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GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Secretaria de Estado de Saúde

Coordenação de Zoonoses Vigilância de Fatores de Riscos


Biológicos

Nota Técnica nº 21/SES/SUBVS-SVE-DVAT-CZVFRB/2022

PROCESSO Nº 1320.01.0155514/2022-53
Informações da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais acerca do risco
iminente de desabastecimento de soro antirrábico/imunoglobulina antirrábica e
possibilidade de reativação dos pólos de distribuição.

I - DAS ORIENTAÇÕES GERAIS


A profilaxia da raiva em pessoas agredidas previne a ocorrência de casos novos.
Assim, o esquema profilático adequado em tempo oportuno é de suma importância
para evitar a ocorrência de raiva humana.
Toda pessoa com histórico de exposição deve procurar assistência médica e,
conforme avaliação, receber vacinação ou soro vacinação ou, ainda,
acompanhamento durante o período de observação animal.
As pessoas com história de possível exposição ao vírus deverão ser atendidas em
unidade de saúde com capacidade para prestar atendimento adequado e oportuno.
Para os casos que tenham indicação de profilaxia de raiva humana, com vacina e
soro, deve-se ficar atento para evitar o abandono, garantindo o esquema de
vacinação completo e a obrigatoriedade da busca ativa pelos profissionais da rede
dos serviços de saúde.
Todo atendimento antirrábico deve ser notificado, independente do paciente ter
indicação de receber vacina ou soro antirrábico. Existe uma ficha específica
padronizada pelo SINAN, que se constitui em um instrumento fundamental para
decisão da conduta de profilaxia a ser adotada pelo profissional de saúde, que deve
ser devidamente preenchida e notificada.

II - DA EPIDEMIOLOGIA
A raiva é uma zoonose de grave consequência em uma sociedade, visto ser uma
doença com potencial para afetar todos os mamíferos e de evolução quase sempre
letal. Trata-se de uma doença infectocontagiosa, causada por um vírus, caracterizada
pelo comprometimento do Sistema Nervoso Central, sob a forma de uma encefalite.
Apenas os mamíferos transmitem e são acometidos pelo vírus da raiva. No Brasil,
caninos e felinos constituem as principais fontes de infecção nas áreas urbanas
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2018). Os quirópteros (morcegos) são os
responsáveis pela manutenção da cadeia silvestre, entretanto, outros mamíferos,
como canídeos silvestres (raposas e cachorro-do-mato), felídeos silvestres (gatos-
do-mato), outros carnívoros silvestres (jaritatacas, mão-pelada), marsupiais (gambás
e saruês) e primatas (saguis), também apresentam importância epidemiológica nos
ciclos enzoóticos da raiva. Na zona rural, a doença afeta animais de produção, como
bovinos, equinos e outros (ACHA; SZYFRES, 2003).

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Em Minas Gerais, casos isolados da doença em humanos têm ocorrido de forma
ocasional. No ano de 2022, dez anos após o último caso confirmado em Minas
Gerais, foram registrados quatro casos de raiva humana, envolvendo crianças
indígenas da etnia Maxakali, na zona rural do município de
Bertópolis/Superintendência Regional de Saúde de Teófilo Otoni.
Em 2019 foram notificados 03 (três) casos de raiva felina, nos quais se identificou a
variante 3 - espécie específica de Morcego Hematófago do vírus da raiva,
procedentes dos municípios de Itaú de Minas/MG – URS de Passos (1 caso); e dois
casos no município de Aimorés/MG (URS de Governador Valadares);
respectivamente. No ano de 2021, foi notificado 01(um) caso de raiva canina pela
variante 3 no município de São Tomás de Aquino/MG (Sul de Minas) e 01(um) caso de
raiva felina, variante 3, na região central do estado, município de Belo Horizonte/MG.
Situação semelhante foi observada no ano de 2022, com um canino positivo para
raiva no município de Belo Horizonte e um felino positivo no município de
Indaiabira/MG (Norte de Minas), com as variantes em investigação.

III - DA SITUAÇÃO
Minas Gerais apresenta uma média de 81.000 atendimentos antirrábicos ao ano,
sendo 95% destes provocados por cão ou gato, conforme figura 01. Em sua maioria,
animais observáveis.

Informamos que nos meses de Outubro e Novembro do ano de 2022, o Ministério da


Saúde enviou à SES-MG um quantitativo de soro antirrábico/SARH e imunoglobulina
antirrábica/IGARH bem abaixo do considerado ideal (minimamente 1.800 ampolas)

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para atendimento oportuno da demanda profilática antirrábica de Minas Gerais,
conforme figura 02.

Diante disso, poderá ocorrer a impossibilidade do atendimento da demanda de


SARH/IGARH para todas as Unidades Regionais de Saúde/URS, o que levará a
necessidade de reativação da distribuição dos soros antirrábicos por pólo que já
foram estabelecidos conforme Nota Técnica nº 13/SES/SUBVS-SVE-DVAT-
CZVFRB/2019 (processo nº 1320.01.0143477/2019-14).(9379958).
Assim sendo, reforça-se a necessidade do cumprimento dos protocolos de
prescrição ministeriais, a ampla divulgação do uso racional dos soros e a alocação
desses imunobiológicos, de forma estratégica, em áreas de maior risco de acidentes
e/ou agressões. Para evitar desabastecimento, é importante manter a rede de
assistência devidamente preparada para possíveis situações emergenciais de
transferências de pacientes e/ou remanejamento desses imunobiológicos de forma
oportuna.
Relembramos ainda a importância de se intensificar as capacitações dos profissionais
de saúde no sentido de se otimizar o atendimento e a utilização adequada destes
imunobiológicos, conforme diretrizes do protocolo de profilaxia antirrábica humana,
assim como a melhor gestão dos quantitativos e estoques a níveis locais de
abastecimento. Havendo a regularização do fornecimento de SARH e IGARH, as
unidades regionais serão comunicadas imediatamente.
Mais do que nunca, nesse momento, contamos com a colaboração das URS’s em
manter o preenchimento diário da planilha de controle de estoque de soros
antirrábicos do território de jurisdição. Tal ação é essencial para a rápida publicização,
entre as Unidades Regionais de Saúde da SES-MG, do estoque de soros antirrábicos
existente nestas, visando possíveis remanejamentos de pacientes e/ou soros
antirrábicos pelas URS’s frente ao risco de desabastecimento completo do nível
central da SES-MG. Pedimos também que seja mantido o informe semanal do estoque

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de soros antirrábicos (SARH e IGARH) no Relatório de Controle de Estoque de soros
antipeçonhentos e soros antirrábicos por unidade de soroterapia – MG. Tal medida se
faz necessária para que as URS’s possam agilizar o atendimento de profilaxias
antirrábicas humanas adequadamente avaliadas conforme protocolo ministerial.
A última atualização sobre a situação de distribuição de imunobiológicos antirrábicos
aos estados na rotina mensal publicizada pelo Ministério da Saúde encontra-se no BE
Vol. 53/Out. 2022. Nº 39.(56032413).

IV - DOS DESAFIOS
Desafios para o período de risco iminente de desabastecimento de soros
antirrábicos em MG:

Avaliação/validação das fichas de atendimento antirrábico pelas RT’s das URS’s


quanto a assertividade dos tratamentos indicados pelos profissionais de
saúde dos municípios de jurisdição, conforme normativa ministerial;
Digitação oportuna das doses utilizadas nos sistemas oficiais de informação;
Monitoramento da validade dos estoques desses imunobiológicos na
URS e descentralizados nos municípios de jurisdição para o devido
remanejamento quando necessário;
Atentar para correção, no banco SINAN, dos casos de atendimento antirrábico
humano notificados erroneamente como raiva humana quando solicitado pelo
nível central e/ou identificados no monitoramento de rotina da URS.

V - DOS DIRECIONAMENTOS (CONSIDERANDO A POSSIBILIDADE DE


REATIVAÇÃO DOS PÓLOS DE DISTRIBUIÇÃO):
Considerando a reunião dos Dirigentes Regionais, ocorrida em 14 de novembro de
2019, na qual foi publicizada pelas Unidades Regionais de Saúde/URS a inviabilidade
na gestão de estoques dos soros antirrábicos, em período de desabastecimento,
relembramos que, em conjunto com a Subsecretaria de Gestão Regional (SUBGR),
ficou definido:
1. Estabelecimento de seis pontos estratégicos nas URS's que serão “pólos de
distribuição de soro/imunoglobulina antirrábica” para o Estado de Minas Gerais.
Sendo elas: Barbacena, Belo Horizonte, Teófilo Otoni, Montes Claros, Patos de Minas
e Varginha.
Cada pólo de distribuição atenderá as demais regionais da seguinte maneira:
Se finalizar o estoque de um determinado pólo, as regionais deverão
buscar o pólo mais próximo, e, assim, sucessivamente até que o insumo
seja disponibilizado.
2. Cada pólo de distribuição deverá identificar os responsáveis técnicos que serão a
referência na dispensação e logística de distribuição para as outras Unidades
Regionais de Saúde demandantes.
3. Necessidade do preenchimento diário da planilha de controle de estoque de soros
antirrábicos do território de jurisdição por todas as URS’s. Tal ação é essencial para a
rápida publicização, entre as Unidades Regionais de Saúde da SES-MG, do estoque de
soros antirrábicos existente nestas.
4. O envio semanal da Planilha - Relatório de Controle de Estoque de soros

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antipeçonhentos e soros antirrábicos por Unidade de Soroterapia - MG deverá ser
mantido também.
5. Cada URS de ocorrência deverá avaliar criteriosamente, em concordância com o
protocolo ministerial vigente, as fichas de atendimento antirrábico produzidas por
seus municípios. Para discussão, em caso de dúvida na prescrição médica, o CIEVS
Minas será o ponto focal para a referida discussão.
6. Divulgação da Webaula de atualizações sobre a vigilância da raiva, disponível
através do link: https://www.youtube.com/watch?v=hcGIcTiVZsA&t=3417s , com
ampla publicização entre os municípios do estado de Minas Gerais para alcance dos
profissionais de saúde da área afim. É extremamente importante a divulgação das
informações do Protocolo e a capacitação dos profissionais para uso racional destes
imunobiológicos.
7. É recomendado que o transporte do SARH/IGARH seja realizado pelo motorista
acompanhado de um técnico com experiência em normas e condutas para
transporte de imunobiológicos, em razão da termolabilidade e risco de perda do
insumo. Este técnico poderá ser da URS ou do município solicitante.
8. Caberá a cada URS que seja pólo de distribuição de soro/imunoglobulina antirrábica
a definição do local de armazenamento do insumo, podendo ser na própria URS ou
em hospitais do território. Atentar que a dispensação poderá ocorrer durante os
finais de semana e feriados.

Atenciosamente,

Documento assinado eletronicamente por Ludmila Ferraz de Santana,


Servidor (a) Público (a), em 10/11/2022, às 13:18, conforme horário oficial
de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 47.222, de 26 de
julho de 2017.
Documento assinado eletronicamente por Mariana Gontijo de Brito,
Coordenador(a), em 10/11/2022, às 13:20, conforme horário oficial de
Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 47.222, de 26 de
julho de 2017.

Documento assinado eletronicamente por Marcela Lencine Ferraz, Diretor


(a), em 10/11/2022, às 14:15, conforme horário oficial de Brasília, com
fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 47.222, de 26 de julho de 2017.

Documento assinado eletronicamente por Elice Eliane Nobre Ribeiro,


Superintendente, em 10/11/2022, às 14:34, conforme horário oficial de
Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 47.222, de 26 de
julho de 2017.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site


http://sei.mg.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0, informando o código
verificador 56029871 e o código CRC A76FEA0F.

Referência: Processo nº 1320.01.0155514/2022-53 SEI nº 56029871

Nota Técnica 21 (56029871) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 5


39 Volume 53 | Out. 2022

Monitoramento dos casos de arboviroses


até a semana epidemiológica 41 de 2022
Coordenação-Geral de Vigilância das Arboviroses do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde (Cgarb/Deidt/SVS).*

As informações sobre dengue e chikungunya apresentadas neste boletim


Sumário são referentes às notificações ocorridas entre as semanas epidemiológicas
(SE) 1 a 41 (2/1/2022 a 15/10/2022), disponíveis no Sinan On-line. Os dados
1 Monitoramento dos casos
de zika foram consultados no Sinan Net até a SE 36 (2/1/2022 a 10/9/2022)
de arboviroses até a semana
epidemiológica 41 de 2022

12 Perfil epidemiológico de casos Situação epidemiológica de 2022


da doença de Creutzfeldt-Jakob
(DCJ) no Brasil, 2005 a 2021 Dengue
24 Informes gerais
Até a SE 41 de 2022 ocorreram 1.366.141 casos prováveis de dengue (taxa de
incidência de 640,4 casos por 100 mil hab.) no Brasil. Em comparação com
o ano de 2019, houve redução de 7,7% de casos registrados para o mesmo
período analisado. Quando comparado com o ano de 2021, ocorreu um
aumento de 183,8% casos até a respectiva semana (Figura 1).

Para o ano de 2022, a Região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de


incidência de dengue, com 1.929,8 casos/100 mil hab., seguida das Regiões:
Sul (1.029,8 casos/100 mil hab.), Sudeste (498,9 casos/100 mil hab.),
Nordeste (415,9 casos/100 mil hab.) e Norte (230,6 casos/100 mil hab.)
(Tabela 1, Figura 2, Figura 7A).

Os municípios que apresentaram os maiores registros de casos prováveis


de dengue até a respectiva semana foram: Brasília/DF, com 64.692 casos
(2.090,7 casos/100 mil hab.), Goiânia/GO, com 52.986 casos (3.406,1 /100 mil
hab.), Aparecida de Goiânia, com 23.537 casos (3.910,8 casos/100 mil hab.),
Joinville/SC, com 21.322 (3.526,0 casos/100il hab.), Araraquara/SP, com 21.116
Ministério da Saúde casos (8.778,5/100 mil hab.) e Anápolis/GO, com 19.165 (4.833,2 /100 mil hab.)
Secretaria de Vigilância em Saúde
(Tabela 2 – Anexo).
SRTVN Quadra 701, Via W5 – Lote D,
Edifício PO700, 7º andar
CEP: 70.719-040 – Brasília/DF Até a SE 41, foram confirmados 1.344 casos de dengue grave (DG) e 16.887
E-mail: svs@saude.gov.br casos de dengue com sinais de alarme (DSA). Ressalta-se que 657 casos de
Site: www.saude.gov.br/svs
DG e DSA permanecem em investigação.
Versão 1
21 de outubro de 2022

Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 6


Boletim Epidemiológico | Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde Volume 53 | N.º 39 | Out. 2022

120.000

2019 2020 2021 2022

100.000
Nº de casos prováveis de dengue

80.000

60.000

40.000

20.000

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52
Semana Epidemiológica de Início de Sintomas

Fonte: Sinan Online (banco de dados atualizado em 17/10/2022). Dados sujeitos a alteração.
*Dados referentes a SE 41.

FIGURA 1 Curva epidêmica dos casos prováveis de dengue, por semanas epidemiológicas de início de sintomas, Brasil, 2019 a 2022*

Norte Nordeste Centro Oeste Sudeste Sul

450,0

400,0
Taxa de Incidência dengue (casos/100 mil hab.)

350,0

300,0

250,0

200,0

150,0

100,0

50,0

0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
Semana Epidemiológica

Fonte: Sinan Online (banco de dados atualizado em 17/10/2022). Dados sujeitos a alteração.
*Dados referentes a SE 41.

FIGURA 2 Distribuição da taxa de incidência de dengue por Região, Brasil, SE 1 a 41/2022*

Boletim Epidemiológico Editores responsáveis:


ISSN 9352-7864 Arnaldo Correia de Medeiros, Breno Leite Soares,
Cássio Roberto Leonel Peterka, Daniela Buosi Rohlfs,
©1969. Ministério da Saúde. Secretaria de Gerson Pereira, Giovanny Vinícius Araújo de França (SVS)
Vigilância em Saúde.
Produção:
É permitida a reprodução parcial ou total desta Área editorial GAB/SVS
obra, desde que citada a fonte e que não seja
para venda ou qualquer fim comercial. Revisão:
Samantha Nascimento, Erinaldo Macêdo (Área editorial GAB/SVS)
Projeto gráfico/diagramação:
Fred Lobo, Sabrina Lopes (Área editorial GAB/SVS)
2

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Boletim Epidemiológico | Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde Volume 53 | N.º 39 | Out. 2022

Até o momento, foram confirmados 920 óbitos por Paulo (272), Goiás (129), Paraná (105), Santa Catarina (88)
dengue, sendo 796 por critério laboratorial e 124 e Rio Grande do Sul (66). Permanecem em investigação
por critério clínico epidemiológico. Os estados que outros 130 óbitos. (Figura 3A e 3B).
apresentaram o maior número de óbitos foram: São

A B

Fonte: Sinan Online (banco de dados atualizado em 17/10/2022). Dados sujeitos a alteração.

FIGURA 3 Distribuição de óbitos confirmados e em investigação por dengue, por município, Brasil, SE 1 a 41/2022

Chikungunya Os municípios que apresentaram os maiores registros


de casos prováveis de chikungunya até a respectiva
Até a SE 41 de 2022 ocorreram 168.830 casos prováveis semana foram: Fortaleza/CE, com 20.624 casos (755,5
de chikungunya (taxa de incidência de 79,1 casos por casos/100 mil hab.), Maceió/AL, com 5.220 casos
100 mil hab.) no Brasil. Em comparação com o ano de (506,0 casos/100 mil hab.), Brejo Santo/CE com 3.645
2019, houve aumento de 34,6% de casos registrados casos (7.261,7 casos/100 mil hab.), Crato/CE, com 3.393
para o mesmo período analisado. Quando comparado casos (2.533,7 casos/100 mil hab.), Salgueiro/PE com
com o ano de 2021, ocorreu um aumento de 86,8% 3.121 casos (5.069,8 casos/100 mil hab.), Juazeiro do
casos até a respectiva semana (Figura 4). Norte/CE, com 2.908 casos (1.045,1 casos/100 mil hab.)
e João Pessoa/PB com 2.835 casos (343,3 casos/100
Para o ano de 2022, a Região Nordeste apresentou a mil hab.) (Tabela 2 – Anexo).
maior incidência (254,8 casos/100 mil hab.), seguida
das Regiões Centro-Oeste (35,0 casos/100 mil hab.) Até o momento foram confirmados 79 óbitos para
e Norte (25,6 casos/100 mil hab.) (Tabela 1, Figura 4, chikungunya no Brasil, sendo que o Ceará concentra
Figura 7B). 48,1% (38) dos óbitos. Ressalta-se que 35 óbitos estão
em investigação no País.

Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 8


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12.000

10.000
Casos Prováveis de chikungunya

8.000

6.000

4.000

2.000

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52
Semana Epidemiológica
2019 2020 2021 2022

Fonte: Sinan Online (banco de dados atualizado em 17/10/2022). Dados sujeitos a alteração.
*Dados referentes a SE 41.

FIGURA 4 Curva epidêmica dos casos prováveis de chikungunya, por semana epidemiológica de início de sintomas, Brasil, 2019 a 2022*

Zika 2019, os dados representam um aumento de 21,1% no


número de casos do País. Quando comparado com
Com relação aos dados de zika, ocorreram 10.501 ca- o ano de 2021, observa-se um aumento de 92,6%
sos prováveis até a SE 36 de 2022, correspondendo a no número de casos. Ressalta-se que não foram
uma taxa de incidência de 4,9 casos por 100 mil hab. notificados óbitos por zika no País até a respectiva
no País (Tabela 1, Figura 5, Figura 7C). Em relação a semana do ano de 2022.

700

600

500
Casos prováveis de Zika

400

300

200

100

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52
Semana Epidemiológica

2019 2020 2021 2022

Fonte: Sinan NET (banco de dados atualizado em 13/9/2022). Dados sujeitos a alteração.
*Dados referentes a SE 36.

FIGURA 5 Curva epidêmica dos casos prováveis de zika, por semanas epidemiológicas de início de sintomas, Brasil, 2019 a 2022*

Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 9


Boletim Epidemiológico | Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde Volume 53 | N.º 39 | Out. 2022

Até a SE 36 foram registrados 668 casos prováveis de zika em gestantes foram Rio Grande do Norte (33),
zika em gestantes (Figura 6), destes 143 foram confir- Bahia (26), Alagoas (21) e Paraíba (18), concentrando
mados. Os estados que mais confirmaram casos de 68,5% dos casos no Brasil.

Fonte: Sinan NET (banco de dados atualizado em 13/9/2022, referente à SE 36). Dados sujeitos a alterações.

FIGURA 6 Distribuição de casos prováveis de zika em gestantes, por município, Brasil, SE 1 a 36/2022

Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 10


Boletim Epidemiológico | Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde Volume 53 | N.º 39 | Out. 2022

B C

Sinan On-line (banco de dados atualizados em 17/10/2022, referente à SE 41). Sinan NET (banco de dados atualizado em 13/9/2022, referente à SE 36).
Dados sujeitos a alterações.

FIGURA 7 Distribuição da taxa de incidência de dengue, chikungunya e zika, por município, Brasil, SE 1 a 41/2022

Febre amarela A transmissão do vírus entre PNH foi registrada


apenas no estado do Paraná (Figura 10), sinalizando a
Entre julho de 2022 e junho de 2023 (SE 41), foram circulação ativa do vírus nesse estado e o aumento do
notificados 485 primatas não humanos suspeitos de risco de transmissão às populações humanas durante o
FA, das quais um (0,3%) foi confirmado por critério próximo período sazonal (dezembro a maio). Não houve
laboratorial (Figura 8). No mesmo período, foram registro de casos humanos confirmados no período de
notificados 123 casos humanos suspeitos de FA, dos monitoramento atual.
quais nenhum foi confirmado (Figura 9).

Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 11


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60
N.º de primatas não-humanos

50

40

30

20

10

0
SE
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
2022 2023
Período sazonal

Confirmadas (1) Em investigação (213) Indeterminadas (156) Descartadas (115)

Fonte: Cgarb/Deidt/SVS/MS. Dados sujeitos a alterações.

FIGURA 8 Primatas não humanos (PNH) suspeitos de FA, por semana epidemiológica de ocorrência e classificação, julho de 2022 a junho
de 2023 (SE 41)

18
N.º de casos

15

12

0
SE
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52

10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
1
2
3
4
5
6
7
8
9

Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
2022 2023
Período sazonal

Confirmados (0) Em investigação (51) Não encerrados (0) Descartados (72)

Fonte: Cgarb/Deidt/SVS/MS. Dados sujeitos a alterações.

FIGURA 9 Casos humanos suspeitos de febre amarela, por semana epidemiológica de início de sintomas e classificação, julho de 2021 a
junho de 2022 (SE 41)

Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 12


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Fonte: Cgarb/Deidt/SVS/MS. Dados sujeitos a alterações.

FIGURA 10 Distribuição de primatas não humanos (PNH) e dos casos humanos confirmados para FA por município do local provável de
infecção no Brasil, julho de 2022 a junho de 2023 (SE 41)

Recomendações Inseticidas utilizados para o


controle do Aedes aegypti
Recomenda-se a intensificação da vigilância na área
com transmissão para identificar novos eventos Foi enviado às UF, até 17 de outubro de 2022, o quanti-
suspeitos, incluindo casos humanos, e a busca ativa tativo de 80.220.000 pastilhas de larvicida (Espinosade
e a vacinação de indivíduos não vacinados. 7,48%) para o tratamento de recipiente/depósitos de
A prevenção de surtos e óbitos por FA depende da água. Neste período, foram distribuídos 6.482 Kg do
adoção de ações preventivas e da preparação das inseticida Clotianidina 50% + Deltametrina 6.5%, para o
redes de vigilância, de imunização, de laboratórios e tratamento residual em pontos estratégicos (borracha-
de assistência, além da comunicação de risco, para rias, ferros-velhos etc). E para aplicação espacial (UBV),
aumentar as capacidades de vigilância e resposta e foram direcionados às UF 209.350 litros de Imidaclopri-
reduzir a morbimortalidade pela doença no País. do 3% + Praletrina 0,75%.

Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 13


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Ações realizadas Workshops Internacionais:


»»Parceria CGARB, Centro de Informação em Saúde
Visitas técnicas pela RS, DF, GO, RO e CE e Silvestre da Fiocruz (CISS/PIBSS/Fiocruz) e
Videoconferências com as 27 UF pela Sala de Situação Imperial College London do Reino Unido (22 a
de Arboviroses (maio e junho/2022). 26/08/2022).
Implantação da Estratégia Estações Disseminadoras »»International Panel Discussion on the Contribution
em municípios de Santa Catarina (Florianópolis, of Data Modelling for Health Policy and
Joinville e outros). Surveillance;
Visita técnica ao estado do Espírito Santo para »»Workshop on Data Modelling: Underpinning the
conhecimento e aprimoramento das novas Pathway from Data Collection to Outbreak Analysis.
tecnologias. Evento OMS (26 e 30/09/2022):
Oficina SISS-Geo no estado de RR. »»Avaliação Parcial da Estratégia EYE (Eliminate
Capacitações Presenciais: Yellow fever Epidemics). Organização Mundial da
»»Capacitação Integrada sobre Malária, Arboviroses Saúde (OMS), em conjunto com a Organização
Urbanas, Febre Amarela, Febre do Nilo Ocidental, Pan-Americana da Saúde (OPAS-Brasil) e CGARB.
Investigação de Surtos e Vigilância da Raiva Reuniões realizadas em Brasília/DF, São Paulo/SP,
Humana e Animal, realizada no município de Belo Horizonte/MG e Rio de Janeiro/RJ.
Brasiléia/AC, no período de 12 a 14/9/2022. Reunião técnica interinstitucional (11/10/2022):
»»Reunião técnica para Capacitação de 27 »»Formação de Grupo Interinstitucional de Saúde
colaboradores estaduais como parte do projeto Única (GTI- Saúde Única), promovida pela CGZV/
Fortalecimento da Vigilância das Arboviroses no Deidt com representações da Cgarb, Cglab, Mapa,
Brasil, no período de 4 a 7/10/2022. MMA, Ibama, ICMBio, Anvisa e Conselhos Federais
»»Capacitação em Entomologia, Vigilância de Medicina Veterinária, Biologia, Medicina e
Entomológica e Controle do Aedes às equipes de Enfermagem.
arboviroses da SES/Bahia (17 a 21/10/2022). Proposta de instituição do Proarbo - Programa de
Capacitações on-line: Prevenção, Vigilância e Controle das Arboviroses.
»»Controle do Aedes aegypti em Pontos Estratégicos Desenvolvimento do Sistema de Informações para
para o estado de Rondônia. Gestão das Arboviroses – Sigarb.
»»Manejo Clínico para profissionais de saúde do
município de Palmas – TO.
»»Diagnóstico Laboratorial de Arboviroses,
para profissionais de vigilância, assistência e
laboratório, das 27 UF, em parceria com a CGLAB,
Saes e Saps.
»»Doenças Neuroinvasivas por Arbovírus para os
estados do RN e TO.
Capacitações para profissionais da Renaveh – Rede
Nacional de Vigilância Epidemiológica Hospitalar
(julho a setembro/2022)
»»Vigilância de Óbitos por Dengue.
»»Vigilância de casos de dengue, chikungunya e Zika.
»»Doenças Neuroinvasivas por Arbovírus.
Webinários para atualização técnica (meses de agosto
a outubro/2022):
»»Metodologia do levantamento entomológico LIRAa/LIA;
»»Orientações para elaboração de Planos de
Contingência e preparação ao aumento de casos;
»»Orientação para investigação de óbitos por
arboviroses;
»»Orientações para elaboração e aplicação de
Diagrama de Controle.

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Anexos
TABELA 1 Número de casos prováveis, taxa de incidência (/100 mil hab.) e variação de dengue e chikungunya até a SE 41 e zika até a
SE 36, por região e UF, Brasil, 2022

Dengue SE 41 Chikungunya SE 41 Zika SE 36

Região/UF Incidência Incidência Incidência


Casos (casos/100 Casos (casos/100 Casos (casos/100
mil hab.) mil hab.) mil hab.)
Norte 43.594 230,6 4.832 25,6 522 2,76
Rondônia 10.705 589,7 149 8,2 38 2,1
Acre 2.912 321,1 55 6,1 9 1,0
Amazonas 3.214 75,3 174 4,1 213 5,0
Roraima 42 6,4 94 14,4 6 0,9
Pará 5.852 66,7 342 3,9 86 1,0
Amapá 217 24,7 29 3,3 20 2,3

Tocantins 20.652 1.284,8 3.989 248,2 150 9,3

Nordeste 239.834 415,9 146.924 254,8 9.059 15,7


Maranhão 6.824 95,4 2.265 31,7 316 4,4
Piauí 26.812 815,1 9.956 302,7 207 6,3
Ceará 44.828 485,1 53.022 573,8 618 6,7
Rio Grande do Norte 40.802 1.145,8 14.179 398,2 4.354 122,3
Paraíba 28.649 705,7 18.500 455,7 1.000 24,6
Pernambuco 21.177 218,9 17.797 184,0 550 5,7
Alagoas 31.309 930,3 9.556 284,0 822 24,4
Sergipe 5.596 239,3 3.955 169,1 162 6,9
Bahia 33.837 225,8 17.694 118,1 1.030 6,9
Sudeste 447.212 498,9 10.560 11,8 439 0,5
Minas Gerais 86.229 402,7 7.330 34,2 68 0,3
Espírito Santo 1
7.980 194,2 1.120 27,3 256 6,2
Rio de Janeiro 10.473 60,0 609 3,5 34 0,2
São Paulo 342.530 734,3 1.501 3,2 81 0,2
Sul 313.088 1.029,8 663 2,2 198 0,7
Paraná 158.438 1.366,1 281 2,4 19 0,2
Santa Catarina 86.069 1.172,8 153 2,1 47 0,6
Rio Grande do Sul 68.581 598,1 229 2,0 132 1,2
Centro-Oeste 322.413 1.929,8 5.851 35,0 283 1,7
Mato Grosso do Sul 21.904 771,5 630 22,2 42 1,5
Mato Grosso 33.271 932,7 309 8,7 152 4,3
Goiás 202.546 2.810,6 4.361 60,5 77 1,1
Distrito Federal 64.692 2.090,7 551 17,8 12 0,4
Brasil 1.366.141 640,4 168.830 79,1 10.501 4,9

Fonte: Sinan On-line (banco de dados atualizados em 17/10/2022, referente à SE 41). Sinan Net (banco atualizado em 13/9/2022). Dados consolidados do Sinan On-line e e-SUS
Vigilância em Saúde atualizados em 30/7/2022. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (população estimada em 1/7/2021). Dados sujeitos a alterações.

10

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TABELA 2 Municípios com maiores registros de casos prováveis de dengue e chikungunya até a SE 41 e zika até a SE 36, Brasil, 2022

UF de residência Município de residência Casos Incidência (casos/100 mil hab.)


Dengue SE 41
DF Brasília 64.692 2.090,7
GO Goiânia 52.986 3.406,1
GO Aparecida de Goiânia 23.537 3.910,8
SC Joinville 21.322 3.526,0
SP Araraquara 21.116 8.778,5
GO Anápolis 19.165 4.833,2
SP São José do Rio Preto 18.885 4.025,2
CE Fortaleza 17.846 660,1
RN Natal 14.429 1.609,1
PR Cascavel 13.056 3.884,9
Chikugunya SE 41
CE Fortaleza 20.649 763,8
AL Maceió 5.124 496,7
CE Brejo Santo 3.641 7.253,7
CE Crato 3.394 2.534,5
PE Salgueiro 3.162 5.136,4
CE Juazeiro do Norte 2.908 1.045,1
PB João Pessoa 2.798 338,8
TO Palmas 2.589 826,2
PI Teresina 2.308 264,9
PE Petrolina 1.989 553,5

Zika SE 36

RN Touros 340 1008,4


AL União dos Palmares 334 506,3
RN Parnamirim 325 119,3
PB Queimadas 313 705,1
RN Natal 297 33,1
RN Macaíba 268 323,6
BA Macajuba 233 2058,7
RN Arês 194 1335,5
RN Baía Formosa 187 1995,1
RN Santo Antônio 182 745,2

Fonte: Sinan On-line (banco de dados atualizados em 17/10/2022, referente à SE 41). Sinan Net (banco atualizado em 13/9/2022). Dados consolidados do Sinan On-line e e-SUS
Vigilância em Saúde atualizados em 30/7/2022. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (população estimada em 1/7/2021). Dados sujeitos a alterações.

*Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses (Cgarb/Deidt/SVS): Alessandro Pecego Martins Romano, Anne Aline Pereira de Paiva, Camila Ribeiro
Silva, Cassio Roberto Leonel Peterka, Daniel Garkauskas Ramos, Daniel Ferreira de Lima Neto, Danielle Bandeira Costa de Sousa Freire, Eduardo Lana,
Gilberto Gilmar Moresco, Karina Ribeiro Leite Jardim Cavalcante, Pablo Secato Fontoura, Pedro Henrique de Oliveira Passos, Poliana da Silva Lemos,
Sulamita Brandão Barbiratto, Thiago Ferreira Guedes. Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública (Cglab/Daevs/SVS): Thiago Guedes, Daniel
Ferreira de Lima Neto, Emerson Luiz Lima Araújo, Karina Ribeiro Leite Jardim Cavalcante.

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Perfil epidemiológico de casos da


doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ)
no Brasil, 2005 a 2021
Coordenação-Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria
de Vigilância em Saúde (CGZV/Deidt/SVS)*.

Introdução Entre as formas de apresentação clínica existentes,


a DCJ esporádica é a mais comum, porém, não há
A Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é uma doença causa ou fonte infecciosa conhecida, assim como,
priônica humana que além de rara é rapidamente não há registros de transmissão de pessoa a pessoa.
progressiva e fatal. A doença que foi descrita pela Representando cerca de 85% dos casos confirmados
primeira vez em 1920 por Hans Gerhard Creutzfeldt por DCJ, mundialmente, apresenta uma discreta maior
e Alfons Jakob na Alemanha é uma Encefalopatia incidência entre pessoas do sexo feminino.1,4
Espongiforme Transmissível Humana (EETH) que
provoca um conjunto de alterações neuropatológicas A DCJ também pode se apresentar na forma clínica here-
cuja causa está ligada com a existência e disseminação ditária, decorrente de uma mutação no gene (PRNP) que
anormal de uma proteína priônica patogênica codifica a produção da proteína priônica, representando
denominada (PrPsc).1-3 entre 10% a 15% dos casos totais. Ou ainda na forma ia-
trogênica, que pode ser adquirida através de procedimen-
A DCJ é considerada uma doença cosmopolita que é tos cirúrgicos ou na utilização de instrumentos neuroci-
responsável anualmente por uma a duas mortes por cada rúrgicos contaminados. Essa forma da doença compreen-
milhão de habitantes. Além disso, 90% dos indivíduos de 1% dos casos já relatados em todo o mundo.1-3
acometidos evoluem para óbito entre seis meses e um
ano após o início dos sinais e sintomas, sendo a média de Para a investigação de casos é importante a
sobrevida de cinco meses.1-4 realização de exames como a detecção da proteína
14-3-3 do líquido cefalorraquidiano, ressonância
Além da DCJ, outras EETHs afetam os humanos, como magnética e tomografia computadorizada, além do
a doença de Gerstmann-Sträussler-Scheinker (GSS), eletroencefalograma que pode mostrar alterações
a Insônia Familiar Fatal (IFF) e o Kuru. Contudo, a típicas de estágios avançados da doença.7-10
degeneração progressiva das habilidades psicomotoras
dos indivíduos acometidos pela DCJ é bem mais Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a defi-
acelerada quando comparada com outras demências.4-6 nição de um caso suspeito de DCJ é realizado com base
na avaliação de sinais e sintomas, exames laboratoriais
A faixa etária de maior incidência para a DCJ é entre e de imagem e história epidemiológica do paciente. Con-
55 e 70 anos, com média de 65 anos. Apresentando forme recomendado pelo Centro de Controle e Prevenção
sintomatologia variada e inespecífica, as de Doenças dos Estados Unidos (CDC/EUA), pelo Centro
manifestações clínicas são semelhantes com outras Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC),
classes de demências e transtornos neurológicos pela OMS e indicado no Protocolo de Notificação e In-
progressivos como Alzheimer ou a doença de vestigação da Doença de Creutzfeldt-Jakob do Ministério
Huntington. Destacam-se sinais e sintomas como dor da Saúde, a confirmação de casos requer a realização de
de cabeça, fadiga, sono, falta de apetite, desordem testes neuropatológicos e/ou imunocitoquímicos para
cerebral, perda de memória, tremores, falta de identificação da proteína do príon patogênico (PrPsc) e/ou
coordenação motora, distúrbios de linguagem e perda presença de fibrilas positivas para PrPsc. No entanto, por
visual. Já com a progressão do quadro, pode ocorrer se tratar de um procedimento muito invasivo e arriscado
insônia, depressão, ataques epiléticos, paralisia que requer a abertura do crânio é indicado apenas em
facial, dentre outros.1,3,6 situação post mortem.7-13

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Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 17


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Além disso, atualmente, há a possibilidade de realização No Brasil, desde que foi instituída a obrigatoriedade
do exame de Real-Time Quaking-Induced Conversion de notificação da doença em 2005, nunca houve
(RT-QuIC) do líquido cefalorraquidiano para a registro de caso da vDCJ. Em mais de 20 anos de
classificação de casos suspeitos da doença. A técnica vigilância instaurada para a detecção da EEB clássica
apresenta alto grau de sensibilidade (entre 69% e 93%) em bovinos de produção, causadora da vDCJ em
e especificidade (99% a 100%).7-10 humanos, jamais foram encontrados casos no país.
Questão que reforça a inexistência de casos ou óbitos
Embora tenham sido estudadas diversas alternativas pela vDCJ na população humana. Neste sentido, desde
terapêuticas, nenhuma se mostrou efetiva para a 2012, o Brasil possui o reconhecimento da World
reversão da evolução fatal da doença. Por tanto, ainda Organisation for Animal Health (WOAH), como país de
não há tratamento para nenhuma das formas da DCJ, risco insignificante para a EEB.10,15,18,19
sendo apenas recomendadas estratégias de manejo de
suporte e controle das complicações.4,5
Justificativa
No Brasil, a DCJ passou a integrar a lista de doenças
de notificação compulsória em 2005. Apesar de não Com base no cenário apresentado, entende-se que
ser uma zoonose, sua vigilância, em nível federal, compreender o perfil epidemiológico da DCJ pode
é desenvolvida pelo Grupo Técnico de Saúde Única ser um recurso potencializador para o fortalecimento
da Coordenação-Geral de Vigilância de Zoonoses e da vigilância, pois, pode possibilitar a construção
Doenças de Transmissão Vetorial do Departamento de informações mais fidedignas e úteis para o
de Imunização e Doenças Transmissíveis (CGZV/Deidt) planejamento estratégico e o direcionamento das
da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Minis- políticas públicas para o monitoramento e definição
tério da Saúde (MS), que busca promover a articula- de medidas de prevenção e biossegurança para a
ção intersetorial, interdisciplinar e interinstitucional orientação de condutas relacionadas ao manejo da
nas ações de vigilância, prevenção e controle, para DCJ no Brasil.
detecção precoce de casos da DCJ e identificação de
possíveis casos da vDCJ.1-5,8,13-15
Métodos
Variante da Doença de Creutzfeldt- Trata-se de um estudo observacional descritivo
-Jakob (vDCJ) realizado com o uso de dados secundários provenientes
das notificações de casos suspeitos de DCJ no Sistema
No ano 1996 foram caracterizados os primeiros casos da de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), no
Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ). Trata- período de janeiro de 2005, ano em que a doença
-se de uma Encefalopatia Espongiforme Transmissível passou a integrar a lista de doenças de notificação
Humana (EETH) que está associada principalmente ao compulsória no Brasil, a dezembro de 2021.
consumo de carne e subprodutos de bovinos contami-
nados com Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) A análise dos dados foi realizada com a utilização do
clássica, conhecida como “Doença da Vaca Louca”.13,14,16 programa Microsoft Excel® para tabulação e análise
descritiva, e do programa QGis versão 3.22.9, para
A vDCJ é uma doença zoonótica considerada muito rara, construção dos mapas utilizando base cartográfica, em
não endêmica em nenhum país do mundo, sendo que formato shapefile, no sistema de projeção geográfica
o último caso registrado no Reino Unido aconteceu em do Brasil disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de
2016. Esta doença afeta predominantemente jovens e Geografia e Estatística (IBGE).20
adultos, entre 16 e 48 anos e apresenta maior incidência
em indivíduos com idade média de 29 anos.14,16,17 Foram realizadas a triagem e tratamento do banco de
dados, excluindo as duplicidades a partir das variáveis:
Conforme o Centro de Controle e Prevenção de Doenças nome do paciente, data de nascimento, nome da mãe,
dos Estados Unidos (CDC/EUA) a duração mediana data dos primeiros sintomas e data da classificação
da doença é de treze a quatorze meses após o início final. Também foram excluídas as notificações em
dos sinais e sintomas, caracterizados inicialmente por que não havia o preenchimento de data de início
sintomas psiquiátricos proeminentes, sensoriais e de sintomas ou cujo registro foi realizado com data
comportamentais.8,13 posterior às datas de nascimento ou óbito.

13

Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 18


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Utilizaram-se as seguintes variáveis do banco de dados:

QUADRO 1 Variáveis utilizadas na análise dos dados

Faixas etárias:
0 – 24 anos
25 – 34 anos
35 – 44 anos
Idade 45 – 54 anos
55 – 64 anos
65 – 74 anos
75 – 85 anos
> 85 anos
Masculino
Sexo
Sociodemográficas Feminino
Branca
Preta
Raça/cor Amarela
Parda
Indígena
Urbana
Zona de residência Periurbana
Rural

Unidade da Federação (UF) de residência –

Sinais e sintomas Data dos primeiros sintomas


Confirmado
Classificação final
Descartado
Laboratorial
Critério de confirmação
Clínico-epidemiológico
Clínico-epidemiológicas Cura
Óbito pelo agravo
Evolução do caso
Óbito por outras causas
Ignorado
Óbito Data do óbito
UF de notificação –

Fonte: Autoria própria.

Resultados No período de 2005 a 2021 foram registradas no Brasil


1.576 notificações de casos suspeitos da doença
Como resultado da triagem e tratamento dos dados de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), encontrados com maior
foram excluídos 1,9% (30) dos registros de notificação frequência em indivíduos residentes nas Regiões Sul,
por ausência de preenchimento da variável “data de Sudeste e Nordeste. Os estados com maior número
início de sintomas” e por ocorrência de “duplicidades”, de casos notificados no período foram: São Paulo com
na Figura 1, é representado o método de triagem do 32,5% (512), Paraná com 12,0% (189) e Minas Gerais com
banco de dados. 10% (158) (Figura 2).

14

Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 19


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Duplicidades:
18

Total de
Banco de dados: Triagem notificações:
1.606 registros dos dados
1.576

Sem data de
início de
sintomas: 12

Fonte: Desenvolvido pelos autores a partir de dados do Sinan.

FIGURA 1 Fluxograma do processo de triagem e tratamento do banco de dados

Fonte: Sinan, atualizado em 10/5/2022 (dados sujeitos a alterações).

FIGURA 2 Distribuição geográfica dos casos suspeitos de DCJ por UF de residência no período de 2005 a 2021, Brasil (N = 1.576)

Dentre os casos suspeitos notificados, 34,7% (547) foram Entre os casos que foram classificados como confirma-
classificados como confirmados para DCJ, 29% (457) dos, para o critério de confirmação laboratorial, foram
foram descartados e em 36,3% (572) das notificações, a registrados 65,6% (359) dos indivíduos, por critério
classificação final foi ignorada (Figuras 3 e 4). clínico-epidemiológico 29,4% (161) e, em 4,9% (27), não foi
informado o critério de confirmação (Tabela 1).

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Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 20


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Fonte: Sinan, atualizado em 10/5/2022 (dados sujeitos a alterações).

FIGURA 3 Distribuição geográfica dos casos suspeitos de DCJ classificados como confirmados por UF de residência no período de 2005
a 2021, Brasil

Fonte: Sinan, atualizado em 10/5/2022 (dados sujeitos a alterações).

FIGURA 4 Distribuição geográfica dos casos suspeitos de DCJ classificados como descartados por UF de residência no período de 2005
a 2021, Brasil

16

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TABELA 1 Distribuição dos casos suspeitos de DCJ classificados como confirmados com base no critério de classificação registrado por UF
de residência no período de 2005 a 2021, Brasil

UF Laboratorial (n) % Clínico-epidemiológica (n) % Não informado (n) %

RO 1 0,3 1 0,6 0 0,0


AC 0 0,0 0 0,0 0 0,0
AL 3 0,8 1 0,6 0 0,0
AM 0 0,0 1 0,6 0 0,0
BA 1 0,3 1 0,6 1 3,7
CE 0 0,0 0 0,0 0 0,0
DF 0 0,0 0 0,0 0 0,0
ES 1 0,3 1 0,6 0 0,0
GO 4 1,1 1 0,6 0 0,0
MA 11 3,1 9 5,6 4 14,8
MG 8 2,2 0 0,0 2 7,4
MS 0 0,0 4 2,5 0 0,0
MT 11 3,1 10 6,2 1 3,7
PA 1 0,3 0 0,0 0 0,0
PB 1 0,3 0 0,0 0 0,0
PE 9 2,5 9 5,6 2 7,4
PI 31 8,6 29 18,0 3 11,1
PR 3 0,8 2 1,2 0 0,0
RJ 30 8,4 8 5,0 0 0,0
RN 130 36,2 62 38,5 10 37,0
RO 32 8,9 9 5,6 3 11,1
RR 25 7,0 3 1,9 1 3,7
RS 26 7,2 9 5,6 0 0,0
SC 3 0,8 1 0,6 0 0,0
SE 0 0,0 0 0,0 0 0,0
SP 23 6,4 4 2,5 0 0,0
TO 5 1,4 2 1,2 0 0,0
Total 359 100,0 161 100,0 27 100,0

Fonte: Sinan, atualizado em 10/5/2022 (dados sujeitos a alterações).

Já com relação aos registros de “evolução dos casos”, evolução para “cura”, contudo, somente 2,5% destes
foi informado “óbito pelo agravo” em 18,4% (290) das (40) faziam parte do total de casos confirmados.
notificações (Figura 5). Os “óbitos por outras causas” Também foram identificados registros de casos sem o
representam 12,8% (201) das notificações e apesar de a preenchimento da evolução, sendo estes 55,8% (879) do
DCJ apresentar 100% de letalidade, em 13,1% (206) das total de notificações.
notificações foi realizado registro de classificação de

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Fonte: Sinan, atualizado em 10/5/2022 (dados sujeitos a alterações).

FIGURA 5 Distribuição geográfica dos casos suspeitos de DCJ com registro de evolução para óbito por UF de residência no período de
2005 a 2021, Brasil

Entre os estados com maior destaque quanto ao idade mínima inferior a um ano e máxima de 105 anos,
percentual de notificações de casos, confirmações seguida pelas faixas etárias de 45 a 54 anos, com 15%
e óbitos, destacam-se: São Paulo com 36,9% (202) (237) e 75 a 85 anos com 11,8% (186) de casos suspeitos
de confirmações e 38,3% (111) de óbitos; seguido do registrados, com pico da curva de distribuição normal na
Paraná com 8,0% (44) de casos confirmados e 8,3% idade média de 66 anos. O mesmo recorte de idade se
(24) de óbitos; e Minas Gerais com 10,4% (57) dos casos destaca quanto aos óbitos registrados por DCJ (Figura 6).
confirmados e 10,7% (31) do total de óbitos.
A partir do ano 2012 foi observada maior frequência de
Com relação às características sociodemográficas, a maior notificações para DCJ, com maior concentração de casos
frequência de notificações foi registrada entre as idades suspeitos entre as faixas etárias de 55 a 64 e 65 a 74 anos,
de 55 a 74 anos, representando 60,2% (994) do total, com conforme representado na série histórica (Figura 7).

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650
600
550
80 99
500
450
CASOS E ÓBITOS

400
350
300
250 42
476 473
200 28
150
237
100 17 186
50 5 4 6
92 9
27 30 38 17
0
0 - 24 25 - 34 35 - 44 45 - 54 55 - 64 65 - 74 75 - 85 > 85 Não
informado
FAIXA ETÁRIA

CASOS ÓBITOS

Fonte: Sinan, atualizado em 10/5/2022 (dados sujeitos a alterações).

FIGURA 6 Distribuição dos casos (n = 1.576) e óbitos (n = 290) suspeitos de DCJ por faixa etária no período de 2005 a 2021, Brasil

180
170
160
150
140
NOTIFICAÇÕES POR FAIXA ETÁRIA

130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
ANO

0 - 24 25 - 34 35 - 44 45 - 54 55 - 64 65 - 74 75 - 85 > 85 Não informado

Fonte: Sinan, atualizado em 10/5/2022 (dados sujeitos a alterações).

FIGURA 7 Série histórica de casos suspeitos de DCJ com base na faixa etária, no Brasil (n = 1.576)

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A maior frequência de notificações foi registrada no Já quanto ao sexo, foi observada pequena variação,
ano de 2019 com 11% (174) do total. Já nos anos de 2020 sendo 53,6% (845) de casos suspeitos do sexo
e 2021, período pandêmico de covid-19, ocorreu uma feminino e 46,3% (730) do sexo masculino. Houve
redução da frequência de casos suspeitos notificados, predominância de 61,4% (968) de indivíduos da raça/
sendo de 21,3% em 2020. Com relação aos óbitos não cor branca, e 90% (1.418) residiam em áreas urbanas
foi identificada grande variação no número de registros (Tabela 2).
quando analisada toda a série histórica (Figura 8).

225

200
23
175
FREQUÊNCIA DE REGISTROS

35
150 22 24 22

34 21 15
125

24 24
100
174
75
10 140 142 137 142
7 15 118 123
7 113
50 96 99
2 63
25 49 57 53
2 0 35
0 2 1
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
ANO
CASOS ÓBITOS

Fonte: Sinan, atualizado em 10/5/2022 (dados sujeitos a alterações).

FIGURA 7 Série histórica de casos suspeitos de DCJ notificados (n = 1.576) e óbitos (n = 290) registrados entre 2005 e 2021 no Brasil

TABELA 2 Distribuição das variáveis sociodemográficas dos casos suspeitos de DCJ notificados entre 2005 e 202 no Brasil (n = 1.576)

Sexo n %
Masculino 730 46,3
Feminino 845 53,6
Ignorado 1 0,1
Raça/cor
Branca 968 61,4
Preta 55 3,5
Amarela 27 1,7
Parda 349 22,1
Indígena - -
Ignorado 177 11,2
Continua

20

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Conclusão

Faixa etária
0 – 24 27 1,7
25 – 34 30 1,9
35 – 44 92 5,8
45 – 54 237 15,0
55 – 64 476 30,2
65 – 74 473 30,0
75 – 85 186 11,8
> 85 38 2,4
Não informado 17 1,1
Zona de residência
Urbana 1418 90,0
Rural 87 5,5
Periurbana 7 0,4
Ignorado 15 1,0
Não Informado 49 3,1

Fonte: Sinan, atualizado em 10/5/2022 (dados sujeitos a alterações).

Considerações finais letalidade, não havendo tratamento que possibilite a


reversão da evolução fatal da DCJ.9-15 Podendo ainda ser
No Brasil, com a implementação do sistema de compreendido como um viés de informação decorrente
vigilância da DCJ e sua inserção na lista de doenças da baixa qualidade dos dados.
de notificação compulsória no ano de 2005, foi
observado um aumento progressivo do número de Foram identificadas ainda notificações com ausência
registros de casos suspeitos. A análise permitiu do registro quanto à evolução dos casos, o que
observar uma maior elevação no número de registros não é recomendado. Contudo esse fato pode estar
de casos a partir de 2012, com aumento expressivo relacionado à dificuldade no seguimento dos casos
do número de notificações, sugerindo uma maior pelos profissionais dos serviços de saúde em função do
sensibilidade da vigilância quanto à identificação e período de evolução da DCJ, que pode ser longo. Além
registro de casos suspeitos.9 disso, pode haver baixo conhecimento da vigilância da
doença, ou ainda, a limitação de campos para registro
Foi identificada também importante incompletude de de dados na ficha de notificação, por não ser específica
dados nos registros de notificação de casos suspeitos para a DCJ. Essa questão também pode dificultar o
de DCJ. Em função desta limitação de registros advinda processo de investigação, atualização e lançamento de
das notificações com preenchimento na base de dados informações no Sinan.4,9,10
do Sinan incompletos, foi necessária a retirada de casos
notificados da análise do banco de dados. Essa ausência No processo de investigação de casos suspeitos de DCJ,
de informações pode ser um fator determinante quanto os diagnósticos diferenciais devem ser considerados, ao
à qualidade dos dados, visto que, diante das análises passo que há condições como a doença de Alzheimer,
há possibilidade de serem geradas hipóteses ou a demência por Corpos de Lewy, o edema cerebral,
conclusões que não refletem adequadamente a situação as encefalopatias metabólicas, a doença de Pick,
epidemiológica analisada.21 entre outras, que podem desencadear características
neuropatológicas similares.1,4,9 Porém, a qualidade
Dentre os casos confirmados para DCJ foram dos dados clínicos registrados nos formulários de
identificados registros de evolução para cura, porém, notificação, principalmente referentes à descrição de
esse desfecho não condiz com o que é relatado na sinais e sintomas, tende a constituir um fator limitante
literatura, dado fato de a doença apresentar 100% de no processo de vigilância.

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Assim como é observado na literatura, com relação 3. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
às características sociodemográficas, foi identificada Encefalopatia espongiforme transmissível:
maior frequência de casos suspeitos notificados entre caderno técnico. Primeira edição, Brasília, 2004.
indivíduos da raça/cor branca, seguido da raça/cor Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/
parda, e, quanto à zona de residência, a maior parte dos wp-content/uploads/2019/06/Caderno-de-
casos informou morar em áreas urbanas. orienta%C3%A7%C3%B5es-tecnicas-DCJ.pdf.

Internacionalmente é esperada uma pequena variação 4. NIH. National Library of Medicine. National Center
quanto ao sexo das pessoas que apresentam a doen- for Biotechnology Information. RT-QuIC: a new test
ça, com predominância do sexo feminino.7,9 Este perfil for sporadic CJD. Pract Neurol. 2019 Feb; 19(1): 49–55.
também foi observado neste estudo, sendo identifica- Disponível em:https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/
da uma singela diferença entre os casos notificados, articles/PMC6580883/.
sendo a maioria dos casos do sexo feminino.
5. Brasil. Ministério da Saúde. Doença de Creutzfeldt-
Foram identificadas notificações de casos suspeitos de Jakob. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível
DCJ entre pessoas com idade inferior a 25 anos, todavia, em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/
é extremamente rara a ocorrência da doença entre saude-de-a-a-z/d/dcj.
pessoas nessa faixa etária. A exceção ocorre nos casos
da vDCJ, que é adquirida pelo consumo de carne bovina 6. CDC. Centers of Disease Control and Prevention.
contaminada com EEB, pode se manifestar a partir dos Clinical and Pathologic Characteristics for
20 anos.1-4,21 Dessa forma, é possível a ocorrência de Creutzfeldt-Jakob Disease (CJD). USA, 2018. Disponível
inconsistência no banco de dados em função da baixa em: https://www.cdc.gov/prions/cjd/clinical-
qualidade no preenchimento das notificações. pathologiccharacteristics.html

Diante do exposto, compreende-se que é primordial o 7. Pinto, A. F. C; Freitas, R. B.; Coelho, F. A.; Soares, C. Q.
aprimoramento pelos municípios e estados dos registros G.; Fidélis, C. F.; Fófano, G. A.; Silva, L. F. L.; Ferreira, I.
de notificações de casos no Sinan para torná-lo capaz M. Doença de Creutzfeldt-Jakob: Casos Notificados
de gerar informações de qualidade que subsidiem as e Confirmados no Estado de Minas Gerais entre os
tomadas de decisão no que diz respeito a essa doença. anos de 2007 e 2016. Revista Científica Fagoc Saúde
Dessa forma, recomenda-se a adoção de estratégias que - Volume II – 2017. Disponível em: https://revista.
visem o aperfeiçoamento do processo de notificação unifagoc.edu.br/index.php/saude/article/view/291.
da doença e melhoria da qualidade de dados, tanto por
meio da oferta de treinamentos aos profissionais de 8. CDC. Centers of Disease Control and Prevention.
saúde e melhoria dos instrumentos de registro quanto Variant Creutzfeldt-Jakob Disease (vCJD). EUA, 2021.
pelo monitoramento efetivo dos sistemas de vigilância Disponível em: https://www.cdc.gov/prions/vcjd/
visando identificar falhas e construir soluções adequadas diagnostic-criteria.html.
aos processos de trabalho.
9. Xiao K, Yang X, Zhou W, Chen C, Shi Q, Dong X.
Validation and Application of Skin RT-QuIC to Patients
Referências in China with Probable CJD. Pathogens. 2021 Dec
19;10(12):1642. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.
1. CDC. Centers of Disease Control and Prevention. nih.gov/pmc/articles/PMC8707901/.
Creutzfeldt-Jakob Disease, Classic (CJD). EUA, 2021.
Disponível em: https://www.cdc.gov/prions/cjd/ 10. Bassit, N. P; Pavanello, E. I.; Madalosso, G.; Brito, S.
index.html. N.; Souza, S. C. Z. Vigilância Sentinela da Doença de
Creutzfeldt-Jakob (DCJ) no município de São Paulo,
2. NCJDRSU. The University of Edinburgh. The National 2005 a 2010. I Simpósio de Vigilância em Saúde
CJD Research & Surveillance UNIT (NCJDRSU). Scotland, da Cidade de São Paulo: do conceito à prática.
2020. Disponível em: http://www.cjd.ed.ac.uk/. Coordenação de Vigilância em Saúde, São Paulo, 2011.
Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/
resource/pt/biblio-937406.

22

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11. World Health Organization. WHO manual for 18. NCJDRSU. The National CJD Research & Surveillance
surveillance of human transmissible spongiform Unit. Creutzfeldt-Jakob Disease Surveillance In The
encephalopathies, including variant Creutzfeldt- Uk - 29th Annual Report. Western General Hospital,
Jakob disease. Geneva, Switzerland, 2003. Edinburgh, 2020. Disponível em: http://www.cjd.ed.ac.
Disponível em: https://apps.who.int/iris/ uk/sites/default/files/report29.pdf.
handle/10665/42656?show=full.
19. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância
12. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Portaria n.º 05 de 21 de fevereiro
em Saúde. Situação epidemiológica dos casos da de 2006. Brasília, 2005. Disponível em: https://
doença de Creutzfeldt-Jakob, Brasil, 2005 a 2013. bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/2006/
Boletim epidemiológico: Secretaria de Vigilância em prt0005_21_02_2006_comp.html.
Saúde - Ministério da Saúde, v. 47, 2016.
20. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
13. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Bases cartográficas contínuas, 2021. Disponível em
em Saúde. Protocolo de Notificação e Investigação https://www.ibge.gov.br/geociencias/cartas-e-mapas/
da Doença de Creutzfeldt-Jakob com foco na bases-cartograficas-continuas.html.
identificação da nova variante. Brasília: Ministério
da Saúde, 2018. Disponível em: https://bvsms.saude. 21. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância
gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_notificacao_ em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica
investigacao_doenca_creutzfeldt_jakob.pdf. de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde.
5. ed. rev. e atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.
14. OIE. Organización Mundial de Sanidad Animal. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
Encefalopatía espongiforme bovina, 2018. Disponível publicacoes/guia_vigilancia_saude_5ed_rev_atual.pdf.
em: https://www.woah.org/es/enfermedad/
encefalopatia-espongiforme-bovina/. 22. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA). Sistema Brasileiro de Prevenção e Vigilância
15. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB). Brasília,
em Saúde. Portaria n.º 33 de 14 de julho de 2005. 2015. Disponível em: https://www.gov.br/ltura/pt-br/
Brasília, 2005. Disponível em: https://bvsms.saude. assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/
gov.br/bvs/saudelegis/svs/2005/prt0033_14_07_2005. programas-de-saude-animal/raiva-dos-herbivoros-e-
html. eeb/CartilhaEEBtcnica.pdf/view.

16. European Centre for Disease Prevention and Control.


Creutzfeldt-Jakob Disease in the UK (By Calendar
Year). União Europeia, 2022. Disponível em: http://
www.cjd.ed.ac.uk/sites/default/files/figs.pdf.

17. European Centre for Disease Prevention and Control.


European Creutzfeldt-Jakob Disease Surveillance
Network (EuroCJD). União Europeia, 2022. Disponível
em: https://www.ecdc.europa.eu/en/about-us/
who-we-work/disease-and-laboratory-networks/
european-creutzfeldt-jakob-disease.

*Coordenação-Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial (CGZV): Ana Julia Silva e Alves, Marcelo Daniel Segalerba Bourdette,
Denizard André de Abreu Delfino, Natiela Beatriz de Oliveira, Vivyanne Santiago Magalhães, Francisco Edilson Ferreira de Lima Junior, Marcelo Yoshito Wada.
Coordenação de Gestão de Risco das Emergências em Saúde Pública (CGRESP)/Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do
Sistema Único de Saúde – Nível Avançado (EpiSUS -Avançado): Maiara Almeida Maia, Leonardo José Alves de Freitas.

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Situação da distribuição Vacina meningocócica ACWY: a vacina foi incorporada


ao Calendário Nacional de Imunizações em 2020 para
de imunobiológicos aos atendimento da população adolescente de 11 e 12
estados para a rotina do anos. Ainda não possui média de consumo mensal e,
considerando a necessidade de manutenção do esto-
mês de outubro/2022 que estratégico, foi possível distribuir 306.600 doses.

Contextualização II – Dos imunobiológicos com atendimento


parcial da média mensal de distribuição
O Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis
(Deidt) informa acerca da situação da distribuição dos Devido à indisponibilidade do quantitativo total no
imunobiológicos aos estados para a rotina do mês de ou- momento de autorização dos pedidos, os imunobio-
tubro de 2022, conforme capacidade de armazenamento lógicos abaixo foram atendidos de forma parcial à
das redes de frio estaduais. média mensal.

QUADRO 2 Imunobiológicos atendidos de forma parcial

Rotina outubro/2022 Imunoglobulina Antitetânica Tríplice Viral


I – Dos imunobiológicos com atendimento Hepatite B Vacina contra a poliomielite
de 100% da média mensal de distribuição Imunoglobulina anti-varicela zoster Oral (VOP)

QUADRO 1 Imunobiológicos enviados 100% da média regularmente Fonte: Sies/Deidt/SVS/MS.

Vacina raiva humana (vero) Imunoglobulina anti-hepatite B


Informamos que os estoques do Ministério se en-
Vacina febre amarela Vacina DTP
contram muito restritos para esses insumos devido à
Vacina varicela Vacina hexavalente dificuldade que os laboratórios produtores enfrentam
Vacina HPV Vacina meningocócica C para a produção e/ou devido a reprogramação de
entrega por parte do fornecedor.
Vacina pentavalente Vacina rotavírus

Vacina poliomielite
Vacina pneumocócica-10
inativada (VIP)
III – Dos imunobiológicos com
Vacina pneumocócica-13 Vacina dupla adulto (dT)
indisponibilidade de estoque
Vacina pneumocócica-23 Vacina dTpa adulto (gestante)

Vacina BCG - Devido à indisponibilidade de estoque e contarmos


apenas com quantitativo de segurança, não foi possível
Fonte: Sies/Deidt/SVS/MS.
distribuir os imunobiológicos listados a seguir:

Soro antibotulínico: neste mês foram enviadas 5 ampo- QUADRO 3 Imunobiológicos indisponíveis
las a todos os estados, pois o estoque descentralizado
Vacina DTPa Crie
venceu. Assim, o esquema de distribuição continua
sendo em forma de reposição (mediante comprovação Hepatite A Crie
da utilização para o grupo de vigilância epidemiológica Fonte: Sies/Deidt/SVS/MS.
do agravo do Ministério da Saúde).

Soro antidiftérico (SAD): neste mês novo quantitativo Acrescenta-se, ainda, que devido a morosidade logís-
foi enviado para o estoque estratégico do insumo a tica durante a pandemia e a burocracia dos processos
todos os estados devido a validade próxima. Dessa de aquisição internacional, houveram dificuldades na
forma, o esquema de distribuição será em forma de compra das vacinas.
reposição (mediante comprovação da utilização para
o grupo de vigilância epidemiológica do agravo do
Ministério da Saúde).

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IV – Dos imunobiológicos com Para mais informações sobre a distribuição desses insu-
indisponibilidade de aquisição e distribuição mos, acessar o link:
https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/vacinas/
Vacina tetra viral: este imunobiológico é objeto de plano-nacional-de-operacionalizacao-da-vacina-contra-
Parceria de Desenvolvimento Produtivo, entre o -a-covid-19/informes-tecnicos?b_start:int=0
laboratório produtor e seu parceiro privado. O MS
adquire toda a capacidade produtiva do fornecedor VI – Dos soros antivenenos e antirrábico
e ainda assim não é suficiente para atendimento da
demanda total do país. Informamos que há problemas O fornecimento dos soros antivenenos e soro antirrábico
para a produção em âmbito mundial e não apenas no humano permanece limitada. Este cenário se deve à sus-
Brasil, portanto, não há fornecedores para a oferta pensão da produção dos soros pela Fundação Ezequiel Dias
da vacina neste momento. Por esse motivo, vem (Funed) e pelo Instituto Vital Brasil (IVB), para cumprir as
sendo realizada a estratégia de esquema alternativo normas definidas por meio das Boas Práticas de Fabricação
de vacinação com a tríplice viral e a varicela (BPF), exigidas pela Anvisa. Dessa forma, apenas o Butantan
monovalente, que será ampliado para todas as está fornecendo esse insumo e sua capacidade produtiva
regiões do País. Dessa forma, a partir de junho todas máxima não atende toda a demanda do País. Corroboram
as unidades federadas deverão compor sua demanda com esta situação as pendências contratuais destes labo-
por tetra viral dentro do quantitativo solicitado de ratórios produtores, referentes aos anos anteriores, o que
tríplice viral e varicela monovalente. impactou nos estoques estratégicos do MS e a distribuição
desses imunobiológicos às unidades da Federação.
DTPa (Crie): Após duas tentativas de aquisição fra-
cassadas, a vacina foi substituída pela vacina penta Soro antiaracnídico (loxoceles, phoneutria e tityus)
acelular, a qual também não apresentou fornece- Soro antibotrópico (pentavalente)
dores na aquisição 2021/2022 e, portanto, foi subs- Soro antibotrópico (pentavalente) e antilaquético
tituída pela vacina hexavalente, a qual está sendo Soro antibotrópico (pentavalente) e anticrotálico
atualmente distribuída. Vale informar que parte da Soro anticrotálico
demanda de 2023 foi adquirida através do Fundo Ro- Soro antielapídico (bivalente)
tatório Opas/OMS e a primeira entrega foi realizada Soro antiescorpiônico
no presente mês. Soro antilonômico
Soro antirrábico humano
Hepatite A (Crie): Após tentativas de aquisição Imunoglobulina antirrábica
fracassadas por falta de fornecedores, há previsão
de entrega de novas doses para o final do mês de O quantitativo vem sendo distribuído conforme análise
outubro/2022. criteriosa realizada pela Coordenação-Geral de Vigilância
de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial (CGVZ),
V – Da Campanha contra a covid-19 considerando a situação epidemiológica dos acidentes
por animais peçonhentos e atendimentos antirrábicos,
A Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), por meio no que diz respeito ao soro antirrábico, e as ampolas
do Departamento de Imunização e Doenças Trans- utilizadas em cada UF, bem como os estoques nacional e
missíveis (Deidt), informa que após a declaração do estaduais de imunobiológicos disponíveis, e também, os
encerramento da Emergência em Saúde Pública de cronogramas de entrega a serem realizados pelos labora-
Importância Nacional (Espin) e, em consequência, o tórios produtores.
enceramento das atividades da Secretaria Extraordi-
nária de Enfrentamento à Covid-19 (Secovid/MS), por Diante disso, reforça-se a necessidade do cumprimento
meio da Portaria GM/MS nº 913, de 22 de abril de dos protocolos de prescrição, a ampla divulgação do uso
2022, esta SVS assumiu a gerência e distribuição dos racional dos soros, rigoroso monitoramento dos estoques
insumos destinados ao combate da Pandemia em 27 no nível estadual e municipal, assim como a alocação
de maio de 2022. A partir desta data, a distribuição desses imunobiológicos de forma estratégica em áreas
atende as demandas solicitadas pelos Estados e Dis- de maior risco de acidentes e óbitos. Para evitar desa-
trito Federal conforme solicitações no Sies. bastecimento, é importante manter a rede de assistência

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Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 30


Boletim Epidemiológico | Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde Volume 53 | N.º 39 | Out. 2022

devidamente preparada para possíveis situações emer- Esta determinação aplica-se, inclusive, para casos em
genciais de transferências de pacientes e/ou remaneja- que tenha ocorrido interferência ou pedido, mesmo
mento desses imunobiológicos de forma oportuna. que por escrito, de qualquer autoridade, para envio
contrariando o que foi explicitado acima. EXCETO ape-
Ações educativas em relação ao risco de acidentes, nas: o Diretor do Departamento de Logística em Saúde;
primeiros socorros e medidas de controle individual e o Secretário-Executivo; o Ministro da Saúde ou seus
ambiental devem ser intensificadas pela gestão. substitutos eventuais, podem autorizar o envio priori-
tário de material com prazo de validade mais longo.
VII – Da Rede de Frio estadual
A Rede de Frio é o sistema utilizado pelo PNI, que tem o IX – Da conclusão
objetivo de assegurar que os imunobiológicos (vacinas,
diluentes, soros e imunoglobulinas) disponibilizados O Ministério da Saúde tem realizado todos os esfor-
no serviço de vacinação sejam mantidos em condições ços possíveis para a regularização da distribuição dos
adequadas de transporte, armazenamento e distribui- imunobiológicos e vem, insistentemente, trabalhando
ção, permitindo que eles permaneçam com suas carac- conjuntamente com os laboratórios na discussão dos
terísticas iniciais até o momento da sua administração. cronogramas de entrega, com vistas a reduzir possíveis
Os imunobiológicos, enquanto produtos termolábeis impactos no abastecimento desses insumos ao País.
e/ou fotossensíveis, necessitam de armazenamento
adequado para que suas características imunogênicas As autorizações das solicitações estaduais de
sejam mantidas. imunobiológicos, referentes à rotina do mês de
outubro de 2022, foram realizadas no Sistema de
Diante do exposto, é necessário que todas as UF pos- Informação de Insumos Estratégicos (Sies), no dia
suam rede de frio estruturada para o recebimento dos 6 de outubro de 2022 e foram inseridas no Sistema
quantitativos imunobiológicos de rotina e extra rotina de Administração de Material (Sismat), no dia 10 de
(campanhas) assegurando as condições estabelecidas outubro. Informa-se que os estados devem permanecer
acima. O parcelamento das entregas às UF, acarreta utilizando o Sies para solicitação de pedidos de rotina
em aumento do custo de armazenamento e transporte. e complementares (extra rotina).
Assim, sugerimos a comunicação periódica entre redes
de frio e o Departamento de Logística do Ministério da Para informações e comunicações com o Departamento de
Saúde para que os envios sejam feitos de forma mais Imunização e Doenças Transmissíveis (Deidt/SVS/MS), favor
eficiente, eficaz e econômica para o SUS. contatar sheila.nara@saude.gov.br e sabrina.cunha@
saude.gov.br e alexander.bernardino@saude.gov.br ou
pelo telefone (61) 3315-6207/3648.
VIII – Do envio de imunobiológicos de acordo
com o prazo de validade em estoque Pedimos para que essas informações sejam repassadas
aos responsáveis pela inserção dos pedidos no Sies a fim
Informamos que de acordo com o Ofício Circular de evitar erros na formulação, uma vez que quaisquer cor-
n.º 41/2022, de 25/03/2022, da Secretaria Executiva deste reções atrasam o processo de análise das áreas técnicas.
Ministério da Saúde, que tem como objetivo otimizar
a gestão do estoque que se encontra armazenado no Para informações a respeito dos agendamentos de entre-
Centro de Distribuição em Guarulhos – SP, determina que gas nos estados, deve-se contatar a Coordenação-Geral
fica VEDADO o envio de material, medicamento ou não, de Logística de Insumos Estratégicos para Saúde (CGLOG),
cujo prazo de validade seja posterior a item existente através do e-mail: sadm.transporte@saude.gov.br ou dos
em estoque com prazo de validade anterior, a partir contatos telefônicos: (61) 3315-7764 ou (61) 3315-7777.
de tal data. Itens com prazo de validade mais curtos
devem, SEMPRE, ser remetidos ANTES de itens com
prazo de validade mais longos.

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Anexo (56032413) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 31


GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE

Coordenação de Zoonoses Vigilância de Fatores de Riscos Biológicos

Memorando-Circular nº 55/2022/SES/SUBVS-SVE-DVAT-CZVFRB
Belo Horizonte, 10 de novembro de 2022.
Ao(À) Sr(a).: Todas as Unidades Regionais de Saúde da SES-MG
Aos cuidados do(a) Coordenador(a) Epidemiologia

Assunto: Nota Técnica nº 21/SES/SUBVS-SVE-DVAT-CZVFRB/2022

Prezado(a) Coordenador(a),

Em tempo nossos cordiais cumprimentos.


Vimos por meio deste informar sobre a publicação da Nota Técnica nº
21/SES/SUBVS-SVE-DVAT-CZVFRB/2022 ( 56029871) que se refere
às Informações da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais acerca
do risco iminente de desabastecimento de soro antirrábico/imunoglobulina
antirrábica e possibilidade de reativação dos pólos de distribuição.

Solicitamos a Vsa. alinhamento entre as áreas técnicas afins dessa Unidade Regional
de Saúde.

Atenciosamente,

Documento assinado eletronicamente por Ludmila Ferraz de Santana,


Servidor (a) Público (a), em 10/11/2022, às 13:18, conforme horário oficial
de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 47.222, de 26 de
julho de 2017.
Documento assinado eletronicamente por Mariana Gontijo de Brito,
Coordenador(a), em 10/11/2022, às 13:20, conforme horário oficial de
Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 47.222, de 26 de
julho de 2017.

Documento assinado eletronicamente por Marcela Lencine Ferraz, Diretor


(a), em 10/11/2022, às 14:15, conforme horário oficial de Brasília, com
fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 47.222, de 26 de julho de 2017.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site


http://sei.mg.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0, informando o código
verificador 56045968 e o código CRC C38C36EB.

Referência: Processo nº 1320.01.0155514/2022-53 SEI nº 56045968

Memorando-Circular 55 (56045968) SEI 1320.01.0155514/2022-53 / pg. 32

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