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INTRODUÇÃO
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Mestrando, evandroarchanjo@gmail.com.
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Doutora, Universidade Federal de Minas Gerais, editerocha@ufmg.br.
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Fundo da Banda Santa Cecília do Seminário Provincial de Diamantina e fundo proveniente do senhor Vicente
Barbosa, morador de São Gonçalo do Milho Verde.
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Os primeiros relatos encontrados referentes a essa banda foram registrados por João
Henrique da Costa138, músico, memorialista e autor do livro Efemérides Diamantinenses, um
diário de acontecimentos locais, publicado em 2007 por Célio Hugo Alves Pereira, onde
consta como origem da banda do Corinho a união de músicos dissidentes de outra banda
atuante na cidade, conhecida como “Banda da Maioria”.
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Fundo composto por dezenove caixas contendo uma média de 50 envelopes cada. Dentre os documentos, um
grande número de partituras manuscritas com formação para banda, métodos para piano, flauta, órgão, solfejo e
livros de canto litúrgico.
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O Centro de Estudos dos Acervos Musicais Mineiros (CEAMM) é quem responde pela proposta de
inventariação e catalogação do acervo musical do AEAD junto a Mitra Arquidiocesana de Diamantina.
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As citações encontradas sobre João Henrique da Costa citam o seu trabalho como memorialista, mas
nenhuma referência biográfica.
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Diamantina, 18 – 5º 1905. Américo, não remeti a marcha (esta), hontem, devido aos afazeres e
só hoje conclui a m[es]ma. Hontem escrevi todo dia, a marcha fúnebre destinada aos funeraes
do [senhor] Bispo D. João An[toni]o, cujo enterro terá lugar depois d‟amanhã, 20 do
corrente139.
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Transcrição do documento gentilmente apresentado pelo senhor Serafim Moreira, maestro da Banda Santa
Cecília de Gouveia e guardião do documento, a quem agradecemos a generosidade e contribuição na partilha das
informações.
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Foram identificados no fundo remanescente da banda do Corinho um número considerável de composições,
cópias e arranjos autografados por Jean Victor e seus irmãos Fernando Victor e Américo Victor. Outras
composições deles podem ser encontradas no acervo musical da Biblioteca Antônio Torres – Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nancional em Diamantina e no acervo da Banda Euterpe Diamantinense, criada
após a dissolução da banda do Corinho, que permanece em atividade até os dias de hoje (2017).
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Dentre as profissões exercidas pela família Foureaux, estão as de alfaiate, músico e ourives
(MOREIRA, 2017). Encontram-se nos acervos musicais de Diamantina (AEAD e Biblioteca
Antônio Torres – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), obras de Jean
Victor, Fernando Victor e Américo Victor. Dentre os gêneros identificados temos: valsas,
variações para instrumentos solistas como piston, flauta, oficleide, além de polkas e
quadrilhas.
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A banda Corão teria se dissolvido antes que a Corinho, devido ao esvaziamento do contingente de músicos da
mesma, quando da ocasião da criação da Banda Militar, que recrutou músicos civis de ambas as bandas.
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AZEVEDO, Augusto Fernandes de. Jornal Voz de Diamantina. Diamantina, ano II, n. 52, p. 13, 1938.
Motu proprio “Tra le Sollecitudini”, sobre a música sacra, de 22 de novembro de 1903, promulgado pelo
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Papa Pio X.
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OS MÚSICOS DA CIDADE
As bandas de música em Diamantina eram formadas em sua maioria por civis, mas em
certo ponto da história, os civis foram convocados a assumirem funções militares, sendo
recrutados como voluntários. Caso que ilustra essa afirmação foi o do músico Antônio
Ephygênio de Sousa, que após partir de Diamantina em 13 de abril de 1865 rumo à Guerra do
Paraguai, acabou por tomar a alcunha de Maestro Paraguai:
114 patriotas partem do Tejuco para a Guerra do Paraguai. O Cônego Severiano Campos
Rocha no “Vida de Dom João” (inédita) descreve as solenidades e as saudades desta partida.
Dentre muitos estiveram nesta guerra os irmãos “Felícios” (Antônio e João), Dr. Lucindo dos
Passos Filho, Luís Alves dos Santos, Otaviano Afonso Fernandes e Antônio Efigênio de Souza
(maestro). Entraram em combate a 3 de Setembro de 1866 na Batalha do Curuzú (PEREIRA,
2007, p. 109).
Dez dias depois, partiriam da cidade um contingente ainda maior de voluntários para a
Guerra do Paraguai. A saída dos voluntários teria sido marcada pela presença da banda do
Corão, que ainda era conhecida como Banda da Maioria:
[13 de abril de 1865] Segue para a Guerra do Paraguai o diamantinense Capitão Otaviano
Afonso Fernandes levando desta vez não 114 mas 500 voluntários da cidade do município.
Partiram do Teatro “Santa Isabel” ao som da Banda “Maioria”[?] que executou a “Marcha dos
Voluntários”. Ao deixarem a cidade, narra o Cônego Severiano Campos Rocha, na divisa do
perímetro, um orador fez as despedidas e muitos do povo os acompanharam até a “Palha” e
alguns até a ponte do Ribeirão do Inferno e os voluntários rumarão para o Serro, Conceição do
Serro (PEREIRA, 2007, p. 109).
Outra lista de músicos atuantes nas bandas Corinho e Corão aparece nos relatos da
morte do músico Manuel Rodrigues Bago, que seria além de oficleidista da banda Corão,
lapidário e tipógrafo. Apesar de as duas bandas manterem certa rivalidade pela supremacia
musical na cidade, existiam entre si profundo respeito entre seus músicos, sendo comum a
presença da banda no enterro de seus músicos:
[29 de abril de 1911] Falece na cidade o estimado diamantinense Manuel Rodrigues Bago,
mano dos falecidos José Antônio e Da. Luisa Bago Tameirão esposa de José Tameirão da
Fábrica de Tecidos de Santa Bárbara do atual município de Buenópolis. Manuel era bom
lapidário, tipógrafo e perito executor de “oficlídes” sendo freqüentemente aplaudido com
chuveiro de palmas no “Teatro Santa Isabel”. Em 1880 era músico da Banda “Coro Grande”
ou Corão. Foram seus companheiros: O Maestro João Batista de Macedo (Pururuca), Evaristo
da Cunha Vale, José Pedro Xavier, Cristiano Vieira, Raimundo Galatra, Joaquim Gombê,
Antônio Bago, Simçao Alves, Juca Mourão, Raimundo Galatra Júnior, Joaquim Cardeno de
Godói, Antônio da Cunha Vale e Cláudio Augusto de Almeida que dirigiu o “Corão” por 30
anos. Voltando doente da Fábrica se internou no Hospital “Santa Isabel” onde faleceu (1911)
rodeado de esforços dos médicos, das enfermeiras e das Irmãs Vicentinas. O “corpo”
acompanhado pela Banda do “Corinho” (O Corão não existia mais) teve sua “encomendação”
pelo Vigário Neves no “Amparo” e aí foi inumado (PEREIRA, 2007, p. 111).
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Um fato interessante sobre a atuação das bandas na cidade era o volume de trabalhos a
que cada uma era solicitada. Um dos primeiros pesquisadores a buscar informações sobre a
atuação das bandas Corinho e Corão foi o sociólogo José Moreira de Souza, tendo seus
estudos e pesquisas de campo auxiliado inclusive o musicólogo Francisco Curt Lange em sua
passagem por Diamantina. Numa de suas visitas ao asilo Pão de Santo Antônio, onde se
encontrava o acervo da Banda do Corinho, José Moreira nos relatou em entrevista realizada
em 09 de maio de 2017, que teria encontrado em meio a um monte de papéis velhos, uma
caderneta com anotações sobre as contas da banda do Corinho, ao que gentilmente nos cedeu
juntamente com uma série de informações sobre músicos locais e a trajetória das bandas.
Segundo análises feitas nas contas da banda e cruzamento de outros dados, pudemos inferir
que a banda possuía uma receita maior que a da fábrica de tecidos instalada na cidade, tal era
o volume de trabalho que tinham (SOUZA, 2017).
Tabela 1 - Contas da Banda do Corinho, trimestre abril - junho de 1902. Acervo Pão de Santo
Antônio de Diamantina
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Operária
Encomendação para uma senhora 16/04/1902 15$000 9
no Amparo
Funeral da Senhora Francisco 21/04/1902 35$000 13
Santa Bárbara
Santa Cruz – Bonfim 04/05/1902 50$000 26
Te Deum. Homenagem a Silviano 04/05/1902 40$000 24
Brandão
Mastro – Bonfim 04/05/1902 25$000 21
“Kermesse” – Bonfim 04/05/1902 20$000 21
9 horas. Vésperas da Festa do 10$000 18
Bonfim
Mastro Arraial de Baixo: Santa 10/05/1902 40$000 20
Cruz
Te Deum ao novo Imperador: 18/05/1902 40$000 24
Festa do Divino
Mastro do Divino 17/05/1902 15$000 21
Novena Santa Cruz, na Luz 30$000 21
Cartaz Teatro João Brandão 10$000 17
Espetáculo João Brandão 30$000 16
Espetáculos mágicos 24/11/1901 40$000 16
Espetáculos mágicos 30/11/1901 40$000 21
Mastro Santa Cruz 17/05 20$000 19
Festa do Divino 18/05/1902 200$000 27
Cartaz espetáculo de Teatro Em18/05/1902 10$000 18
Espetáculo de teatro 18/05 20$000 19
Ensaios p/ teatro Dia 18 20$000 9
Recepção de D. Joaquim na 30$000 17
Escola Normal
Recepção do Dr. Herculano César 24/05/1902 50$000 20
Mastro do Rosário 24/05/1902 25$000 19
Acompanhamento do Reinado 25 80$000 18
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A caderneta original não foi localizada até o momento (2017), sendo esta tabela transcrita do documento
cedido pelo sociólogo José Moreira de Souza, a quem agradecemos a gentileza e importantes contribuições para
nossa pesquisa.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Projeto criado na gestão do prefeito Antônio de Carvalho Cruz no ano de 1987, tendo como primeiro maestro,
Irineu de Souza Domingos, conhecido como maestro Alex.
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Conservatório Estadual de Música Lobo de Mesquita de Diamantina, fundado pela Lei 811 de 13/12/1951, no
governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira e autorizado pela resolução número 16171 da secretaria do Estado
da Educação.
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Em Diamantina, esse fato pode ser observado com a passagem de Curt Lange na
década de 1950. Sua pesquisa buscava evidências de uma produção musical anterior a José
Maurício Nunes Garcia (1767-1830), e foi através de visitas em irmandades e ordens terceiras
e com a “descoberta” da obra de Lobo de Mesquita (1746[?] -1805), que os acervos musicais
de Diamantina passaram a ser alvo de pesquisadores como Cleofe Person de Matos, Mercedes
Reis Pequeno, Elmer Correa Barbosa, Maria da Conceição de Rezende dentre outros. Esses
pesquisadores visitaram os acervos sempre em busca da música sacra setecentista e, em
especial as obras de Lobo de Mesquita, compositor que alcançou maior visibilidade graças ao
trabalho realizado por Lange, que editou algumas de suas obras e as divulgou no Brasil e no
exterior.
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Acervo Curt Lange na Biblioteca Central da UFMG, série 2.1.
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O traslado do acervo da banda do Corinho da sede do asilo Pão de Santo Antônio para o arquivo eclesiástico
de Diamantina, foi feito dentro do projeto Portal Pólo Jequitinhonha, sob a coordenação do professor Maurício
Freire Garcia e a colaboração de Odette Ernest Dias.
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REFERÊNCIAS
ARCHANJO, S.; PIMENTA, G. Acervo musical Pão de Santo Antônio Diamantina - Minas
Gerais : reconsiderando a unidade. p. 747-759, 2017.
FIGUEIREDO, C. A. Música sacra e religiosa brasileira dos séculos XVIII e XIX: teorias e
práticas editoriais. 1 ed. Rio de Janeiro: Edição do Autor. [S.n.].
Jornal Pão de Santo Antonio. Associação Pia União do Pão de Santo Antônio, p. 4,
24/09/1916.
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