoravel temporalização do
enunciações recortado pela temporalizacao
faz
faz aalíngua
lingua funcionar. Falar é estar nesta memoria,
memória, portanto
portanto nao
não é estar acontecimento). O que procuro éé desenhar a articulagao,
articulação, no quadro que que aqui proponho,
entre 0o interdiscurso e 0o acontecimento.
no tempo (dimensao
(dimensão empirica).
empírica). político e da politica
política que se desenvolveram no
10.
10. Lembro
Lembro aqui duas posicoes
posições a respeito do politico
dominio
domÍnio do materialismo
materialismo e com as quais minha posicao
posição guarda
guarda relagoes
relações evidentes.
evidentes. De um
7. Uso
7. UsoaquianoçãodeinstruçãoapafirdosentidoquelhedáO.Ducrot(1984),emboranão
aqui a nogao de instrugao a panir do sentido que lhe dé O. Ducrot (1984), embora nao lado
lado aa consideragao
consideração do político como
do politico como conflito, tal como
conflito, tal (1990) apresenta em
como Orlandi (1990)
de maneira
maneira absolutamente
absolutamente igual. Terra ità 1/zsta,
Vsta, ee de
de outro
outrq a consideracao política como dissenso
consideração da politica disse¿so taltal como apresenta
8. Mais aà frente
8. frente vou ratil de
vou tratar de modo mais
mais especifico
específico das figuras
figuras da enunciacao
enunciação (locutor,
(locutor, Raciére
Racière (1995) em La In mésentente. posições nao
méÍentenl¿. Evidentemente que estas duas posigoes não sao
são iguais.
enunciador,
enunciador, etc), ao falar da cena
cena enunciativa.
Valho-me aqui de um debate que se instala
instala de pronto entre elas para formular o que segue.
pa-ra formular

l4
14 15
A meta-politica
meta-política denuncia o excesso das
das injustigas
injustiças ee das desigualda- que regem a assiduidade dos funcionarios.
funcionários. Aqui jajá poderiamos
poderíamos refletir
refletir
política enuncia. Ou seja a meta—politica
des relativamente ao que a politica meta-política de- sobre
sobre esta divisao
divisão do
do real
real feito pelas
pelas designagoes
designações que,
que, nono caso,
caso, ora
nuncia política, de modo
nuncia as mentiras da politica, política é a mani-
modo que para ela a politica categorizam
categorizam alguém como aluno, ora como funcionario.
funcionário.
festacao
festação da falsidade. Isto leva aameta-políticaaatacar
meta-politica a atacar direitos formula-
formula- b) Um outro aluno, que defende
defende o aluno/funcionario
aluno/funcionário demitido, con-
dos por instituigoes
instituições sustentadas no conceito dede soberania, jajá que
que para
para tra-argumenta, incessantemente, durante algo como duas horas ou mais,
esta posigao
posição tudo o que vem do politico
político é falso. que a questao
questão nao
não é se o aluno seu colega (aluno estagiario)
estagiário) deveria ser
Assim
Assim estes trés
três modos de de conceber
conceþr oo politico
político 0o tomam
tomam como aapráti-
prati- demitido de seu
seu posto enquanto funcionario,
funcionário, mas que ele o foi sem que
ca do falso ou do aparente ee assim procuram organiza-lo,
organizá-lo, ou integra-lo
integrá-lo ou lhe fosse assegurado
assegurado um direito minimo,
mínimo, consignado na declaragao
declaração uni-
denuncia-lo.
denunciá-lo. Como entao
então considerar
considerar o o politico?
político? Ele nao
não éé nem oo falso
falso nem versal dos direitos do homem, o de apresentar sua defesa.
0o verdadeiro. Procuro assim, a seguir, caracteriza-lo
caractenzâ-lo fora destas concep- O que temos
temos aqui? De um lado a afirmagao
afirmação de uma distribuigao
distribuição de
goes
ções negativas,
negativas, para que possamos tratartratar do
do politico
político como
como fundamento das das papéis, desigualmente,
desigualmente, onde
onde alguns
alguns podem
podem fazer coisas ee outros devem
devem obe-
relagoes
relações sociais, no que temtem impoitancia
importância central aa linguagem. Deste modo decé-las,
decê-las, distribuigao
distribuição feita pela adminsitragao,
adminsitração, e de outro a afirmagao
afirmação de
importa,
importa, antes de ir aà frente,
frente, uma observacaoz
observação: o o politico
político nao
não éé o
o que sese fala pertencimento do aluno aà categoria do humano
humano na qual todos tém
têm o direito
sobre
sobre a
a igualdade,
igualdade, sobre
sobre osos direitos, etc. Colocar-se
Colocar-se neste lugar
lugar éé também
também ee igual
igual de
de se
se defender de
de qualquer
qualquer acusagao.
acusação. Categoria da qual, no sentido
Cafegoiadaqual, sentido que
ainda conceber
conceber o politico
político negativamente, por trata-lo
tratá-lo como o o lugar dodo en- ele
ele lhe dá, oo aluno estagiario
lhe da, estagiário esta
está sendo retirado. Esta
Esta afirmagao
afirmação de
godo, da, na melhor
melhor das hipoteses,
hipóteses, doce mentira. pertencimento,
pefencimento, por precisar sese repetir como eco por um longo periodo
período de
O politico,
político, ou aa politica,
política, éé para mim caracterizado
caracterizado pela contradigao
contradição discussao,
discussão, significa
significa a sua
sua falta
falta de sentido no acontecimento.
acontecimento. Ou sej a, afmnar
seja, afirmar
de uma normatividade
normatividade que (desigualmente) um
que estabelece (desigualmente) um divisao
divisão do real oo direito éé neste acontecimento
acontecimento sem sentido, para aqueles que falam
falam do lugar
e aaafrmação
afirmagao de pertencimento
pertencimento dos que
qge nao
não estao
estão incluídos. Deste
incluidos. Deste modo da
da normatividade, por mais sentido que a a afinnacao
afirmação do aluno tenha
tenha para ele
o politico éé um conflito
político conflito entre uma divisao
divisão normativa ee desigual do do real ee e o demitido (a Declaragao
Declaração Universal dos Direitos do Homem
Homem nao não é aqui
uma redivisao
redivisão pela qual os desiguais afirmam
afirmam seuseu pertencimento.
pertencimento. Mais memoravel).
memorável). Esta-se
Está-se diante, neste caso, do funcionamento da contradigao
contradição
importante ainda para
para mim éé que deste
deste ponto
ponto de de vista oo politico
político éé propria
própria do político, ee de
do politico, de tal modo,
modo, neste
neste acontecimento, que o esforgo
esforço
incortomzivel
incortornável porque o homem fala. O homem esta está sempre aa assumjr
assumir aa enunciativo
enunciatiyo do do aluno
aluno defensor dodo colega éé tomado semsem sentido, ee sua
palavra, por mais que esta lhe seja negada. enunciacao
enunciação por mais que afirme afirme o pertencimento do aluno aà categoria
categoria do
Esta concepcao
concepção nos leva a algumas consideragoes
considerações aparentemente humano, nao não consegue
consegue ai aí significa-lo,
significá-lo, pela
pela sopreposigao
sopreposição “gloriosa”
"gloriosa" do
contraditorias
contraditórias em principio.
princípio. O Politico
Político esta
está assim sempre
sempre dividido pela adminstrativo, e do homogéneo.
homogêneo. O Politico
Político éé para
para mim
mim nao
não o dizer
dizer nonnati-
normati-
desmontagem
desmontagem da contradicao
contradição que o o constitui.
constitui. De
De tal
tal modo que oo estabele-
estabele- zado
zado da adminstracao,
adminstração, nem simplesmente
simplesmente aa afrmagao
afirmação dede pertencimento
pertencimento do
cimento da desigualdade se se apresenta como necessaria
necessária aà vida social ee aa aluno.
aluno. E a contradigao
contradição que instala este conflito
conflito no centro do dizer.
dizer. Ele se
se
afinnagao
afirmação de p61'[611Cl1"I16I1lO,
pertencimento, ee de igualdade, éé significada como abuso, abuso, constitui pela
pela contradigao
contradição entre
enfre aa nonnatividade
normatividade dasdas instituigoes
instituições sociais
sociais que
impropriedade.
impropriedade. Esta desmontagem éé o o esforgo
esforço dodo poder em
em silenciar“
silenciarrr aa organizam desigualmente
desigualmente o real e a afirmagao
afrmação de pertencimento
peftencimento dos nao não
contradigao,
contradição, na busca de um politico
político como acao
ação homogeneizadora
homogeneizadora que que incluidos.
incluídos. O O politico
político éé a afirmagao
aftrmação da igualdade,
igualdade, dodo pertencimento
pertencimento do povo
ora se
se esgota
esgota no administrativo,
administrativo, ora naquilo que Raciére
Racière chamou de
de po- ao povo, em conflito
conflito com a divisao
divisão desigual
desigual do real, para redividi-lo, para
licia,
lícia, e que ele opoe
opöe aà politica.
política. refazé-lo incessantemente
refazêlo incessantemente emnome em nome do pertencimento
perlencimento de todos no todos.
detodos todos.
Tomemos aqui umum exemplo. Em Em uma
uma reuniao
reunião dede um
um colegiado
colegiado uni- Com esta concepgao
concepção de politico
político voltamos
voltamos aà consideragao
consideração dos aspec-
versitario
versitário em que
que se
se discute aa demissao
demissão de de um aluno de de seu
seu posto dede tos enunciativos.
enunciativos. Com ela pretendemos
pretendemos uma uma melhor
melhor configuragao
configuração do do po-
estagiario
estagiário ha
há um embate
embate que sintetizo:
sintetizo: A litico
lítico na
na linguagem.
linguagem.
a) A adminstragao,
adminstração, em nome
nome da
da decisao
decisão do
do funcionario
funcionário que
que demitiu . .O
O acontecimento de de linguagem
linguagem por se se dar
dar nos
nos espagos
espaços dede enunciagao
enunciação
o aluno, diz que aquele estava autorizado aafazê-lo
fazé-lo baseado
baseado nas
nas regras
regras éé um acontecimento
acontecimento politico”.
políticot2. Ou seja, aa constituigao
constituição da da temporalidade
temporalidade

11.
11. No sentido que este conceito tem para Orlandi (1992). 12.
12. Tratei
TraIei desta questao
questão em Guimaraes
Guima¡ães (2000a).
(2000a).

t6
16 t7
17
do acontecimento
acontecimento se faz pelo funcionamento da lingua
língua enquanto numa ais.
ais. O espaco
espaço de enunciagao
enunciação é um espago
espaço politico,
político, no
no sentido em que
relacao
relação com linguas
línguas e falantes regulada por uma deontologia global do considerei
considerei ha
há pouco o politico.
político.
dizer em uma ceita
certa lingua.
língua. Tomemos um exemplo. O que ééfalar falar Poitugués
Porluguês na America
América Latina
hoje?“
hoje?ta Primeiro aspecto:
aspecto: éé falar
falar uma lingua
língua oficial de um Estado, que
3. ESPACO
ESPAçO DE ENUNCIAQAO
ENTTNCTAçAO nesta medida esta
está numa relagao
relação de convivéncia
convivência e de disputa na América
Latina com o Espanhol,
Espanhol, também lingua
língua oficial de varios
vários Estados vizi-
Considerar
Considerar aa configuragao
configuração do acontecimento,
acontecimento, tal como como fizemos
fizemos em 1., 1.,
nhos do Brasil".
Brasil15.
coloca
coloca uma
uma relagao
relação por
por todos os os aspectos decisiva: a a relacao
relação entre aa lingua
língua e Segundo
Segundo aspecto. Consideremos, por exemplo,
exemplo, um fato como a de-
o falante, pois so só ha
há linguas
línguas porque ha há falantes e so só ha
há falantes porque
porque ha há rivagao
rivação que em Portugués
Português forma palavras como acessar.
cces.rar. Esta palavra,
linguas.
línguas. E esta
esta relacao
relação naonão pode ser
ser tomada como uma relagao relação empirica
empírica do tal como deletar e tantas outras, entra no Portugués
Português do Brasil por uma
tipo: em
em uma
uma ceita
cerla situacao
situação asas pessoas
pessoas falam
faldm nana lingua
língua x,x, em
em outra,
outra, na
na lingua
língua relacao
relação com o Inglés.
Inglês.
y.
y. Por exemplo, no Brasil se fala Portugués, Português, na Franca,
França, Frances,
Francês, etc. Ou
etc. Se tomamos acessar, podemos vé-la
vê-la como um derivado
derivado de acesso,
ainda, no Paraguai se se fala o o Espanhol
Espanhol ee o Guarani. Esta Esta relacao
relação entre
entre falan-
o que seria perfeitamente
perfeitamente possivel
possível em virtude
virtude dos procedimentos
procedimentos de deri-
tes
tes e
e linguas
línguas interessa
interessa enquanto um um espago
espaço regulado
regulado ee de de disputas
disputas pela
pela pala-
vacaoda
vação da Lingua
Língua Poituguesa.
Portuguesa. Mas éé preciso ver ai também, mesmo neste
aítambém,
vra ee pelas linguas,
línguas, enquanto
enquanto espago
espaço politico,
político, portanto.
poftanto. A lingua
língua éé dividida caso (o caso de deletar envolve
envolve o fato de que nao
não ha
hâ delet em Portugués),
emPortuguês),
no sentido
sentido de que ela éé necessariamente atravessada pelo politico: político: ela éé que
que acessar
ûcessar éé um derivado
derivado em Portugués
Português de to acess do Inglés.
Inglês. Estamos
normativamente dividida ee éé também aa condigao
normativamente condição para para se se afirmar o diante de uma divisao
divisão tal que o espago
espaço de enunciacao
enunciação do Poitugués
Português do
pertencimento
pertencimento dos nao não incluidos,
incluídos, aa igualdade
igualdade dos desigualmente
desigualmente divididos. Brasil inclui uma relagao
relação com o Inglés.
Inglês. Em outras
outras palavras, o espago
espaço de
Os falantes nao não sao
são os
os individuos,
indivíduos, as
as pessoas que falam esta esta ou
ou aquela
enunciagao
enunciação do Portugués
Português é também
também ocupado pela lingua
língua inglesa.
lingua.
língua. Os falantes sao são estas
estas pessoas enquanto detemnnadas
determinadas pelas linguas línguas Tomemos um outro exemplo interessante. Houve, durante um pe-
umpe-
que falam. Neste Neste sentido falantes
falantes nao
não sao
são as
as pessoas na atividade fisico- físico- riodo
ríodo recente, em Campinas, um estabelecimento
estabelecimento comercial cujo nome
fisiologica,
fisiólogica, ou psiquica,
psíquica, de falar. SaoSão sujeitos dada lingua
língua enquanto
enquanto constitui-
constituí- era
era Center Fratas
Frutas Broto. Estamos aqui diante de um procedimento de
dos por este
este espago
espaço de linguas
línguas ee falantes que chamo
chamo espago
espaço de de enunciagao.
enunciação. nomeacao
nomeação ha já algum
há, ja tempo em funcionamento
algtmtempo funcionamento no Brasil.
Deste modo considero
considero que o falante, tal como oo conceituo, éé uma O que
qu'e temos
témos nesta nomeacao?
nomea çã,o? Ela se constroi
Elase constrói por uma
uma relagao
relação dire-
categoria
categoria lingiiistica
lingüística ee enunciativa.
enunciativa. Neste ponto diferencio
diferencio minha
minha posigao
posição ta entre falante ee as
as linguas
línguas ponuguesa
portuguesa ee inglesa. Nao
Não simplesmente
simplesmente por-
da de Ducrot. Mas num sentido muito preciso. Primeiro Primeiro devo dizer que que ha
há empréstimo
empréstimo de uma palavra,
palavra, center,
center, ou porque se se construiu um
concordo
concordo que o o falante, tal como Ducrot o o conceitua (como figura figura fisico-
físico- nome com uma frase inglesa, o que seria também também um simples emprésti-
emprésti-
fisiologica
fisiológica ee psiquica),
psíquica), naonão éé um
um personagem
personagem da da enunciacao.
enunciação. Minha Minha dife- mo. Estamos diante de um embate em que o falante esta está divido por sua
sua
renga
rença esta
está em que considero
considero que o falante nao não éé esta
esta figura empirica,
empírica, relagao
relação com duas linguas:
línguas: veja como aa presenga
presença do center
center nao
não define aa
mas uma figurafigura politica
política constituida
constituída pelos espagos
espaços de de enunciacao.
enunciação. E E nesta
nesta sintaxe nem
nem como inglesa nem nem como portuguesa: no primeiro
primeiro caso seria
medida ela deve ser ser incluida
incluída entre as figuras da enunciacao.
as figuras da enunciação.
Broto Frutas Center ee no segundo Center de Frutas Broto. Ha Há algo em
Os espagos
espaços de de enunciagao
enunciação sao são espacos
espaços de funcionamento de de lin-
lín- frutas (Poitugués)
(Português) que impede aa primeira construgao,
construção, ee ha
há algo em center
guas, que se se dividem, redividem, se se misturam, desfazem, transfonnamtransformam (é uma palavra “emprestada”
"emprestada" com sua sua sintaxe)
sintaxe) que impede aa segunda
por uma disputa incessante. Sao São espagos
espaços “habitados”
"habitados" por falantes, ou ou construcao.
construção. Ou sej a, esta nomeagao
seja, nomeação sese da
dá num espaco
espaço dede enunciacao
enunciação em
seja,
seja, por sujeitos
sujeitos divididos por seus direitos ao ao dizer
dizer ee aos
aos modos
modos de de que o Inglés
Inglês fomece
fornece modelos ao
ao Portugués.
Português. Mas este
este modelo
modelo nao
não se
se cum-
dizer. Sao
São espacos
espaços constituidos
constituídos pela equivocidade propria própria do aconteci- 14. Vou retomar e ampliar, segundo a especificidade
especificidade desta pergunta, uma analise
análise que fiz
fiz em
"Política de Linguas
“Politica Línguas na Améria
Améria Latina”
Latina" (Guimaraes,
(Guimæães, 1997) sobre 0o espaco
espaço de
de enunciacao
enunciação
mento: da deontologia“
deontologiat3 que organizaorganiza ee distribui
distribui papéis, ee do conflito,
conflito, latino-americano.
indissociado desta deontologia, que redivide redivide oo sensivel,
sensível, os os papeis
papéis soci-
soci- 15.
15. Para nao
não me ater
ater muito na
na questao
questão da
da disputa,
disputa, podemos
podemos lembrar,
lembrar, por exemplo, aa pratica
prática de
13. Tomo aqui esta nogao
noção aa partir da formulagao
formulação que lhe deu incompreensao
incompreensão dos falantes
falantds de Espanhol relativamente
relativamente ao Portugués,
Português, oposta
oposta E1à pratica
prática de
deu Ducrot (1972) em
em Dire et
et ne
ne
pas Dire. brasileiros com
com o espanhol.
espanhol.

18 19
pre completamente
completamente porque ele éé refeito pelo embate das linguas línguas na rela- Brasil. Ou seja, é elemento
elemento de identificacao
identificação de sujeitos enquanto
enquanto cida-
gao
ção com o falante no espago
espaço de enunciacao.
enunciação. daos
dãos do Estado. Mas falar Portugués
Português no Brasil é falar uma lingua
língua que
Um outro caso deste
deste tipo, com uma configuragao
configuração diversa, é o nome sao
são varias.
várias. Assim aa relagao
relação dos falantes com aa lingua
língua esta
está regulada
regulada por
de um outro estabelecimento
estabelecimento do mesmo género, gênero, em um outro bairro de uma relagao
relação com aa lingua
língua do Estado, língua, aa lingua
Estado, enquanto uma lingua, língua
Campinas:
Campinas: Cambut
Cambuí Fruit Center. Neste caso caso o falante esta está tomado, no (una) do Estado:
Estado: gramatizada”, normatizada. Esta
gramatizadatl,normatizada. Está por outro lado regu-
espago
espaço de enunciagao,
enunciação, pela lingua língua que nao é a sua.
não é a sua. lada pelo fato de que ha há regioes
regiões em que se fala, por exemplo, [mutio]
[mutjo]
Nesta medida nao não sese pode deixar de de levar em conta que linguas línguas (como
(como em Cuiaba),
Cuiabá), e outras em que se fala [muito]. Regioes
Regiões em que se se
como Portugués
Português e Espanhol nao não sao, são, no espaco
espaço de enunciagao
enunciação latino- fala [mai]
fala [maI] (como em Piracicaba,
Piracicaba, S50
São Paulo) ee regioes
regiões em queque se
se fala
americano, legitimas
legítimas tal com aa lingualíngua inglesa, que tem, tem, neste
neste espago
espaço com [mar].
[mar]. Consideremos,
Consideremos, para
para os
os efeitos
efeitos desta argumentacao,
argumentação, que que estes
o Portugués
Português e o Espanhol, uma legitimidade
legitimidade especial, notadamente
notadamentepara para poucos fatos sejam
sejam todas as
as diferengas
diferenças existentes que temos neste espa-
relagoes
relações intemacionais
internacionais de um certo tipo: comércio, comércio, ciéncial‘,
ciênciar6, etc. go
ço enunciativo. N50
Não ha
há igual direito aadizer
dizer [mutjo] ou [muito], ou [mai]
Nao
Não estou aqui levando em conta um conjunto de de tantos outros e [mar]. O direito aà palavra
palavra éé distribuido
distribuído de tal modo que ele é um para
problemas
problemas extremamente
extremamente relevantes,
relevantes, como, por exemplo, no Brasil se se os que dizem [muito] e [mar] [mutjo] eepala
[mar] e outro para os que dizem [mutlo] para
falam ainda em torno de 150 linguas línguas indigenas,
indígenas, varias
várias linguas
línguas européi- os
os que
que dizem [mai].
[mai]. Assim falar Portugués
Português éé estar afetado por estas
as
as e orientais,
orientais, ai
aí incluindo
incluindo oo Espanhol,
Espanhol, notadamente em em regioes
regiões dede fron- divisoes
divisões que caracterizam
caracterizamoo espago
espaço de enunciagao
enunciação da Lingua
Língua Portugue-
tefta.Há
teira. Ha no Brasil, inclusive, indios índios que falam Espanhol preferencial- preferencial- sa no Brasil. Niio
Não estamos aqui considerando todo um conjunto mais
mente. complexo de questoes
questões como o fato, jajâ referido antes, de que se
se falam no
Dada aa descrigao
descrição acima, com aa devida ressalva, podemos dizer Brasil inumeras
inúmeras linguas
línguas indigenas
indígenas e diversas linguas
línguas européias e orien-
que o espaco
espaço de enunciacao
enunciação latino-americano
latino-americano caracteriza-se
caracteriza-se por uma tais.
disputa
disputa pela palavra
palavra regulada
regulada por uma umâ distribuigao
distribuição de papéis que colo- Isto me leva a dizer que, do ponto de vista que aqui assumo, uma
ca brasileiros ee latino-americanos dos demais paises países como falantes que lingua náo éé variavel,
língua nao variável, no
no sentido em em que
que esta
esta nogao
noção éé tomada pela
excluem aa lingua
língua do outro ee incluem o Inglés Inglês como “1ingua "língua franca”,
franca", sociolingtiistica
sociolingüística quantitativa.
quantitativa.
mesmo que uma pessoa em particular particular nao não aa fale. A questao
questão aqui nao não éé Para mim
mim uma linga
línga éé dividida, de tal modo que ela éé uma e éé dife-
individual. rente disso.
dissd. Ed esta divisao
divisão diz respeito exatamente
exatamenteãa relacao
relação dos falantes
Neste
Neste espago,
espaço, trabalhar
trabalhar o ensino do PortuguesPortuguês do Brasil nos paises países com aa lingua,
língua, de tal modo que os os falantes se
se identificam
identificam exatametne por
vizinhos ee do espanhol no Brasil éé um modo de de redividir o o espaco
espaço para essa divisao.
divisão. No caso do nosso pequeno exemplo,exemplo, ha há os falantes que sese
torna-lo
torná-lo cada vez mais sul-americano
cadavezmais sul-americano ee cada vez menos menos norte-americano
norte-americano identificam
identificam pela divisao
divisão da
da lingua
língua que osos faz dizer
dizer [mutjo]
[mutio] de
de um lado ou
ou
ou europeu,
europeu, ao ao lado
lado dede trabalhar
trabalhar aa resisténcia
resistência ao ao avango
avanço do Inglés,
Inglês, [muito]
[muito] de outro.
notadamente oo americano, como lingua língua dede todos.
todos. EÉ uma
uma resisténcia
resistência aa um E esta
esta divisao
divisão éé marcada por uma hierarquia de de identidades.
identidades. Ou
certo
certo tipo de monolingiiismo.
monolingüismo. Nao Não se se trata aqui de de uma
uma atitude quixotesca seja, esta divisao
divisão distribui
distribui desigualmente
desigualmente os falantes segundo
segundo osos valores
e sem consequéncias
conseqüências como aquela que busca proibir o uso de de palavras proprios
próprios desta
desta hierarquia. E aqui pode-se
pode-se ver como aa Escola, entre outras
estrangeiras no Poitugués.
Porluguês. A questaoquestão politica
política é noutro lugar, inclusive
inclusive instituicoes
instituições ee instrumentos,
instrumentos, éé fundamental na configuragao
configuração dodo espago
espaço
porque osos espacos
espaços de de enunciagao
enunciação sao são espacos,
espaços, divididos
divididos desigualmente,
desigualmente, enunciativo de uma lingualíngua nacional,
nacional, no nosso casocaso oo Portugués.
Português. Ou sej a,
seja,
de disputa pela palavra. aa Escola éé fundamental
fundamental no modo de dividir
dividir os falantes ee sua
sua relagao
relação com
Podemos
Podemos tomar
tomar aa questao
questão do espago espaço de de enunciagao
enunciação através
através dede uma a lingua.
língua.
outra pergunta: o que é falar Portugués Português no Brasil? Sem duvida dúvida que oo E estar identificado
identificado pela divisao
divisão da
da lingua
língua é estar destinado, por
primeiro aspecto
aspecto que devemos considerar considerar éé que o o Poitugués
Português éé aalíngta
lingua uma deontologia global da lingua,
língua, aa poder dizer certas coisas ee nao
não ou-
oficial do Estado Brasileiro, ee é, é, nesta medida, aa lingua língua nacional do tras,
tras, aa poder falar de
de certos
certos lugares
lugares de
de locutor ee nao
não de
de outros,
ouÍos, aa ter
I 6. Tratei deste aspecto especifico
16. específico de uma politica
política de
de linguas
línguas em “Producao
"Produção ee Circulacao
Circulação do certos interlocutores ee nao
não outros.
Conhecimento sobre Literatura
Lite¡atura ee Linguagem”
Linguagem" (Guimaraes,
(Guimarães, 1999a). 17.
17. No sentido que tem
tem gramatizacao
gramatizaçáo para Auroux (1992).

20 2I
21
Por exemplo, aquele que é identificado
identificado por falar [mutjo]
lmutjo] ou [mai] rem aa enunciacao
enunciação a partir da conceituacao
conceituação que Ducrot (1972) faz dos
pode falar cotidianamente
cotidianamente para seus familiares, amigos, colegas, habi- atos ilocucionais. A diferenca
diferença éé que para mim
mim este agenciamento políti-
agenciamento é politi-
tantes de sua cidade, mas nao
não pode
pode falar
falar como locutor-jomalista,
locutor-jornalista, na tele- co. Ou seja, nao "acordo"
não éé que ele éé coletivo, como um “acordo” de um
um grupo. Ele
visao,
visão, para os telespectadores.
telespectadores. Mesmo
Mesmo que estejamos
estejamos considerando
considerando a te- é,
é, para
para mim, afetado politicamente por se se dar
dar segundo os
os espagos
espaços de
levisao
levisão na regiao
região de Cuiaba
Cuiabá e Caceres,
Cáceres, no Estado
Estado de Mato Grosso,
Grosso, de um enunciacao.
enunciação.
lado, ou de Piracicaba
Piracicaba e Itu, no Estado de Sao
de São Paulo, de outro. Ele so

podera
poderá fazé-lo
fazê-lo se aparecer
aparecer como um personagem e nao não como um apre- 4. A CENA
CENA ENUNCIATIVA
ENTINCIATIVA
sentador. Ou seja, ele pode ser na midia
mídia so
só o locutor-cuiabano,
locutor-cuiabano, o locutor-
piracicabano.
piracicabano. Aparecer
Aparecer como personagem
personageméé aparecer
aparecer como locutor cita- Diante da concepgao
concepção de politico
político acima exposta éé decisivo
decisivo tratar de
do na fala do locutor-jomalista
locutor-jornalista que ele nao
não pode ser.ser. Este tipo de questao
questão como
como se se da
dá aa assuncao
assunção dada palavra.
palavra. Diremos
Diremos que que ela
ela se
se da
dá em
em cenas
éé extremamente
extremamente importante para dar um sentido fofte ao modo
sentido muito forte enunciativas.
enunciativas. Uma cena enunciativa
erumciativa se caracteriza
carac|enza por constituir
constituir modos
como estamos
estamos considerando
considerando a divisao
divisão do Locutor que, ao desconhecer especificos
específicos de de acesso aà palavra dadas
dadas as
as relagoes
relações entre
entre as
as figuras da
que fala de um lugar social, desconhece
desconhece que seus lugares de fala foram enunciagao
enunciação e as fonnas
formas linguisticas.
lingüísticas.
dividos e interditados. Operar sobre e contra este desconhecimento
desconhecimento é o Este conceito aparece definido primeiravez
definido pela primeira vez em Texto ee Argu-
emTexto
proprio
próprio do politico
político no acontecimento
acontecimento de linguagem.
linguagem. mentacao
mentação (Guimaraes,,1987),
(Guimarães 1987), quando estudei as as mudangas
mudanças que levaram
o embora de expressao
expressão adverbial
adverbial aa conjuncao.
conjunção. Cenas sao são especificagoes
especificações
Antes de terminar estas consideragoes político quero reto-
considerações sobre o politico locais nos espagos
espaços de enunciacao.
enunciação.
mar as
as distingoes
distinções entre
entre arqui-politica,
arqui-política, para-politica
para-política ee meta-politica. Diria,
meta-política.Dina, A Cena enunciativa éé assim um espago paftictlarizado por uma
espaço particularizado
ao retoma-la,
retomá-la, que uma abordagem sociolinguistica quantitativa, enquan-
sociolingüística quantitativa, deontologia
deontologia especifica
específica de distribuicao
distribuição dos lugares
lugares de enunciagao
enunciação no acon-
to
to tal,
tal, opera com o conceito de para-politica, jâ
parh-política, ja queque suas
suas descrigoes
descrições tecimento. Os Os lugares
lugares enunciativos sao são configuracoes
configurações especificas
específicas do
distribuem para cada
cada um o que éé seu, neutralizando o conflito
conflito por um agenciamento enunciativo "aquele
enunciativ o para “aquele que fala”fala" ee “aquele para quem se
"aquele
procedimento descritivo do que é de cada um. um. Ao lado disso ela pode fala”. "aquele
fala". Na cena enunciativa “aquele que fala” fala" ou “aquele
"aquele para quem se
operar
operar por
por acréscimo,
acréscimo, nao
não exatamente
exatamente por seu dizer
dizer cientifico,
científico, como meta- fa1a”
fala" nao
não saopessoas
qãopessoas mas uma configuracao
configuração do agenciamento
agenciamento enunciativo.
política, como forma de denunciar
politica, denunciar a distribuicao
distribuição do que é de cada um Sao
São lugares constituidos
constituídos pelos dizeres e nao
não pessoas donas de seu dizer.
para
para cada
cada um. Ou seja, ou ela integra o conflito
conflito ou pode falar sobre ele. Assim estuda-la éé necessariamente
Assiméstudá-la necessariamente considerar
considerar o proprio
próprio modo de consti-
O Espago
Espaço de enunciagao
enunciação é assim
assim decisivo
decisivo para se tomar
tomar aa enunciacao
enunciação tuicao
tuição destes lugares
lugares pelo funcionamento da lingua.
língua.
como uma pratica
prática politica
política e nao
não individual
individual ou subjetiva, nem como uma Esta distribuicao
distribuição de lugares sese faz pela temporalizacao
temporalização propria
própria do
distribuicao
distribuição estratificada
estratificada de caracteristicas.
características. Falar
Falar é assumir
assumir aa palavra nes- acontecimento.
acontecimento. Neste sentido aa temporalidade
temporalidade especifica
específica do acontecimento
te espago
espaço divido de linguas
línguas e falantes. E É sempre,
semp.e, assim, uma obediéncia
obediência éé fundamento
fundamento da cena enunciativa.
enunciativa.
e/ou uma disputa. Se éé que se se pode falar em simples obediéncia.
obediência. Na continuidade
continuidade do que vimos colocando
colocando desde Texto ee Argumenta-
desdeTexto Argumenta-
Enunciar
Enunciar éé estar
estar na lingua
língua em funcinamento.
funcinamento. E aa lingua
língua nao
não funciona
funciona eiio,
ção, podemos considerar
considerar que assumir a palavra é por-se no lugar que
no tempo,
tempo, mas pelas
pelas relagoes
relações semiologicas
semiológicas que tem. A lingua
língua funciona
funciona no enuncia, o lugar
lugar do Locutor
Locutor que vou chamar de Locutor
Locutor (com maiuscu-
maiúscu-
acontecimento, pelo acontecimento, ee nao não pela assuncao
assunção de um individuo.
indivíduo. la), ou simplesmente L18.
Lr8. L é entao
então o lugar que se
se representa
representa no proprio
próprio
Neste sentido, diriamos,
diríamos, aa enunciagao
enunciação sese da
dá por agenciamentos es- dizer como fonte deste dizer.
dizer.EE des ta maneira representa
desta representa o
o tempo
tempo do dizer
pecificos
pecíficos da lingua.
língua. No acontecimento
acontecimento o que se da dá é um agenciamento
politico
político da enunciacao.
enunciação. Neste embate entre linguaslínguas e falantes, proprio
próprio
18.
1 8. Como sese vera
verá no que segue,
segue, retomo aqui 0o que
que Ducrot
Ducrot chamou
chamou de polifonia
polifonia da enunciagao,
enunciação,
dos espacos
espaços de enunciagao,
enunciação, os falantes sao
são tomados por agenciamentos aprofundando aa diferenga
diferença que eu ja apreserrtava
eujá em Texto ee Argumentagao,
apresentavaemTexto Argumentação, pela conside-
enunciativos,
enunciativos, configurados
configurados politicamente.
politicamente. ragao
ração do locutor
locutor enquanto
enquanto pessoa
pessoa como
como socialmente constituido.
constituído. Isto me levou a, inclusi-
A nogao
noção de agenciamento da enunciacao
enunciação esta
está aqui aa partir do que ve, usar de maneira diferente
diferepte os termos locutor
locutor e enunciador que Ducrot
Ducrot distingue e que
também
também distingo, masmas jajá num
ntrm outro quadro
quadro de categorias,
categorias, onde procuro caracterisar
caracterisa¡ nao
não a
Deleuze e Guattari (1980) colocam em Mille Plateaux, ao ao caracteriza-
caracteiza- multiplicacao
multiplicação das figuras da enunciagao,
enunciação, mas sua divisao.
divisão.

22 23
como contemporaneo
contemporâneo deste deste mesmo
mesmo L, L, ee assim
assim representa
representa o dizer dizer como
como oo de ciéncia
ciência para cientistas brasileiros,
brasileiros, mas nao não éé aa lingua
língua para a legislacao
paraalegislação
que esta
está no presente
presente constituido por
constituído por este este L. brasileira, nao
não é a lingua
língua de um ato de decretar,
decretar, por exemplo.
Mas esta representagao
representação de de origem
origem do d o dizer,
dizer, nana sua
sua propria
própria represen-
represen- Passemos
Passemos para um outro aspecto da questao. questão. Tomemos
Tomemos um enuncia-
tagao
tação de unidade ee de parametro
parâmetro do do tempo
tempo se se divide porque para se se estar
estar do do cotidiano como “eu "eu prometo que vou a sua casa”. casa". Aqui parece se se
no lugar de L éé necessario
necessário estar
estar afetado
afetado pelos pelos lugares
lugares sociais
sociais autorizados poder
poder dizer
dizer que aa promessa
promess a é é do eu dado
dado como origem
origem da da promessa, distin-
aafalar,
falar, ee de que modo, ee em em que lingua
língua (enquanto falantes).falantes). Ou seja, seja, para
para to do eu de vou, aquele que devera
devou, deverá cumprir
cumprir aa promessa. Ao contrariocontrário disso
disso
o Locutor
Locutor se representar como origem do do que se enuncia,
se enuncia, é
é preciso que
que diria que neste caso a expressao
expressão da primeira pessoa em em prometo éé so só aa
ele nao
não seja ele proprio,
próprio, mas um lugar social de de locutor. Tomemos um
locutor. Tomemos marca da da representagao
representação da origem,
origem, marca que representa seu seu presente
presente como
exemplo inicial.
inicial. Se
Se o Presidente da Repflblica,
República, ou um Govemador Governador de de o tempo do d,o dizer. Ou seja,
seja, este
este eu é aa representagao
representação de de que naonão ha há lugar
Estado
Estado Decreta
Decreta X, eleele o faz nao
ofaz não porque alguém se se da
dá aa si
si ser
ser aa origem
origem do social
social no dizer. E, de um lado, aa marca do desconhecimento do
dizer.E, do Locutor aa
que
que Decreta,
Decreta, mas porque enquanto Presidente (falante de de Portugués)
Português) ele ele proposito
propósito do lugarlugar do qual fala: de de amigo,
amigo, dede pai, dede filho,
filho, de
de vendedor,
vendedor, etc. etc.
pode sese dar como origem
origem daquilo que qlue Decreta,
Decreta, ou ou melhor, do do proprio
próprio atoato Ou seja, de que lugarlugar pode prometer algo aa alguém?
alguém? Em outras outras palavras,
palavras, o o
de decretar. O que significa
signifìca dizer que assumir aa palavra palavra parapara decretar so só eu do Locutor é o eu que nao não sabe
sabe que fala em uma cena cena enunciativa. E É
éé possivel
possível na medida em que o o Locutor, que se da
se dá como origem
origem do do decre-
decre- assimum
assim'um eu que desconhece que fala de algum lugar. A tal ponto que se se
to, so
só o éé enquanto constituido
constituído como um lugar social de de locutor, ou ou seja,
seja, toma como a pessoa, meramente enquanto tal, tal, que
que devera
deverâ cumprir sua sua
o locutor-presidente
locutor-presidente que fala em em Lingua
Língua Portuguesa.
Portuguesa. Em outras outras palavras, propria
própria promessa. Aqui o lugar de Locutor se se representa
representa como como lugar
lugar dede
o Locutor
Locutor so só pode falar enquanto predicado predicado por um lugar social. social. A este
este dizer simplesmente.
simplesmente. E neste caso um lugar de
tmlugar de dizer que que se
se representa como
lugar social do locutor chamaremos de locutor-x, onde o locutor (com individual”.
individual20. Vou chamar
chamar esteeste lugar de dizer
dizer de enunciador. Considerare-
minflscula)
minúscula) sempresempre vem predicado
predicado por p9r um lugar social que aa variavel variável x mos, no caso em analise,análise, que se se trata de um enunciador-individual. Ou
representa (presidente, govemador,
governador, etc). etc). Assim é
é preciso distinguir oo seja, estamos diante de uma enunciacaoenunciação que se se da
dá como independente
independente da da
Locutor
Locutor do lugar social do locutor, ee éé so só enquanto ele ele se
se da
dá como
como lugar
lugar historia
história pela representacao
representação desta individualidade aa partir da da qual se se pode
pode
social (locutor-x)
(locutor-x) que ele se se da
dá como Locutor.
Locutor. Ou seja, seja, o
o Locutor
Locutor éé dispar
díspar falar. O enunciador-individual,
enunciador-individual, enquanto
enquanto umum lugar
lugar de de dizer,
dizer, traz
trazum um aspec-
aspec-
a si. Sem esta disparidade
disparidade nao não hahá enunciacao.
enunciação. to especifi,co
especílçopara para isto que estamos chamando lugares lugares de de enunciagao.
enunciação.EE aa
Deste modo, no acontecimento
acontecimento de de enunciagao
enunciação ha há uma
uma disparidade
disparidade representacao
representação de um lugar como aquele que esta está acima de de todos,
todos, como
como
constitutiva do Locutor
Locutor ee dodo locutor-x,
locutor-x, uma uma disparidade
disparidade entre entre o o presente
presente aquele que retira o dizerdizer dede sua
sua circunstancialidade.
circunstancialidade. E ao fazer isso
aofazer isso repre-
repre-
do Locutor
Locutor ee aa temporalidade
temporalidade do do acontecimento.”
acontecimento.re senta aa linguagem
linguagem como independente da historia.
dahistória.
Esta distingao
distinção pode
pode ser diretamente
diretamente mostrada,
mostrada, no caso caso do do ato
ato de
de Um outro lugar de dizer, que se se apresenta como o
apresenta o apagamento
apagamento do do
decretar,
decretar, pelo proprio
próprio modo de de dizer
dizer o o decreto,
decreto, que se se da
dá emem fonnas
formas do do lugar
lugar social, éé oo do enunciador-genérico.
enunciador-genérico. Pensemos
Pensemos aqui em em ditos
ditos popu-
tipo “O "O Presidente da da Repoblica,
República, no uso uso de de suas
suas atribuigoes,
atribuições, decreta...”.
decreta...". lares como “Quem"Qugm semeia vento colhe tempestade”.
tefnpestade". Neste Neste caso
caso o o Locu-
Neste caso oo Locutor
Locutor esta
está diretamente
diretamente separadoseparado do do locutor-x que que decreta.
decreta. tor também simula ser ser aa origem do do que aqui se se diz. Mas o o que
que ai aí se
se diz é é
O Locutor
Locutor éé sempre locutor-presidente,
locutor-presidente, locutor-indio,
locutor-índio, locutor-consumi-
locutor-consumi- dito, nao
não de um um lugar individual,
individual, independente de de qualquer contexto,
contexto, mas mas
dor,
dor, locutor-jomalista,
locutor-jornalista, etc.etc. No casocaso do decreto,
decreto, o o locutor-presidente
locutor-presidente éé éé dito do lugar
lugar de
de um acordo sobre sobre o o sentido dede repetir o o dito popular. O O
falante da Lingua
Língua Portuguesa. Ou seja,
seja, não há decreto do
nao ha decreto do presidente
presidente aa que sese diz é é dito como aquilo que todos dizem. dizem. UmUm todos
todos que
que se se apresenta
apresenta
nao
não serser em Lingua Portuguesa.
emLíngua Porluguesa. Esta Esta configuragao
configuração do do espaco
espaço deenunciacao,
de enunciação, como diluido
diluído numa
numa indefinigao
indefinição de de fronteiras
fronteiras para
para o o conjunto
conjunto desse
desse todos.
todos.
pela exclusao
exclusão de qualquer outra lingua, língua, esta está diretamente
diretamente regulada
regulada pelapela O enunciador se se mostra como dizendo com todos os os outros: se se mostra
mostra
definigao
definição da da Lingua
Língua Portuguesa
Portuguesa como lingua língua do do Estado
Estado Brasileiro.
Brasileiro. Neste
Neste como um individuo
indìvíduo que escolhe falar tal como outros outros individuos,
indivíduos, uma uma
lugar
lugar de inseparabilidade
inseparabilidade da da lingua
língua ee do do Estado
Estado estaestá oo ponto
ponto da da maxima
máxima outra forma de se se apresentar
apresentar como independente da historia.
da história.
resisténcia
resistência aa outras linguas,
línguas, o o Inglés
Inglês por por exemplo,
exemplo, que pode até ser
que pode até ser lingua
língua
20. Isto significa
significa dizer que as
as teorias
æorias dos
dos atos
atos de
de fala tém
têm operado
operado sobre
sobre um
um desconhecimento
desconhecimento
19.
19. Lembro
Lembro aqui Ranciere qe numa analise
Ranc.ière (1992), que análise enunciativa
enunciativa do
do discurso
discurso da
da historia,
história, diz
diz fundamental, 0o de
de que tun
um ato
aïo de
de linguagem
linguagem naonão éé uma
uma agao
ação individual, éé a
a constituicao
constituição de
de
que o sujeito falante éé anacronico.
anacrônico. um sentido,
sentido, por um agenciamento
agenciamento enunciativo
enunciativo especifico.
específico.

24 25
_ 7 _ —— — pp-—— — —r

Ainda um outro caso. Quando


Quando se
se faz uma afirmagao qualquer
afirmação sem qualquer oo modo de de nomear, o agenciamento
agenciamento enunciativo
enunciativo especifico
específico da
da nomeacao
nomeação éé
modalizagao
modalização como “Todas"Todas asas pessoas morrem”,
morrem", o enunciador, ao se apre- elemento constitutivo
constitutivo da designagao
designação de um nome. Da mesma maneira
sentar como o lugar do dizer, apresenta-se como quem quem diz algo verdadei-
algo verdadei- que asas referéncias
referências feitas com um nome, ou as as referéncias
referências feitas por ou-
ro em virtude
vinude da relagao
relação do que diz com os fatos. O que esta representa-
que tros nomes, como substitutivos do nome, em um texto, sao são também
também ele-
cao
ção significa? Significa
Significa a identificacao
identificação do lugar do enunciador com o mentos constitutivos da designagao.
designação
lugar
lugar do universal.
universal. Ou sej a, um lugar
seja, lugar de dizer que se apresenta
apresenta como naonão No casocaso da relagao
relação entre
entre designagao
designação e nomeagao,
nomeação, o que que se
se deve
sendo social, como estandofora
eslandofora da historia,
história, ou melhor, acima dela. Este observar é uma relacaorelação entre enunciagoes,
enunciações, entre acontecimentos
acontecimentos de lin-
lugar
lugar representa
representa um lugar
lugar de enunciagao
enunciação como sendo o lugar do qual se guagem.
guagem. Num acontecimento
acontecimento em que um certo certo nome funciona aa nomea-
mundo. O enunciador-universal é um lugar que significa o
diz sobre o mundo. cao
ção éé recortada como memoravel
memorável por temporalidades
temporalidades especificas.
específicas. Para o
Locutor
Locutor como submetido ao regime do verdadeiro lugar éé
verdadeiro e do falso. Este lugar estudo dos nomes propriospróprios vamos tormar
tormar este aspecto como fundamento
fundamento
proprio
próprio do discurso cientifico,
científico, embora
embora nao afirma-
não seja exclusivo dele. A afinna- de nossa analise.
análise.
cao
ção acima, por exemplo,
exemplo,náo nao é exclusiva do discurso científico.
cientifico. No caso da da relagao
relação entre designagao
designação ee referéncia,
referência, o o que se
se deve
deve buscar
Consideramos,
Consideramos, entao,então, que a cena enunciativa jogo, de
enunciativa coloca em jogo, éé como
como um nome aparece referindo no texto em que ocorre. ocoffe. Assim
Assim éé funda-
como locutor-
um lado, lugares sociais do locutor, papéis enunciativos como1ocutor- mental observar como oo nome esta
mentalobservar eslá relacionado
relacionado pela
pela textualidade
textualidade com
com outros
brasileiro,
brasileiro, locutor-presidente, locutor-jomalista, locutor-professor, lo-
locutor-jornalista, locutor-professor, nomes ali funcionando sob a aparéncia aparência da substituibilidade. Neste caso os os
cutor-indio,
cutor-índio, locutor-consumidor,
locutor-consumidor, etc. O Locutor
Locutor nao
não se apresenta
apresenta senao
senão conjuntos de modos de referir organizados em tomo de um nome sao são um
enquanto
enquanto predicado
predicado por um um lugar social distribuido
distribuído por uma deontologia modo
modo de de determina-lo,
determináJo, de de predica-lo.
predicálo. E neste sentido éé que constituem
constituem aa de-
do dizer.
dizer. De que lugares
lugares sociais possível dizer o que se diz e deste
sociais é possivel signagao
signação do nome em questao. questão. Chamo a atencao
atenção aqui para o fato de que,
modo? _ deste ponto
ponto de vista, aarelação
relagao dede predicacao
predicação aa que me refirorefro aqui sese da
dá por
Por
Por outro lado, aa cena enunciativa
enunciativá coloca emem jogo, também, lugares sobre aa segmentalidade,
segmentalidade, ou seja, por sobre as fronteiras
sobre as fronteiras dosdos enunciados.
de dizer que estamos
quie aqui chamando enunciadores. E estes se apresen-
chamando de enunciadores. Para enfrentar
enfrentar este filtimo
último tipo de analise,
análise, apresento
apresento aa seguir o que
tam sempre
sempre como aa representagao
representação da inexisténcia
inexistência dos lugares sociais
sociais de venho
venho considerando como um processo de reescritttra“ reescritura2t proprio,
próprio, para
locutor. E embora sempre se apresentem
apresentem como independentes
independentes da historia
história mim, das relagoes
rplações de textualidade. Com este tipo de de analise
análise vou estudar
ou fora da historia,
história, sao
são lugares proprios
próprios de uma historia.
história. Temos entiio
então um conjunto
conjunto de designacoes
designações de de nomes comuns.
enunciadores como: enunciador-individual,
enunciador-individual, quando a enunciacao
enunciação repre- Para caracterizar
caracterizat aqui
aqtú oo procedimento da da reescrituragao
reescrituração retomo aa ana-
aná-
senta
senta o Locutor como independente da da historia;
história; enunciador-genérico,
enunciador-genérico, lise que fiz fiz do
do 0s
os no
no texto da
da Constituicao
Constituição do do Império
Império do do Brasil na
na sequéncia
seqüência
quando a enunciacao
enunciação representa o Locutor como difuso num todos em “Sao
"São cidadaos
cidadãos Brasileiros
que o individuo
indivíduo fala como ee com outros individuos;
indivíduos; enunciador-univer- 1°
1" Os
Os que no Brasil tiverem nascido...”
nascido..."
sal, quando a enunciagao
enunciação representa o Locutor como fora da historia
história e Esta analise (Guimarães,I99Ia)
análise (Guimaraes, 1991a) mostra pelo menos menos duas
duas possibili-
possibili-
submetido
submetido ao regime
regime do verdadeiro
verdadeiro e do falso. dades de interpetagao
interpetação do os: os: uma anaforica
anafórica ee outra déitica.
dêitica. Ela mostra
como, ao estabelecer um ponto de interpretagao interpretação no texto (os) relativa-
ENUNCIAçAO, REESCRITURA,
5. ENUNCIACAO, TEXTUALIDADE
REESCRITURA, TEXTUALIDADE mente a outro (o antecedente
antecedente do os), o o que se
se tem é é uma falta dede relagao
relação
univoca
unívoca entre estes estes dois pontos.
Como dissemos anteriormente, para nos nós o sentido
sentido de uma
uma expressao
expressão De acordo com esta analise, análise, considero que procedimentos como
pode ser analisado como seu modo de de integracao
integração num enunciado, en- anafora,
anâfora, catafora,
catâfora, repeticao,
repetição, substituigao,
substituição, elipse, etc, sao são procedimen-
quanto elemento de um texto. Deste modo, a relacao
relação integrativa é vista tos de deriva”
deriva2z do sentido proprios
próprios da textualidade. O que significa di-
aqui como uma relacao
relação nao
não segmental. A seguir procuro constituir
constituir um zer que
qtJe éé este processo que constitui o sentido destas destas expressoes,
expressões, bem
modo de operar esta relacao.
relação.
21. Cf. Guimaraes (1999b). V
Guimarães (1999b).
Vamos, para nosso estudo da designacao,
designação, observar a relacao
relação entre 22. A palavra
1

palavra deriva deve ser tomada no sentido que lhe


the deu
deu Pécheux
Pêcheux (1983) em
em Discurso.
Di.scurso.
designar ee nomear, de um lado, ee de designar ee referir, de outro. Ou seja, Estrutura ou Acontecimento.

26 2l
27
_ V7 _

como
como que
que nao
não hahá, texto sem
sem oo processo
processo de de deriva de de sentidos,
sentidos, sem
sem 6.
6. CENA ENUNCIATIVA
ENTINCIATIVA E DIVISAO DO LOCUTOR
reescrituragao.
reescrituração. Esta
Esta deriva
deriva enunciativa
enunciativa incessante
incessante éé queque constitui, aa um
so
só tempo, os sentidos e eoo texto. OO interessante
interessante desta
desta deriva éé que ela sese Voltemos ao enunciado “O "O Presidente
Presidente da da Repfiblica,
República, no no uso
uso de de suas
suas
da
dá exatamente nos pontos de de estabelecimentos de
estabelecimentos de identificagao
identificação dede se-
se- atribuigoes,
atribuições, Decreta...”.
Decreta...". Se caracterizamos que o Locutor ai, ai, enquanto
enquanto
melhancas,
melhanças, de correspondéncias,
correspondências, de de igualdade,
igualdade, de de retificacoes.
retificações. Quando
Quando lugar social,
social, éé oo locutor-presidente, que figura de enunciador ai aí fala?
fala?
uma forma se se da
dá como
como igual/correspondente aa outra outra (a (a anaforiza,
anaforiza, aa Nao
Não parece ser ser um enunciador
enunciador individual.
individual. Podemos dizer
dizer que se trata
que se trata de
de
substitui, etc), oo sentido esta
substitui, etc), está se
se fazendo como
como diferenga
diferença ee constitui um enunciador-universal. Ou seja, seja, aa enunciagao
enunciação do enunciado
enunciado acimaacima éé
textualidade. O procedimento
procedimento de de reescrituragao
reescrituração no no texto
texto faz com queque um dizer
dizer que sese apresenta como valido
válido para
para todos
todos ee cada
cada um um ee para
para todas
todas
algo do texto seja interpretado como como diferente de si. E analisar
diferente de si. E analisar a
a desig-
desig- as situagoes
situações descritas no Decreta...
Decreta... O que ai aí se
se enuncia
enuncia nao não sese enuncia
enuncia
nacao
nação dede uma
uma palavra éé ver ver como
como suasua presenga
presença no no texto
texto constitui como independente da historia,
história, mas
mas como fora da da historia,
história, comocomo valido
válido
predicagoes por sobre
predinações sobre aa segmentalidade
segmentalidade do do texto,
texto, ee que produzem oo para qualquer
qualquer fato como aquilo que vai dirigir os os fatos. Podemos dizer
fatos. Podemos dizer
sentido da designagéio.
designação. que o Locutor
Locutor esta
está aqui dividido
dividido por ser
ser aa um tempo oo locutor-presidente
locutor-presidente
O que pretendo dizer éé que que as
as questoes
questões tomadas
tomadas como procedi- ee o enunciador-universal.
enunciador-universal.
mentos de textualidade sao são procedimentos de de reescritura.
reescritura. Ou Ou seja,
seja, sao
são O que isto coloca
coloca de saida
saída éé que o o sentido
sentido dada enunciagao
enunciação éé produ-
procedimentos pelos quais aa enunciagao
enunciação de de um texto rediz insistente- zido por esta divisao,
divisão, por esta
esta disparidade do do Locutor aa si. si. A questao
questão
mente o que já foi dito. Assim
que ja Assim aa textualidade ee oo sentido
sentido das
das expressoes
expressões esta
está em como explicar
explicar esta divisao
divisão propria
própria do Decreta, que seria seria dife-
se
se constitui
constitui pelo texto por esta
esta reescrituragao
reescrituração infinita
infinita dada linguagem queque rente, por exemplo, de um caso em
caso em que o
o Presidente da República dis-
Presidente da Repfiblica dis-
se da
dá como finita pelo acontecimento (e sua sua temporalidade) em que se se sesse “Quem semeia vento colhe tempestade”
"Quem tempestade" (suponhamos
(suponhamos que que ele
ele oo
enuncia. tenha dito como comentario
comentário aa uma agao ação politica
política da oposigao).
oposição). Como Como
A reescrituragao é uma operagao
reescrituraçãoéuma operação due
que significa,
significa, na
na temporalidade
temporalidade do do poderiamos
poderíamos descrever esta esta enunciagao?
enunciação? Diriamos
Diríamos que que ha ai um locutor-
háraítmlocutor-
acontecimento,
acontecimento, o seu
seu presente.
presente. A reescrituragao
reescrituração éé, aa pontuagao
pontuação constante
constante presidente
presidente que fala do lugar de de enunciador-genérico
enunciador-genérico (nao (não sese trata,
trata, en-
en-
de uma duragao
duração temporal daquilo que ocorre.
ocoffe. E aoao reescriturar,
reescritrtrar, ao fazer
aofazer tao,
tão, de enunciador universal, como no caso caso anterior). Esta Esta divisao
divisão se se
interpretar
interpretar algo como diferente de si, este procedimento
diferente de si, este procedimento atribui (predica) faz num acontecimento
aÇo4tecimento cuja temporalidade recorta uma memoria memória de de
algo
algo ao
ao reescriturado. E E oo que
que ele
ele atribui? Aquilo
Aquilo que que aa propria
própria dizeres populares
populares estereotipados.
estereotipados. Uma enunciacao
enunciação como como essa,
essa, ao ao pro-
reescrituragao
reescrituração recorta
recorta como
como passado,
passado, como
como memoravel.
memorável. No No caso
caso do
do exem-
exem- duzir esta
esta nova divisao
divisão do
do Locutor, produz sentidos
sentidos comocomo “o "o Presiden-
Presiden-
plo acima, nana medida
medida que o 0s rs reescritura
reescritura cidadaos,
cidadãos, nosnos da,
dá, pela
pela inter-
inter- te ameacou
ameaçou aa oposicao,
oposição, acusou aa oposigao
oposição de de semear
semear vento,
vento, discordia,
discórdia,
pretacao
pretação anaforica,
anafónca, aa preexisténcia
preexistência do do sentido
sentido de de cidadao,
cidadão,que que ao
ao mesmo
mesmo etc”,
etc", a partir de um dizer que nao não éé so
só seu,
seu, mas
mas éé dede todos.
todos. O O locutor-
tempo éé predicado
predicado pela sobreposigao
sobreposição da da interpretagao
interpretação déitica,
dêitica, que
que coloca
coloca presidente
presidente toma oo enunciador-genérico
enunciador-genérico como como argumento
argumento para para si.si. A sua
sua
em circulagao
circulação aa preexisténcia
preexistência do do sentido de pessoa, de indivíduo. E
sentido de pessoa, de individuo. E esse
esse voz éé como aavoz voz de
de todos,
todos, por isso ele
isso ele fala com razao. E este enunciador-
com razão. E este enunciador-
movimento de de predicação na duração do presente pelo memorável signi-
predicacao na duracao do presente pelo memoravel signi- genérico produz ai aí o efeito de que ele nao não fala como
como presidente
presidente mas mas
fica porque projeta um futuro, o tempo da da interpretagao
interpretação no no depois
depois do do como um do todos, do do povo.
acontecimento
acontecimento no no qual oo reescriturado
reescriturado éé refeito
refeito pelo
pelo reescriturante.
reescriturante. Como dissemos
dissemos antes,
antes, esta
esta distribuigao
distribuição de de lugares
lugares se se constitui
constitui pelopelo
Deste modo minha posicao
posição éé radicalmente
radicalmente anticomposicional. Ou Ou acontecimento
acontecimento por sua sua propria
própria temporalizagao.
temporalização. Ou Ou seja,
seja, nono caso
caso dodo De-
De-
seja, o sentido de
de uma expressao
expressão nao não éé construido
construído pelo
pelo sentido
sentido dede suas
suas creta-X aa temporalidade
temporalidade do acontecimento
acontecimento enunciativo
enunciativo éé oo presente
presente que que
panes.
partes. O sentido é é constituido
constituído pelo modo de de relacao
relação de
de uma
uma expressao
expressão ele (acontecimento)
(acontecimento) constitui ee éé uma memoria,
memória, um um passado
passado de de dizeres,
dizeres,
com outras
ouffas expressoes
expressões dodo texto, tal como exemplifiquei
exemplifiquei acima
acima aa proposi-
propósi- que autoriza oo Presidente decretar
decretar ee decretar-x. Por Por exemplo,
exemplo, éé preciso
preciso
to de cidadao.
cidadão. SoSó assim sese torna possivel
possível deixar
deixar intervir na na descrigao
descrição do do que x naonão tenha sido decretado, que que x nao
não diga
diga oo contrario
contrário de de algo
algo cons-
cons-
sentido os rememorados
rememorados que os os diversos pontos
pontos dede um
um texto
texto recortam.
recortam. titucional, etc. O O decreta
decreta x tem como seu seu passado
passado estaesta memoria
memória de de leis,
leis,
Ou seja, aa descrigao
descrição do sentido nao não pode se se limitar
limitar ao
ao estudo
estudo dodo funcio-
funcio- que ai aí esta
está com oo presente do acontecimento. Por Por outro
outro lado,
lado, esta
esta me-
me-
namento do enunciado. Este éé parte da da questao
questão ee nao seu lugar.
não seu lugar. moria
mória faz sentido no acontecimento porque para um um depois nele pro-
depois nele pró-

28 29
7 7 — w_.._:—-——— ——— ——

prio. Ou seja, se o presente


presente nao
não inclui nele mesmo uma projegao
projeção de um administrativo, o enunciador-universal
enunciador-universal pode ser o lugar de dizer
dizer que apa-
depois nao ha Decreta
nãohâ Decreta X, nao
não ha “lei” senao
há"1e7" senão para projetar um futuro
futuro de ga o locutor-presidente.
locutor-presidente. Mas este mesmo enunciador-universal pode ser
sentidos
sentidos (de obrigagoes).
obrigações). o lugar que fala a partir da posigao
posição do discurso cientifico.
científico. O que pode
tanto deslocar,
deslocar, por exemplo,
exemplo, Fernando Herinque Cardoso (que hoje ocu-
ENUNCIAÇÃO E POSICAO
7. LUGARES DE ENUNCIACAO POSIÇÃO DE SUJEITO pa aa Presidéncia
Presidência da Republica
República no Brasil)
Brasil) do lugar de locutor-presidente
para o de locutor-sociologo,
locutor-sociólogo, como nao. não. Nada impede que da posigao
posição de
Este funcionamento do Locutor dividido pelo proprio próprio jogo de de se sujeito cientifico
científico o lugar
lugar do dizer seja o enunciador-universal e o lugar
representar
representar como idéntico a
idêntico a si, quando se
se lhe é dispare, é processo pelo
é díspare, é o processo social seja o de locutor-presidente.
locutor-presidente. Tantas vezes o atual
atual presidente mobi-
qual a enunciagao
enunciação apaga seu seu carater
caráter social e historico.
histórico. Poderiamos
Poderíamos per- lizou argumentagoes
argumentações proprias
próprias da economia, da sociologia,
sociologia, etc, enuncian-
guntar: por que oo Locutor
Locutor éé significado
significado no acontecimento
acontecimento como indepen- do do lugar de presidente. Mas nao não deixa de ser interessante ver como
dente ou fora da historia?
história? Por
Por que este colocar-se aà margem da historia história se falar do lugar do presidente aapartir
partir de uma posigao científi-
posição do discurso cientifi-
produz por este modo de representagao
representação dos lugares de dizer dizer (enunciador)
(enunciador) co diferente
é diferente de falar do lugar do presidente a
a partir de uma posicao do
posição
como apagamento
apagamento do lugar lugar social do locutor (locutores-X)?
(locutores-x)? O que expli- discurso jurídico,
discurso juridico, como no caso do Decreta, ou de uma posigao posição no dis-
ca estas divisoes do Locutor
divisões Locutor que funcionam produzindo o apagamento
funcionam produzindo apagamento do curso politico,
político, como no caso do dito popular
popular “Quem
"Quem semeia vento, colhe
social e da historia?
história? tempestade”.
tempestade". E observe-se
observe-se que o passado (memoravel)
(memorável) do acontecimento
acontecimento
Como colocamos
colocamos antes, parapara nosso
nosso ponto
ponto de vista, falar
falat ee fazer-se su- éé em cada caso outro.
emcadacaso
jeito éé estar numa regiao
região do interdiscurso, de uma memoria memória de de sentidos
(Orlandi, 1999). Assim
Assim ser sujeito
sujeito éé estar afetado
afetado por
por este esquecimento
esquecimento que
se
se significa
significa nesta
nesta posigao.
posição. Deste
Deste modo
modo aa.representação Incutor se consti-
representacao do Locutor
tui neste esquecimento
esquecimento ee éé isto que divide
divide oo Locutor
Locutor ee apaga o locutor-x.
locutor-x.
Voltemos ao caso do Decreta de um lado e ao caso do dito popular
de
de outro. No primeiro caso o lugar social de presidente é apresentado apresentado
como voz universal e o sujeito fala de uma regiao região do interdiscurso (da 11
1i
posigao
posição de sujeito juridico-liberal). Falar desta posigao
sujeitojurídico-liberal). posição de sujeito
sujeito ee nesta
cena enunciativa
enunciativadâ da sentido ao apagamento das configuracoes
configurações sociais e
assim asàs disputas, dissimetrias do dizer (os conflitos conflitos proprios
próprios do lugar
social
social do locutor-x), pela representagao
representação do Locutor enquanto
enquanto enunciador-
enunciador-
universal. la Já no caso do dito popular, o sujeito fala de uma outra ouÍa regiao
região
do interdiscurso
interdiscurso (posicao
(posição de sujeito), aa do sensosenso comum. Posicao
Posição que da dá
ao todos a sabedoria irrefletida
irrefletida pela qual o Presidente nao não se diz Presi-
dente mas um dos que lhe sao
umdos são historicamente
historicamente dissimétricos.
dissimétricos.
As duas caracterizagoes
caracterizações acima
acima poderiam
poderiam levar
levar aa pensar
pensar que aa f1gura
figura
do enunciador nao é
enunciador não énadanada mais do que uma repetigao
repetição da questao
questão da posi-
gao
ção do sujeito. Mas nao não é o caso. O enunciador-universal, por exemplo,
exemplo,
pode ser oo lugar do do dizer de enunciacoes
enunciações para
para as
as quais
quais aa posicao
posição do
sujeito
sujeito no interdiscurso
interdiscurso éé aa do discurso jurídico-liberal, como no caso do
discurso juridico-liberal,
Decreta X. Poderia ser, por outro lado, o lugar lugar de dizer de enunciagoes
enunciações
em que o sujeito estivesse na posigao
posição de sujeito administrativo, ou cienti-
cientí-
fico.
fico. E estas diferengas levam a relagoes diversas
diferenças levam a relações diversas entre o
o lugar de dizer ee
lugar de dizer
juídico
posição do discurso juridico e do discurso
o lugar social do dizer. Da posigao

30 31
3T
_ _ ,7 - 7

CAPITUL0 II
Cnpfruro II

oO NOME
NOME PROPRIO
PROPRIO DE
DE PESSOA23
PESSOA23

Tomemos agora o obj eto de que nos ocuparemos de modo especifi-


objeto específi-
co, o funcionamento
funcionamento da designagao.
designação. Inicio
Inicio pelo estudo
estudo da designacao
designação dos
nomes proprios
próprios de pessoa.
pessoa.
Pensar oo nome
nome proprio
próprio de de pessoa
pessoa nos coloca diante
diante da
da relacao
relação nome/
coisa, na qual sese considera
considera que se se esta
está diante dos casos em que se se tem um
nome finico
único para um objeto onico.
único. Por outro lado se se coloca aa questao
questão de
que ha
há uma
uma relagao
relação particular: o nome finico único éé nome de uma pessoa fini- úni-
T. . ca.
ca. Ou seja,
seja, estamos
estamos na situagao
situação em que o nome esta está em relagao
relação com
aqueles
aqueles que falam, que sao são sujeito no dizer.
dizer. Isto por si so
só resignifica
resignifica aa
questao
questão da relagao nome/coisa, na medida em que aarelação
darelação relagao éé nome/pes-
soa, nome/falante,
nome/falante, nome/sujeito.
nome/sujeito.
Um outro
dutfo aspecto importante aa considerar éé que a relagao relação nome
finico/objeto
único/objeto finico
único pode levar aa umauma hipotese
hipótese de unicidade
unicidade do nome.
Vamos, neste capitulo,
capítulo, procurar discutir as questoes
questões acima a partir
de uma posigao
posição enunciativa
enunciativa tal como acabamos
acabamos de de configurar. Como se se
vera,
verâ,, o estudo do nome
nome proprio
próprio de pessoa leva aa recolocar
recolocar fortemente
fortemente asas
questoes
questões relativas ao dominio
domínio que pensa aarelação
relagao da linguagem com o
mundo
mundo ee com
como o sujeito.
Observaremos,
Observaremos, inicialmente,
inicialmente, osos aspectos
aspectos morfossintaticos
morfossinLáticos (um
(um modo
de
de construgao)
construção) do funcionamento
funcionamento do do nome proprio
próprio de
de pessoa
pessoa ee em segui-
da seus aspectos semantico-enunciativos.
semântico-enunciativos.

1. FUNCIONAMENTO MORFOSSINTATICO
1. FUNCIONANIENTO MORFOSSINTÁTICO

Se tomamos nomes proprios


próprios tal como os existentes na nossa socie-
dade, encontramos
encontramos nomes como: Gettilio
Getúlio Domelles Vargas,
Vargas, Joiio
João Belchior
Belchior
23.
23. Esta
Esta secao
seção retoma
retoma parte do
do que
que disse
disse em “Designagao ee Processos
em'Designação Processos de
de Enunciacao”,
Enunciaçáo", de
de 1993,
7993,

1 mimeo.
mimeo. Faz
Faz também
também parte, com algumas diferengas,
dos sobre designagao
designação em Guimaraes
diferenças, de
(1991a, 199
Guimarães (l991a,
de Guimaraes
Guimarães (2000b).
lb ee 1993)
l99Lb 1993)
(2000b). Cf. outros
outros estu-
estu-

I 33
JJ
— — — 7i --9-— —— 4--

Marques Goulart,
Goularl, Antonio
Antônio Cdndido
Cândido dede Melo ee Souza, Joaquim
Joaquim Mattoso Hermes
Hermes Rodrigues da Fonseca.
Fonseca. Nestes casos vé-se
vê-se a ligacao
ligação entre oonome
nome
Ccimara Júnior Joiio
Câmara Junior, João Café Filho. e o sobrenome feita por uma preposigao
preposição e um determinante
determinante (artigo) as-
Nestes nomes,
nomes, como em outros, vamos
vamos encontrar
encontrar nomeagoes
nomeações que se
sim como uma ligagao
simcomo ligação entre os sobrenomes,
sobrenomes, da mesma forma. A
damesmaforma. presen-
Apresen-
formam a partir da combinagao
combinação de dois tipos de nome:
nome: Os nomes e os ga do artigo traz mais um aspecto das determinagoes
determinações que se podem
podem dar na
ça
sobrenomes. Ou seja, temos uma classe
classe de nomes como
como Gettilio,
Getúlio, Joao,
João,
constituigao
constituição do nome proprio
próprio
Belchior;
Belchiof Antonio,
Antônio, Candida,
Cândido, Joaquim, e outra de nomes
nomes como
como Vargas, Esta observagao
observação inicial já nos leva a considerar
inicial ja considerar que o nome próprio
nome proprio
Marques, Melo, Souza, Mattoso, Camara,
Marques, Goulart, Melo, Câmara, Cafe’.
Café.
de pessoa é,é, na nossa sociedade, uma construgao
construção em que relagoes
relações seman-
semân-
Além disso temos nomes de uma terceira classeclasse como
como Junior
Júnior ee ticas de determinagao
determinação constituem
constituem oo nome, o que já nos afasta de posigoes
que ja posições
Filho. estritamente referéncias
referências ou cognitivas no estudo do nome proprio.próprio. Isto
O que se observa
observa é que o nome
nome proprio
próprio de pessoa, que é apresentado ficara
ficará mais claro ainda pelas analises
análises que se seguem.
como
como um nome unico
umnome único para
para uma pessoa unica,
única,éé na verdade uma construgao
construção
tal que um sobrenome detennina lm nome“.
determina um Marques e
nomeu. Por exemplo, Marques 2. FI.]NCIONAMENTO SEMANTICO-ENUNCIATIVO
2. O FUNCIONAMENTO SEMÂNTICO-ENUNCIATIVO
Goulart determinam
determinam Joiio
João Belchior. Ha
Há que se
se considerar aqui que nome
que nome e
sobrenome
sobrenome podem
podem ter uma relagao
relação de determinagao
determinação intema
interna através de um
‘Antes
Antes de analisar aspectos especificos
específicos deste funcionamento, é pre-
procedimento de de aposigao
aposição de
de um
um nome
nome ou sobrenome
sobrenome ao outro. Voltemos
Voltemos aà
ciso observar que a nomeagao
nomeação de pessoas se da dá no espago
espaço de enunciagao
enunciação
determinagao
determinação do nome pelo sobrenome.
sobrenome. Ela diz que este este Jotio
João Belchior
Belchior éé da Lingua
Língua Oficial
Oficial do Estado, aaLíngtaNacional,
Lingua Nacional, como homogénea.
homogênea. Ob-
um Marques Goulart. E
tmMarques É da Famflia Marques Goulart. Ou seja, o funcio-
dapamitiaMarques serve, por exemplo,
exemplo, os nomes acima apresentados,
apresentados, e considere a incum-
namento
namento do nome proprio
próprio de pessoa
pessoa éé construido
construído por
por uma detenninagao.
determinação.
béncia
bência da autoridade responsavel
responsável pelo registro
registro de criancas
crianças em nao
não aceitar
aceitar
Se
Se observarmos, ainda, o funcionamento
funcionamento de nomesnomes da terceira clas-
nomes “fora
"fora de proposito”.
propósito". E
É pensando
pensando neste espaco
espaço de enunciagao
enunciação que
se
se (Jfinior,
(Júnior, Filho), vamos ver que estas
esteis palavras tem
têm também um funcio-
vamos
vamos aqui observar como a nomeagao
nomeação constitui
constitui a designacao
designação de um
namento determinativo que se caracteriza por estabelecer
caracterizapor estabelecer uma distingao
distinção
nome proprio
próprio de pessoa. Consideraremos,
Consideraremos, nos textos nos quais se apre-
entre nomes iguais. Joaquim Mattoso Cdmara Câmara Junior
Júnior éé, o Joaquim dosdos
senta, as
as relacoes
relações ddfuncionamento
do-funcionamento designativo
designativo do nome
nome prorpio
prórpio com as
Mattoso Camara
Câmara que éé filho de um outro
oatro Joaquim dos dos Mattoso Camara.
Câmara.
enunciagoes
enunciaçÕeq de nomeacao
nomeação (nas quais umum nome
nome é atribuido
atribuído a uma pessoa).
Ou seja, ha
há uma constituicao
constituição morfossintatica
morfossintática do nome propriopróprio de
de
Tomaremos para isso quatro aspectos.
pessoa e ela se
se da
dá como relagoes
relações de determinagao
determinação que especificam
especificam algo
A) O ato de dar nome aa uma pessoa, na nossa sociedade, pelos pais;
sobre o que se
se nomeia. E estas
estas relagoes
relações sao
são restrigoes
restrições que detenninam
determinam o o
B) Relativamente
Relativamente ao item A, o que nos diria o fato de que em cada
modo de nomear alguém.
época ha
há nomes predominantes,
predominantes, que saosão mais usados? (Reportagem
(Reportagem de
Um outro aspecto interessante aa observar é que aa relagao
relação entre o
o jornal de cerca de quatro ou cinco anos dava conta de que o nome predo-
jomal
sobrenome
sobrenome ee o nome se
se da
dá tanto por uma
uma justaposicao,
justaposição, como em
em Getulio
Getúlio rninante
minante naquele momento
momento era Bruno, para os meninos);
Domelles
Dornelles Vargas quanto através de preposigao,
preposição, como éé o
o caso
caso deAnto-
de Antô-
C) Por que alguém que foi nomeado
nio Czindido
Cândido de Melo e Souza, em que o de liga Melo ee Souza aa Antonio
Antônio a) Antonio
Antônio Candida
Cândido de Melo ee Souza éé no uso uso corrente Antonio
Antônio
Candida.
Cândido. Aqui se observa também
também que os sobrenomes, quando mais de de
Cdndido?
Cândido?
um, podem vir justapostos como em Mattoso
justapostos Mattoso Cdmara,
Câmara, ou articulados
articulados
b) Maximino Araújo Maciel é Maximino
Maximino de Aratijo Maximino Maciel?
por uma conjungao,
conjunção, como em Melo ee S0uza25.
Souza2s.
D) No servigo
serviço nrilitar
militar alguém que sese chama Jodo Roberto
charnaloão Roberto Rodrigues
Rodrigues da
As ligagoes
ligações entre o nome ee o sobrenome podem se se dar ainda com
Silva pode ser
Silvapde ser Jofio
João ou
ot Roberto
Roberto ou Rodrigues
Rodrigues ou Silva, ee mesmo da Silva?
algumas
algumas variacoes como as
variações como as que
que estao
estão em Epitdcio
Epitócio da
da Silva Pessoa, A analise
análise destes aspectos poe
põe de inicio
início aa questao
questão sobre o funciona-
24.
24. Voltaremos
Volta¡emos depois
depois sobre esta
esta questao
questão da determinacao,
determinação, que do ponto de de vista semantico-
semântico-
mento do nome
nome proprio
próprio que sese constitui como a a busca de uma
uma unicidade.
enunciativo
enunciativo éé mais complexa
complexa ee contém
contém também
também aa determinagao
determinação do
do nome sobre
sobre o
o sobrenome.
sobrenome. Ou seja, um nome
nome para uma finica
única pessoa. Unicidade
Unicidade que o funcionamen-
funcionamen-
25.
25. Nao
Não deixa
deixa de ter interesse
interesse observar
observar como aa ortografia,
ortografia, Souza
Souza ou
ou Sousa,
Sousa, por exemplo,
exemplo, faz
faz to morfossintatico
morfossintático mostra que é,
mostraqlue é, em verdade,
verdade, uma construcao
construção de relacoes
relações
parte destes
destes mecanismos
mecanismos determinativos
determinativos ee identificadores.
identificadores. lingiiisticas
lingüísticas ee nao
não uma relagao
relação direta entre palavra ee objeto. Como vimos,
diretaentre

34 35
7 4 7 “Vi —

um nome de pessoa é uma construcao construção com com determinagoes


determinações de de umum certo
certo moraveis
moráveis os os nomes disponiveis
disponíveis como contemporaneos,
contemporâneos, proprios próprios de de sua
sua
tipo. A questao
questão interessante
interessante éé procurar
procurar saber
saber o o que
que significa
significa estaesta constru-
constru- época.
época. Assim se este este enunciador apaga
apaga o lugar do pai,
pai, o signficia,
signficia, aoao
cao
ção de unicidade
unicidade do nome nome proprio.
próprio. mesmo
mesmo tempo, como modemo. moderno.
Minha
Minha hipotese
hipótese aqui éé que esta esta unicidade é é um efeito do do funciona-
funciona- O processo
processo enunciativo
enunciativo da nomeagao
nomeação pode, entao, então, envolver
envolver lugares
mento do nome propriopróprio como processo de identificagao
de identificação social do
do que
que se
se de dizer
dizer diferentes, oo que diz respeito ao fato de que uma enunciagao enunciação que
nomeia. Isto ganha contomos especiais
contornos especiais e e muito particulates
particulares no caso dos
no caso dos nomeia pode estar citando enunciacoes
enunciações diversas. No caso de Bruno ha há
nomes proprios
próprios de pessoa
pessoa porque
porque neste
neste caso
caso 0 o funcionamento
funcionamento do do nome
nome se se alguns
alguns anos,
anos, aa enunciagao
enunciação do pai pai cita aa enunciagao
enunciação daqueles que que sao
são
da
dá no processo social de subjetivagao.
subjetivação. Ou Ou seja,
seja, passa
passa a a ser
ser uma
uma questao
questão tidos como modemos,
modernos, engajados no seu presente. Lembremos também
do sujeito. como muitas criangas
crianças chamaram-se Donizete, no Brasil, num certo celto mo-
Vamos, entao,
então, para refletir
refletir sobre esta
esta questao
questão fundamental, tomar mento, por causa de um padre cujo sobrenome era Donizete. Donizete. As nomea-
os quatro aspectos ha há pouco colocados. coes
ções dos pais citam as as enunciagoes
enunciações que nomearam nomearam tal padre Donizete.Donizete.
2.1.
2. 1. Tomemos o caso A. Dar nome a a uma crianga
criança éé umauma “obriga-
"obriga- Isto se
se da
dá por um acontecimento que recorta recorta uma outra
outra memorialidade
memorialidade de de
gao”
ção" dos pais que a devem registrar. E éé uma “obrigagao” "obrigação" estabelecida
estabelecida nomes no espago
espaço da contemporaneidade,
contemporaneidade, o das
o das celebridades. Em oposi-
pela lei (um conjunto
conjunto de de textos
textos especificos),
específicos), que que obriga
obriga os os pais
pais aa registra-
registra- gao
ção a isso se pode ter, ter, ee se
se tem,
tem, casos de pais que adotam nomes que que
rem um recém-nascido.
recém-nascido. Os Os pais devem solicitar
solicitar ao ao cartorio
cartório aa emissao
emissão de de parecem nao não estar disponiveis
disponíveis num certo momento. momento. Neste caso caso saosão ou-
uma certidao,
certidão, um texto sustentado
sustentado pelapela lei, que nomeia
que nomeia e e inclui oo nomea-
nomea- tras as
as enunciagoes
enunciações citadas.
do no Estado, com as as obrigagoes
obrigações ee direitos advindos
advindos destadesta inclusao.
inclusão. Dar Dar Esta questao
questão mostra, ao mesmo tempo, que nas nas nomeagoes
nomeações podem-
nome a uma pessoa se se faz, entao,
então, do lugar da da patemidade
paternidade (locutor-pai)
(locutor-pai) se
se cruzar regioes
Íegiões diferentes do interdiscurso
interdiscurso (posigoes
(posições de de sujeito diferen-
que se
se configura como um lugar social socialbembem caracterizado.
caracteizado. Nao Não éé aa pater-
pater- tes). No Caso do nome nome Bruno a posicao
a posição de sujeito é
éa a jurídico-liberal,
juridico-liberal, no
nidade biologica
biológica que interessa
interessa no processo, embora embora o o direito
direito coloque
coloque aa caso de Donizete cruzam-se
cruzam-se duasduas posigoes
posições de de sujeito, de de um jurídi-
um lado aa juridi-
relagao
relação biologica
biológica como elemento do lugar da da patemidade.
paternidade. Mas Mas os os pais
pais co-liberal (aquela
(aquela da qual se se nomeia por obrigacao
obrigação do do Estado) ee de de outro
nomeiam como aqueles que escolhem, segundo querem, um um nome. Te-
nome. Te- a posicao
posição de sujeito religioso. O agenciamento
agenciamento enunciativo especifico específico éé
mos, entao,
então, um
um enunciador-individual. A representagao representação deste deste enunciador
enunciador afetado
afetado pela
pef a memoria
gremória do dizer,
dizer, pelo interdiscurso.
interdiscurs o.
apaga a constituicao
constituição do Locutor pela rede rede juridica
jurídica que que oo instala
instala comocomo A analise
análise acima nos nos leva aa dizer
dizer que
qtJe o
o nome
nome determina,
determina, na na constru-
constru-
pai, no espago
espaço enunciativo
enunciativo da da Lingua
Língua Portuguesa,
Portuguesa, com com certas
certas obrigagoes
obrigações cao
ção do nome de
de pessoa,
pes soa, o o sobrenome. Se
Se alguém é
é nomeado Donizete da
nomeado Donizete da
de dizer (dar nomes aos aos filhos,
filhos, por exemplo). Silva, o éé por uma memorialidade de de nomes célebres enunciadaenunciada de de uma
uma
Dar
Dar nome é, é, assim, identificar
identificar umum individuo
indivíduo biologico
biológico enquanto
enquanto in- in- posicao
posição de sujeito religioso. Assim Donizete Doni zete determina
determina da Silva,
Silva, na
na me-
me-
dividuo
divíduo para oo Estado ee para para aa sociedade,
sociedade, éé toma-lo
tomá-lo como sujeito. Deste
como sujeito. Deste dida em que particulariza um da Silva aa partir partr desta
desta posigao
posição religiosa.
ponto de vista ganha interesseinteresse o o funcionamento detennjnativo
determinativo da da cons-
cons- Do mesmo modo que oo da Silva, como qualquer sobrenome, sobrenome, ver ver oo que
que
trucao
trução do nome proprio
próprio de de pessoa.
pessoa. NoNo caso
caso de de Antonio
Antônio Candida
Cândido de de Melo
MeIo disse em
em2.12.1,,pafüøtlarizatmDonizete,quenáoé
particulariza um Donizete, que nao é so só este. São muitos os
este. Sao muitos os
e Souza,
Souza, por exemplo, nomea-lo nomeá-lo éé coloca-lo
colocá-lo na na relagao
relação social
social como
como oo que naquele momento
momento se se chamaram Donizete,
Donizete, como em
como em outro
outro caso
caso Bru-
Brut -
Antonio
Antônio Candida
Cândido dos dos Melo ee Souza.
Souza. E É coloca-lo
colocá-lo na na sociedade
sociedade com com umauma no. Estar num lugar enunciativo ee nomear uma crianga criança é particularizar
particularizat
identificagao.
identificação. um dos Silva,
Silva, Melo,
Melo, etc.
etc.E E interessante observar aqui aa articulagao articulação da da
2.2. Vejamos oo aspecto
2.2.Yejamos aspecto B. Ele mostra,
mostra, claramente,
claramente, que que aa “escolha”
"escolha,, temporalidade
temporalidade do acontecimento, um um memoravel
memorável contemporaneo
contemporâneo de de cele-
cele-
do nome
nome naonão éé uma
uma escolha.
escolha. Sua Sua “origem”
"origem" nao não éé nem
nem o o locutor-pai
locutor-pai (lugar(lugar bridades, ee aa posigao
posição de sujeito religioso
religioso no interdiscurso
social) nem
nem o o enunciador-individual
enunciador-individual (lugar (lugar de de dizer).
dizer). O O Locutor
Locutor se se repre-
repre- Mais uma vez a construgao
construção do nome opera enunciativamente
enunciativamente no
senta,
senta, na escolha
escolha dodo nome
nome Bruno,Bruno, como
como um um enunciador-contemporaneo,
enunciador-contemporâneo, processo de identificagao
identificação social do individuo.
indivíduo. Um DonizeteDonizete da Silva éé
que sese caracteriza
caracteizapor por enunciar tal como como se se “escolhe”
"escolhe" enunciar
enunciar num num certo
certo tm Donizete que
um que configura
configura os os da
da Silva,
Sl/va, mesmo
mesmo que que o lugar do do dizer
dizer
momento. Ou seja, seja, aa “escolha”
"escolha" do do nome se da segundo um agenciamento
se dá segundo um agenciamento (enunciador-individual)
(enunciador-individual) apresente
dpresente a a nomeagao
nomeação como como aa escolha
escolha dede um
um nome
nome
enunciativo
enunciativo especifico.
específico. Este acontecimento
acontecimento de de nomear
nomear recorta
recorta como
como me- me- para particularizar
particularizar um ser ser biologico
biológico especifico.
específico.

36 37
7___~,_

2.3.
2.3. Agora
Agora o aspecto C. Primeiro ha há que
que se
se registrar
registrar queque aoao lado
lado dada dois
dois Rodrigues eles eles “nao
"não saosão homonimos” enunciação de um
homônimos" porque a enunciagao
nomeagao
nomeação dos pais, ha há um
um processo de designagao
de designação que se da
se dá para alguém,
alguém, como
como Rodrigues se se da
dâ a partir de um acontecimento
acontecimento enunciativo que o
aa partir
partir da enunciagao
enunciação dos pais, mas num processo de certa forma distinto.
numprocesso nomeou
nomeot JoaoJoão Rodrigues distinto
distinto daquele
daquele que nomeou
nomeot Joao
João Rodrigues ao
Deste modo oo nomenome que éé dado do lugar do pai é é alterado
alterado no no proces- outro. Da mesma forma, se se se encontram Antônio Candido,
encontram dois Antonio Cândido, um tm é
so da vida social em que of o individuo
indivíduo esta está e e acaba por se se reduzir, modifi- aquele nomeado
nomeado antesantes Antonio
Antônio Candido
Cândido de Melo
MeIo e Souza e o outro é o
car.
car. Por exemplo, Antonio
Antônio Candida
Cândido de de Melo e Souza toma-se torna-se Antonio
Antônio nomeado antesantes Antonio
Antônio Candido
Cândido X.
Candida
Cândido por um trabalho
trabalho enunciativo sobre aa enunciagao
enunciação inicial que re- Este percurso social do nome, e ele nao não é homogéno
homogêno para todas as as

grstrou
gistrou um nome para aa pessoa. A mesma coisa se se da para Maximino
dâpara Maximino de de pessoas (que inclui aa reformulacao
refotmulação por um enunciador-coletivo
enunciador-coletivo ou geno-gené-
Aratijo
Araújo Maciel que que sese torna
toma Maximino Maciel. Maciel. Sao São outros lugares de de rico de uma enunciacao
enunciação de um locutor-pai), é o que faz com que o nome
enunciacao
enunciação que renomeiam
renomeiam o que se se nomeou
nomeou do lugar do do pai. Este
Este jogo de de funcione
funcione como se se fosse uma unidade
unidade nao
não construida relação
construída que tem uma relacao
enunciar aa partir de outras
outras enunciacoes
enunciações refaz a temporalidade do primei-
refazatemporalidade univoca
unívoca com algum
algum objeto, aa pessoa
pessoa que o nome nomeia.
nomeia. Na medida em
ro acontecimento,
acontecimento, exatamente
exatamente por toma-lo
tomáJo diretamente
diretamente comocomo o o rememorado
rememorado que o acontecimento em que que fala um enunciador-coletivo genérico tem
enunciador-coletivo ou genérico
que oo presente
presente do segundo
segundo acontecimento
acontecimento modifica. como passado aa enunciagao
enunciação de um locutor-pai, a unicidade
unicidade se representa
representa
Diriamos
Diríamos que ha há duas direcoes
direções diferentes operando: em uma opera opera comoefeito
como'efeito da temporalidade do acontecimento. memória coloca
acontecimento. Esta memoria
uma "individtalização",
uma “individualizagao”, em outra opera aa relagao relação de familia.
família. Aqui se se uma relacao
relação um pai/umfilho/um
p ai,/um filho/um nome. Ou seja, a unicidade
unicidade é um resul-
poderia ver porque alguém cujo cujo nome fosse fosse Joao
João Rodrigues
Rodrigues passa passa aa ser
ser tado da nao
não unicidade de de um nome para para a mesma pessoa. E porque a
Joao
J oão ou ol entao
então Rodrigues.
Rodri gue s. nomeagao
nomeação de uma pessoa pessoa naonão é univoca,
unívoca, ou seja, uma
uma pessoa nao não tem no
No primeiro caso, tem-se uma enunciagao enunciação que inclui aa nomeagao nomeação processo
processo de sua vida social um onico
único nome, que o nome próprio
proprio de de pes-
pes-

T inicial
inicial (feita
(feita do lugar da patemidade, por
desmontagem da determinagao
por um locutor-x
por umum enunciador-individual)
determinação do sobrenome sobre o
enunciador-individual) pela

locutor-x que enuncia como um enunciador-coletivo.


o nome. Isto se se da

soa acaba
acaba por mostrar-se como funcionando
de uma enunciagao
enunciação segunda
tado que desfaz
funcionando univocamente.
segunda sobre a enunciagao
desfaz aarelação
relacao de determinagao
univocamente. E o
enunciação da patemidade
trabalho
paternidade pelo Es-
determinação entre o nome e o sobrenome.
sobrenome.
O enunciador-coletivo
enunciador-coletivo é este lugar de de dizer
dizer que se se caracteriza
caracterizapor por 2.4. Por fim o caso D. O lugar do qual se nomeia
2.4.Por nomeia neste caso é, de
ser aa voz de todos como uma finica inicavoz.voz. uma maneira direta, o que toma explicitamente a necessidade único
necessidade do finico
No segundo
segundo caso tem-se
tem-se o o mesmo
mesmo processo
processo de de uma
uma enunciagao
enunciação que que como caracteristrca
cardctérística do nome
nome proprio,
próprio, como caracteristrca
característica da designagao:
designação:
toma outra enunciagao,
enunciação, agora
agora pela
pela desmontagem
desmontagem da da determinagao
determinação do do nome como aa dizer que se se aa soc iedade nao
sociedade não respeita
respeita esta unicidade,
unicidade, aa corporagao
corporação
sobre o sobrenome. E isto se se da
dá por um locutor-x
locutor-x que que enuncia como como um deve repo-la.
repô-la. Ou seja,
seja, se hahá dois Joao
João Rodrigues,
Rodrigltes, umùm deve
deve ser Joao
João e
enunciador-genérico.
enunciador-genérico. Esta diferenga esta,
diferença está, para mim, ligada a diferenca
à diferença outro
oltro Rodrigues.
Rodrigues. Aqui esta em
Aqtiestá em jogo o que Pécheux
Pêcheux (1983) chamou de o
entre nome ee sobrenome
sobrenome na Lingua Portuguesa. No
naLínguaPortuguesa. No espaco
espaço de de enunciacao
enunciação logicamente estabilizado. Este procedimento
procedimento se se da
dá como uma enunciagao
enunciação
*censurá-las",
do Portugués
Português no Brasil ha há uma distribuigao
distribuição da da lingua
língua tal que que renomear
renomear que toma as as enunciacoes
enunciações primeiras
primeiras para, de algum
algum modo, “censura-las”,
l pelo
pelo nome inclui no lugar de de renomeagao
renomeação oo propriopróprio renomeado. E É como
como por uma escolha no seu interior. Isto se faz por por um locutor-chefe (lugar
um nos,nós, do qual o renomeado faz faz parte.
parte. Por outro lado renomear renomear pelo social) e um enunciador-corporativo: um nome é dito finico único para uma
kl
sobrenome éé falar do lugar de de um acordo genérico no qual se se diluem o o pessoa
pessoa na na relagao
relação com com todas
todas asas pessoas,
pessoas, apagando-se seu seu carater
caráter
lugar que diz ee aa pessoa renomeada.
renomeada. corporativo ee especifico
específico
Neste percurso cotidiano do funcionamento dos nomes nomes oo processo
processo Quanto
Quanto aà posicao
posição do sujeito diria que se trata da posigaoposição do discur-
de indentificagao
indentificação estabelece
estabelece umauma relagao
relação muito particular
particular entre
entre o o nome
nome aa so
so adnrinistrativo
administrativo que so só distribui
distribui nomes como se nao não houvesse
houvesse ai aí nenhu-
que se chega e aa pessoa. Assim Assim oo nome acaba acaba por funcionar, aa partir parlir de
de ma memória, embora oo
ma memoria, acontecimento em que dá tenha
em que se da tenha uma
se
uma historia
história de enunciagoes,
enunciações, como um nome para aa uma uma pessoa,
pessoa, cujo cuJo temporalidade
temporalidade em que oo passado sao são as enunciagoes
enunciações primeiras
primeiras queque nome-
processo
processo de construgao
construção éé esquecido. E É como se se nao
não houvesse
houvesse outra outra pes-
pes- aram todos que ali estao.
estão.
soa com o mesmo
mesmo nome, como se se aa homonirrria
homonímia se se desfizesse
desfizesse pelapela propria
própria Funciona neste caso uma hipotese hipótese sobre uma necessidade para o
historia
história enunciativa
enunciativa que levou
levou aa este
este nome “definitivo”.
"definitivo". Se Se encontramos
encontramos funcionamento
funcionamento da linguagem.
linguagem. A designagao
designação deve, em um universo
universo dado,

38 39
_ __ _ *7

produzir aa unicidade, aa inequivocidade


inequivocidade da da referéncia.
referência. Ou sej a, este
seja, este proce-
vel da genealogia, enquanto para
enquanto que para o segundo sim. Por outro lado, para
dimento,
dimento, mesmo
mesmo censurando aa nao não univocidade,
univocidade, nao não consegue
consegue funcionar significa diferentemente
diferentemente
alguém que queéé Joiio
João Roberto
Roberto Rodrigues
Rodrigues da Silva,
Silva, significa
senao/a
senão,a partir de uma hipotese
hipótese fraca para aa univocidade.
univocidade. quando for ou Joao, João, ou ol Roberto, etc. no no servigo militar. A posigao
serviço rnilitar. posição de de
E importante
importante ressaltar que no interior
interior dede todo grupo ha há uma
uma neces-
unicidade propria
própria deste funcionamento
funcionamento recorta
recorta como memorável no acon-
como memoravel
sidade de se se instalar
instalar o Linico
único relativamente
relativamente ao ao nome
nome proprio.
próprio. Numa
Numa fanri-
famí-
tecimento
tecimento um dizer anterior anterior que nomeou a pessoa como se essa primeira
lia nao
não se dadá o mesmo nome duas vezes, vezes, etc. Aqui se se poderia inclusive relativamente aà necessidade da da nao
não
nomeagao
nomeação fosse fosse indiferente, relativamente
lembrar
lembrar que quando se se da
dá o
o nome de de alguém ao ao seu
seu proprio
próprio filho, acres-
ambiguidade umclaro conflito
ambiguidade do nome proprio. Estamos
nomepróprio. Estamos aqui diante de um claro conflito
centa-se, ao final,
final, Filho ou Jonior.
Júnior. corporação
do funcionamento
funcionamento corrente
conente que nomeia
nomeia e do funcionamento
funcionamento da corporagao
Isto leva aa considerar
considerar o fato de que o funcionamento do nome pro- pró-
que aiaí intervém
intervém diretamente
diretamente em nome nome da unicidade.
prio dede pessoa,
pessoa, na nossa sociedade,
sociêdade, inclui
inclui uma
uma hipotese
hipótese de
de unicidade
unicidade que
Isto significa
signific a dizer
dizer que as pessoas tém têm nelas algo que lhes é dado
nao
não tem, no entanto,
entanto, procedimentos
procedimentos de de diferenciagao
diferenciação suficientes
suficientes aa nao
não ser
ser
pelo processo da designagao. parte deste processo o fato de que que o o
designação.Faz Faz
no interior de cada familia,
família, ou seja,
seja, o nome proprio
próprio funciona como se se posição ideolo-
sujeito destas enunciagoes
enunciações é sujeito enquanto
enquanto fala de uma posicao
uma
fosse finico,
único, embora
embora naonão o sej a. E aa nao
seja. não unicidade
unicidade se se da
dá pelo cruzamento
cruzamento posição de sujeito jurírido-li-
sujeito jurirido-li-
gicamente configurada
configurada pelo interdiscurso:
interdiscurso: posigao
de
de lugares enunciativos
enunciativos diferentes
diferentes que levam
levam aà nomeacao:
nomeação: o o da
da corporacao,
corporação, não sao pessoas
beral,
beral, ou religioso, ou adrrrinistrativo,
administrativo, etc. As pessoas nao são pessoas
oo coletivo,
coletivo, oo da da atualidade, etc.,etc., relacionados com uma uma historia
história de próprio lhes
lhes constitui, em certa medida. O
certa medida.
em
em si.si. O
O sentido
sentido do nome proprio
enunciagoes
enunciações que vai afetando o nome.
sentido constitui o mundo mundo que povoamos. E o constitui enquanto produz
Um outro aspecto éé observar como como este procedimento
procedimento de de uma indiví-
identificacoes
identificações sociais que sao são oo fundamento
fundamento do funcionamento
funcionamento do do indivi-
corporacao
corporação militar, que se pode encontrar encontrar em outras instituigoes,
instituições, é uma
duo enquanto sujeito. E aqui é preciso lembrar lembrar que este processo de iden-
processo de
intervencao
intervenção de uma posigao
posição que funciona
funciona no centro do imaginario
imaginário de de que Língua do Estado, e assim
tificacao
tificação se faz no espaco espaço de enunciacao
enunciação da Lingua
ha
há um
um Locutor
Locutor que por si nomeia, que diz iliz que umum nome (este) éé para uma
identifica
identifica o individuo
indivíduo como cidadao.cidadão.
pessoa (esta). Ou seja, de que oo LocutorLocutor éé uno ee nao não éé afetado pela divi- (de par-
Poderia
Poderia dizer que o funcionamento
funcionamento referencial
referencial destes nomes (de
sao
são socio-historica
sócio-histórica do dizer.
ticularizar
tictlanzar alguém)
alguém) é produzido
produzido pelo processo enunciativo
enunciativo que se da dá como
Mas mais uma vez podemos ver ai,
vmavez aí, funcionando, o papel do nome
identif,icação social. A unicidade,
unicidade, ou o
procedimento
procedimorrtq do processo
processo de identificagao ou seja,
seja, o
no processo de identificagao
identificação social. Ou seja, seja, como aa unicidade que se se
efeito de que nao
que não hahá nenhuma
nenhuma distancia
distância que separe
separe o nome de uma pessoa
uma pessoa
busca para o nome éé efeito da identificagao:
identificação: vocévocê éé vocé e nao
você e não é é nenhum portanto seu eminentemente
dessa
dessa mesma pessoa, pessoa, portanto seu funcionamento eminentemente
outro.
outro. Assimé
Assimé possivel
possível referi-lo, interpela-lo,
interpelá-lo, responsabiliza-lo,
responsabilizâ-lo, etc, “sem
etc,"sem próprio neste
referencial,
referencial, éé um um efeito do funcionamento
funcionamento do nome nome proprio neste proces-
possibilidade de de erro,
erro, dede equivoco”.
equívoco". E É possivel
possível toma-lo
tomá-lo em cenas cenas
so
so social dede identificacao
identificação do do individuo,
indivíduo, de de sua
sua subjetivacao.
subjetivação. Ou seja, seja'
enunciativas
enunciativas especificas,
específicas, segundo aa distribuigao
distribuição dos dos papéis deglocutor-x
de locutor-x
nomear um pessoa é uma enunciacao enunciação que funciona por um processo de
e alocutario
alocutá.rio (correlato
(correlato deste).
interior do
determinacao
determinação semantico-enunciativa
semântico-enunciativa em virtude de se dar no interior
/ ~ ,_, processo social de identificagao,
identificação, mas que, ao apagar, pela representacao
ao apagar, pela representação
3. O NOME PROPRIO:
PRÓPRrO: DESIGNAQAO
DESTGNAçÃO E
B SUBJETIVACAO
SUBJETTVAÇÃO
do
do enunciador,
enunciador, oo lugarlugar social de locutor, se
de locutor, se mostra como meramente
referencial. Este apagamento do locutor-x (lugar social da enunciagao) enunciação)
O processo enunciativo da designacao
designação significa,
significa, entao,
então, na
na medida ideológica de
posição ideologica
se da
dá porque o Locutor
Locutor nao não sabe que fala de uma posigao
em que sese da
dá como um confronto de lugares enunciativos pela propria própria
sujeito. A referencialidade
referencialidade do nome proprio próprio é produzida
produzida por este apaga-
temporalidade
temporalidade do acontecimento. Este Este confronto
confronto recorta
recorta ee assim
assim constitui
mento em virtude
virtude deste esquecimento.
um campo de “objetos”.
"objetos". Se
Se se
se mudam
mudam os os lugares enunciativos em em con-
con-
fronto recorta-se um outro memoravel,
memorável, um outro campo campo de de “objetos”
"objetos" ~ ~ A
NOMEAçÃO, DESIGNAQAO,
4. NOMEACAO, REFERÊNCIA
DESIGNAçÃO, REFERENCIA
relativos aa um dizer.
Assim hahá uma diferenga
diferença de sentido em Antonio Candido
emAntônio Cândido relativa-
Dar um nome proprio do espaco
próprio éé falar segundo aa deontologia do espaço
mente
mente aa Maximino
Maximino Maciel. Para oo primeiro
Maciel.Para primeiro caso
caso nao
não funciona
funciona o o memora-
memorá-
enunciativo de
de uma lingua.
língua. Para o nosso
nosso caso,
caso, so
só o locutor-pai pode

40 4I
41
— — -_- --.7

nomear,
nomear, sendo-lhe
sendo-lhe negado o
o direito de
de nao
não nomear,
nomear, de
de nao
não dizer (instalar)
(instalar)
o nome do filho. E esta nomeacao
nomeação se se da
dá segundo as regularidades
regularidades dos
procedimentos de determjnagao
procedimentos determinação dos nomes
nomes de pessoa. configura-
pessoa. E nesta configura-
gao
ção propria
própria do espaco
espaço enunciativo
enunciativo de
de uma lingua,
língua, o Portugués
Português por exem-
plo, que o nome proprio
próprio de pessoa tem sua historia,
história, pela qual ele ao se se
construir
construir ee reconstruir
reconstruir enunciativamente
enunciativamente trabalha aa identificagao
identificação do indi-
viduo
víduo que sese nomeia, sem
sem que ele proprio
próprio tenha escolhido
escolhido seu nome.
A capacidade referencial nao não éê, assim o fundamento do funciona-
CAP1'Tt/Lo III
C¡pirurc III
mento do nome proprio.
próprio. A referéncia
referência resulta do sentido do nome consti-
tuido
tuído por seu funcionamento
funcionamento no acontecimento
acontecimento enunciativo.
enunciativo. Quando
Quando um NOMES DE RUA
nome proprio
próprio funciona
funciona ele recorta um memoravel
memorável que enquanto
enquanto passado
proprio
próprio da temporalidade do acontecimento
acontecimento relaciona um nome a uma
pessoa. Nao
Não éé um sujeito que nomeia, ou refere, nem aa expressao,
expressão, mas o Os nomes de ruas e de lougradouros públicos em geral se nos apre-
lougradouros poblicos
acontecimento,
acontecimento, exatamente
exatamente porque ele constitui seu proprio
próprio passado. sentam principalmente por seu aspecto cotidiano.
sentarhprincipalmente cotidiano. Ou sej a, sao
seja, são nomes que

Assim aa unicidade
unicidade do nome proprio
próprio de pessoa éé uma construgao
construção da usamos no nosso dia a dia por razoes razões praticas
práticas como encontrar
encontrar a casa de
disparidade que acompanha
acompanha seu funcionamento.
funcionamento. O que ele refererefere hoje éé o alguém,
alguém, uma loja, mandar uma carta, etc. Estes nomes estao estão presentes
que uma nomeagao
nomeação passada
passada (de um
um locutor-pai) nomeou. O que ele signi- para nos
nós por uma estabilidade
estabilidade cotidiana do enderego.
endereço.
fica numa dada enunciagao
enunciação (com sua temporalidade)
temporalidade) é toda sua historia
história Dados
Dados os deste trabalho vou tomar os
os objetivos deste os nomes de ruas
de
de nomeacoes, renomeações ee referéncias
nomeações, renomeacoes rqferências realizadas (com
realizadas (com suas como mais um modo de questionar
ummodo questionar as posigoes
posições inforrnacionais
informacionais no modo
temporalidades
temporalidades proprias).
próprias). como tratam a relacao
relação da linguagem
linguagem com as coisas, com o mundo. Ques-
tao, já disse antes, incontornavel
tão, como ja incontomável para quem estuda a linguagem.
linguagem.
Para analisar esta questao
questão vou tomartomar um caso especifico:
específico: os nomes
de ruas da cidade de Cosmopolis.
Cosmópolis. EstaEsta cidade, com uma população entre
uma populagao
40.000 e 50.000
3o.bOO habitantes, nos permite tomar todos seus nomes dede rua
"
para encontrar
encontrar neles, de forma objetivada,
objetivada, um conjunto de questoes
questões que
envolvem o funcionamento
funcionamento deste próprio.
deste tipo de nome proprio.

1.
1. OS NOMES NO MAPA: PROCEDIMENTOS ANÁLISE
PROCEDIMENTOS DE ANALISE

Vou analisar os nomes de ruas de Cosmopolis


Cosmópolis enquanto
enquanto nomes no
mapa da cidade. Neste sentido, o corpus co{pus nao
não éé simplesmente o rol dos
nomes das ruas, mas o mapa da cidade cidade enquanto
enquanto um texto. Desta maneira
coloco o modo especifico
específîco como vou considerar a relacao relação integrativa do
nome, ou seja, o que éé o seu sentido. Tomar o mapa como corpus perrnite permite
tomar, também, a questao
questão da relagao dos
relação dos nomes no seu conjunto ee sua
distribuigao
distribuição no espaco
espaço urbano. Pode-se, entao,
então, refletir, próprio
refletir, como algo proprio
algo
do corpus em analise,
análise, sobre
sobre aa questao
questão da nomeagao
nomeação dos espagos
espaços da cidade,
bem como
como 0 o modo
modo de distribuigao
distribuição dos nomes pelos espagos
espaços historicamente
constituidos.
constituídos. Ou seja, nao
não consideramos
consideramos 0 o espago
espaço fisico,
físico, que tem uma pa-
lavra
lavra na lingua
língua para
para referi-lo, ee depois os episodios
episódios historicos
históricos que ali ocor-

42 43
reram. Para nossa
nossa posigao,
posição, o o espago
espaço dodo homem
homem so só éé espago
espaço enquanto
enquanto his- Independentemente de uma diferenga
diferença de de construgao, são to-
construção, sao
toricamente
toricamente detemnnado,
determinado, ee aa linguagem o o designa
designa neste
neste processo historico.
histórico. dos tomados
dos tomados como tendo oo mesmo
como tendo funcionamento semantico-
mesmo funcionamento semântico-
Ao tomar aa analise
análise destes nomes enquanto nomes num mapa, enunciativo.
podemos
podemos considerar
considerar que estamos diante de uma cena enunciativa enunciativa em Por outro lado, podemos
podemos fazer atencao
atenção aà diferenga
diferença de construgao
construção do
que a configuragao
configuração de unidade textual textual do Locutor esta
está ai
aí dividida
dividida em nome proprio
próprio de rua. Para pensar estas diferengas
diferenças vou analisar:
um locutor-oficial (da administragao
adminisfração pfiblica
pública da cidade), enquanto lugar
social
social que enuncia, ee um enunciador-universal,
enunciador-universal, que coloca aa enunciagao enunciação a) sua estrutura morfossintatica;
morfossintática;
dos nomes no mapa mapa como nomes para todos ee para sempre. Ao mesmo b) seu
seu funcionamento
funcionamento semantico-enunciativo;
semântico-enunciativo;
tempo estou considerando
considerando que vou analisar o funcionamento dos nomes c) aa configuragao
configuração da temporalidade
temporalidade do acontecimento.
acontecimento.
num acontecimento afetado pela posicao posição de sujeito jurídico-adminis-
sujeito juridico-adminis-
trativo, enquanto posigao
posição do do interdiscurso que
que afeta
afeta aa lingua
língua neste 2. AS ESTRUTURAS MORFOSSINTATICAS
MORFOSSINTATICAS
acontecimento.
acontecrmento.
Evidentemente
Evidentemente que um um estudo
estudo como esse esse nao
não inviabiliza aa conside- Os nomes das ruas de Cosmopolis
Cosmópolis podem
podem ser:
ragao
ração das questoes
questões postas por acontecimentos enunciativos
enunciativos do cotidiano,
nos quais os nomes funcionam
funcionam de modo semelhante,
semelhante, mas, seguramente,
seguramente, a)Nomes
a)Nomes proprios
próprios de pessoas: R. Antonio Carlos
depessoas: Carlos Nogueira; R. Artur
com diferengas
diferenças importantes.
importantes. Nogueira; Av Ester; R.
R. Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Vamos analisar, pelo estudo do mapa, aa existéncia existência de de um nome en-
quanto
quanto nome
nome de uma rua. Isto quer quer dizer, para nos,nós, que vamos analisar
analisar de b) Nomes proprios
próprios topograficos:
topográficos: R.
R. Monte Castelo.
Castelo
um lado o processo enunciativo que produziu cada nomeagao nomeação (que no-
meou
meou tal rua com tal nome), ee de outro, outrô, como estes nomes se se relacionam c) Nomes proprios
próprios de Cidades ou Pais:
País: R. Brasília; R.
R. Brasilia; R. Campinas;
neste
neste texto que é é um mapa enquanto mapa de uma cidade. E a a considera- R. Paulinea;
Paulínea; R.
R. Sao
São Paulo; R. Portugal
Portugal (no corpus em questao
questão é 0
o finico
único
gao
ção do
do mapa como texto para nele estudar estas nomeacoes
nomeações coloca a nome de Pais
País enunciado como nome de rua).
questao
questão de de saber como se da a relagao
dá relação de cada nome com aquilo que
nomeia fora do texto, na cidade. d) Nomes
Ñorhes proprios
próprios de pessoas determinados
determinados por uma titulacao:
titulação: R.
Nesta medida os os nomes
nomes de
de ma
rua sao
são enunciados
enunciados de de seu
seu texto, o o mapa. Baroneza
Baronëza Geraldo de Resende; R. R. Coronel Silva Teles; R.
SilvaTþles; R. Pastor
Pastor Paulo
E nesta
nesta medida sao são nomes
nomes cujo funcionamento
funcionamento éé diverso de de outros
outros nomes
nomes Leiva
Leiva Macadao;
Macadão; R. Evangelista
Evangelista Luiz Semensato
Semensato Primo; R.R. Cabo Cruz; ..
proprios,
próprios, como os os nomes de pessoa, por exemplo. Por outro lado, estes estes Getúlio Vargas; R.
Presidente Gettilio Dr Rui
R. Dr Rui Barbosa.
enunciados tém têm uma outra caracateristica
caracaterística importante: nao não tém
têm estrutura
de frase. E as
as relagoes
relações que organizam
organizam estes
estes enunciados
enunciados no no texto saosão de
de uma e) Sintagmas
Sintagmas preposicionados:
preposicionados: R.
R. dos Expedicionarios;
Expedicionários; R. dos Pro-
natureza muito diversa daquelas
natureza muito diversa daquelas que uma lingiiistica textual
lingüística textual desenvolve. fessores;
fessores; Av. dos Trabalhadores; R. do Vereador;
Trabalhadores; R. Vereador; Av. da Saudade;
Saudade; R.
R. das
Se
Se tomamos
tomamos um conjunto
conjunto de
de nomes de de ruas (e aqui
aqui osos tomo taltal como Laranjeiras; R.
R. dos Sorocabanos.
aparecem
aparecem no mapa de Cosmopolis)
Cosmópolis) podemos pensar no funcionamento
do nome
nome enquanto
enquanto uma uma unidade. Por exemplo:
exemplo: 1)
Ð Nomes seguidos
seguidos ou precedidos de uma
uma determinagao: Au Cente-
determinação: Av.
nario Dn Paulo de Almeida Nogueira; R.
nório do Dr: R. Santa Cruz.
Av.
Av. Centenario
Centenário do Dr Paulo de Almeida Nogueira,
R. Anchieta g) Numeral Seguido de um Sintagma preprosicionado (datas):
(datas): R.
R. 7
Z
de Abril; R. 22 de Abril; R.
R. 25 de Dezembro; R. l5 de Novembro;
R. 15 R.77de
Novembro; R. de
e Setembro.
Setembro.

R. 7 de Abril.
R. h) Nfimeros:
Números: Rua 1; R. 2; R.
R.2; R. 3.

44 45
Estas estruturas já mostram uma diferenga
estruturas ja diferença do funcionamento dos Podemos observar que os nomes proprios próprios de ruas funcionam
funcionam de um
nomes de ruas relativamente a outros nomes proprios próprios como os nomes modo
modo muito
muito mais “fixo”
"frxo" que osos nomes de quadros, mas de um um modo
modo menos
proprios
próprios de pessoa e os nomes de quadros de pintura, por exemplo.exemplo.
fxo que os
fixo os nomes de de pessoa. Veja, por exemplo, que que no corpus
corpus de Cosmopolis
Cosmópolis
No
No caso dos nomes
nomes proprios
próprios de
de pessoa, como
como mostramos
mostramos anteriormen-
nao
não se
se encontra como nome propriopróprio de rua
rua descricoes
descrições como 'Duas Lavadei-
como “Duas
te,
te, eles se
se constituem
constituem de nomes
nomes ee sobrenomes
sobrenomes e e podem
podem ter uma
uma preposigao
preposição (e
(e
ras Lavando Roupa”,
Roupa", ou “Moga
"Moça de Branco num Bosque”. Nao
numBosque". Não ha há também
mesmo artigo) antes de algum sobrenome. Eventuahnente
Eventualmente um segundo so-
nos nomes
nomes proprios
próprios de rua grupos nominais mfiltiplos como em “Primavera;
deruagrupos nominais múltiplos como em"Primavera;
brenome
brenome é precedido
precedido de uma conjungao
conjunção e. Por exemplo: Paulo Rodrigues; Argenteuil”,
Argenteuil", ou ou “Caramujo,
"Caramujo, Mulher, Flor, Estrela”.
Estrela". Por outro lado, ha há no
Antonio Candido de Melo e Souza;
deMelo Manuel Deodoro da Fonseca.
Sotza;Manuel Fonseca.
corpus
corpus de
de Cosmopolis
Cosmópolis nomes que sao são sintagmas
sintagmas preposicionados como “Sem "Sem
No caso dos nomes proprios
próprios de quadros de pintura podemos reto- titulo”
título" ou “No
"No Bosque”:
Bosque": veja o caso de Rua do Vereador; lttranjeiras,
Vereaàor; das Laranjeiras,
mar a analise
análise feita por B. Bosredon (1999). Segundo ele os nomes de etc. Ha também neste
etc.HátamÉm neste corpus
corpus nomes
nonrcs com detemrinagoes (expansoes)
comdeterminações (expansões) tal como
quadros
quadros tém têm formas diversas,
diversas, mas na maioria dos dos casos faz parte da
casos faz
nos nomes de quadros como como “Paisagem
"Paisagem comcom vacas”.
vacas". E o caso de “Rua "Rua Cen-
categoria nominal.
nominal. Os nomes de quadro
quadro podem ser constituidos
constituídos por: "no-
poÍi “no-
tenario
tenário do Dr. Paulo de de Ahneida Nogueira”.
Almeida Nogueita".
mes
mes proprios:
próprio,s: nome
nome de pessoa, como (Picasso); nome
como Célestine (Picasso); nome de lugar,
Na medida em que se se véem
vêem diferengas
diferenças entre tipos de nomes proprios próprios
como
como Sacré-Coeur
Sacré-Coeur (id.). Encontramos
Encontramos também nomes comuns sem ex- (de
(de pessoas, de quadros, de ruas), ruas), no
no que
que diz respeito
respeito aà suasua estrutura
pansao,
pansão, como
como Montagne [Montanha] (Kandinsky), Les repasseuses [As
fMontanha] (Kandinsky), fl's morfossintatica,
morfos sintá tica, faz-se
faz- se necessario
neces s ário perguntar
perguntar sobre
s obre o que elas significam.
si gnificam.
Passadeiras] (Degas),
(Degas), ou com expansao
expansão como Paysage
P aysage avec vaches [Pai-
fPai- Nao
Não sese pode pensar que uma estrutura corresponde a um modo de signi-
sagem com Vacas]
Vacasl (Rousseau),
(Rousseau), Jeunefille
Jeune fille en blanc
blanc dans un bois [Moga
[Moça ficar,
ficar, como se se vera
verá depois. Mas por outro lado ha há impedimentos
impedimentos para que
Bosquel (Van Gogh), Deux blanchisseuses portant du
de Branco num Bosque] certas estruturas
estruturas funcionem
funcionempara para certos tipos de nomes. O que este impe-
linge [Duas Lavadeiras
lingefDuas Lavadeiras levando
levando Roupa]
Roupal (Degas). O Grupo Nominal Nominal éé as
às
dimento significa?
significa? Em verdade
verdade deve-se
deve-se perguntar: o que produzem
produzem estes
vezes duplo: Printemps;
Printemps; Argenteuil [Priinavera;
[Pri-mavera; Argenteuil] (Monet). Uma
(Monet).
diferentes impedimentos?
impedimentos ?
lista pode inclusive constituir
constituir um titulo:
título: Escargot, femme,
femme, fleur,
fleur, étoile Uma outra pergunta: Qual Qual aa razao
razão desta diferenca
diferença de estrutura
estrutura intema
[Caramujo, (Miró). Notamos igualmente
[Caramujo, Mulher, Flor, Estrela] (Miro). igualmente estrutu-
dos nomes proprios
próprios dede rua‘?
rua? O que ela significa?
significa? Estas diferengas
diferenças dizem res-
dizemres-
ras nominais dotadas de uma funcao
função sintatica implícita sob a forma de
sintática implicita peito
peito aos
aos diferentes agenciamentos enunciativos
enunciativos dos espagos
espaços de enunciagao
enunciação
difErentes
sintagmas preposicionais:
preposicionais: Sans titre [Sem (Kandinsky); Dans le
fSemTítulol (Kandinsky);
Titulo] nos quais asas nomeacoes
nomeações se se constituem
constituem ee as
as designagoes
designações funcionam.
bois [No Bosque]
åols [No Bosque] (Van Gogh); Chez la modiste
modiste [Na
[Na modista] (Degas).
As vezes, aacaracteização
caracterizacao do nricleo
núcleo nominal passa por outros meios de 3.
3. O FUNCIONAMENTO SEMÂNTICO-ENUNCIATIVO
FI.INCIONAMENTO SEMANTICO-ENUNCIATIVO
expressao
expressão que naonão formas estritamente
estritamente linguisticas,
linguísticas, como T. T. 1973-E.3.
1973-8.3.
111X180 cm. de Hartung,
Harlung, que parecem as designacoes
designações de uma lingua- Neste caso, tal como para os os nomes proprios
próprios de pessoa, ha há que
gem
gem técnica documentaria.
documentária. Alguns titulos,
títulos, finalmente, constituem
constituem jogos
se levar em conta que as cenas enunciativas
enunciativas da nomeagao
nomeação das ruas se
de linguagem
linguagem que os afastam ainda mais das estruturas
estruturas morfossintaticas
morfossintáticas
dao
dão no no espago
espaço enunciativo da Lingua
Língua Oficial do Estado, da da lingua
língua
padrao,
padrão, como este estranho
estranho Galacidalacidisoxyribonucléidacide
Galacidalacidisoxyribonucléidacide de Sal- Nacional.
Nacional.
vador Dali.
Dalí. Todos esses
esses titulos,
títulos, aà excegao
exceção das estruturas
estruturas Preposigao+N
Preposição+N e
Um aspecto importante deste funcionamento éé oo modo
Um modo como
como a
os oltimos
últimos exemplos, entram
entram na categoria nominal, entendida num senti-
enunciacao
enunciação que nomeia uma rua se se relaciona
relaciona com outras enunciacoes:
enunciações: asas
do amplo. que nomeiam
nomeiam pessoas
pessoas ou datas, por exemplo.
exemplo.
A outra familia muito mais reduzida
famíliamuito reduzida esta
está composta de proposigoes
proposições
A nossa hipotese,
hipótese, como resposta
resposta aà oltima
última pergunta da secao
seção anteri-
e de frases: Ils
Ils sont de retour [Eles
[Eles Estao
Estão de Volta] (Artistas Franceses);
Franceses);
or, éé aa de que aa unidade do nome
nome de rua nao
não éé construida
construída pela enunciagao
pela enunciação
C ’est encore un Cubas Glaser! Refuse’
C'est Refusé [E Ain¿a um Cubas Glaser! Re-
[É Ainda que nomeia aarua,rua, mas por
por outra enunciagao
enunciação que esta
está contida
contida na enunciagao
enunciação
cusado]
cusadol (Artistas Franceses); Bonjour,
Bonjour; Monsieur Courbetf
Courbet! [ Bom dia, que nomeia
nomeia aa rua.
Senhor
Senhor Courbetl]
Courbetll (Courbet); Bonjour Monsieur Gauguin!
Gauguin! [Bom dia, A enunciagao
enunciação dosnomes
dos nomes de ruas é sempre
sempre uma enunciagao
enunciação aa partir
Senhor Gauguinl]
Gauguin I (Gauguin)”
(Gauguin)" (Bosredon, 1999, 19-20)
! 19 -20)
de outra enunciagao.
enunciação.

46 4l
47
a) No caso de ruas com
com nomes proprios
próprios de
de pessoa, aa enunciagao
enunciação que Mas se
se observa que,
que, mesmo sem conhecer aa historia,
história, que este
nomeia aa rua toma ee inclui aa enunciacao
enunciação que nomeou aa pessoa. Conside- tipo de nomeagao
nomeação nao
não é uma descrigao,
descrição, mas funciona como se fosse.
remos alguns casos. Cabe aqui perguntar sobre
sobre como
como se deu esta passagem que apaga o
A R.
R. Juscelino Kubitschek de de Oliveira tem este nome por por uma aspecto descritivo da nomeagao
nomeação desfazendo seu carater
caráter de descrigao
descrição
enunciacao
enunciação que aa nomeia aa partir da enunciagao
enunciação que nomeou
nomeou alguém com definida.
esse
esse nome. Este
Este tipo de
de funcionamento
funcionamento enunciativo se se da
dá também
também em em outros Neste caso o sintagma
sintagma preposicionado funcionafunciona como uma deter-
casos como: R. Antonio Carlos Nogueira, Artur Nogueira, Av. Ester.
Nogueira, R. Artur minagao
minação para Rua, Avenida, etc. E aponta
etc. E aponta para que os nomes das ruas
Este
Este mesmo processo se da dá com a nomeacao
nomeação de ruas a partir de sao
são determinagoes
determinações de de Rua,
Rua, Avenida, em em construcoes
construções emem que Rua e
que Rua
nomes de cidades: R. R. Brasilia,
Brasília, R.
R. Campinas, R. Paulinea,
Paulínea, R. Sao
São Paulo. Avenida fazem uma referéncia
Avenidafazemuma referência e a detenninacao
determinação predica a referéncia
referência e
Ou de nomes de acidentes
acidentes geograficos:
geográficos: R. Monte Castelo. assim nomeia.
assimnomeia.
b) Ha
Há um
um caso assemelhado, mas quejaque já envolve
envolve duas enunciagoes.
enunciações. EÉ d) Ha
Há enunciagoes
enunciações que se formulam como enunciagoes enunciações de nomes
oo caso dos nomes proprios
próprios de pessoa detenninados
determinados porpor uma titulagao.
titulação. Nes- (nomeagao)
(nomeação) como enunciacoes
enunciações primeiras. Mas é preciso observarobservar me-
te caso aa enunciagao
enunciação que retoma
retoma o
o nome
nome retoma
retoma aa enunciagao
enunciação que nomeou lhor estes casos.
casos. Tomemos
Tomemos alguns para refletir:
refletir: R. Centendrio
R. Centenário do Dr.Dr
alguém e a enunciagao
enunciação que lhe deu um titulo.
título. Assim, Presidente Getulio
Getúlio Paulò de
Paulo A. Nogueira,
de A. Nogueira, R. R. Santa R. 7 de
Cruz, R.
Santa Cruz, de Setembro,
Setembro, R. R. 15
15 de
Vargas, como nome de rua, traz a enunciacao
enunciação que nomeou alguém como novembro,
novembro, R. R. I, R.
R.2.2.
Getfilio
Getúlio Vargas e aa enunciagao
enunciação que o predicou como Presidente“.
Presidenfe26. - No caso de R. R. Centenario
Centenário do Dr. Dr Paulo de Almeida Nogueira, a
Um caso especial aqui é o de Baroneza Geraldo de Resende como
Baroneza como nomeacao
nomeação da da rua
rua incorpora aa nomeacao
nomeação de de alguém como "Paulo de
como “Paulo
nome
nome de rua. Esta
Esta nomeagao
nomea ção traz aa enunciagao
enunciação de alguém
alguém como “Baroneza
"B at oneza Almeida
Almeida Nogueira”,
Nogueira", aa qualificacao
qualificação desta pessoa como Doutor. O que ha há
1 Geraldo
Geraldo de Resende”,
Resende", mas isto é o apagamento
apggamento da nomeagao
nomeação especifica
específica particular qualificação
de particular é a qualificagao do Centendrio (por
Centenário (por Dr: Dr Paulo de Almeira
de uma mulher para assumir uma titulagao
titulação que lhe the vem pelo nome do Nogueira) como movel móvel desta
desta enunciagao.
enunciação.
marido. Assim
Assim aa enunciagao
enunciação da R. Baroneza
Baroneza Geraldo de Resende inclui inclti -No caso de R. R. Santa Cruz, ha que se
Cruz,háque se levar em conta que este é um
a enunciacao
enunciação do nome de registro (de batismo) da mulher que se casou nome disponivel
disponível no Brasil desde desde a chegada dos portugueses. Um dos
com Geraldo de Resende; aa enunciagao
enunciação que nomeou alguémalguém como Geral- primeiros-,non1es
primeirospo¡nes do Brasil foi Terra Terra de Santa Cruz. Nomear
Nomear algum
algum lugar
do de Resende; a enunciacao
Resende; a enunciação que conferiu o titulo
confe¡iu título de Barao
Barão aa Geraldo de como Santa
Santa cruz
cruzéé sempre reportar
reporlar aà enunciagao
enunciação do Brasil como Terra de
Resende e assim
assim aà Baroneza. E por estas filtimas
últimas traz o silenciamento
silenciamento da Santa Cruz. AlémAlém disso, em Campinas, cidade aa que Cosmopolis
Cosmópolis perten-
nomeagao
nomeação da mulher
mulher que se se casou com Geraldo de de Resende. SeSe Baroneza ceu antes de ser municipio,
município, ha há uma praca
praça que se chama Largo de Santa
éé aqui
aqui uma “segunda”
"segunda" enunciagao,
enunciação, elaela se
se da como silenciamento da
dá como Cruz e uma Rua Santa Cruz.
enunciacao
enunciação da nomeagao
nomeação primeira da baroneza.
baroneza. - As datas que se se tomam
tornam nomes de rua sao são datas enunciadas como
c) Os nomes caracterizados
caracferizados como sintagmas
sintagmas preposicionados,
preposicionados, fun- memoraveis
memoráveis para aa historia
história do Pais,
País, do Estado, da Cidade. E É o caso de R.R.
cionam
cionam como nomes que se
se enunciam
enunciam a
a partir de enunciagoes
enunciações de descri- 77 de setembro e R. R. I5
15 de novembro (datas da independéncia
independência do Brasil e
coes
ções definidas.
definidas. Assim
Assim Rua
rR ua dos Sorocabanos se se da
dá como um
um nome
nome de rua da Proclamacao
Proclamação da Repfiblica).
República).
que busca, na enunciagao
enunciação descritiva
descritiva de que hahá uma rua com sorocabanos,
sorocabanos, - Os
Os nfimeros
números como nomes de rua talvez sej am o finico
sejam único caso em que
o fundamento para a enunciacao
enunciação do nome.
nome. O mesmo se da dá com R.R. das a nomeagao
nomeação da rua é uma enunciacaoenunciação primeira. No caso especifico
específico de
Inranjeiras, R.
Laranjeiras, R. dos
dos Trabalhadores, R. R. dos Professores, R. R. dos Expedi- Cosmopolis
Cosmópolis éé interessante
interessante verver que estas ruas estao
estão em uma das fronteiras
fronteiras
ciondrios,
cionários, etc. do que o mapa especifica
especifica como espacoespaço urbano.
urbano. Assim o nome da rua
como nfimero
número é o indice
índice da fronteira entre o urbano e o nao não urbano. O
26. Seria interessante
interessante observar
observar que nesta relagao
relação de enunciagoes
enunciações a segunda pode
pode modificar aa urbano é a perspectiva
perspectiva de que a rua passe a ter um nome e nao não so
só um
primeira.
primeira. No caso da Av. Presidente
Presidente Getrilio
Getúlio Vargas, aa nomeacao
nomeação da
da rua modifica
modifica aa nome- nrimero
número que aa localize. Esta Fsta enunciacao
enunciação indica para uma enunciagao
enunciação fu-
agao
ação da pessoa que fora nomeada
nomeada Getfilio
Getúlio Dornelles
Dornelles Vargas. Talvez
Talvez aqui fosse necessario
necessário
observar
observar que aa enunciagao
enunciação que nomeia
nomeia aa rua se
se da
dá incluindo uma
uma historia
história de
de enunciagoes
enunciações
tura que substituira
substituirá o n'L'1mero.
número. O que em verdade é ainda uma relagao relação
que ja reduzira
quejá reduzira Getfilio
Getúlio Dornelles
Dornelles Vargas
Vargas para Getfllio
Getúlio Vargas. entre duas enunciacoes.
enunciações.

48 49
Em
Em torno desta
desta questao
questão da
da inclusao
inclusão de
de uma enunciagao
enunciação em outra
outra ha
há O que significa
significa este espaco
espaço aberto aà nomeagao
nomeação (e sentidos)? E
(e seus sentidos)?
um
um con] unto de observacoes
conjunto observações também importantes:
importantes: um
um espago
espaço em que o discurso jurídico-administrativo formula
discurso juridico-administrativo formula sua neces-
sidade de produzir enderegosendereços para localizar o cidadao.
paralocalizar cidadão.
a)
a) Um
Um aspecto interessante
interessante do
do funcionamento semantico-enunciativo
semântico-enunciativo é Diria
Diria que
que este
este espago
espaço aberto aà nomeacao
nomeação significa
significa o nao-sentido,
não-sentido, no no uni-

que na
na cena enunciativa
enunciativa dada nomeagao
nomeação das
das mas
ruas um
um locutor-oficial
locutor-oficial esta
está toma- verso das ruas. E deste modo coloca visivel o funcionamento de instrumento de
das ruas. E deste modo coloca visível o frmcionamento de instrumento de
do por um
um memoravel
memorável (enunciagao
(enunciação de
de nomes de pessoas, datas, etc.) que se
se controle dodo urbano
urbano sobre
sobre o cidadao.
cidadão. Coloca visivel esta futuridade instalada
Coloca visível esta futuridade instalada no
repete
repete em enunciacoes
enunciações distintas. EÉ como se
se houvesse um
um rol de nomes que nome
nome de de rua
rua enquanto
enquanto lugar
lugar que identifica
identifica para
para depois
depois e sempre
sempre os espagos
espaços e e os
os

sao
são reiterados em enunciagoes
enunciações diversas, para cidades diversas. No caso do que oo habitarn.
habitam. Tem-se ai aí um sentido
sentido de controle que faz parte do processo
Corpus de Cosmopolis
Cosmópolis podemos dar como exemplos:
exemplos: R.
R. Dom Pedro I,I, R.R. de
de identidade
identidade social das pessoas, enquanto identificacao identificação com com um um enderego.
endereço.
Duque de
de Caxias,
Caxias, R.
R. Presidente Getulio
Getúlio Vargas,
Vargas, R. Dr Rui
R. Dr Rui Barbosa, R. Neste texto, o mapa de Cosmopolis,
Cosmópolis, os nomes nomes nomeros
números sao índice
são o indice
Anchieta,
Anchieta, R. R. 7de
7 de setembro, R.R. I5
15 de
de Novembro.
Novembro. Estes saosão nomes que apa- do lirnite
limite do urbano. Urbanizar é recortar
recortar um passado e assim
assim nomear aa
recem como nomes de de ruas de
de muitas
muitas ee muitas
muitas cidades brasileiras. partir de pessoas, datas, etc, memoraveis.
memoráveis.
Por outro lado pode-se observar que esta questao
questão pode ser vista num Por outro lado o nfimeronúmero comocomo nome é a indicacao
indicação do urbano
urbano como o
limite regional.
lirnite regional. Ruas
Ruas como
como Coronel SilvaSilva Teles,
Teles, Baronesa
Baronesa Geraldo de lugar do controle,
controle, do enderego:
endereço: para estar na cidade, ser da cidade, é preciso
Resende, tém nomes que também
têmnomes aparecem, por
tambémaparecem, exemplo, na
porexemplo, na cidade
cidade de
de Carn-
Cam- ter
ter um endereco,
endereço, mesmo que nao não se
se esteja
esteja na historia (memorável) da cidade.
história (memoravel)
pinas, municipio
município ao qual pertencia
pertencia Cosmopolis
Cosmópolis antes de se se tomar
tomar cidade. O urbano é assim o lugar lugar da captura. E como se o urbano urbano fosse o oposto da
cidadania
cidadania (cidade).
(cidade). E isto indica
indica como
como o o recorte de um um memoravel,
memorável, na na nome-
b) Ha
Há também
também nomes
nomes de ruas que sao
são relativos aa questoes
questões especifi-
específi- acao
ação dos espacos
espaços da cidade que aqui analisarnos,
analisamos, é um modo de o urbano
cas de uma historia
história local. No C_aso
Caso de Cosmopolis,
Cosmópolis, ruas como Av. Ester;
comoAv. Ester, 9 encobrir
encobrir o papel de controle (cidadania)z1.
controle do urbano sobre a cidade (cidadania)27.
ô
Centenario
Centenário do Dr Paulo de Almeida Nogueira, R. Artur Artur Nogueira. úì Reportando-nos
Reportando-nos mais mais uma vez ao trabalho de Bosredon
vezaotrabalho Bosredon sobre os nomes
qjt)
gové de
de quadros,
quadros, éé interessante
interessante ver ver como os nomes
nomes de rua nao não apresentam
apresentam o funci-
Esta historia
história local pode se
se relacionar
relacionar com aa historia
história de outras
outras cida-
des da regiao.
região. Ha
Há inclusive uma cidade com o nome Artur Nogueira.
Nogueira. onamento
onamento da legenda, como no caso dos nomes de quadros. Alguns casos
dalegenda,
podem
podem panecer
parpcer proximos
próximos deste
deste funcionamento
funcionamento como como R. rR. Centendrio
Centenário do do Dr
c) Uma questao
questão importante éé que no nome proprio
próprio de pessoa,
pessoa, oo Paulo alede Almeida
Àtnie¡da Nogueira ou R.
R. das lttranjeiras,
Laranjeiras, etc. E o que falta para
para
nome
nome éé uma especificagao, particularizagao, sobre
especificação,parfiailaização, sobre o
o sobrenome
sobrenome (o nome que isto seja uma legenda? legenda? O obj eto nomeado nao
objeto tomado como um
não é tomado
de familia).
família). Por exemplo
exemplo em
em R.
R. Antonio Carlos
Carlos Nogueira,
Nogueira, Antonio Carlos
Carlos objeto descritivel.
descritível. Estes nomes podem ser uma noticia, notícia, naonão uma legenda.
especifica
especifica alguém dos Nogueira.
Nogueira. Tanto que mesmo que um um nome se se dé
dê a
a partir de uma descrigao,
descrição, ao se tomar
Mas quando
quando Antonio Carlos Nogueira
Nogueira passa a ser oo nome de de uma nome da da rua
ruaéé tomado
tomado comocomo independente
independente da descrigao
descrição que o originou”.
originou2s.
rua, em Cosmo/polis,
Cosmópolis, Antonio Carlos nao não é mais uma especificagao
especificação de
de
27.
21. Em “No
"No Limiar
Limiar da Cidade” O¡landi analisa
Cidade" E. Orlandi analisa as
as diferengas relação entre
diferenças e modos de relacao entre o
um Nogueira. E uma nomeagao
nomeação dede uma via urbana por Antonio Carlos urbano
urbano ee aa cidade,
cidade, mostrando como
como o urbano ao sobredeterminar a cidade
cidade sobredetermina
Nogueira como uma unidade aa partir da unicidade
unicidade do “Antonio
"Antonio Carlos”
Carlos" significar pela urbanidade, pelo sentido diretivo de organizagao
o social fazendo 0o social significar organização
dos “Nogueira”.
"Nogueira". Antonio Carlos deixa de especificar um
especificar tm Nogueira para
para urbana. Deixa-se assim de “levar
"levar em conta modos sociais de producao próprios
produção de sentidos proprios

que
que Antonio Carlos Nogueira da cidade” (O¡landi (2000),
cidade" (Orlandi nimero especial).
(2000), Rua, nfrmero especial).
Nogueira nomeie
nomeie uma
uma rua.
28.
28. Aqui se
se torna interessante,
interessante, inclusive, fazer um estudo dos eventos
eventos que levaram ao nome da
Ou sej a, aa enunciagao
seja, enunciação que nomeia uma rua toma como unidade algo rua
rua ee dos
dos acontecimentos futuros que alterararn
futuros que não tais
alteraram ou nao Outlo aspecto seria
tais fatos. Outro
que uma enunciacao
enunciação anterior
anterior construiu
construiu por certas
cerlas relagoes
relações especificas
específicas de
de saber
saber como as
as nomeagoes
nomeações se
se deram em épocas diferentes,
diferentes, para ver se em algum momento
detenninacao.
determinação. aa nomeacao
nomeação se deu como uma descricao
descrição do espago, partir de categorias
espaço, a partir não.
categorias sociais, ou nao.
E que depois passou-se para um outro processo de nomeacao
nomeação que esvazia
esvazia as descricoes
descrições de
seu
seu funcionamento
funcionamento descritivo. E a tal ponto
ponto que a enunciagao
enunciação que nomeia
nomeia a rua
rua pode tomar
d) Neste conjunto de relagoes
relações de
de nomes, os
os nomes das
das Ruas, l, 2,
Ruas, I, 2, uma expressao
expressão de
de descricao homenagear, uma categoria de
descrição para simplesmente referir, homenagear,
3,...,13 funcionam como a nomeacao
nomeação que nao
não da
dá um nome. Que
Que da,
dá, so-
so- pessoas. OuÍo aspecto ainda
pessoas. Outro ainda seria ver como discursojurídico-administ¡a-
como se relacionam o discurso juridico-administra-
mente,
mente, uma localizacao,
localização, um enderego.
endereço. tivo com o discurso
discu¡so do cotidiano
cotidiano que pode nomear
nomear as ruas de modo um um pouco diferente.

50
50 ACULDADE3mLIOTECA
DA usP
on ranucxeto ml us!’
',pur.or,oeo'ffiÇAo
51
E aa questao
questão dos impedimentos?
impedimentos? Por que um um nome de de rua
rua nao
não funci- a) Passado ee Nacionalidade
ona como legenda, por exemplo? Talvez oo melhor aa dizer dizer nao
não éé que
que ha
há No corpus em em questao
questão encontramos
encontramos um um conjunto de de nomes
nomes (enun-
impedimentos, mas construgoes especificas
construções específicas própriasproprias de cada caso.
caso. Ha
Há ciados) que enunciam o estar (ser) no Brasil. E É o caso de R.
o caso de R. Anchieta,
Anchieta,
uma relacao
relação particular
particular entre aa nomeacao
nomeação ee o o objeto nomeado
nomeado que se se apre- R. Duque de Caxias, R. Tiradentes,
R. Tiradentes, R. Dom Pedro I, R.
R.7 de Setembro,
7de Setembro,
senta por uma materialidade historica
histórica e nao não fisica.
física. Por isso éé marcada R. I5
R. 15 de Novembro.
Novembro.
pela diferenca
diferença da materialidade
materialidade destes
destes objetos: arte, no casocaso dos quadros; Neste caso o memoravel
memorável (passado) do do acontecimento éé o o do
do ser
ser bra-
espago político-administrativo, no
espaço politico-administrativo, no caso
caso dos dos logradouros
logradouros pfiblicos;
públicos; sileiro. Isto nao
sileiro.Isto não sese configura porque sao são nomes
nomes de de personagens
personagens ou ou datas
datas
subjetivagao
subjetivação social dos individuos,
indivíduos, no caso dos nomes de pessoas. Isso da historia
história do Brasil. Isto se se configura naonão enquanto
enquanto referéncia
referência aa fatos
fatos da
da
leva aa um
um aspecto importante
importante no caso dos nomes de de rua: o
o funcionamento
funcionamento historia,
história, mas como enunciados que se se dao
dão em outros textos, em
outros textos, em outras outras
de localizador
localizador que tem. Funcionamento
Funcionamento que os os nomes como
como nfimero
número reve- cidades. Ou seja, estesestes e e outros nomes
nomes como eles eles sao
são nomes
nomes de de ruas
ruas que
que
lam. Ou seja, é um funcionamento que nao não sese mostra como tal mas que nomeiam
nomeiam ruas por todo oo Brasil. Ou seja, seja, aa enunciacao
enunciação da da nomeagao
nomeação de de
podemos apreender
apreender pela falha do sistema
sistema de nomeagao
nomeação no momento
momento em ruas inclui, tal
ruas inclui, tal como
como vimos,
vimos, ao ao falar dodo funcionamento
funcionamento semantico- semântico-
que ele ainda
ainda nao
não nomeou.
nomeou. Isto nosnos obriga aa perguntar sobre como aa enunciativo, aa enunciagao
enunciação de de personagens e e datas
datas da da historia
história brasileira.
brasileira.
enunciagao
enunciação que nomeia aa rua acoberta
acoberta este funcionamento
funcionamento localizador
localizador do Inclul
Inclui enunciagoes
enunciações da nacionalidade
nacionalidade que se se caracaterizam
caracaterizampor por enuncia-
enuncia-
enderego
endereço quando aa posicao
posição de sujeito
sujeito éé aa juridico-administrativa.
jurídico-administrativa. dos como estes.
Para
Para responder aa esta questao
questão vouvou analisar mais mais emem detalhe aa Este memoravel
memorâvel da nacionalidade inclui de de um lado “os "os persona-
temporalidade do acontecimento
acontecimento destas enunciacoes.
enunciações. Mais especificamen-
especificamen- gens
gens que fazem a historia história do Brasil”
Brasil" ee de outro “as "as datas
datas memoraveis
memoráveis
te, analisarei aa multiplicidade
multiplicidade do memoravel
memorável do processo
processo enunciativo
enunciativo dos desta historia”.
história". Por exemplo:
exemplo: R. R. Dom Pedro I1 éé um enunciado enunciado de de um
um
nomes
nomes de ruas, como esta multiplicidade caracteriza caractetiza as
as enunciagoes
enunciações que personagem
personagem de de nossa
nossa historia
história enquanto que que R.
R. 7de
7 de Setembro
Setembro ééumenun-
um enun-
nomeiam ruas. E éé nesta medida
medida que, énquanto
énquanto nome, desfaz-se,
desfaz-se, por
por exem- ciado de uma data data memoravel.
memorável. NesteNeste caso,
caso, como em em outros,
outros, os os dois
dois enun-
enun-
plo, uma descricao
plo, descrição definida
definida que esteja
esteja contida
contida como enunciagao
enunciação na na ciados, dispersos
dispersos no Mapa, porque nao não tém
têm contigüidade, são o relato da
contigtiidade, sao o relato da
enunciagao
enunciação que nomeia a rua, e o discurso jurídico-administrativo, que
discurso juridico-adrninistrativo, Independéncia
Independência do Brasil.
localiza os lugares no urbano, desliza para aa eficiénciaeficiência do nao
não aparente. Nao.‘
Não,éé porque algo aconteceu
aconteceu em 7 7 de setembro
setembro que que 77 dede setembro
setembro
pode ser
ser nome
nome de de rua.
rua. Esta
Esta data
data toma-se
toma-se nome
nome de de rua
rua porque
porque as as enunciagoes
enunciações
4. O MEMORAVEL
MEMORÁVEL NO ACONTECIMENTO
ACONTECIMENTO DOS NOMES DE RUA de uma historia enunciaram esta
umahistória esta data
data como
como data
data dada independéncia.
independência.
De modo semelhante
semelhante R. R . Tiradentes é é outro
outro personagem
personagem da da luta
luta pela
pela
Vamos agora analisar um aspecto fundamental na configuracao
configuração dada independéncia,
independência, ee assim assim éé outro enunciado
enunciado que,que, junto
junto com R. Dom
com R . Dom Pedro Pedro
temporalidade
temporalidade do acontecimento. II e R.R. 77 de setembro, significa
significa aa independéncia,
independência, ee que, que, por outrooutro lado,
lado,
Como
Como ja já pudemos indicar, as enunciacoes
enunciações que nomeiam ruas sao são com a R. R. 15 de
de Novembro, significa
significa a República contra o Império ee oo
a Repfiblica contra o Impén'o
determinadas por uma historia
história de nomes que
que sese repetem para cidades
cidades Rei. Ou seja, R. R. Tiradentes
Ti,radentes éé um enunciado afetado afetado por por dois
dois recortes
recortes do do
diversas, ee esta
esta historia
história determina aa constituigao
constituição das
das designagoes
designações das
das memoravel
memorável no conjunto de de nomes do corpus.
corpus. Veja
Veja queque se se oo corpus
corpus naonão
ruas em Cosmopolis,
Cosmópolis, como de resto, em geral, no Brasil”.
Brasil2e. A questao,
questão, no tivesse
tivesse aa R.R. 15 dede Novembro,
Novembro, por exemplo,
exemplo, R. R. Tiradentes
Tiradentes estariaestaia signifi-
caso, éé especificar
especificar o
o que oo acontecimento
acontecimento recorta
recorta como memoravel.
memorável. cando so só aa Independéncia,
Independência, ee na na medida em em que
que o
o corpus temaa R.
corpus tem R. 1515 de
de
29. Um caso diferente
diferente ee prototipico
prototípico éé 0o da
da cidade
cidade de
Novembro,
Novembro, esta está significando também a Repfiblica.
significando também a República.
de Brasilia,
Brasília, que merece
merece um
um estudo
estudo especi-
especi-
Di¡ia que Brasilia
al. Diria Brasília se da
dá como memoravel
memo¡ável por sua diferenca
diferença e enquanto capital do Ou seja, os nomes das das ruas sao
são aa enunciacao
enunciação cifrada
cifrada de de narrativas
narrativas
Pais.
País. Ha
Há também que se se considerar
considerar como aa rua nao
não entra na constituicao
constituição do enderego
endereço ee memoraveis,
memoráveis, que se se completam,
complelam, que que se
se contradizem.
contradizem. Ou Ou melhor,
melhor, este
este mapa
mapa
como
como 0 o carater
caráter indexador
indexador dos
dos lugares
lugares procura
procüa umauma visibilidade imediata.
imediata. Isto
Isto significa aa é uma dispersao
dispersão de de narrativas
narrativas cifradas.
organizaeao
organização dos mecanismos de localizagao
localização dodo Estado
Estado sobre
sobre 0o espago
espaço ee asas pessoas
pessoas ee
instituicoes
instituições que 0o ocupam. Podendo significar,
significar, ao
ao mesmo
mesmo tempo,
tempo, aa facilidade de1oca1i-
de locali-
Enunciar
Enunciar estas
estas expressoes
expressões para nomear
nomear éé tomar-se
tomar-se na na temporalidade
temporalidade
zagao
zação dos enderegos
endereços por qualquer pessoa, minimamente
minimamente iniciada na na sistematica
sistemática dede no-
no- da nacionalidade.
nacionalidade. E É enunciar
enqnciar que aa cidade tem tem nacionalidade brasileira,
nacionalidade brasileira,
meagao-indexacao
meação-indexação de lugares
lugares em Brasilia.
Brasília. pertence
pertence aa esta nagao,
esta nação, pela duragao
duração do presente do
do presente do acontecimento,
acontecimento, ee pela pela

52 53
futuridade
futuridade do acontecimento
acontecimento que abre assim
assim o espago
espaço de novas enunciagoes
enunciações nomes dede trés
três dos participantes
paficipantes da da reuniao
reunião de acionistas que fundou aa Usina
(até mesmo outros nomes de rua). Ester. Esta usina tem importancia
imporlância capital
capital na vida da cidade.
E
É interessante notar que
interessante notar qrue aaAv.
Av. Centendrio
Centenririo doclo Dr
Dr. Paulo de Almeida
b) A Origem
Origemcomocomo Memoravel
Memorável Nogueira é a avenida que leva aà Usina Ester, ao passo
passo que a Av. Ester é a
Por
Por outro lado
lado podemos
podemos observar um outro tipo de de enunciados avenida central da cidade.
cidade. Este tecido disperso
disperso de enunciados (nomes) enun-
designativos
designativos (nomes de ruas). Sao São nomes que recortam, memorá-
recortam, como memora- cia, assim, no centro
centro da cidade, ee na relagao
relação dela com aa usina, os os persona-
vel, narrativas locais. gens que criam aa indiistria,
indústria, até hoje propriedade da familia
até,hoje família Nogueira.
Tomemos para comecar
começar os seguintes
seguintes nomes de ruas: R. R. 30 de No- Interessante para configurar
configurar o sentido destes nomes é ver que nos
vembro
vembro e R.e R. Dr Moacir Amaral. 30 de novembro enuncia aa data de
de novembro enuncia de nomes
nomes de rua de Cosmopolis
Cosmópolis nao não ha
há nenhum que recorte como memora- memorá-
emancipagao
emancipação politico-adnrinistrativa
político-administrativa de Cosmopolis
Cosmópolis em 1944 e
e Dr Moa- vel aa historia
história da luta politica
política dos trabalhadores ee do Sindicato
Sindicato dos Traba-
cirAmaral enuncia o primeiro
cir Amaralenuncia primeiro Prefeito
Prefeito da cidade. HaHá também a R. l' de
R. 1” lhadores na Indostria
Indústria Agucareira
Açucareira da cidade.
cidade. E É o que poderiamos
poderíamos caracte-
caracte-
Janeiro, data da posse do primeiro
primeiro prefeito, bem como, depois, do pri- rizar como o silenciamento
silenciamento (politica
(política do siléncio3°)
silêncio3o) da historia
história do conflito
conflito
meiro
meiro prefeito eleito
eleito e primeira
primeira camara
câmara de vereadores.
vereadores. entre trabalhadores e indtistria
indústria agucareira.
açucareira.
Assim os nomes destas ruas cifram aanarrativa constituição
narrativa da constituigao Este sindicato
sindicato foi fundado
fundado a partir de um movimento
movimento de greve dos
de Cosmopolis
Cosmópolis como cidade, ou seja, como independente da cidade de
como independente trabalhadores da Usina Ester Ester na década
décadade de 40 do século
século XX. O funciona-
Campinas.
Campinas. mento do sindicato
sindicato foi autorizado
autorizado por Getfilio
Getúlio Vargas I94L Foi lider
em 1941. líder
E
É interessante
interessante observar neste caso que esta enunciacao
enunciação da indepen- da greve Egydio Rafacho, e Luiz Tenorio Lima, sindicalista
LuizTenório sindicalista de SaoSão Pau-
déncia
dência local continua
continua a produzir sentidos. Ha Há ruas com nomes de outros lo, esteve em Cosmopolis
Cosmópolis ee aj udou na fundacao
ajudou fundação do sindicato.
sindicato.
prefeitos da cidade
cidade como R. R. Célio Rodrigues prefeito) e R.
Rodrigues Alves (terceiro prefeito) rR.
Ha
Há que sese ressaltar
ressaltar que este sindicato nao não foi so
só o o primeiro
primeiro sindicato
José Calvo
Calvo (quarto
(quarto prefeito).
prefeito). Mas muitos
muitos prefeitos
prefeitos nao
não tiveram
tiveram seus nomes da cidade, mas também sua primeira entidade de classe.
apropriados
apropriados em cenas enunciativas que constituiram
constituíram nomes de mas. ruas.
No entanto, mesmo com aa forga força de se se estar diante de enunciados de
Isto mostra que nao
não se trata simplesmente
simplesmente de ter tal ou tal função.
fungao. uma fundacao,
fundação, eles nao não se
se tomam
tornam nomes de ruas. Eles nao não entram nesta
Trata-se de ser personagem memoravel. Que
serpersonagemmemorável. enunciação, como aa
Que alguma enunciagao, dispersao
dispersão de narrativas que que o mapa de de Cosmopolis
Cosmópolis nos nos conta.
conta. Toda
Toda aa
que da
dá nome a uma rua, recorte, como memoravel,memorável, um personagem da historia
história das enunciagoes
enunciações de nomes de de rua e e do mapa em analise
análise éé aa histo-
histó-
historia
história (local) de sua origem. ria, também, desta exclusao.
exclusão.
Nesta
Nesta mesma
mesma linha tem-se,
tem-se, por exemplo:
exemplo: R. Ewald
Ewald Sillas
Sillas Epprecht, Um aspecto aa se se ressaltar neste siléncio
silêncio éé que em Cosmopolis
Cosmópolis ha há aa
R. Emílio Epprecht,
R. Emilio Epprecht, R. R. Gustavo Epprecht,
Epprecht, R.
R. Angelo
Â,ngeto Capraro. Os no- R.
R. dos Trabalhadores,
Trabalhadores, cuja enunciacao
enunciação produz a ilusao ilusão da objetividade
mes apropriados pelas enunciacoes
enunciações que designaram tais ruas fazem fazemparteparte da historia
história que se se representa
representa como incluindo os os excluidos
excluídos (os trabalhado-
de um passado da fundagao
fundação da cidade, ou seja, do povoado fundado no
povoado fundado res e seus conflitos)
conflitos) embora
embora haja uma narrativa,
narrativa, aa de Rafacho
Rafacho e da funda-
final do século XIX. Epprecht e Capraro Capraro sao
são nomes de famflias
famílias suigas
suíças
cao
ção dodo Sindicato dosdos Trabalhadores na
na Indfistria
Indústria Acucareira,
Açucareira, nao
não
que emigraram
emigrarampaÍa para o Brasil para um nficleo núcleo de colonizagao
colonização que mais enunciavel
enunciável neste
neste mapa.
tarde
tarde tomou-se
tornou-se Cosmopolis.
Cosmópolis.
d) O Heroismo
Heroísmo e o Memoravel
Memorável
c) O Poder e o Memoravel
c)OPodereoMemorável A narrativa
narrativa da origem da cidade conta que seus primeiros persona-
Uma outra historia
história recortada como memoravel
memorável no acontecienmto
aconteciemnto gens sao
são irnigrantes
imigrantes europeus, suicos,
suíços, depois alemaes,
alemães, italianos. O
O mapa
que nomeia ruas é a que esta
está ligada as
às atividades
atividades economicas.
econômicas. Este é o da cidade inclui como nomes de rua: R.R. Joao
João Antonio
Antonio da Silva, R. Expe-
caso de Av.
Av. Ester
Ester, R. Av. Centenario
R. Artur Nogueira, Av. Dr Paulo de
Centenário do Dr dicionario
dicionário Angelo
Angelo Salmistrano,
Salmistrano, R. Paulo
Paulo Azevedo
Azevedo Filho, R. Luiz Mengue,
LuizMengue,
R. Coronel Silva Teles.
Almeida Nogueira, R. R.
R. Reinaldo Baloni e R.
R. dos Expedicionarios.
Expedicionários.
Estes sao
são nomes
nomes ligados
ligados aà criacao
criação da Usina
Usina Ester. Av. Ester
Ester tem o nome
da
da Usina e
e os
os outros
outros trés
três nomes se enunciam contendo
nomes se enunciam contendo neles aa enunciacao
enunciação dos 30.
30. Ver a este respeito Orlandi (1992). Neste texto a autora desenvolve a teoria que considera
VeraesterespeitoOrlandiligg2¡.Nestetextoaautoradesenvolveateoriaqueconsidera
que o siléncio
silêncio éé fundador
fundador do sentido.
sentido.

54 55
- 7 - ---—

Ou seja, FEB de Deste modo


modo pode-se
pode-se verver como
como os os nomes
nomes no no mapa
mapa significam
significam
seja, quase
quase todos
todos os
os expedicionarios
expedicionários da FEB de Cosmopolis
Cosmópolis
temporalidades
temporalidades distintas (da nacionalidade,
nacionalidade, dada origem,
origem, do
do heroismo,
heroísmo, do do
tiveram seus nomes apropriados
apropriados como nomes de ruas. Além de uma das
ruas ser R. Expedicionários.
R. dos Expedicionarios.
poder) mesmo que, do ponto de vista do presente do do acontecimento da
acontecimento da
Os
Os acontecimentos de nomeagao eìtudo recortam
nomeação e o mapa em estudo recortam enunciacao
enunciação do mapa, estej am numa convivéncia
estejamnuma temporal.
convivência temporal.
uma historia heroísmo dos Cosmopolenses contra o
história (um passado) do heroismo A regulacao
regulação desta
desta temporalidade
temporalidade mfiltipla
múltipla pelo presente
presente do
do Locutor
nazismo
nazismo e fascismo
fascismo (alemaes,
(alemães, italianos). Historia
História que opera
opera fortemente
produz o efeito de homogeneidade
homogeneidade reguladora
reguladora do do administrativo.
administrativo. E E este
este
na determinagao
determinação dos enunciados de nomes de ruas. Este conjunto de
se
se combina
combina diretamente com oo espaco
espaço de
de enunciacao
enunciação em
em que
que os
os aconteci-
aconteci-
nomes não so
nomes nao cifram aa narrativa da
só cifram participação na
da participagao guerra, mas
na guerra, mentos enunciativos
enunciativos constituem
constituem aa designagao,
designação, o o espaco
espaço de
de enunciagao
enunciação
abrasileira alemaes, constituíram a
alemães, italianos ee demais europeus que constituiram
da Lingua
Língua Nacional.
origem da cidade. Lembre-se Cosmópolis é o nome da cidade como
Lembre-se que Cosmopolis
E as
as designagoes
designações destes
destes nomes sao
são construidas
construídas por
por todas
todas estas
estas rela-
rela-
referéncia
referência aa esta
esta diversidade de constituíram. (falarei
de povos que aa constituiram. goes
ções enunciativas
enunciativas como relagoes
relações que asas predicam.
predicam. OuOu seja,
seja, como
como rela-
rela-
constituição enunciativa
disso depois, ao analisar a constituigao próprio nome
enunciativa do proprio coes
ções que constituem
constituem perrnanentemente
permanentemente as as designagoes.
designações.
da cidade.)
Como se viu, os acontecimentos
acontecimentos que constituem
constituem estes enunciados,
as enunciacoes
enunciações destes enunciados, formulam
formulam a nacionalidade
nacionalidade brasileira
da cidade. Formulam
Formulam a cidadania
cidadania brasileira de Cosmopolis.
Cosmópolis.
Por outro lado estes acontecimentos
acontecimentos fonnulam
formulam a especificidade
especificidade da
cidade por sua origem,
origem, pelas posigoes
posições de poder e pelo heroismo
heroísmo local.
E
É interessante ressaltar, quanto aà questao
questão das relagoes
relações de poder, o
fato de que o nome da rua que leva aà Usina Ester éé Centenario
Centenório do Dr
Paulo
Paulo deAlmeida
de Almeida Nogueira.
Nogueira. Nao
Não se
se trata simplesmente de ser o nome de
um Nogueira. O nome da rua é uma homenagem especial em relagao
relação as
às
outras nomeagoes.
nomeações. Este nome
nome contém ao mesmo
mesmo tempo
tempo um personagem e
umpersonagem 1ìi 4
uma data memoravel:
memorável: o seu nascimento.
nascimento. Assim esta ma rua é uma homena-
gem aà Usina Ester.
Ester. Homenagem com aa qual qual aa cidade
cidade entra na usina.
Entra,
Entra, procura entrar,
entrar, nos
nos diversos sentidos
sentidos de de entrar. E que,
entrar. E que, em
contrapartida, a usina procura entrar
entrat na cidade.

5. MULTIPLAS
MÚLTIPLAS TEMPORALIDADES
TEMPORALIDADES

O que se
se pode ver éé que a
a designagao
designação dos nomes de rua se constitui
pelo processo
processo de suas
suas nomeagoes,
nomeações, em que opera aa relacao
relação de enunciacoes
enunciações
contidas em outras enunciagoes.
enunciações. Por outro lado a consideragao
consideração da rela-
gao
ção integrativa, o nome num texto de que faz parte (o mapa da cidade),
mostra como as designacoes
designações dos nomes das ruas estaestá constituido,
constituído, tam-
bém, pela relagao
relação destes nomes
nomes no mapa. O que se pode
pode ver pela analise
análise
do memoravel
memorável recortado pela temporalidade
temporalidade do acontecimento
acontecimento em que se
enuncia o mapa. Ou seja, a analise
análise da temporalidade
temporalidade do acontecimento
acontecimento
para descrever
descrever o
o memoravel
memorável que o constitui traz tantas outras enunciagoes
traztantas enunciações
que estarao
estarão significando
significando no acontecimento.
acontecimento.

56 57
‘II*

CAP1'Tt/Lo
Ctpirurc IV

NOMES DE RUA E O MAPA COMO TEXTO


Para melhor qualificar
qualif,rcar aa analise
análise feita
feita no capitulo
capítulo anterior,
anterior, que
que con-
con-
siderou os nomes de rua num texto (o mapa), assim como como para avangar
avançar
na reflexao
reflexão sobre a relacao
relação da designagao
designação com o o mapa como texto,texto, va-
va-
mos nos ocupar aqui de uma analise análise mais especifica
específica da textualidade do
da textualidade do
mapa“.
mapa3r. O que nos permitira
permitirá agregar
agregar elementos que que mostrem
mostrem outros
outros as-
as-
pectos da constituigao
constituição dada designagao.
designação.
Tomar um mapa como texto éé considera-lo
considerá-lo como linguagem,
linguagem, senti-
senti-
do. Para fazermos estaesta caracterizagao
caracterização somos
somos movidos por uma uma afirma-
afirma-
cao
ção de Deleuze e Guattari
Gtattari em Mille
Mille Plateaux: “A
"A linguagem
linguagem éé um um mapa
mapa ee
nao
não um decalque”
decalque" (1980, p. p. 14).
14). Esta
Esta afinnagao,
afirmação, dados os nossos objeti-
dados os nossos objeti-
vos, nos traz as
as perguntas que seguem.
seguem. O O que
que nos
nos dizem
dizem estes
estes dois
dois auto-
auto-
res sobre o‘qu'e
oìqr/e éé um
um mapa
mapa aoao usa-lo
usá-lo para
para definir
definir aa linguagem?
linguagem? O O que
que sao
são
os nomes (linguagem) enquanto mapa mapa (metafora
(metáfora da da linguagem)? O O que
que
sao
são os mapas enquanto linguagem?
linguagem?

1.
1. O MAPA COMO TEXTO

Para darmos andamento


andamento aa estas
estas perguntas vamos,
vamos, tal
tal como
como suge-
suge-
rido no final do capitulo
capítulo anterior, considerar
considerar aqui
aqui um
um mapa
mapa como
como texto
texto
em um acontecimento de linguagem. Tal como dissemos dissemos nono primeiro
capitulo,
capítulo, algo éé acontecimento enquanto diferenga
diferença nana sua
sua propria
própria or-
or-
dem. E o que caracteriza aa diferenca
diferença éé que o
o acontecimento nao
não éé um
um
fato no tempo. Ou seja,
seja, nao
não éé um fato novo enquanto
enquanto distinto dede qual-
qual-
quer outro ocorrido
ocorrido antes no tempo. O queque o caracteriza
caracteriza como
como diferen-
diferen-
ga
ça é que o acontecimento temporaliza. Ou seja, seja, ele
ele nao
não esta
está num
num pre-
pre-

31. Este capitulo


capítulo éé uma versao ,modificada, em
versão,modificada, em alguns
alguns pontos, de
de “Um
"Um Mapa
Mapa ee suas
suas Ruas”,
Ruas,',
apresentado
apresentado no Encontro
Encontro “Cidade
"Cidade Atravessada”,
Atravessada", Labeurb, Unicamp,
Unicamp, 1999,
1999, ee publicado
publicado
em Guimaraes
Guimarães (2001).

59
sente
sente de de umum antes
antes ee de de um
um depois
depois no no tempo.
tempo. Ele Ele instala
instala uma rrMA INTENCAO
2. UMA
~
rNTENÇÃO ETIMOLOGICA
ETTMOLÓGrCA
/

temporalidade: essa essa aa sua


sua diferenca.
diferença. De De umum lado
lado o o acontecimento
acontecimento cons- cons-
titui um presente
prqsente e abre uma laténcia de
latência de futuro, sem
sem a a qual ele
ele não éé um
nao Antes de olhannos
olharmos mais de perto o mapa, voltemos nossa nossa atencao
atenção
acontecimento
acontecimento de linguagem, sem sem aa qual ele
ele não significa, pois sem
nao significa, sem ela
para o nome da cidade cujo mapa analisamos: Cosmopolis. Cosmópolis. A analise análise da da
nada
nad.aháha aide
aí de projegao
projeção de sentido. O acontecimento tem como seu seu um
nomeagao
nomeação da cidade colocara colocará em relacao
relação dois aspectos
aspectos da da construcao
constru ção da da
depois incontomavel
incontornável e proprio
próprio do dizer.
dizer. Por outro lado este presente ee designagao
designação do nome Cosmopolis:
Cosmópolis: aa nomeacao
nomeação da da cidade por este este nome
nome ee
futuro
futuro proprios
próprios do acontecimento
acontecimento funcionam
funcionam por um memoravel memorável que os os
aa predicagao
predicação que que oo conj unto dos
conjunto dos nomes
nomes de de rua
rua dada cidade faz faz sobre
sobre
faz significar
“Cosmopolis”
"Cosmópolis" (o que se vera
se verá pela analise da textualidade
análise da textualidade do do mapa).
Voltemos aà questao
questão do mapa. Diria que um mapa, por mais que ele ele
Se pensamos aqui a enunciacaoenunciação que nomeou aa cidade, podemos
se
se dé
dê como descrigao
descrição de umum espago,
espaço, éé antes
antes uma
uma indicagao
indicação de de acessos
acessos ao ao
ser levados aa pensa-la
pensá-la como aa agao ação pela qual uma intengao intenção etimologica
etimológica
mundo do que uma descrigao.
descrição.
procurou qualificar, ou descrever, aa cidade ao ao nomea-la.
nomeá-la. Se Se é é uma des- des-
Um
IJm mapa, tomado
tomado como
como acontecimento,
acontecimento, contém,
contém, entao,
então, uma
uma laténcia
latência
crigao,
crição, podemos
podemos dizer que que oo nome procura procura representar seu seu aspecto
de futuro. Ou seja, o mapa nao não pode serser mapa, caminho
caminho para uma uma relacao
relação
ecuménico,
ecumênico, fraternal, universal. Estamos diante diante de de uma transfonnagao
transformação
com o mundo, sem esta futuridade.
de uma etimologia
etimologia em predicagao
predicação do objeto objeto nomeado. Ou seja, seja, estamos
estamos
Tomemos, para para melhor
melhor expressar isso, isso, oo mapa
mapa da da Cidade
Cidade de de
diante de uma enunciacao
enunciação do étimo como expressao expressão de de uma
uma intengao.
intenção.
Cosmopolis
Cosmópolis no Estado de Sao São Paulo, cidade vizinhavizinhade de Campinas, com
Mas,
Mas, considerando aa disparidade entre entre o presente do Locutor ee aa
o nome de de suas ruas”.
ruas32. Pensemos em um mapa atualmente utilizado
temporalidade do acontecimento, se se esta
esta enunciacao
enunciação éé aa enunciagao
enunciação de de um
pela prefeitura
prefeitura da cidade. Se ele se da dá como mapa, como indicacao indicação de de
étimo, ela é,é, fundamentalmente,
fundamentalmente, uma enunciagao ja
j sobre um
uma enunciação á sobre um esquecimento esquecimento
caminhos
caminhos para o mundo, éé na medida medida em em que apresenta, como como dispares
díspares
do étirno.
étimo. Ela enuncia
enuncia o o étimo a a partir
partir dada lista
lista dos
dos radicais gregos
gregos de de nossas
nossas
do presente
presente do do sujeito da da enunciagao
enunciaçáo do do mapa,
mapa, regimes de de tempos
gramaticas
gramáticas e de nossos dicionarios,
dicion¿írios, ondeonde cosm(o) [do fdo grego cosmos,
cosmos, ou] ou]
enunciativos que se se conjugam no acontecimento. Ha, Há, dede um lado, oo
significa
significa “mundo”,
"murìdo", “universo” poli[do
"universo" ee poli [do grego
grego polis, eos]eos] significa
significa “cida-
"cida-
presente
presente do acontecimento
acontecimento da enunciagao do
da enunciação do mapa e mapa e nele um
um futuro, um
de”.
de". E isto coloca desde ja já que aquilo que se se enuncia como uma uma intengao
intenção
sempre depois para qual oo mapa éé indicagao
para 0o qual indicação de de caminhos para para 0o
nao
não éétanto
tanto esta
esta intengao
intenção mas uma constituicao de
umaconstituição de sentido
sentido que
que ao
ao temporalizar
temporaluar
mundo. Ou seja, é uma indicagaoindicação de de como sabersaber onde
onde estao
estão taistais ee tais
tais
oo dizer
dizer (constituir sua sua temporalidade)
temporalidade) produz nao não so só este
este esquecimento
esquecimento
ruas, por exemplo. Em outras palavras, o sentido do mapa mapa nao não se se da

etimologico
etimológico como ainda
ainda outros. E que outros esquecimentos ha
outros. E que outros esquecimentos há na
na nomea-
nomea-
como descrigao
descrição de uma cidade, nem como narragao narração de de sua
sua historia,
história, ele ele
cao
ção desta cidade? Ou sej a, em
seja, em que
que medida este este nome
nome nao não éé uma
uma descrigao
descrição
se da,
dá, diriamos,
diríamos, no sempre depois de seu seu presente, como instrugaoinstrução se- se-
da cidade, mas mas efetivamente uma enunciagao enunciação de de sentidos
sentidos que tém têm umauma
mantica“.
mântica33. Portanto como algo que nao não indica diretamente oo mundo,
mundo, ee
temporalidade propriaprópria que nao não éé aa do
do Locutor que que enuncia?
enuncia? E E nao
não éé tam-
tam-
precisa ser compreendido em si mesmo para que possa possa funcionar.
funcionar. Se Se
bém
bém o o tempo
tempo cronologico
cronológico no no qual o dizer
dizer transcorreria?
franscorreria?
nao
não sese coloca a a questao
questão dada compreensao
compreensão do do mapa,
mapa, naonão hahá como
como toma-lo
tomá-lo
Se
Se nos ativéssemos
ativéssemos aà descrigao
descrição intencional etimologica
intencional etimológica (ao (ao presente
presente
como mapa. E ele deixa de ser ser oo que é:
é: ele nao
não sera
será sequer
sequer descricao.
descrição.
do Locutor), teriamos
teríamos que buscar aa descrigao descrição da situagao
situação particular na na
Como descrigao
descrição de uma cidade um mapa sen'a seria uma
uma imitagao
imitação gros- gros-
qual sese deu aa nomeagao.
nomeação. Alguns elementos dessa dessa situacao
situação seriam:
seriam: a) a) o
o
seira. Como narragao,
narração, contaria uma uma historia
história de épocas diferentes
de épocas diferentes como como
presente do eu que que enuncia (nomeia);
(nomeia); b) o o passado
passado da da criagao
criação dada cidade;
cidade;
sucessoes
sucessões que se se projetaram
projetaram emem contigtiidades
contigüidades progressivas.
progressivas, E E so.só. Como
Como
c) aa cidade (este oo objeto aa ser ser designado) criadacriada aa partir
partir de
de uma
uma colonia
colônia
instrucao,
instrução, naonão sendo
sendo nenhuma coisa coisa nem outra,
outra, ele
ele éé sentido
sentido que que pode
pode
constituida
constituída pela Usina Ester Ester (no entao
então municipio
município de Campinas) para abri-
de Campinas) para abri-
nos dizer mais, tanto do retrato como da da historia
história dada cidade,
cidade, do do queque se
se
gar irnigrantes
imigrantes que vieram para trabalhar trabalhar as as lavouras
lavouras de de cana;
cana; d) d) os
os imi-
fosse diretamente
diretamente descrigao
descrição ee narragao.
narração.
grantes que vieram
vieram inicialmente
inicialmente ee que participaram da da fundacao
fundação da da cida-
cida-
32. No capitulo
capítulo III analisamos
analisamos como
como ee oo que
que designam
desrgnam este
este nomes.
nomes. de (os suigos,
suíços, depois alemaes
aler4ães ee italianos).
italianos).
utilizo aa nocao
33. Utilizo noção de instrugao
instrução semantica,
semântica, ja
já 0o disse
disse antes,
antes, na
na perspectiva
pe¡spectiva em
em que
que éé conside-
conside- _Se
Se estes sao
são elementos
elementds da da situagao
situação na na qual a a nomeacao
nomeação se se deu,
deu, entao
então
rada por Ducrot (1984).
o nome cujo sentido seria “a "a cidade universo”,
universo", enquanto
enquantó uma descrigao
descrição

60
6t
61
7 ___ _ _

qualificadora
qualificadora do objeto, é, com efeito, so só uma universalizagao
universalização de uma isto éé de tal modo que falta no
no mapa
mapa uma
uma projegao
projeção que
que permita
permita pensar
pensar oo
parte dos povos do mundo. Por Por outro lado naonão é possivel
possível deixar
deixar de obser- crescimento
crescimento da cidade no lado esquerdo
esquerdo da
da rodovia. EE neste
neste espago,
espaço, no-
var que esta universalizagao
univers alização contida na intencao intenção do ato de nomear, ao mear
mear uma
uma rua é também significa-la, muito especificamente,
ruaétambémsignificá-la, especificamente, como cida-
nomear
nomear como fonna forma de incluir
incluir todos osos povos, ou de homenagea-los,
homenageá-los, é no de. A cidade de Cosmopolis
Cosmópolis é em principio
princípio o que esta
está de um lado da da
maximo
máximo uma homenagem a
uma homenagem à parte que veio para o povoado que se
povoado se trans- rodovia. E deste modo ela éé aquilo que nao é
não é aa Usina Ester.
Ester. E este é
este é um
formou em cidade. sentido que aa historia
história da relagao
relação entre uma ee outra construiu.
construiu.
O nome como intengao
intenção de nomearnomeaÍ aparece,
aparece, deste modo, como uma
forma de de significar
significar os os imigrantes como povos do mundo, e nao não como 4.
4. OS NOMES DE RUA E O MAPA COMO TEXTO
colonos, ou ainda, como trabalhadores da Usina Usina Ester. Reduzir esta no-
meagao
meação aà sua intengao
intenção etimologica
etimológica (ao presente do Locutor) nao não deixa Tomar o mapa enquanto
enquanto uma unidade éé tomar
tomar um
um texto cujos enun-
compreender
compreender a relagao economica
arelação econômica dos habitantes da cidade com os pro- ciados sao
são os
os nomes
nomes de rua.
rua. E o que
que significa este
este texto? Tomemos,
Tomemos,
prietarios
prietários rurais e donos da indL’1stn'a.
indústria. A intengao
intenção etimologica nao deixa
etimológica não para buscar uma resposta,
resposta, os
os nomes
nomes das
das ruas
ruas do
do Centro
Centro da
da cidade.
também compreender
compreender aa sobredeterminagao
sobredeterminação do rural sobre a cidade (o (o Vamos encontrar: Rua Max Hergest (que esta está no limite do centro com
urbano?) que esta está ai
aí significando. R. dos
um bairro), R. dos Expedicionarios,
Expedicioncírios, R.
R. Santa
Santa Gertrudes, R.R. Antonio
O nome interpretado nos performafiva da
nos limites da deontologia performativa Carlos Nogueira,
Noþueira, R.
R. 7de
7 de Setembro, R. R. Campinas,
Campinas, R. R. Duque
Duque de Caxias,
nomeagao
nomeação é, enquanto descrigao, descrição, uma historia
história edificante. O nome para R. Abril, R.
R. 7 de Abril, R. Otto
Ono Hebst,
Hebst, R.
R. Francisco Cesario
Cesário de Azevedo
Azevedo (que
(qlue
sempre, interpretado segundo a temporalidade temporalidade que se instala
instala com a no- esta
está no limite com outro bairro),
no limite bairro), R. Presidente Getúlio Vargas, R.
R. Presidente Getulio Vargas, R.
meagao
meação que abre todas as enunciacoesenunciações de nomes
nomes de rua, conta
conta uma histó-
uma histo- Baroneza Geraldo de
Baroneza de Rezende,
Rezende, Av. (Avenida Central),
Av. Ester (Avenida Central), R.
R. Dr
ria bem
bem mais complexa,
complexa, e nao não necessariamente
necess4riamente edificante.
edificante. Campos Sales, R.R. Ramos de Azevedo, Av. 9 de Julho (que esta está no limite
Mas esta historia
história quero conta-la
contá-la por uma
uma analise
análise global do mapa de com outro bairro).
Cosmopolis
Cosmópolis e, no seu interior, uma analise análise mais especifica
específica sobre a Rua Podemos
Podemos tomar também um um bairro
bairro que apresenta nomes
nomes dede rua
rua com
dos
d o s Trabalhadores,
Tr ab alh ado re s, ja
j á, referida
r eferida no capitulo
c apítulo anterior.
nfimero.
número. Teremos as as Ruas 1,
1, 2, 3, 4, 5,
5, 6,
6, 7,
7, 8,
B, 9,
9, 10, Il, 12,
10, 11, 12, 13.
13. No Caso
Caso
deste Bairro1(Z,ona
Bairro (Zona Industrial I - Andorinhas) podemos observar que aa
NOMES DE RUAS COMO
3. OS NOl\/ES ESPAçO
ENTTNCIADOS DE ESPACO
COMO ENUNCIADOS Rua 4 é continuacao
continúação direta da Rua dos Sorocabanos, aa Rua I3 l3 continu-
acao da Jacinto Hackel
açãodaJacinto Hackel Fren Aun, a Rua 12
FrenAun,aRua 12 continuiagao
continuiação da Profa. Jacyra
daProfa.
Observando o mapa e Cosmopolis
Cosmópolis enquanto um todo, vemos que a de
de O. Matiolli.. As ruas com os
O. Valente Matiolli os nomes saosão do Bairro vizinho,
cidade esta,
está, praticarnente
praticamente inteira, limitada pela rodovia “General
"General Milton Parque Residencial
Residencial das Andorinhas.
Tavares - SP 322”.
322". A cidade
cidade fica
fica aà direita
direita da rodovia se a direcao
direção é Cam- O posto
posto acima
acima nos mostra
mostra um aspecto especial
especial deste
deste texto. De
De modo
pinas/Limeira, por exemplo. Pode-se observar que o mapa inclui, neste geral as
as designagoes
designações nao
não sao
são reescrituradas, por outros nomes, pela pro-
pró-
espago,
espaço, espagos
espaços vazios
vazios que sao
são tratados
tratados como
como cidade: a linha do mapa que pria configuragao
configuração de de que um nome proprio é fmico relativamente ao
um nome próprio é único relativamente ao "ob- “ob-
jeto" que designa. Mas este
jeto” este caso
caso nos mostra
mostra que aa reescrituragao
reescrituração pode
pode se
se
estabelece
estabelece oo perimetro
perímetro urbano
urbano inclui estes espagos
espaços vazios. Ao lado
lado esquer-
do da Rodovia
Rodovia frca
fica aa Usina Ester (ver Figural
Figura I no final
final deste capitulo).
capítulo). dar.
dar. Um enunciado
enunciado (nome de de rua) é reescrituado
reescrituado por outro enunciado
enunciado
Mas a leitura do mapa nos leva a uma pequena parte da cidade aà (outro nome de rua). Isto, no caso do mapa, mapa, mostra dede modo muito im-
esquerda
esquerda da Rodovia. E neste caso so só se considera o espaco
espaço aà esquerda
esquerda portante, sustentando
sustentando nossa hipotese
hipótese sobre oo funcionamento dosdos nomes,
da rodovia como incluido
incluído no limite urbano se esta está organizado
organizado em ruas. que
que o nome nao não éé um selo para um objeto, mas é, de
é, de algum modo, aa
Neste caso é cidade so só o que é rua. construgao
construção de um objeto
objèto pelo que oo nome designa. A construgao
construção dede um
Os espacos
espaços vazios do lado direito da rodovia sao são considerados
considerados cida- obj eto deve ser aqui entendida como uma divisao
objeto divisão do
do real
real pela linguagem
de, já que estao
de, ja estão no perimetro
perímetro urbano. E quando a cidadecidade cresce e vai para que aa ele esta
está exposta
exposta ee que assim
assim oo indendifica
indendifica simbolicamente.
simbolicamente.
o outro lado da rodovia
rodoviaéé aacidade
cidade se estendendo sobre o fora dela. Tanto E o que faz texto com estesestes enunciados (nomes de de rua)? Nao
Não sao
são
que o que esta
está aà esquerda
esquerda da rodovia so só é cidade enquanto já arruado.
enquanto ja amrado. E relagoes
relações coesivas,
coesivas, nem
nem dede coeréncia.
coerência. OO que aqui faz texto sao
aqujfaz são narrativas
narrativas

62 63
_ __ _v 7

que so só podem ser ser compreendidas se se entendemos


entendemos aquiloaquilo que significam
significam as as enunciagoes
enunciações que nomeiam as as ruas
ruas como
como se se fossem
fossem enunciagoes
enunciações sem sem
nomeagoes
nomeações que se se retomam
retomam em cada cada designagao
designação de rua. Analisando
Analisando estas memoria,
memória, em em verdade,
verdade, por sua
sua temporalizagao
temporalização propria,
própria, rememoram
rememoram algo algo
nomeagoes
nomeações veremosveremos que este texto se constitui de enunciacoes
enunciações dispersas.
dispersas' especifico
específico do discurso administrativo.
administrativo. O memoravel
memorável ai aí presente
presente éé o o da
da
O Locutor
Locutor que nomeia uma uma rua com um nfimero número ou com com o nome de uma necessidade
necessidade de uma identificagao
de uma identificação de de lugares no espaco como enderego,
no espaço como endereço,
data nacional
nacional como 7 de setembro
setembro nao não é o mesmo. E é um outro Locutor ou seja, como lugares em em que pessoas determinadas
determinadas habitam,
habitam, ou ou traba-
traba-
que nomeia uma rua como como Rua Presidente Getulio Getúlio Vargas, ou outro ain- lham,
lham, etc.
etc. Esta-se
Está-se diante
diante de
de uma
uma temporalidade especifica, específica, aa do do
da que nomeia a avenida Central Central da Cidade como Av. Ester. adminstrativo, que que se
se mostra
mostra sempre
sempre comocomo um um dizer
dizer semsem passado,
passado,
Pelo que vimos no Cap III, as enunciacoes enunciações no mapa de Rua 7 de intemporal,
intemporal, oo que éé fundamento de de seu
seu sentido
sentido diretivo.
Setembro,
Setembro, Rua Duque Duqae de de Caxias, Rua Presidente Getúlio Vargas, Rua
Presidente Gettilio O que faz textutalidade
textutalidade no mapa
mapa saosão relacoes
relações de de enunciados,
enunciados, nomes
nomes
Dr Campos Sales, ao significarem significarem como instrugao
instrução semantica,
semântica, ou seja, de rua, que se se dao
dão por
por regioes
regiões do memorável que a temporalidade propria
do memoravel que a temporalidade própria
como indicacao
indicação para acesso
acesso ao mundo, o fazem pela constituigao
fazempela constituição de me- do acontecimento
acontecimento faz funcionar.
funcionar.
moraveis
moráveis diferentes
diferentes a) nomeação destas ruas, b) da nomeagao
a) da nomeagao nomeação das das O
O mapa enquanto texto significa, entao, então, ee aa continuidade
continuidade desta desta
pessoas cujos
cujos nomes lhes sao são dados, c) da enunciagao
enunciação de datas historicas,
históricas, analise
análise levara
levarâ a aspectos muito interessantes sobre sobre aa cidade
cidade emem ques-
ques-
e d) também da nomeagao nomeação de outras ruas em outras cidades com estes tao,
tão, uma
unia dispersao
dispersão de lugares de locutor que nomeiam as as ruas
ruas no
no de-
de-
nomes. O futuro que, nestas enunciagoes,
enunciações, habita o acontecimento
acontecimento (estes
(estes correr
correr do tempo eeváo, vao, aacada
cada nova nomeacao,
nomeação, mudando o sentido deste
mudando o sentido deste
nomes
nomes so só se fazem nomes pela laténcia
fazemnomes latência de futuro que trazem), so só se apre- texto. E exatamente porque o que faz o sentido do do texto
texto nao
não éé que
que ele
ele
senta como possibilidades
possibilidades de dizer e de sentidosentido por aquilo
aquilo que no aconte- esta
está no tempo, mas que ele éé temporalizado pelo acontecimento,acontecimento, poe põe o o
cimento
cimento se se rememora, pelaspelas proprias
próprias possibilidades
possibilidades que por por isso se abrem acontecimento
acontecimento na historia.
história.
ee que fazem textualidade.
textualidade. Assim
Assim estas enunciagoes
enunciações de um locutor-oficial
locutor-oficial Utilizando
Utilizando aqui oo conceito de de interdiscurso,
interdiscurso, da da Analise
Análise de de Discurso,
Discurso,
enunciam (no caso dos dois priméiros nomes acima), pela inclusao inclusão da tal como proposto
proposto anteriormente,
anteriormente, oo acontecimento,
acontecimento, ee nele nele oo seu passado
seu passado
enunciagao
enunciação de um locutor-cidadao,
locutor-cidadão, a nacionalidade,
nacionalidade, e (no caso dos dois (o memoravel)
memorável) éé deterrninado
determinado por posigoes
posições de sujeito no interdiscuro“.
de sujeito no interdiscuro3a.
filtimos
últimos nomes
nomes acima), pela pela inclusao
inclusão da da enunciagao
enunciação de um locutor-
de um Podemos dizer que estes lugares de de enunciagao
enunciação (locutor-cidadao,
(locutor-cidadão, locu- locu-
brasieliro, o pertencimento aà historia história brasileira. Sentidos que sao são parte tor-brasileirio,
tor-brasileirp, locutor-cosmopolense,
locutor-cosmopolense, 1ocutor-administrador-
locutor-administrador- poderiamospoderíamos
da designagao
designação destes nomes no mapa, que os apresenta como enunciados também falar de um locutor-paulista, como no no caso
caso de de Av.
Av. 99 de
de julho)
de um texto. falam dada posicao
posição dede sujeito do
do poder economico
econômico ee do do nacionalismo,
nacionalismo, cru- cru-
Por
Por outro
outro lado
lado asas ruas
ruas Baroneza
Baroneza GeraldoGeraldo de de Rezende,
Rezende, Santa zamento
zameîto que inclui (nomes dos dos proprietarios
proprietários da da Usina
Usina Ester,
Ester, por
por exem-
exem-
Gertrudes, Antonio
Antonio Carlos
Carlos Nogueira, e aAv. Ester, também enunciadas
Ester,também plo) ee exclui (nomes
(nomes de de trabalhadores da da Usina)
Usina) nomeagoes
nomeações para para as
as ruas.
ruas.
no mapa, incluem enunciagoes de outro lugar social.
incluemenunciações social. Todas as
as nomeagoes
nomeações E o que veremos aa seguir da contomos mais claros
dá contornos mais claros a isso. a isso.
de pessoas tomadas
tomadas como memoraveis
memoráveis (pela (pela rememoragao
rememoração no aconteci-
aconteci-
mento de nomear) estao estão ligadas as famfias que criaram a Usina Ester
às familias 4.4. oO MEMORAVEL
MEMORÁVEL E
EoO EXCLUIDO
EXCLUÍDO
(decisiva
(decisiva na vida do municipio
município do do ponto
ponto dede vista
vista economico)
econômico) ee propritarias
propritárias
de fazendas
fazendas das quais se se separou
separou uma glebagleba para um um nocleo
núcleo habitacional Este texto (o mapa) significava
significava algo antes
antes de
de sese nomear
nomear uma
uma rua
rua
no final do do século XIX, e que resultou na criacao criação da cidade.
cidade. O lugar- como
como Rua
Rua dos
dos Trabalhadores ee algo algo distinto depois
distinto depois de de incluir esta
esta
oficial queque nomeou
nomeou estasestas ruas inclui aa enunciagao
ruas inclui enunciação de de um locutor- enunciagao.
enunciação. No momento em que este este nome é é enunciado
enunciado eleele toma
toma osos
cosmopolense, entao então significado nas designagoes
designações destes nomes. trabalhadores,
trabalhadores, enquanto
enquanto conjunto,
conj unto, como memoraveis.
memoráveis. Podemos
Podemos dizer
dizer que
que
Outro lugar nomeia as Ruas Ruas como
como 1,2,3,4,...,]3.
1,2,3,4,...,13. Neste caso, di- oo locutor-oficial
locutor-oficial (locutor-administrador),
(locutor-administrador), ao
ao nomear
nomear osos trabalhadores
trabalhadores como
como
ria, esta-se
está-se no lugar
lugar de nomeagao adminsitrativo. A nome-
nomeação estritamente adminsitrativo.
estritamente nome- conjunto, constitui uma temporalidade
temporalidade tal
tal que
que nela
nela nao
não se
se rememoram
rememoram
acao
ação se se da
dá como se se fosse a temporalizagao
temporalização de um presente e um futuro trabalhadores especificos
específicos que
que tenham tido participagao
participação nana historia
história do
do
sem memoria.
memória. Ou sej a, como se
seja, se enunciar
enunciar pudesse
pudesse serum
serum acontecimen- movimento
movimento dos trabalhadores.
trabalha{ores. Ou seja,
seja, o acontecimento, ao constituir
o acontecimento, ao constituir
to sem
to história. Mas
sem historia. Mas se se estes
estes enunciados
enunciados no no mapa trazem estas
mapa trazem 34.
34. No sentido que este
este termo
termo tem
tem para
para aa analise
análise dc
de discurso.
discu¡so. Ver
Ve¡ Orlandi
Orlandi (1992
(1992 ee 1999).
1999).

64 65
7 4 - —-‘L- — — — -—7— 7 - -

como lugar social do dizer oo locutor-administrador


locutor-administrador ee nao não oo locutor- Este significa, entao,
texto significa,
Este texto por temporalidades
então, por temporalidades (e (e assim
cosmopolense,
cosmopolense, retira retira do
do memoravel história dos
memorável aa historia dos trabalhadores
trabalhadores de rememoragoes)
rememorações) diferentes que nomeiam as ruas na cidade. E se aqui ha há
Cosmopolis.
Cosmópolis. Nao Não ha,
há, em Cosmopolis,
Cosmópolis, por exemplo, uma Rua Egydio alguma sintaxe, é aa combinatoria
combinatória de enunciagoes
enunciações memoraveis
memoráveis que se se da

Rafacho,
Rafacho,líderlider da greve dos trabalhadores da Usina Usina Ester na década de como forma de de dizer quem faz faz a historia
história da cidade.
cidade. Nao
Não hahá no mapa
40, e que resultou na criagao do Sindicato dos Trabalhadores da Ind1'1s-
nacriaçáo Indús- senao
senão a combinatoria
combinatória do descontinuo
descontínuo e do disperso. Ou seja, este é um
tria Acucareira,
Açucareira, primeiro
primeiro sindicado
sindicado e primeira
primeira entidade de Classe da Ci- texto que nao
não tem umum presente
presente em que é enunciado, senao
senão intimeros
inúmeros pre-
dade. Assim ao
dade. Assim ao homenagear
homenagear os os trabalhadores como como classe
classe e sentes das enunciagoes
enunciações que nomearam
nomearam ee que se se mantém
mantêm (as enunciagoes
enunciações e
intemporalmente,
intemporalmente, excluem-se os trabalhadores
trabalhadores da historia
história da cidade. Eles seus presentes),
presentes), que sese repetem aacadamapa,
cada mapa, aacadavez
cada vez que sese endereca
endereça
nao
não sese identificam
identificam como tal ai. aí. Ou sej a, enunciar
seja, enunciar aa Rua dos Trabalhado- uma carta, etc.
res significa
significa o silenciamento”
silenciamento3s da historia
história dos trabalhadores das lavouras Este texto significa
signif,rca também,
também, assim,
assim, aarelação
relagao entre cada um dos pre-
de cana de agocar
açúcar e da usina Ester, bem como sobre a historia história das lutas sentes, ee sua
sua necessaria
necessária futuridade, em que se se nomearam
nomearam asas ruas pela
pela cons-
pela cons tituigao do Sindicato
constituição Sindicato dos Trabalhadores
Trabalhadores da Indtistria Açucareira
Indústria Agucareira tituigao
tituição de um
um memoravel
memorável que este acontecimento
acontecimento recorta enunciativamente.
enunciativamente.
aa que já nos referimos antes. Podemos aqui dizer que a temporalidade
que ja temporalidade E ao fazer isso o presente se
aofazer se da
dá como tempo para sempre, para o futuro. E É
desta enunciacao
enunci ação éé,parte
parte daquela
daquela que nomeou
nomeou a Cidade
Cidade como
como Cosmopolis.
Cosmópolis. assim
assirri um presente que se se da para o futuro enquanto
dâpara enquanto presente.
A nomeagao
nomeação da Cidade,
Cidade, no que ela tem tem de intengao
intenção etimologica, recotlou
etimológica, recortou
uma memoria
memória na qual os os irrtigrantes
imigrantes nao não estao
estão ai
aí como trabalhadores, Os nomes
nomes no Mapa, mesmo que aparegam
apareçam ai
aí como meras etiquetas
mas como povos diferentes. A Rua dos Trabalhadores Trabalhadores naonão significa
signifìca os de espagos
espaços urbanos, sao,
são, enquanto
enquanto nomes, o mapa (linguagem) que rela-
trabalhadores, mas uma classe vazia de historia história e portanto
portanto de corpos. ciona esta cidade com sua historia,
história, sem a qual ela nao
não é uma cidade. E
estes nomes, inclusive o nome
nome da cidade, sao,
são, enquanto sentido
sentido (designa-
5. DISPERSAO rBXrUel- DO MEMORAVEL“
DTSPERSÃO TEXTUAL ÀißMopAv¡¡:o gao),
ção), o que produz incessantemente uma identificagao
identificação dos espagos
espaços da
cidade
cidade e
e da cidade consigo mesma. E assim constitui
assimconstitui estes espagos
espaços como
Um
Um outro
outro aspecto
aspecto deste texto
texto é a descontinuidade
descontinuidade na organizagao
organização do espagos
espaços de identificacao
identificação de sujeitos. Um Cosmopolense
Cosmopolense nao não éé uma pes-
memoravel.
memorável. Nao Não se
se esta
está diante de uma organizagao
organização temporal geologica,
geológica, em soa
soa que
que faz’ parte
{az,pafte da
da classe das
das pessoas nascidas,
nascidas, ou
ou moradoras,
moradoras, em
que cada camada remete a um tempo. Observe-se Observe-se que, por exemplo, no Cosmopolis.
Cosmópolis. Cosmopolense
Cosmopolense éé o que éé identificado
identificado por todo umum processo
centro
centro da cidade ha a Rua dos Expedicionarios,
cidadehâaRuados Expedicionários, cuja nomeacao se
cujanomeação se da
dá como historico,
histórico, de que faz parte esta
fazparte pratica enunciativa de nomear lugares e,
estaprâtica
enunciagao
enunciação do heroismo
heroísmo pelo proprio
próprio modo como o passado
passado é aqui memo- lembremos, de nomear pessoas.
ravel.
rável. Este memoravel
memorável também
também vai sese apresentar
apresentar pelo
pelo nome
nome da Rua
Rua Monte
innrcsnanunnos
INDICEDEBAIRROS
Castelo e pelos
pelos das
das Ruas Joao
João Antonio da Silva, Expedicionario
Expedicionário Angelo 0l - Centro
01 Cen tro 2t Jd M argarida
ld.Marguridn 4l
41 do Morro
Vl do Morro Castanho
Salmistrano, Paulo Azevedo Filho, Filho, Luiz Mengue ee Reinaldo Baloni. A 02 - Est
02 EsL Exp dc Sericicul
do Sericicultura
lu ra 22 Jd do Sol
Jd.do 42
42 Santanâ
Santana
Rua
Rua Monte Castelo
Castelo percorre
percorre dois Bairros, Vila
Vila José Calil Aun
Aun ee Vila
Vila Nova, 03 - Santa
03 San to Antoni
A n to n ìoO 23 Núcleo Vila Nova
Nticleo Nova 43
43 Pq Real
Pq
04 - Sao
04 São Joao
Jo ão 24 Jd Nova Espernnga
Jd Esperança 44
44 Pq Sân Giovanr
Pq_San Ciovan¡
comegando
começando logo logo depois
depois dodo centro.
centro. A RuaRua Expedicionario
Expedicionário Angelo 05 - Bela
05 Bela Vista
VisLâ IV 25 Jd CamposSal|es
Jd Campos Salles 45
45 - Kallnann
Kaltnann
Salmistrano
Salmistrano esta
está no Bairro Santana, que é um dos dois onicos
únicos bairros que 06 Jd Bela
Jd Bela Vista
Vistâ lll
lIl 26 Jd Paulista
Jd P aulista 46 -
46 D an iel RossetLi
DanielRosselLi

estao
estão do lado esquerdo
esquerdo da Rodovia, ee é aaúltima
tiltima rua da cidade
cidade neste lugar, o't - Jd.
07 Bela Vista
Jd Bela 2'l Jd Planallo
.ld Planalto 4'7 -
47 Ch ácara S10
Chacara Sto Antonio
AnLonio
08 - Jd
08 Jd Bela
Bela Vista Contin
Cont¡nuação
uzt giro 28 Jd dos
Jd dos Scursonts
Scursonis 48 -
48 Pq das Laranjeirâs
Pq.dasLaranjeiras
ou seja, é aa fronteira do urbano com o rural. A Rua Paulo Paulo Azevedo Filho 09 - Chacara}-Iori
O9 Chácara HorizonLe
Zonle 29 Jd Sta
Id. Sta Rosa
Rosâ 49 -
49 Pq das Laranjeiras
Pq.das Laranjeiras I1
II
esta
está no Bairro Recando Nova Cosmopolis,
Cosmópolis, bem distante do centro e do r0 - Vila
I0 Vilâ Fontana
Fontana 30 Cosm os
Cohab Vila Cosmos 50 -
50 Pq Dona Esther
Pq.DonaEslher
lt - Vila José
ll José Kali
KalillAun
Aun 31 Jd Cosmopolitano
Jd Cosm opolitano 5l -
5| Jd Chico Mendes
Jd.Chico M ondes
lado oposto
oposto ao
ao bairro
bair¡o Santana.
Santana. As outras ruas, com nomes de
comnomes de expediciona-
expedicioná- )2 - Bosque
12 Real Cen ter
32 RealCente| 52
52 Pq Independéncia
Pq Independência
rios, acima
acima citadas, aparecem
aparecem em lugares diversos da cidade. t3
I3 Damiano
D a m ia n o 33 Pq Rosâmélia
Pq,Rosamélia 53
S3 Jd das Paineiras
Jd.dasPaineiras
t4 Vila
I4 V ila José K alillAun
Jo sé Kali A un 34 Recan to dasLarnnjeiras
Recanlo dâs Larânje¡ras 54
54 Pq dos Trabalhadores
Pq.dosTrabalhadores
35.
35. Sobre a nogao ou politica
noção de silenciamento, ou política do siléncio, Orlandi (1992).
silêncio, ver Orlandi t5 - Vila
I5 V ila Nova
Nova 35 Novo Cosmopolis
Recanto Novo Costr ópolis 55 -
55 Andorinhas
Andorinhas
36.
36. Sobre a questao
questão da dispersao
dispersão do sujeito e do sentido
sentido no texto, ver, por exemplo, Orlandi
O¡landi e 16 - Vila Vzikula
16 Vákula 36 dos Colibris
Recanto dosColibris 56 -
56 Jd Belo
Jd Beto Spana
Spana
Guimaraes
Guimarães (1988). l1 - Vila Guilherm lflii
17 ina 37 Pq
Pq. dâs Laranjeiras
dasLaranjeiras 57 -
57 Jd Eldorado
Jd Eldorado
18 - Vila Sao
18 Sâo Pedr
P e dro
O 38 Pq
Pq. das Andorinhas
dasAndorinhas 58 -
58 Pq Rosamélia II
Pq
l9 - Jd.
19 Jd dc Fáveri
de Faveri 39 Jd Alvorada
Jcl.Alvorada 59
59 Res Mont
Res Mont Blane
Blanc
66 20
20 Res Vl.
Res Vl Cosm
Cosmopolìta
opolila 40 30 de
Cohab 30 de Novem
Nove m bro 60 -
60 Vilâ Germ
Vila Germ ano
ânô
AIITUR
^mR
NOsUElil
NOGUEIHA

,./'
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UTEIÂA

ltotlrH
HOLAIIRA

li

PAULINIA
PAULINIA
cAn|r|m\s
CAMPIiAS
7 7 —— "" '

CAPI'TULO
C¿piruto v

NOMES DA
DA CIDADE

Neste capitulo,
capítulo, diferentemente
diferentemente dos dos capitulos
capítulos anteriores,
anteriores, faremos
faremos aa
analise
análisê do sentido
sentido de designagoes
designações de de nomes comuns.
comuns. Ou Ou seja, de
seja, de pala-
pala-
vras
vras cuja
cuja designagao
designação nao não éé de
de objetos flnicos. Para isso tomaremos
únicos. Para isso tomaremos
palavras relativas aà cidade. Vamos
Vamos nosnos ocupar
ocupar do do funcinamento
funcinamento seman- semân-
/ tico
tico de
de palavras como como cidade, municipio,
município, comarca.
comarca. O O estudo
estudo destes
destes
funcionamentos de sentido levara, levará, como se se vera,
verâ, aa outras
outras palavras
palavras que que
designam
designam espagos
espaços da cidade.
Para estes percursos de analise,
análise, vamos tomar tomar as as palavras
palavras funcio-
funcio-
nando em enunciagoes
enunciações constituidas
constituídas em textos da da imprensa escrita
imprensa escrita de de
grande circulagao
circulação (revistas semanais brasileiras, do do final de de setembro
setembro
de 1997).,
de 1997). .‘ 1,
O que nos interessa
interess a éé a analise
aná,lise do
do que
que estas
estas palavras
palavras designam
designam en- en-
quanto
quanto unidades que que funcionam em em enunciados
enunciados no no acontecimento
acontecimento
enunciativo.
enunciativo. Analisar
Analisar aa enunciagao
enunciação naonão é,
é, de
de meu
meu ponto
ponto de de vista,
vista, tratar
tratar o o
funcionamento semantico
semântico de de uma
uma expressão em um texto no momento ee
expressao em um texto no momento
lugar que este
este sese deu.
deu. E analisar as as cenas
cenas enunciativas
enunciativas nas nas quais
quais inte-
inte-
gram-se estas
estas expressoes,
expressões, queque constituiram
constituíram oo sentido
sentido dada expressao
expressão pelo pelo
texto que ai
aí se
se constroi.
constrói.
Neste
Neste caso interessa-nos, de de modo particular, observar
observar comocomo as as re-
re-
feréncias
ferências constituidas
constituídas no decorrer
decorrer dodo texto
texto constituem
constituem aa designacao
designação de de
uma palavra especifica.
específica. Ou seja,
seja, mais
mais uma
uma vez,
vez, ee agora
agora pela
pela analise
análise da da
relagao
relação designacao
designação ee referéncia,
referência, aarelação
relagao dada linguagem
linguagem com com o o mundo
mundo éé
vista como construida
construída pelo acontecimento.
acontecimento.
A reescrituragao
reescrituração referencial funciona no acontecimento
acontecimento como como um um
modo de predicar o nome, nome, ou os os nomes
nomes reescriturados.
reescriturados. Ou seja,
Ou seja, comocomo
dissemos
dissemos no primeiro
primeiro capitulo,
capítulo, aa reescrituragao,
reescrituração, ao ao mostrar-se
mostrar-se comocomo di- di-
zendo oo mesmo, diz outra coisa, ee esta esta outra coisa passa afazer parte
outra coisa passa a fazer parte da da
designagao
designação do do nome
nome reescriturado.
reescriturado.

69
-I7" 7

1.
1. UM
I.IM ESPACO ENQUANTO CIDADE
ESPAÇO ENQUANTO seccao
secção é designar o que ai aí se diz como algoalgo que
qu'e é cidade. Ao mesmo
tempo,
tempo, a constituigao
constituição desta
desta temporalidade do acontecimento
acontecimento orienta a
Vou
Vou localizar minha minha atencao
atenção na na designagao
designação da palavra cidade.
da palavra cidade. disposigao
disposição e busca das das matérias no interior da revista e estabelece
revista estabelece uma
Deste modo
modo vou observar as as reescrituragoes,
reescriturações, no no sentido definido
definido no instrugao,
instrução, um caminho
caminho de interpretacao.
interpretação.
capitulo
capítulo I, item 5, envolvendo cidade. ObservareiObservarei como, num texto es- E se
se aa matéria éé uma reescrituragao
reescrituração de cidades, de algum
algum modo
modo ela
pecífico, aa palavra
pecifico, palavra cidade
cidade funciona para referir referir algo,algo, ee como
como a predica cidades.
cidades. “Terra
"Terra Dasaforada”,
Dasaforada", enquanto matéria de um ntimero número
reescrituragao
reescrituração de cidade faz funcionar outras palavras para a mesma especifico
específico da revista, tem um locutor-jomalista
locutor-jornalista como lugar
lugar social de sua
referéncia,
referência, de tal modo que estas estas outras palavras,
palavras, por referirem algo enunciagao.
enunciação. A matéria trata da questao
questão dodo julgamento de José Rainha por
como o mesmo, constituem
constituem umauma predicagao
predicação de cidade e assim assim constitu- acusagao
acusação de ser o responsavel
o responsável pelas mortes de duas pessoas
pessoas “provocadas
"provocadas
em o que cidade designa.
designa. Ou seja, vou observar de modo nao-segmental não-segmental pela invasao
invasão de umafazenda em 1989”(p. 1989"(p. 96,1c). Deste modo invasaoinvasão
o que tratei inicialmente
inicialmente como aa relagao
relação integrativa pela qual se observa de umafazenda
umafazendaéparte é parte do que reescritura
reescritura cidades.Assim
cidades.Assim o que se signi-
o sentido
sentido das expressoes
expressões linguisticas.
lingüísticas. fica,
fi.ca, enquanto
enquanto presente do acontecimento, pela seccao secção nomeada
nomeada Cidades,
Vou analisar o que que cidade designa
designa no texto “Terra
"Terra Desaforada”
Desaforada" pu- pelo locutor-editor, traz o sentido de algo que a cidade, enunciada numa
blicado
blicado na seccao
secção Cidades
C idade s da revista Veja pimeiro de outubro
Vej a de primeiro outubr o de 1997.
1997 . outra cena
öena pelo locutor-jomalista,
locutor-jornalista, inclui como um externo que delafaz
qtue dela faz
Tal como para as as analises
análises anteriores, procurarei ver o sentido de parte, o rural (“invasao
("invasão de uma fazenda”).
fazenda").
cidade pela analise
análise do acontecimento
acontecimento enunciativo e sua temporalidade,
temporalidade, Para avancar
avançar na analise
análise tomemos a seqiiéncia
seqüência abaixo:
observando no texto: a) sua inclusaoinclusão na secgao
secção Cidades da revista; b) o
jogo
j ogo designativo pn afr átstico entre
design ativ o parafrastico entre cidade,
c id ad e, municipio,
muni c íp i o, comarca
c o marc a (trata-se
(trata- se [1] “O júri de Iosé
"O jfiri José Rainha Jtinior
Júnior condenou Pedro Canario.
Canário.NaNa
de
de ver,
ver, no texto, aa substituicao
substituição do de uma palavra por outra ee analisar a semana passada, o Tribunal de Justica
Justiça do Espirito
Espírito Santo tomou a
construcao
construção de uma temporalidade
temporalidade propria
própria que assim se constitui);
constitui); c) as decisao junho..."(p. 96,
decisão que pendia sobre a cidade desde junho...”(p. 96, la. col.,
reescrituragoes
reescriturações de enunciados
enunciados por outros
outros no decorrer do texto, que movi- griþ meu).
grifo
mentam aa construcao
construção das designagoes.
designações.
Temos
Temps aqui
flgui aa referéncia
referência a uma cidade por seu nome proprio
próprio Pedro
1.1. O Campo
Campo nas Cidades Candrio,
Canário, ou pelo sintagma a cidade, que o reescreve.
reescreve. Em [1], pelo pro-
plural) aparece
A palavra cidade (no plural) aparece no inicio
início da
da matéria, aqui cesso de reescrituracao,
reescrituração, funciona uma relacao
relação anaforica de substituigao
anafóricade substituição
utilizada como corpus, como titulo título de uma segao
seção (cidades), em que a que
qae faz Pedro Canario
Canário ee a cidade se
se darem como parafrases
paráfrases um do outro
reportagem
reportagem esta.
está. Todo
Todo o
o texto da matéria é é assim um modo
modo de reescriturar
reescriturar (ou seja, tudo que se atribui no texto a Pedro Canario
Canário predica cidade e
o que
qli,e Cidades diz. E nesta medida aamatériaé
matéria é tomada
tomada por uma tipologia vice-versa).
da revista, pré-existente,
pré-existente, ee que dirige o processo
processo de produzir
produzir asas matérias. Vej amos, entao,
Vejamos, então, como
como se
se reescriturou
reescriturou no texto
texto um predicado de Pedro
umpredicado
Podemos dizer que, deste ponto de vista, ha há aqui um locutor-editor
locutor-editor que Canario:
Canário:
nomeia a secao
seção e inclui nela a matéria. Nesta cena enunciativa, o texto
em questao
questão sese da
dá num
num acontecimento
acontecimento que recorta um um memoravel
memorável especi-
especí- [2]“Pedro
[2] "Pedro Canario
Canário progrediu.
fico:
fico: o de que aa revista tem
tem um espago
espaço dedicado aà cidade, ou mais especi- Na beira
beira da estrada, o comércio
comércio vende até papel para impressora
atépapelpara
ficamente,
ficamente, as às cidades. Ou seja, o que este acontecimento
acontecimento toma como seu a laser e aluga em video últimos langamentes do cinema (2a). A
vídeo os flltimos lançamentes
passado éé que a revista fala sobre cidades, nao não que ela reflete
reflete sobre a econorrria
economia ainda é agricola.
agrícola. Ha
Há um
um boi e
e meio
meio por
por habitante
habitante (2b).
(2b). Mas
questao
questão da cidade. Este acontecimento
acontecimento toma como seu passado um dizer nem 10%
I07o dos canarenses (2c)" (p. 97,
canarenses vivem no campo (2c)” 2c).
97 ,2c).
da revista que categoriza
categoriza seus espagos,
espaços, sendo que um deles é Cidades.
Deste modo, pode-se
pode-se dizer que este memoravel
memorável do acontecimento
acontecimento signifi-
signifì- Em [2] “na
F,m[2] "na beira da estrada, o comércio vende
vende até
até papel para im-
ca a matéria “Terra Desaforada”
"Terra Desaforada" pela atribuigao
atribuição de um
um pertencimento:
pertencimento: o pressora a laser ee aluga
alug4 em video
vídeo os
os filtimos
últimos lancamentos
lançamentos do cinema”
cinema"
que nela é dito, é dito aa proposito
propósito de cidades. Enunciar este texto nesta (2a) e “a economia ainda
(2a) "a ainda éé, agricola.
agncola. Ha
Há um boi e meio por habitante”
habitante"

t0
70 1l
71
(2b) reescrituram
reescrituram “Pedro
"Pedro Canario
Canário progrediu”,
progrediu", ee assim
assim especificam
especificam 0 o pro- que considerando
considerando que oo sentido de cidade sfio são as
as detenninagoes
determinações que o
gresso. Dizem
Dizem qual foi 0o seu
seu progresso
progresso (um crescimento comercial
comercial que sese texto enquanto
enquanto interioridade lhe confere. Considerando
Considerando aa questao
questão da pa-
estende pela estrada numa
numa economia
economia agricola).
agricola). Por outro lado, “Mas
"Mas nem lavra cidades
cidadeJ como nome da d4 secgao
secção da revista em que esta está aa matéria,
matéria,
10%
l07o dos
dos canarenses vivem no campo”,
campo", reescritura
reescritura “Pedro
"Pedro Canario
Canário pro- temos que considerar que ela ai aí significa,
significa, também, ee decisivamente,
decisivamente, pelo
grediu”
grediu" para limitar 0o progresso, para negd-lo
negá-lo (operagfio feita
(operação feita pelo mas
mas —- memoravel
memorável desta cena enunciativa do do locutor-editor
locutor-editor que categoriza os
lembro aqui analise
análise que fiz ern
em Guimaraes
Guimarães (1987)). Ou seja, “mas "mas nem espagos
espaços da revista e que
que faz funcioanr tanto esta (cidade) quanto outras
10%
I07o dos
dos canarenses vivem no campo”
campo" (20)
(2c) reescritura, em verdade,
verdade, uma designagoes.
designações. Note-se que a cena enunciativa do locutor-jomalista
locutor-jornalista que
argumentagao
argumentação para argumentar
argumentar no sentido oposto de (2a) ee (2b). E assim enuncia aa reportagem
repoftagem cita aa enunciagao
enunciação do locutor-editor
locutor-editor (que categoriza
categoriza
reescreve a argumentagao
argumentação que sustenta
sustenta o progresso, para nega-lo.
negá-lo. os
os espagos
espaços da revista). N50
da revista). Não como
como algo
algo num
num tempo
tempo anterior,
anterior, algo
Enquanto
Enquanto reescritura
reescritura do progresso de Pedro Camirio,Canário, 0o comércio
comércio empiricamente
empiricamente feito
feito antes, mas como algo que se se da
dá como um passado no
umpassado
na
na estrada éé 0o percurso pelo campo como como metonimia
metonímia de de cidade:
cidade: aa acontecimento, junto com seu presente. Para avangar
acontecimento, junto avançar na reflexao
reflexão procu-
informatica,
informática, a tecnologia, a midia.
mídia. O campo, o agricola,
agrícola, é aa criagiio
cúação de raremos
raremos observar
observar outros
outros enunciados
enunciados no texto e aa constituigao
constituição enunciativa
enunciativa
gado (“ha
("há um boi ee meio por habitante”
habitante" reescritura
reescritura “a
"a economia
economi a ainda éé, da designagiio.
designação.
agricola”),
agrícola"), que é parametro
parâmetro para medir aa produgao
produção economica
econômica em em rela- A matéria da revista coloca no seu inicio,
início. como sub—titulo:
sub-título:
gao
ção E1
à populagfio.
população. Aqui a
a operagao
operação enunciativa do mas
mas opoe
opóe campo ee
Pedro Camirio
Canário (cidade),
(cidade), ao mesrno
mesmo tempo em que sustenta
sustenta Pedro Cand-
Caná- [3]“Pedr0
f3f"Pedro Candrio,
Canário, famosa
famosa por condenar
condenar Rainha,
Rainha, perde a chance
rio como
como cidade
cidade que, enquanto
enquanto tal, inclui
inclui tudo que esta
está no campo,
campo, no
no qual de julgá-lo pela segunda
de julga-lo vez” (p. 96)
segundavez"
cidade também
também esta
está pelo que a estrada significa.
significa. E na medida em que aa
argumentagéio
argumentação de mas nem 10%
I07o dos canarenses vivem no campo
campo opoe
opóe E logo no inicio
início do corpo do texto diz, tal como colocado ha
diz,talcomo há pouco,
campo e cidade, 0o campo significa
significa aä limitagao
hmitaçao do progresso da cidade.
Por outro lado, esta descrigao
descrição sobre 0 o rural (0
(o campo) ééparte
parte da
da cidade [4]
[4] “Na.
"Na semana passada, o Tribunal de Justiga
Justiça do Espirito
Espírito Santo
enquanto parte de Pedro Canério
Canário (nome proprio
próprio da cidade). decisão que pendia sobre a cidade desde junho, quando
tomou a decisao
No presente
presente do acontecimento
acontecimento enunciativo que estamos analisando naqqela
naqr¡ell comarca o militante
militante do movimento dos Sem-Terra,
Sem-Tera, MST,
o que éé do campo (agricola),
(agrícola), que esta
está na estrada, éé, parte do
do que constitui foi sentenciado aa26
26 anos e meio de prisao”
prisão" (p. 96,
96, lc)
os sentidos de cidade. Esta pertenga
pertença sese constitui tanto pela inclusao
inclusão do
texto na secgao
secção Cidades da revista (na cena do locutor-editor) quanto Estamos aqui na cena enunciativa do locutor-jornalista,
locutor-jornalista, que cita a
pelas determinagoes
determinações que oo texto (na cena
cena do
do locutor-jomalista)
locutor-jornalista) constitui cena do locutor-editor. N510
Não sese pode deixar
deixar de ver
ver que, na medida
medida em que
para cidade e campo. cita, 0o locutor-jomalista
locutor-jornalista se
se apresenta
apresenta como “sabendo” o que esta
"sabendo" está fazen-
fazen-
do. Mas se consideramos que o Locutor éé afetado afetado por uma posigfio
posição de
1.2.
L.2. A Cidade ee 0o Municipio
Município sujeito, que neste
neste caso
caso é politico-administrativa,
político-administrativa, vemos como o que o
Esta inclusao
inclusão do campo na designagfio
designação dede cidade tem um processo Locutor
Locutor mostra como uma citagaocitação éé o contrario:
contrário: o locutor-j omalista fala
locutor-jornalista
um pouco mais
mais complexo de constituigfio.
constituição. Para observa-lo
observá-lo vou tomar no interior
interior da cena do locutor-editor.
agora uma outra relagao.
relação. A que se se da,
dá, pelo texto, entre cidade, munici-
municí- A interpretagao
interpretação do enunciado [4],[4], ern que cidade reescreve
emque reescreve Pedro
pio, comarca.
comarc¿. As reescrituragoes município ee comarca,
reescriturações de cidade por municipio predica de
Canário, predica
Canzirio, de Pedro Canário, pela
Pedro Canzirio, pela retomada
retomada anaforica
anafórica
no processo de referéncia
referência aà cidade de Pedro
Pedro Canario
Canário sobre a qual éé aa (reescrituragfio),
(reescrituração), como ja já vimos antes, que ela éé uma cidade.
cidade . Um
Um pouco
reportagem,
reportagem, constroem
constróem outros aspectos da da designagfio
designação de
de cidade, e
e deste
deste mais aà frente no texto Pedro Camirio
Canário éé referida de outro modo:
modo constroem
constróem também aa designagao
designação dede municipio
município ee comarca.
Embora sese mostre como uma uma construgao
construção dodo presente
presente do
do Locutor, aa [5]
[5] “Encaixado
"Encaixado na divisa com aa Bahia, o municipio
município tem 22.000
tem22.000
designagfio
designação de cidade é,é, de
de fato, uma
uma configuragao
configuração construida
construída pelo acon-
acon- habitantes”.
habitantes". Y
tecimento.
tecimento. Para oo que acabamos de de dizer na
na segao
seção anterior
anterior estamos
estamos como

72 73
_

Enunciado
Enunciado cuja interpretagao
interpretação predica de de Pedro Camirio,
Canário, por outraoutra Aqui a cidade anaforiza/substitui
anaforiza./substitui Pedro Camirio,
Canário, tal como em ou-
reescrituragao,
reescrituração, que ele éé um municipio.
município. tra legenda aà p.
p. 100:
Assim,
Assim, pelo mecanismo
mecanismo de de reescritura
reescritura da forrnulagao,
formulação, Pedro Cand- Caná-
rio é a cidadefamosa
cidade famo,sr¿ e o municipio
município encaixado
encaixado na divisa com a Bahia. Bahia. [7] "Nunes: em trinta anos, a cidade saiu do mato e entrou em
[7] “Nunes:
Como se se pode parafrasear Pedro Canzirio
Canário e’é cidade por Pedro Cancirio
Canário éé decadéncia.”
decadência."
municzpio?
município? Pelo funcionamento da da lingua
língua no acontecimento.
acontecimento. A formula-
gao
ção enunciativa torna torna cidade
cidade sinonimo
sinônimo de de municipio
municíplo porque
porque aa E
É interessante
inþressante ver que em nenhum
nenhum dos destaques produzidos
produzidos pelas
reescrituragao
reescrituração de de cidade
cidade porpor municipio,
município, na na medida
medida em que que ambas
ambas legendas aparece a
a palavra municipio.
município. Pode-se, entao, dizer que aa cidade
então, dizer
reescrituram
reescrituram Pedro Candrio,
Cancírio, sese da
dá porque o presente
presente do acontecimento
acontecimento refere também a mesma
mesma extensao municípioreferc,na
extensão que o municipio
qlue refere, na medida ernem
constroi
constrói estaesta equivaléncia,
equivalência, ao ao lado de de memoraveis
memoráveis diferentes que aa que 0o que se
se refere nos dois casos é também referido por Pedro Candrio.
Canário.
enunciagao
enunciação de de cidade ee municipio
município recortam como passado. passado. Assim 0 o E por isso mesmo éé preciso atentar
atentar para a diferenga
diferença entre
entre cidade e muni-
rememorado
rememorado que que faz cidade significar “cidade”
"cidade" e municzjoio,
município, “munici-
"municí- cipio
cípio que, como vimos, predica
que,como predica diferentemente
diferentemente (pela reescrituragao)
reescrituração) Pedro
P edro
pio" éé trabalhado, no
pio” no acontecimento, por por um presente
presente que,que, pela Candrio.
Canário. Mas vej amos uma outra sequéncia:
vejamos sequência:
reescrituragfio,
reescrituração, indistingue, em certa medida, cidade ee municzpio. município. Neste
ponto podemos compreender
compreender que ha há aqui uma indistingao
indistinção contituida
contituída por [8] "No inquérito, os lavradores entoam uma ladainha: haviam
[8] “No
uma posigao
posição de sujeito
sujeito no interdiscurso que estabelece
estabelece uma
uma dominancia
dominância caido
caído na conversa de que 3 alqueires esperavam
esperavam por cada sem-terra
sem-telra
do discurso do cotidiano sobre o discurso jurídico.
discurso juridico. em Pedro Canario,
Canârio, numa fazenda previamente
previamente desapropriada
desapropriada pelo
Servindo-rne
Servindo-me aqui de colocagoes
colocações de Eni Orlandi (1976), posso dizer
(I976),posso Incra.”
Incra." (p.
(p. 98,
98, 3c)
que sese ha
há uma identidade na na parafrase,
paráfrase, ha,há, também,
também, umauma diferenga:
diferen ça: tanto
tanto a
a
cidade quanto o municzjvio
município referem 0o que qtue Pedro Candrio
Pedro Cantirio refere. Mas se
se Aqui
Aq:ui Numa
Numa fazenda
fazenda retoma e especifica Canário. Ou seja,
especifica Pedro Cancirio.
esta afirmagao
afirmação se sustenta, ela se se sustenta porque aa diferenga
diferença existe. Ou Pedro Candrio
Canário incluifazenda,
incltúfazenda, inclui terras
tenas que estfio
estão remetidas ao ao Incra.
sej a, aquilo aaque
seja, que a cidade
cidade ee 0o municipio
município referem
referem éé o o mesmo
mesmo na na medida
medida em E
É a polissemia de Pedro Camirio Canário operando.
operando. Aqui Pedro Camirio
Aqui Pedro Canário éé o
que referem aa Pedro Canario.
Canário. Mas, nesta mesma mesma medida Pedro Candrio Canário municzpiq
municípiqog ou a cidade?
cidade? De um certo modo as duas coisas: é a cidade cidade que
que
nao
não refere a mesma coisa caso caso seja
seja predicado (pela reescrituragao)
reescrituração) por inclui 0o campo
c ampo e é 0 o municipio.
município. E a cidade enquanto municipio.
município.
cidade ou por municzjoio.
município. Neste sentido, todo conjunto das das referéncias
referências éé 0
O municipio
município ee a cidade referem
referem “o"o mesmo”
mesmo" que qlue Pedro Camirio
Canário em
produzido
produzido pelopelo funcionamento
funcionamento enunciativo
enunciativo (o funcionamento
funcionamento da da lingua
língua no
no virtude
virtude da da interpretagao
interpretação anaforica
anafórica queque se faz deste
se faz deste acontecimento
acontecimento
acontecimento) ee naonão por uma relagao palavra(com seu sentido)/coisa”.
uma relação palavra(com seu sentido)/coisa37. enunciativo. Interpretagao
Interpretação que se da dá nao
não porque haja uma remissao
remissão me-
Esta
Está em funcionamento,
funcionamento, ao ao mesmo
mesmo tempo,
tempo, umauma tripla polissemia: de de canica/inquestionavel
cânica/inquestionável interna de um termo a outro no fio do texto, mas
cidade de municzpio
município ee de Pedro Candrio,
Canário, oo queque leva também aa afirmar,afrrmar, porque ha há um um presente
presente do constituído pela
do acontecimento constituido pela dupla
mais uma vez e por outra via, aa nio não univocidade do nome proprio. próprio. reescrituragio
reescrituração de Pedro CandrioCanário (por a cidade e por o municipio).
município).
Além
Além das seqiiéncias
seqüências jajá consideradas, observemos as as legendas
legendas queque N510
Não ha,
há, como uma abordagem estruturalista
estruturalista diria, hiperonirnia
hiperonímia en-
aparecem sob duas fotos de duas pessoas (Pedro Canario e José
Canário e José Rai- tre
tre cidade e municipio,
município, uma relagao
relação na lingua.
língua. Ha
Há relagoes
relações de
de sentido
nha),
nha), na p. 97:
nap.97: constituidas
constituídas pela relacfio
relação integrativa das palavras no texto. Ha sentidos

de palavras constituidos
constituídos no acontecimento,
acontecimento, por uma temporalidade que
[6]
[6] “Notoriedade
' Notoriedade incomodaz
incômoda: fundada
fundada por
por Pedro
Pedro Canario
Canário (acima :1à nio
não éé aa do Locutor. Podemos
Podemos também
também observar como 0 o dizer
dizer do locutor-
esq.), ha
há cinquenta anos, a¿z cidade tornou-se internacionalmente
internacionalmente co-
co- jornalista esta
jornalista está dito no interior do dizer do locutor-editor,
locutor-editor, mas isto se da dá
nhecida
nhecida por causa
causa do processo
processo contra
contra o
o lider
líder dos
dos sem-terra.”
sem-terra." como homogéneo,
homogêneo, como o dizer de um um Locutor que enuncia da perspecti-
va de um enunciador-individual.
enunciador-individual. O desconhecimento
desconhecimento desta divisao divisão do
37.
37. Esta posigao
posição se distancia, assim, daquelas que se
se dfio
dão na
na linha
linha das
das forrnulagoes
formulações de
de Frege
Frege Locutor
Locutor no acontecimento jornalista,
acontecimento (que é ora o editor ora o jomalista, que enun-
(1892).
( l 892). cia corno
como se se fosse ele mesmo, Locutor)
Locutor) é o desconhecimento
desconhecimento de que este

74
14 t5
75
I—--'--

texto sese constitui pelo cruzarnento


cruzamento das
das posigoes
posições de
de sujeito
sujeito dos
dos discursos
discursos
jurídico ee administrativo
juridico administrativo do
do Estado.
Estado.
Para mostrar
mostrar aa consisténcia
consistência desta
desta analise,
análise, retomemos
retomemos umauma sequen-
seqüên-
cia já,,utllizada
cia ja utilizada acima, acrescida de um enunciado:
acrescida de um enunciado:

[9]
[9] “Encaixado
"Encaixado na
na divisa com
com aa Bahia, o
o municipio
município tem 22.000
tem2Z.000 l
habitantes. O MST prometia invadi-lo com 15.000
15.000 manifestantes
manifestantes
julgamento" (p. 96
no dia do julgamento” 2ac)
962ac) CAPiTULo
C¡piruro v1
vt

Neste caso “invadir


"invadir oo municipio”
município" (0 (o pronome o o reescreve
reescreve municipio
município A CIDADE E OS NOMES DE ESPAQ‘O
ESPAÇO
em “invadi-lo”)
"invadi-l o") éé paraifrase
parâfr ase de "invad t aa cidade”.
de “invadir c idade" . Mas
Mas contraditoriamente
contraditoriamente
a cidade
cidade nao
não referiria aa mesma
mesrna extensfio
extensão que
que municzpio:
municíplo: so só enquanto
enquanto inva-
inva-
sao
são da cidade, como parte do do municipio,
município, aa invasao
invasão seria
seria uma
uma invasao
invasão para
para Nos acontecimentos
acontecimentos enunciativos do nosso cotidiano, sabemos
sabemos como
julgamento, embora
oo julgamento, embora esta
esta invaséio
invasão seja
seja uma
uma invasao
invasão do municipio enquan-
do município enquan- expressoes
exprèssões do tipo
to
to invasao
invasão dede suas
suas terras,
terras, referéncia
referência aoao MST.
MST. Invasao
Invasão de de terras
terras que
que é,é,
enquanto
enquanto tal, invasiio da cidade para
invasão da cidade para o o julgamento. E
E neste sentido é tam-
neste sentido é tam- a) Gosta darta/
Gosta da rual Foi posto na rua
bém invasao
invasão da comarca, que marca
dacomarca,que marca aqui
aqui ojuridico
o jurídico nono discursojornalistico.
discurso jornalístico.
Do ponto de vista do que nos propusemos, aa analise análise feita
feita mostra
mostra significam
significam 0o fora, na medida em que expressoes
expressões do tipo
que, embora
embora nionão sese possa estabelecer
estabelecer umauma relagao
relação de
de oposigao
oposição bembem defi-
defi-
nida entre 0o funcionamento
funcionamento designativo
designativo destas
destas palavras
palavrai (cidade, munici-
municí- b) Ele é caseiro
pio,
plo, ee mesmo
mesmo comarca), pode-se ver
comarca),pode-se ver como
como aa designagao
designação de de cidade
cidade éé algo
algo
instavel
instável configurado
configurado pela relagao
relação com
com aa instabilidade
instabilidade designativa
designativa de de mu-
mu- significam o dentro. Assim poderíamos aqui tomar aa cidade como urn
Assim poderiamos um
niczjvio
nicípio e comarca. Por outro lado, como como vimos
vimos no no inicio,
início, aa instabilidade
instabilidade espago
espaço eme¡n gue a casa designa o dentro, e a_rua que
a rua designa o fora, que sao
são
da designagao
designação de de cidade esta
está em
em relagao
relação com
com aa instabilidade
instabilidade designativa
designativa tantos e outros espagos.
espaços. E é sobre estas designagoes
designações que procuraremos
de campo (rural). Assim Assim cidade designa
designa algo
algo que
que éé “urbano”,
"urbano", masmas que
que éé falar agora. Para isso vou tomar textos de revistas semanais brasilei-
também 0o “urbano
"urbano expandindo-se
expandindo-se sobresobre o o campo”.
campo". E E nao
não ha
há duvida
dúvida de de ras,
ras, tal
tal como nono capitculo
capítculo anterior, publicadas também por volta do
que esta expansfio
expansão tem tudo aa ver com com a instabilidade designativa que
a instabilidade designativa que final
final de setembro de de 1997.
1997 . _
relaciona
relaciona cidade, municipio
município ee comarca.
comarc(r,. Podemos tomar
tomar oo aspecto
aspecto da significagfio
significação colocado
colocado acima pelo funcio-
acima pelo
As referéncias
referências vao
vão construindo
construindo aa designagao,
designação, queque éé assim
assim instavel.
instável. E
E namento
namento de palavras
palavras corno ruaee casa
como rua nas seqtiéncias
casanas que seguem.
seqüências textuais que seguem'
0o carater
carâter desta construgao
construção da da designacfio,
designação, pelapela reescrituragao
reescrituração referencial,
referencial, Numa matéria sobre a adeséio paulistanos as
adesão dos paulistanos às caminhadas en-
mostra
mostra umum aspecto
aspecto predicativo
predicativo nosnos nomes
nomes comuns.
comuns. O O nome
nome comum
comum refere
refere contramos, como titulo
título e subtitulo
subtítulo de uma
uma reportagem
reportagem
aapartir
partir de seu
seu aspecto
aspecto predicativo
predicativo funcionando
funcionando em em expressoes
expressões queque deter-
deter-
minam
minam aquilo que se se predica.
predica. Ou
Ou seja,
seja, aquilo
aquilo que
que se
se identifica
identifica como
como objeto
objeto [1] “A CIDADE ANDA A PASSOS LARGOS
TI]"A
pela
pela construgao
construção dede sentido
sentido no
no acontecimento.
acontecimento. E E deste
deste modo
modo 0 o proprio
próprio obje-
obje- Espalhados por ruas, parques e pragas,
praças, mais ee mais paulistanos
mais paullstanos
to referido a cada
cada reescrituragfio,
reescrituração, embora
embora se se dé
dê como
como o o mesmo,
mesmo, éé sempre
sempre descobrem os os prazeres ee os
os beneficios da caminhada”
benefícios da (Veia Sdo
caminhada" (Veja São
um pouco outro. A relagao
relação dede designagao
designação ee referéncia nio éé, uma
referêncianão uma relagfio
relação Paulo, n° p. 14, de 30 de setembro de 1997)
no 39, p. 1997)
entre uma palavra ee um obj eto ou
objeto ou conj unto de
conjunto de objetos
objetos dede uma
uma classe
classe
estabelecida.
estabelecida. E uma relagao
relação que
que produz identificagoes
identificações porpor um
um processo
processo [1] aa cidade éé reescriturada
Em [1]
Em por mais ee mais paulistanos, ee
reescriturada por
infindavel
infindável de redizer, proprio do
redizer,próprio do texto. Mais
Mais uma
uma vez
vez afirma-se
afirma-se aa impossi-
impossi- nesta medida
medida é significada
signiflCada por seus habitantes pelas atividades
e assim pelas atividades
bilidade
bilidade de
de uma analise
análise composicional do sentido e da referéncia.
composicional do sentido e da referência. destes habitantes: “espalhados poÍ ruas,
"espalhados por parques praças..'descobrem
e pragas...desc0brem

76 77
os prazeres
prazeres ee beneficios
benefícios da
da caminhada”.
caminhada". A A expressao
expressão destas
destas atividades
atividades éé [4]
[4] “Monte
"Monte Libano
Líbano
reescriturada
reescriturada como segue,
segue, no
no corpo
corpo do
do texto:
texto: F-229-4413,
F-229-44I3, Rua Cavalheiro Basili
Basíli Jafet, 38,
38, lo.
1o. andar,
andar, centro
(50 lugares). 11h/15h30 (fecha sab.
(50lugares). sáb. e dom.). T: todos”(idem)
todos"(idem)
[2] "Pode ser em
12] “Pode em parques,
parques, praeas,
praças, ciclovias,
ciclovias, ruas,
ruas, academias
academias
de gmastzca
ginóstica ou mesmo dentro de casa”.(idem)
dentro de casa".(idem) [5] "Churrasco's
[5] “Churrasco’s
F-53I-4I41, Avenida Roque
F-531-4141, Roque Petrella,
Petrella, 265, Brooklin
Brooklin Paulista
Paulista (250
Por
Por esta
esta ultima
última reescrituragao
reescrituração predica-se
predica-se cidade,
cidade, através
através do
do que
que predica
predica lugares). 12h/Oh
I2h/0h (sex. ee sab.
sáb. até 1h).
th). Cc: V. Estac. c/manobr.(p.
c/manobr.(p. 15)
mais e mais paulistanos, por
poÍ ruas,
ruas, parques, pra§as...,
praças..., casa,
casa, onde
onde se
se dis-
dis-
tingue aa casa (“pelo
('þelo menos
meno s dentro
dentro de
de casa”),
cas{f,"), como
como o
o dentro,
dentro, ee tudo
tudo o
o mais
mais Nestas trés
três seqiiéncias
seqüências encontramos trés três nomes
nomes que produzem
produzem uma
como 0o fora:
fora: ruas, parques,
parques, praoas,
praças, ciclovias, academia
academia de de gimistica.
ginástica. divisao
divisão da cidade: alameda, rua, avenida.
avenida. Ou seja, oo espago
espaço da cidade,
Toda
Toda esta rede de
de reescriturações constitui o espaço da cidade
reescrituragoes constitui 0 espago da cidade como
como ao lado dede ser um espago dividir éé um espago
espaço que se deve dividir espaço que aoao se
se
dividido
dividido entre aa casa (0
(o dentro) ee aa rua
rua (o fora).
fora). Neste
Neste ponto
ponto éé interes-
interes- dividir é significado
significado de modos diferentes (a enumeragfro
enumeração que reescreve
sante observar que aa reescrituragao
reescrituração de de cidade
cidade por
por ruas,
ruas, parque...ou
parque...ou cidade em [1] ee [2][2] também nos mostra isso). Neste sentido a Rua, Rua, en-
en-
mesmo dentro de casa, articula os os elementos
elementos da da seqiiéncia
seqüência como
como uma
uma quanto designando o fora, o é enquanto designagao
designação do espago
espaço publico
público
enumeragao
enumeração que apresenta
apresenta uma
uma nao
não homogeneidade
homogeneidade dos dos elementos
elementos da da divido
divido ee assim
assim determinado
determinado por essas
essas diferentes
diferentes designagoes.
designações.
enumeragao.
enumeração. Isto éé marcado por ou ou mesmo. Este operador apresenta
mesmo. Este operador apresenta Se
Se parassemos
parássemos nos textos
textos ee em uma concepgao
concepção referencial
referencial logica
lógica ou
“ou
"ou mesmo dentro de casa”
casa" nao
não s6
só como
como um um elemento
elemento da da enumeragao
enumeração pragmzitica
pragmática da linguagem
linguagem diriamos
diríamos simplesmente que os espagos
espaços da cida-
mas toma aa enumeragao
enumeração toda como argumento para algo como
toda como argumento para algo como “toda
"toda aa de sao
são categorizados
categoizados diferentemente
diferentemente e tém
têm nomes segundo estas categori-
cidade (seus habitantes) beneficia-se
beneficia-se das
das caminhadas”.
caminhadas". E E nesta
nesta argu-
argu- classificariam os objetos, colocando—os
as. Deste modo os nomes classificariam colocando-os em seu
mentagao,
mentação, na medida em que o o dentro
deníro da da casa
casa éé 0
o argumento
argumento decisivo
decisivo conjunto. Uma concepgfio
concepção deste tipo diria que as palavras alameda, rua
para este envolvimento
envolvimento marcado por por ou mesmo, 0o dentro
oumesmo, dentro da
da casa
casa éé mos-
mos- avenida,
avenida,ee as sequéncias
sequências [3]
[3] a [5] sao
são “referenciais”.
"referenciais". O que elas fazem
queelas fazeméé
lraclo como o (ultimo lugar
gar para tais
tais atividades.
atividades. Podemos
Podemos dizer
dizer que
que 0o indicar onde algo esta,
está, e rua, alameda, avenida sao são nomes de espagos
espaços
dentro (a casa) e 0 fora (a rua) significam assim
assim 0o pessoal
pessoal (0
(o intimo)
íntimo) ee empiricamente
empirica¡nqnte diferentes na cidade. Estas seqtiéncias
seqüências seriam assim so só
o publico, respectivamente.
nte. enderegos
endereços na cidade. Elas diriam unicamente que algo algo esta
está em
em tal rua, em
tal alameda, em tal avenida.
1.
1. RUAS E CASAS No entanto nionão é dificil
difícil encontrar nas
nas cidades espagos
espaços nomeados
rua e alameda,
alameda, por exemplo, que nao não tenham, do ponto de vista fisico,
físico,
' Para pensar
pensar um
um pouco mais
mais sobre
sobre aa designagao
designação dede nomes
nomes dodo espago
espaço especial diferenca.
diferença. Em verdade
verdade 0 "rua" de uma “alame-
o que difere uma “rua” "alame-
da cidade
cidade enquanto fora
fora da
da casa, tomo nomes como arameda, rua, aveni-
casa, tomo nomes como alameda, rua, aveni- da”
da" éé que estes
estes dois espagos
espaços sao
são diferentes
diferentes porque designados
designados diferente-
da presentes em
em trés
três enunciados
enunciados tirados
tirados dada revista
revista Veja
veja Siio
sao Paulo
paulo dede 24
24 mente. Designagao
Designação construida
construída por uma historia
história enunciativa
enunciativa que podemos
de setembro
setembro de 1997.
1997 . Neles
Neles oo texto
texto que
que se
se segue
segue ao
ao nome
nome (proprio)
(próprio) dede um
um entrever pela propria presenga de alameda
pelaprópriapresença para nomear um espago
alamedapara espaço num
estabelecimento
estabelecimento comercial (um restaurante)
restaurante) éé umauma reescrituragao
reescrituiação desse
desse bairro referido como
como Jardim Paulista, enquanto
enquanto rua nomeia, nos exem-
ruanomeia,
nome, predicando-0
predicando-o (mais 51à frente
frente isto
isto sera
será melhor
melhor explicitado).
explicitado). Assim
Assim plos acima, um espago
espaço num bairro referido como como centro. Uma observa-
rua, alameda, avenida
avenida aoao referirem
referirem algoalgo constituem
constituem o o que
que designam
designam porpor gao
ção do mapa
mapa de Sao
São Paulo
Paulo nos da
dá conta,
conta, por outro lado, que estes espagos
espaços
aquilo que predicam sobre os restaurantes.
sobre os restaurantes. nomeados
nomeados jardins, nos quais as as vias publicas
públicas sao
são nomeadas alamedas,
estao
estão ligados aa uma historia distinção social, aa favor dos jardins. Um
história de distincao
[3] "Miski
[3] “Miski texto como osos acima em que ha hâ alameda Joaquim Eugenio
Eugênio dede Lima,
F-884-3193/7006, Alameda JoaquimJoaquim Eugenio
Eugênio dede Lima,
Lima, 1690,
1690, recorta um memoravel
memorável especifico,
específico, 0o da distingao
distinção social.
Jardim Paulista (78 lugares).
lugares). 11h/20h
llhlZ}h (sab.
(sáb. até
aré 18h; dom. até
18h; dom. afé 17h;
t7h. E se
E se analisamos
analisamos, as
as trés
três seqiiéncias
seqüências em em questao
questão vemos em em [3]
[3]
fecha seg.).
seg.). Cc: todos. T.:
T.: C,
C, T,
T, Tr
Tr ee V.
V. Estac.
Estac. c/manobr.”
c/manobr.,, (p.
(p. 09)
09) especificagoes
especificações como “(S2ib.
"(Sáb. até 18h; Dom. até
18h;Dom. até 17h; fecha Seg.)”,
I7h;fecha Seg.)", “Cc.
"Cc.

l8
78 t9
79
. y-,_,..._i _ _

Todos”
Todos" e “V.Estac.
"V.Estac. c/manobr.”
c/manobr." reescrituram “Alameda"Alameda Joaquim
Joaquim Euge-
Eugê- [7]
[7] “As
"As pernocas sao
são fruto de
de muito desce-morro
desce-morro ee sobe-mor-
sobe-mor-
nio de
nio Lima”,
de Lima", na na medida em que
que tanto 0
o nome da rua
nome da rua quando as as ro(...) Hoje, os onibus
ônibus chegam no topo dodo morro
morro ee as
as mulatas
mulatas nao
não
especificagoes
especificações acima, ao ao reescriturarem
reescriturarem Miski, o predicam.
predicam. Ou Ou seja
seja carregam mais
mais latas na cabega,
cabeça, como eu
eu fazia
fazia no morro da Agua
no morro da Água
“(Sab.
"(Sáb. até
até 18h; Dom. até até 17h;
17h; fecha Seg.)”
Seg.)" ee “Cc.
"Cc. Todos,
Todos, V.Estac. cl c/ Santa, na zona norte.
manobr.”
manobr." saosão especificagoes
especificações de de “Alameda
"Alameda Joaquim
Joaquim Eugenio
Eugênio de de Lima”
Lima"
enquanto uma uma caracterizagao
caracterização de Miski. E
de Miski. E nesta
nesta medida
medida esta E inevitavel
inevitável que se se considere aqui aa polissemia da da palavra
palavra morro,
morro,
reescrituragfio
reescrituração de Alameda,
Alameda, pelas especificagoes
especificações acima,acima, predica Ala- na historia
história de sua constituigao.
constituição. Ou seja, aa palavra morro mono de de designagao
designação
meda,
meda, assim constituindo o que ela designa diferentemente de de “Rua
"Rua de acidente geografico
geográfico (desce-morro
(desce-morro ee sobe-morro)
sobe-morro) passapassa a a designar
designar re-re-
Cavalheiro
Cavalheiro Barili
Baríli Jafet”.
Jafet". Esta ultima
última éé reescriturada, enquanto
enquanto reescritura
reescritura gifio
gião da cidade, espago
espaço da cidade do Rio de Janeiro (opoe-se (opõe-se aa bairro,
bairro,
“Monte
"Monte Libano”,
Libano", por “Fecha
"Fecha Sab
Sáb ee Dom.)”,
Dom.)", “T: "T: todos”.
todos". NaoNão havendo
havendo vila,
vila, jardim?). Deslize
Deslize de sentido que se se da
dá na
na medida
medida em em que
que uma
uma dife-
dife-
nenhuma
nenhuma referéncia
referência aa estacionamento ee muito menos menos aa manobrista. Além renga
rença social se correlaciona
se cor¡elaciona com uma diferenga
diferença de espaço, e este espago
de espago, e este espaço
do mais esta reescrituragao
reescrituração estabelece uma oposigao oposição flagrante
flagrante entre
entre T passa aa significar
significar uma pane da
umaparte da cidade
cidade enquanto
enquanto detenninada
determinada pela pela diferen-
diferen-
(Ticket restaurante)
restaurante) ee Cc (Cartfio
(Cartão dede crédito), que aqui rememoram
rememoram sen- sen- ga
ça social. Assim, se se morro
morro descreve,
descreve, no caso,caso, aa geografia
geografta em que este este
tidos opostos da divisfio
divisão social. espago
espaço sese configura,
configura, significa
significa umum recorte
recorte social
social ligado aà propria
própria descrigao
descrição
Deste modo palavras
palavras como
como rua,
rua, alameda, avenida,
avenida, nao não desig- da entrevistada
entrevistada que da dá conta de que os os habitantes
habitantes do do morro levavam
levavam agua água
nam simplesmente um certo tipo de espago espaço da cidade, pelas diferen- na cabega
cabeça para casa
casa ee que hoje o o onibus
ônibus jajá chega no topo
chega no topo do do morro, ou
ou seja,
seja,
gas
ças fisicas
físicas que tais
tais palavras
palavras descreveriam. O O que elaselas designam é, é, oo morro
morro jajá conseguiu
conseguiu receber
receber umum beneficio
benefício proprio
próprio da da vida urbana
urbana queque ele
assim, algo contruido
contruído enunciativamente
enunciativamente que em em verdade constroi
constrói con-
con- nao
não tinha. Configura-se
Configura-se assim, pela metafora metáfora ee metonimia
metonímia destadesta nomea-
tinuamente
tinuamente o objeto designado sob sob aa aparéncia
aparência de de ser uma palavra gfio,
ção, a necessidade
necessidade de incluir na reflexfio reflexão sobre
sobre estas
estas designagoes,
designações, como
para um objeto
objeto desde sempre. AssimAssim estas
estas nomeagoes
nomeações constituem
constituem uma uma de resto em geral,
geral, a consideragfio
consideração da historia
história enunciativa que constitui
identificagao
identificação dos espagos
espaços designados. Ou seja, seja, sese os
os espagos
espaços de de uma
uma tais designagoes,
designações, que nao não sao
são meras indicagoes
indicações ou ou descrigoes
descrições de de espagos.
espaços.
cidade sao
são chamados rua, rue, somente, ou se se sao
são chamados
chamados rua rua (um certo
(umcerto A se
A se considerar ainda ainda que que mulatas éé um um nome,
nome, enquanto
ni’1mero)e
número) e alameda (outro), tal como em [3] e
e
[3] [4],[4], temos
temos duas
duas cidades
cidades reescrituragao,
reescrituraçãç, para para eaezt de "como ea
de “como eu fazia...”
fazia..." na
na sequéncia
sequência [7]. [7]. Deste
identificadas diferentemente.
diferentemente. Ou seja, seja, os
os nomes
nomes desses
desses espagos
espaços nao não modo esta enunciagao
enunciação recorta como memoravel memorável os os sentidos de de mulatas
sao
são uma classificagao
classificação objetiva dos dos espagos
espaços dada cidade. Nomear
cidade. Nomear de rua,de rua, (personagens
(personagens da pobreza, sensualidade, etc, etc, etc)
etc) como
como determinagao
determinação de de
alameda, avenida, etc éé constituir
constituir aa identificagfio
identificação dos dos espagos
espaços comcom aa morro (o espago
espaço desses
desses personagens).
personagens).
cidade
cidade e e vice-versa. Vemos, entiio,
então, como, ao ao lado
lado dede rua, alameda,
alameda, avenida, nomes como
avenida,nomes como
Para continuar, tomemos
tomemos uma outra seqtiéncia,
seqüência, em em que
que um um novo
novo ruela e morro,
ruela morro, constituem por suas suas designagoes
designações outrasouÍas identificagoes
identificações
nome de de espago
espaço dada cidade
cidade aparece.
aparece. Tomemos
Tomemos uma uma sequéncia
sequência de de uma
uma (sociais) de espagos
espaços da da cidade e e assim
assim dada propria
própria cidade. E assim assim consti-
entrevista
entrevista na Revista Isto E de de 24
24 de
de setembro
setembro de de 1997.
1997. tuem aa propria designagao
própria designação de cidade, ou a
a designação de um nome
designagfio de nome de de
uma cidade especifica.
específica. Estes nomes tém têm entre si si relagoes
relações que se se organi-
[6]
[6] “O
"O Taxi
Táxi amarelo estaciona
estaciona numa
n uma ruela
ruela de
de Botafogo,
Botafogo, na
na zona
zona zam enunciativamente
enunciativamente pelas pelas diferentes
diferentes reescrituragoes
reescriturações que que osos afetam,
afetam, cada
cada
sul do Rio de Janeiro. um a seu modo.
Em um caso temos temos rua ee casa como designagoes designações genéricas
genéricas do do
Ao referir
referir um espago
espaço por uma
uma ruela, pode-se ver
ruela,pode-se ver que
que o
o processo
processo de
de pfiblico
público ee do privado, em em outro temos uma distingao
distinção entre rua
entre ruaee alame-
alame-
designagfio
designação dodo espago
espaço da
da cidade
cidade em
em [6][6] inclui
inclui um
um certo
certo tipo
tipo de
de detennina-
determina- da em que rua éé o comum ee alameda
emqtJe alameda éé o o distinto, em em um
um terceiro caso,caso,
gfio
ção (produzida
(produzida pelo sufixo),
sufixo), ou
ou seja,
seja, aa designagao
designação nao
não éé mera
mera indicagao.
indicação. temos
temos ruela e morro desginando espagos espaços dos pobres. E aa designagaodesignação
Poder-se-ia
Poder-se-ia dizer,
dizer, entao,
então, que se
se trata de
de uma descrigao
descrição do
do espago.
espaço. Mas
Mas destas palavras, nos trés três casos
casos considerados,
considerados, nao não éé comparavel,
comparável, direta-
esta questao
questão deve ser
ser melhor analisada. Tomemos, da da mesma
mesma entrevista,
entrevista, mente, pois sao são construcoes
construþões de textualidades diferentes. Pensar Pensar aarela-
rela-
aa seqtiéncia
seqüência gao
ção destes sentidos envolve considerar
considerar que
que sao
são todos textos
todos textos de
de grandes

80 81
__ _ __

revistas de circulagao
circulação nacional publicados numa mesma época. E nesta
mesmaépoca- estas descrigoes
descrições dizem
dizem que X éé igual aa p+q+r...
p+q+r... E E ao
ao dizerem
dizerem estaesta identi-
identi-
medida
medida podemos ver como corno a construgao
construção das designagoes está afetada
designações esta dade desdobram um conjunto de de predicados. Ou
Ou seja, esta descrição éé
seja, esta descrigao
por divisoes
divisões diferentes
diferentes do real, sob a aparencia
aparência neutra da descrigao. Ou
descrição. O_u uma qualificagao
qualificação do nome proprio,
próprio, éé uma colocagao
colocação em em movimento
movimento do do
seja, designar e referir envolve um aspecto político do sentido tal como
aspecto politico sentido do nome
nome proprio,
próprio, por uma reescrituragao.
reescrituração. CadaCada umum destas
destes restau-
restau-
o apresentamos no capitulo
capítulo I.
L rantes saosão predicados por um certo grau de de refinamento,
refinamento, de ,distinção".
de “distingao”.
Mais uma vez estamos diante da instabilidade designação. Insta-
instabilidade da designagao. Por exemplo: tem têm estacionamento ee manobrista
manobrista ee aceitam
aceitam cartoes
cartões de de cré-
cré-
bilidade que funciona sob o modo do estavel,
estável, do pennanente. Rua
permanente. Rua funci- dito e naonão Tickets, aceitam ambos, ou aceitam so só Tickets e fecham aos
Tickets e fecham aos
ona num enunciado para um texto como se estivesse estivesse marcada por uma sabados
sábados ee domingos
domingos (fechar aos sabados
sábados e domingos rememora
e domingos rememora 0 o sentido
sentido
estabilidade
estabilidade propria
própria de
de sua referencialidade. Mas, como vimos, vimos, o que
que do restaurante que atende pessoas durante aa jomada jornada de de trabalho).
trabalho). Lem-
Lem-
rua designa
designaé,é a
a cada momento
momento algo diferente. O obj eto designado
objeto designado é assim bre-se que esta analise,
análise, mais uma vez, confirma
confirma oo que dissemos
dissemos sobre
sobre oo
construção da textualidade sobre a palavra. A instabilidade da
uma construgao de-
da de- que
ql;re alameda
alameda designa
designa relativamente a rua ee avenida.
signagao
signação de aqui constituida
de rua éé aqui constituída na relação
relagao com a
a instabilidade de
de O modo de de significar
significar os espagos
espaços da cidade mostra que eles eles sao
são
outras palavras que de algum
algum modo reescrituram
reescrituram rua: alameda, avenida, espagos políticos. O espago
espaços politicos. espaço que se se da
dá como objetivo, por uma
uma descri-
ginástica de um lado ee ruela, morro de
ciclovia, academias de gincistica de outro. gao
ção (referencia),
(rèferência), atende a objetividade
objetividade estabilizada do discurso admi- admi-
Como dissemos as as palavras
palavras da lingua
língua significam funcionaremno
significam ao funcionarem no acon- nistrativo, que nomeia
nomeia oficialmente os os espagos
espaços da da cidade. E Eo o discurso
discurso
tecimento.
tecimento. E este funcionamento recorta politicamente o real. da
da midia do do lazer repercute esta estabilidade da divisao divisão desigual do do
Como sese ve,
vê, todos estes nomes, praça, par-
nomes , rua, alameda, avenida, pragra, social. Por outro lado, o discurso administrativo
administrativo nao não sese dé
dá senao
senão como
ques, ruela, morro, academia ginástica, restaurante, casa
academia de ginéstica, nao desig-
casanão efeito da memoria
memória discursiva que designou no decorrer decorrer dada historia
história estes
estes
nam
nam um obj eto onico,
objeto único, mas obj etos gue mantem
objetos relação
mantêm com o nome uma relagiio espagos,
espaços, enquanto divididos.
de constante
constante instabilidade Os sentidos dos espagos
espaços da cidade sao são sentidos de uma divisao divisão ee
redivisao
redivisão constante
constante do social. Redivisao
Redivisão que se se expande
expande ee se se resignifica.
resignifica.
2. OS NOMES DE LUGAR E isto é significado
significado tanto pelos nomes comuns quanto pelos nomes nomes pro-
pró-
prios, como
cor4o pudemos
çrudemos ver neste capitulo.
capítulo. A significagao
significação desta
desta redivisao
redivisão
Retornemos agora aà questao
questão dos nomes
nomes proprios
próprios que já nos ocupou
que ja constante do do social sese faz pelo funcionamento da lingua língua nos
nos aconteci-
aconteci-
quando tratamos dos dos nomes proprios
próprios de pessoa ee dos nomes de ruas. mentos
mentos de enunciagao.
enunciação.
Observemos agora os nomes proprios
próprios dc
de estabelecimentos comerciais
comerciais
(restaurantes) na cidade. 3. ESTRADAS E RUAS
Para isso retornamos asàs sequencias
sequências [3], [4]
[4] e [5].
[5]. Estas tres
três sequen-
seqüên-
cias apresentam
apresentam um nome proprio
próprio e uma descrigao
descrição que se mostra como Vou agora
agora percorrer
percorrer esta
esta redivisao
redivisão do
do real
real pelos sentidos,
sentidos, vindo de
de ou-
uma descrigao
descrição do que o nome proprio
próprio refere. Tomando a questao
questão do sen- tro lugar. Tomo aqui 0o texto
texto de
de uma
uma outra
outra reportagem
repoftagem “Polemica
'?olêmica nana Serra”,
Serra",
tido constituido
constituído pela relagao
relação integrativa no texto podemos ver ai
aí outros sobre aa estrada
esffada velha Sao
São Paulo-Santos
Paulo-Santos (Veja Sao
São Paulo, N“N 39,
39, p.
p. 10).
10).
aspectos da constituigao
constituição do sentido. Cada uma destas seqtiencias
seqüências tem um
nome proprio
próprio que éé reescriturado
reescriturado numa descrigao
descrição que, em verdade, fun- [11] "É um passeio fantastico”,
[11] “E fantástico", diz oo publicitario
publicitário Marcos Ta-
ciona metonimicamente. E pela contiguidade que a descrigao
metonimicamente .Epelacontigüidade descrição é descrigao
descrição deu
dett Aziz, que,
que, apesar da proibigao
proibição oficial, costuma percorrer aa
do nome. E sendo
sendo descrigao
descrição do nome
nome faz este nome
nome significar,
significar, significan-
significan- rodovia de bicicleta. Para isso, precisa driblar aa fiscalizagao:
fiscalização: sai
do assim
assim 0
o que é sua referencia.
referência. Vejamos como se se constituem
constituem estas des- de sua
de sua residencia
residência no bairro da
no bairro da Casa
Casa Verde às 55 da
Verde as da manha
manhã de
crigoes.
crições. Elas incluem
incluem um enderego;
endereço; aa indicagao
indicação de telefones; a indicagao
indicação sabado
sábado e...”(p.10).
e..."(p.10).
de espa<;o(nt’1mero
espaço{número de mesas, lugares); tempo de atendimento;
atendimento; aceitagao
aceitação
ou nao
não de cartoes
cartões de crédito; a aceitagao
aceilação ou nao
não de Tickets restaurante; Aqui
Aqrli residéncia
residência no.
nò bairro da Casa Verde
Verde rememora um espago
espaço da
da
existencia
existência de estacionamento,
estacionamento, ou nao,
não, com manobrista,
manobrista, ou nao. não. Assim cidade, significa
significa assim
assim no acontecimento
acontecimento aa cidade. Tendo isto em
em consi-

82 83
___ ___- .*-,._ _

deragao,
deração, tomemos de saida
saída uma metafora
metáfora de Estrada Velha constituida
constituída metzifora
metáfora da cidade por municipio.
município. O campo éé assim
assim cidade.
cidade. EE éé en-
en-
pela retomada (reescrituragao)
(reescrituração) “estrada-parque”,
"estrada-parque", na sequencia
seqüência abaixo, quanto tal que 0o campo, os sem-terra, invade aa cidade.
cidade. A
A inclusão do
inclusao do
que
queéé dada
dada como transcrigao
transcrição de um dizer do presidente
presidente do movimento
movimento em campo como cidade significa
significa uma
uma coisa em “Terra
"Terra Desaforada” e outra
Desaforada" e outra
Defesa
Defesa da Vida na
na matéria sobre a Estrada da da Serra.
serra. E
E aa diferenga
diferença mostra
mostra diferentes
diferentes
identificagoes
identificações (politicas)
(políticas) do que cidade designa,
designa, num caso
num caso ee noutro.
noutro.
fI2]"“ “ela
[12] "elaprecisa
precisa de restauragao,
restauração, mas so umnú-
só para receber um nu-
mero limitado de carros e ser visitada como uma estrada-parque”,
estrada-parque", 4.
4. GRILEIROS E POSSEIROS
POSSEIROS
sugere”.(p.
sugere".(p. 10)
Tomemos ainda outro texto, com uma outra outra constituicao
constituição de
de senti-
senti-
Esta reescrituragao
reescrituração metaforica
metafórica da estrada enquanto estrada-par- dos:
dos: “Pelo
"Pelo Confronto”,
Confronto", incluido
incluído na
na segao
seção “Reforma
"Reforma Agraria” da Veja de
Agrâria,, daVeja de
que é, no presente
é,no presente acontecimento,
acontecimento, uma metonimia
metonímia da cidade: significa
significa a 24 de setembro de de 1997
1997 (p. 39). Esta
Esta matéria
matéria tem
tem como
como sub—titulo ,.Mi-
sub-título “Mi-
cidade pela afirmagao
afirmação de um parque como espago
espaço de lazer da cidade. nistro
nistro prega
prega alianga
aliança da
da policia
polícia com fazendeiros”.
fazendeiros". Vamos
vamos considerar
considerar ago-
ago-
Esta metonimia
metonímia se propaga por todo o texto. Retornemos
Retornemos aà sequencia
sequência ra aa construcao
construção de diversas designagoes
designações ee ver como
como elas
elas constituem
constituem seus
seus
lIIl
[11] já
ja colocada acima sentidos
sentidos ee assim
assim 0o do texto.Tomemos
texto.Tomemos duasduas seqtiencias
seqüências textuais:
textuais:

[11]
fLll"“ “E
"É am passeio fantástico" diz
um passeiofantastico”, diz o publicitario
publicit¿írio Marcos Tadeu [13] “Na
"Na terga-feira
terça-feira passada, ao
ao receber osos secretarios
secretários dede segu-
segu-
Aziz, que,
qtl.e, apesar da proibigao percorer a rodovia
proibição oficial, costuma percorrer rodovia ranga
rança publica
pública no Palacio do Planalto, 0 presidente Fernando Henrique
no Palácio do Planalto, o presidente Femando Henrique
de bicicleta. Para isso, precisa
precisa driblar aafrscalização:
fiscalizagao: sai de sua resi- Cardoso fez um discurso contra aa violencia
violência no campo
campo nono qual
qual nao
não
dencia
dêncianono bairro
bairro da Casa Verde as
CasaVerde às 5 da manha
manhã de sabado
sábado e...”(p.10).
e..."(p.10). poupou os fazendeiros. O presidente alertou
alertou para
para 0o risco
risco de
de propri-
etarios
etários rurais estarem sese annando. “O "O Estado naonão existe
existe para
para dar
dar
1l Aqui
Aqui e’é um passeiofantastico
p as s e io fant á s t ic o predica
predica estrada-porque,
e s t r ad a -p o rque, que
qrre assim
as sim se seguranga
segurança sosó para um lado”,
lado", afirmou
afirmou Fernando Henrique,
Henrique, querendo
querendo
distingue
distingue de residéncia.
residência. Deste
Deste modo a “estrada-parque” é a extensao
"estrada-parque" extensão dos dizer que
que aapolícia
pol1c1a deve
deve fazer respeitar aa lei, seja
seja quem for que que aa
sentidos
sentidos da cidade (a residencia)
residência) pelo campo (a rodovia que reescritura e viole, fazendeiros ou sem-terra”
viole,þzendeiros sem-tena" (p. 39
(p.39 2c)
2c)
éé reescriturado
reescriturado por estrada-parque) como como oolazer
lazer da cidade.
Se
Se comparamos esta analise análise com aa feita
feita no capitulo
capítulo anterior
anterior sobre a [14] "No mesmo
[14] “No mesmo dia,dia, horas
horas antes,
antes, oo rninistro
ministro dada Justiga,
Justiça, Iris
kis
designagao
designação de cidade na matéria “Terra "Tena Desaforada”
Desaforada" vamos vamos observar Rezende, responsavel
responsável pela politica
política de
de seguranga
segurança dodo govemo
govemo federal,
federal,
que naquele caso a estrada é a cidade no campo pela metonimia metonímia de “o "o encontrou—se
encontrou-se com os os mesmos
mesmos secretarios
secretiírios para
para dar
dar outra
outra visao
visão do
do pro-
pro-
comércio...impressora aa laser...video...cinema”.
laser...vídeo...cinema". Ou Ou seja,
seja, aa estrada é a blema. “Policia
"Polícia ee fazendeiros tem
têm dede andar
andar dede maos
mãos dadas
dadas para
para cum-
cum-
metafora da cidade no campo enquanto
metáforadacidade enquanto comércio. O campo é aa extensao extensão judiciais", afrmou
prir mandados judiciais”, afirmou oo Ininistro,
ministro, referindo-se
referindo-se as
às opera-
opera-
economica
econômica da cidade (ele da dá até
até parametro
parãmetro para medir a populagao:população: mi- nú- goes
ções policiais para retirar os
os sem-terra
sem-terra de de fazendas
fazendas ocupadas”.
ocupadas".
mero de pessoas por cabega cabeça de gado).
Os sentidos da cidade
cidade expandem-se, entao, então, por caminhos
caminhos diferen- A primeira coisa a observar éé que nestas
nestas seqtiencias
seqüências nao
não temos
temos aa
tes.
tes. No caso da matéria sobre a estrada da serra os
os sentidos de cidade construgao
construção do sentido dc de cidade. Temos
Temos o o sentido
sentido de
de campo
campo (significado
(significado
estao
estão em expansao
expansão enquanto
enquanto lazer, enquanto distinção/"qualificação".
enquanto distingao/"qualifica<_;ao”. pelo titulo
título da
da segao
seção “Reforma
"Reforma Agraria”),
Agrâna"), que
que vou
vou considerar
considerar aa partir
partir da
da
No caso da matéria “Terra "Terra Desaforada”,
Desaforada", os sentidos de cidade expan- designagao
designação defazendeiros.
de fazendeiro s.
dem-se enquanto
enquanto economia, e a invasao invasão dos sem-terra (do campo) na Em [13]
[13] temos um movimento
movimento em em que
quLe “os
"os fazendeiros”,
fazendeiros", da da fala
fala
cidade se
se da
dá como conflito
conflito quanto ao modo modo de produgao
produção e propriedade.
propriedade. do
do locutor-presidente,
locutor-presidente, é reescriturado por “proprietdrios
"proprietários rurais", da da
Mas sese aqui o campo invadeinvade a cidade, esta expansaoexpansão nao não é
ê aa"urbaniza-
“urbaniza- fala do locutor-jornalista, ee assim faz significar
significar oo fazendeiro
fazendeiro enquanto
enquanto
gao”
ção" porque,
porque, nos sentidos que ai
aí se constituem, a cidade cidadejá ja significa
significa o proprietario.
proprietário. E ao ao construir
consiruir aa designagao
designação dede fazendeiro
fazendeiro como
como proprie-
l campo enquanto
enquanto cidade pela metonimiametonímia do comércio comércio na estrada
estrada e pela tario,
tánio, a enunciagao
enunciação faz oo confronto se se significar como um confronto
significar como confronto

84 85
___ _ _ M

contra
contra aa propriedade, confronto
confronto que, ao ser configurado
configurado aparece
aparece como [20]
[20] Em Salvador,
Salvador, 3.000 quilometros
quilômetros quadrados
quadrados de
de terras
terras perten-
perten-
uma questao jurídico-policial, interpretada pela enunciagao
questão juridico-policial, enunci ação da revista centes
centes ao Govemo
Governo municipal foram ocupados
ocupados para
para constmgao
construção dede
que reescritura “O "O Estado nao não existe para
para dar
dar seguranga
segurança sosó para um mansoes,
mansões, garagens
garagens de
de ombus
ônibus ee estacionamentos de
de Shopping
Shopping centers”.
centers38.
lado”
lado" (do presidente) "querendo dizer que
presidente) por “querendo qrte a polícia deve fazer res-
a policia

lei". Onde
peitar aa lei”. segurança éé reescriturado
Onde seguranga reescriturado por policia (ou seja, aa
polícia (ou E
É interessante observar que, na chamada da da matéria,
matéria, no indice
índice dada
designagao
designação de seguranga
segurança predicada
é predicada por aquilo que polícia
que policia refere) revista, 0o avango
revista, avanço da da classe rica
rica sobre
sobre terras públicas aparece como
terras pfiblicas aparece
Além disso a revista, ao colocar a fala do Ministro da Justiga, Justiça, da
dá grilagem que éé ai aí qualificada por dede rico.
rico. Ja
Jâ no
no titulo
título dada matéria
matéria (em
andamento a esta parafrase jurídico-policial, ministro
paráfrase juridico-policial, tanto pela fala do ministro [l5]),
[15]), na pagina
página 76, grilagem é qualificada
qualificadaporpor chique. O O deslizamento
deslizamento
que transcreve quanto pela reescritura "cumprir mandados
reescritura de “cumprir judiciais"
mandados judiciais” de de rico (do indice)
índice) reescriturado
reescriturado por chique (no ( no titulo)
título) ee depois
depois por
(do locutor-ministro)
locutor-ministro) por “operagoes policiais" do locutor-jomalista.
"operações policiais” locutor-jornalista' Vip
Vip em [17]
[17] inicia um processo de indiferenciagao
indiferenciação de
de responsabilidade
responsabilidade
Assim
Assim o campo
campo é significado
significado como o espago conflitos. Pode-
espaço desses conflitos. no que grilagem
grilagem designa.
riamos
ríamos assim
assim dizer que
qlue cidade, se
se aqui fosse designada, significaria,
significaria, en-
en- Continuando este processo, a grilagem do titulo título sera,
será, na
na formula-
formula-
tao
tão diferentemente "Terra Desaforada",
diferentemente de cidade em “Terra Desaforada”, por exemplo, in- cao
ção textual, reescriturada
reescrituradaporpor ocupar (em 16 e 18),18), por invasao
invasão (em 17 17 e
e
clusive pela separagao
separação estanque
estanque que aqui ha há entre campo e cidade (que (que 18) e por donos ee posseiros (em 19).
sequer
sequer foi significada
significada diretamente).
diretamente). Um
Um aspecto
aspecto que nao
não se
se pode deixar dede registrar
registrar éé que aa reescrituragao
reescrituração
Tomemos, ainda, um outro outro texto e nele o conjunto de substituigoes
substituições grilagempor
de grilagem por donos
donos ee posseiros, em 19, éé,feitapela
feita pela mediagao
mediação de de um
que tem a
que tem a palavra grilagem, delI5l
de [15] abaixo, do título matériada
titulo matéria da secgao
da secção locutor-procurador
locutor-procurador (ministério
(ministério ptiblico).
público). E nesta ordem: primeiro primeiro oo pro-
cidades, da revista Veja 40, p.76, de 1997. Esta matéria é publicada uma
40,p.76, de 1997 .Estamatéria é publicada motor
motor nomeia o grileiro
grileiro de
de dono ee depois
depois reescritura
reescritura grileiro
g rileiro legalmente
legalmente
"Terra Desaforada”,
semana depois de “Terra julgamento de José Rai-
Desafor4da", sobre o julgamento como
como posseiro. Nesta passagem
passagem do texto, grilagem
grilagem é, logo antes, para-
nha e seus efeitos sobre Pedro Canario,
Canârio, que analisamos antes. fraseado por obriga
abriga e em seguida, pela voz da
seguida,pela justiga, por donos eepos-
dajustiça,por pos-
seiros.
seiros. E naonão ha,
há, por parte
parte da
da enunciagao
enunciação do do locutor-jornalista,
locutor-jornalista, uma
[15]
[15] Grilagem Chique
GrilagemChique reescrituragao
reescrituração de posseiros por grileiros, na continuagao
continuação do texto.
Assim op conceito de posseiro, que que reescreve grilagem,grilagern, ee assim
[16]
[16] Mansoes
Mansões e condominios
condomínios ocupam terras pfiblicas
públicas resignifrca
resignifica sua designagao,
designação, abre o lugar
lugar para a inclusao
inclusão da posigao
posição dede
orgaos
órgãos govemamentais
govemamentais que acabam por absorver aa invasao invasão pela retragao
retração
[17]
[ 17] Em
Em boa parte brasileiras, as autoridades gover-
parte das capitais brasileiras, das areas
áreas de preservagao
preservação ambiental,
ambiental, como se se ve
vê em
namentais estao
estão as
às voltas com um tipo de invasiio
invasão que nada tem a
ver
ver com os sem-terra. Sao tmbando
São os invasores vip - um bando de com-terra
com-terra [21]
[21] Diante
Diante do evidente ataque
ataque aoao meio ambiente, aa Coordenagao
Coordenação dede
que ocupa
ocupa parques
parques ee outras areas
áreas ptiblicas
públicas com 0 o objetivo
objetivo de ampli- Desenvolviemnto
Desenvolviemnto da da Regiao
Região Metropolitana
Metropolitana de de Salvador,
Salvador, Conder,
Condet naonão
ar suas posses,...”
posses,..." pensou
pensou em botar os os invasores na
na Justiga.
Justiça. Preferiu simplesmente
simplesmente recuar
os limites do parque. “Se "Se quiséssemos tirar as as pessoas
pessoas de
de la,
lá, o
o Estado
Estado
[18]
[18] Os invasores tem preferencia por areas
tëmpreferênciapor iíreas tranqiiilas
tranqüilas e arborizadas.
arborizadas. teria
teria de
de indeniza-las
indenizá-las pelas benfeitorias
benfeitorias -- piscinas, quadras,
quadras, chLurasquei-
churrasquei-
Em Salvador,
Salvador, o Parque de Pituagu,
Pituaçu, que tinha 660 hectares de Mata ras
ras - ,, e
e isso ficaria
ficaria muito caro”,
c ato" , diz Sonia
Sônia Pontes
Fontes presidente dada Conder.
Conder.
Atlantica
Atlântica ee lagoas, perdeu um
um tergo
terço de sua area para as ocapagoes.
áreapara ocupações.
Interessa
Interessa aqui ver como a a imprensa, no caso
caso de
de “Pelo
"Pelo Confronto”,
Confronto", pa-
[19] Atlântica, o Par-
[19] Em Porto Alegre, outra reserva de Mata Atlantica, rafraseia “o"o Estado nao
não existe para dar seguranga so para
dar segurança só para um lado”
lado" ee “Poli-
"Polí-
que Estadual Delta do Iacui,
Jacuí, abriga noventa mansoes,
mansões, 80%
807o delas cia e fazendeiros tem
ciaefazendeiros de andar
têmde andar de
de maos
mãos dadas
dadas para
para cumprir mandados judici-
cumprirmandados
sem escritura. “Perante
"Perante aajustiça,
justiga, os donos dessas casas sao possei-
sãoposseí- ais”
ais" do presidente e dodo minsitro por “operagoes
"operações policiais”.
policiais". Ao contrario,
contrário,
ros”,
ros", esclarece o promotor justiça Ivan Milgaré, do Ministério
promotor de justiga
Pablico
Público gaficho.
gaúcho. 38.
38. Grifos
Grifos meus

86 87
___ _ w______

aqui, aa imprensa diz grilagem


imprensadiz e depois reescritura
grilagemedepois por ocupar;
reescriturapot ocupal; invasao,
invasão, eeno
no CIDADE E A RESIGNIFICAQAO
5. A CIDADE RESIGNIFICAçÃO DOS ESPAQOS
ESPAçOS
limite oposto, porposseiros
oposto,por posseiros ee donos. Reescrituragao
Reescrituração esta
esta legitimada
legitimada por ser
aa enunciagao
enunciação da posigao
posição de sujeito do discurso jurídico, pela
discurso jun'dico, voz que sus-
pelavoz Ve-se
Vê-se assim
assim como aquilo que que cidade designa
designa éé uma
uma construgao
construção per-per-
tenta aa palavra
palavra da lei (um
(um locutor-procurador).
locutor-procurador). Assim
Assim vemos como a cons- manente
manente dos acontecimentos de linguagem.
linguagem. A instabilidade
instabilidade do do que
que cida-
cida-
tituigao
tituição da designagao
designação de fazendeiro como propiietario, "Pelo
proprietiário, na matéria “Pelo de designa
designa afeta as
as outras designagoes
designações envolvidas
envolvidas ee éé por
por estas
estas afetada.
afetada.E E
Confronto”,
Confronto", em [13]
[13] elI4l,faz
e [14], faz um
um movimento
movimento diverso
diverso daquele que aqui se isto diz
diz respeito tanto
tanto aos
aos nomes comuns
comuns quanto
quanto aos nomes proprios
aos nomes próprios
faz
faz ao reescriturar grilagem
aoreescriturar g rilagemporpor posseiro e dono. E É assim que o problema
problema analisados no capitulo
capítulo anterior
anterior ee neste.
se
se formula
formula como
como uma agressao
agressão ao
ao meio ambiente
ambiente ee nao 'þropriedade" do
não aà “propriedade” A analise
análise feita nos da
dá alguns aspectos importantes. De De um
um lado
lado hahá a
a
Estado, diferentemente do que se se observou para [13]
[13] e [14].
[14]. expansao
expansão do sentido
sentido de
de cidade como espago
espaço do
do juridico-politico.
jurídico-político. A desig-desig-
nagao
nação da
da cidade,
cidade, ee seus
seus sentidos,
sentidos, sese sobrepoe,
sobrepõe, pelapela reescrituragao
reescrituração
Veja-se, ainda, como aa presente matéria é concluida:
concluída: enunciativa, aà do municipio
município ee da comarca. Por outro lado os os sentidos
sentidos da da
cidade passam a significar
significar oo campo, tanto pela metonimia do comércio,
metonímia do comércio,
[22] Outro empresario,
Í221Outro empresário, Luiz Eduardo Dutra Abichequer, dono quanto pela
pela metafora do lazer. A cidade “invade”
metáforadolazer. "invade" oo campo
campo como
como ativida-
ativida-
da fabrica
fábrica de calgados
calçados Datelli, esta
está sendo
sendo processado pelo
pelo Minsitério de economica
ecoàômica fundamental
fundamental (o comércio,
comércio, aa midia,
mídia, aa infonnatica)
informática) ou ou como
Pfiblico
Público por construir no parque uma marina para sessenta
sessenta barcos, lazer para os
os que
que sese “distinguem”,
"distinguem", podendo
podendo agregar espacosespaços pfiblicos
públicos
que exigiu um aterro que afetou o leito do Rio Jacui,
Jacuí, 0
o que pode como sese fossem privados. Assim os os sentidos do do campo
campo se se organizam
piorar os problemas de enchentes
enchentes na regiao.
região. como cidade, e a designagao
designação de campo é predicada pelo urbano. Tanto
que quando o campo significa
significa oo que lhe éé proprio
próprio ele
ele éé significado
significado como
O que esta
está em [16]
[16] e [20]
[20] afirmando
aflrmando a ocupagao
ocupação de terras poblicas,
públicas, negacao
negação do progresso da cidade.
se
se reescreve
reescreve insistentemente
insistentemente (em [17, I I 7, 18, 2I, 22]) como agressao
I 8, 19, 20, 21, agressão O que se
se ve
vê é
é como os os movimentos
movimentos designativos
designativos resignificam
resignificam cons-cons-
ao meio ambiente, diluindo
diluindo o gesto de privatizagao do espago
depnvatização espaço pfiblico
público por tantemente o real, que naonão esta ai como oo empfrico,
estâaí empírico, mas
mas como o o identifi-
identifi-
uma grilagem de ricos. cado pelo simbolico,
sirnbólico, que inclui
inclui necessariamente
necessariamente o o politico.
político.
Esta matéria, tal como “Terra"Terra Desaforada”,
Desaforada", do nfimero
número anterior da
revista,
revista, reescritura cidades, nome nome da da secgao
secção dada revista em
em que
que sao
são
publicadas. E ao
publicadas. fazer esta reescrituracao
aofazer reescrituração constitui designagoes
designações diferen-
tes para cidade.
Em “Terra
"Terra Desaforada”,
Desaforada", uma expansaoexpansão dos sentidos de cidade in-
vade o campo que se se organiza
organiza pelos sentidos da cidade. Em “Grilagem "Grilagem
Chique”
Chique" ha há uma expansao
expansão dos espagos
espaços privados
privados de uma classe sobre os
espagos
espaços pfiblicos,
públicos, que neste
neste caso sao
são terras pfiblicas,
públicas, incluidas
incluídas no urbano
pela destinagao
destinação de preservar as condigoes
condições ambientais. "Grilagem Chi-
ambientais. “Grilagem
que”
que" resignifica
resignifica e assim redivide os espagos espaços da cidade pelo reconheci-
mento da “distingao”
"distinção" social. Podemos assim assim compreender
compreender que este pro-
cesso especifico
específico de designacao
designação esta
está produzido aa partir da posicao
posição de su-
jeito liberal, no interdiscurso.
interdiscurso.
A designagao
designaçã o de cidade
cidade desta
desta matéria significa
significa aa expansao
expansão do pri-
vado sobre o pfiblico,
público, e em alguma medida corresponde corresponde ao sentido da
organizagao
organização urbana sobre sobre oo campo enquanto parque, parque, na medida em
que, no t'1ltimo
último texto analisado, aa grilagem
grilagem é diluida
diluída pela reescrituragao
reescrituração
textual.

88 89
___ _ _ .?_,,.__ _

corvcrUSAO
coNCLusÃo

Feito este percurso podemos retomar retomar certos aspectos gerais da re-
flexao
flexão que temtêm um impacto
impacto especifico
específico sobre o modo de pensar aa relagao relação
da
da linguagem
linþuagem com 0o mundo. Se nao não se pode pensar a linguagem sem
considerar
considerar que ela fala de algo fora dela, nao não se
se pode
pode também
também considerar
considerar
que asas palavras significam
significam aquilo
aquilo que referem, ee nem nem mesmo
mesmo que aa signi-
ficagao,
frcaçáo, o sentido seja um modo de apresentagaoapresentação do objeto.
O que um nome designa
umnome designa éé construido
construído simbolicamente.
simbolicamente. Esta constru-
gao
ção se
se da
dá porque a
a linguagem
linguagem funciona
funciona por estar exposta ao real enquan-
to constituido
constituído materialmente
materialmente pela historia.
história. O que umauma expressao
expressão designa
nao
não é assim nem um modo
é assimnemummodo de apresentagao do objeto, nem
apresentação nemumauma significa-
significa-
gao
çáo reduzida
reduzida aa um valor no interior
interior de um sistema
sistema simbolico.
simbólico. Designar
Designar éé
constituir
constituir sigpificagao
pigpificação como uma apreensaoapreensão do real, que significa
significa na
na lin-
guagem-na
guagemna medida em que 0o dizer dizer identifica
identifica este real para sujeitos.
Se tomamos os os nomes proprios
próprios este processo de identificagao
identificação da
designagao
designação éé também um processo de subj
tambémumprocesso etivagao. Receber
subjetivação. um nome éé
Receberumnome
um modo de fazer 0o individuo
defazer indivíduo se se ver como alguém identificado
identificado consigo
mesmo na medida
medida em que tem um nome. E neste caso éé interessante interessante ver
como aquilo
aquilo que éé designado
designado éé constituido
constituído pelo funcionamento
funcionamento da da nome-
acao
ação (pela qual se da dá nome a uma pessoa) e da referenciareferência (pela qual se se
particulariza
pafücularìza algo numa enunciagao
enunciação especifica).
específica). Deste
Deste modo aquele que
nomeia ééparte
parte do que identifica
identifica um sujeito. Identificagao
Identificação decisiva
decisiva para
que o funcionamento do nome na enunciagao refira
enunciação refìra alguém. O nome se se
refere exatamente porque sua designagao designação identifica
identifica a pessoa enquanto
sujeito na sociedade.
sociedade. Ou seja, aa referencia,
referência, aa particularizagao
particularização de alguém
que se
se faz por seu
seu nome é é possivel
possível porque o o nome, nono processo
processo enunciativo,
enunqiativo,
identifica
identifica alguém, por este este nome.
Neste caso éé interessante notar como as relagoes relações entre nomear e
designar de de um lado
lado e e{ designar e
e referir de outro, mostram como
referir de outro, como a
deontologia
deontologia enunciativa
enunciativa nao não éé caracterizada
caracteizadapor por um
um conj unto de
conjunto de atos que

9971
— — L
7-
f

se
se diferenciam
diferenciam pelas diferentes agoesações que realizam,
realizam, mas por um um conjunto nomes de de outras
outras linguas, mas mas isto
isto éé regulado,
regulado, no no nosso
nosso caso,
caso, pela
pela Lingua
Língua
de relagoes
relações entre
entre estes compromissos
compromissos que o dizer dizer constitui. E impossivel
impossível Portuguesa
Portuguesa enquanto
enquanto LinguaLíngua Oficial
oficial dasdas relagoes
relações no no Estado
Estado Brasileiro.
Brasileiro. E E
pensar o que faz um nome proprio
próprio de pessoa sem sem pensar
pensar o processo
processo pelo isto éé parte
parle da
da designagao
designação destesdestes nomes
nomes ee assim
assim do do processo
processo de de subjetivagao
subjetivação
qual se da dá um nome a alguém. Ou seja, tanto o que um nome designa, designa, das pessoas
pessoas nomeadas.
nomeadas. Nesta medida aa subjetivagao subjetivação éé significada
significada como como
quanto 0o que ele refere e como, esta está ligado a como um nome é dado a produzida
produzida pela relagao relação com oo Estado
Estado ee o o individuo
indivíduo éé subjetivado enquan-
subjetivado enquan-
alguém. Isto éé tal que aa capacidade
capacidade referencial
referencial do nome esta está ligada a a que to cidadao.
cidadão. Na mesma medida, medida, ao ser nomeado, o cidadao cidadão éé nomeado
nomeado
aa homonimia
homonímia dos nomesnomes proprios
próprios éé desfeita pela historia
história enunciativa
enunciativa que enquanto falante da
fal ante Lingua Nacional
daLíngua que oo nomeia. Nomear
Nomear éé assimassim inserir
inserir
deu um nomenome aa uma pessoa. Lembremos
Lembremos o o que dissemos
dissemos sobre, por exem- alguém, comocomo falante, num num espaco
espaço de de enunciagao
enunciação especifico.
específico.
plo, 0o fato de que Antonio Candido
Candido designa ou refere alguém enquanto Algo assemelhado
assemelhado se se da
dá com os os nomes de de rua,
rua, que
que também
também funcio-
nome
nome finico,
único, na medida
medida em que designara
designará uma uma pessoa ou outra, conside- nam neste mesmo espago espaço de enunciagao.
enunciação. Isto, Isto, aoao lado de significar as as
rando-se
rando-se que uma ou outra foi nomeada
nomeada por locutores
locutores diferentes. Uma é cidades como brasileiras, como falantes da Lingua Língua Nacional, reforga reforça aa
o Antonio Candido
Candido nomeado inicialmente
inicialmente Antonio Candido Candido de Mello e relagao
relação entre nomear os espagos espaços urbanos como parte do processo processo de de iden-
Souza ee outra éé um Antonio Candido nomeado nomeado inicialmente
inicialmente Antonio tificagao
tificação eelocalização
localizagao dos lugares do cidadao cidadão na cidade. Deste modo oo
Candido
Candido X, por exemplo. A relagao relação naonão é um nome/uma
nome/uma pessoa, é um memoravel
memoiável que em cada caso funciona funciona numa numa nomeagao
nomeação de de rua, como as as
pai/um nome/uma pessoa, pessoa, onde
onde um pai pai esta
estâ aqui para
para significar
significar uma que aqui analisamos, articula-se com este este espago
espaço de de enunciagao.
enunciaçã,o.8 E aaLín-
Lin-
nomeagao
nomeação feita do lugar social da patemidade.
paternidade. gua do Estado funcionafunciona como oo impedimento
impedimento de de nomeagoes
nomeações “indesejadas”
"indesejadas"
Embora
Embora naonão seja identico
idêntico oo processo, ele éé fundamentalmente
fundamentalmente seme- ao poder do Estado. Isto nao não significa que o processo de nomeagao nomeação nao não
lhante para 0o caso dos nomes de ruas. Estes nomes designam e referem reidenfique
reidenfique este espago,
espaço, embora
embora isto seja dificil,
difícil, aa partir
partir de
de rememoragoes
rememorações
ruas, na medida em que as as identificam
identificam num certo certo processo social
social ee histo-
histó- nao
não adequadas aà constituigao
constituição do espagoespaço enunciativo da da Lingua
Língua do do Esta-
rico. E aqui oo processo
processo envolve
envolve umaurîa relagao
relação de sentido entre aa identifica-
identifica- do. No corpus analisado nao não nos deparamos
deparamos com algo deste tipo, ao ao con-
gao
ção dosdos espagos
espaços pelos nomes ee sua
pelos nomes sua localizagao,
localizaçã,o, enquanto
enquanto efeito trario.
trârio. Lembremos
Lembremos aqui aa ausencia ausência de nomes como o o de
de Egidio
Egídio Rafacho,
institucional
institucional ee administrativo. O nome nome de rua trabalha assim aa identifica-
identifica- lider
líder sindical,
sindical, como nome de de rua na na cidade de de Cosmopolis.
Cosmópolis.
gao
ção do espago
espaço para pessoas e a localizagao
localização destas pelo Estado. Se passamos
paps4mos aos nomes comuns, observamos que, segundo nosso nosso
Uma pergunta caberia aqui: o que constitui a identificagao?
identificação? A no- ponto de partida
parlida ee nossa analise,
análise, aa divisao
divisão do do real pelo simbolico
simbólico consti-
meagao
meação ou aa designacao?
designação? A designagao,
designação, na medidamedida em que é aa designa- tui 0o movimento proprio próprio dada designagao.
designação. Ou sej a, estamos
seja, estamos também diante diante
gao
ção da palavra que que divide e redivide o real. real. Mas, no caso dos nomes de um processo de identificagaoidentificação do real pela linguagem, processo processo pelo
proprios,
próprios, como vimos, aa nomeagao
nomeação éé parte
parte do que constitui aa designagao
designação qual a linguagem se se torna capaz de referir objetos particulares,particulares, por um
do nome
nome ee nesta medida
medida participa desta identificagao.
identificação. Identificagao
Identificação que, processo enunciativo
enunciativo muito especifico específico que articula
articula umauma designagao
designação ee um
por outro lado, inclui as as referencias
referências que se fazem com o nome nome ee suas
suas acontecimento. Funcionamento
Funcionamento muito proprio próprio do do que
que sese chama,
chama, na na tradi-
tradi-
“reescrituragoes”.
"reescrituraç õe s ". Ao mesmo tempo aa particularizagao
particulari zaçã,o p ela referência éé
pela referencia gao dos estudos
estudos da referencia,
dareferência, de
de descrições definidas. Neste caso é crucial
descrigoes definidas. Neste caso é
ção
resultado deste processo de identificagao
identificação da designagao.
designação. Ou seja, éé por- ver como as as reescrituragoes
reescriturações de de um nome por outros outros vai, ao ao referir
referir como
como
que identifica
identifica que oo nome
nome refere
refere um um ser
ser finico.
único. E na na medida em que refere oo mesmo”,
mesmo3e, refazendo
refazendo insistentemente
insistentemente aa designagao
designação do do nome
nome reescriturado.
reescriturado.
em enunciagoes
enunciações diversas, ee éé também reescriturado
reescriturado por outras
outras referenci-
referênci- Aqui, de um modo muito especifico, específico, aa designagao
designação trabalha
trabalha incessante-
incessante-
as,
as, este nome, o o tempo todo, sese resignifica.
resignifica. E É isto que constitui o o proces- mente aa divisao
divisão ee redivisao
redivisão do do real que o o processo
processo de de reescrituragao
reescrituração mo-
so fundamental
fundamental da instabilidade da designagao.
designação. vimenta. Esta instabilidade
instabilidade éé propria
própria do do politico
político que que afeta
afeta radicalmente
radicalmente aa
Se
Se consideramos
consideramos agora, no caso caso dos
dos nomes proprios,
próprios, aarelação
relagao destas
destas lingua.
língua. Lembremos aqui como, como, na matéria "Terra Desaforada" cidade
na matéria “Terra Desaforada” cidade
analises
análises com o espago
espaço de enunciagao
enunciação em que se se dao
dão os
os acontecimentos
acontecimentos tem suasua designagao
designação reconstituida
reconstituída na na medida
medida em em que
que vai
vai sendo
sendo reescriturada
reescriturada
estudados, temos aa considerar que quanto quanto aosaos nomes de de pessoa, o o espago
espaço por municipio
município ee comarca,
comarca, ee na na medida em em queque reescreve
reescreve PedroP edro Canario.
Canário.
de enunciacao
enunciação éé o que define
define o falante enquanto
enquanto falante da da Lingua
Língua Nacio-
39. O
39. O que
que mostra uma certa inadequagao
iriadequação do
do nome descrigoes
descrições deflnidas
definidas para expressoes
expressões
nal, da
da Lingua
Língua do Estado. O locutor-pai
locutor-pai pode ate afé “batizar”
"batizar' ' seu
seu filho com
referenciais
refe¡enciais como
como a
a casa
casa da esquina
esquina

92 93
—- 7 r - er--— _

Ou ainda
ainda como grilagemtema
como grilagem tem a designagao refeita no
designação refeita desenrolar do
no desenrolar texto
do texto
“Reforma
"Reforma Agraria”.
Agránia" . Neste
Neste caso, por um processo de reescritura, no
processo de reescritura, no qual qual
referências que
grilagem é retomada por referencias vão de
que vao invasão aa posseiros,
de invasao posseiros,
passando por designação de grilagem éé aa cada
por dono, a designagao cada momento outra.
momento outra.
Por
Por outro lado, podemos
podemos ver como cidade tem tem uma
uma designacao dife-
designação dife-
rente em cada uma três matérias analisadas: "Terra.Desaforada",
das tres matérias analisadas: “Terra -Desaforada”,
das
“Cidade
"Cidade Anda a Passos Largos” Latgos" e “Grilagem Chique".
"Grilagem Chique”.
Em
Em “Terra
"Tena Desaforada”,
Desaforada", a designagao cidade se
designação de cidade
de constrói na
se constroi me-
na me-
dida em que eé reescriturada
reescrituradapot por municijvios comarcaeteescitttaPedro
municípios ee comarca e reescritura Pedro BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
Canario.
canório. E nesta indistingao designação de
constituída aa designagao
indistinção assim constituida cidade
de cidade
significa
significa a expansao
expansão do urbano sobre o campo campo pela metonímia do
pela metonimia comér-
do comer-
AUROUX,
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Campinas,
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como, rua, parque, praças, ciclovia,
estrada-parque, praeas, academia de
ciclovia, academia gi-
de gi-
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nastica,
nástica, casa. Isto divide a cidade entre um dentro (vida
casa.lsto (vida pessoal) um
pessoal) ee um
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Em “Grilagem
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Chique", na medida
ryedida em que se
em que se constitui sentido de
constitui oo sentido de Problemas de Lingafstica
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Campinas, Pontes,
Pontes, 1989.
grilagem,
grilagem,que que é apresentado
apresentado como uma uma reescrituragao cidades
reescrituração de cidades (nome
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11. Campinas,
da segao
seção em queque esta
estâ aa matéria), designação de
matéria), a designagao de cidade significada
cidade éé significada Pontes,
Pontes, 1989.
pelae
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do privado significado Problemas
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Campinas, Pontes,
Pontes, 1989.
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É interessante
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mT—m

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