Você está na página 1de 8

3

34

TÓPICO
HISTÓRIA DA PALEONTOLOGIA
Setembrino Petri
Mírian Liza Alves Forancelli Pacheco

3.1 Definição
3.2 Paleontologia como Ciência
3.3 Importância da Paleontologia
3.4 Paleontologia e Tecnologia
3.4.1 Tomografia computadorizada (TC) e técnicas radiográficas
3.4.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e microanálises
por Energia Dispersiva de Raio X (EDS)
3.4.3 Fluorescência de raios X
3.4.4 Espectroscopia RAMAN
3.4.5 Síncrontron

AMBIENTE NA TERRA Evolução


35

3.1 Definição
Estudo de organismos antigos chamados fósseis. Como o tempo é contínuo, foi necessário
estabelecer um limite de tempo. Abaixo desse limite, os organismos conservados nas rochas
seriam fósseis; acima, pertenceriam ou aos tempos históricos ou pré-históricos, mas ainda não
fósseis. O termo pré-histórico deveria só ser reservado aos organismos antigos (ou a manifes-
tações culturais antigas), mas não fósseis. O último tópico da História da Terra, o Holoceno,
que se iniciou após a última glaciação que envolveu grande parte da Terra, há 11.000 anos, foi
tomado como ponto de referência para se considerarem fósseis os organismos que viveram
antes. Alguns, ainda, consideram fósseis organismos que viveram em determinada região, mas
em ambiente diferente do vigente atualmente na região.

3.2 Paleontologia como Ciência


A Paleontologia é um ramo das Ciências Geológicas, pois estuda os organismos em uma dimensão
diferente das da Biologia. Os seres estudados na Biologia são os que vivem na Terra, dentro das di-
mensões clássicas da geometria espacial. A Paleontologia estuda os organismos que viveram na quarta
dimensão, o tempo. Nesse aspecto, faz parte da Geologia. Contudo, como a Paleontologia trata de
vida pregressa, com diferentes graus de semelhança com os seres que vivem atualmente, para melhor
encaixar os fósseis em uma “árvore genealógica global”, envolvendo os organismos extintos e os que
vivem atualmente, torna-se necessário comparar os fósseis com os organismos atuais. Ainda hoje,
alguns fósseis são difíceis de classificar taxonomicamente, principalmente boa parte dos mais antigos.

3.3 Importância da Paleontologia


Importante tanto para a Geologia como para a Biologia.
Para a Geologia. A escala de tempo geológico representa a linha do tempo desde o pre-
sente até a formação da Terra, dividida em éons, eras, períodos, épocas. As subdivisões do
tempo geológico: Hadeano, Arqueozoico, Proterozoico, Fanerozoico (Paleozoico, Mesozoico,
Cenozoico) e dentro do Cenozoico (Paleoceno, Eoceno, Oligoceno, Mioceno, Plioceno,
Pleistoceno e Holoceno), a partir da mais antiga, baseiam-se no aparecimento dos animais
e plantas e sua evolução. Hadeano é o único sem fósseis conhecidos. As subdivisões do
Cenozoico baseiam-se em semelhanças cada vez maiores com os seres vivos atuais.
O geólogo (engenheiro) William Smith (1769-1839) elaborou, pioneiramente, o primeiro

HISTÓRIA DA PALEONTOLOGIA 3
36

mapa geológico do mundo, no norte da Inglaterra, correlacionando, cronologicamente, por inter-


médio de fósseis, camadas geológicas separadas geograficamente.
Como os fósseis são sensíveis a variações ambientais, permitem reconstruções de ambientes
antigos e correlações refinadas, utilizando-se técnicas modernas de correlações.
Fósseis transportados permitem avaliar direções de correntes e, retrabalhados em sedimentos mais novos,
muitas vezes permitem constatar presenças pretéritas de formações geológicas, posteriormente destruídas
pela erosão. Por exemplo, Devoniano e Carbonífero são duas subdivisões do Paleozoico – o primeiro é o
mais antigo. No norte do Estado de São Paulo, ocorrem sedimentos do Carbonífero, mas não do Devoniano.
Nos sedimentos do Carbonífero ocorrem sedimentos do Devoniano retrabalhados. Esses fósseis permitem
deduzir que sedimentos do Devoniano existiram nessa região e foram,posteriormente,destruídos pela erosão.
As durações do ano terrestre em número de dias eram maiores em tempos recuados, calculadas pela
mecânica celeste. Fósseis de dois períodos da História da Terra permitiram os cálculos de durações dos
anos, em número de dias, quando eles viveram, contando o número de anéis diários desses esqueletos:
datações por métodos radioativos dos depósitos que continham esses fósseis permitiram chegar a valo-
res semelhantes aos cálculos astronômicos, confirmando a validade das datações radiométricas.

Escala Geológica de Tempo (com conversão para 24 horas)


Eras Períodos Início Duração
em anos 24 Horas (horas)
Quaternário 1.800.000 23:59:25 0:00:35
Cenozóico
Terciário 65.000.000 23:39:12 0:20:13
cretáceo 146.000.000 23:13:17 0:19:50

Mesozóio Jurássico 208.000.000 22:53:26 0:11:50


Triássico 245.000.000 22:41:36 0:11:50
Permiano 286.000.000 22:28:29 0:13:07
Carbonífero 360.000.000 22:04:48 0:23:41

Paleozóico Devoniano 410.000.000 21:48:48 0:16:00


Siluriano 440.000.000 21:39:12 0:09:36
Ordoviciano 505.000.000 21:18:24 0:20:48
Cambriano 544.000.000 21:05:55 0:12:29
Proterozóico 2.500.000.000 10:40:00 10:25:55

Arqueano 3.800.000.000 3:44:00 6:56:00

Hadeano 4.500.0:00:00 0:00:00 3:44:00

Tabela 3.1: Escala geológica de tempo, convertida para 24 horas.

AMBIENTE NA TERRA Evolução


37

Há grande número de exemplos da aplicação dos fósseis em Geologia Econômica, como petró-
leo, carvão, minérios de ferro, fosfatos etc.
De especial interesse para a humanidade são as descobertas de grande número de hominí-
deos durante o século XX, tornando a cadeia evolutiva do Homem rica em detalhes.
Para a Biologia. A Paleontologia fornece a quarta dimensão (tempo) para a Biologia, comple-
mento indispensável para os métodos biológicos de Genética, Evolução e Biologia Molecular.
Talvez a maior importância da Paleontologia na História da Biologia seja o estudo do registro
fóssil como base para a elaboração da Teoria da Evolução por Darwin e Wallace, no século XIX, e
seu posterior desenvolvimento na Síntese Moderna (1930 e 1947), que moldou, além das contri-
buições da Paleontologia, a Genética e a Sistemática em uma nova Teoria neo-Darwinista.
Em sua definição mais básica, evolução significa transformação. (Futuyma, 2003) A trans-
formação das espécies pode ser observada no registro fóssil de forma suave e contínua. Essa
evolução gradual das espécies ao longo do tempo geológico foi utilizada por Charles Darwin,
no séc. XIX, como uma das bases para a elaboração da Teoria da Evolução. Por outro lado,
um dilema “tirou o sono” de Darwin: a origem repentina e a diversidade sem precedentes
dos animais no período Cambriano. O registro do Cambriano é rico em formas de vida
animal e interações ecológicas (p. ex.: predadores, presas e parasitas) não documentadas no
Pré-Cambriano. É como se essa grande diversidade de vida tivesse surgido do nada. Darwin
não tinha explicação para tal fato, com base em sua ideia contínua de evolução.
Em 1972, Niles Eldredge e Stephen Jay Gould entenderam o registro fóssil de outro modo e
explicaram que a evolução pode ocorrer de modo rápido e localizado. Essa explicação tornou-se
uma nova teoria evolutiva, conhecida como Equilíbrio Pontuado. Infelizmente, Darwin morreu
sem resolver seu dilema.
Muito mais poderia ser escrito sobre a importância da Paleontologia para a Biologia, mas não
caberia aqui neste resumo.

3.4 Paleontologia e Tecnologia


A Paleontologia acompanha a explosão da aplicação de tecnologia em Ciência. A com-
paração com o “estado da arte” da Paleontologia brasileira, no fim do século XX, cons-
tante do volume inaugural da Revista Brasileira de Paleontologia (vol. 1), 2001, mostra a
impressionante expansão do aparecimento de novas técnicas em apenas uma década, aqui
resumida neste item.

HISTÓRIA DA PALEONTOLOGIA 3
38

O elevado grau de detalhamento e a riqueza de informações que essas novas técnicas são ca-
pazes de fornecer revestem-nas de importância para o entendimento de questões cruciais para
a evolução da vida no planeta, tais como: qual era a constituição química dos esqueletos dos
primeiros seres? As primeiras serpentes possuíam membros? Como eram as estruturas internas
das primeiras flores que existiram no planeta?
A seguir, estão descritas as técnicas mais correntemente utilizadas no mundo para o estudo
de detalhe de fósseis e, principalmente, as mais viáveis no estudo dos fósseis no Brasil.

3.4.1 Tomografia computadorizada (TC) e técnicas radiográficas

A TC já é comumente empregada na arqueologia, para o estudo de múmias humanas, no


Brasil e no mundo. Em paleontologia, essa técnica tem sido utilizada para a detecção de fós-
seis não evidentes na superfície das amostras de mão, bem como a constatação de estruturas
encobertas pela matriz e a disposição dos fósseis.
Por possibilitar um direcionamento angular adequado aos diversos tipos de incidência de raios
X, a técnica radiográfica também pode ser utilizada no estudo de fósseis em rochas preparadas até
espessuras bem delgadas. Exemplo da aplicação dessa técnica no estudo de fósseis em São Paulo
são as radiografias de Corumbella (figura 3), um fóssil encontrado em Corumbá, MS, datado em
mais de 540 milhões de anos, realizadas pela Profª Drª Juliana de Moraes L. Basso e sua orientanda
de Doutorado, Mírian L.A.F. Pacheco (IGc/USP), em conjunto com o Serviço de Imageologia,
do Hospital Universitário da USP, pela equipe técnica chefiada pelo Dr. Cláudio Campi de Castro.

3.4.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e


microanálises por Energia Dispersiva de Raio X (EDS)

O microscópio eletrônico de varredura (MEV) é capaz de produzir imagens de alta resolução


da superfície de uma amostra. Devido ao modo como as imagens são obtidas em MEV, estas têm
uma aparência tridimensional característica e são úteis na avaliação de estruturas superficiais.
Em fósseis, a alta resolução do MEV permite a ampliação de imagens e possibilita a observação de
ultraestruturas. Em todos os espécimes fósseis submetidos ao MEV, podem ser realizadas microanálises
de elementos químicos, a partir do B (boro), por Energia Dispersiva de raios X (EDS). Por meio das

AMBIENTE NA TERRA Evolução


39

análises de EDS, são verificados os átomos de elementos, como fósforo e carbono, que podem indicar,
por exemplo, a constituição quitino-fosfática das tecas de conulários, um extinto grupo de cnidários.
Por meio de eletromicrografias obtidas em MEV, ossos do grupo de mamíferos que inclui
as preguiças terrestres (extintas), resgatados na Gruta das Fadas (Bodoquena, MS), tiveram suas
microestruturas analisadas. Nesses ossos, foram verificadas estruturas bem conservadas de zonas de
crescimento do tecido ósseo. (Oliveira et al., 2009)
Em São Paulo, os espécimes fósseis podem ser fotomicrografados em MEV e analisados por EDS,
em conjunto com o Eng. Dr. Isaac Jamil Sayeg (GSA/IGc/USP).

3.4.3 Fluorescência de raios X

A fluorescência de raios X é uma técnica de microanálise, que pode ser usada para detectar
e quantificar as concentrações químicas dos elementos presentes na amostra analisada. Os ele-
mentos químicos podem ser identificados pela radiação de fluorescência emitida pelos átomos,
característica de cada espécie química. A fluorescência de raios X também pode fornecer infor-
mações sobre a localização e a quantidade do elemento dentro da amostra. Essa técnica tem sido
utilizada como um método de certificação no campo das microanálises em fósseis.
Por meio de análises de fluorescência de raios X em fezes fossilizadas (coprólitos) de peixes
da bacia de Alagoas, foi verificada elevada concentração de fósforo relacionada à presença de
fragmentos ósseos não digeridos. Essas análises foram suficientes para inferir uma dieta carnívo-
ra para esses animais (Souto & Schwanke, 2010).

3.4.4 Espectroscopia RAMAN

Ao contrário das técnicas de EDS e fluorescência de raios X, que são capazes apenas de
detectar elementos químicos simples, a espectroscopia RAMAN é uma técnica de alta resolu-
ção, acurada para a identificação de compostos moleculares específicos, que permite esclarecer
informações sobre estruturas moleculares complexas orgânicas e inorgânicas (tais como pro-
teínas). Uma vez que se trata de um procedimento não destrutivo de análise, a espectroscopia
RAMAN é ideal para o estudo de fósseis raros. (Schweitzer et al., 2008)
Em São Paulo, essa técnica é desenvolvida pela equipe da Profª Drª Dalva Faria (Instituto de

HISTÓRIA DA PALEONTOLOGIA 3
40

Química/USP) e tem sido utilizada para a elucidação da composição química da carapaça de


C. werneri (e.g.: quitinosa ou quitino-fosfática). (Pacheco et al., inédito)

3.4.5 Síncrontron

Uma fonte de Luz Síncrotron é um conjunto de equipamentos destinados a produzir uma


luz de altíssima intensidade. O nome síncrotron é uma referência ao equipamento que produz
a luz, nas faixas do visível, do raio X, do ultravioleta ao infravermelho. Ao utilizar síncrotron, os
pesquisadores buscam desvendar conhecimentos sobre os átomos e as moléculas e como estes
se organizam para formar os materiais. Técnicas baseadas no síncrontron são capazes de revelar
estruturas internas em fósseis e, até mesmo, sua composição molecular ou indícios desta.
Como o síncrotron excita os átomos nos materiais-alvo, de forma a emitirem raios
X em comprimentos de onda característicos, a varredura proporcionada por essa técnica
pode revelar a distribuição de elementos específicos ao longo do objeto. Recentemente,
o síncrontron foi utilizado para evidenciação de indícios de tecidos moles em fósseis de
Archaeopteryx (datados em cerca de 150 milhões de anos). Por meio dessa técnica, foi
constatada a presença de zinco nos ossos desse extinto animal. O Zinco é um nutriente-
-chave para as aves atuais e sua presença em ossos fossilizados corrobora suas relações
evolutivas com os dinossauros. O estudo também revelou a presença de fósforo nos fila-
mentos das penas do fóssil: os paleontólogos achavam que só as impressões destas tivessem
permanecido. Essas descobertas corroboram uma química de tecidos moles preservada em
lugares inusitados (Bergmann et al., 2010).
Tomografias que utilizam os raios síncrontron também são úteis em estudos fósseis,
cujas estruturas internas não são visíveis e/ou não podem ser acessadas por técnicas des-
trutivas. A microtomografia de radiação de raio X síncrontron (SRXTM), por exemplo,
é uma nova técnica utilizada para obter detalhes de estruturas internas sem a necessidade
de análises destrutivas. Essa técnica já foi utilizada para obter elevado nível de detalhe
de estruturas internas de pequenas flores de angiospermas do Cretáceo (com menos
de 3 mm de diâmetro), datadas em 89 milhões de anos, resgatadas no leste da Ásia
(Takahashi, 2009).
Também por meio de tomografia síncrotron, pesquisadores descobriram membros

AMBIENTE NA TERRA Evolução


41

posteriores, de cerca de 2 cm, em Eupodophis descouensi, uma serpente fóssil, encontrada no


Líbano, datada em 95 milhões de anos.
As imagens em três dimensões revelam que a arquitetura interna de ossos do membro
posterior de uma serpente fossilizada se assemelha à dos modernos lagartos terrestres. O estudo
foi publicado na atual edição do “Journal of Vertebrate Paleontology”.
Para gerar a imagem, foi usado um equipamento similar ao de tomografia computadori-
zada encontrado em hospitais, mas com nível de detalhe muito maior. Foram feitas milhares
de imagens planas do fóssil que, combinadas, permitiram montar um modelo tridimensional.
O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), com sede em Campinas, é o mais
completo equipamento disponível no Brasil para pesquisas em biologia molecular estrutural. O
principal objetivo dos pesquisadores dessa área é decifrar a estrutura das proteínas, compostos
básicos da bioquímica dos seres vivos. O LNLS pode vir a subsidiar inúmeros estudos na área
de paleontologia no Brasil e elucidar importantes questões ligadas, por exemplo, à constituição
de carapaças de organismos fósseis datados de mais de 500 milhões de anos.

Bibliografia

BERGMANN, U., MORTON, R.W., MANNING, P.L.,SELLERSE, W.I., FARRARF, S.,


HUNTLEYB, K.G., WOGELIUSC, R.A. & LARSONC, P. 2010. Archaeopteryx feathers and
bone chemistry fully revealed via synchrotron imaging. Proceedings of the National Academy
of Sciences, 107(20): 9060-9065.
ELDREDGE, N. & GOULD, S.J. Punctuated equilibria: an alternative to phyletic gradualism. In T.J.M.
Schopf, ed., Models in Paleobiology. San Francisco: Freeman, Cooper and Company, 1972. 82-115.
FUTUYMA, D.J. Evolution. Sunderland: Sinauer Associates Inc. 2003.
OLIVEIRA, R.S., MORAIS, L., PACHECO, M.L A.F., CORDEIRO, L.M. & MARTINS, G.R.
Estudo dos fósseis pleistocênicos resgatados na Gruta das Fadas, Bodoquena, Mato Grosso do
Sul. In: Anais do I Encontro de Arqueologia de Mato Grosso do Sul, 2009. CD-ROM.
PETRI, S. 2001. As pesquisas paleontológicas no Brasil. Revista Brasileira de Paleontologia, 1: 1-136.
SCHWEITZER, M.H., AVCI, R., COLLIER,T. & GOODWIN, M. 2008. Microscopic, chemical
and molecular methods for examining fossil specimens. Palevolution, 7:159-184.
SOUTO, P.R.F. & SCHWANKE, C. 2010. Ocorrência de coprólitos de vertebrados na bacia
de Alagoas, Cretáceo Inferior. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, 5(1): 189-194.
TAKAHASHI, M. 2009. Inner Structure of Cretaceous Fossil Flower Revealed by X-Ray
Microtomography (XRMT). Life Science: Medical Biology, 40-41.

HISTÓRIA DA PALEONTOLOGIA 3

Você também pode gostar