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Polytechnique 2020 (Matemática)

Rafael Nagai
rafaelnagaimat@hotmail.com
2020

1
Sumário
1 Questões 3

2 Solução 3

2
1 Questões
1. Considere P (x) ∈ Z[x] (polinômio com coeficientes inteiros)
(a) Podemos afirmar que sempre existe uma matriz A tal que o polinômio carac-
terı́stico PA (x) = P (x)?

(b) Considere que:


n
Y
P (x) = (x − λi ), λi ∈ C
i=1

Prove então que o polinômio PQ (x) definido por


n
Y
P (x) = (x − λqi ), q ∈ Z+
i=1

Possui somente coeficientes inteiros.

(c) Considere que |λi | ≤ 1. Prove que λi é raiz da unidade.

1
cos(x 3 )
2. Seja f (x) = 2 . Defina:
x3
Z n+1
un = f (x)dx − f (n)
n
P∞
A série n=1 un é convergente?

2 Solução
1. (a) Esse primeiro item é bastante carteado, e eu sabia decor a resposta pois essa
matriz é utilizada para se fazer uma das demonstrações do teorema de Cayley
Hamilton, que eu particularmente acho muito bonito, e acabei decorando.
Neste caso, escrevi um polinômio genérico na forma:
P (x) = xn − an−1 xn−1 − an−2 xn−2 − · · · − a1 xq − a0
Tome a matriz A tal que:
 
0 0 ··· 0 a0
1
 0 ··· 0 a1 

A = 0
 1 ··· 0 a2 

 .. .. ... .. .. 
. . . . 
0 0 ··· 1 an−1
A matriz possui diagonal principal nula e a “diagonal secundária”igual a 1,
além da última coluna com os coeficientes de P(x).
(Inicialmente, eu esqueci de adicionar o último número 1 e escrevi a matriz
errada, mas o examinador me falou que eu havia errado um detalhe e consertei
rapidamente.)
Após escrito a matriz, disse que ela tinha como Polinômio caracterı́stico o
polinômio P (x) e fomos para a outra questão.

3
(b) Inicialmente, tentei analisar cada um dos coeficientes do polinômio; por exem-
plo, para o a0 e o a00 , temos:
n
Y
a0 = λi ∈ Z
i=1

n n
!q
Y Y
a00 = λqi = λi ∈Z
i=1 i=1

Mas percebi que o mesmo raciocı́nio furava para outros coeficientes, como o
an−1 , por exemplo, e eu sempre fui informando para o examinador o que estava
pensando e tentando. Logo que disse isso, ele me disse para ”usar o item
anterior”. Então, escrevi a matriz A do item anterior, e disse para o examinador
que ”caso todos os λ fossem diferentes, então eu saberia resolver rapidamente,
pois a matriz seria diagonalizável, e ele me disse para tratar esse caso particular
então.
Como a Matriz A é diagonalizável, existe uma matriz invertı́vel Q tal que:

A = QDQ−1

Onde:  
λ1 0 ··· 0 0
0
 λ2 ··· 0 0 
D=0
 0 λ3 ··· 0 
 .. .. .. .. .. 
. . . . .
0 0 0 ··· λn
Ao se calcular Aq , obtemos que:

Aq = QDq Q−1

Onde Aq possui somente coeficientes inteiros (visto que veio de uma matriz
com coeficientes inteiros) e Dq é a matriz:

λq1
 
0 ··· 0 0
0
 λq2 ··· 0 0 
D =0
q  0 λq3 ··· 0 
 .. .. .. .. .. 
. . . . .
0 0 0 ··· λqn
De onde se observa que o polinômio caracterı́stico de Aq , que é o mesmo de
Dq , que é o polinômio PQ , terá somente coeficientes inteiros. Feito isto, o
examinador me pediu para que eu fizesse agora a solução para o caso geral.
Neste caso, considerei que a matriz A é triangularizável, ou seja:

A = QT Q−1

E repeti o processo, escrevendo a forma de T e de T q , dando ênfase apenas


para a diagonal principal, onde os elementos seriam da forma λqi . Como Aq
provêm de A com coeficientes inteiros apenas e tem o mesmo caracterı́stico que
T , então PQ tem apenas coeficientes inteiros.

4
Por fim, o examinador me pediu para falar se esse era o caso geral, e eu estava
em dúvidas, pois disse que A tinha como corpo os inteiros, e nesse caso ela
não seria sempre triangularizável, mas ele me corrigiu e disse que o corpo era
dos complexos. Logo em seguida eu disse então que todas as matrizes eram
triangularizáveis, e que o caso geral então estava provado.
(c) Eu não fazia (e até hoje não faço) ideia de como se resolve este exercı́cio. No
momento do exame, eu escrevi que, se λ ∈ C e |λ| ≤ 1, então ela é escrita na
forma:
λ = pcis(θ), cis(θ) = cos(θ) + i · sen(θ) e p ≤ 1
Aqui, escrevi os possı́veis casos como 2:
ˆ p < 1; neste caso, se tomamos λn com n → ∞, então λn = 0.
ˆ p = 1; neste caso, λn não converge para nenhum valor, pois temos λn =
cis(nθ).
Feito isto, a única coisa que fiz foi escrever a matriz A em função de sua
diagonal:
A = P DP −1
E tentei analisar o que acontecia com a expressão para An quando n → ∞ em
função do que havia dito sobre λ, mas não cheguei a lugar nenhum.
Lembro que fiquei mais um tempo tentando fazer algo, mas o examinador me
interrompeu, dizendo que o tempo estava curto, então terı́amos que ir para a
próxima questão, e me mostrou o que eu devia ter feito. Ele disse alguma coisa
na forma que como An convergia para n → ∞, haveria algum N ∈ N para
qual, dados n, m > N :
Am = An
De forma que λ seria raı́z da unidade.
Sinceramente, não entendi direito essa parte e nem sei se foi exatamente isso
que ele quis dizer, enfim. Embora eu não tenha feito esta questão, o professor
José Ramón (Pepe) fez ela para eu colocar no documento aqui, então segue
abaixo a solução dele:

Solução do Pepe:
Q
Let P (x)Q= (x − λi ) ∈ Z[x], and let q ∈ N; we have seen in (b) that
Pq (x) = (x − λqi ) ∈ Z[x]. We allow the roots to have multiplicities (and so
they would appear several times in the list of zeros). Note that for q = 1 we
get back P (x).
Assume that |λi | ≤ 1 for all i: it will do no harm to assume that all roots are
nonzero, and so we shall. The constant term is an integer, so
Y
λi = ±1;

this in turn yields |λi | = 1 for all i. The same argument works for the nonzero
coefficient of least degree, if some of the λi were zero.
Note that Pq (x) = xn + · · · + (−1)i sd−i (λq1 , . . . , λqn ) + · · · , where si (x1 , . . . , xn )
means i-th elementary symmetric polynomial in x1 , . . . , xn . Thus
 
q q n
|si (λi , . . . , λn )| ≤ ,
i

5
which means that all polynomials Pq (x) belong to the set
 
n n−1 n
Tn = {f (x) = x + an−1 x + . . . + a0 ∈ Z[x]s.t.|ai | ≤ },
i
and so infinitely many Pq ’s shall take on the same value in Tn .
Take two such values: naively we could say that since q1 < q2 and Pq1 (x) =
Pq2 (x), equating zeros yields λqi 1 = λqi 2 , and so λi is zero or a root of unity.
However, there is an issue of order at play. Thus, what really happens is that
there is a permutation σ of the set {1, 2, . . . , n} such that λqσ(i)
2
= λqi 1 . n! such
permutations are possible (a finite number).
Now, in the finite set Tn there is an infinite sequence of qi ∈ N such that
q0 < q1 < · · · , Pqi (x) = Pq0 (x), and so we have for every such i a permuta-
tion σi satisfying λqσii (k) = λqk0 , and infinitely many i’s will also have the same
permutation σi , so for two indices qi , qj with the same polynomial value and
permutation we have
q
For all 1 ≤ k ≤ n, λqσii (k) = λσji (k) , since σi = σj .

This means that all nonzero roots of P (x) are roots of unity, which settles the
question.
Historical note: A similar argument appears at the beginning of the proof
of Dirichlet’s Unit Theorem (for rings of integers of a number field), while
studying the ‘logarithmic embedding’, which has a finite subgroup of roots of
unity as its kernel.
2. Inicialmente, eu escrevi o que seria a expressão para a série un na forma:
X∞ Z ∞ X∞
un = f (x)dx − f (n)
n=1 1 n=1

Mas logo depois de eu ter escrito isso, o examinador me perguntou se isto que
eu escrevi fazia sentido, visto que não sabı́amos se a integral indefinida na direita
existia, e eu respondi que ”iria verificar logo depois de ter escrito”, mas ele disse
que não era certo eu escrever isso, então eu apaguei, e fui verificar se a integral
indefinida existia.
Resolvi a integral fazendo a substituição:
dx
y = x1/3 ⇒ 3dy =
x2/3
Assim, a integral fica:
cos(x1/3 )
Z Z
dx = cos(y) = sen(y) = sen(x1/3 )
x2/3

E como é verificável, a integral indefinida dessa função não existe, então realmente
não faz sentido escrever aquilo.
Em seguida, fiquei tentando trabalhar com a função por si só, mas o examinador
pediu para que eu parasse o que estava tentando fazer e analisasse somente a ex-
pressão: Z n+1
f (x)dx − f (n)
n

6
Então fiquei um tempo pensando, e ele falou para eu tentar mensurar o valor disso.
Assim, pensei no teorema do valor médio e como eu poderia aplicá-lo. Primeiro,
usei o Teorema fundamental do cálculo para escrever:
Z n+1
f (x)dx = F (n + 1) − F (n)
n

Onde F (x) é a primitiva de f (x). Aplicando o teorema do valor médio, sabemos


que:
F (n + 1) − F (n)
= F (n + 1) − F (n) = f (k), k ∈ [n, n + 1]
n+1−n
Logo, temos:
un = f (k) − f (n)

Onde podemos aplicar novamente o teorema do valor médio, e obtemos:

f (k) − f (n) = (k − n)f 0 (k2 ), k2 ∈ [n, k]

Perceba porém que a diferença k − n é tal que:

k−n≤1

Então:
un = f (k) − f (n) = (k − n)f 0 (k2 ) ≤ f 0 (k2 )

O que temos de fazer agora é calcular a derivada de f (x) e analisar se a série definida
por f (n) é convergente:
2
cos(x1/3 )
−sen(x1/3 )( 13 ) − 3

f 0 (x) = x1/3
x4/3

−sen(x1/3 ) 2cos(x1/3 )
f 0 (x) = −
3x4/3 3x5/3
1
Ao tomarmos f 0 (n), observe que a primeira parcela é majorada por 4/3 e a se-
n
1
gunda parcela é majorada por 5/3 . Como as séries definidas por estes dois termos
n
convergem, concluı́mos que a sequência f 0 (n). Como un ≤ f 0 (n + 1), conclı́mos pelo
teste da comparação que a série de un converge.
(Nesta parte final, como estava com pouquı́ssimo tempo, o examinador pediu para
que eu apenas informasse a ele se a série era convergente ou não, e eu argumentei
pra ele o que foi escrito acima e concluı́ que a série convergia, e assim o exame foi
encerrado.)

7
Questões Poly
João Tanaka

1 Matemática
1. Considere a matriz:
 
0 0 ... 0 a1
0 0 ... 0 a2 
 
A =  ... ..
 
 . 

0 0 ... 0 an−1 
a1 a2 ... an−1 0

a) Calcule RankA.
b) Determine se A é diagonalizável.
2. Considere a sequência:
1 1 1
an = + + ··· +
n n+1 3n
a) Determine se a sequência é convergente e, caso seja, calcule o seu
limite L.

2 Fı́sica
1. Uma espaçonave trafega em um ambiente com uma velocidade de 104 m/s
com os motores desligados. Considere que a densidade do gás do ambiente
seja de 10−20 kg/m3 , que a área de secção transversal da espaçonave seja de
1000m2 e que a massa seja de 104 kg. Calcule o tempo necessário para que
a nave tenha uma velocidade igual a 10% da velocidade inicial. Despreze
o atrito entre os gases e a lateral da nave e considere que a nave tem uma
velocidade muito maior que a dos gases. Existem outras forças que se
esperaria atuarem na nave, em uma situação real?
2. Considere o sistema a seguir:

1
Caracterize o movimento desse sistema.

3 Resoluções
3.1 Matemática
1. Para a letra a), eu escrevi o sistema AX = 0, a fim de descobrir a dimensão
do kernel. O que nos dará as seguintes equações:

a1 x1 = 0
a2 x2 = 0
..
.
a1 x1 + a2 x2 + · · · + an−1 xn−1 = 0

No momento que eu escrevi essas equações, o examinador disse que existia


ai 6= 0. Assim, pode-se escrever o xi como combinação linear de xj . Eu
escrevi a base do subespaço, com n − 2 elementos, e encontrei o Rank
usando o Teorema do posto-nulidade. Eu resolvi isso bastante rápido e,
por isso, o examinador disse que queria tentar resolver a mesma questão
usando outra abordagem. ElePme explicou sobre hiperplanos, que são
subespaços caracterizados por ai xi = 0 e disse que o problema poderia
Pn−1
ser entendido como a intersecção entre o hiperplano n=1 ai xi = 0 e
xn = 0. Ele me perguntou como eu solucionaria usando essa abordagem.
Para isso, utiliza-se a fórmula de Grassman:

Rank(U + V ) = RankU + RankV − Rank(U ∩ V )

n − 1 = n − 2 + n − 1 − Rank(U ∩ V )

2
Rank(U ∩ V ) = n − 2 = Ker(A)

Para a letra b), eu primeiramente apliquei o Laplace para descobrir os


autovalores da matriz, após muitas contas, o examinador pediu para que
eu testasse os casos iniciais para tentar obter um padrão. Para n = 2 temos
λ2 − a21 = 0, para n = 3, temos λ(λ2 − (a21 + a22 )). Como já estava faltando
pouco tempo, ele pediu para que eu chutasse qual seria a expressão para
n, e eu disse que seria λn−2 (λ2 − (a21 + a22 + · · · + a2n−1 )). Como a dimensão
do Kernel de A é n − 2 e há dois autovalores distintos diferentes de zero,
a matriz será diagonalizável, pois
M 
dim( Ker(A − λI) = n

2. A primeira coisa que eu quis fazer nessa questão foi calcular an+1 − an e
descobrir se a sequência era crescente ou decrescente.
1 1 1 1
an+1 − an = + + −
3n + 3 3n + 2 3n + 1 n
Quando eu falei isso, o examinador disse para que eu pensasse na sequência
un = an+1 − an e tentasse provar que a série dela converge. Ele me
1 1 1
perguntou o que o termo 3n+3 + 3n+2 + 3n+1 se “parece” quando n tende
a infinito. Eu não tinha entendido direito o que ele queria dizer, e ele
continuou a falar que os três números eram muito próximos quando tendia
ao infinito, e perguntou o que eles “pareciam”. Eu pensei em um monte
de coisa, não tinha nem ideia do que ele queria dizer com aquilo e falei
que a soma ia ser aproximadamente três vezes o termo do meio, e era isso
mesmo que ele queria.
Assim, eu escrevi
3 1
un ≈ −
3n + 2 n
Ele perguntou se eu conseguia aproximar esse resultado quando n tendesse
ao infinito, eu usei a aproximação do binômio:
 −1
3 1 2 1 2
= 1+ ≈ − 2
3n + 2 n 3n n 3n

2
un ≈ −
3n2
1
P P
Assim, un converge por comparação com n2
Ele me perguntou porque a convergência de un implicaria a de an , basta
observar que é uma soma telescópica.
Faltava pouquı́ssimo tempo para a prova acabar e ele pediu para eu escr-
ever an em função da série harmônica perguntou se eu conseguia calcular

3
o limite de an . Eu disse que a série harmônica convergia assintóticamente
para ln n e escrevi
3n n
X 1 X 1
an = − ∼ ln 3n − ln n = ln 3
i=1
i i=1
i

Ele falou que a minha resposta estava certa e perguntou se eu sabia provar
que o caminho que eu utilizei iria dar a resposta correta, eu falei que não
sabia.
Ainda tinha uma letra b) nessa questão, que eu não cheguei a ler e nem
deu tempo de começar a fazer, mas eu tenho quase certeza que era para
encontrar um equivalente simples de an − L

3.2 Fı́sica
1. Primeiramente, eu fiz uma analogia com o problema dos blocos colidindo
com paredes para dizer que a velocidade das moléculas na frente da nave
após a colisão seria 2v, já que eles estavam praticamente em repouso antes
da colisão e a massa da nave é muito maior que a dos gases. Conservando
a quantidade de movimento para um pequeno intervalo de tempo, temos:

M v = 2mv + M (V + dv)

−M dv = 2mv
Para calcular a massa de ar, utiliza-se o volume varrido pela aeronave
nesse percurso, multiplicado pela densidade do gás:

m = ρV = ρvdtS

−M dv = 2ρvdtSv
−dv 2S
2
= dt
v M
Integrando:
1 1 2S
− = ∆t
vf vi M
Substituindo os valores, temos

1018 − 1017
t= s
2
O examinador perguntou se eu sabia quanto tempo isso seria, aproxi-
madamente, e se havia outras forças importantes a serem consideradas no
movimento real. Eu disse que era um tempo muito grande e que não sabia
que forças seriam importantes(tentei chutar algumas coisas antes, mas não
deu certo).

4
2. Nessa segunda questão, eu passei quase todo o tempo escrevendo a segunda
lei de Newton para rotação para cada massa.
X
M = Iα

−(ak∆x + mgl sin θ) = Iα1


−(aka(sin θ − sin α) + mgl sin θ) = Iα1
Para ângulos pequenos:

−(a2 k(θ − α) − mglθ) = Iα1

Escrevi essa equação para os três pêndulos e o examinador disse que não
era necessário resolver a equação diferencial, bastaria descobrir os modos
fundamentais. Eu testei alguns casos especı́ficos (θ = α = γ, θ = −γ, α =
0) e o tempo começou a acabar. Ele me disse que um arranjo parecido era
usado em pianos e me perguntou para que isso seria utilizado no piano, eu
respondi que a forma da onda ia ser diferente para o piano, que tornaria
possı́vel diferenciar o som de um piano do som de outro instrumento,
depois ele me perguntou quantos modos fundamentais tinha nesse sistema,
e eu disse que eram três, por serem três equações. Após isso ele só explicou
algumas coisas sobre como descobrir o número de soluções do problema e
o tempo acabou.

5
Prova oral, École Polytechnique
Matheus Coutsiers, ITA, turma ELE-20, X18
30 de novembro de 2018

Matemática
Questão 1
A primeira questão para mim foi divida em três itens. Ela é sobre o estudo da sequência
1
an+1 = an + (1)
an
onde a0 = 1

Item 1
Ele perguntou se essa sequência converge. Ela não converge. Basta ver que a equação

x2 − x − 1 = 0 (2)
não possui raizes reais, e que a sequência é estritamente crescente. Se ela convergisse, pelo
teorema da convergência monótona, seria para uma raiz de (2).

Item 2
Neste item foi pedido mostrar que

an > 2n + 1 (3)
Mostra-se por indução. Para n = 1, está claro. Suponha válido para n.

1 2 1 2
a2n+1 = a2n + 2 + > 2n + 1 + 2 + > 2(n + 1) + 1
an an
p
an+1 > 2(n + 1) + 1
Até este item, fiz a questão de forma bastante independente. No próximo item, fui muito
ajudado.

Item 3

Foi pedido mostrar que an ∼ 2n + 1 (convergência assintótica). Como foi mostrado antes que

an > 2n + 1

Basta mostrar que, dado  > 0, 2n + 1 +  > an , ou de outra forma,

a2n
1+> (4)
2n + 1
para n grande o suficiente. A conclusão segue pelo teorema do confronto. Essa última expressão,
claro, foi arrumada para coincidir com o que vamos obter depois. Para ver que é verdade, tente
chegar nela!
Para mostrar a desigualdade, veja que

1
1 1
√ >
2n + 1 an

Então
1
an+1 6 an + √
2n + 1
e
2an 1
a2n+1 6 a2n + √ +
2n + 1 2n +1
portanto
1
a2n+1 6 a2n + 2 +
2n + 1
a última linha segue de (3)
Podemos escrever
1
a2n+1 6 a2n + 2 +
2n + 1
1
a2n 6 a2n−1 + 2 +
2n − 1
..
.
a21 6 a20 + 2 + 1
Cancelando os termos das desigualdades, chega-se à:
n
X 1
a2n+1 6 2(n + 1) + 1 + (5)
i=0
2i + 1
Mas
n
X 1 ln(n)

i=0
2i + 1 2
E

ln(n)
lim =0
n→∞ 2n + 1

Portanto, dividindo (5) por 2(n + 1) + 1 e tomando-se o limite, chega-se a uma versão de (4),
o que conclui o problema.
A solução do item 3 está escrita como feita no dia da prova. Não está muito formal, mas isso
não foi cobrado. Ficou claro que o avaliador queria testar meu raciocínio e a ideia da questão.
Nota-se novamente que fui bastante ajudado nesse item, até chegar às desigualdades antes de (5).

Questão 2
A segunda questão foi feita sem itens. Estudou-se os polinômios reais que satisfazem

P (X 2 ) = P (X)P (X − 1) (6)
Primeiro, tentei colocar expressões polinomiais nessa expressão, mas logo ficou claro que esse
não era o caminho. Ele perguntou em seguida o que acontece se 0 é uma raiz de P. Tentando isso,
temos:

P (1) = P (1)P (0)


E vemos que 1 é uma raiz de P. Testando-se essa raiz:

2
P (4) = P (2)P (1)
E obtemos que 4 é uma raiz de P. Continuando dessa forma, chega-se a um conjunto arbitrari-
amente grande de raizes, o que só é possível se P é o polinômio nulo.
Depois, ele perguntou o que acontece se λ é uma raiz de P. Temos:

P (λ2 ) = P (λ)P (λ − 1)
O que implica que λ2 é uma raiz de P. Além disso, temos

P ((λ + 1)2 ) = P (λ + 1)P (λ)


E (λ + 1)2 é uma raiz de P.
Para que não ocorra o mesmo problema de haver um conjunto infinito de raizes, precisamos
n
que |λ| = 1, pois caso contrário, λ2 é uma raiz para cada n, e os elementos desse conjunto terão
valores absolutos diferentes para cada n, ou seja, serão distintos dois a dois.
De forma semelhante, |(λ+1)2 | = 1. Aqui tive uma ideia legal, que o avaliador gostou bastante.
A expressão anterior define uma circunferência centrada em -1, de raio 1. Como |λ| = 1, as raizes
também estão sobre o círculo de centro 0 e raio 1.As raizes devem estar na intersecção dessas
circunferências, ou seja, só podem ser exp(2πi/3) ou exp(4πi/3). (Desenhe isso para ver :)) )
Como o polinômio é real, as raízes com parte complexa não nula devem aparecer em quantidades
iguais. Ou seja, o polinômio candidato a satisfazer (7) é da forma

P (X) = (X − exp(2πi/3))k (X − exp(4πi/3))k


Mas

(X − exp(2πi/3))(X − exp(4πi/3)) = (X 2 + X + 1)
Portanto

P (X) = (X 2 + X + 1)k (7)


Substituindo (8) em (7), verifica-se que (8) de fato satisfaz (7). Logo, os polinômios pedidos
são da forma de (8).

3
Física
Questão 1
Eu fiz uma matéria de introdução à mecânica quântica no ITA, a famosa matéria dada pelo
professor Marcelo Marques. Foi uma matéria que fiz sem carinho, devo assumir. Isso não impediu
o avaliador de, logo após o cumprimento inicial, anunciar que havia lido meu currículo, e visto que
eu havia feito essa matéria. Eu gostaria de continuar descrevendo o que senti, mas acho que está
claro que o que se seguiu foram momentos de desespero.
Estou escrevendo isso para que você, jovem que está estudando para l’X, lembrar-se de manter
a calma, mesmo numa situação desagradável. Vamos à questão.
O avaliador considerou uma fonte esférica de elétrons distante de uma fenda dupla, sendo que
do outro lado da fenda havia uma parede lisa. A pergunta então foi qual seria o formato da figura
na parede.
Eu não lembrei que o padrão seria semelhante ao que surgiria caso fosse usada luz, o que ele me
disse após alguns instantes encarando o quadro. Após isso, desenhei a figura e calculei a distância
entre os picos de intensidade, considerando os dados padrão desse tipo de problema (D, d, λ).
A próxima pergunta foi que padrão surgiria se as fendas tivessem uma largura a. Eu não
entendi muito bem o que ele quis dizer, nem lembrava bem a matéria. Após um tempo rabiscando
no quadro, ele desenhou uma figura parecida com a seguinte e escreveu inclusive a largura do novo
padrão, mostrada também na figura.

Após esse momento de ótica, ele pediu para eu calcular o campo magnético que surgiria em
toda a área do experimento se um pequeno solenoide fosse colocado bem próximo às fendas, no
ponto médio entre elas. A figura a seguir (em cuja legenda está escrito figura 1) mostra a situação.
Leia a legenda.
Por nervosismo, tive um pouco de dificuldade de escrever a expressão do campo. Ele me lembrou
a desenhar a seção do solenoide, e escrever a integral de linha e usar a lei de Àmpere para obter o
campo dentro e fora. Acho que ganhei pontos nessa parte, por deduzir do princípio uma expressão
que alguns já usariam "de cabeça".
É interessante notar que como o campo fora do solenoide é zero, os elétrons não experimentam
novas forças. No entanto, nesse momento o avaliador explicou a motivação do assunto de quântica.
O padrão de interferência é de fato alterado, pois por efeitos quânticos ditos não relevantes para
a avaliação, a fase dos elétrons é alterada na presença do solenoide. A fase é alterada de acordo
com a expressão:

~
∇Φ = ∇ × A (8)
onde

~
B =∇×A (9)
Também fiquei inicialmente perdido nesse item. Como eu estava demorando, o avaliador me
fez uma pergunta que a princípio não fez sentido: como usar o teorema fundamental do cálculo?

4
Ele me fez desenhar uma função e aplicar o teorema aos pontos extremos de um segmento.
Tentei pensar na relação entre o teorema e o exercício, e um pouco depois, foi revelada a dica
principal: usar o teorema de Stokes na superfíce do quadrilátero definido pela fonte, detector e
duas fendas, e no caminho definido por sua fronteira. (Ou seja, usar uma versão melhor do teorema
fundamental do cálculo).
Como temos a expressão do campo magnético, que é constante dentro e constante fora do
solenoide, é fácil usar o teorema de Stokes. Eu não terminei as contas, porque o avaliador disse
que tínhamos pouco tempo e mais uma questão para fazer. A partir daí seria possível calcular o
novo padrão de interferência.
Se tiver problemas para entender o experimento, pesquise no Google ("Aharonov–Bohm effect").
Este parece ser um exercício clássico e está resolvido e bem explicado (melhor do que eu conseguiria
fazer aqui) em diversos sites. Meu objetivo era contar um pouco sobre como uma questão mais
elaborada é proposta e como os avaliadores podem ir ajudando a resovê-la.

Questão 2
A segunda questão eu fiz rapidamente e sem ajuda, já que eu sabia que eu fui mal na primeira e
havia pouco tempo.
Ele disse que havia um aro elástico circular, com constante elástica k e comprimento natural l0 .
Foi me perguntado como era a função l(w), ou seja, como ficava o comprimento do aro em função
de sua velocidade angular.
Eu considerei um pequeno pedaço do aro e usei as forças resultantes para encontrar o quanto
ele era estendido. Eu cheguei numa equação do segundo grau.
Ao final, ele perguntou se eu sabia fazer considerando a densidade linear não constante (o que
eu havia considerado). Basta usar que a massa não muda. Eu não tive tempo para terminar essa
conta.
Essa questão também é clássica (e fácil), então não vou elaborar muito a solução.
Espero que este arquivo seja de ajuda em sua preparação :). Qualquer dúvida, me procure no
Facebook! Bons estudos!

5
POLYTECHNIQUE ORAL EXAM

GABRIEL RIBEIRO

1. Mathematics
Problem 1. Let A be a real n × n matrix such that
A4 − 4A + I = 0.
Prove that det A > 0 and that A is diagonalizable.
Solution. Consider f (x) = x4 − 4x + 1. We see readily that f 0 has just 1 as a real
root. This, together with the fact that f (0)f (1) and f (1)f (2) are both negative,
implies that f has 2 real roots and 2 non-real roots. I drew the following plot on
the board:
x4 − 4x + 1
8

4
f (x)

−2
−1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2
x
As Av = λv implies P (A)v = P (λ)v for any polynomial P , we see that every
eigenvalue of A is a root of f . Hence,
s4
det A = λs11 λs22 λs33 λ3 ,
where λ1 and λ2 are the real roots of f and λ3 , λ3 are the non-real roots of f . Since
A has real entries, s3 = s4 . Hence,
det A = λs11 λs22 |λ3 |2s3 > 0.
Obviously f is divisible by the minimal polynomial mA of A. Since f has only
simple roots, so does mA , hence A is diagonalizable.
1
2 GABRIEL RIBEIRO

Since I solved the previous problem fairly quickly, I was proposed the following
generalization of the problem.

Problem 2. Let A be a real n × n matrix such that

A4 − 4A + I = diag(1 , . . . , n ),

where i 6= j for i 6= j and |i | < 1 for each i.


Prove that det A > 0 and that A is diagonalizable.

Solution. If λ is an eigenvalue of A, then

λ4 − 4λ + 1 − i = 0

for some i. Since |i | < 1, P1 (x) = x4 − 4x + 1 − i still has 4 distinct roots,
being 2 positive and 2 conjugate pairs of non-real complex numbers. (We are just
moving the graph of the function a bit.) Hence the same reasoning applies here.
So, det A > 0.
Let E = diag(1 , . . . , n ). The minimal polynomial of E is clearly
n
Y
mE (x) = χE (x) = (x − i ).
i=1

It follows that A satisfies


n
Y
(A4 − 4A + I − i I) = O.
i=1

We are tempted to study the properties of


n
Y n
Y
f (x) = (x4 − 4x + 1 − i ) = Pi (x).
i=1 i=1

If two distinct Pi had a common root a, then we would have a4 − 4a + 1 − i =


a4 − 4a + 1 − j , which is absurd. It follows that f has simple roots. Since mA |f ,
mA has simple roots too and hence A is diagonalizable.

Problem 3. Find an equivalent of



| sin x|
Z
dx
0 x
as a → ∞.

Solution. The first thing the professor asked me was what happens to the integral
when a → ∞. I immediately R ∞answered that it diverges since it is a known result
that the Dirichlet integral ( 0 sin x/x dx = π/2) converges conditionally. He then
told me to prove that it diverges. I drew the integrand on board. And drew isosceles
triangles inside the ”blobs”.
POLYTECHNIQUE ORAL EXAM 3

1
f (x) = | sin x|/x

0.8

0.6
f (x)

0.4

0.2

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
x
The area of the i-th triangle is
2
Ai = .
2i + 1
P
Hence, by the limit comparison test (with the harmonic series), Ai diverges. And
so does our integral.
Later he asked a bunch of, seemingly unrelated, questions about series, the
harmonic series and comparing integrals with series. I answered some of them but
didn’t really solved the problem.

2. Physics
Problem 1. A particle m is allowed to move without friction of a rail. On this
particle we put a simple pendulum of length l and mass M as indicated below.
m

θ0
l

Find ω, the angular frequency of oscillations.

Solution. Let l1 denote the distance from M to the center of mass of the system.
Then,
l1 (m + M ) = lm.
4 GABRIEL RIBEIRO

Hence, ω is given by r
r
g g(m + M )
ω= = .
l1 lm
Problem 2. Consider a metallic box which is open in the z direction with sides
a, b, c on the x, y, z axes, respectively.
x

y
We emit an electromagnetic wave on the z direction inside the box with electric
field described by the equation
~ = E0 (x, y)ei(kz−ωt) e~x .
E
Find the function E0 .
~ = 0. That is, ∂Ex /∂x = 0. Hence E0 (x, y) =
Solution. Gauss Law implies that ∇·E
E0 (y).
The wave equation (I was asked to prove it) now implies that
1 ∂ 2 Ex
∇2 Ex = .
c2 ∂t2
Hence,
1 2
E000 (y) − k 2 E0 (y) = − ω E0 (y).
c2
Let α = (k 2 c2 − ω 2 )/c2 . The equation is now
E000 (y) = αE0 (y).
I was asked about the sign of α. Since k = ω/vp , where vp is the wave’s phase
velocity, we have that
ω 2 c2
 
α= 2 − 1 .
c vp2
One could suggest that perhaps α > 0 since the phase velocity should be smaller
than c. Surprisingly, that is not the case. If α was positive, then we’d have
√ √
E0 (y) = Ae αy
+ Be− αy
.
Since the electric field vanishes at the box:
√ √
E0 (b) = Ae αb
+ Be− αb
= E0 (0) = A + B = 0.
One can easily see that this only holds if A = B = 0, if b = 0 or if α = 0. Since
neither of these cases are true, it follows that α ≤ 0.
POLYTECHNIQUE ORAL EXAM 5

If α were zero, then we’d have


E0 (y) = Ax + B
and, using the same boundary conditions we get that B = 0 and Ab = 0. Hence
α
√ < 0 and the wave’s phase velocity is always bigger than c. So, lets define µ =
−α.
The general solution for our differential equation is
E0 (y) = A sin(µy) + B cos(µy).
Applying the boundary conditions:
E0 (b) = A sin(µb) + B cos(µb) = E0 (0) = B = 0.
Thence,

µ= ,
b
for some integer n. We conclude that
n2 π 2
α=−
b2
The general solution for E0 (y) is

n2 π 2
X  
E0 (y) = An sin y ,
n=0
b2
for some constants An .
At the board I did not had to show the general solution, the professor just wanted
that I proved that the wave’s phase velocity were going to be bigger than c. I should
emphasize that my solution of this problem was heavily guided by the professor.
After a huge part of my steps he talked things like: “what is the sign of α?”, “how
can you apply some boundary conditions?”. The solution was very dynamic. He
did not allow me to stare at the board for even one minute without doing giving
me hints.
E-mail: gabriel ribeiro1707@hotmail.com
Prova Oral - Polytechnique
Victor Brittes

Mathematics
1. Consider the sets

Sn = {all permutations of {1, ..., n}}


Xn = {σ ∈ Sn | σ ◦ σ = Id }

and the sequence


an = #Xn (number of elements of Xn )

(a) Calculate a1 , a2 and a3


(b) Find a recurrence relation for an+1 , an and an−1
(c) Consider the function

X an n
S(t) = t
n=0
n!

Find a differential equation for S(t) and solve it


(d) Find a formula fo an

2. Consider

g ∈ End(C n )
Ag : End(C n ) → End(C n ), Ag (f ) = gf − f g

(a) Find an expression for Ag (f n ) in terms of Ag (f )


(b) Show that
f ∈ Ker(Ag − λId ) ⇒ f is nilpotent
(c) Show that if Ag (f ) = f , the there is a basis β of C n such that M at(f, β) and M at(g, β) are
upper-triangular

Physics
1. Considere um carro que parte do repouso e atinge uma velocidade V

(a) Determine o volume de combustı́vel gasto.


Dados: V = 50km/h, e = 38M J/l, η = 0, 45
(b) Refaça o exereı́cio anterior considerando um referencial que se move com velocidade ν em relação
à Terra
(c) Refaça o exercı́cio considerando o referencial do carro

2. Considere uma laser (retângulo simétrico em relação ao eixo z, com lado de comprimento d sobre o
eixo x), onde só existe campo elétrico no interior do retângulo.

(a) Verifique que a expressão


~ = E0 cos( π x)eiωt sin(kz)e~y
E
d
é solução do problema.
(b) Calcule a diferença entre duas frequências possı́veis de laser
Solutions and Hints
Mathematics

1. (a) Para a permutação de um elemento, só existe a identidade, que pertence ao conjunto X1 . Logo,
a1 = 1.
Para a permutação de do conjunto {1, 2}, há identidade e aquela que leva a {2, 1}. Se aplicada
duas vezes, a segunda volta ao conjunto {1, 2}. Assim, ambas petencem ao conjunto X2 e a2 = 2.
Aplicando todas as permutações possı́veis ao conjunto {1, 2, 3}, chegamos aos conjuntos {1, 2, 3},
{1, 3, 2}, {2, 1, 3}, {3, 2, 1}, {2, 3, 1} e {3, 1, 2}. Desses, as permutações correspondentes aos 4
primeiros conjuntos pertencem a X3 e, portanto, a3 = 4.
(b) Podemos separar as permutações de Sn+1 em dois grupos, as que σ(1) = 1 (mantêm o 1 em sua
posição original) e as que σ 6= 1. Do primeiro grupo, temos claramente que an pertencem a Xn+1 .
Do segundo grupo, fixado σ(1) = k, k = 2, ..., n + 1, temos an−1 permutações pertencentes a
Xn+1 . Como temos n opções para k, a relação de recorrência fica:

an+1 = an + nan−1

.
(c) Na prova, o examinador definiu a0 = 1, para manter a recorrência válida. Ele também me
perguntei se a série convergia para algum t. A resposta era que sim, pois o coeficiente de cada
potência é menor que 1, já que an correponde ao número de elementos de Xn e n! ao número de
elementos de Sn , do qual Xn é subconjunto.
Para achar a EDO, basta derivar a série e aplicar a recorrência encontrada no item anterior,
manipulando os ı́ndices. Cai numa equação bem simples de resolver, com uma solução sendo o
produto de duas exponenciais.
(d) Por fim, devemos igualar a série de S(t) ao produto de séris que encontramos ao fazer ao abrir a
solução da EDO em Taylor. Para cada an , fixamos a potência que queremos do produtos e com
isso achamos o coeficiente através do produto. Na prova, o tempo estava corrido então ele só falou
a ideia e disse que dava para trabalhar a expressão.
2. (a) Comecei achando uma expressão para Ag (f 2 ), da seguinte maneira.

Ag (f 2 ) = gf 2 − f 2 g = gf f − f f g (1)
Ag (f ) = gf − f g ⇒ gf = Ag (f ) + f g e f g = gf − Ag (f ) (2)
(1) em (2) ⇒ Ag (f 2 ) = Ag (f )f + f Ag (f )

Como não enxerguei nada, queria continuar pro Ag (f 3 ) para ver se encontrava um padrão, mas
ele me interrompeu. Falou que, da mesma maneira que fiz pro Ag (f 2 ), dava pra achar a relação
(tenta achar!):
Ag (f h) = Ag (f )h + f Ag (h)
Ele perguntou o que isso parecia, ai falei que parecia o operador derivada, que era o que ele queria
ouvir. Ele disse pra eu usar essa analogia e lembrar da diferença entre funções e operadores, que
não comutam. Assim, a expressão final é:
X
Ag (f n ) = f ◦ ... ◦ Ag (f ) ◦ ... ◦ f

com o somatório representando que Ag (f ) percorre todas as n posições possı́veis.


(b) Temos que:
f ∈ Ker(Ag − λId ) ⇒ (Ag )f = λf
Ou seja, λ é autovalor de Ag relacionado a f .
Do resultado encontrado no item anterior,

Ag (f n ) = nλf n

Suponha que f não é nilpotente. Assim, f n nunca é nulo e Ag tem infinitos autovalores distintos
nλ. Como Ag pode ter no máximo n2 autovalores distintos (dimensão de End(C n )), chegamos a
uma contradição. Logo, f é nilpotente.
(c) Essa ele passou porque sobrou um tempinho. Como eu não estava conseguindo fazer direito para
o C n , ele pediu para fazer com o C 2 . Supus uma base β = {e1 , e2 }. O ponto era provar que
existia e1 ∈ C 2 tal que f e1 = ae1 e ge1 = be1 , para a, b ∈ C.
Sob a hipótese de que Ag (f ) = f , tı́nhamos que gf − f g = f e que f é nilpotente. Assim,
f e1 = 0 ⇒ e1 ∈ Kerf . Bastava provar que g tinha um autovetor no núcleo de f . A partir daı́
eu não consegui desenvolver mais nada, o tempo estava apertado, e ele explicou como mostrava
usando uns teoremos que não entendi muito bem.

Physics

1. (a) O examinador disse que o primeiro item era bem simples. Era só usar a relação entre trabalho e
energia cinética.

W = ∆K
MV 2
ηeV ol =
2
MV 2
V ol =
2ηe

Agora só jogar os valores. A massa do carro ele pediu para eu estimar (coloquei 1000 kg). Fazendo
as contas (ele falou que podia arredondar bastante), chegamos em algo próximo a 6 mL.
(b) Agora temos
M (V − ν)2 M ν2 MV 2
W = ∆K = − = − MV ν
2 2 2
Como o volume de combustı́vel gasto tem que ser o mesmo, o problema era descobrir de onde
vinha o termo M V ν. Como parecia estranho, ele passou o item c para mostar o que seria mais
estranho ainda, mas voltamos os esforços para resolver o item b.
No referencial em questão a velocidade do ponto de contato entre o pneu e o chão não é nula.
Assim, a forç de atrito realiza trabalho, dado por:
Z Z
~
Wf at = F · dr = F~ · ~v dt
~

Como a velocidade do ponto inferior do pneu constante e igual −ν, temos, pelo teorema do
impulso: Z
Wf at = −ν F dt = −M V ν

Assim,
MV 2
W = Wmotor + Wf at ⇒ Wmotor =
2
(c) Mesmo raciocı́nio, agora usando que F~ · ~v = P ot.
2. (a) Para verificar que a expressão é solução do problema, devemos verificar que satisfaz as equações
de Maxwell e as condições de contorno.
Começaremos com as condições de contorno.

~ d ) = 0 ⇒ cos( π ) = 0 (ok)
E(
2 2
~ d π
E(− ) = 0 ⇒ cos(− ) = 0 (ok)
2 2
Como o campo elétrico dado tem direção y mas não tem dependência nesta variável, vemos que
∇·E ~ = 0, verificando a primeira equação de Maxwell.
As outras 3 equações envolvem o campo magnético. Sugeri de usar a relação B ~
~ = 1 (k̂ × E),
c
mas ele disse que essa expressão só era válida no vácuo, não nessa situação onde o campo estava
restrito. Ele falou para eu pensar em outra relação equivalente que eu poderia vrificar. Então
sugerir verificar a equação de onda,
2~
∇2 E ~ = 1 ∂ E
c2 ∂t2
que era o que ele queria. Assim, temos:

∂ 2 Ey ∂ 2 Ey 1 ∂ 2 Ey π2 2 ω2
+ = ⇒ + k =
∂x2 ∂z 2 c2 ∂t2 d2 c2
ω
Interessante é que, nesse caso, não vale que k = c, já que a validaçõ da equação de onda cria essa
nova restrição.
(b) Ele explicou que dentro do laser a onda é estacionária. Dessa forma, considerando um compri-
mento L, devemos ter

sin(kL) = 0 ⇒ k =
L
Substituindo na relação encontrada no item anterior, vem:

π2 n2 π 2 ω2
+ =
d2 L2 c2
O que resultado em que as frequências possı́veis são:
r
1 n2
ωn = cπ 2
+ 2
d L

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