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Geologia e Paleontologia

Ementa
Desenvolvimento de uma visão sobre o conhecimento dos
alicerces geológicos e paleontológicos, norteada no princípio do Big
Bang, bem como na dinâmica interna e externa do Planeta Terra, eras
geológicas, na evolução de vegetais e plantas, até o surgimento do
homem. Visão filogenética e evolutiva da geologia e paleontologia,
perpassando pelo estudo dos fósseis e grupos recentes, conhecendo
a diferença entre seus estudos, assim como o impacto dos efeitos
geológicos no processo de evolução da vida no Planeta Terra.
Conteúdos
Fundamentos da Geologia e Paleontologia;
Teoria do Big Bang;
Eras Geológicas;
Tectônica de Placas;
Mudanças Climáticas;
Ciclos Erosivos;
Origem do Homem;
Estudos dos fósseis;
Efeitos geológicos no processo de evolução da vida no
Planeta Terra..
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
CARVALHO, I. S. Paleontologia: conceitos e métodos. 3.
ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2010.
POPP, J. H. Geologia geral. 6. ed. Rio de Janeiro: Ltc,
2010.
PRESS, F.; GROTZINGER, J.; SIEVER, R.; JORDAN, T.
H. Para Entender a Terra. 4. ed. São Paulo: Bookman.
2006.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BENTON, M. J. Paleontologia dos vertebrados. São Paulo:


Atheneu, 2008.
BRITO, P. FIGUEIREDO, F.; GALLO, V.; SILVA, H. M.
Paleontologia dos vertebrados - grandes temas e contribuições
científicas. Rio de Janeiro: Interciência, 2006.
TEIXEIRA. W.; TOLEDO, M. C. M.; FAIRCHILD, T. R.; TAIOLI, F.
Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: EDUSP/Oficina dos Textos,
2000. 557 p.
WICANDER, R; MONROE, J. S. Fundamentos de geologia. São
Paulo: CENGACE Learning, 2009.
COMPETÊNCIAS – SETAC 1

Conhecer os objetos de estudo da geologia e da paleontologia, destacando suas


correlações;
Analisar a teoria do Big Bang e suas relações com a vida no Universo;
Classificar as Eras Geológicas e os principais eventos geológicos/paleontológicos
associados;
Entender a dinâmica das placas tectônicas e sua contribuição para a evolução da
vida no planeta terra;

COMPETÊNCIAS – SETAC 2
Compreender as implicações de mudanças climáticas na dinâmica do planeta.
Analisar a importância da paleontologia para a compreensão da evolução da vida
no planeta.
Compreender os métodos dos estudos paleontológicos.
Construir estratégias para o ensino de paleontologia.
CASO ORIENTADOR – SETAC 1
Durante o transcorrer das atividades realizadas no Colegiado de Ciências Biológicas, mais
especificamente na turma que está cursando Geologia e Paleontologia, o professor destacou para os seus
discentes que para compreender a história geológica do planeta até os dias atuais, faz-se necessário viajar no
tempo e analisar a Teoria do Big Bang, o processo de formação das placas tectônicas, a dinâmica das placas
tectônicas, epirogênese, orogênese, processos erosivos, formação de fósseis, entre outros. Nesse contexto, o
docente ressaltou que nosso planeta é um sistema dinâmico e integrado, e que existem processos que são
perceptíveis no tempo do homem (escala histórica) e outros apenas no tempo geológico (escala geológica).
Portanto, é necessário entender que todos esses fenômenos naturais e antropogênicos (antrópicos) estão
inter-relacionados, e compete ao profissional de Ciências Biológicas (Licenciado e Bacharel), analisar essa
dinâmica objetivando compreender a evolução da vida no nosso planeta. Nesse contexto, os discentes
começaram a indagar:
Paula- Não compreendo a importância dessa disciplina para nosso curso. Os arqueólogos já dominam
esses assuntos.
Alane - Não consigo relacionar a Teoria do Big Bang com a necessidade de estudar um fóssil, nem muito
menos entendo qual é a utilidade de estudar um fóssil.
Lucimeire - Temos que lembrar que nosso planeta é resultante dessa grande explosão, ou seja, sem ela nós
não existiríamos. No caso específico dos fósseis, eles nos possibilitam termos compreensão de como era a
Terra a milhões de anos. Sem contar que atualmente nossa economia é baseada no consumo dos chamados
combustíveis fósseis.
CASO ORIENTADOR – SETAC 1
Alane - Nunca havia parado para fazer essa relação. Então é por isso que estudamos os processos
erosivos com tanta ênfase. Os mesmos são os responsáveis pela formação de bacias sedimentares,
locais onde podemos encontrar depósitos de gás natural e petróleo.
Jilmara - Mas para compreender os processos erosivos é necessário saber como essas rochas se
formaram.
Lucimeire – Verdade! Precisamos estudar a dinâmica das placas tectônicas e o vulcanismo.
Alane - É de assustar! Tudo está relacionado. Primeiro ocorreu uma grande explosão no Universo (Big
Bang), em seguida a Terra começar a se formar e sua superfície começa resfriar formando a crosta
terrestre, posteriormente essas porções passam a deslizar sobre seu interior ainda pastoso (magma) -
hora se afastando hora se chocando, concomitantemente, para aliviar a pressão no interior do planeta
surgem os vulcões.
Lucimeire - Calma Alane, você está querendo descrever toda a história geológica da Terra de uma vez
só. Assim eu fico com dor de cabeça. São muitas conexões para realizar.
Jilmara - Para facilitar a análise e interpretação dessa grande quantidade de informações, sugiro que
as estudem seguindo a sequência da tabela das Eras Geológicas.
Ao final do debate, o docente solicitou a construção de um parecer com tomada de posição acerca
correlações entre as teorias supracitadas e a o processo de evolução da vida no planeta terra.
PERGUNTAS DA ABERTURA DO CASO
As Placas tectônicas tem a importância na movimentação dos continentes, e isso gera algumas consequências como terremotos. Porem,
como acontece a formação das placas tectônicas e porque esses movimentos dessas placas gera grande consequências continentais ?
As placas tectônicas quando se movimentam gera alguns choques e esses podem ocasionar alguns acontecimentos para isso depende muito
do tipo de classificação dos movimentos das placas tectônicas entre essas a epirogênese e orogêneses desta forma, o que diferencia essas duas
formas de movimentos tectônicos?
- Qual a relação do Big Bang com a evolução das espécies?
 Qual a contribuição da geologia e paleontologia para a biologia, enquanto ciência que estuda a vida?
Analisando a indagação de Paula quanto a não compreensão acerca da importância de cursar geologia e paleontologia para sua área de
formação, mas, que ela possui grande importância. Por qual razão graduandos como Paula apresentam dificuldades em associar esses
conhecimentos como importante para sua formação profissional?
Mediante o contexto apresentado no caso sobre a evolução da vida na terra, como a Teoria do Big Bang tornou possível nos dias atuais
compreender a importância de aprofundar os estudos a partir da fossilização de espécies?
Sabemos que ao longo dos anos, a terra passou por inúmeras transformações ate chegar na formação e composição atual. Essas
transformações ocasionaram a extinção de varias espécies, outras conseguiram adquirir adaptações fundamentais que permitiram a existência
da espécie. Por que nem todas as espécies conseguiram mecanismos evolutivos adaptativos para a subsistência da espécie?
Como as placas tectônicas puderam contribuir para dialogar um pouco sobre os processos evolutivos na terra durante milhares de anos ? E as
placas tectônicas podem ter alguma relação com os processos erosivos perante a evolução geológica a bilhões de anos atrás?
Objeto de Estudo
•??????????????????
?????????
Paleontologia?

BIOLOGIA GEOLOGIA
ARQUEÓLOGO PALEONTÓLOGO

Fonte: SOUZA, 2008. Fonte: SOUZA, 2008.


Questões!!!!
•Qualquer osso pode ser considerado
um fóssil??????
•Qualquer tipo de rocha pode
armazenar um fóssil?????
Geologia e Paleontologia
Geo (terra) + logos (estudo) = Geologia

Segundo a CPRM (2016, p.22), “a Geologia é a ciência que estuda a Terra, sua composição,
estrutura, propriedades físicas, história e os processos que lhe dão formação.”

Devido os avanços dos estudos geológicos ela se subdividiu em vários ramos, dentre eles
destacam-se a Geologia: estrutural, ambiental, costeira, médica, aplicada a engenharia civil...

Palaios (antigo) + ontos (coisas existentes) + logos (estudo) = Paleontologia

Conforme Pereira (2000) “[...] é uma ciência que estuda o passado de nosso planeta e a sua
evolução através do tempo geológico, tendo como uma de suas principais fontes de dados os
registros fósseis.”
A Paleontologia ocupa-se da descrição e da classificação dos fósseis, da evolução e da
interação dos seres pré-históricos com seus antigos ambientes, da distribuição e da datação
das rochas portadoras de fósseis, etc. (SIMÕES; RODRIGUES; SOARES, 2018).
Criacionismo X Evolucionismo

Fonte: SOUZA, 2008.


Big bang

Fonte: SOUZA, 2008.


Big Bang
HOMO
TERRA SAPIENS

4,6
200 mil
bilhões de
anos
anos
CRONOLOGIA
Áreas do conhecimento paleontológico

►Mesmas subdivisões da biologia atual.


Ma
crop
Zoologia ................... Paleozoologia aleo
nto
logi
Botânica ................. Paleobotânica Mic a (>
rop 2mm
aleo )
(<2m ntolo
Icnologia ................ Paleoicnologia m) gi a

Parasitologia .... Paleoparasitologia


Palinologia .......... Paleopalinologia

Ciência de interface com a geologia:

Bioestratigrafia
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO RACIOCÍNIO GEOLÓGICO
Catatrofismo- as grandes alterações da Terra foram originadas por
catástrofes.

Uniformitarismo- as alterações da Terra são um somatório de


pequenas alterações originadas por processos lentos naturais. As
catástrofes naturais são vistas como fenômenos pontuais sendo
incapazes de provocar as alterações na Terra.

Atualismo- "O presente é a chave do passado" . Os processos


modeladores da Terra no presente terão sido os mesmo do passado.

Neocatatrofismo...
História Natural da Terra
Deve-se salientar que não exista na
literatura um consenso entre a subdivisão
cronológica e de nomenclaturas no que
concerne a história natural da Terra.
Desta forma o pesquisador deve
compreender o contexto geral dos processos
naturais e antropogênicos (homem), e ciente
dessas informações escolher a corrente
teórica e metodológica que lhe é mais
condizente com suas concepções.
Qual o conceito de fósseis?

Fósseis são restos ou vestígios preservados de


animais, plantas ou outros seres vivos em rochas,
como moldes do corpo ou partes deste, rastros e
pegadas (SANTOS, 1999).
Como conhecer a idade dos fósseis?

Datação Absoluta X Datação relativa


2. PERÍODO DO NASCIMENTO DA PALEONTOLOGIA

 Pai da Geologia Inglesa;

 Estratigrafia;

 Correlação Estratigráfica.

William Smith
(Inglês)
(1768-1832)
Dinâmica da Terra

Endógenos Exógenos
Camadas Internas da Terra
Camadas Internas da Terra
Camadas Internas da Terra

• A dinâmica interna da Terra interfere


diretamente na formas do modelado;
• As pressões exercidas pelo interior do
planeta podem resultar desde pequenos
tremores ao surgimento de vulcões;

• Os vulcões tem um papel primordial para


a existência do planeta;

• Terremotos;

• Maremotos;

• Falha e fratura de placas tectônicas.

Recomendação: assistir o filme O Núcleo.


CAMADAS DA TERRA
CASCA = CROSTA
Espessura que varia de 12 a 60 km
(áreas montanhosas) e dividida em
continental e oceânica.

CLARA = MANTO
Formada por 70% do volume da Terra,
com uma espessura de 2.900 km e
temperatura de 1.000 a 2.200 °C.

GEMA = NÚCLEO
Constituído de ferro e níquel, com uma
espessura de 1.700 km e uma
temperatura de 2.200 a 5.000 °C.
CAMADAS DA TERRA
CROSTA
Espessura que varia de 12 a 60 km
(áreas montanhosas) e dividida em
continental e oceânica.

MANTO
Formada por 80% do volume da Terra,
com uma espessura de 2.900 km e
temperatura de 1.000 a 2.200 °C.

NÚCLEO
Constituído de ferro e níquel, com uma
espessura de 1.700 km e uma
temperatura de 2.200 a 5.000 °C.
CAMADAS DA TERRA
PRINCIPAIS COMPONENTES DO SISTEMA TERRA
TEORIA DA DERIVA CONTINENTAL
ALFRED WENEGER (1912)

• Os continentes estão se
movimentando;

• Como foi que Weneger


chegou a formulação da
Deriva Continental?

Fonte: SANTOS, 2010.


Pangeia, formada há, aproximadamente, 230 milhões de anos
Gondwana
POSIÇÃO DOS CONTINENTES AO LONGO DO TEMPO
NOVAS DESCOBERTAS LEVAM A UMA NOVA TEORIA DURANTE O
SÉCULO XX
• Descobertas geológicas indicaram que Weneger não estava
errado;
• A bordo de navios oceanográficos, equipes de cientistas,
coletando informações sobre o leito dos oceanos, se
depararam, no Atlântico, com a presença de uma
cordilheira submersa, se estendendo por entre 78.000 km;
• Ao lado da cordilheira, descobriu-se uma enorme fenda, de
onde emergiam lavas incandescentes, rapidamente
resfriadas e solidificadas, dando origem a novas rochas
basálticas.
ISLÂNDIA: PORÇÃO EMERSA DA DORSAL MESO ATLÂNTICA
• Até aquela época acreditava-se que o leito dos oceanos deveria conter
sedimentos antigos das áreas continentais.
• Sedimentos retirados do assoalho oceânico revelaram que eles tinham
apenas 200 milhões de anos.
Como era possível não encontrar no assoalho oceânico
os sedimentos dos primórdios da Terra? Onde estavam
as rochas mais antigas?
Rochas de origem marinha foram encontrados no topo de altas cadeias
montanhosas
Inconsistências da Teoria da
Deriva Continental?
TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS

• Diante dessas descobertas, os cientistas formularam, na


década de 1960, a Teoria da Tectônica de Placas.

• Não são apenas os continentes que se movimentam, mas


toda a litosfera, seccionada em placas tectônicas que
flutuam e deslizam sobre o magma, carregando massas
continentais e oceânicas.
Quais mecanismos movem as Placas Tectônicas?
Placas Tectônicas
Quais seriam as forças que movem as
placas tectônicas?
Correntes de Convecção
Correntes de Convecção
Os MOVIMENTOS TECTÔNICOS são
responsáveis por:
Muitas dessas ocorrências BORDAS CONSERVATIVAS
geológicas acontecem nas bordas Uma placa desliza ao longo da outra
das placas. Essas bordas são Ex.: Falha de San Andreas
(Califórnia/USA)
classificadas em três:

BORDAS CONSTRUTIVAS
Uma placa se afasta da outra e o material BORDAS DESTRUTIVAS
magmático extravasa Uma placa mergulha debaixo da outra
(subducção)
Fenômenos Tectônicos

Vulcanismo, Sismos e Tsunamis


Vulcanismo
Sismos/Terremotos
Sismos
ROCHAS E MINERAIS
MINERAIS: são substâncias sólidas inorgânicas (o que exclui os
materiais biogênicos), formadas por processos naturais (o que
exclui as substâncias sintéticas) a partir de uma combinação de
diferentes elementos químicos, em proporções fixas ou
variáveis.
Ex.: o gelo das geleiras (mineral) e o gelo das geladeiras
(equivalente sintético).
Micas

Quartzo rosa Feldspato


MINERAL OU MINÉRIO?
Minério é um conceito econômico e se refere a minerais ou
rochas que possam ser extraídos da natureza com lucro.
ROCHAS: são agregados naturais de incontáveis grãos de minerais ou de
mineralóides (materiais naturais biogênicos ou de origem orgânica, como os
recifes de coral).

Serra da Rajada

Quartzo

Granito Feldspato

Micas
Como foi que as rochas
surgiram?
As rochas surgiram logo após a
formação da Terra, mais
precisamente concomitante ao seu
resfriamento.
Conforme o processo responsável pela sua origem, as rochas
podem ser divididas em três tipos:

• Ígneas ou magmáticas;

• Metamórficas;

• Sedimentares.
Ígneas ou magmáticas
• Formadas pelo resfriamento e consolidação do
material proveniente do magma terrestre.

• Uma grande parte dessas rochas é bastante antiga e


resistente.

• Elas podem ser divididas em:


Serra de Patu/RN

Rochas intrusivas ou plutônicas: quando


o material pastoso se resfria no interior
da crosta, como o granito.

Pico do Cabugi

Rochas extrusivas ou vulcânicas: quando


o material pastoso chega até a superfície,
resfriando rapidamente, como o basalto.
Diques de Diabásio no Costão da Praia Brava –
Cabo Frio/RJ Rochas hipoabissais: quando o material
magmático não chega até a superfície, mas
se espalha e se consolida a pequena
profundidade, como por exemplo o
diabásio.
Metamórficas
Pão de Açúcar/RJ: formado por um bloco de rocha
gnaisses
São aquelas que sofreram metamorfismo
na composição mineral das rochas,
causado pela elevação da temperatura e
pelo aumento da pressão.

Exemplo de metamorfismo:
Granito Gnaisses
Calcário Mármore
Arenito Quartzito
Sedimentares

Formadas pelo intemperismo de rochas


pré-existentes e através de ações
erosivas fluviais, marinhas, glaciais,
eólicas e antrópicas.

Elas fornecem informações sobre a compreensão da origem e da evolução da vida.


A importância econômica das rochas sedimentares está principalmente em suas reservas
de petróleo, gás natural e carvão mineral.
Cimentação (agregação de partículas) e
compactação das rochas Rochas
Sedimentos Sedimentares
Intemperismo (transporte e sedimentação)

Me
teo

Temperatura;
r
Erosão; Ero izaçã

Pressão.
Transporte; Tra são; o;
Se d n s p o
Sedimentação. ime rte
nta ;
ção
.

Rochas Rochas
Temperatura e pressão
Magmáticas Metamórficas

Ar
ref
S o e c im ão
Cr lidifi ent u s
ist ca o;
ali çã
za o;
Magma F
CICLO DAS
çã ROCHAS
o.
Agentes externos (exógenos)
• Os Agentes externos ou exógenos, também chamados
de esculpidores, são responsáveis pela erosão (desgaste) e
sedimentação (deposição) do solo. Eles são ocasionados pela ação de
elementos que se encontram sobre a superfície, como os ventos, as
águas e os seres vivos.
Agentes externos (exógenos): Intemperismo
• Intemperismo: O intemperismo é o processo de transformação e
desgaste das rochas e dos solos, através de processos químicos,
físicos e biológicos.
Intemperismo Físico
• Ocorre por meio de processos físicos, com a fragmentação das rochas
formando assim diversos tipos de sedimentos (por exemplo, a areia).
É influenciado sobretudo, pela variação de temperatura( dilatação e
congelamento) e de pressão. Com isso, o processo de dilatação das
rochas, favorece sua fragmentação.
Intemperismo Químico
• Acontece por meio de reações químicas que ocorrem principalmente
através da ação da água e da temperatura, o intemperismo químico
resulta nas alterações e transformação dos minerais, alterando assim,
a composição química das rochas.
Intemperismo Biológico
• Consiste na desagregação física e na decomposição química das
rochas causadas pelos organismos vivos
Agentes externos (exógenos): Erosão
• Erosão pluvial: é a ação da água da chuva sobre o solo, que “varre” a sua superfície,
provocando um processo de erosão. Quando ocorrem enxurradas, a força delas acaba
abrindo caminhos em meio ao relevo, provocando erosões ainda mais profundas.

• Erosão fluvial: é causada pela ação dos rios que têm seu curso sobre a superfície e,
além de transformar a paisagem, transportam sedimentos de um ponto a outro. Ao
longo de milhares de anos, isso vai modificando totalmente a estrutura do relevo.

• Erosão marinha: realizada pelo mar, atinge principalmente as costas rochosas dos
litorais. De uma forma lenta, a erosão marinha desgasta as costas altas e deposita
sedimentos sobre as baixas. Formas de relevo tipicamente litorâneas, como as
falésias, são, em grande parte, formadas por essa erosão.
Agentes externos (exógenos):Erosão
• Erosão glacial: consiste no derretimento das geleiras e acontece apenas em
grandes altitudes e regiões montanhosas no geral. A partir do momento em
que o gelo derrete, ele acaba se transformando em um curso d’água, que
modifica o relevo por onde passa.

• Erosão eólica: é a ação do vento sobre o relevo, que também arrasta


materiais de um local e leva para outro. Ao longo de milhões de anos,
muitas formações rochosas são esculpidas assim, a partir da poeira que o
vento carrega. As dunas são formadas justamente assim.

• Ação antrópica (ser humano).


Quaternário e Mudanças
Ambientais
Noções Gerais

A Era Cenozóica corresponde à grande divisão do tempo geológico mais


recente e como animais representativos tem-se os mamíferos.

Fig. 01. Elephas meridionalis. Fonte: Fig. 02. Rhinoceros tichorhinus. Fonte:
www.50birds.com www.50birds.com
Até hoje a Era Cenozóica tem sido subdividida em períodos Terciário e
Quaternário e abrange desde 65 (M. a.), quando houve a extinção dos
dinossauros, até hoje.

Glaciações do Pleistoceno

Quaternário

E o provável surgimento do
homem
O Período
Quaternário
 Denomina-se Quaternário o segundo período da era Cenozóica que
abrange duas épocas com dinâmicas ambientais distintas;

 O termo foi inicialmente proposto por Jules


Quaternário Desnoyers,

Fonte
:
em 1839;

Fig 03 Jule Desnoyers


.annoyzview.wordpress.co
 “Antropozóico”.

.
Pleistoceno Holoceno

. s
Figura 01 – Escala Geológica do Tempo.
Fonte: GOIS, 2017.
QUATERNÁRIO - ORIGEM DA TERMINOLOGIA

Sua origem remonta o século XVII


quando o pesquisador N. Steno estabeleceu
a lei da sobreposição de camadas.
Teorizando que as camadas de sedimentos
eram depositadas horizontalmente e por
Figura 01 - Esquema de sobreposição de camadas.
conseguinte possuem significado Fonte: LaPA, 2018 (adaptado).

cronológico. O que possibilitou a o


estabelecimento preciso da sucessão de
camadas em qualquer ponto da Terra.
Trilhando o caminho para que em 1829 J.
Desnoyers introduzisse o termo Quaternário
a depósitos marinhos superpostos de
sedimentos (SUGUIO, 2010). Figura 02 - Sobreposição de camadas de sedimentos na APA do Morro do Urubu em
Aracaju- SE.
Fonte: MELO, 2017.
Cli
ma
 Durante o Quaternário a Terra experimentou mudanças
climáticas naturais, que foram denominadas de estádios glaciais e
interglaciais.

 Durante as glaciações do Quaternário, quantidade considerável de


água foi retida, em áreas litorâneas, sob a forma de gelo, na
Europa e na América do Norte, resultando, daí, no abaixamento
do nível do mar.
 No decorrer do ocorreram grandes pulsações
Pleistoceno climáticas com temperaturas muito baixas,
períodos e períodos
glaciações, de mais quentes (interglaciações). as

Fig. 04. Representação climática da Terra durante as glaciações ocorridas durante o


Pleistoceno. Fonte: www.avph.com.br
As glaciações do
Quaternário
 Esfriamento é uma
característica intrínseca do
Quaternário?

 O que fez a Terra esfriar os


últimos milhões de anos?
Os mecanismos que causaram as grandes mudanças climáticas do
Quaternário não são totalmente conhecidos.

Levantamento de grandes cadeias de montanhas do final do Terciário

Mudança de radiação por efeito de meteoros

Radiação pelo efeito do vulcanismo

Mudança de inclinação do eixo de rotação


O final do Pleistoceno, em regiões tropicais, estaria associado ao clima
seco acentuado, enquanto o Holoceno estaria associado ao semiárido
relacionado com o calor atenuado.

Fig. 05. Representação climática da Terra durante clima seco


acentuado associado ao semiárido do Holoceno. Fonte: www.avph.com.br
As análises palinológicas do Período Quaternário, principalmente
nos estudos de mudanças ambientais (essencialmente
paleoclimáticas) da Terra, nas últimas dezenas de milhares de
anos, começaram no Brasil em meados da década de 1970.
 Amostras de testemunhos de sedimentos argilosos depositados
sob condições redutoras (SUGUIO, 2008).

 Depósitos lacustres e paludiais

Fig. 06. Depósitos sob redutoras. Fonte: Fig. 07. Depósitos de lacustres. Fonte:
condições
www.sociedadgeologica.org.gt
professormarciosantos5.blogspot.com
Fauna

Fig. 10: Representação da possível fauna do


quaternário
Fig. 11. Elephas meridionalis. Fonte:
www.50birds.com Fig. 12. Mammut americanum
Fonte: http://www.avph.com.br

Fig. 13. Tigre dente-de –sabre Smilodon


Flora
Quando os mares baixaram, a superfície dos continentes aumentou
pela incorporação da maior parte da plataforma continental e um
território novo se abriu para expansão da fauna e flora continental
Teorias de Refúgio
Ideia que começou na Europa quando ficou bem claro uma grande
extensão territorial foi coberto por gelo glacial no Quaternário.

Refúgio

Isolamento Reprodutivo

Deglaciação
Diferenciação da população
MUDANÇAS PALEOCLIMÁTICAS

Figura 03 - Condições climáticas atuais e paleoclimáticas.


Fonte: VIADANA, 2002 (adaptado).
PALEOCLIMAS NO BRASIL

De acordo com Suguio (2010), os


interesses pelos estudos paleoclimáticos no
Brasil surgiram pelas seguintes razões:
1ª - os critérios geomorfológicos que foram os
pioneiros no reconhecimento de feições
características de clima seco, no mínimo
semiáridos desenvolvidos provavelmente
durante o Pleistoceno, em áreas atualmente
ocupadas por florestas pluviais;
2ª - advento da Teoria dos Refúgios proposta Figura 03 - Geoindicador de paleoclima.
Fonte: MELO, 2018.
por Haffer (1969) para explicar as
diversidades faunística e florística das
florestas pluviais, em função da fragmentação
florestal durante o Pleistoceno.
PALEOCLIMAS NO BRASIL

Figura 04 - Estudos paleoclimáticos nacionais que alcançaram o Figura 05 - Estudo paleoclimáticos no Município de Barra-BA.
Pleistoceno superior. Fonte: SUGUIO, 2010 (adaptado).
Fonte: SUGUIO, 2010 (adaptado).
GEOMORFOLOGIA DO QUATERNÁRIO - RECORTES ESPACIAIS - BA, SE e AL

DEPÓSITOS FLUVIO-MARAINHOS E EÓLICOS

Figura 07 - APA do Morro do Urubu em Aracaju-SE.


Fonte: MELO, 2018 (adaptado).
Figura 06 - Unidade geológica Barreiras, segmento BA, SE e AL.
Fonte: MELO, 2018 (adaptado).
GEOMORFOLOGIA DO QUATERNÁRIO - TRANSGRESSÕES MARINHAS

Segundo Ferreira et al. (1983), a evolução Evento II - Com a regressão subsequente a


paleogeográfica do Quaternário (SE/AL) é marcada por Transgressão Mais Antiga, o clima tornou-se semiárido,
três eventos significativos. Sendo eles: com chuvas espessas e violentas, propiciando a
formação de depósitos arenosos do tipo leque aluviais
• Evento I - Durante a Transgressão Mais Antiga, o mar
coalescentes no sopé das falésias esculpidas durante o
erodiu a formação Barreiras esculpindo falésias que
evento anterior na Formação Barreiras.
foram recuando em consequência deste evento, até
quando o mesmo atingiu o seu máximo. Ao mesmo
tempo, os baixos cursos dos rios da região foram
afogados constituindo estuários.

Figura 09 - Leques aluviais pleistocênicos.


Fonte: FERREIRA et al. (1983) (adaptado).

Figura 08 - Transgressão Marinha mais antiga na Unidade Barreiras.


Fonte: FERREIRA et al. (1983) (adaptado).
GEOMORFOLOGIA DO QUATERNÁRIO - TRANSGRESSÕES MARINHAS

Segundo Ferreira et al. (1983), a evolução


paleogeográfica do Quaternário (SE/AL) é marcada por três
eventos significativos. Sendo eles:

• Evento III – Corresponde ao máximo da Penúltima Figura 10 - Máximo da Penúltima Transgressão.


Fonte: FERREIRA et al. (1983) (adaptado).
Transgressão (120.000 anos), durante o curso da qual o
mar erodiu os depósitos de leques aluviais coalescestes Evento IV - No decorrer da regressão subsequente à
formados pelo evento anterior, tendo permanecido só Penúltima Transgressão, foram constituídos terraços
alguns testemunhos isolados dos mesmo encontrados no marinhos pleistocênicos a partir das falésias da
sopé da Formação Barreiras. Nessa época, à exceção Formação Barreiras e dos remanescentes depósitos de
dos locais onde restaram testemunhos dos depósitos de
leque aluviais coalescentes ao tempo que foi se
leques aluviais coalescentes, o mar retrabalhou a linha
instalando uma rede de drenagem ana superfície
de leques esculpida pela Transgressão Mais Antiga. Por
desses terraços.
fim, mais uma vez, os baixos cursos dos rios da região
foram afogados, transformando-se em estuários.
GEOMORFOLOGIA DO QUATERNÁRIO - TRANSGRESSÕES MARINHAS

Figura 11 - Planície Costeira Pleistocênica. Figura 12 - Máximo da Última Transgressão.


Fonte: FERREIRA et al. (1983) (adaptado). Fonte: FERREIRA et al. (1983) (adaptado).

Evento V - Com a subida do nível do mar durante a Evento VI – O último evento regressivo deu formas finais
Última Transgressão, com máximo atingido em torno de ao modelado da costa. Assim, durante essa fase, foram
5.100 anos, os terraços marinhos pleistocênicos foram construídos os terrações marinhos holocênicos, dispostos
parcialmente erodidos, tendo o mar em alguns locais extremamente aos terrações pleistocênicos. As lagunas

chegando a retrabalhar, mais uma vez, as falésias da Perderam sua comunicação com o mar [...] evoluindo para

Formação Barreias. Esse evento corresponde ao máximo pântanos onde ser forma depósitos de turfa. Sedimentos

da última Transgressão, quando os rios da região foram fluviais desenvolveram-se nas partes superiores dos vales

afogados pela penúltima vez e foi formado uma série de entalhados na Formação Barreiras e na zona de

corpos lagunares na região. propagação associada à foz do São Francisco.


GEOMORFOLOGIA DO QUATERNÁRIO - TRANSGRESSÕES MARINHAS

Figura 13 - Planície Costeira Holocênica.


Fonte: FERREIRA et al. (1983) (adaptado).

MODELAGEM GEOMORFOLÓGICA B

C
A Figura 13 - Feições Holocênicas da APA do Morro do Urubu
em Aracaju-SE.
Fonte: FERREIRA et al. (1983) (adaptado).
FEIÇÕES GEOMOFOLÓGICAS - QUATERNÁRIO

Figura 14- Feições Holocênicas (Duna e Lagoa) em Pacatuba-SE . Figura 15- Feições Holocênicas (Cordão de Dunas) em Pacatuba-SE.
Fonte: MELO, 2017. Fonte: MELO, 2017.
FEIÇÕES GEOMOFOLÓGICAS - QUATERNÁRIO

Figura 16- Feições Holocênicas (Foz do Rio Japaratuba-SE).


Fonte: MELO, 2017.
FEIÇÕES GEOMOFOLÓGICAS - QUATERNÁRIO

Figura 16- Feições Holocênicas (Foz do Rio Japaratuba-SE).


Fonte: MELO, 2017.
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OBRIGADO!!!
REFERÊNCIA

PRESS, F.; SIEVER, R.; GROTZINGER, J.; JORDAN, T. H. Para


entender a Terra. 4. ed. Bookman. Porto Alegre: , 2006.
Síntese - Geológica

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