Você está na página 1de 17

REVISÃO | REVIEW 559

A produção científica brasileira sobre o


Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB)
The Brazilian scientific production on More Doctors Project for Brazil
(PMMB)

Quelen Tanize Alves da Silva1, Luiz Carlos de Oliveira Cecílio1

DOI: 10.1590/0103-1104201912121

RESUMO Esse estudo configura-se como uma pesquisa bibliográfica do Programa Mais Médicos,
especificamente, sobre a produção científica referente ao Projeto Mais Médicos para o Brasil, o
eixo de provimento emergencial de profissionais. Para tanto, foi realizada busca na Biblioteca
Virtual em Saúde, nos bancos de dados da Medline, Lilacs e SciELO, no Banco de Teses e
Dissertações da Capes e na Plataforma de Conhecimento do Programa Mais Médicos, orga-
nizada pela Rede de Atenção Primária em Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletica
(Abrasco). O descritor usado foi ‘Programa Mais Médicos em Saúde’. Os dados demonstram
um esforço em análises do Programa a partir dos espaços locais onde se desenvolvia a política,
o que permite a compreensão da implementação do Programa, nas diferentes regiões do País.
No entanto, verificou-se pouca produção de conhecimentos e pesquisas advindas dos servi-
ços, sendo realizadas, em grande parte, pelas Instituições de Ensino Superior. Nesse estudo,
verificou-se o interesse de diferentes áreas de conhecimento, o que permite a construção de
caminhos para uma análise crítica da política em curso, rompendo com a ideia que apenas um
campo específico tem capacidade de construir conhecimento sobre política.

PALAVRAS-CHAVE Política de saúde. Planos e programas de saúde. Emprego. Revisão.

ABSTRACT This study is a bibliographical research of the Mais Médicos Program, specifically, on
the scientific production referring to the Project More Doctors for Brazil, the axis of emergency
provision of professionals. To that end, a search was made for the Virtual Health Library, the
Medline, Lilacs and SciELO databases, the Capes Thesis and Dissertations Bank and the Doctors’
Knowledge Platform, organized by the Primary Health Care Network of the Brazilian Association
of Public Health (Abrasco). The descriptor used was ‘Program More Doctors in Health’. The data
demonstrate an effort in analyzes of the Program from the local spaces where the policy was
developed, which allows the understanding of the implementation of the Program in the different
regions of the country. However, there was little production of knowledge and research resulting
from the services, and was largely carried out by Higher Education Institutions. In this study, the
interest of different areas of knowledge was verified, which allows the construction of ways for
a critical analysis of the current policy, breaking with the idea that only a specific field has the
1 Universidade Federal de capacity to build knowledge about politics.
São Paulo (Unifesp) – São
Paulo (SP), Brasil.
qdasilva@yahoo.com.br KEYWORDS Health policy. Health programs and plans. Employment. Review.

Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative
Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer
meio, sem restrições, desde que o trabalho original seja corretamente citado. SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019
560 Silva QTA, Cecílio LCO

Introdução saúde pública que buscassem responder à


demanda por profissionais médicos. Em visita
O Programa Mais Médicos (PMM) foi lançado oficial a Cuba, a presidente Dilma iniciou ne-
como resposta a demandas sociais em um gociações para o envio dos médicos cubanos
momento de crise, as quais culminaram em para o Brasil4. Esse cenário, potencializado
manifestações de rua em junho e julho de 2013: pelas manifestações de junho de 2013, teria
as chamadas ‘Jornadas de Junho’. Dentre as possibilitado a construção e o lançamento do
pautas desse movimento social, destacava-se PMM, um programa de provimento médico
a má qualidade dos serviços públicos. Nesse que, segundo o Ministério da Saúde, permi-
sentido, mais uma vez, observa-se que, apesar tiria efetivas mudanças para o fortalecimento
das evidências de pesquisas, as pressões po- da Atenção Básica em Saúde (ABS) no País,
líticas de vários grupos de lobby e da mídia garantindo maior acesso da população aos
induzem os tomadores de decisão a apresentar serviços de saúde5.
respostas rápidas em um curto período na O PMM foi lançado em julho de 2013 com a
formulação de uma política1. Medida Provisória nº 621, posteriormente con-
Ainda em 2013, novos prefeitos e verea- vertida na Lei nº 12.871, em outubro de 2013.
dores iniciavam seus mandatos, protestando Foi baseado em evidências que apontavam para
contra a falta de médicos nos municípios lo- um cenário de escassez de médicos no País,
calizados em regiões de baixa atratividade sobretudo na Atenção Primária à Saúde (APS).
para esses profissionais. Esse movimento O PMM foi estruturado em três eixos:
constituiu a Marcha dos Prefeitos, que tinha a) Infraestrutura da Atenção Básica em
como tema ‘Cadê o Médico?’. Dessa forma, o Saúde; b) Organizacional ou Educacional;
PMM foi constituído a partir da articulação de e c) Provimento Emergencial, denominado
ações em fase de planejamento ou de execução Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB),
que, no conjunto, procuravam dar respostas este último com os seguintes objetivos: dimi-
de curto, médio e longo prazo aos problemas nuir a carência de médicos nas regiões prio-
enfrentados pela área da saúde. Embora, no ritárias; reduzir as desigualdades no acesso
seu conjunto, seja um programa novo, as so- à saúde; fortalecer a ABS; aprimorar a for-
luções que o compõem já estavam formuladas mação médica; ampliar a inserção do médico
separadamente, esperando apenas o momento em formação na ABS; fortalecer a política de
ideal para serem implementadas (ou seja, a educação permanente com a integração ensino
abertura de uma janela de oportunidade) a e serviço; promover troca de conhecimentos
partir de um novo arranjo2. e experiências entre profissionais de saúde
Estudos apresentam relatos de sujeitos, brasileiros e médicos formados no exterior;
informantes-chave, que comentam sobre uma aperfeiçoar a formação de médicos para atuar
reunião nacional de secretários municipais de nas políticas públicas do Sistema Único de
saúde, ocorrida em 2012, na região Nordeste. Saúde (SUS) e estimular pesquisas relaciona-
O intuito era debater com a Presidente Dilma das com o SUS. A intencionalidade dessa ação
Rousseff sobre a dificuldade de montar a rede era atender à população de forma imediata,
de atenção básica na região devido à dificul- até que as ações com foco na ampliação da
dade de preenchimento das vagas de médicos formação do médico expressassem resultados6.
em concursos públicos3. A grande inovação do PMM se refere
A ampliação do acesso e a melhoria nas à estratégia de chamadas internacionais:
áreas de saúde já vinham sendo debatidas e além dos médicos brasileiros, o programa
programadas no interior do Governo Dilma passou a contar com médicos estrangeiros
Rousseff. Verificou-se que o Governo vinha de 49 países. Dos médicos estrangeiros que
planejando, desde janeiro de 2012, ações na atuaram no PMM, a maioria era de cubanos,

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


A produção científica brasileira sobre o Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB) 561

recrutados por meio de uma parceria entre o Ficam sumarizadas, assim, algumas dimen-
Ministério da Saúde do Brasil e a Organização sões em jogo nessa política pública, cujo escopo
Pan-Americana da Saúde e, desta última, com caminha na construção de um sistema nacional de
o Ministerio de Salud Pública de Cuba7. saúde plasmado pelo princípio da universalização
A partir de recomendações da Organização da assistência à saúde como direito de cidada-
Mundial da Saúde (OMS), o recrutamento de nia e dever do Estado. Desse sistema, derivam
médicos estrangeiros se restringiu àqueles estratégias como a construção de uma atenção
que atuavam em países com proporção de básica coordenadora dos esforços de integração
profissionais maior que a do Brasil. Foram do cuidado em todos os níveis, adequada às ne-
selecionados os médicos graduados em ins- cessidades de saúde da população assistida, tanto
tituições reconhecidas por seus países e cuja do ponto de vista tecnológico como do ponto de
formação curricular fosse adotada no Brasil vista da humanização de suas práticas.
e mundialmente reconhecida2. Nessa perspectiva, o PMMB (eixo provi-
O Governo Federal lançou um edital público mento emergencial) constitui-se como uma de
para que médicos se alistassem para atuar nas suas ações mais mobilizadoras do Programa,
Unidades Básicas de Saúde (UBS) nas regiões tanto daqueles que o apoiaram quanto dos que
prioritárias do SUS, e para adesão de municí- o hostilizaram. Sob essa perspectiva, abre-se a
pios elegíveis ao Programa. Foram aceitas a necessidade de estudos que possam subsidiar e
participação de médicos formados no Brasil, produzir evidências explicativas e compreensi-
bem como a de graduados em outros países. vas dos impactos dessa política governamental.
Esses profissionais tinham a supervisão de uma Dessa forma, a presente revisão foi focada no eixo
universidade e, durante o período de partici- provimento emergencial, denominado PMMB.
pação no programa, realizavam um curso de
especialização em atenção básica. Os médicos
estrangeiros passavam por quatro semanas de Consolidar o SUS: a
treinamento intensivo oferecido pelas universi- dimensão técnica do
dades brasileiras, que aborda linguagem clínica,
os protocolos assistenciais nacionais e o SUS.
programa
Os aprovados recebiam/recebem um registro
provisório para exercício da medicina, chamado O Brasil, no ano de 2013, possuía 359.691
Registro Único do Ministério da Saúde (RMS). médicos ativos, e apresentava uma proporção
Foi criado um visto especial para médicos par- de 1,8 médico para cada mil habitantes, con-
ticipantes do PMM, emitido pelo Ministério forme dados primários obtidos no Conselho
das Relações Exteriores7. Federal de Medicina (CFM) e na estimativa po-
Todos os municípios brasileiros poderiam/ pulacional do Instituto Brasileiro de Geografia
podem participar do PMM; no entanto, não é e Estatística (IBGE). A proporção de médico/
permitido substituir os médicos já atuantes na mil habitantes constatada no Brasil era menor
Rede. Os critérios de prioridade para ocupação do que em outros países latino-americanos
das vagas, de acordo com os documentos do com perfil socioeconômico semelhante ou em
programa, são: municípios com percentual de países que têm sistemas universais de saúde6,8.
população em extrema pobreza igual ou superior Essas evidências indicavam um número insu-
a 20%, com Índice de Desenvolvimento Humano ficiente de médicos por habitante em com-
(IDH) baixo/muito baixo, e integrante de regiões paração a outros países, má distribuição no
prioritárias; regiões de alta vulnerabilidade de território brasileiro, dificuldade de atração
capitais, regiões metropolitanas e grupo de mu- e fixação de profissionais em regiões de ne-
nicípios populosos, mas com baixa arrecadação; cessidade e uma percepção social de que essa
e Distritos Sanitários Especiais Indígenas2. carência era o principal problema do SUS.

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


562 Silva QTA, Cecílio LCO

Além disso, na última década, os salários dessa desintegradas do restante do País13,19.


categoria mostraram-se crescentes, em um É importante referir que esses elementos têm
cenário caracterizado pela maior formalização sido objeto de estudos e pesquisas, transforman-
dos postos de trabalhos9. do a temática de ‘recursos humanos em saúde’
Soma-se aos estudos supracitados uma em área específica de investigação acadêmica e
pesquisa de opinião nacional, que, em 2011, científica. Todavia, as tentativas de reordena-
revelou que 58% dos respondentes apontaram mento dessa área, seja no âmbito da formação,
a ‘falta de médicos’ como o principal proble- seja nas questões relativas ao trabalho, ainda não
ma do SUS10. Existe, portanto, uma lacuna foram capazes de responder efetivamente aos
entre o SUS constitucional e o SUS real. A desafios colocados. Se, por um lado, avançam as
intencionalidade de saúde como um direito análises, propostas e estudos sobre o tema, por
de todas e todos e da universalidade do acesso outro, permanece o hiato em incorporá-los à ação
aos serviços de saúde, ainda hoje, são desafios política efetiva20,21.
a serem alcançados. Na última década, diferentes países têm focado
A força de trabalho é fundamental para o seus esforços no fortalecimento dos sistemas
fortalecimento dos sistemas de saúde. Vários de proteção social e na cobertura universal dos
países vêm se esforçando para formar profis- serviços de saúde17,18. Nesse contexto, de maneira
sionais em quantidade e com as qualidades ne- estratégica, tem sido priorizado o desenvolvi-
cessárias para suprir as necessidades de saúde mento e fortalecimento da atenção primária.
de suas populações. Esses esforços nem sempre Organizar a melhor disponibilidade e a distri-
atingem resultados esperados, devido à migração buição de trabalhadores constitui aspectos re-
de trabalhadores para outros países, seja pela levantes para atingir os objetivos pretendidos
remuneração, seja por melhores condições de de resolutividade da assistência em saúde19. No
vida ou pela estabilidade política, entre outras entanto, para organização de um sistema de saúde
possíveis causas11,12. O prejuízo causado pela em redes integradas e baseado em princípios de
perda de trabalhadores qualificados é evidente APS, apesar dos avanços significativos observa-
quando se verifica que os sistemas educacio- dos, é necessário enfrentar diferentes e diversos
nais de muitos desses países não são capazes de desafios, especificamente no âmbito de gestão de
manter um quadro profissional estável para a trabalho da saúde22.
formação futura de outros profissionais da área13. Há escassez de profissionais, principal-
O êxodo de profissionais de regiões menos mente médicos, em várias regiões do País. A
desenvolvidas e mais pobres para outras com Estratégia Saúde da Família (ESF) e os serviços
melhores condições de vida constitui-se em de urgência (portas de entrada do Sistema)
um problema para muitos países, provocando são grandes desafios a serem enfrentados no
concentrações em algumas áreas e déficit em provimento e fixação de profissionais de saúde
outras. A crise de profissionais da saúde é cada em todas as regiões do País19.
vez mais importante nas agendas dos países No Brasil, nos últimos anos, tomaram força
desenvolvidos e em desenvolvimento, carac- as discussões sobre a força de trabalho em
terizando obstáculo para o fortalecimento dos saúde a partir do advento da ESF, que trouxe
sistemas nacionais de saúde14-16. consigo inúmeros desafios a esse campo, como
Em todos os países, ações relativas ao pro- a carência de profissionais de saúde em diver-
vimento e à fixação de profissionais de saúde sas regiões e o descompasso entre o ensino e
são de responsabilidade do Estado, princi- as necessidades da atenção básica.
palmente naqueles com serviços de saúde A ESF é considerada a forma prioritária
universais e gratuitos, uma vez que as áreas para reorganização da APS, conforme pre-
de vulnerabilidade de saúde também são as ceitos do SUS. Anteriormente denominado
áreas de vulnerabilidade social, econômica, Programa Saúde da Família, foi criado, em 1994,

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


A produção científica brasileira sobre o Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB) 563

com o objetivo de reorganizar a atenção básica desassistidas. A revisão aqui proposta é parte
tanto no que se refere às demandas populacionais de uma investigação mais ampla, a qual não
quanto no que se refere às práticas de saúde23. A teve financiamento público ou privado para o
ESF é tida pelos gestores dos diferentes âmbitos seu desenvolvimento e que tem como objetivo
governamentais como uma estratégia de expan- principal caracterizar os sentidos dados ao PMM
são, qualificação e consolidação da ABS para pelos médicos que dele participam. Partiu-se do
favorecer uma reorganização de processos de pressuposto de que haveria uma insuficiência
trabalho, ampliando a resolutividade e o impacto na produção teórica brasileira de trabalhos que
na situação de saúde das pessoas e coletividades19. adotem tal perspectiva, qual seja: que sentidos os
Entre as questões da força de trabalho em médicos contratados pelo programa dão a uma
saúde, a necessidade de adequar o provimento de política como o Mais Médicos tendo em vista
serviços de saúde nas regiões remotas, periféricas suas vivências locais com o programa?
e de maior vulnerabilidade tem sido identificada A justificativa para tal interesse situa-se na
como um dos nós críticos para o sucesso da ESF. perspectiva de identificar quais estudos têm
O Brasil avançou bastante nas últimas décadas abordado a dimensão mais micropolítica do
nessa área; porém, ainda existem muitos vazios PMM, contribuindo para o seu aperfeiçoa-
assistenciais que correspondem a localidades que mento ao incorporar a perspectiva de seus
não conseguem prover e fixar profissionais de protagonistas centrais.
saúde na atenção básica, em especial, os médicos, A revisão foi realizada com a intencionalidade
não garantindo acesso aos serviços básicos de de, em primeiro lugar, reconhecer estudos que
saúde por parte da população brasileira19. se ocuparam dos elementos políticos, sociais e
As vagas desocupadas nos serviços de saúde administrativos envolvidos nos contextos das
evidenciam a falta de profissionais, fator que práticas dos médicos que atuam/atuaram no
existe tanto nos países ricos como nos pobres. PMM. Em segundo lugar, busca-se caracteri-
A escassez de profissionais da saúde, especifica- zar quais estudos se ocuparam de ‘dar voz’ aos
mente, os médicos, é mais acentuada em áreas médicos, tentando compreender os sentidos
remotas e socioeconomicamente vulneráveis24. dados por esses profissionais à sua participação
Assim, torna-se necessário interferir nos con- no Mais Médicos, permitindo dar visibilidade às
dicionantes que permitam a estruturação e a suas histórias e implicações nos contextos reais
organização desse nível de atenção em saúde. de realização da política, em uma perspectiva
A alta rotatividade dos médicos nas equipes de micro-histórica (como em Carlo Ginsburg, com
saúde da família continua sendo um problema sua micro-história em ‘O queijo e os vermes’, em
nos grandes centros urbanos25, ainda que estudos 1939), ou mesmo adotado de modo brilhante por
recentes indiquem um índice de permanência Svetlana Alexviechi, na literatura contemporâ-
maior em relação ao início da estratégia; a ro- nea, em sua trilogia de livros ‘A guerra não tem
tatividade de profissionais, principalmente os rosto de mulher’ (1935), ‘Vozes de Tchernóbil’
médicos, colocam-se como entraves ao desen- (1997) e ‘O fim do homem soviético’ (2016).
volvimento do trabalho26. Portanto, mesmo tendo como interesse prin-
cipal os sentidos dados pelos médicos à sua
participação no PMM, partiu-se do pressupos-
Métodos to da necessidade de uma revisão bibliográfica
mais ampla, que permitisse a caracterização
Este estudo se configura como uma pesquisa do contexto sócio-histórico-político do País
bibliográfica da produção teórica brasileira re- na realização do programa. Nesse sentido,
ferente ao PMM, especificamente aquela que se essa revisão se ocupou da produção científica
ocupa do PMMB, ou seja, o provimento emer- brasileira produzida no período de 2013 (início
gencial de médicos naquelas localidades mais do Programa) a junho de 2017.

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


564 Silva QTA, Cecílio LCO

A revisão bibliográfica consiste em uma foram considerados critérios de inclusão os


forma de mapear um campo do conhecimento estudos, artigos e demais publicações que
com a finalidade de compreensão dos movi- citam o termo ‘Programa Mais Médicos’ no
mentos da área, de suas configurações, propen- título; que tiveram como foco o eixo de pro-
sões teóricas metodológicas e análises críticas, vimento do PMM; e que foram publicados no
indicando tendências, recorrências e lacunas27. período de 2013 a junho de 2017; que tivessem
Nessa perspectiva, a pesquisa bibliográfica é resumo e texto completo disponível em por-
feita a partir do levantamento da produção tuguês e, especificamente, que as divulgações
teórica sobre determinado tema e publicada fossem artigos publicados em revistas.
por meios escritos e eletrônicos, como livros,
artigos científicos e páginas de web sites28.
Inicialmente, foi feita a busca das produções Resultados e discussões
realizadas no Banco de Teses e Dissertações da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal A busca realizada gerou 289 publicações,
de Nível Superior (Capes). Em seguida, buscou- sendo 44 em formato acadêmico (tese ou
-se por pesquisas cadastradas na Plataforma dissertações), 40 pesquisas cadastradas e 195
de Conhecimento do PMM organizada pela artigos. Dessas produções, foram analisadas 89
Rede de Pesquisa Atenção Primária à Saúde publicações: 19 em formato acadêmico (tese
da Associação Brasileira de Saúde Coletiva ou dissertação), 27 pesquisas cadastradas e
(Abrasco). Por último, houve a busca de artigos 43 artigos.
na Biblioteca Virtual em Saúde, nos bancos O gráfico 1, a seguir, apresenta a distri-
de dados da Medline, Literatura Latino- buição de produção científica referente ao
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde PMMB – eixo provimento emergencial por
(Lilacs) e Scientific Electronic Library Online ano nas três modalidades de produção teórica
(SciELO). Para a seleção das publicações, supracitadas.

Gráfico 1 - Distribuição de produção científica referente ao PMM - eixo provimento emergencial por ano

35

30

25

20 Artigos
Pesquisas
15
Tese e Dissertação
10

0
2013 2014 2015 2016 2017

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


A produção científica brasileira sobre o Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB) 565

Verifica-se que, no ano de 2013, havia apenas Esse fato deve-se à chamada realizada pela
algumas pesquisas cadastradas, quando se in- revista ‘Ciência & Saúde Coletiva’ para uma
vestiga o início de estudos cadastrados com in- edição temática, alusiva aos três anos do PMM,
teresse sobre o Programa. Os artigos que foram organizada pelo Comitê Coordenador da Rede
analisados no ano de 2013 foram excluídos por de Pesquisa em APS da Abrasco em parceria
estarem fora do escopo da pesquisa. Muitos com a Organização Pan-Americana da Saúde.
não possuíam resumo e quase sempre eram Constata-se, dessa forma, uma intensa pro-
artigos de opinião ou debate sobre o início do dução teórica.
Programa, caracterizando uma intensa disputa Em se tratando da análise da distribuição
de discurso sobre a política. Em contraparti- dessa produção científica em formato de
da, o ano de 2016 corresponde ao período de artigo, apresenta-se a distribuição nas regiões
maior produção científica sobre o Programa. do País, conforme gráfico 2.

Grafico 2. Distribuição da produção científica do PMMB - eixo emergencial por região

Centro-Oeste
Sul
Sudeste
Norte
Nordeste

Verifica-se que a maior produção científi- de doutorado. O pouco tempo de desenvol-


ca está localizada na região Sudeste, com 28 vimento do Programa pode explicar o baixo
estudos realizados (32%). Na sequência estão número de teses cadastradas no Banco de
as regiões Nordeste, com 22 (25%); Sul, com Teses e Dissertações da Capes, uma vez que
18 (21%); Centro-Oeste, com 14 (16%) e Norte, os programas de doutorados são desenvolvidos
com 5 (6%). em até 5 anos.
Das produções científicas em formatos Nesses estudos, predominam os realiza-
acadêmicos cadastradas no Banco de Tese dos a partir de uma abordagem qualitativa
e Dissertação da Capes e dentro do escopo de pesquisa. São 10 estudos nesse formato
dessa pesquisa, 19 (84%) eram dissertações (52,63%), enquanto 4 estudos (21%) adotaram
de mestrados. As outras 3 (16%) eram teses a abordagem quantitativa; e 5 estudos (26,31%)

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


566 Silva QTA, Cecílio LCO

optaram pela abordagem qualiquantitativa. conhecimento, está apresentada na tabela 1,


A distribuição dos estudos, conforme área de que segue abaixo:

Tabela 1. Distribuição de pesquisas do Banco de Tese e Dissertações da Capes sobre o PMMB – eixo provimento
emergencial por área de conhecimento
Área de Conhecimento N %
Saúde Coletiva 08 42,1%
Saúde da Família 03 15,8%
Políticas Públicas 02 10,52%
Gestão Pública 01 5.26%
Psicologia Sociedade e Cultura 01 5.26%
Direito 01 5.26%

Desenvolvimento, Sociedade de Cooperação Internacional 01 5.26%


Ciências Sociais 01 5.26%
Saúde Pública 01 5.26%
Total 19 100%

Fonte: Elaboração própria.

As pesquisas cadastradas na Plataforma Também é possível classificar essas pes-


de Conhecimento do PMM, na Rede APS da quisas de acordo com sua taxonomia, ou
Abrasco, podem ser classificadas de acordo com seja, com o enfoque na abordagem do tema.
os seguintes critérios: a abordagem teórica, a Esses são distribuídos da seguinte forma:
fonte de financiamento, a abrangência da pes- Avaliação de Programa e Serviços, 13 (48%);
quisa e a taxonomia do PMM. Das pesquisas Cultura, Saúde e Cooperação, 5(18%); Atenção
cadastradas na Plataforma, 27 constituíram o Primária à Saúde, 4(15%), Implementação do
escopo para análise deste estudo. Quanto às Programa, 2 (7%); Acesso Universal à Saúde,
fontes de financiamento das pesquisas, observa- 1 (4%); Fixação de Médicos, 1(4%); Formação
-se que grande parte das pesquisas realizadas Interprofissional, 1(4%).
no período do estudo foram financiadas por Em relação à produção em formato de artigo,
órgãos governamentais, perfazendo 18 (66,67%) com publicação em revistas científicas, os dados
das pesquisas analisadas. foram organizados obedecendo aos seguintes
A distribuição das pesquisas a partir de sua critérios: quanto ao tipo de instituição à qual
abrangência considera as instâncias de gestão pertence o autor principal do artigo, tipo de pes-
do SUS (municipal, estadual, regional ou nacio- quisa/abordagem e, por último, área de conhe-
nal). Os dados demonstram um grande esforço cimento responsável pela publicação do artigo;
em análises do Programa a partir dos espaços esses foram classificados conforme o Programa
locais em que se desenvolvia essa política. Neste de Pós-Graduação ou Departamento do vínculo
sentido, a distribuição das pesquisas a partir de institucional do autor principal.
sua abrangência acontece da seguinte forma: as Quanto ao tipo de instituição responsável pela
de abrangência municipal e estadual tiveram, publicação do artigo, considerou-se a instituição
cada uma, 8 pesquisas (30%), 7 estudos (26%) com a qual o autor principal do artigo tem vínculo.
com abrangência nacional e 4 pesquisas (14%) Dessa forma, observou-se que, de um total de 43
de abrangência regional. artigos publicados, uma expressiva maioria, 40

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


A produção científica brasileira sobre o Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB) 567

publicações, tem como autores principais Em relação à abordagem de pesquisas dos


pesquisadores pertencentes a Instituições artigos, observa-se que 28 (65%) pesquisas são
de Ensino Superior; 2 publicações são refe- qualitativas, 12 (27,9%) quantitativas; e apenas
rentes a pesquisadores vinculados a órgãos 3 (7%) adotaram o que seria considerado como
governamentais e, em apenas uma dessas abordagem qualiquantitativa. Essa produção
publicações, o autor principal tem vínculo científica distribui-se por área de conheci-
com o serviço de saúde. mento conforme a tabela 2, abaixo:

Tabela 2. Distribuição de artigos científicos sobre o PMMB – eixo provimento emergencial por área de conhecimento
Área de conhecimento N %
Saúde Coletiva 13 30%
Políticas Públicas 06 14%
Direito 05 12%
Medicina e Ciências Biomédicas 05 12%
Administração 03 7%
Saúde Pública 02 5%

Enfermagem 02 5%
Gestão do Trabalho 02 5%
Educação 01 2%
Medicina Social 01 2%
Higiene e Medicina Tropical 01 2%
Ciências Biológicas e Saúde 01 2%
Saúde da Família e Comunidade 01 2%
Total 43 100%
Fonte: Elaboração própria.

Por fim, a revisão permitiu o agrupamen- indicadores e acesso à saúde; 5) Mudança de


to da produção nas seguintes temáticas ou práticas e modelos de saúde; e 6) Perspectiva
‘categorias’: 1) Direito à Saúde; 2) Análise da dos atores sociais sobre o programa. A produ-
arena política e implementação do Programa; ção científica sistematizada, a partir dessas
3) Provimento, fixação e distribuição de pro- categorias, distribui-se da seguinte forma na
fissionais; 4) Análise de impactos sociais, tabela 3:

Tabela 3. Distribuição de produção científica referente ao PMMB – eixo provimento emergencial por categorias analíticas

Categorias Tese Pesquisa Artigo %


Direito à Saúde 02 0 05 8%
Arena Política e Implementação do PMM 01 03 03 8%
Provimento, Fixação e distribuição de profissionais 03 02 06 12%
Análise de impactos sociais, indicadores e acesso à saúde 04 04 17 28%
Mudança de práticas e modelos de saúde 06 05 07 20%
Perspectiva dos atores sociais sobre o programa 03 13 05 24%

Total 19 27 43 100%
Fonte: Elaboração própria.

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


568 Silva QTA, Cecílio LCO

Verifica-se que há relevante produção cien- manter o médico. No entanto, como o pro-
tífica referente à análise de impactos sociais, grama preconiza um prazo determinado para
indicadores e acesso à saúde. São 25 estudos a disponibilidade do profissional, em longo
(28%), o que expressa um esforço de avaliação prazo, pode evidenciar-se como uma dificul-
do Programa e seus efeitos, mesmo observando dade na orientação desse atributo à ABS, no
o pouco tempo de desenvolvimento da Política. que se refere ao estabelecimento de vínculo
dos usuários com os profissionais de saúde32.
Análise de impactos sociais, indica- A produção médica da atenção básica, em
dores e acesso à saúde 2014, após um ano de desenvolvimento do
programa, evidencia a contribuição do PMM
Entre os comentários sobre a assistência de para o acesso aos serviços de saúde, medidas
médicos nos municípios antes do PMM, en- verificadas por meio da produção de consul-
contravam-se a falta total desses profissionais, tas, produtividade semanal, encaminhamen-
a alta rotatividade ou a baixa quantidade de tos médicos e atendimentos educativos das
médicos29. A ampliação da cobertura da ABS equipes da ESF. Da mesma forma, verificou-se
permite a ampliação de escopo de práticas aumento do número de consultas na população
das equipes, como a realização de ações de adulta e idosa, assim como maior número de
educação, prevenção e intervenção precoce atendimentos de DST/Aids e diminuição do
de doenças, especialmente sensíveis às ações número das consultas fora da área de abran-
da atenção primária, no sentido de promover gência4,31,33. Observou-se aumento significa-
a melhoria de condições de saúde e impac- tivo do número de encaminhamentos para
tando, dessa forma, na redução efetiva do os ambulatórios de média complexidade, o
número de internações. Estudos demonstram que se deve à ampliação do acesso à ABS, fato
que o PMM possibilitou uma tendência de esperado a curto prazo31,34.
redução de internações sensíveis à atenção Também, com o desenvolvimento do PMM,
básica em menores de 5 anos30. Esses resul- a responsividade dos serviços de saúde obteve
tados merecem aprofundamento, buscando avaliação positiva por parte dos usuários, tendo
compreender em que medida a ampliação do contribuído para esses resultados o atendi-
acesso à assistência médica contribuiu para mento com um tempo de espera, agora, consi-
essa redução, associando os achados a outras derado razoável. No entanto, a infraestrutura
variáveis, tais como os indicadores econômi- dos serviços ainda é insuficiente, precisando
cos, demográficos, entre outros31. de maior investimento para melhor equipá-los,
Houve evidências, em pesquisa, da similari- além da necessidade de oferta de serviços de
dade de orientações e presença dos atributos es- saúde de outros níveis de complexidade nos
senciais e derivados da APS, tanto nas equipes de municípios e nas correspondentes regiões35.
ESF que possuem profissionais do PMM quanto
naquelas que não possuem médicos pertencen- Perspectiva dos atores sociais sobre
tes ao programa. Trata-se de uma verificação o programa
relevante, uma vez que desmistifica a ideação
de que os médicos do PMM não teriam preparo Para muitos usuários, a vinda de médicos es-
adequado para atuar no Brasil, principalmente trangeiros para o Brasil deve-se ao fato de que
os estrangeiros, em função de supostos proble- os médicos brasileiros não querem atender
mas de comunicação que a barreira das línguas no SUS, preferindo atuar no setor privado,
diferentes poderia impor32. principalmente em consultórios particulares.
O PMM objetiva fortalecer o atributo lon- Houve, também, percepções negativas dos usu-
gitudinalidade quando propõe a fixação de ários quanto à vinda de médicos estrangeiros,
profissionais em cidades com dificuldade de demonstrando preocupação e insegurança

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


A produção científica brasileira sobre o Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB) 569

quanto à formação desses profissionais, quanto frase bem representativa desses depoimentos
à viabilidade da comunicação e à qualidade dos é a manifestação de um usuário no sentido de
serviços prestados. Em relação à comunicação, que ‘eles (os médicos) nos tocam e não têm nojo
provavelmente em função de diferentes estra- da gente’. Outro fato que justifica o índice de
tégias empreendidas pelas equipes e médicos satisfação dos usuários está relacionado com
participantes do Programa, poucos usuários não haver mais necessidade de deslocamento
evidenciaram dificuldade na compreensão para buscar atendimento médico29.
do idioma do médico. Mesmo aqueles que Esperava-se que o PMM provocasse mu-
declararam essa dificuldade, indicaram que danças e reflexões diversas nos municípios
ela não inviabilizava a consulta34. que fizeram adesão ao Programa. A partir
Existe o reconhecimento de que o Programa das pesquisas realizadas, percebeu-se que
contemplou as áreas mais remotas e vulnerá- o tensionamento deu-se menos no sentido
veis. Parte da população acredita que o PMM da construção da APS e mais no âmbito da
era formado somente por médicos estrangei- conformação da rede e nas formas de se pra-
ros. Provavelmente esse entendimento se deve ticar a clínica. Assim, as potencialidades do
ao fato de ter sido o alvo mais polêmico do Programa ultrapassaram qualquer barreira
programa e o mais explorado pela mídia36, com inicial, de modo que a população tem-se
a publicação de artigos com posicionamentos mostrado vinculada às equipes compostas
e discussões sobre o programa, colocando em por médicos participantes do Programa38.
evidência a contratação de médicos estran-
geiros, com ênfase na chegada dos médicos Provimento e fixação
cubanos. A categoria médica foi a que mostrou
maior resistência ao Programa: os estudantes No primeiro ano de implementação do
e docentes de medicina desconheciam que o Programa, houve o provimento de 14.168
Programa continha outros eixos além do de médicos entre os municípios que aderiram
provimento, sendo importante estimular o ao programa. Os editais de seleção dos médicos
debate nas escolas médicas sobre o Programa participantes estabeleceram prioridades na
e suas ações37. contratação e na ocupação das vagas, de
modo que os profissionais com registro nos
Mudanças nas práticas e modelos de Conselhos Regionais de Medicina (CRM)
saúde tiveram prioridade sobre os médicos inter-
cambistas individuais, que, por sua vez, foram
Verificou-se, nos estudos realizados, a presen- priorizados sobre os cooperados. Estes últimos
ça de traços de integralidade nas práticas das não escolheram seus municípios de atuação
equipes de saúde da família a partir da incor- e eram provenientes do acordo com Cuba. É
poração dos médicos do Programa nas seguin- relevante referir que, entre todos os médicos
tes dimensões: acessibilidade, acolhimento, participante do Programa, 11.150 eram coo-
vínculo, respeito aos usuários e continuidade perados, originários de acordo firmado entre
de cuidados. Da mesma forma, verificou-se o governo brasileiro e Cuba, ou seja, repre-
que, na ótica dos trabalhadores das equipes sentavam aproximadamente 80% do total39.
de saúde da família, o PMM teria contribuído O PMM contou com a participação de
para a integralidade das práticas, impactando médicos de 47 diferentes nacionalidades, que
positivamente na melhoria da ABS29. tiveram a seguinte alocação: os com registro
Estudos apresentam os comentários positivos no CRM, que escolheram o local de atuação,
dos usuários a partir da experiência da consul- foram alocados principalmente em municí-
ta médica, seja no consultório ou no domicílio, pios com 20% ou mais da população vivendo
expressando que eles foram ‘respeitados’. Uma em extrema pobreza (31,3%). Um terço dos

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


570 Silva QTA, Cecílio LCO

médicos cooperados, ou seja, aqueles oriundos das Jornadas de Junho em 2013 abriram uma
do acordo entre o governo brasileiro e cubano, janela de oportunidades para o lançamento e
também foram alocados em municípios com a implementação imediata do PMM.
o perfil supracitado (31,7%). Os intercambis- Observou-se uma disputa discursiva pela
tas individuais optaram, principalmente, por legitimidade do Programa, em que os grandes
regiões metropolitanas e capitais; e, em último meios de comunicação, inicialmente, posicio-
lugar, por municípios com alguma situação de naram-se contra o PMM; e as redes sociais,
vulnerabilidade. A região Nordeste foi a que com propostas alternativas de comunicação,
mais recebeu médicos cooperados, seguida foram relevantes no contraponto a essas po-
pelo Sudeste e pelo Sul9,40. sições. No mesmo sentido, houve movimentos
Verificou-se que as áreas de alocação de de oposição e contestação da legitimidade e da
grande parte dos médicos brasileiros, mesmo eficiência da proposta, que tomaram as ruas,
que em áreas de maior vulnerabilidade socio- as mídias e os foros legislativos e judiciários.
econômica, configuraram os municípios com As entidades de classe da categoria médica
menores distâncias das capitais. Tal fato indica, foram as que mostraram maior resistência à
por parte dos médicos brasileiros, uma opção, proposta4. Na intensidade dos jogos políticos,
predominantemente, por cidades próximas houve recuo e concessão dos sujeitos sociais
aos grandes centros urbanos40. que apoiavam e que eram contra o programa.
A possibilidade de opção de escolha, por Assim, o PMMB, situado no âmbito da Política
parte dos médicos participantes do Programa, do PMM, foi instituído com a finalidade de garan-
de áreas não prioritárias permitiu a perma- tir o provimento de médicos em localidades ca-
nência das desigualdades regionais no acesso rentes de profissionais e de investir na formação
à atenção em saúde39. de médicos na área de atenção básica, mediante
Apesar dos avanços no provimento de pro- integração ensino-serviço, inclusive por meio de
fissionais, verificou-se a insuficiência no apoio intercâmbio internacional35.
profissional e pessoal, que se caracteriza por Inicialmente, foram inúmeras as polêmicas
ações de promoção a cooperação interprofis- acerca de justificativas, propósitos, tipos de
sional, melhoria nas condições de trabalho, contratações e sobre os médicos contratados
organização de planos de carreiras e salários, pelo programa10. Com relação à participação
medidas de reconhecimento profissional e na formulação do Programa, em face da emer-
apoio ao desenvolvimento de redes de pro- gência no seu lançamento, não houve o tempo
fissionais para diminuir o isolamento dos tra- necessário para uma discussão mais ampliada
balhadores nas áreas que são mais remotas e entre os diferentes entes federados e a socie-
vulneráveis. Diversos autores afirmam que as dade, o que prejudicou no planejamento e na
ações de apoio profissional e pessoal influen- divulgação da política. Aliás, a pouca partici-
ciam diretamente a decisão do profissional por pação de diferentes setores e atores sociais no
permanecer em um local, trazendo benefícios processo de formulação e implementação do
em longo prazo; porém, no âmbito do PMM, programa explica, em parte, as críticas sofridas
observa-se baixo investimento financeiro na sua origem, uma vez que a fase inicial foi
nessa dimensão24. conduzida de maneira bastante centralizada
pelo Governo Federal2,41.
Análise da arena política e a imple- Apesar das adversidades, houve o reconhe-
mentação do programa cimento da população, pois o PMM apresentou
uma estratégia efetiva de solução à insufici-
Como anteriormente mencionado, atualmente, ência de médicos em algumas localidades,
compreende-se que a base do PMM se configu- ampliando o acesso à assistência. No entanto,
rou no ano de 2012; no entanto, as manifestações pode-se dar destaque à reação da corporação

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


A produção científica brasileira sobre o Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB) 571

médica brasileira à contratação dos profis- o acesso à assistência à saúde em áreas social-
sionais estrangeiros, à desinformação em mente vulneráveis e remotas, pode-se observar
relação ao Programa pela população e pela que os municípios ainda convivem com inse-
mídia, limitando a compreensão à contratação gurança assistencial, tendo em vista que ocor-
de médicos cubanos41. reram redução e substituição da oferta regular
Da mesma forma, existiu o reconheci- de médicos das prefeituras pelo provimento
mento de parte de sanitaristas e acadêmicos federal, no qual os médicos intercambistas têm
defendendo que o Programa permitiu o for- um vínculo de três anos, que pode ser renovado
talecimento da atenção básica e a ampliação por igual período. Esse fato coloca em questão
do acesso a serviços de saúde2,42. o vínculo entre usuários e equipe de saúde9.
Não obstante, mesmo diante desse cenário,
Direito à saúde considerando o direito à cidadania e os prin-
cípios do SUS, estudos evidenciam que a
No Brasil, o acesso aos serviços de Saúde no implementação do PMM contribuiu para o
âmbito do SUS deve ser ordenado pela atenção fortalecimento da atenção básica, para a quali-
primária; porém, a garantia do acesso é com- ficação dos serviços de saúde, para a melhoria
plexa, pois abrange diferentes dimensões: do provimento médico e para um significati-
política, organizacional, técnica, simbólica e vo aprimoramento do acesso aos serviços de
geográfica. Estudos realizados no município saúde à população5.
de Mossoró (Rio Grande do Norte) apresen-
tam que, na perspectiva do usuário, com a
implementação do PMM, a atenção básica se Considerações finais
configura de maneira mais acessível no que
tange à consulta médica, apesar das dificul- Esta revisão expressa a significativa produ-
dades estruturais referentes à prestação de ção de conhecimentos referentes ao PMM,
um serviço de saúde oportuno e resolutivo34. especificamente, relacionados com o eixo
A identificação da grande inserção de de provimento emergencial, denominado
médicos do PMM sugere a atuação destes PMMB. Os dados demonstram um grande
profissionais em equipes incompletas ou esforço em análises do Programa a partir dos
com elevada rotatividade, cenários esses de espaços locais (municípios, estados e regiões
ofertas de serviços de saúde que não permitiam de saúde; com poucos estudos de abrangência
a constituição de vínculos entre usuários e nacional) em que se desenvolvia essa política, o
trabalhadores de saúde, nem a continuidade que permite a compreensão da implementação
do cuidado. É evidente que o PMM ampliou o do Programa nas diferentes regiões do País.
acesso e a garantia do direito à saúde a milhões No entanto, apesar de os estudos realiza-
de brasileiros por meio do provimento ime- rem a análise de experiências locais, verifi-
diato26. Construiu uma estratégia exitosa em cou-se pouca produção de conhecimentos e
termos de legitimação pela própria natureza de pesquisas advindas dos serviços, sendo
das ações propostas, ou seja, uma solução de realizadas em grande parte pelas Instituições
curto prazo, alta visibilidade e percepção a de Ensino Superior. Assim, grande parte dos
uma parcela considerável da população bra- estudos dão ênfase à formalidade da política,
sileira, para quem o acesso a médico era res- com destaque ao aspecto legal, institucional,
trito e, agora, torna-se direto e observável. enunciado oficial e práticas de sujeitos que
Dessa forma, o programa ganha credibilidade elaboram e executam a política36. Finalizada a
e legitimidade perante o usuário como uma revisão, é possível afirmar que poucos estudos
solução efetiva2. têm abordado a dimensão mais micropolítica
No entanto, apesar de o PMM ter ampliado do PMM, de modo a incorporar a perspectiva

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


572 Silva QTA, Cecílio LCO

de seus protagonistas centrais. tem capacidade de construir conhecimentos


Percebeu-se, neste estudo, o interesse de sobre Política43.
diferentes disciplinas e áreas de conhecimen-
to na abordagem e na reflexão dessa Política,
o que permite uma reflexão dialogada entre Colaboradores
os diferentes estudos na busca de desen-
volvimento de caminhos para uma análise Silva QTA (0000-0001-5464-6307)* e Cecílio
crítica da Política em curso, rompendo com LCO (0000-0002-9207-4781)* contribuíram,
a ideia de que apenas um campo específico igualmente, na elaboração do manuscrito. s

Referências

1. Craveiro I, Hortale V, Oliveira APC, et al. The uti- nível em: http://dx.doi.org/10.1590/1679-395117188.
lization of research evidence in Health Workforce
Policies: the perspectives of Portuguese and Brazi- 5. Mota RG, Barros NF. O Programa Mais Médicos no
lian National Policy-Makers. j. public health.2018; Estado de Mato Grosso, Brasil: uma análise de imple-
40(Supl1):i50-i56. mentação. Ciênc. Saúde Colet. [internet]. 2016 [acesso
em 2018 set 1]; 21(9):2879-2888. Disponível em: http://
2. Lotta GS, Galvão MCCP, Favareto AS. Análise do Pro- dx.doi.org/10.1590/1413-81232015219.14582016.
grama Mais Médicos à luz dos arranjos institucio-
nais: intersetorialidade, relações federativas, parti- 6. Brasil. Exposição de Motivo nº 00024/2013 de 6 de
cipação social e territorialidade. Ciênc. Saúde Colet. julho de 2013. Medida Provisória que institui o Pro-
[internet]. 2016 [acesso em 2018 set 1]; 21(9):2761- grama Mais Médicos [internet]. [acesso em 2018 set
2772. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1413- 1]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
81232015219.16042016. vil_03/_Ato2011-2014/2013/Mpv/mpv621.htm.

3. Souza Lima RCG, Garcia Junior CAS, KerkorskI E, et 7. Oliveira FP, Vanni T, Pinto HA, et al. Mais Médicos:
al. Programa Mais Médicos no Estado de Santa Ca- um programa brasileiro em uma perspectiva interna-
tarina: breve relato de experiências iniciais. Tem- cional. Interface (Botucatu) [internet]. 2015 [acesso
pus (Brasília) [internet]. 2016 [acesso em 2018 set 1]; em 2018 set 1]; 19(54):623-634. Disponível em: http://
9(4):67-80. Disponível em: http://www.tempusactas. dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.1142.
unb.br/index.php/tempus/article/view/1741.
8. Scheffer M, coordenador. Demografia Médica no Bra-
4. Macedo AS, Alcântara VC, Andrade LFS, et al. O pa- sil: dados gerais e descrições de desigualdades [inter-
pel dos atores na formulação e implementação de po- net]. 2011 [acesso em 2018 set 1]; São Paulo: Conselho
líticas públicas: dinâmicas, conflitos e interesses no Regional de Medicina do Estado de São Paulo, Conse-

*Orcid (Open Researcher


Programa Mais Médicos. Cad. EBAPE.BR [internet]. lho Federal de Medicina. Disponível em: https://www.
and Contributor ID). 2016 [acesso em 2018 set 1]; 14(esp):593-618. Dispo- cremesp.org.br/pdfs/demografia_2_dezembro.pdf.

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


A produção científica brasileira sobre o Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB) 573

9. Girardi SN, Van Stralen ACS, Cella JN, et al. Impac- do Rio de Janeiro, 2010 [acesso em 2018 set 1]. Dis-
to do Programa Mais Médicos na redução da escas- ponível em: http://www.obsnetims.org.br/uploa-
sez de médicos em Atenção Primária à Saúde. Ci- ded/2_5_2013__0_Gestao_trabalho.pdf.
ênc. Saúde Colet. [internet]. 2016 [acesso em 2018
set 1]; 21(9):2675-2684. Disponível em: http://dx.doi. 17. Organización Mundial de la Salud. Argumentando
org/10.1590/1413-81232015219.16032016. sobre la cobertura sanitária universal Ginebra: OMS;
2013.
10. Miranda AS, Melo DA. Análise comparativa sobre a
implantação do Programa Mais Médicos em agrega- 18. Organización Naciones Unidas. Resolución 70/1 de
dos de municípios do Rio Grande do Sul, Brasil. Ci- 25 de septiembre de 2015. Transformar nuestro mun-
ênc. Saúde Colet. [internet]. 2016 [acesso em 2018 do: la Agenda 2030 para el Desarrollo Sostenible. As-
set 1]; 21(9):2837-2848. Disponível em: http://dx.doi. sembleia Geral. 21 Out 2015.
org/10.1590/1413-81232015219.18522016.
19. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do
11. Dal Poz MR, Sepulveda HR, Costa Couto MH, et al. Trabalho e da Educação na Saúde. Seminário nacio-
Assessment of human resources for health program- nal sobre escassez, provimento e fixação de profis-
me implementation in 15 Latin American and Carib- sionais de saúde em áreas remotas de maior vulne-
bean countries. Hum Resour Health. 2015;13-24. rabilidade. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2012.

12. Pan American Health Organization. Toronto Call to 20. Dal Poz M. Entre o prescrito e o realizado: estudo so-
Action: 2006-2015 towards a decade of human re- bre a implantação do SUS no Estado do Rio de Janei-
sources for health in the Americas [internet]. Wa- ro e sua repercussão na política de recursos humanos
shington, DC; WHO; 2006. [acesso em 2018 ago 18]. em nível municipal [tese]. Rio de Janeiro: Universi-
Disponível em: http://www.bvsde.paho.org/bvsde- dade do Estado do Rio de Janeiro, 1996. 176 p.
escuelas/fulltext/CallAction_eng1.pdf.
21. Pierantoni CR. Reformas da saúde e recursos huma-
13. Roas AC. Experimentos de escolha discreta sobre nos: novos desafios x velhos problemas [tese] [in-
provimento e fixação de recursos humanos em saú- ternet]. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do
de. [internet]. In: Anais da 6ª Jornada Nacional de Rio de Janeiro, 2010 [acesso em 2018 mar 5]. Dis-
Economia da Saúde; 2012; Brasília, DF: Associação ponível em: http://www.obsnetims.org.br/uploa-
Brasileira de Economia da Saúde; 2012 [acesso em ded/3_6_2013__0_Reformas_da_saude.pdf.
2018 set 1]. Disponível em: http://abresbrasil.org.br/
sites/default/files/poster_21_0.pdf. 22. Organização Pan-Americana da Saúde. A atenção à
saúde coordenada pela APS: construindo as redes de
14. Wismar M, Maier CB, Glinos IA, et al, editores. He- atenção no SUS - Contribuições para o debate. Bra-
alth professional mobility and health systems: evi- sília, DF: OPAS; 2011
dence from 17 European countries. London: Euro-
pean Observer. 2011. 23. Viana ALD, Dal Poz MR. A reforma do sistema de
saúde no Brasil e o Programa de Saúde da Família.
15. Willis-Shattuck M, Bidwell P, Thomas S, et al. Moti- Physis [internet]. 1998 [acesso em 2018 set 1]; 8(2):11-
vation and retention of healthworkers in developing 48. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-
countries: a systematic review. BMC Health Serv Res. 73311998000200002.
2008; 8:247-255.
24. Carvalho VKS, Marques CP, Silva EN. A contribui-
16. Garcia ACP. Gestão do trabalho e da educação na ção do Programa Mais Médicos: análise a partir das
saúde: uma reconstrução histórica e política [tese] recomendações da OMS para provimento de médi-
[internet]. Rio de Janeiro: Universidade do Estado cos. Ciênc. Saúde Colet. [internet]. 2016 [acesso em

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


574 Silva QTA, Cecílio LCO

2018 set 1]; 21(9):2773-2784. Disponível em: http:// 32. Carrer A, Toso BRGO, Guimarães ATB, et al. Efe-
dx.doi.org/10.1590/1413-81232015219.17362016. tividade da Estratégia Saúde da Família em unida-
des com e sem Programa Mais Médicos em muni-
25. Campos CVA, Malik AM. Satisfação no trabalho e cípio no oeste do Paraná, Brasil. Ciênc. Saúde Colet.
rotatividade dos médicos do Programa de Saúde da [internet]. 2016 [acesso em 2018 set 1]; 21(9):2849-
Família. Rev. Adm. Pública [internet]. 2008 [acesso 2860. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1413-
em 2018 set 1]; 42(2):347-368. Disponível em: http:// 81232015219.16212016.
dx.doi.org/10.1590/S0034-76122008000200007.
33. Santos M, Souza E, Cardoso J. Avaliação da Quali-
26. Giovanella L, Mendonça MHM. Atenção Primária à dade da Estratégia Saúde da Família e do Programa
Saúde. In. Giovanella L, Escorel S, Lobato LVC, et al. Mais Médicos na Área Rural de Porto Velho, Ron-
Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. Rio de Janei- dônia. Gest. Sociedade [internet]. 2016 [acesso em
ro: Fiocruz; 2012. p. 493-545. 2018 set 1]; 10(26):1327-1346. Disponível em: https://
www.gestaoesociedade.org/gestaoesociedade/arti-
27. Vosgerau DSAR, Romanowsi JP. Estudos de revisão: cle/view/2089.
implicações conceituais e metodológicas. Rev. Diálo-
go Educ. 2014; 14(41):165-189. 34. Silva TRB, Silva JV, Pontes AGV, et al. Percepção
de usuários sobre o Programa Mais Médicos no
28. Fonseca JJS. Referências para a elaboração de um município de Mossoró, Brasil. Ciênc. Saúde Colet.
artigo de pesquisa. SlideShare [internet]. [acesso em [internet]. 2016 [acesso em 2018 set 1]; 21(9):2861-
2018 set 1]. Disponível em: http://www.slideshare. 2869. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1413-
net/joaojosefonseca/referncias-para-aelaborao-de- 81232015219.18022016.
-um-artigo-de-pesquisa.
35. Thumé E, Wachs LS, Soares MU, et al. Reflexões dos
29. Comes Y, Trindade JS, Pessoa VM, et al. A imple- médicos sobre o processo pessoal de aprendizagem e
mentação do Programa Mais Médicos e a integra- os significados da especialização à distância em saú-
lidade nas práticas da Estratégia Saúde da Família. de da família. Ciênc. Saúde Colet. [internet]. 2016 set
Ciênc. Saúde Colet. [internet]. 2016 [acesso em 2018 [acesso em 2018 set 1]; 21(9):2807-2814. Disponível em:
set 1]; 21(9):2729-2738. Disponível em: http://dx.doi. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015219.14632016.
org/10.1590/1413-81232015219.15472016.
36. Baião DC, Leônidas SR, Lins CFM. Avaliação do Pro-
30. Carneiro VB, Oliveira PTR, Bastos MSCB, et al. Ava- grama Mais Médicos: uma revisão da literatura [inter-
liação da mortalidade e internações por Condição net]. In: XIV Encontro de Pós-Graduação e Pesquisa;
Sensível à Atenção Primária em menores de 5 anos, 2014 Out 20-24; Fortaleza: Universidade de Fortale-
antes e durante o Programa Mais Médicos, no Mara- za [acesso em 2018 set 1]. Disponível em: http://uol.
jó-Pará-Brasil. Saúde Redes [internet]. 2016 [acesso unifor.br/oul/conteudosite/?cdConteudo=5009022.
em 2018 set 1]; 2(4):360-371. Disponível em: http://
revista.redeunida.org.br/ojs/index.php/rede-unida/ 37. Villa Real GGO, Succi GM, Montalli VAM, et al. Es-
article/view/778. tudantes e Professores da Área da Saúde Conhecem
o Programa Mais Médicos? Rev. bras. educ. med.
31. Gonçalves RF, Sousa IMC, Tanaka OY, et al. Programa [internet]. 2017 [acesso em 2018 set 1]; 41(1):110-
Mais Médicos no Nordeste: avaliação das internações 116. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1981-
por condições sensíveis à Atenção Primária à Saúde. -52712015v41n1rb20160036.
Ciênc. Saúde Colet. [internet]. 2016 [acesso em 2018
set 1]; 21(9):2815-2824. Disponível em: http://dx.doi. 38. Terra LSV, Borges FT, Lidola M, et al. Análise da ex-
org/10.1590/1413-81232015219.15392016. periência de médicos cubanos numa metrópole brasi-
leira segundo o Método Paideia. Ciênc. Saúde Colet.

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019


A produção científica brasileira sobre o Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB) 575

[internet]. 2016 [acesso em 2018 set 1]; 21(9):2825- 41. Carryl JAM, Rossato L, Prados RMN. Programa Mais
2836. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1413- Médicos. Rev. Diálogos Interdisciplinares. 2016;
81232015219.15312016. 5(2):1-8.

39. Oliveira JPA, Sanchez MN, Santos Leonor MP. O 42. Pinto HA, Sales MJT, Oliveira FP, et al. O Programa
Programa Mais Médicos: provimento de médicos em Mais Médicos e o fortalecimento da Atenção Básica.
municípios brasileiros prioritários entre 2013 e 2014. Divulg. Saúde debate. 2014; 51:105-120.
Ciênc. Saúde Colet. [internet]. 2016 [acesso em 2018
set 1]; 21(9):2719-2727. Disponível em: http://dx.doi. 43. Mattos RA, Baptista TWF, organizadores. Caminhos
org/10.1590/1413-81232015219.17702016. para análise das políticas de saúde. Porto Alegre: Rede
Unida; 2015.
40. Nogueira PTA, Bezerra AFB, Leite AFB, et al. Carac-
terísticas da distribuição de profissionais do Progra-
Recebido em 14/09/2018
ma Mais Médicos nos estados do Nordeste, Brasil. Aprovado em 02/04/2019
Conflito de interesses: inexistente
Ciênc. Saúde Colet. [internet]. 2016 [acesso em 2018
Suporte financeiro: não houve
set 1]; 21(9):2889-2898. Disponível em: http://dx.doi.
org/10.1590/1413-81232015219.17022016.

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 43, N. 121, P. 559-575, ABR-JUN, 2019

Você também pode gostar