Você está na página 1de 36

Difusão, osmose e tonicidade

II) Difusão, osmose e tonicidade


Bibliografia
1. Difusão Fisiologia
a) Conceito de difusão Berne e Levy
b) Transporte por difusão e Lei de Fick Cap 1
c) Transporte transmembrana
c1) Lei de difusão simples e coeficiente de permeabilidade
c2) Diferentes mecanismos de transporte

2. Transporte de água
a) Escoamento e filtração
b) Osmose e tonicidade
b1) definição
b2) concentração de água vs concentração de soluto
b3) osmolaridade
b4) osmolaridade eficaz, pressão osmótica, tonicidade
b5) balança pressão osmótica/pressão hidrostática
c) Compartimentação biológica
c1) diferentes compartimentos líquidos e homeostase
c2) compartimento intravascular /meio intersticial
c3) compartimento extracelular /compartimento intracelular
c4) contrôle renal da volemia e da pressão osmótica
Difusão, osmose e tonicidade
Difusão
à Conceito de difusão

A difusão é o fenômeno resultante


da agitação térmica das moléculas,
movimento ao acaso (aleatório)
também chamado
de movimento browniano
Deslocamento de uma molécula de água em solução.
As mudanças de direção são devidas à colisões
com outras moléculas da solução

A 37oC em solução, enquanto a molécula de água


se desloca a 2000 km/h, a glicose se movimenta
a 500 km/h
Difusão
Na prática, é a movimentação de um soluto de uma região de maior concentração para uma de
menor concentração em um meio.
Ou ainda, significa o espalhamento de moléculas em busca de maior espaço

Ao atingir o equilíbrio de concentrações, não há uma parada de movimento dos solutos,


pois sempre há um movimento constante das moléculas, mas a diferença é que elas se
movimentam na mesma velocidade em ambas direções, então macroscopicamente parece que
não há mais movimento de difusão.
Difusão em sistemas biológicos

movimentação de um determinado soluto através de uma membrana semipermeável que


separa duas zonas compartimentalizadas na direção da zona em que este soluto
encontra-se em maior concentração para a zona de concentração menor.
Para relembrar...
Intracelular
Compartimentos líquidos do organismo: (citoplasma ou citosol)

a) o compartimento intracelular
b) o compartimento extracelular:
§ Vasos sanguíneos (plasma) Extracelular (vasos
§ Região intersticial e espaços aquosos menores sanguíneos, plasma)
§ Vasos linfáticos

Extracelular (região
intersticial)
A difusão através da bicamada lipídica somente ocorrerá se a membrana
for permeável ao soluto
A permeabilidade de uma membrana é uma característica inerente à sua estrutura e composição, variando
entre os tipos celulares e as espécies
O que faz uma molécula permeável por simples difusão?
1. características da membrana
2. características da molécula

A membrana é uma estrutura que possui uma bicamada de fosfolipídeos tendo


faces hidrofílicas e um interior hidrofóbico, também é um estrutura relativamente
compacta possuindo pequenos espaços entre os fosfolipídeos.

extracelular Face hidrofílica


(polar) Bicamada
Interior hidrofóbico (apolar)
lipídica
intracelular Face hidrofílica
(polar)
Velocidade de difusão (FLUXO)

A 1ª Lei de Fick diz que o fluxo do soluto difusível depende da diferença de concentração entre os
compartimentos visitados, da área da região que comunica os dois compartimentos e da distância percorrida,
sendo que o sentido do fluxo é da maior para a menor concentração (do soluto).
PERMEAÇÃO ATRAVÉS DA BICAMADA LIPÍDICA
DE ÍONS E MOLÉCULAS (DIFUSÃO SIMPLES)

Lei de difusão CSe


(lei de Fick) CSi
Js = P x ΔC

Fluxo Coeficiente
de difusão de permeabilidade
(mol s-1 cm-2) (cm s-1)

P = k x D/Δx

k = coeficiente de partição = Csmemb/Cssol


(depende da polaridade do soluto)
D = constante de difusão (depende do tamanho)
Δx = espessura da membrana
Bicamada Lipídica
Difusão, osmose e tonicidade
Transporte de água
à Osmose e tonicidade

Definição

É a difusão do solvente
Em outras palavras…
A osmose é o transporte de água através de uma membrana por
difusão (sob a influência de um gradiente de concentração da água)

Como mostraremos a seguir, a osmose ocorre quando a membrana é


impermeável ou pouco permeável ao(s) soluto(s) e quando há diferença de
concentração de soluto(s) entre as duas faces da membrana
Difusão, osmose e tonicidade
Transporte de água
à Osmose e tonicidade
Relação da concentração de água com a concentração de soluto
Concentração molar de água nos compartimentos 1 e 2 ? Membrana
No compart. 1, semipermeável
(permeável a água e
1 litro de água pesa 1000 g impermeável ao soluto)
e contem (1000/18) = 55,55 moles de água
à [H2O]1 = 55,55 M
1 2
No compart. 2,
1 litro de solução NaCl 9 g/L pesa 1004 g
E contem [(1004 – 9)/18] = 55,28 moles de água água água
à [H2O]2 = 55,28 M + NaCl
9 g/L
Como o soluto é impermeável, este não pode se difundir
Como a água é permeável, esta vai se difundir
a favor do seu gradiente de concentração
1 2
Como resultado da osmose, o nível do líquido vai subir no
compart. 2 e abaixar no compart. 1. água
escoamento + NaCl
A diferença entre as colunas de líquido cria uma água 9 g/L
osmose
diferença de pressão hidrostática que gera um fluxo da
água por escoamento em sentido contrário
Diálise
Processo de separação de componentes por uso de membrana semipermeável e gradiente de
concentração.
Ocorre por difusão seletiva, ou seja, apenas moléculas tóxicas são removidas
Na diálise os princípios da difusão e osmose ocorrem concomitantemente dependendo das características
de cada soluto.

(a) Uma solução concentrada é separada de um grande volume de solvente por


uma membrana de diálise (mostrada como um tubo com nós nas duas
extremidades). Apenas as moléculas pequenas podem difundir-se através dos
poros na membrana. (b) Em equilíbrio, as concentrações das pequenas moléculas
são aproximadamente iguais em ambos os lados da membrana, ao passo que as
macromoléculas permanecem dentro do saco de diálise.
HEMOdiálise
Procedimento terapêutico no qual as toxinas são removidas do sangue através de diálise em um
equipamento com circuito fechado

• Funções do rim:
- filtração glomerular
- regular absorção e excreção de íons
- regular pressão arterial
Caso clínico: intolerância a lactose
É consequência da deficiência da enzima lactase, que pode ser genética ou ambiental.
Ela converte a lactose em glicose e galactase.
Sintomas: diarreia, dores de cabeça, flatulência
Difusão, osmose e tonicidade
Transporte de água
à Osmose e tonicidade
Osmolaridade
Mostramos que uma diferença de concentração de soluto através de uma
membrana semi-permeável provoca osmose

Como podemos prever a ocorrência de osmose quando temos vários solutos


em cada compartimento?
Calculando e comparando a osmolaridade em cada compartimento

O = ∑ ixCx
x
Se a membrana é semi-permeável e osmolaridade da solução 1 > osmolaridade da solução 2
à solução 1 é dita hiper-osmolar em relação a solução 2 e a água flui 2à1

Se a membrana é semi-permeável e osmolaridade da solução 1 < osmolaridade da solução 2


à solução 1 é dita hipo-osmolar em relação a solução 2 e a água flui 1à2

Se a membrana é semi-permeável e osmolaridade da solução 1 = osmolaridade da solução 2


à solução 1 é dita iso-osmolar em relação a solução 2 e não há osmose
Difusão, osmose e tonicidade
Transporte de água
à Osmose e tonicidade
Osmolaridade eficaz, pressão osmótica, tonicidade

Nos sistemas biológicas, as membranas não são semi-permeáveis,


apresentam permeabilidade seletiva para alguns solutos
e, em alguns casos, são parcialmente permeáveis

Neste contexto, os solutos livremente permeáveis são osmoticamente inativos

Para levar em consideração o grau de impermeabilidade da membrana a cada


soluto, introduz-se o coeficiente de reflexão da membrana ao soluto (σx) e a
osmolaridade eficaz.

0 ≤ σx ≤ 1
σx = 1 para solutos impermeáveis Oeficaz = ∑σ x ix Cx
σx = 0 para solutos livremente permeáveis x

O cálculo da osmolaridade eficaz permite prever os processos de osmose


Difusão, osmose e tonicidade
Transporte de água
à Osmose e tonicidade
Osmolaridade eficaz, pressão osmótica e tonicidade
Na Fisiologia, os fenômenos de osmose são analisados
usando a pressão osmótica (π) ao invés da osmolaridade eficaz

Em termos de significado, a pressão osmótica pode ser entendida


Π = RTxOeficaz
também como a pressão exercida pelos solutos na membrana

O cálculo da pressão osmótica de uma solução permite avaliar a sua tonicidade,


que corresponde à sua capacidade de induzir movimento de água através da
membrana celular

Na avaliação da tonicidade, a pressão osmótica da solução é comparada à


pressão osmótica do meio intracelular

Se Πe > Πi a solução é dita hipertônica e a água sai da célula


Se Πe < Πi a solução é dita hipotônica e a água entra na célula
Se Πe = Πi a solução é dita isotônica e não há osmose
Osmolaridade e volume dos compartimentos líquidos do organismo
Todos os compartimentos do organismo possuem a mesma osmolaridade = 0,3 osm

Ø Deve ser lembrado que a composição de solutos de cada


um dos compartimentos é diferente.

Ø Dessa forma, para alcançar a mesma concentração


osmolar com diferentes quantidades de solutos, é lógico
que os compartimentos deverão possuir diferentes
volumes.

Ø A água movimenta-se livremente entre os compartimentos,


pois todos são montados em meio aquoso e
interconectados.

Ø Mesmo assim, o volume dessas regiões é regulado de


maneira homeostática e permanece constante, para
manter a mesma osmolaridade em todos.

Ø Qualquer alteração na osmolaridade de um compartimento,


irá gerar um deslocamento maior de uma quantidade de
água entre esses compartimentos, alterando o volume dos
mesmos. Ou seja, a água se desloca em resposta a
alterações da osmolaridade.
Plasma Interstício Intracelular

Osmolaridade: 0,3 osm 0,3 osm 0,3 osm


Tônus celular
O termo tônus celular refere-se às condições de forma e volume de um tipo celular.

= Solução HIPOtônica = Solução = Solução


ISOtônica HIPERtônica
Solução menos
concentrada que o interior
da célula (ou osmolaridade Solução mais concentrada
0,3 osm
mais baixa) que o interior da célula (ou
osmolaridade mais elevada)
As soluções que não alteram o tônus celular, ou seja soluções isotônicas, são recomendadas para uso
endovenoso.
Para uma solução ser isotônica é necessário:
1. que possua a mesma osmolaridade do plasma ou seja 0,3 osm
2. soluto não seja permeável a membrana (por difusão simples)

Exemplos de soluções isotônicas à

• Solução fisiológica de NaCl 0,9% (0,3 osm)


• Solução de glicose 5,4% (0,3 osm)

• Solução isosmolar e não-isotônica: solução de uréia 0,3 osm

Pois o soluto, no caso a uréia, se deslocará para dentro da célula por difusão simples, aumentando a concentração
intracelular, ou seja, aumentando a osmolaridade do interior da célula; o que causa o deslocamento da água para dentro da
célula.

Podemos concluir que a solução de uréia é isosmolar mas não é isotônica, pois alterou a forma da célula, inchando esta até
romper, ou seja, se comporta como uma solução hipotônica.

Você também pode gostar