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Memória

1ª Ciranda Nacional de Educação Popular


A partir das experiências do FREPOP – Fórum de Educação Popular (2003-2016
Em memória de Simone Leite, Glauce Gouvêa e Liu Leal

Auditório da Escola de Turismo e Hotelaria Canto da Ilha / CUT (ETHCI/CUT)


Florianópolis, SC.

Ciranda Nacional de Educação Popular 1


A partir das experiências do FREPOP
Comissão Organizadora
Edson Marcos de Anhaia – GECA/UFSC
Emeson Tavares da Silva - GECA/UFSC
Gabriela Furlan Carcaioli - GECA/UFSC
Graziela Del Mônaco - GECA/UFSC
Natacha Eugência Janata - GECA/UFSC

Cledson Reis – Aneps


Eliane Moura – Fundação Perseu Abramo/ENFP/PT
Márcio Cruz – Org. FREPOP (2008-2014)
Maria Rocineide Ferreira da Silva – PNEPS-SUS
Raimunda Macena – ENFOC/Contag

Realização
Departamento de Educação no Campo da UFSC
André Taschetto Gomes Maria Carolina Machado Magnus
Alfredo Ricardo Silva Lopes Natacha Eugência Janata
Arthur Schmidt Nanni Patricia Guerrero
Beatriz Bittencourt Collere Hanff Roberto Antonio Finatto
Carolina Orquiza Cherfem Thaise Costa Guzzatti
Edson Marcos de Anhaia
Emeson Tavares da Silva Professores Substitutos
Gabriela Furlan Carcaioli Gláucia Sousa Moreno
Graziela Del Mônaco José Francisco Zavaglia Marques
Juliano Espezim Soares Faria Júlio César Lemos Milli
Keiciane Canabarro Drehmer Marques Kátila Thaiana Stefanes

Apoio
Ministério da Educação [Emenda ao Orçamento – Dep. Federal Pedro Uczai/PT/SC]
Ministério da Saúde [Departamento de Gestão Interfederativa e Participativa]

Ciranda Nacional de Educação Popular 2


A partir das experiências do FREPOP
Índice
Apresentação ............................................................................................................... 4

Mística de abertura ...................................................................................................... 6

Abertura oficial............................................................................................................. 6

Aula Pública .................................................................................................................. 7

Educação popular e movimentos sociais na América Latina e Caribe.......................... 7

Mística de abertura .................................................................................................... 14

De onde viemos.......................................................................................................... 14

História e experiências de Educação Popular vinculadas as políticas públicas no Brasil.


................................................................................................................................... 18

Espaços de participação social e o papel da Educação Popular para incidir nas políticas
públicas. ..................................................................................................................... 23

1) Política de participação social com educação popular nos territórios. .................. 24

2) Programa Nacional dos Comitês de Cultura ........................................................... 26

3) Política Nacional de Educação Popular em Saúde - PNEPS-SUS. ............................ 28

4) Secretaria Nacional de Economia Solidária ............................................................ 30

Diálogo com o Secretário de Economia Solidária do Ministério do Trabalho, Gilberto


de Carvalho ................................................................................................................ 32

Contribuições da Educação Popular para a Construção da Força Social das Camadas


Populares ................................................................................................................... 38

Apontamentos para sistematização ........................................................................... 41

Encaminhamentos da 1º Ciranda Nacional de Educação Popular ............................. 44

Ciranda Nacional de Educação Popular 3


A partir das experiências do FREPOP
Apresentação
“Essa ciranda não é minha só, ela é de todos nós, ela é de todas nós (...)”

Esse documento guarda a memória da Ciranda Nacional de Educação Popular realizada


entre os dias 30 de novembro, 1 e 2 de dezembro de 2023. É a primeira Ciranda Nacional
de Educação Popular após o golpe contra a democracia brasileira promovido pelas elites
deste país no ano 2016, com o impeachment ilegítimo e ilegal, da presidenta Dilma
Rousseff.
Em julho de 2016, ocorreu na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE a 13ª edição
do FREPOP– Fórum Nacional de Educação Popular, organizado a partir de cirandas
promovidas por educadoras e educadores populares em diferentes estados do país
mobilizando temas geradores locais. Previsto para ocorrer de dois em dois anos, a partir
de um caminho metodológico, o Fórum não ocorreu em 2018 e 2020, por diferentes
circunstâncias, considerando dois aspectos predominantes, a resistência contra o
fascismo e a extrema direita no Brasil a Pandemia da Covid-19.
Em 2023, a partir de uma emenda parlamentar do Dep. Federal Pedro Uczai do PT de
Santa Catarina, reunimos recursos para promover a 1ª Ciranda Nacional de Educação
Popular após a retomada da democracia em nosso país. Não a denominamos de
“Ciranda do FREPOP” por entendermos que haver legitimidade para isso, mas, foi
convocada a partir de suas experiências. O departamento de Educação no Campo da
UFSC acolheu a ciranda e dedicou-se à sua organização. O Ministério da Saúde deu apoio
técnico e metodológico, além de patrocinar nove passagens e diárias garantindo a
participação de educadores(as) de diferentes estados. Ao todo, 64 educadoras e
educadores participaram em diferentes momentos da Ciranda, e o que segue é o esforço
do registro de sua sistematização em uma memória.

Boa leitura!

Ciranda Nacional de Educação Popular 4


A partir das experiências do FREPOP
Memória
1ª Ciranda Nacional de Educação Popular
A partir das experiências do FREPOP – Fórum de Educação Popular (2003-2016
Em memória de Simone Leite, Glauce Gouvêa e Liu Leal

23 dezembro 2023

FLORIANÓPOLIS
30 novembro 1º e 2 de dezembro

“Fé na vida, fé nas mulheres, fé no que virá.


Nós podemos tudo, nós podemos mais,
vamos lá fazer o que será...’’
Gonzaguinha

Programa
QUITA - 30 novembro
Abertura da Ciranda com a presença da Vice-reitora Prof.ª Drª Joana Célia dos Passos e
autoridades.
Aula Pública: Panorama da Educação Popular na América-Latina e Caribe

SEXTA - 1º dezembro
Alinhavando Caminhos
Tecendo nossa História na Educação Popular
Mapeando os espaços de participação e o papel da Educação Popular

SÁBADO – 2 dezembro
Declarações de compromissos para elevar a força social do povo
Processos de organização possíveis
Próximos passos na Caminhada

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A partir das experiências do FREPOP
30 novembro

Mística de abertura

🎭Atividade Artística:
“O Grupo de teatro popular Grupo Madalenas na Luta de Santa Catarina, apresentou
um trabalho que revela o tempo da política e da resistência do povo. Um esquete visual
apoiado por imagens projetadas que marcaram a história recente do Brasil. As
expressões demostraram dor, resistência, enfrentamento, possibilidades, esperanças e
utopias. Encerrou com todas as pessoas presentes no auditório dando as mãos e
encenando uma ciranda cantarolando a música ao fundo.... “como se fora brincadeira
de roda... dança do trabalho na dança das mãos...”

Abertura oficial

Participaram da abertura oficial diferentes áreas da Universidade Federal de Santa


Catarina (UFSC), autoridades do governo federal e do Estado de SC, como parlamentares
estaduais que tem identidade com a Educação Popular. Todos saudaram o evento. A
vice-reitora Profa. Dra. Joana Célia dos Passos falou em nome da UFSC dando as boas-
vindas, saudou e declarou o espaço da Universidade pública como um terreno para ser
ocupado pela Educação Popular, recordou encontros e saberes de outros tempos,
presentes entre os participantes da Ciranda.

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A partir das experiências do FREPOP
Aula Pública

Como parte da 1ª Ciranda Nacional de Educação Popular, se abriu o espaço para um


panorama para uma aula publica, num dos auditórios da UFSC sobre Educação Popular
e movimentos sociais na América Latina e no Caribe. A proposta teve como objetivo
traçar um panorama sobre o tema ampliando horizontes para subsidiar o diálogo que
iniciaríamos nos dois dias de Ciranda sobre a Educação Popular no Brasil. Nosso
convidado por o educador Alfonso Torres Carrillo, educador popular e Doutor em
Estudos Latino-Americanos da UNAM – México e integrante do CEAAL internacional. Os
apontamentos que seguem foram enviados pelo Alfonso, a quem agradecemos a
partilha.

Educação popular e movimentos sociais na América


Latina e Caribe

Alfonso Torres Carrillo


Educador Popular colombiano
Doutor em Estúdios Latino-americanos, UNAM México

Objetivos da conferência:

• Identificar as múltiplas relaciones entre a educação popular e os movimentos


sociais na América Latina;
• Analisar as características principais das propostas educacionais em alguns
movimentos sociais da Região
• Reconhecer desafios da educação popular desde os movimentos sociais.

1. Movimentos sociais e educação popular

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A partir das experiências do FREPOP
Na América Latina existe uma longa tradição de lutas e movimentos sociais:
— Desde a resistência indígena a conquista e colonização hispana ou hispano-
portuguesa, a criação dos quilombos e as rebeliões coloniais;
— Passando pelas lutas camponesas e de trabalhadores
— Os movimentos por Direitos Humanos, saúde, educação, contra a carestia....
— Até as atuais lutas contra o neoliberalismo, racismo, patriarcado e pela defensa
das identidades culturais e sexuais.

Cada um de esses movimentos tem sua própria historicidade e singularidade. No


entanto, é possível reconhecer algumas caraterísticas comuns:

1. Territorialidade: um forte enraizamento nos contextos locais; da luta pela terra


e a defensa de sus territórios (ancestrais ocupados, construídos, recuperados).
2. Integralidade e articulação de suas demandas e ações: reivindicações materiais
(terra, subsídios, alimentação, crédito) e culturais (memoria, identidade).
3. Capacidade para gerar alianças, articulações com outros atores sociais e
políticos.
4. Novos protagonismos: mulheres, jovens, intelectuais e artistas.
5. Criatividade e versatilidade em seus repertórios organizacionais, de
mobilização e comunicação.
6. Criação de novos referentes do pensamento emancipador (Bem-viver,
dignidade, outros mundos possíveis...)
7. Importância da educação: criação do propostas educativas próprias e saberes
e práticas pedagógica novas.

A Educação Popular, como concepção e prática educacional (e como corrente


pedagógica) que busca fortalecer as classes populares como sujeito histórico da
transformação, desde sua origem, tem procurado estabelecer uma relação com os

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A partir das experiências do FREPOP
movimentos sociais; Paulo Freire trabalhou inicialmente com Movimentos de Educação
de base e Movimento de Cultura Popular. Desde a década de 1970 a educação popular
está presente em organizações camponesas, dos moradores das periferias, favelados,
jóvens, indígenas e mulheres, em movimentos quilombolas, ambientais, culturais etc.
Nos últimos anos, há maior reflexão e pesquisa em torno ao tema por parte dos
educadores populares. Os próprios movimentos realizam pesquisa e sistematização
sobre o tema. Há também, no campo dos estudos educativos, um aumento no interesse
pela relação entre movimentos sociais e educação: no Brasil, o tema tem sido muito
pesquisado, em particular a educação do campo do MST, Contag, entre outros.

2. Propostas educativas em 5 movimentos sociais

Apresento um resumo dos resultados de uma pesquisa onde analiso 4 propostas


educativas criadas por movimentos e organizações sociais de longa trajetória e
reconhecimento em seus países:

Coordenadoria de bacharelados populares em Buenos Aires, Argentina.


Surgiram no contexto da crise econômica e social na Argentina, junto com outros
movimentos, como a recuperação de fábricas e organizações de bairro. São escolas
secundárias para adultos e jovens, grupos-alvo de educadores, que, por sua vez, são
organizados como uma coordenação da luta pelo direito à Educação.

Universidade intercultural Amawtay Wasi, Ecuador. Criada pela CONAIE


(Confederação Nacional de Povos Indígenas do Equador) em 2004.
Tem como objetivo a formação de profissionais indígenas, de acordo com a filosofia,
política e ética dos povos indígenas.

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A partir das experiências do FREPOP
Programa de Pedagogia Comunitária Corporação CONVIVAMOS, Colômbia.
A organização nasceu na década de 1990 para promover a organização da comunidade
e construção de um Movimento Popular, em Medellín. É organizado por programas:
animação cultural, mobilização, educação e produção de conhecimento.

Escola Nacional de Formação (ENFOC) da CONTAG, Brasil.


Criado por a CONTAG - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura,
Organização de pequenos agricultores familiares, parte do movimento sindical de
trabalhadores rurais, composta de pequenos agricultores e assalariados do campo. A
ENFOC fui criada para formar novos líderes sindicais em novos valores éticos e políticos,
para uma nova sociabilidade.
A partir da sistematização das propostas educacionais dos movimentos, destacamos
algumas características que se sobressaem: organicidade política, influências e ideias
pedagógicas, objetivos, conteúdos, metodologias, sujeitos educativos, relações
pedagógicas e produção de conhecimento

1. ORGANICIDADE DAS PROPOSTAS


— Propostas educacionais que emergem como uma "necessidade" ou “desafio”
dos movimentos.
— Elas visam promover os ideais e os programas do movimento.
— Elas justificam a emergência da crítica radical do sistema capitalista, da
educação e do sistema escolar.
— Finalmente, o caráter e a identidade assumida pelas propostas educacionais
são essencialmente políticos.

2. INFLUÊNCIAS E FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS.

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A partir das experiências do FREPOP
• Experiências educacionais são guiados por abordagens pedagógicas
alternativas, particularmente a educação popular e as ideias de Paulo
Freire.
• Outras influências: pedagogia socialista e teologia da libertação; em ENFOC:
pedagogias do Movimento, “da terra” e “do campo”.
• Universidade indígena afirma que o seu principal fundamento é em suas
visões de mundo ancestrais.
• As propostas visam formar indivíduos críticos do capitalismo e do
colonialismo.

3. HORIZONTES E FINS EDUCACIONAIS


• Os objetivos de universidades, escolas e programas são definidos nas
organizações do movimento.
• Propostas e sentidos de vida alternativos, tais como a "boa vida" (Amawta
Wasi) e uma vida digna (Convivamos).
• Os objetivos das propostas visam, simultaneamente, fortalecer o movimento,
formar sujeitos e transformar subjetividades.

4. PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS DA AÇÃO EDUCATIVA


— As políticas e concepções de organizações e suas propostas educacionais se
traduzem em princípios pedagógicos.
— Os princípios sintetizam sentidos e diretrizes de ação para educadores.
— Alguns princípios pedagógicos comuns: a formação integral dos indivíduos, o
reconhecimento de sua singularidade (étnica, geracional e de gênero),
problematização da realidade, autonomia e autogestão, o diálogo de saberes
(cultural e epistêmico) e articulação entre teoria e prática.

5. CURRÍCULOS PARTICIPATIVOS, CONTEXTUAIS E INTEGRAIS

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A partir das experiências do FREPOP
— Os currículos são construídos através de mecanismos participativos envolvendo
educadores e comunidades.
— Os currículos são moldados por um conjunto de sentidos políticos e
pedagógicos relevantes, coerentes com os Movimentos Sociais.
— O currículo da Universidade indígena está organizado a partir da cosmovisão
andina.
— Tudo educa: encontros, mobilizações, vida cotidiana...

6. METODOLOGIAS
• Apreciam a prática e experiência dos estudantes e das comunidades.
• Procura-se combinar teoria e prática.
• Conversação e diálogo são promovidos.
• Trabalho em equipe e participativo.
• Dispositivos simbólicos ("místicas", rituais e criação estética)
• Recorridos pelo território.

7. Sujeitos e relacionamentos
• Objetivo comum: a formação de sujeitos e relações horizontais.
• ampla ideia de sujeito educacional:
• - Estudantes e educadores
• - Comunidades e Organizações
• - O movimento social.
• Democracia direta: assembleias, reuniões comunitárias.
• Autonomia e autogestão.
• Crescente interesse pela criação de sentidos e vínculos comunitário

8. PESQUISA E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO PEDAGÓGICO

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A partir das experiências do FREPOP
— As propostas educacionais geram espaços e momentos de reflexão sobre os
processos pedagógicos e projetos educacionais.
— Gostam de fazer própria investigação e em colaboração com universidades:
pesquisas participativas, pesquisa -ação, sistematização de experiências,
recuperação de memória e cartografia social.

9. BALANÇO E DESAFIOS
• É importante para os movimentos sociais incorporar a educação como um
de seus campos de ação; da mesma forma, a educação popular, para se
reconhecer como tal, não pode estar à margem dos movimentos sociais.
• Assim como as Propostas educacionais construídas a partir dos movimentos
sociais incorporaram contribuições provenientes da Educação Popular, esta
deve incorporar as novidades geradas por aquelas.
• Em países como Brasil onde se conquistou que a educação popular tenha
sido incorporada em algumas políticas governamentais (como as políticas
de Saúde) é importante avançar em articulações entre movimentos sociais,
centros de educação popular e instituições estatais.
• Para que sejam abrangentes em suas propostas educativas, os movimentos
sociais necessitam aumentar sua capacidade de obter recursos públicos
sem perder sua autonomia.
• E necessário para as organizações sociais de educação popular acrescentar
sua capacidade de gerar laços fortes e estáveis com as bases sociais.
• Necessidade de dar um novo significado e inventar categorias educacionais.

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A partir das experiências do FREPOP
1º de dezembro

Mística de abertura

Para celebrar o encontro presencial de educadores e educadoras das cinco regiões do


país, nos colocamos no centro do auditório da Escola de Turismo e Gastronomia da CUT,
que acolheu a 1º Ciranda Nacional de Educação Popular (2023) e nos demos as mãos em
círculo, assim como a ancestralidade humana de diferentes povos a evidenciar que
somos frutos do pertencimento.
Cirandamos entoando cantigas populares, declaramos compromissos de uma vida, de
várias vidas, de todas as vidas, em especial com aquelas que não estão mais aqui, que
lutaram, construíram, semearam e prematuramente completaram seu ciclo de vida.
Tomamos nosso lugar no mundo caminhando em diferentes direções no Auditório
escutando as músicas de nossa cultura popular, e a um sinal, nos encontramos em
abraços estrangeiros e familiares olhares. Nos alegramos pela oportunidade de
estarmos juntas, pessoas de diferentes visões e um só compromisso. Estar entre o povo
brasileiro por meio da Educação Popular e neste estar junto, “saciar com o povo a fome
de pão e a sede de beleza”.

De onde viemos

Após a mística de abertura, para reconhecermos a trajetória de cada um e de cada uma,


propomos que pequenos grupos se formassem entre as educadoras e educadores. Cada
pequeno grupo teve um tempo para se apresentar a partir das seguintes perspectivas
indagações:

• De onde viemos?
• Quem somos?
• Para onde caminhamos?

Ciranda Nacional de Educação Popular 14


A partir das experiências do FREPOP
O que segue, são as anotações dos grupos para cada indagação, que foram apresentadas
à escuta atenta.

De onde viemos?
• Viemos dos movimentos populares de lutas progressistas...
• Viemos das lutas da educação popular em saúde, dos movimentos populares e
sindicais, viemos da agricultura familiar e da economia solidaria...
• Viemos das lutas do campo e da cidade
• Viemos de diferentes estados desta imensa nação que é o Brasil, e nos
encontramos na Educação Popular.
• Viemos de diferentes espaços de saberes, universidades e movimentos sociais
e populares que atuam por meio da Educação Popular.
• Viemos da militância social, das ocupações rurais pela reforma agraria, e das
ocupações urbanas por casa, escolas, comida, trabalho e direito a cultura.
• Viemos das aldeias, das comunidades ribeirinhas, da luta por terra, dos
terreiros e quilombos, dos espaços de caboclos e caboclas...

Quem somos?
• Somos Educadoras e educadores populares, gestores e ativistas sociais.
• Somos educadoras e educadores, trabalhadores da educação e da saúde,
cuidadoras em meio do povo, cuidando e da vida.
• Somos educadoras e educadores populares atuando em diferentes
movimentos sociais. Lutamos contra o racismo, a homofobia, o patriarcado e
toda forma de preconceito.
• Somos da economia solidaria, do movimento sindical, da saúde e da
participação social em políticas públicas.
• Somos mulheres, mães, militantes de diferentes territórios da classe
trabalhadora.

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A partir das experiências do FREPOP
• Somos dos movimentos da Cultura, estamos em meio as classes populares
celebrando a história de vida e os ensinamentos de Paulo Freire.
• Somos sujeitos militantes do projeto de uma nova sociedade, atuamos em
diferentes espaços: cultura, universidades, movimentos populares em saúde,
na luta do campo.
• Somos Educadores se educadoras, gestores e artistas, somos homens e
mulheres, negros e negras que carregam a rebeldia de classe. Nos indignamos
com as injustiças e somos herdeiros e herdeiras do ímpeto revolucionário.

Para onde caminhamos?


• Caminhamos rumo a afirmação da educação popular com meio de construção
de um projeto popular de país
• Caminhamos para tecer uma grande teia com seus fluxos de encontros, que seja
horizontal, que acolha diferenças e diferentes. Em meio a riqueza de diferenças
e diversidades que possuímos nos fazemos fortes e unidos, para além da palavra,
para a ação.
• Caminhamos para fortalecer e enraizar o poder popular.
• Caminhamos no sentido da transformação social, pela dignidade humana na luta
antirracista e antipatriarcal....
• Caminhamos para construir a hegemonia do Poder Popular. Nossa tarefa é
potencializar, fortalecer, resistir e construir novas ferramentas de luta para
enfrentar os novos tempos.
• Caminhamos para construir coletivamente as possibilidades de nos
reconhecermos como iguais diante da diversidade.
• Caminhamos em direção das massas para a construção de um Projeto Popular
de Poder.
• Caminhamos em direção a cultura do diálogo não violento, pela prática da
amorosidade e do afeto.
• Caminhamos na Solidariedade e no diálogo

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A partir das experiências do FREPOP
• Caminhamos para dar visibilidade a pauta ambiental.
• Caminhamos no sentido de uma perspectiva socialista, no sentido de uma
sociedade do bem-viver.
• Caminhamos para a organização permanente, para retomar os territórios
populares da cultura de base comunitária.

Síntese do diálogo

“Viemos de diferentes lugares e saberes. Temos nossa origem nos campos, nas florestas,
nas águas dos rios e nas cidades. Viemos dos quilombos e terreiros, das comunidades
eclesiais de base e do humanismo que carrega diferentes credos e crenças. Somos
Educadores e Educadoras Populares em meio ao povo, atuando em diferentes espaços
de saberes e lutas. Caminhamos no sentido de construir o inédito-viável do Poder
Popular1. Concebemos no presente, uma sociedade futura, onde não haja exploração e
pessoas empobrecidas, onde o racismo, a homofobia, o sexismo e todas as formas de
opressão e preconceito sejam uma memória do passado e a perspectiva do Bem-Viver
seja o projeto ético-político entre os serem humanos e sua relação mais íntima com a
mãe terra”

1
Poder Popular depende da concepção de poder e de análise da formação social, que levará a
uma estratégia com suas decorrências táticas. Hoje a estratégia limita-se à disputa eleitoral, para
uma correlação de forças no campo institucional. A direita absorveu espaços sociais institucionais
de diálogo direto com o povo, a ponto de sermos surpreendidos nas disputas para Conselhos
Tutelares da Criança e Adolescente. A disputa eleitoral, passou a ser a principal estratégia de
“luta”. Fica a questão: Qual significado devemos atribuir a ideia de Poder Popular?

Ciranda Nacional de Educação Popular 17


A partir das experiências do FREPOP
História e experiências de Educação Popular vinculadas
as políticas públicas no Brasil.
Anotações da sistematização feitas a partir da contribuição do Educador Selvino Heck,
e das educadoras Eliane Moura e Etel Mattielo.

PRIMEIRA METADE DOS ANOS 1970


A relação com Paulo Freire e a educação popular começou nos anos 1970. Muitos
jovens dessa geração, em 1973, leram o livro mimeografado ´Cartas da Prisão` de Frei
Betto, escritas por ele quando estava com preso político da ditadura militar, e
distribuído manualmente para as(os) militantes e educadoras(es) populares em todo
Brasil. Outras leituras desta geração se fizeram persentes naquela década dos anos de
chumbo, os livros então existentes de Paulo Freire: ´La Educación como Práctica de la
Libertad´, em espanhol, com data anotada a mão de 17.10.1974, e onde está, na
abertura, o poema ´CANÇÃO PARA OS FONEMAS DA ALEGRIA´, de Thiago de Mello,
escrito ´en el verano de 1964´ em Santiago de Chile; depois, ´Pedagogia do Oprimido,
em 1975; mais adiante, 1979, em português, ´Educação como Prática da Liberdade´.

Nos anos 1970, amparados em Frei Betto e Leonardo Boff e seu ´Jesus Cristo Libertador`,
publicado em março de 1972, muitos estudantes de universidades passaram a ´brigar´
pela Teologia da Libertação. Selvino Heck na Faculdade de Teologia da PUCRS, já
dirigente do movimento estudantil da Universidade, junto com o estudante da
economia João Pedro Stédile. O primeiro foi expulso da Universidade no final de 1975 e
na não ordenação para padre em 1976, por ordem de Dom Vicente Scherer, Arcebispo
de Porto Alegre.

Em todas as regiões do país havia educadores e educadoras que atuaram a partir das
leituras da teologia da libertação e da perspectiva freireana de diálogo com o povo. Há
relatos documentados de experiências na região Sul nos estados do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e Paraná, na região Nordeste, nos estados do Pernambuco, Maranhão,

Ciranda Nacional de Educação Popular 18


A partir das experiências do FREPOP
Bahia e Piauí. No Norte do país com os seringueiros no Acre, no Sudeste com as
comunidades eclesiais em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Movimentos urbanos e rurais se organizavam na existência e resistência ao regime


militar, buscando formas de encontro, reconhecimentos e pequenas conquistas. O
movimento sindical rural, teve vezes e revezes em diferentes lugares do país, do início
da década de 70 uma mulher camponesa tornou-se presidenta do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande (1973). Margarida Alves foi uma das primeiras
mulheres a assumir um cargo de direção sindical no Brasil e uma grande ativista
pelos direitos humanos e trabalhistas no país. Foi assassinada no dia 12 de agosto de
1983 aos 50 anos de idade. A cada 4 anos o Brasil organiza e vive a marcha das
Margaridas até Brasília, para cobrar justiça pelos assassinatos no campo, Reforma
Agraria para o trabalhador e trabalhadora rurais e dignidade ao povo brasileiro.

SEGUNDA METADE DOS ANOS 1970


No final dos anos 70, havia muitas articulações populares a partir das Comunidades
Eclesiais de Base, nos Grupos de Reflexão nas famílias, nas Associações de Moradores,
nos grupos de mães, centros acadêmicos e nas atividades de resistência nos bairros da
esquerda socialista e comunista brasileira. A tarefa era estar junto das organizações
populares e comunitárias na luta por água, postos de saúde, transporte público de
qualidade, regularização fundiária, melhoria nas vilas etc. Tudo era baseado na
pedagogia libertadora e conscientizadora de Paulo Freire e inspirado na Teologia da
Libertação.

Nessa esteira de mobilizações surge o Movimento Popular de Saúde (MOPS) a partir da


mobilização pela saúde como direito social. O MOPS surge e agrega lideranças tanto das
comunidades eclesiais quanto das associações de moradores e jovens das universidades
pela mesma pauta, saúde pública e gratuita, como direito social.

Ciranda Nacional de Educação Popular 19


A partir das experiências do FREPOP
Em setembro de 1979, aconteceu, em São Gabriel, o 1º Encontro estadual de CEBs, na
mesma data em que houve a ocupação das Fazendas Macali e Brilhante em Ronda Alta,
Paulo Freire e a Teologia da Libertação ao mesmo tempo, (re)início das lutas no campo
e que acabou resultando, mais adiante no MST.

No final dos anos 70 e início dos anos 80, o movimento sindical urbano passou a ser
organizado para a luta por melhores condições de salário e condições de trabalho,
derrotando o peleguismo, embalados pelas grandes mobilizações no grande ABC no
estado de São Paulo (1979-1980). A partir das oposições sindicais e do sindicalismo de
luta, no chão da fábrica, nasce a Central Única dos Trabalhadores.

Formação na Ação! Formar e agir, agir e formar. Esta dialética freireana encontramos
em todas as experiências que narramos. Os anos 80 foram de redemocratização e
ampliação da radicalidade da organização de base. Agora a ideia era ganhar espaços de
governos para aplicar políticas publicas que cobramos de outros governos nada
comprometidos com o povo. Gestão de Luiza Erundina em São Paulo, e as várias gestões
do PT na prefeitura de Porto Alegre anunciaram o “modo petista de governar com
participação e inclusão”. Nos anos 80 e 90, a Educação Popular foi mais memoria do que
ação. Imersos nos governos e mandatos, educadores e educadoras de ontem, foram
catalisados por agendas eleitorais de dois em dois anos, buscando construir as condições
para a eleição mais importante, a da presidência da república, quando chegássemos lá
com o presidente Lula, a vida seria diferente, e foi.

ANOS 2000
Com a vitória de Lula presidente em 2002, acelerou o redesenho de governos à esquerda
na América Latina, onde há uma forte tradição de Educação Popular. Em 2001, foi
realizado em Porto Alegre o 1º Fórum Social Mundial (FSM) com o lema “um outro
mundo é possível” e dele participaram educadores e educadoras populares de
diferentes partes do mundo, organizados em movimentos e experiencias de luta e

Ciranda Nacional de Educação Popular 20


A partir das experiências do FREPOP
resistência. Em 2003, surge a primeira edição do FREPOP ainda com a denominação
Fórum Regional de Educação Popular do Oeste Paulista, inspirada na experiência do
FSM.

No governo do presidente Lula, Frei Betto foi nomeado Assessor Especial de Mobilização
Social para atuar, em especial, no Programa Fome Zero, então prioridade máxima do
governo federal. Freireanamente criou vários termos: MESA (Ministério Extraordinário
de Segurança Alimentar); COPO (Comitê Operativo do Fome Zero); PRATO (Todos pela
Fome Zero); SAL, (Agentes de Segurança Alimentar); e o TALHER, os talheres para ajudar
a comer e o ´TALLER´, em espanhol, Oficina de Formação/Capacitação.

O TALHER foi formado, inicialmente, por sete educadoras-es populares de todo Brasil,
convidados por Frei Betto. Primeira ação: viajar por todo Brasil, criando TALHERES em
todos os Estados e municípios brasileiros e organizando, via Assembleias Populares, os
Comitês Autogestionários do Fome Zero, com maioria da sociedade civil. Tudo à luz e
sob inspiração da pedagogia de Paulo Freire. Na metade de 2003, foi realizado o
primeiro Encontro de educadoras-es populares do Nordeste, região prioritária do Fome
Zero, e em outubro de 2003 o primeiro Encontro nacional de educadoras-educadores
populares.

A frase-chave de Frei Betto era: ´Matar a fome de pão, sim, em primeiro lugar. Mas, ao
mesmo tempo, e junto, saciar a sede de beleza´. Havia também, com grande
repercussão, o ESCOLAS-IRMÃS, que juntava escolas e comunidades escolares em torno
das políticas do Fome Zero, envolvendo professoras(es), alunas(os) em todos os Estados
brasileiros.

Tudo isso, e um pouco mais, aconteceu nos anos 2003/2004. Criou-se a RECID, Rede de
Educação Cidadã. Escreveram-se, e foram publicados, Cadernos de Estudo, com textos
de Frei Betto, Leonardo Boff e das(os) educadoras(es) do TALHER. O nº 1: MOBILIZAÇÃO

Ciranda Nacional de Educação Popular 21


A partir das experiências do FREPOP
SOCIAL, CAMINHO DE TRANSFORMAÇÃO. Nº 2: EDUCAÇÃO CIDADÃ: NOVOS ATORES,
NOVA SOCIEDADE. Em 2005, a partir de vários Encontros nacionais, a RECID construiu
seu Programa de Formação, e em 2007 o PPP, Projeto Político Pedagógico.

Era o que se chamava então ´um pé dentro, um pé fora´. Na construção das políticas
públicas com participação popular, um pé estava no movimento-sociedade, outro pé
estava no governo-instituição, sem que um abafasse o outro. Se fosse o caso, tal como
era constituída a Coordenação nacional da RECID, e boa parte dos Conselhos de
participação, a maioria dos componentes e dirigentes era da sociedade civil, não do
governo.

Fruto destes processos de mobilização e de formação, em 2012, a SENAES, Secretaria


Nacional de Economia Solidária, sob inspiração e cuidado do Secretário Paul Singer, e
com apoio do TALHER e da RECID, formulou as DIRETRIZES POLÍTICAS METODOLÓGICAS
PARA EDUCAÇÃO EM ECONOMIA SOLIDÁRIA.

Em 2013, com apoio do TALHER e da RECID, foi construída, e instituída pelo Ministério
da Saúde, a PNEPS-SUS, Política nacional de Educação Popular em Saúde, que
completou 10 anos em 19 de novembro de 2023.

Em maio de 2014, a presidenta Dilma Rousseff assinou Decreto criando a POLÍTICA


NACIONAL DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL, sob coordenação do educador popular Pedro
Pontual. E, também, em maio de 2014, Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria Geral
da Presidência da República, assinou o Decreto do MARCO DE REFERÊNCIA DA
EDUCAÇÃO POPULAR PARA AS POLÍTICAS PÚBICAS, construído a quatro mãos entre
sociedade, especialmente RECID, e diferentes Ministérios do governo federal.

A Conferência Nacional de Educação, em 2014, com ampla mobilização de movimentos


sociais e populares e da RECID, incluiu no PNE, Plano Nacional de Educação, todas as

Ciranda Nacional de Educação Popular 22


A partir das experiências do FREPOP
propostas formuladas pela sociedade civil sobre educação popular. No final de 2014 e
início de 2015, já no segundo governo Dilma Rousseff, foi formulada a PNEP, Política
nacional de Educação Popular, nos mesmos moldes e continuidade do Marco de
Referência da Educação Popular para as Políticas Públicas. A proposta da PNEP chegou
a ser apresentada a vários ministros de Estado, estando pronta para edição e publicação.

Para além das ações de governo com presença de pressupostos, práticas e sentidos
políticos da Educação Popular, os movimentos populares de Saúde, Cultura, Direitos
Humanos, Juventude, Moradia, entre tantos, tiveram ações de organização e
mobilização com o objetivo de participar da vida democrática do país a partir dos
interesses das classes populares. Mas, todas estas experiências, não foram capazes de
conter o avanço da extrema direita e do fascismo no Brasil. Veio o golpe institucional, e
o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O golpe impediu a concretização e o
avanço de muitas das políticas pensadas a partir da Educação Popular.

Dessa rica trajetória viemos, e cá estamos, em 2023, no terceiro Governo Lula, depois
de termos derrotado eleitoralmente o fascismo e enfrentado a pandemia mais letal
deste início de século XXI. Nos cabe desenhar para onde vamos, a partir de agora, com
o legado que temos, e como iremos pavimentar o caminho para as gerações futuras.

Espaços de participação social e o papel da Educação


Popular para incidir nas políticas públicas.

Para este momento da Ciranda, foram convidadas gestoras e gestores de ministérios e


da presidência da república para participar da Ciranda e expor estratégias e políticas do
governo que deem oportunidade para a Educação Popular, como meio, ampliar a
participação social e construir o força social necessária para enfrentar este tempo.

Ciranda Nacional de Educação Popular 23


A partir das experiências do FREPOP
Convidadas e convidados:2
Maria do Carmo Alves de Albuquerque
Coordenadora de projetos da Diretoria de Educação Popular da Secretaria Geral da
Presidência da República
Pedro Vasconcellos
Diretor de Articulação e Governança da Secretaria dos Comitês de Cultura.
Maria Rocineide Ferreira da Silva:
Coordenadora-Geral de Articulação Interfederativa e Participativa -
Gilberto de Carvalho
Secretário Nacional de Economia Popular e Solidária

Os registros que seguem são apontamentos sobre as falas dos convidados, em relação
ao contexto e aos programas. As apresentações de cada um(a) estarão em anexo da
memória da 1ª Ciranda Nacional de Educação Popular.

1) Política de participação social com educação popular nos


territórios.
A coordenadora de projetos da Diretoria de Educação Popular Maria do Carmo Alves de
Albuquerque, faz parte da Secretaria Nacional de Participação Social e da Secretaria-
geral da Presidência da República, participou da Ciranda representando Pedro Pontual,
Diretor da Pasta de Educação Popular e Renato Simões, Secretario Nacional de
Participação Social – SNPS.
A apresentação de Maria do Carmo, assim como da Neidinha, estarão em anexo a esta
memória. As anotações aqui expressas são produto da escuta da sistematização. O
contexto das iniciativas da Secretaria Nacional de Participação Social, tem relação com

2
A SECADI - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão foi convidada para
a Ciranda. No entanto, não conseguiu viabilizar sua presença por questões de agenda. Por e-mail e por
contatos realizados, se comprometeu em colaborar com a construção do que for definido.

Ciranda Nacional de Educação Popular 24


A partir das experiências do FREPOP
a conjuntura a qual herdamos o governo federal, que evidencia o fato de que em nosso
tempo a política não é nem democrática e nem popular. Por este fato, é necessário
fortalecer o projeto de participação social e popular no governo.

Iniciativas realizadas:
§ A SNPS foi criada, com 4 diretorias: Participação (colegiados), Planejamento e
OP, Participação Digital e Redes e, Educação Popular. As quatro diretorias se
envolveram no processo do Plano Plurianual (PPA) participativo, construindo e
atuando nas plenárias estaduais e na Plataforma Brasil Participativo, alcançando
mobilização inédita3.
§ Criado o Sistema Interministerial de Participação Social
§ Conselho Nacional de Participação Social

Participação Social com Educação Popular nos territórios


Três eixos estratégicos vem sendo desenvolvidos no Programa
Educação Popular nas Políticas Públicas do Governo Federal

Formação de Agentes de Educação Popular em Políticas Públicas


Participação social com educação popular nos territórios.

Tomando somente os Agentes de Educação Popular


Formação de educadores e mobilizadores na sociedade civil para qualificar e ampliar a
participação social em políticas públicas.
Desenvolver o Mapa das Redes de articulação de educação popular como apoio para a
formação por meio de parcerias com educadores em todo o território nacional
envolvendo:

3
Nota: PPA participativo foi aprovado na Câmara Federal com propostas advindas das formas
de participação promovidas pelo Governo Federal.

Ciranda Nacional de Educação Popular 25


A partir das experiências do FREPOP
1) Redes de educação popular na sociedade civil
2) Instituições de Ensino Superior
3) Ministérios e governos

Articulações - Seminários regionais


Estimativa de público (60 pessoas)
§ Instituições educadoras 40
§ IFES 10
§ Ministérios 10
Região nordesteData indicativa (fevereiro 2024)
Região Norte Sem data definida
Região Sudeste Sem data definida
Região Centro Oeste Sem data definida
Região Sul Sem data definida

2) Programa Nacional dos Comitês de Cultura

O Diretor de Articulação e Governança da Secretaria dos Comitês de Cultura, Pedro


Vasconcellos, apresentou o Programa Nacional dos Comitês de Cultura, lembrando da
fala do presidente Lula: “a gente não vai apenas recriar o Ministério da Cultura. A mina
ideia é criar comitês culturais em todos os estados do País para que a gente possa
democratizar o acesso à cultura e a participação social”
O contexto do programa tem relação com os fatos de que, se faz necessário erguer um
tripé com três dimensões: Mobilização social, Disputa das consciências e Transformação
Cultura.
As conferências de políticas públicas, organizadas palas Secretaria-Geral da Presidência
da República são espaços importantes de articulação e diálogo, mas, os movimentos

Ciranda Nacional de Educação Popular 26


A partir das experiências do FREPOP
sociais se deram conta de que, este espaço é insuficiente para realizar as transformações
necessárias e o acúmulo de forças.
As conferências, portanto, devem ser combinadas com processos realizados nos
territórios, onde as contradições do Capitalismo provocam mazelas na vida das pessoas,
das comunidades e grupos sociais. Estabelecer processos de formação e diálogo sobre
as contradições, as situações-problema que vivem as camadas populares a partir de
temas locais, pautas sociais e problemas nos territórios, por meio da cultura e suas
expressões mais genuínas, é uma das premissas que envolve os Comitês de Cultura.

Objetivo do Programa
Ampliar o acesso às políticas públicas de cultura fortalecendo a democracia e a
participação popular e cidadã no âmbito das políticas socioculturais e do Sistema
Nacional de Cultura (SNC)

O que são os Comitês de Cultura?


São redes de agentes, coletivos e instituições, articuladas por organizações da sociedade
civil que, selecionadas por meio de editais e mediante parcerias com o MINC,
desenvolverão atividades de:
• Mobilização social
• Formação em Direitos Humanos e Políticas Culturais
• Apoio a elaboração de projetos e parcerias
• Comunicação social e difusão de informações sobre políticas culturais.

Princípios
§ Participação
§ Educação popular
§ Identidade territorial
§ Políticas culturais

Ciranda Nacional de Educação Popular 27


A partir das experiências do FREPOP
§ Valorização e promoção da diversidade cultural, étnico-racial e regional
brasileira

No território da Educação Popular


Formação de Agentes Territoriais de Culturas selecionadas por meio de editais, com
conhecimento acerca das dinâmicas culturais e territoriais de suas comunidades. São
pessoas com atuação na articulação e circulação cultural, promovendo o
desenvolvimento econômico em suas localidades. No âmbito do Programa Nacional dos
Comitês de Cultura, os Agentes Territoriais Culturais receberão formação continuada,
realizarão mapeamento participativo, comunicação e mobilização social em seus
territórios.

3) Política Nacional de Educação Popular em Saúde- PNEPS-SUS.

E educadora popular, Maria Rocineide Ferreira da Silva (Coordenadora-Geral de Articulação


Interfederativa e Participativa do MS), carinhosamente chamada por Neidinha, está como

Coordenadora-Geral de Articulação Interfederativa e Participativa do Departamento de


Gestão interfederativa e Participativa da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.
Antes de apresentar o PNEPS-SUS, Neidinha comentou sobre o contexto social e
histórico em que vivemos. Temos a impressão de que “a cultura de ódio adere de forma
mais fácil nas camadas populares do que a cultura da amorosidade”, e “não há atalhos
para a vida”, temos de viver enfrentando o tempo que nos foi dado e com as
ferramentas que dispomos. A educação popular como metodologia, método e projeto
político-pedagógico, é uma das formas de enfrentarmos este tempo que temos no
presente e no futuro.
Neidinha apresentou a Política Nacional de Educação Popular em Saúde - PNEPS-SUS
dentro do atual contexto no Brasil. A rica e complexa PNEPS-SUS está alicerçada na
“Educação Popular como práxis político-pedagógica orientadora da construção de

Ciranda Nacional de Educação Popular 28


A partir das experiências do FREPOP
processos educativos e de trabalho social emancipatórios, intencionalmente
direcionada à promoção da autonomia das pessoas, à horizontalidade entre os saberes
populares e técnico-científicos, à formação da consciência crítica, à cidadania
participativa, ao respeito às diversas formas de vida, à superação das desigualdades
sociais e de todas as formas de discriminação, violência e opressão.”
Na perspectiva apresentada por Neidinha, “a concepção da Educação Popular vem
merecendo destaque como uma abordagem metodológica, política e epistemológica
orientadora da ação de trabalhadores e trabalhadoras, de protagonistas de movimentos
sociais e de práticas populares, bem como de atores da cena universitária, dos territórios
que realizam formações, gestão.”

A política nacional de educação popular em saúde está orientada em 4 eixos


estratégicos:
I - Participação, controle social e gestão participativa;
II - Formação, comunicação e produção de conhecimento;
III - Cuidado em saúde; e
IV - Intersetorialidade e diálogos multiculturais.

Projetos e ações da Secretaria executiva


- Articula PNEPS
- Especialização em Educação Popular em Saúde
- EDpopSUS
- Comunicação
Secretaria Gestão do Trabalho e Ensino na Saúde - SEGETS
- Agentes Popular em Saúde - AGPOPSUS (Formação de 50 mil agentes até 2027)
- Observatório
Secretaria de Atenção Primária à Saúde - SAPS
- AgpopSUS (região da Amazônia Legal)

Ciranda Nacional de Educação Popular 29


A partir das experiências do FREPOP
Importante salientar
A Educação Popular em Saúde é uma das redes e articulações com maior tradição em
educação popular e gestão de políticas públicas. Estão enraizadas no Sistema Único de
Saúde e tem capilaridade nacional. Nos anos de governo da extrema direita, a educação
popular em saúde resistiu e enfrentou retrocessos. No terceiro governo Lula, se
rearticulou rapidamente em capilaridade nacional e, pelo acúmulo histórico e cultural
de sua organização, está alguns passos de implementar o maior processo de formação
de articulação territorial e formação de Agentes Populares em Saúde, comparado com
os governos anteriores. Este registro se faz necessário também, para dizer que, o
Ministério da Saúde, é um dos patrocinadores de diferentes eventos e atividades que
reúnem e congregam redes de educação popular, como esta Ciranda Nacional, que teve
o apoio técnico e financeiro revertido em passagens e diárias de alguns convidados.

4) Secretaria Nacional de Economia Solidária

A diretora de projetos da SENAES, Renata Studart, falou sobre o desenho que a SENAES
está desenvolvendo para a formação de agentes de Economia Solidária nos Territórios.
A pretensão da SENAES é formar mais de mil Agentes de Economia solidaria, agregando
perspectivas do governo federal na formação de Agentes Popular em Saúde, de
Agentes Territoriais de Cultura e de Agentes de Educação Popular. A estimativa inicial
Os recursos para o processo de formação dos Agentes de Economia solidaria vem do
FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador. A intencionalidade de trabalhar políticas
publicas no território.
Formação que tenha uma metodologia e que tenha conceitos, não únicos mais
unificados, refletidos, juntos, que se encontram em revelação com o processo de
participação social esperado pelo governo, no terreno das políticas públicas.

EXPECTATIVA

Ciranda Nacional de Educação Popular 30


A partir das experiências do FREPOP
Formar 1000 Agentes de Economia solidaria, a partir de 2024. Os agentes serão
contratados e farão processos formativos aos poucos a partir dos territórios. A seleção
dos territórios estão definidas com o cruzamento de um conjunto de indicadores, como
por exemplo: maior índice de fome, menor índice de escolaridade entre jovens e adultos
e impactos ambientais.
Os agentes de Economia Solidaria irão trabalhar em dupla e não vão para o território,
eles vem do território, são parte dos fenômenos sociais ali existentes.
Uma das tarefas é realizar o mapeamento e diagnóstico do território dentre e a partir
dos processos de economia solidária, mas, com interface com outras políticas públicas
do governo federal.

Algumas preocupações são:


Como trabalhar a economia popular?
Como trabalhar com as organizações coletivas e trabalhar na organização informais da
economia solidaria?

Ciranda Nacional de Educação Popular 31


A partir das experiências do FREPOP
Diálogo com o Secretário de Economia Solidária do
Ministério do Trabalho, Gilberto de Carvalho

O registro do diálogo dos participantes da Ciranda Nacional de Educação Popular com o


Secretario Nacional de Economia Solidária, Gilberto de Carvalho, que segue, espelha a
sistematização como produto do diálogo mediado pelas falas do Gilberto e das
perguntas e posicionamentos dos participantes.
O Secretario falou por cerca de 40 minutos, depois, ocorreram 10 intervenções com
posicionamentos e perguntas. O que segue, portanto, não pode ser considerado em
aspas como posicionamento pessoal do Secretário, nem dos participantes, mas como
produto do diálogo estabelecido.

Ciranda Nacional de Educação Popular 32


A partir das experiências do FREPOP
1. As políticas que desenvolvemos durante anos a frente do governo federal
parecem não ter atingido as pessoas na periferia, onde vivem. Não que
não tenha melhorado a vida das pessoas, mas, as pessoas não relacionam
a melhora de vida com a política, nem a piora da vida, o que é em si,
trágico. A tarefa de produzir o elo entre a política e a mudança na vida
das pessoas (para pior ou para melhor), é do trabalho de base, que
deixamos de fazer, ou, que realizamos de forma ineficaz.
2. Os setores das elites souberam aproveitar de nossas fraquezas. O Golpe
institucional parlamentar se concretizou em 2016, mas foi semeado
muito antes. Não há como negar que erramos! Não, em melhorar a vida
das pessoas, mas, em não considerar os fenômenos da consciência social
e popular sobre o significado da política e sua condição e situação de vida.
Esta relação as elites sabem bem reconhecer.
3. O País está muito pior, do que quando assumimos nos governos
anteriores. Recebemos um país com menor condições de enfrentar as
questões econômicas, há duas guerras que movimentam a geopolítica
mundial e, estamos divididos politicamente. A direita e a extrema direita
estão nas ruas, e tem capacidade de unificar para um movimento de
massas como fizeram entre 2013 e 2018, e recentemente nas
mobilizações após a derrota de Bolsonaro que culminou com a tentativa
de um novo golpe, dia 8 de janeiro.
4. Não somos mais os únicos a tomar as ruas com pautas sociais e políticas.
A direita demonstrou que tem agenda, força e comunicação para
arregimentar milhares. Os meios de comunicação de massa promoveram
as mobilizações de direita, com centenas de horas de cobertura antes,
durante e depois do golpe contra a presidenta Dilma. Nós temos o
trabalho de comunicação e de base social, se este trabalho não é efetivo,
fracassamos.

Ciranda Nacional de Educação Popular 33


A partir das experiências do FREPOP
5. Com certeza iremos errar, mas não podemos repetir os mesmos erros. As
elites deste país não pensarão duas vezes em construir as condições para
retornar ao governo, derrotando nosso projeto. Temos de evitar que o
fascismo e a extrema direita retornem ao poder. Por enquanto, as elites
se contentam com a forma como manipular a política e a economia a
partir do Congresso Nacional, que é o pior na composição desde o fim da
Ditadura Militar. Eles tem o Lira e o orçamento secreto com as emendas
obrigatórias. Cada deputado tem seu financiamento próprio de reduto
eleitoral com dinheiro público, toda sociedade paga o reduto eleitoral
privado de alguns deputados.
6. Mas, sabemos, as elites deste país não suportam o Brasil sendo
governado pela história pessoal e coletiva dos trabalhadores e
trabalhadoras deste país, representadas no governo Lula. Por isso temos
de atuar com agentes da economia solidaria, da saúde, da cultura e atuar
no terreno da Educação Popular que aquela melhora na vida, é graças a
um projeto político de governo, e não a meritocracia individual. É
evidente que as pessoas têm o direito de valorizar o próprio esforço, mas,
sem oportunidade, sem emprego, sem escola, sem universidades, sem
comida, sem saúde pública, o esforço possível é manter-se vivo até que
outra política social apareça.
7. As educadoras e educadores populares precisam se engajar nos
processos de formação para colaborar com a tarefa de compreensão dos
fenômenos sociais da política em relação a melhora ou a piora da vida
das pessoas. Esta consciência pode promover uma mobilização pela
defesa do projeto-político, mas do que do governo.
8. Não é aceitável a ideia de “chegar ao poder” para depois “mudar”. A
construção das mudanças necessárias ocorrem antes, durante e depois
dos governos se considerarmos que faz parte de um projeto de Poder e
uma concepção de sociedade.

Ciranda Nacional de Educação Popular 34


A partir das experiências do FREPOP
9. É preocupante a burocratização que atingiu movimentos sociais e os
partidos progressistas e de esquerda. Parte da juventude, que floresceu
nos governos Lula e Dilma, não viveram os processos de formação de
consciência crítica e social a partir da luta. Parte dessa juventude se
enraizou na burocracia dos movimentos e partidos e se acostumou com
as disputas por espaço e micropoder.
10. Por este e outros motivos, o governo tem importantes tarefas: atuar para
construir as condições de alterar a correlação de forças entre os setores
populares e as elites, e para colocar em movimento um projeto que seja
alternativa ao capitalismo.
11. Isso só será possível se o governo Lula escutar os movimentos sociais
organizados. Não são poucas as queixas, de que, faltam espaços de
diálogo com os setores sociais. O Conselho Nacional de Participação
Social4 foi criado pelo presidente Lula por decreto, com a agenda de duas
reuniões por ano, tem se limitado a aprovar moções sobre pautas do
governo ou a se posicionar sobre agendas em políticas públicas e
retrocessos 5 posicionamentos importantes que, teriam maior impacto se
fossem feitos nas ruas, não em notas e declarações.
12. Os programas sociais estão relançados e vão começar a alavancar. A
questão que fica é, e depois? Não se trata da próxima eleição, mas da
construção histórica. Vamos governar para o calendário eleitoral ou para
transformar o país, para encantar os corações e mentes rumo a uma
outra sociabilidade, onde não haja espaço para o Capital empobrecer as
pessoas como forma de lucro.

4
https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-14-de-19-de-abril-de-2023-*-478924816
5
https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/conselho-de-participacao-social/reunioes-
ordinarias/mocoes-aprovadas-pelo-plenario-do-conselho-de-participacao-social-da-presidencia-da-
republica-em-sua-2a-reuniao-ordinaria-30-08-2023

Ciranda Nacional de Educação Popular 35


A partir das experiências do FREPOP
13. É fundamental que os setores populares se organizem para construir as
políticas públicas que o governo vai implementar, considerando as
perspectivas dos setores organizados, e, sedimentando pontes para
articular os não organizados, a partir de suas necessidades e
contradições.
14. É necessário enfrentar as questões vinculadas a fé e a política. A teologia
da prosperidade arregimentou fundamentalistas em todas as classes
sociais, mas, especialmente nas camadas populares de renda mais baixa
na sociedade. Se fosse somente um dogma pessoal, não seria um
problema social, pois, teria relação com a vida privada, mas, sendo
fundamentalista, a teoria da prosperidade ocupa o espaço público do
diálogo. Ao mesmo tempo, pastores e pastoras de comunidades
empobrecidas, estão lidando com os problemas concretos da vida das
pessoas: com cestas básicas, dinheiro para a conta de luz e gás. É
fundamental estabelecer um diálogo com esta fé e perspectiva, aprender
a conversar e separar as pessoas de boa fé, dos aproveitadores que se
utilizam da crença para ganhar dinheiro.

Ciranda Nacional de Educação Popular 36


A partir das experiências do FREPOP
2º de dezembro

Mística
No sábado, dia 2 de dezembro, depois de um dia intenso de diálogos e reflexões,
retomamos nosso encontro com uma roda. Retomamos nosso contato visual agora com
mais intimidade no olhar. Acolhemos as esperanças desatadas nesse encontro.
Dançamos nossa alegria de mais um dia juntas(os) e preparamos nosso estado de ânimo
para decidir, enfim, para onde vamos.

Metodologia
Propomos que, as educadoras e educadores presentes, se reunissem novamente, agora
em grupos diferentes. Todas e todos tem algo a declarar com esta presença na Ciranda
para responder, a partir daqui, oque temos a ver com isso? O que nos cabe?
Pedimos que as pessoas circulassem na sala ao som de um pandeiro entoando o ritmo
do côco, e, quando o pandeiro parasse, as pessoas mais próximas deveriam se juntar em
grupos de 5, 6 educadoras(es).

O pedido:
A partir da história e das experiências da Educação Popular, dos espaços de articulação
no governo federal, e das contradições da conjuntura, aponte TRÊS CONTRIBUIÇÕES
que a Educação Popular pode dar para a CONSTRUÇÃO DE FORÇA SOCIAL DAS
CAMADAS POPULARES, a partir das políticas públicas no Brasil de hoje.

Ciranda Nacional de Educação Popular 37


A partir das experiências do FREPOP
Contribuições da Educação Popular para a Construção da
Força Social das Camadas Populares

O que segue é a apresentação dos grupos

G1
§ Metodologia, teoria e prática
§ Organização: processos, redes...
§ Construir
§ Espaços de incidência
§ Política que tenha estratégia

G2
§ Cuidar de quem forma para transformar
§ Disputar o cooperativismo como proposta de empreendedorismo
coletivo para pessoas jovens e adultas
§ Resgatar a presencialidade e se apropriar do ambiente virtual
§ Acolher e encantar a partir do espaço não presencial.

G3
§ Carta pedagógica para o presidente LULA. Entregar presencialmente
‘Críticas e soluções
§ Formação Rede Nacional de Educadores Populares
§ Presença Significativa da Juventude em espaços de Construção/debate
da EP
§ Comunicação/ Tecnologia na EP
§ Processos de formação/ Agentes Populares tenha vinculados com
organizações de base
§ FREPOP em BSB

Ciranda Nacional de Educação Popular 38


A partir das experiências do FREPOP
G4

EDUCAÇÃO POPULAR – Força Social


§ Mapear sujeitos nos territórios
§ Ampliar processos de Ed. Pop
§ Disputa de projeto junto ao povo: conservadorismo e evangélicos
ASPECTOS IMPORTANTES:
§ Escuta
§ Diálogo interreligioso
§ Alfabetização – Sim eu posso, MOVA
§ Arte-Educação
§ Educomunicação

G5

§ Projeto de comunicação dialógica


§ Formação de novos quadros políticos de base
§ Criar metodologia de formação a partir das demandas cotidianas de cada
território.
§ Definir estratégias e ferramentas de diálogos com o povo
§ Intersetorialidade das diferentes lutas
§ Projeto estratégico de país
§ Atuar para construir outra cultura de dirigentes
§ Definir no coletivo a continuidade dessa resistência para viabilizar
G6

§ Educação popular e a materialidade da vida do povo.


§ Participação popular:
§ Emergência Climática: Construir caminhos
§ Tecnologias:

Ciranda Nacional de Educação Popular 39


A partir das experiências do FREPOP
O letramento digital e a disputa de consciências.
Forma de reinterpretar e ressignificar.
#REBELDIA
#INDIGNAÇÃO
#RAÇA/ETNIA
“REAPRENDER O BRASIL, REENCANTAR A NAÇÂO.”
G7

§ Políticas intersetoriais com participação popular nos territórios


afirmando identidades e pertenças territorial
§ Encantar a luta a partir da mística e da cultura popular vinculadas as
questões concretas.
§ Checar onde as políticas publicas sociais não chegam, permanecer e fazer
processos formativos, organizativos. Formação na ação – Práxis

G8
§ Participação ativa dos sujeitos na construção das políticas publicas
§ Inserir nas políticas publicas os compromissos de participação e
problematização da realidade para elevação do nível de consciência
crítica
§ Políticas públicas que considerem os modos de vida e a subjetividade nos
territórios respeitando as identidades.

G9

§ Articulação das ações e políticas de EP nos territórios e espaços


institucionais.
§ Risco da institucionalidade X representatividade
§ NADA SOBRE NÓS SEM NÓS
§ Concretização dos princípios políticos metodológicos de EP

Ciranda Nacional de Educação Popular 40


A partir das experiências do FREPOP
a) Pensar
b) Sentir
c) Agir
d) Conhecimento
e) Organização
f) Ação
§ As mulheres são como as águas, crescem quando se juntam!

Apontamentos para sistematização

• Há um conjunto de falas que dialogam com o eixo geral de objetivos para a


Educação Popular neste contexto.
• Nosso desenho de objetivos, apresenta uma disputa do projeto estratégico do
nosso povo, do concreto ao ideológico, da leitura sobre os problemas.
• A disputa de projeto conjunto com o nosso povo requer uma estratégia
organizativa, ainda não a temos.
• Concebemos a educação popular como ferramenta, para um trabalho maior, já
fizemos isso em outros tempos, como evidenciamos aqui, na história da
Educação Popular no Brasil.
• Nos falta uma nova compreensão e apropriação do sentido de disputa de hoje,
sobre um projeto de governo e de nação.
• Estamos dizendo que as políticas públicas e setoriais precisam se articular
compreendendo os limites e contradições do Estado, e estamos anunciando isso
como um caminho.
• A perspectiva dos “Agentes Populares” são um atalho... é necessário alinhavar
uma visão sobre o que são estes agentes populares, qual o papel, que formação
e competências são necessárias para cumprirem o papel desejado como sujeitos.

Ciranda Nacional de Educação Popular 41


A partir das experiências do FREPOP
FORMAÇÃO DE BASE
• Pano de fundo: É necessário e urgente, produzir uma visão sobre o nosso país
como Estado e sobre o povo como sujeito histórico. Sabemos que há
contradições no modo capitalista de existência, de um e de outro.
• Sabemos, pois, aqui, nesses dias, e em nossa prática como Educadoras e
Educadores, reconhecemos ideias, temas, conteúdos e métodos que dialogam
com contradições aparentes e profundas.
• Para dar conta deste novo tempo, é preciso reconhecer, que se faz necessário
um programa de Formação de base, na base e a partir da base, que será
promovido por e a partir de políticas públicas.
• Para isso, salientamos que, a questão geracional não é uma observação, mas
uma condição. Os processos formativos têm que, por situação e condição
histórica, incluir perspectivas geracionais e as formas como manejam os
fenômenos sociais.

FORMAÇÃO DE QUADROS
• Mas, é necessário reconhecermos também que, nossos melhores quadros, para
ficar no juízo do que temos de melhor, necessitam também apropriar-se das
novas formulações epistemológicas, compreensões fenomenológicas e
ferramentas sociais que antes não existiam, e incidem na vida de milhões de
pessoas, que por sua vez incidem na política, na economia, nas relações e
vínculos sociais bem como nas decisões de governos, que impactam a vida em
sociedade e o mundo.
• Sem falar que, os formatos de relações de poder, entre nossas melhores
lideranças, ainda são patriarcal, autoritária, hegemonista. Para isso é necessário
um novo processo de aprendizado, de desconstrução destas formas sociais de
poder para uma outra, radicalmente distinta, inclusiva, plural, participativa e
democrática.

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A partir das experiências do FREPOP
COMUNICAÇÃO / tecnologia
• Não tivemos tempo de dialogar, mas, tecnologias e o tema da linguagem na
relação com os sujeitos sociais que necessitamos interagir, mobilizar,
encantar é um elemento que necessita de trabalho, aprendizado e
letramento social. Não nos basta identificar as situações-problema com
linguagens que perderam seu sentido e significado social. Não será do
passado que brotará o inédito-viável. Sim, o passado é a referência, mas não
a terra fértil para que semeemos o novo para que floresça e dê frutos.

VALORES
• Devemos disputar com os valores sociais construídos pelo neoliberalismo
como: Individualismo, concorrência, competição e privatização da vida.
• Nossos valores de cuidado, afeto, não-indiferença, solidariedade, bem-
comum devem entrar no jogo social.

POSTURAS
• Nos diálogos que tivemos nestes dois dias, sentimos que nos falta uma certa
rebeldia, um sentido de urgência que nos faça transgredir a regras sociais
impostas pelo Sistema. Há um sentimento de que, a democracia representativa,
realizada em eleições de dois em dois anos tenham domesticado os sentimentos
de rebeldia e transgressão social tão necessários para enfrentarmos estes
tempos.

MÍSTICA COMO MENSAGEM


• A partilha de uma estratégia comum se faz por diferentes caminhos e linguagens.
As místicas que envolvem música e corporeidades, que traduzem provocam em
nós emoções profundas, é uma mensagem afetiva necessária para atar os nós,
em nós, seres tão particulares e distintos, compartilhando o mesmo tempo.

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A partir das experiências do FREPOP
Encaminhamentos da 1º Ciranda Nacional de Educação
Popular
A partir das experiências do FREPOP - Fórum de Educação Popular

1. Construir a Articulação Nacional de Educação Popular

Objetivo:
Fortalecer as estratégias de participação popular no desenho e garantia de políticas
públicas na área dos direitos. (Fome de pão e sede de beleza)
Construir processos permanentes de diálogo populares em todo o Brasil para pensar o
país que temos e o Brasil que, a partir das camadas populares em seus territórios, pautas
e perspectivas, se pense como possibilidade no enfrentamento das situações-
problemas, realizando o inédito-viável no presente, para o futuro.

Estes diálogos populares serão construídos pela Articulação Nacional de Educação


Popular, por meio de cirandas, rodas de conversas, espaços de estudo e formação, e no
encontro desta multiplicidade de experiências e saberes num Fórum Nacional de
Educação Popular (FREPOP). O Fórum deve ser semeado nos caminhos dos diálogos
populares. Há proposta de sua realização em junho de 2024, há quem pense que o
caminho dos diálogos populares devem ser realizado por mais tempo antes da
realização do Fórum de Educação Popular, esta será uma decisão a ser construída
coletivamente.

2. ⁠Produzir e entregar uma carta Pedagógica ao presidente Lula

Objetivo:
Evidenciar ao presidente Lula como as educadoras e educadores populares pensam o
seu quarto mandato e o papel histórico deste governo na construção de políticas

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A partir das experiências do FREPOP
públicas para promover a dignidade ao povo e pavimentar os caminhos para o Poder
Popular.

Ou construímos uma contraofensiva ao fascismo e ao projeto de exploração do povo


promovido pelas elites de ontem e de hoje, ou, as camadas populares sofrerão com o
avanço das políticas da extrema direita.
A construção de um espaço de possibilidades de diálogo de educadores e educadoras
populares, pensando na entregada da Carta pedagógica ao presidente Lula será
construída junto do Secretário Nacional de Economia Solidaria Gilberto Carvalho.

Responsáveis pela primeira versão da Carta:


§ Marcio Cruz - Frepop
§ Liana Borges - Café Paulo Freire
§ Janaína Lima – UFPE

3. ⁠constituir Grupo de Trabalho para dar consequência as decisões da 1º Ciranda


Nacional de Educação Popular.

Os setores da educação popular presentes na Ciranda, devem discutir com suas


organizações:
a)seu engajamento e participação na Articulação Nacional de Educação Popular;
b)Articular entre os movimentos e setores, quem vai dedicar um tempo de sua agenda
na composição do Grupo de Trabalho que tem por objetivo dar consequência as
decisões da Ciranda.

Segmentos da Educação Popular presentes na Ciranda


•Conselho de Educação Popular da América-Latina e Caribe - CEAAL;
•Redes de Cultura;
•Articulações de Educação Popular em Saúde;

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A partir das experiências do FREPOP
•Articulações e Redes de Economia Solidaria;
•Escolas de Formação em Educação Popular;
•Movimentos Sociais Urbanos;
•Movimento Sindical;
•Movimento rural de camponês;
•ONGs que atuam na EP;
•Movimento Negro
•Movimento da Juventude;
•Movimento Feminista

Não definimos um prazo, mas, é desejável que seja até 20 de dezembro para termos
tempo de organizar uma conversa pelo Zoom e pensar a agenda do início de 2024.

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A partir das experiências do FREPOP
Sistematização poética enviada pela Vera Dantas, gratidão!

Nesses tempos de encontros, De dizer não ao ódio e sim à


reencontros solidariedade
Precisamos ser escutadores e De reafirmar que a questão climática,
escutadoras ambiental
Lembrar de onde viemos sem esquecer Não é de fora, periférica, ela ´é central
quem somos E nos faz refletir e buscar romper com
Refletir sobre e para onde caminhamos as amarras do capitalismo
E para onde queremos caminhar. E com a consciência que somos parte
deste todo planetário.
Viemos de muitos lugares e da luta Dizemos não aos imobilismos
popular E nos movemos buscando enraizar o
Do campo, da cidade, das florestas, das poder popular
águas, Lutando
Do movimento sindical, da cultura Aprendendo e ensinando no caminhar.
popular
Da saúde, da economia solidária, dos Estamos dispostos e dispostas a seguir
povos originários, da agricultura familiar Em um permanente, pensar, agir e
Somos educadoras e educadores refletir
populares Em percursos de formação que se
Trabalhadoras e trabalhadores fazem na ação
Cuidadoras e cuidadores Olhar para os desafios da
Do povo, da vida institucionalização
Com a essencialidade do cuidar. E repensar que retomar políticas
Queremos seguir públicas participativas
Tecendo redes, teias, fluxos horizontais A exemplo do que vem tentando a
Acolhedores das diferenças, das PNEPS SUS
singularidades É desafiador
Queremos alcançar uma polifônica e Mas importante ver que, ao ousar criar
polissêmica unidade espaços plurais
Que se construa no cotidiano e possa Problematizar é fundamental para
acolher a diversidade enfrentar os desafios.
Do que somos E seguimos a nos questionar:
Do que estamos sendo Como constituir ações processuais e
Da sonhação do vir-a-ser não eventuais
Aprendendo cotidianamente a aprender Que permitam acolher os que na roda
A praticar o que diz ainda vão entrar?
E a falar do que faz. Como superar a tendencia ao
Parece-nos imprescindível saudosismo das décadas passadas
Criar trilhas de amorosidade Abrir brechas nos rolos do
Possibilidades do dialogar neoliberalismo

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A partir das experiências do FREPOP
E tentar se contrapor à precarização, à E fortalecer a participação ativa e a
desumanização dos atuais processos democracia
produtivos Que nos direcionem às possibilidades
Fortalecer o empreendedorismo de construção do poder popular?
popular? Que nos apontem para romper a bolha
Como reencantar, refazer, recriar e e nos emancipar?
renovar as místicas e seus sentidos?
Necessário se faz também falar sobre Sim, é importante que nos
opressões reconheçamos como memória viva
De processos iniciados e suas E que o poder popular se constrói no
interrupções território, na ação interativa
De sustentabilidades que precisamos Antirracista, antipatriarcal. anti-
construir imperialista,
De emergências e urgências na E que nos questionemos por que aqui
produção, recriação de novos modos de estamos
seguir Quais os nossos compromissos, nossas
De possíveis alianças que improváveis contribuições?
pareciam Qual o papel da ciranda, como fazer ela
Evidenciar intencionalidades girar?
Organizar temas que nos ajudam, Como a juventude envolver?
orientam, guiam Como nos escutar em nossas
Nas inusitadas trilhas de sermos manifestações?
sujeitos, sujeitas das políticas Como promover diálogos
De seguirmos nos mobilizando, comunicacionais, inclusive nas redes
animando, rebelando, tensionando sociais?
Reconstruindo o que amplia e refaz Como desenharmos projetos que
nossa criticidade partam das concretudes dos territórios
O que temos a fazer? para a disputa do ideológico?
O que mais temos a dizer? Nos damos conta que essa tarefa
Como os agentes podem interagir? requer um desenho organizativo e
Promover diálogos entre si? metodológico
Como resgatar momentos de Escolher bem as ferramentas frente a
escutação? contextos tão diversos e complexos
Como olharmos para nós com nós, e quais os modos de potencializá-las,
pensarmos sobre os comuns e os reinventá-las
singulares? Fazendo-as se intercomunicar para
Como a violência enfrentar alinhavar as trilhas e teias
considerando suas determinações, Temos dilemas como não te-los?
pauta política, questão estrutural? Mas criamos contornos
Como não se render ao dado, ao usual? Vislumbres do vir-a-ser
Como seguir buscando projetos que nos Pensamos em agentes populares
levem a vislumbrar a contra hegemonia Quem são essas figuras?
Qual o seu perfil?

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A partir das experiências do FREPOP
Que este não seja um retrato retocado E como nos ensina o músico cearense
Porque no território onde transita Johnson Soares
Ele se reconfigura, se transfigura Cirandar cirandê
E se refaz no diálogo, na cotidiana ação Nessa roda eu também quero entrar
E em coletivo, se faz força Cirandar cirandê
Ajuda a gerar emancipação Par e passo
Ajuda as gentes a querer ser mais Nos teus braços rodar
E caminhar com as pernas dos e das que Tu me ensinas que eu te ensino
com elas e elas e eles O caminho no caminho
Ajudarão a produzir a maré cheia de Com tuas pernas as minhas pernas
mudanças Andam mais...
Assim cirandar é preciso Vera Dantas

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A partir das experiências do FREPOP
FREPOPEAR – Música tema do FREPOP

Eu tenho muitos amigos, amigos de todo lugar


E quando a gente se encontra, a gente diz:
_Vamos Frepopear!

Então, se espera um ano inteiro,


Do último adeus ao dia de voltar,
E o tempo, prece, não passa
Fazendo pirraça pra julho chegar.

A nossa saudade é tamanha, que vê até estranha tanto bem-querer


Pra compreender essa amizade, não dá pra contar, você tem que viver!

Que bom que você veio, bom que voltou!


Agora, eu sei que vai ser muito melhor.

Um outro mundo é possível, sabe por quê?


O sonho que se sonha junto
acontece primeiro do que sonha só.

A língua que se fala aqui é o amor,


A nossa universidade é da paz,
Saberes foram feitos pra partilhar
E nossas diferenças nos fazem “Mais”.

Nós temos tanto, tanto pra construir


E muito, muito o que aprender e ensinar
O FREPOP, então se faz nossa voz,
Nos braços da Educação Popular.

Letra e música:
Claudia Xavier
Arranjo:
Danúbio Gomes
Para escutar e cantar...
https://www.youtube.com/watch?v=3HoPfbnhp8k

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A partir das experiências do FREPOP

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