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Perdão: Uma fórmula


para novos começos
Acaso ou desígnio?
A longa procura por um
mecanismo evolutivo
Escolhas saudáveis
e opções vitais
Nem tudo está à venda:
Volume 12
Número
Uma perspectiva bíblica
sobre economia

1 Televisão e violência
Conteúdo Diálogo Universitário, um
periódico internacional de fé,
pensamento e ação, é publicado
Editorial Artigos três vezes por ano em quatro
3 Seu kit de sobrevivência para edições paralelas (espanhol,
o novo século francês, inglês e português) sob o
— Humberto M. Rasi patrocínio da Comissão de Apoio a
5 Perdão: Uma fórmula Universitários e Profissionais
3 Cartas Adventistas (CAUPA), organismo da
para novos começos Associação Geral dos Adventistas
Perfis O perdão promove novos começos, tanto para quem do Sétimo Dia: 12501 Old
Columbia Pike, Silver Spring, MD
20 Eardell Jenner Rashford 20904-6600, E.U.A.
— Betty Cooney perdoa como para quem é perdoado.
22 Alois Kinder — John M. Berecz VOLUME 12, NÚMERO 1.
— Hans Matschek Copyright © 2000 pela CAUPA.
Todos os direitos reservados.
Logos
DIÁLOGO afirma as crenças
24 Enfrentando o pecado 9 Acaso ou desígnio? fundamentais da Igreja Adventista
— David A. Pendleton
A longa procura por um do Sétimo Dia e apóia sua missão.
Os pontos de vista publicados na
Ponto de Vista mecanismo evolutivo revista, entretanto, representam o
26 Televisão e violência: Uma resposta Em face de uma procura fútil, não deveríamos pensamento independente dos
cristã ao debate sobre seus efeitos autores.
— Daniel Reynaud voltar ao modelo bíblico?
CORRESPONDÊNCIA SOBRE
— Ariel A. Roth CIRCULAÇÃO deve ser dirigida ao
Livros Representante Regional da CAUPA
30 Adventist Mission in the 21st Century na região em que o leitor reside.
(Dybdahl) Os nomes e endereços destes
— Nkosiyabo Zvandasara representantes encontram-se
13 Escolhas saudáveis e opções vitais abaixo.
30 Beyond Same and Pain (Berecz)
— Carlos Fayard Escolhas corretas levam ASSINATURAS: US$12,00 por ano
31 Comentario del Evangelio de Juan a uma qualidade de vida melhor.
(três números). Ver cupom na
(Veloso) pág. 25.
— Eloy Wade — Kathleen H. Liwidjaja-Kuntaraf Comissão (CAUPA)
31 The Mainstreaming of New Age Presidente: Matthew Bediako
(Vasquez) Vice-Presidentes: Baraka G.
— Merling Alomía Muganda, Humberto M. Rasi,
16 Nem tudo está à venda: Richard Stenbakken
Vida Universitária Secretária: Julieta Rasi
Uma perspectiva bíblica sobre economia Membros: John M. Fowler, Alfredo
32 Ministério na universidade: García-Marenko, John Graz, Allan
O equilíbrio econômico não precisa permanecer
Como sua igreja pode envolver-se R. Handysides, Jonathan
— Daniel M. Forbes um sonho. Kuntaraf, George Reid, Virginia L.
Smith, Mario Veloso
Primeira Pessoa — Leonard K. Gashugi
34 Do convento para Equipe Editorial
Editor-chefe: Humberto M. Rasi
a universidade adventista Editor: John M. Fowler
— Claudia Camasca Editor Associado: Richard
Stenbakken
Inserção Intercâmbio Gerente editorial: Julieta Rasi
Consultores: James Cress, George
Representantes Regionais Reid
Divisão África-Oceano Índico: Japheth L. Agboka. Endereço: 22 Boite Postal 1764, Abidjan 22, Costa do Marfim. Secretária editorial: Silvia Sicalo
Divisão da África Oriental: Hudson I. Kibuuka. Endereço: H. G. 100, Highlands, Harare, Zimbábue. E-mail: Secretárias editoriais internacionais:
100076.3560@compuserve.com Julieta Rasi (Espanhol)
Divisão Euro-Africana: Roberto Badenas. Endereço: P.O. Box 219, 3000 Berna, 32 Suíça. Muriel Menanteau (Francês)
Divisão Euro-Asiática: Harry Mayden. Endereço: Krasnoyarskaya Street, 3, Golianovo, 107589 Moscou, Federação da Eunice Scheffel do Prado
Rússia. E-mail: esdedu@glasnet.ru (Português)
Divisão Interamericana: Eliezer Meléndez e Carlos Archbold. Endereço: P.O. Box 140760, Miami, FL 33114-0706, Correspondência editorial:
E.U.A. E-mail: 74617.3457@compuserve.com e jovenes@interamerica.org 12501 Old Columbia Pike
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Silver Spring, MD 20904-6600, E.U.A. E-mail: 74617.545@compuserve.com e 74617.760@compuserve.com e E.U.A.
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Divisão Norte-Asiática do Pacífico: David Wong. Endereço: Koyang Ilsan, P.O. Box 43, 783 Janghang-dong, Ilsan-Gu, Fax: (301) 622-9627
Koyang City, Kyonggi-Do 411-600, República da Coréia. E-mail: dsfwong@ppp.kornet21.net E-mail:
Divisão Sul-Americana: Roberto de Azevedo e José M. B. Silva. Endereço: Caixa Postal 02-2600, 70279-970 Brasília, DF, 74617.464@compuserve.com e
Brasil. 104472.1154@compuserve.com
Divisão do Sul do Pacífico: Lester Devine e Gilbert Cangy. Endereço: 148 Fox Valley Road, Wahroonga, N.S.W. 2076,
Austrália. E-mail: 74532.3217@compuserve.com e Gilbert_Cangy@SDASPD.adventist.org.au
União Sul-Africana: Jonathan Julies. Endereço: P.O. Box 468, Bloemfontein 9300, Free State, África do Sul.
Divisão Sul-Asiática: Edwin Charles. Endereço: P.O. Box 2, HCF Hosur, Tamil Nadu, 635110 Índia. Diálogo tem leitores em
Divisão Sul-Asiática do Pacífico: Oliver Koh. Endereço: P.O. Box 040, Silang, Cavite 4118, Filipinas. 109 países ao redor do
Divisão Trans-Européia: Ole Kendel e Orville Woolford. Endereço: 110 St. Peter’s Street, St. Albans, Herts., AL1 3EY
Inglaterra. E-mail: 74617.1257@compuserve.com e 71307.1432@compuserve.com
mundo.
2 Diálogo 12:1 2000
Cartas
Seu kit de sobrevivência Ajuda oportuna
Foi ótimo receber um exemplar de
Diálogo no momento certo! Terminei

para o novo século o ensino médio e estou planejando es-


tudar Medicina. Mas meu pai, que não
é crente, pensa que todos os adventis-
tas são sonhadores inúteis que aguar-

V ocê se lembra de quando estava na escola primária e sua professora mencio-


nou o ano 2000? Naquela ocasião você provavelmente achava que a profes-
sora (talvez com uns 32 anos) era realmente velha e que o novo século estava
muito longe. Bem, aqui está ele!
Ao fazer suas malas para viajar na Rodovia do Século 21, não deixe de levar
dam ociosos a segunda vinda de Cris-
to, sem fazer qualquer contribuição
valiosa à sociedade. Depois que lhe
mostrei o número 8:3, que incluía ar-
tigos e entrevistas com profissionais
consigo o kit de sobrevivência cristã. Provérbios 23:23 dá uma indicação de seu
adventistas ativos, ele abrandou sua
conteúdo: «Compra a verdade e não a vendas; compra a sabedoria, a instrução e o
atitude crítica. Obrigada por sua ajuda
entendimento».
oportuna!
Conhecimento. Como cristão ponderado, você está profundamente interessa-
Adriana Angulo
do em manter-se a par do conhecimento em sua carreira. Mas conhecimento é
Maracaibo, Zulia
mais do que dados. É informação que você organizou e interpretou de acordo com
VENEZUELA
uma cosmovisão bíblica. O conhecimento verdadeiro inclui discernimento — a
habilidade de analisar e avaliar o dilúvio de informações que ameaça afogar-nos. O
Muito apreciado
discernimento é ancorado nos valores cristãos que temos abraçado. Permite-nos
Diálogo é grandemente apreciado
fazer escolhas inteligentes, estabelecer prioridades e compreender as conseqüênci-
na Divisão do Sul do Pacífico, onde
as de uma decisão. Em outras palavras, discernimento leva a assumir responsabili-
circula em suas edições inglesa e fran-
dade por nossas ações.
cesa. A revista tem algo muito impor-
Sabedoria. O segundo componente do kit de sobrevivência é essencial para
tante a dizer aos melhores e mais bri-
todo cristão. Sabedoria é a habilidade de aplicar seu conhecimento e discernimen-
lhantes jovens de nossa igreja, muitos
to à sua vida toda, a fim de obter os resultados desejados. Sabedoria inclui clareza
dos quais estão lutando para firmar
de pensamento e compromisso com convicções firmes. A sabedoria nos ajuda a
sua fé num tempo crítico de sua vida.
integrar nossa vida devocional com nosso serviço ativo em favor dos outros.
Confiamos em que Diálogo continuará
O mundo em que vivemos é fascinado pela tecnologia e informação. Está tam-
seu valioso ministério por muitos
bém cheio de confusão moral e indiferença espiritual. Como resultado, a honra é
anos.
confundida com fama, heroísmo com celebridade e sucesso com popularidade.
Lester D. Devine
Nós todos precisamos crescer em sabedoria, que em última análise é um dom de
Wahroonga, New South
Deus (Tiago 1:5).
Wales
Coragem. Conhecimento e sabedoria são componentes essenciais de seu kit de
AUSTRÁLIA
sobrevivência, mas podem ser qualidades um tanto passivas. A coragem as tornará
uma força positiva e dinâmica em sua vida. Coragem é a habilidade de fazer esco-
Convidando mais poetas
lhas difíceis com confiança. Ajuda-nos a nadar contra a correnteza, a resistir às
Desejo agradecer aos escritores ad-
pressões para conformar-nos com falsos modelos de pensamento e vida e a perma-
ventistas da Finlândia, Cingapura e
necer em pé mesmo que todos ao nosso redor pareçam prontos a curvar-se diante
das Filipinas que respoderam a um
do altar da condescendência.
anúncio anterior e cujos poemas so-
A coragem leva-nos a nos apaixonar por nossas convicções cristãs, a pôr pessoas
bre o Sábado foram publicados no El-
acima do dinheiro e a abraçar toda a família humana com compaixão. Permite-nos
Shaddai, um jornal protestante. A
navegar no turbulento mar da vida, guiados por estrelas morais fixas. Coragem nos
oportunidade se oferece a outros es-
ajuda a manter viva a esperança, a despeito da dor e tristeza que todos experimen-
critores adventistas para enviarem
tamos. Dá-nos forças para nos apegarmos a nossos compromissos de fé a qualquer
seus melhores poemas ou artigos em
custo.
prosa em inglês, a fim de serem exa-
Quando você combina conhecimento, sabedoria e coragem e os aplica à sua
minados e escolhidos para publicação
vida, tornar-se-á uma influência poderosa para o bem em suas relações pessoais e
no próximo número. O prazo final de
profissionais. Ao ouvirmos o tique-taque do relógio do novo século, oremos: Se-
entrega para este número é 1º de Abril
nhor, «Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio»
(Salmo 90:12).

Humberto M. Rasi, Editor-chefe

Diálogo 12:1 2000 3


Cartas
de 2000. Envie contribuições a Kucin- aqui. Se ainda estão publicando Diálo- interesse em saber o que aconteceu
ta Setia, editora: 205 Ang Mo Kio Ave. go, digam-me como posso obter de com o último exemplar. Passei os
1; Floor 11, Room 1987; Cingapura novo esta valiosa fonte de informação olhos sobre os títulos na capa e levei
560205. E-mail: gychyan@yahoo.com e inspiração que todo estudante cris- aquele número com a intenção de ler
Gan Yung Chyan tão deveria ler. alguns artigos num intervalo. Bem, al-
CINGAPURA Samuel Muchira Njogu guém o tomou de mim, sem meu con-
Pune, ÍNDIA sentimento. Digo isso para incentivar
Incluir mais poesia a todos os que estão envolvidos em
Acabei de ler três números anterio- Os editores respondem: produzir Diálogo. Fiquem sabendo que
res de Diálogo, que um bom amigo me Obrigado, Samuel, por sua elogiosa a revista trata de questões que se reve-
enviou. Congratulações! A revista é carta. Como você pode ver pela cópia lam irresistíveis mesmo para não-cris-
maravilhosa e, como professor secun- anexa de um número recente de nossa re- tãos! Queira Deus continuar abenço-
dário, estou usando diversos artigos vista, Diálogo continua sendo publicado, ando seu bom trabalho.
para enriquecer minhas aulas. Sugiro com leitores em mais de 100 países. A fim Seth Pascal
que incluam mais poesia no futuro. de obter futuros exemplares regularmen- Londres, INGLATERRA
Para resolver a dificuldade de achar te, localize uma associação de estudantes
boas traduções literárias, por que não universitários adventistas na área onde Desafios quanto
publicar os poemas na língua original você estuda ou entre em contato com ao Sábado
junto com uma tradução em prosa? nosso representante regional (alistado à Em nossa congregação há muitos
Uma vez que a maioria dos leitores de página 2), pedindo-lhe que o coloque na estudantes adventistas que freqüen-
Diálogo são pessoas cultas, vão gostar lista de assinantes. Nossos melhores votos tam universidades do governo e eu fui
da experiência. em seus estudos e em sua amizade cres- designado como seu conselheiro. Em-
David Morais cente com Jesus Cristo! bora ainda não se hajam organizado
Dom Pedro, Maranhão como uma associação de estudantes,
BRASIL Começando eles apreciam o conteúdo de Diálogo,
a segunda década particularmente aqueles artigos que
Viciado em Diálogo Diálogo entrou em sua segunda dé- os encorajam a honrar o sábado como
Sou estudante estrangeiro freqüen- cada de publicação, mantendo suas o dia especial de Deus. Estamos procu-
tando uma universidade pública. An- normas editoriais e satisfazendo às ex- rando obter uma resolução oficial do
tes de eu vir à Índia, você poderia di- pectativas mais exigentes. Desde o ex- Ministério da Educação, de modo que
zer que eu era «viciado» na leitura de tremo leste das Américas — Ponta de os universitários adventistas possam
Diálogo em minha terra natal. Seu Seixas, Cabo Branco, Paraíba, Brasil — ser isentados de assistir às aulas ou
conteúdo era relevante e bem apre- uma das fiéis leitoras de nossa revista prestar exames no sábado do sétimo
sentado, propondo idéias que eu po- deseja expressar sua gratidão a todos dia. Apreciamos contato com outros
dia partilhar com meus amigos não- os autores e congratulações aos edito- estudantes que enfrentam desafios se-
adventistas. Gostava tanto da revista, res por esta publicação internacional, melhantes à sua fé e pedimos orações
que trouxe vários números comigo teo-cultural. em favor de seus colegas na Bolívia.
como referência, mas não tenho con- Aurora Oliveira Ruben Uriarte
seguido obter exemplares recentes João Pessoa, Pernambuco La Paz, BOLÍVIA
BRASIL Rubenu@adra.rds.org.bo

Atraente para não-


cristãos Escrevam-nos!
Obrigado por sua resposta rápida Apreciamos seus comentários, rea-
ao meu pedido de números de Diálo- ções e perguntas, mas limitem suas
go, que recebi há poucos dias. Terão cartas a 200 palavras. Escrevam para
Dialogue Letters: 12501 Old Colum-
bia Pike; Silver Spring, MD 20904-
6600; E.U.A. Podem também usar
fax: (301) 622-9627, ou E-mail:
74617.464@compuserve.com Cartas
escolhidas para publicação poderão
ser resumidas por questão de clareza
ou espaço.

4 Diálogo 12:1 2000


Perdão: Uma fórmula
para novos começos
D
John M. Berecz eus vai depositar flores no túmu- abrandamento para um pai, de 37.
lo de Satanás?» «Vou correr para a cidade e com-
A pergunta surgiu do lado do prar algumas rosas, e então a enterra-
passageiro do carro, enquanto eu diri- remos no quintal. Vocês, apanhem al-
gia cuidadosamente através da nevas- gumas flores silvestres.» Falei gentil-
ca de novembro, ao entardecer. “De mente, dando a cada filho um peque-
onde teria aparecido essa idéia?” eu no abraço. Realizamos uma cerimônia
me perguntava. “Como é que uma cri- junto ao túmulo.
ança de nove anos vem com essa per- Não me recordo mais do que foi
gunta?” Então notei que estávamos dito, mas a lembrança de três menino-
O perdão promove novos passando por um cemitério, onde a zinhos aconchegando-se ao redor de
neve que caía tinha transformado cru- uma cruz de madeira, cada um segu-
zes e lápides em delicadas formas de rando flores silvestres numa mão e
arte. Ao apertar o nariz contra a jane- uma rosa de haste comprida na outra,
começos, tanto para quem la, perscrutando a escuridão crescen- ainda me dói 20 anos depois.
te, Michael deve ter pensado na cruz Michael cresceu e agora é aluno do
de madeira que agora se erguia em terceiro ano de Veterinária. Nunca
perdoa como para quem é nosso quintal, sobre um montículo de perdeu o interesse por animais, e nun-
terra recém-cavada. ca perdi o interesse por sua pergunta.
Poucas semanas antes, uma tragé- Ainda me parece relevante, teologica-
perdoado. dia tinha desabado sobre nossa famí- mente. Que espécie de Deus adora-
lia. Nina, a grande cadela dinamar- mos? É perdoador? É bondoso? Depo-
quesa dos meninos, havia morrido. sitará Ele flores no túmulo de Satanás?
Subitamente. Sem aviso. Eu voltava
do trabalho quando ela correu até à Perdão e cura
entrada da garagem, latindo para me As perguntas têm significado psico-
saudar. De repente, no meio do latido, lógico. Em cerca de 30 anos de clínica,
ela caiu. Ao saltar do carro e correr fiquei convencido de que o perdão
para o lado de Nina, vi que meus me- está no centro do processo curativo,
ninos, brincando no quintal, ficaram porque o perdão promove novos co-
horrorizados. Observaram, pálidos e meços — tanto para quem perdoa
silenciosos, enquanto eu procurava si- como para quem é perdoado.
nais de vida. Mas não havia movi- No filme Groundhog Day, Bill Mur-
mento em sua enorme caixa torácica. ray faz o papel de meteorologista de
Em desespero, pus-me a auscultar seu TV, designado para descrever as ceri-
peito. Silêncio. mônias do Dia da Marmota na vila de
«Ela está morta, meninos.» Punxsutawney, na Pensilvânia, onde
Procurei falar normalmente, espe- o pessoal local observa se Phil, a mar-
rando que isto os alarmasse menos. mota, vê sua sombra. Mas algo parece
«Não adianta chamar o veteriná- que se descontrola e Bill Murray con-
rio», eu disse. tinua revivendo o Dia da Marmota,
Mas uma realidade tão cruel exigia descobrindo-se enrascado nas mesmas
algum amortecimento, algo a fim de rotinas, com as mesmas pessoas, de
amaciar o golpe para meninos de cin- novo e de novo. Atrás desse tema cô-
co, sete e nove anos. Exigia algum mico há uma verdade profunda — to-

Diálogo 12:1 2000 5


dos nós precisamos de novos come- fundem perdão com outros conceitos, agressor. Em tais casos, a reconcilia-
ços. E nisto se encontra o poder do e isso às vezes as impede de entender ção não é possível porque o agressor
perdão. Oferece-nos uma saída do que e utilizar o processo genuíno. não admite ter cometido um erro, e
um sociólogo chama «o aperto da irre- Perdoar não é justo. Isso é particular- mesmo que haja confissão, não é
versibilidade»: «Sem ser perdoado e li- mente difícil para algumas pessoas aconselhável permanecer nas proxi-
berado das conseqüências do que fize- aceitarem, especialmente se são um midades. Reconciliação é como o gla-
mos, nossa capacidade de agir seria tanto obsessivas. Essas pessoas alme- cê sobre o bolo do perdão — ótimo se
como que confinada a um só feito do jam viver num mundo ordeiro, pon- podemos tê-lo, mas nem sempre
qual não nos poderíamos jamais recu- tual, limpo, seguro e, acima de tudo, aconselhável ou disponível.
perar. Permaneceríamos como vítimas justo. Mas um mundo assim é ilusão.
de suas conseqüências para sempre, Em parte alguma — nem mesmo nas Perdão como reformulação
como o aprendiz de feiticeiro que não Escrituras — é sugerido que se pode Perdoar significa desligar-se da ver-
tem a fórmula mágica para quebrar o obter justiça neste planeta. Essencial gonha, do embaraço, ridículo e humi-
encanto».1 para a disposição de perdoar é o reco- lhação de seus fracassos passados. Sig-
No esforço da psicoterapia para cu- nhecimento de que a injustiça é parte nifica viver à luz de potencialidades
rar, gasta-se muito tempo ajudando os integral da realidade. presentes em vez de ficar à sombra da
clientes a aprenderem a perdoar — Perdão não é apaziguamento ou sub- dor passada. Também significa desli-
embora não se costume falar nesses missão. Reconhecer isso é especial- gar-se das fantasias de retaliação e vin-
termos. Mas em suma, o perdão en- mente importante para pessoas que gança que você abriga contra aqueles
volve desligar-se de erros passados — perdoam a partir da insegurança, ou que o machucaram, e canalizar a ener-
seus erros, os erros dos outros. Significa por medo de que não possam viver gia daquela ira vencida para novos
jogar fora o excesso de bagagem: sem cônjuges violentos ou patrões al- projetos com pessoas novas.
aquelas malas cheias de culpa e vergo- coólatras. «Tudo muito bonito», você pode
nha de suas próprias deficiências e er- Perdoar não é necessariamente descul- resmungar, «mas como é que se faz
ros, aquelas trouxas de amargura e par. Desculpar significa deixar passar isso?»
ódio contra os outros. Se você puder uma ofensa sem penalidade. A ênfase A resposta é surpreendentemente
desfazer-se de seus erros passados, um é sobre a eliminação do castigo. Certa- simples: reformulando. Reformular sig-
fardo de vergonha e culpa irá por água mente há ocasiões quando a desculpa nifica ver algo sob uma nova luz. A his-
abaixo. Se você puder desfazer-se dos pode incluir perdão, mas nem sempre tória de Tom Sawyer ilustra a questão.
erros dos outros, um mundo de amar- é o caso. Os pais, por exemplo, devem Lembra-se do incidente em que Tia
gura e dor se desvanecerá. manter uma atitude perdoadora para Polly pegou Tom esgueirando-se por
«Mais fácil dizer do que fazer», com seus filhos (não abrigar ressenti- uma janela tarde da noite? Ela decidiu
ouço o cético dentro de você falando. mento ou amargura), mas não devem puni-lo, fazendo de seu sábado um dia
«Talvez», eu replicaria, «mas não desculpar (deixar de lado as conseqü- de «trabalho forçado». Ele tinha de
tão difícil quanto você possa imagi- ências). Pode-se perdoar uma criança caiar a cerca.
nar.» Com efeito, eu sugeriria que afi- que desarruma a sala de visitas e insis- Tom tentou sem sucesso persuadir
nal de contas, não perdoar é mais difí- tir para que limpe o que sujou. seus amigos a ajudá-lo. Pensou em
cil do que perdoar. Uma série de estu- Perdoar não requer reconciliação. A toda a diversão que ele tinha planeja-
dos tem demonstrado que a amargura idéia de que perdoar requer reconcili- do para aquele dia e toda a excitação
ou o ódio reprimidos prejudicam a ação é, talvez, o equívoco mais larga- que seus amigos teriam enquanto ele
saúde. Tensão ou amargura crônicas mente abraçado. Perdão pode incluir trabalhava na cerca. Mas Tom não
comprometem o sistema imunológi- reconciliação, mas esta nem sempre é chegava a lugar algum. Decidiu mudar
co, de modo a tornar as pessoas mais necessária. Na história de José ou na de tática, reformulando com êxito a
vulneráveis diante de uma ampla vari- parábola do Filho Pródigo, a reconcili- tarefa para o seu próximo encontro.
edade de doenças. ação é o ponto alto. Mas freqüente- Em vez de encarar a caiação da cerca
Bem, basta de introdução. mente, a reconciliação não é possível como uma tarefa maçante, ele resolveu
Vamos pensar sobre como você ou mesmo desejável. Em muitos casos encará-la como um passatempo. Nem
pode aprender a perdoar mais facil- de abuso sexual de crianças, por sempre teria essa oportunidade. (Não é
mente. Entender com mais clareza o exemplo, o culpado não admitirá ter todo dia que um garoto tem a chance de
processo de perdoar vai ajudá-lo a per- ofendido alguém deste modo trágico. caiar uma cerca!) Pôs-se a caiar com tan-
doar mais prontamente. Perdoar e sarar, em tais casos, por ve- to entusiasmo que até seu amigo Ben,
zes envolve desligamento: mudar-se, que começara a caçoar de Tom, acabou
O que o perdão não é estudar em outra cidade, começar um dizendo: «Tom, deixe-me caiar um pou-
Primeiro vejamos o que o perdão novo emprego. Por vezes é necessário co».2
não é. As pessoas freqüentemente con- que a vítima não permaneça perto do O Tom Sawyer de Mark Twain ilus-

6 Diálogo 12:1 2000


tra como a reformulação foi um pro- sus o que devia fazer para herdar a vigilantes de Mugsy, porque o menor
cesso que lhe permitiu escapar de vida eterna, Jesus o dirigiu para o que movimento em meu quintal punha
modo criativo dos limites do castigo a Escritura diz: Ame a Deus e ame seu Mugsy a latir por vinte minutos. Mu-
imposto por Tia Polly. O processo aju- próximo como a si mesmo. O advoga- gsy tem um latido muito grave, e uma
dou Tom a transformar trabalho em do fingiu espanto, como se ele não grande variedade de estímulos apa-
brincadeira, punição em proveito. Re- pudesse identificar quem era seu pró- rentemente inócuos fazia disparar
formular nos permite escapar dos li- ximo. Jesus então reestruturou a dis- suas cordas vocais: movimento, baru-
mites dos dilemas, movendo-nos para cussão para um plano mais elevado e lho, sombras, figuras familiares como
uma ordem superior de soluções. Não contou a parábola do Bom Samarita- o menino jornaleiro ou eu buscando o
precisamos ficar atolados na ilusão de no, enfocando a ajuda aos necessita- jornal na caixa de correspondência.
que precisamos escolher uma entre dos. Jesus desafiou seu interlocutor: Eu me imaginava fazendo uma cirur-
apenas duas possibilidades: trabalho «Qual destes três te parece ter sido o gia nas cordas vocais de Mugsy — tal-
versus brincadeira, certo versus errado, próximo do homem que caiu nas vez operar por controle remoto com
pensamentos versus comportamento, mãos dos salteadores?» (Lucas 10:36). raio laser. Mas Michael me garantiu
liberdade versus determinismo. Dema- Jesus usou a técnica da reformulação que nem mesmo num curso de veteri-
siadas vezes deixamos de reformular e para ajudar o advogado a chegar à res- nária de sofisticadas técnicas ele tinha
buscar criativamente soluções de or- posta correta para sua pergunta sobre ouvido falar de um equipamento que
dem superior. a vida eterna. Ao mesmo tempo, Ele tornasse possível efetuar uma cirurgia
desmascarou a hipocrisia da institui- a laser num cão, sem o cão saber e sem
Jesus e a reformulação ção religiosa e expôs o coração do na- o consentimento do dono. Não have-
O perdão é o reformulador por ex- cionalismo, racismo e outras barreiras ria cordectomia vocal. A laringe de
celência, não somente de dilemas mo- exclusivistas que dividem os filhos de Mugsy permaneceria intacta.
rais, mas da própria vida. Jesus fre- Deus. Assim, qual é a moral da história?
qüentemente empregou a reformula- Reformular, assim, ajuda a mudar Esta: aprendi a perdoar Mugsy por la-
ção para escapar dos laços que Lhe ar- uma situação de perigo para uma de tir, e isso fez uma diferença espantosa
mavam os fariseus. Considere, por possibilidade. Na área do perdão ela é em meu sentimento de tranqüilidade.
exemplo, o caso da mulher apanhada ainda mais eficaz. Eis como aconteceu:
em adultério. Os fariseus a trouxeram Uma noite, ao procurar esgueirar-
a Jesus e fizeram sua acusação: «Mes- Perdoando Mugsy me sem que Mugsy me visse, pensei
tre, esta mulher foi apanhada, no pró- Considere Mugsy. Mugsy não é um que tivesse sido bem-sucedido em re-
prio ato, adulterando. E na lei nos cachorro mau. Não é culpado das tirar cuidadosamente meu jornal —
mandou Moisés que as tais sejam ape- ofensas próprias de cão: Não suja meu nenhum som estragava a serenidade
drejadas. Tu, pois, que dizes»? (João quintal, não persegue meu gato nem da noite. Mas ao querer voltar para
8:4, 5). provoca brigas com meu pastor ale- casa, a coisa começou: seu latir e mi-
Os acusadores estavam preparando mão. Não morde e fica no seu lado da nha ira.
uma cilada binária para Jesus: É ela rua. É amistoso e gosta de crianças. Então, subitamente, me veio um
culpada ou inocente? Vamos apedrejá- Mas Mugsy tem um defeito — Mugsy pensamento: Mugsy é o melhor sistema
la ou desobedecer a Moisés? Mas Jesus late. Isso não é estranho num cachor- de alarme contra ladrões na vizinhança!
aplicou «a reformulação» a fim de des- ro, mas Mugsy late desnecessariamen- Ninguém jamais entrará no meu quintal
locar a discussão para um plano mais te, incessantemente, ou assim me pa- sem ser detectado, enquanto Mugsy viver.
elevado. Primeiro, Jesus passou da co- recia. Isso pôs a coisa sob uma nova luz, que
municação verbal para a escrita na Eu me havia mudado para o sítio me fez ver Mugsy de outro modo. Eu
areia. Ainda mais profunda foi a se- para escapar do barulho da cidade. já havia me preocupado antes com es-
gunda direção. Jesus disse aos fariseus: Tudo parecia perfeito. Depois do escu- sas coisas, especialmente ao andar de
«Aquele que dentre vós estiver sem recer, era raro um carro passar por bicicleta diante de casas com tabule-
pecado seja o primeiro que lhe atire nossa casa, e mais de uma vez peguei tas de advertência: «Protegida pela Se-
pedra» (João 8:7). Assim, Jesus trans- no sono ao som do coachar dos sapos. gurança», ou «Sob Vigilância Durante
feriu a discussão para um nível mais Em termos gerais, um ambiente bucó- 24 Horas». Nunca havia contratado
elevado: Quem é perfeito? Quem está lico com grande potencial para a tran- esses serviços, mas tinha me preocu-
preparado para atirar a primeira pe- qüilidade — até que Mugsy passou a pado. Agora, de repente, sorri e mur-
dra? morar na casa da frente, do outro lado murei para Mugsy: «Vai lá, rapaz»!
Considere outra ilustração de como da estrada. Eu não precisava de um sistema de
Jesus, de modo criativo, reformulou as Subitamente, achei-me saindo pela segurança de dez mil dólares. Tinha
dicotomias insolúveis dos fariseus. porta dos fundos para pegar meu jor- algo muito mais eficaz. Eu tinha Mu-
Quando um advogado perguntou a Je- nal da tarde. Tentava evitar os olhos gsy.

Diálogo 12:1 2000 7


Ao caminhar devagar pela rampa qüentemente reformulava os proble- and Pain (revisto nesta edição). Seu endere-
da garagem, acompanhado a cada pas- mas. E uma vez ou outra numa noite ço postal: Andrews University; Berrien
so pela música de Mugsy, deleitei-me escura, quando ouvir um cão ladrar à Springs; Michigan 49104; E.U.A. E-mail:
pensando no meu sistema de seguran- distância, espero que se lembre de berecz@juno.com
ça superior. Mugsy era muito melhor Mugsy.
do que luzes ofuscantes ou câmeras Notas e referências
que captam movimentos. Eu possuía John Berecz (Ph.D., Indiana University) 1. Hannah Arendt, The Human Condition
o melhor sistema de segurança que se (Chicago: The University Chicago Press,
leciona Psicologia na Andrews University e (1958), pág. 237.
podia imaginar — e a custo zero! é o autor de quatro livros: Understanding 2. Mark Twain, The Adventures of Tom Sawyer
Visto sob a nova luz (reformula- Tourette Syndrome, Sexual Styles, All (Berkeley, Calif.: University of California
ção), Mugsy subitamente tornou-se the Presidents’ Women e Beyond Shame Press, 1982), págs. 12-14.
meu amigo. Não mais a idéia de cirur-
gia a laser, não mais o desejo de que
ele se atravessasse na frente de um ca-
minhão de cimento, não mais o so-
nho de que seus donos se esqueces-
sem de lhe dar o remédio para vermes.
Naquele momento, na escuridão da
rampa da garagem, eu perdoei Mugsy.
Não era algo de ranger os dentes ou
que exigisse uma força de vontade he-
róica. Foi fácil — tão fácil como refor-
mular os pensamentos.
Assim, ao você entrar no novo mi-
lênio, espero que perdoar por refor-
mulação do pensamento facilite no-
vos começos para você. Espero que
pense em Nina, nossa grande dina-
marquesa, e que releia Tom Sawyer. Es-
pero que veja de novo como Jesus fre-

Berkeley 2000
Junte-se à Revolução!
A liderança da Associação Estudantil Adventista de Berkeley convi-
da-o a participar de Berkeley 2000 — um encontro internacional de
universitários, líderes, professores e capelães adventistas na Universi-
dade da Califórnia, de 13 a 16 de setembro de 2000. Desfrute os pon-
tos altos: dramatizações, música, devocionais e companheirismo. Par-
ticipe de seminários, grupos de estudo, reuniões gerais e cultos de
adoração.

Para mais informações:


www.Berkeley2K.org Registration@Berkeley2K.org
Fax: 510-549-7424

8 Diálogo 12:1 2000


Acaso ou desígnio?
A longa procura por um mecanismo evolutivo

Ariel A. Roth

D epois de trabalhar até tarde,


meu amigo estava exausto. En-
trou no seu carro e deu início à
longa viagem para o colégio que fre-
qüentava. Estava dirigindo por uma es-
o nervo e o mecanismo controlador são
exemplos de interdependência. Precisam
um do outro a fim de funcionar. São sis-
temas nos quais nada funciona, a me-
nos que tudo funcione. Alguns cientis-
trada pouco movimentada quando o tas chamam tais sistemas de «complexi-
cansaço o venceu, e seu carro mergu- dade irredutível».2 O termo complexidade
lhou nas águas de um rio à beira da es- aplica-se a sistemas cujas várias partes
trada. Sobreviveu ao desastre com feri- estão em relação umas com as outras.
mentos graves. Com os nervos na parte Sistemas com partes interdependentes
Em face de uma procura fútil, inferior da espinha dorsal atingidos, são abundantes em todos os seres vivos,
não podia mais controlar suas pernas. e são em geral muito mais complexos
Estava destinado a uma cadeira de ro- do que o exemplo simples mencionado
das para o resto da vida. acima. Em nosso corpo temos de
não deveríamos voltar ao A recuperação levou longo tempo. 50.000 a 100.000 espécies diferentes de
Felizmente, meu amigo não era uma enzimas. A maioria dessas enzimas go-
pessoa comum. Não permitiria que seu verna mudanças químicas relacionadas
modelo bíblico? grave problema fizesse dele um fardo com outras mudanças químicas opera-
para a sociedade. Decidiu ser um auxí- das por outras enzimas. Representam
lio para os outros e, apesar de todos os um vasto repertório de partes interde-
obstáculos que enfrentava, terminou a pendentes.
faculdade. Sua personalidade simpática,
perseverança e dedicação a Deus o aju- O caráter aleatório das mudanças
daram em sua carreira de professor, edi- evolutivas
tor, capelão e pastor. Muitos foram Se 20 crianças forem soltas numa
abençoados por sua afabilidade e com- loja de brinquedos, algo vai acontecer.
preensão. Infelizmente, suas pernas Certamente, o estoque bem organizado
continuaram a deteriorar-se, a ponto de de brinquedos vai-se tornar menos or-
terem de ser amputadas. ganizado. Quanto mais tempo as crian-
ças se divertirem na loja, tanto mais
Partes interdependentes1 embaralhado o estoque ficará. Seres ati-
O problema do meu amigo ilustra vos tendem a misturar-se.
como as várias partes de um organismo A tendência de as coisas se tornarem
vivo são dependentes umas das outras. remexidas na natureza é contrária à
Podemos ilustrar isso num nível mais evolução, que postula mudanças de
simples. Se temos um músculo que moléculas distribuídas de modo aleató-
move um osso numa perna, esse mús- rio, organizando-se em formas vivas
culo não vai funcionar a menos que um «simples» as quais, embora pequenas,
nervo vá ao músculo para ativá-lo. Mas são na verdade altamente organizadas.
nem o músculo nem o nervo funciona- Assume-se que a evolução tenha forma-
rão, a menos que haja um sistema no do organismos muito mais complexos,
cérebro para controlar a atividade do com tecidos e órgãos especializados que
músculo. O mecanismo controlador no incluem flores, olhos e cérebros.
cérebro envia impulsos através do ner- Alguns evolucionistas sugerem que a
vo para fazer o músculo contrair-se e auto-organização ocasional de matéria
mover o osso. As três partes, o músculo, simples, como é vista na formação de
Diálogo 12:1 2000 9
um cristal de sal, ou os raros desenhos am, e eles por sua vez produziriam uma A longa procura por
ondulados que às vezes se formam prole igualmente apta. Assim, o mais um mecanismo evolucionário
quando substâncias químicas se infil- apto sobrevive pelo processo chamado Tem havido uma longa e árdua busca
tram através de um sólido, poderia ser o de seleção natural. de um mecanismo evolucionário plau-
modelo para a auto-organização da ma- Este mecanismo é freqüentemente sível que produza vida organizada com-
téria em seres vivos. Mas há uma vasta usado para explicar o progresso evoluti- plexa. Contemplemos brevemente os
distância entre simples cristais e as vo, apesar da tendência da natureza dois últimos séculos de pesquisa. Um
complexidades de sistemas vivos. O de- para a desorganização. Embora pareça sumário é apresentado na Tabela 1.
senvolvimento de complexidades fun- que a seleção natural funcione na natu- Lamarquismo. O cientista francês
cionais interdependentes é contrário à reza como meio de eliminar os organis- Chevalier de Lamarck (1744-1829) con-
tendência da natureza para a desorgani- mos fracos ou as aberrações, enfrenta cebeu um mecanismo evolutivo basea-
zação. Este é um dos maiores problemas um grande problema quando se trata de do em sua lei de uso e desuso. Ele pro-
com a teoria da evolução. evolução de sistemas interdependentes, pôs que o uso de um órgão acentuava
Os evolucionistas geralmente enfati- os quais representam a maioria de tudo seu desenvolvimento, e que esta me-
zam a mudança aleatória ocasional no que vive. lhoria era passada à geração seguinte.
mecanismo hereditário de um organis- O fato de meu amigo ter suas pernas Por exemplo: animais como o veado,
mo (DNA). Tais mudanças, chamadas amputadas ilustra um problema básico precisando alcançar folhas nos galhos
mutações, combinadas com a seleção enfrentado pelo modelo darviniano de mais altos de uma árvore adquiririam,
natural, são consideradas como a base seleção natural. Estruturas inúteis po- depois de esticar seus pescoços por mui-
para o progresso evolucionário. Mas dem ser impedimentos incômodos. tas gerações, pescoços mais longos e fi-
tais eventos aleatórios tendem usual- Como regra geral, passamos melhor nalmente apareceriam como girafas. De
mente a misturar as coisas, não organi- sem elas. O problema para a evolução é modo semelhante, ele declarou que se o
zá-las. Nem mutações aleatórias nem a que muitas partes de órgãos ou sistemas olho esquerdo de crianças fosse removi-
seleção natural têm a visão de planejar em evolução seriam impedimentos inú- do por um certo número de gerações,
com antecedência, de modo a guiar o teis, até que todas as partes interdepen- finalmente haveria indivíduos nascidos
processo evolutivo ao desenvolvimento dentes evoluíssem. Até então, os orga- só com o olho direito.
gradual de sistemas com partes interde- nismos se dariam melhor sem essas par- Anos mais tarde, o evolucionista ale-
pendentes. Ademais, as mutações são tes extras, e a seleção natural tenderia a mão August Wiseman demonstrou o
quase sempre nocivas aos organismos eliminá-los. Somente depois que todas erro de Lamarck. Cortou as caudas de
vivos. A estimativa de uma mutação fa- as partes necessárias interdependentes centenas de ratos durante muitas gera-
vorável em mil é o máximo que se pode estivessem presentes, poderiam essas ções. Os ratos, não obstante, continua-
atribuir à evolução. Tratando-se de sis- partes funcionar e assim prover qual- ram a produzir prole com rabos de ta-
temas complexos com partes interde- quer razão para a sobrevivência pelo manho natural. Concluiu que esta série
pendentes, apenas uma pequena mu- processo de seleção natural. de experimentos provara que não há
dança (mutação) pode fazer com que Se a evolução fosse real, esperaría- herança de características adquiridas
todo o sistema deixe de funcionar. É mos ver amostras de novos órgãos ou durante a vida de um indivíduo.
como cortar os nervos das pernas do sistemas tais como pernas, olhos, fíga- Darvinismo. Darwin propôs a seleção
meu amigo; as pernas ficaram inteira- dos se desenvolvendo, ou novas espéci- natural (descrita acima) como um me-
mente arruinadas. Igualmente, é mais es de órgãos tentando desenvolver-se canismo evolutivo. Darwin também en-
fácil arruinar um relógio do que fazer nestes organismos que ainda não os fatizou a teoria geral da evolução de to-
um. Poucos negariam que há uma ten- produziram. Contudo, ao contemplar- dos os organismos, desde os mais sim-
dência para a desorganização na natu- mos mais de um milhão de espécies que ples até aos mais complexos. Neste pro-
reza. A evolução naturalista precisa ex- têm sido identificadas na superfície da cesso, ele enfatizou a importância de
plicar o oposto. Terra, não vemos nenhuma. Esta é uma mudanças diminutas, um conceito que
objeção séria ao conceito da evolução. foi logo contestado.
Seleção natural: um problema Num contexto mais amplo, a questão é: Logo depois da publicação (1859) do
para a evolução Como podem mutações aleatórias pre- livro de Darwin, Origin of Species, mui-
Charles Darwin desenvolveu o con- judiciais, que não têm capacidade de tos cientistas aceitaram a idéia geral da
ceito da seleção natural. Observou que previsão, produzir gradualmente siste- evolução. Contudo, muitas das idéias
há variações em organismos vivos. Há mas biológicos complexos que não têm de Darwin foram contestadas então e
também excesso de reprodução da pro- valor para a sobrevivência até que todas ainda estão sendo contestadas hoje. O
le, o que resulta em escassez de alimen- as partes interdependentes estejam pre- historiador da biologia Charles Singer
to e espaço; segue-se que há competição sentes? Se a evolução pudesse explicar afirma, com a maior naturalidade, que
pela sobrevivência. Darwin propôs que este problema, deveríamos achar mui- os argumentos de Darwin «são freqüen-
somente os mais aptos entre as novas tos órgãos e sistemas novos no processo temente falaciosos».3 Entre as críticas
variedades de organismos sobreviveri- de evolução, mas não existem. mais sérias está a falta de valor, para a
10 Diálogo 12:1 2000
sobrevivência, de pequenas mudanças
que não são úteis a menos que possam Tabela 1
funcionar num todo complexo que ain-
da não evoluiu. Darwin preocupou-se A procura de um mecanismo
com a evolução do olho, que tem bom
número de sistemas com partes interde- evolutivo
pendentes. Ele sugeriu que a seleção Designação Proponentes principais Características
natural era a resposta ao problema, mas Lamarquismo Lamarck O uso causa o desenvolvimento de novas
não tratou do problema das partes in- 1809-1859 características que podem ser herdadas.
terdependentes.
O conceito da «sobrevivência do Darvinismo Darwin, Wallace Mudanças diminutas são causadas pela
mais apto» também tem sido severa- 1859-1894 seleção natural levando à sobrevivência
mente criticado, às vezes injustamente. do mais apto.
Contudo, a sobrevivência do mais apto
não demonstra evolução, como às vezes Mutações De Vries, Morgan Ênfase sobre maiores mudanças (mutações).
se pensa. O conceito não pode ser testa- 1894-1922 Seleção natural não tão importante.
do facilmente, o que não quer dizer que Síntese Moderna Chetverikov Atitude unificada; mudança em
seja falso. Mas obviamente o mais apto (neo-darvinismo) Dobzhanski, Fisher, populações é importante. Mutações
sobrevive, quer evolua por si mesmo, 1922-1968 Haldane, Huxley, atuadas pela seleção natural.
quer seja criado por Deus. A despeito Mayr, Simpson, Wright
destas falhas, a idéia básica de Darwin é
apoiada por muitos evolucionistas. Período de Eldredge, Gould, Multiplicidade de idéias conflitantes.
Mutações. O biólogo holandês Hugo Diversidade Grassé, Henning, Insatisfação com a Síntese Moderna.
de Vries (1848-1935) contestou vigoro- 1968-presente Kauffman, Kimura, Procura de uma causa a complexidade.
samente a idéia de que pequenas mu- Lewontin, Patterson,
danças propiciavam o mecanismo evo- Platnick
lucionário básico. Ele argumentava que
estas pequenas mudanças nada signifi- Tabela 2
cavam, e que seriam necessárias mu-
danças maiores, chamadas mutações, Livros escritos por cientistas que não
como resposta ao ambiente. De Vries
encontrou apoio para suas opiniões nas
crêem na Criação, mas criticam vários
cercanias de Amsterdam, Holanda, aspectos da Evolução.
onde a prímula importada da América
tinha-se tornado silvestre e alguns espé- • Behe, Michael. Darwin’s Black Box: The Biochemical Challenge to Evolution.
cimes ficaram anões. Ele considerava New York: Free Press, 1996.
esta mudança como uma mutação. • Crick, Francis. Life Itself: Its Origin and Nature. New York: Simon and
De Vries conduziu experimentos cru- Schuster, 1981.
zando milhares de plantas, e notou mu- • Denton, Michael. Evolution: A Theory in Crisis. London: Burnett Books, 1985.
danças maiores, que ele atribuiu a mu- • Goodwin, Brian. How the Leopard Changed Its Spots: The Evolution of
tações. Ele cria que estas «novas for- Complexity. New York: Charles Scribner’s Sons, 1994.
mas» eram degraus num longo processo • Hitching, Francis. The Neck of the Giraffe: Where Darwin Went Wrong. New
evolucionário. Infelizmente para a teo- York: Ticknor and Fields, 1982.
ria de Vries, as mudanças que ele notou • Hoe, Mae-Wan e Peter Saunders. Beyond Neo-Darwinism: An Introduction to
eram apenas o resultado de combina- the New Evolutionary Paradigm. London: Academic Press, 1984.
ções de traços já presentes na constitui- • Søren Løvtrup. Darwinism: The Refutation of a Myth. London. New York:
ção genética das plantas, e não novas Croom Helm, 1987.
mutações. • Ridley, Mark. The Problems of Evolution. New York: Oxford University Press,
Ainda assim, o conceito de muta- 1985.
ções, que representam nova informação • Shapiro, Robert. Origins: A Skeptic’s Guide to the Creation of Life on Earth.
hereditária, tornou-se aceito, em gran- New York: Summit Books, 1986.
de parte pelo trabalho do norte-ameri- • Taylor, Gordon Rattary. The Great Evolution Mystery. New York: Harper and
cano T. H. Morgan. Em experimentos Row, 1983.
com moscas de frutas, Morgan achou
novas mudanças permanentes que são
transmitidas de uma geração para a se-
Diálogo 12:1 2000 11
guinte. Contudo, as mudanças observa- atitude de triunfalismo do que uma sín- flitantes. Giram em torno de várias
das eram em grande parte degenerati- tese precisa. questões básicas, tais como: (1) Pode-se
vas, em vez de progressivas, incluindo Entrementes, as vozes inquietantes identificar as relações evolutivas dos or-
perda de asas, pêlos e olhos. do paleontologista Otto Schindewolf ganismos? Alguns têm argumentado
Muitas mutações não prejudiciais se- na Alemanha e do geneticista Richard que o único modo para se dizer se dois
riam requeridas para produzir uma úni- Goldschmidt nos Estados Unidos eram organismos são realmente relacionados
ca estrutura útil. O problema é como sistematicamente ignoradas. Em con- evolutivamente é se têm características
fazer com que estes eventos raros ocor- traste com as mudanças diminutas de semelhantes mas únicas [sinapomorfi-
ram simultaneamente num organismo, Darwin e as mutações relativamente pe- as]. Dificilmente se encontram tais ca-
a fim de produzir uma estrutura funcio- quenas sugeridas pelos arquitetos da raterísticas. (2) São essas mudanças evo-
nal que pudesse ter algum valor para a síntese moderna, ambos estavam pro- lutivas graduais ou súbitas? Alguns su-
sobrevivência. O zoólogo francês, Pierre pondo grandes e rápidas mudanças e gerem súbitas, mas bem pequenas; mu-
P. Grassé, que sugere outro mecanismo diferentes mecanismos. Schindewolf, danças refletidas em parte do registro
evolucionário, abriga algumas das mes- familiarizado com fósseis, sugeria saltos fóssil (modelo de equilíbrio pontuado).
mas preocupações e afirma: «Não im- rápidos para transpor as grandes lacu- Estas pequenas mudanças súbitas não
porta quão numerosas, as mutações nas entre os tipos fósseis maiores. Gol- resolvem o problema das lacunas maio-
não produzem espécie alguma de evo- dschmidt, que era professor de genética res no registro fóssil, tais como as que
lução».4 na Universidade da Califórnia em se acham entre filos de animais e divi-
Síntese moderna. Ao se desenvolver o Berkeley, discordava inteiramente da sões de plantas. (3) É a seleção natural
pensamento evolucionista no começo idéia de que pequenas mudanças den- importante para o processo evolucioná-
do século 20, diversos estudiosos influ- tro das espécies podiam acumular-se rio? Certo número de evolucionistas
entes transferiram o foco das mutações lentamente e produzir mudanças evolu- está sugerindo que há mutações neutras
de volta à seleção natural. Os propo- tivas maiores. Ele considerava os estági- que eles consideram muito importantes
nentes mais importantes foram S. S. os intermediários inúteis para a sobrevi- no processo evolucionário. Uma vez
Chetverikov na Rússia, R. A. Fisher e J. vência e sentia que não seriam favoreci- que estas mutações são neutras, não es-
B. S. Haldane na Inglaterra e Sewall dos pela seleção natural. Entre os exem- tão sujeitas à influência da seleção na-
Wright nos Estados Unidos. Desta vez, a plos que ele cita, estavam a formação tural. (4) Como é que a complexidade
ênfase era sobre o processo de evolução de uma pena, a segmentação da estru- evolui? Alguns estudos feitos com com-
dentro de populações de organismos, e tura do corpo como é observada em in- putador têm atacado o problema, mas
não de organismos individuais. setos, o desenvolvimento dos múscu- os biólogos criticam essas tentativas
A síntese moderna combinou os es- los, o olho composto dos caraguejos, como muito simplistas. Os sistemas bi-
forços de evolucionistas brilhantes, in- etc. Goldschmidt e Schindewolf levan- ológicos são muito complexos, e pouco
cluindo Theodosius Dobzhansky, da taram importantes objeções e logo, sabemos de muitos deles.
Columbia University, Sir Julian Huxley para um bom número de evolucionis- Nas duas últimas décadas, um núme-
na Inglaterra, Ernst Mayr e George tas, a síntese moderna não mais parecia ro significativo de cientistas que não
Gaylord Simpson na Universidade de sustentável. O embriologista sueco So- crêem no relato bíblico da Criação, tem
Harvard. O conceito foi dominante de ren Lovtrup, que apóia a evolução, de- escrito livros criticando a teoria evolu-
1930 até por volta de 1960. O nome de clara: «E hoje a síntese moderna — neo- cionista, ou grandes aspectos da mes-
«síntese moderna» originou-se com Hu- Darvinismo — não é uma teoria, mas ma. A Tabela 2 enumera alguns deles.
xley,5 o neto de Thomas Huxley, o gran- um leque de opiniões, nas quais cada Em geral, estes cientistas crêem em al-
de promotor de Darwin.6 Basicamente, uma a seu modo procura vencer as difi- guma espécie de evolução, mas admi-
ele sintetiza a variação por mutações culdades apresentadas pelo mundo dos tem problemas sérios. O modelo de Da-
com o conceito de Darwin de seleção fatos».7 rwin tem sido bastante criticado. Entre-
natural pela sobrevivência do mais apto Período de diversidade. Logo surgiram mentes, a procura de um mecanismo
no que se aplica a populações. novas idéias sobre a evolução, algumas evolutivo continua.
Muitos dos líderes da síntese moder- delas bem especulativas. Descobertas
na enfatizaram que, pelo acúmulo de recentes, especialmente em biologia Conclusão
mudanças relativamente pequenas, po- molecular e genética, indicavam que os Os cientistas freqüentemente pare-
der-se-iam produzir as mudanças maio- conceitos genéticos mais velhos e sim- cem apoiar a evolução. Enquanto em
res necessárias para os importantes pas- ples não mais eram válidos. Tudo isso termos gerais concordam que a evolu-
sos evolucionários, como a mudança de contribuiu para uma diversidade de ção é um fato, há muito menos consen-
um animal do tipo da lagarta para uma pensamento que prevalece até ao pre- so quando são considerados detalhes.
tartaruga. Contudo, o mecanismo bási- sente. Este estágio — que pode ser de-
co para o progresso evolucionário com- signado coletivamente como o período
plexo permaneceu sem solução. A sín- de diversidade — representa uma coleção Continua na pág. 29
tese moderna pode ter sido mais uma de idéias novas e freqüentemente con-
12 Diálogo 12:1 2000
Escolhas saudáveis
e opções vitais
Kathleen H.
Liwidjaja-Kuntaraf
A os 21 anos, Larry Harmon experi-
mentou maconha pela primeira
vez. «Meus amigos me tenta-
ram», disse ele mais tarde. Mas logo a
maconha virou LSD, outra vez com o
veis: «Deus, por que sou eu que tenho
de morrer?» Seu pai, o advogado E.
Glenn Harmon, numa declaração à im-
prensa, disse: «Não foram as balas da
polícia que mataram meu filho, foi o
incentivo de seus amigos. Tomou ape- LSD.»
nas metade de um tablete, mas isso bas- Com efeito, a viagem de Larry para a
tou para empurrá-lo a um abismo sem morte prematura começou com uma es-
fundo: ansiedade, pânico, depressão e colha errada.
desorientação total. Foi uma «viagem»
terrível. Sentiu que não tinha experi- Resultados de má escolha
Escolhas corretas levam a uma
mentado o assim-chamado efeito «arre- A escolha é um dom que Deus deu a
batador» que fora prometido. Experi- todo ser humano. Contudo, quando se
mentou de novo com um quarto de ta- usa mal o dom e se fazem más escolhas,
qualidade de vida melhor. blete; depois telefonou para casa e disse os desastres inevitavelmente ocorrem.
à sua mãe que estava embarcando no Considere os seguintes dados relativos
LSD. os Estados Unidos, num só ano:
Então aconteceu. As alucinações • Encarceramentos anuais: 1.1 mi-
logo tomaram conta dele. O LSD mu- lhão por violação quanto ao uso de dro-
dou e distorceu seus sentimentos, pen- gas; 1.4 milhão por dirigir embriagado;
samento, temperamento, consciência 480.000 por violações da lei quanto ao
de si, julgamento, percepção de tempo álcool e 704.000 por embriaguez.1
e espaço. Saiu de seu quarto com uma • Crime: O álcool é o fator principal
espingarda, um punhado de balas e em 68 por cento dos homicídios dolo-
uma marreta. Fora de si, dirigiu-se para sos (involuntários), 62 por cento das
uma igreja católica romana. Desceu do agressões, 54 por cento dos assassina-
carro, pegou suas ferramentas, entrou tos, 48 por cento de roubos e 44 de ar-
na igreja e viu o zelador numa escada, rombamentos.2
acertando o relógio. Bang! O zelador • Estupro: Entre os encarcerados,
caiu e expirou. 42,2 por cento dos indiciados por estu-
A seguir, Larry se tornou um esqua- pro confessaram estar sob a influência
drão demolidor. Tomando a marreta, de álcool ou uma combinação de álcool
quebrou imagens, arrasou o altar e des- e outras drogas no ato.3
truiu bancos. Estava tendo uma viagem • Crime contra a propriedade: em
«alta». Mais tarde, confessou que era o 1990, dos que se submeteram a testes
instrumento de Deus para destruir Je- voluntariamente, mais de 60 por cento
sus Cristo, que ele cria ser o diabo. A dos homens e 50 por cento das mulhe-
essa altura, diversos estudantes e um res presos por crimes contra a proprie-
padre ouviram o barulho e aproxima- dade (arrombamentos, furtos, roubos)
ram-se da igreja. Larry começou a atirar tiveram resultado positivo quanto ao
em tudo que se movesse. Logo chegou uso ilícito de drogas.4
a polícia. Seguiu-se uma troca de tiros. • Violência contra crianças: Em
Ferido, Larry começou a correr. Dentro 1987, 64 por cento de todos os casos de
de segundos, caiu por terra, morto. agressão e negligência de crianças so-
Suas últimas palavras foram memorá- mente em Nova York foram associados

Diálogo 12:1 2000 13


ao consumo de drogas por parte dos Deus? Paulo continua: «Agora, pois, vivem na média 8,9 anos mais do que
pais.5 glorificai a Deus no vosso corpo» (I Co- outros homens holandeses. As mulhe-
Ademais, o custo de crimes relacio- ríntios 6:20). «Portanto, quer comais, res adventistas na Holanda vivem 3,7
nados com drogas é de estarrecer: 61.8 quer bebais ou façais outra cousa qual- anos mais do que outras mulheres na-
bilhões de dólares por ano.6 Natural- quer, fazei tudo para a glória de Deus» quele país.11
mente, nenhum valor monetário pode (I Coríntios 10:31). • Os homens adventistas noruegue-
ser atribuído às vidas humanas perdidas Ellen G. White, uma pioneira adven- ses vivem na média 4,2 anos mais do
e ao sofrimento associado com as dro- tista em prevenção e remédios naturais, que outros homens noruegueses. As
gas. escreveu há mais de um século diversos mulheres norueguesas adventistas vi-
artigos e livros cujos conceitos básicos vem na média 1,9 ano mais do que as
Drogas seguras? têm sido comprovados pela ciência em mulheres norueguesas.12
As más escolhas e o uso ilícito de décadas recentes. Ela enfatizou, por • Os homens poloneses adventistas
drogas cobra um preço enorme em ter- exemplo, a influência mútua entre cor- vivem na média 9,5 anos mais do que
mos de vida, longevidade e conseqüên- po e mente, bem como o impacto de outros homens poloneses. Mulheres ad-
cias sociais. Ninguém duvida disso. Mas ambos sobre a vida espiritual. Somente ventistas da Polônia vivem na média
que dizer das drogas comuns que po- quando temos corpos sadios podemos 4,5 anos mais do que outras mulheres
dem ser compradas sem receita? Até a ter mentes sadias, habilitando-nos a co- daquela nação.13
humilde aspirina tomada para uma dor mungar com Deus e os outros de modo Essas descobertas têm chamado a
de cabeça ou um resfriado pode preju- claro. «Uma vida pura e sadia é mais atenção de outros pesquisadores e de
dicar as funções do corpo, causando propícia à perfeição do caráter cristão e funcionários do governo. T. Oberlin, da
azia, desarranjo gastrointestinal, úlce- ao desenvolvimento das faculdades da Universidade de Harvard, falando da
ras do estômago e hemorragia. O fato mente e do corpo».7 «Desde que o espí- vantagem adventista, afirmou: «Um au-
de essas drogas serem vendidas sem re- rito e a alma encontram expressão me- mento como esse na expectativa de
ceita não significa que sejam seguras. O diante o corpo, tanto o vigor mental vida na idade adulta é maior do que
médico deve ser consultado mesmo como o espiritual dependem em grande todo o avanço na expectativa de vida
para uso delas. parte da força e atividades físicas. O que obtido nos últimos 60 anos neste país,
E as drogas sob prescrição? Novas quer que promova a saúde física, pro- como resultado de todo o progresso no
drogas são descobertas e comercializa- moverá o desenvolvimento de um espí- conhecimento médico, mais as melho-
das quase diariamente, mas a «droga rito robusto e um caráter bem equilibra- rias inumeráveis do ambiente no qual o
perfeita» que trará cura sem nenhum do. Sem saúde ninguém pode compre- homem vive».
efeito colateral ainda não surgiu. Como ender distintamente suas obrigações, Em 1980, Sydney Katz, funcionário
exemplo, considere as drogas prescritas ou completamente cumpri-las para canadense, reexaminou os dados sobre
para o controle da pressão alta. Acarre- consigo mesmo, seus semelhantes ou os benefícios do estilo de vida adventis-
tam uma série de efeitos colaterais, in- seu Criador. Portanto a saúde deve ser ta e disse: «Tenho um conselho sobre
cluindo fraqueza, fadiga, sonolência, tão fielmente conservada como o cará- como melhorar a saúde dos canadenses,
dor de cabeça, depressão, tontura, ga- ter».8 Em outro de seus escritos, ela e ao mesmo tempo cortar bilhões de
ses, sudorese, indigestão, instabilidade enumerou os remédios naturais básicos dólares de nosso orçamento anual com
emocional, altos níveis de colesterol e que asseguram boa saúde. «Ar puro, luz saúde. Penso que deveríamos estudar o
impotência. Os que precisam destas solar, abstinência, repouso, exercício, estilo de vida dos membros da Igreja
drogas talvez necessitem experimentar regime conveniente, uso de água e con- Adventista do Sétimo Dia e depois ex-
várias delas antes de achar uma que seu fiança no poder divino — eis os verda- plorar meios de persuadir o público a
organismo tolere. Assim, não há droga deiros remédios.» 9 imitá-los em pelo menos alguns aspec-
que seja completamente segura. Mesmo Têm estes princípios feito alguma di- tos».
os antibióticos acarretam problemas ferença em promover boa saúde? Sim!
como náusea, vômito, diarréia, reações Desde 1950, entre as populações do Passos para fazer escolhas sadias
alérgicas e problemas de fungo. As dro- mundo, os adventistas do sétimo dia Assim, que fazemos para mudar o es-
gas receitadas precisam ser vigiadas de têm sido os mais estudados por pesqui- tilo de vida ou adotar escolhas sadias?
perto por um médico, que pode anali- sadores. Resultados de algumas pesqui- Que havemos de beber? Que havemos
sar suas vantagens e desvantagens. sas: de comer? Quanto exercício devemos
• Os homens adventistas do sétimo fazer? Devemos ir para a cama depois
Fazendo escolhas sadias dia da Califórnia vivem na média 8,9 da meianoite ou antes? Deveríamos to-
Ingerir substâncias prejudiciais é anos mais que outros homens na Cali- mar drogas para nos acalmar? A luta
contrário ao plano de Deus para a vida fórnia. As mulheres adventistas na Cali- entre fazer boas ou más escolhas quan-
humana. Paulo afirma simplesmente: fórnia vivem na média 7,5 anos mais do to à saúde é incessante. É importante,
«Seu corpo é o templo do Espírito San- que outras mulheres naquele estado.10 pois, examinar os passos a serem dados
to». E ousamos prejudicar o templo de • Os homens adventistas holandeses ao fazer escolhas sadias.
14 Diálogo 12:1 2000
1. Reconheça que Deus o ama e quer acham na superfície de toda a terra e Longevidade dos seres humanos
que você tenha saúde. Como o apóstolo todas as árvores em que há fruto que dê
Antes do Dilúvio Depois do Dilúvio
João escreveu: «Meu querido amigo, te- semente; isso vos será para mantimen-
1. Adão 930 1. Sem 600
nho pedido a Deus que você vá bem em to» (Gênesis 1:29). Ellen White comen-
2. Sete 912 2. Arfaxade 438
tudo e que esteja bem de saúde, assim ta: «A fim de saber quais são os melho-
3. Enos 905 3. Salá 433
como está bem espiritualmente» (III res alimentos, cumpre-nos estudar o
4. Cainã 910 4. Eber 464
João 2, BLH). plano original de Deus para o regime do
5. Malaleel 895 5. Pelegue 239
2. Examine para ver se seu atual estilo
homem. Aquele que criou o homem, e
6. Jerede 962 6. Reú 239
de vida reflete as escolhas recomendadas lhe compreende as necessidades, desig-
7. Enoque 365+ 7. Serugue 230
por Deus. Estude os princípios de saúde nou a Adão o que devia comer.... Cere-
8. Metusalém 969 8. Naor 148
contidos na Bíblia e depois recapitule ais, frutas, nozes e verduras, constituem
9. Lameque 777 9. Terá 205
os escritos de Ellen White sobre saúde. o regime dietético escolhido por nosso
10. Noé 950 10. Abraão 175
São os guias mais seguros no assunto. Criador».14
Média 912,2 Média 317,1
3. Pese as vantagens e desvantagens da As vantagens de comer uma dieta
(Sem incluir Enoque,
escolha que você fez. Quanto mais bene- vegetariana são claramente apresenta-
que foi trasladado)
fícios você desfruta por fazer escolhas das na Bíblia. Os capítulos 5 e 11 de
sadias, tanto maior é a motivação para Gênesis documentam a longevidade do
continuar com a mesma escolha ao lon- povo que adotava a dieta vegetariana levam a uma qualidade de vida melhor.
go de sua vida. antes do Dilúvio, e daqueles que comi- O que comemos, o que bebemos, o que
am carne depois do Dilúvio. Ver o qua-
4. Admita que você não pode fazer esco- introduzimos em nosso corpo, todos
lhas sadias por si mesmo. Tendo reco- dro à direita. têm o seu efeito. Mas as boas escolhas
nhecido sua incapacidade de fazer coe- Se você tirar a média das idades de não podem ser feitas facilmente. Como
rentemente escolhas sadias, você pro- ambos os grupos, notará uma média de nas áreas moral e espiritual, requerem
curará uma fonte externa de ajuda. 900 anos antes que se adotasse uma die- ajuda exterior. Deus promete esta ajuda
5. Receba forças de Deus continuamen-ta carnívora, e de 300 anos depois dis- àqueles que mantêm uma relação dura-
te. Considere o diagrama desta página. so. Naturalmente, não foi só a dieta que doura com Ele: «Tudo posso nAquele
As más escolhas referentes à saúde po- causou a queda na longevidade. Os efei- que me fortalece» (Filipenses 4:13).
dem ser quebradas e o sucesso assegura- tos do pecado causaram seu impacto
do somente quando admitimos nossa também. Mas a mudança de dieta trou- Kathleen H. Liwidjaja-Kuntaraf (MD,
incapacidade e permitimos que Deus xe enfermidades que contribuíram para MPH) é diretora associada para prevenção,
nos habilite a fazer escolhas acertadas. reduzir a longevidade. Departamento de Saúde, Associação Geral
Dados científicos apóiam a dieta ve- dos Adventistas do Sétimo Dia. Seu endere-
Tenha um plano a seguir getariana como sendo a dieta sadia. Em ço é: 12501 Old Columbia Pike; Silver
Veja, por exemplo, a questão do regi- 1995, o Departamento de Agricultura Spring, Maryland 20904; E.U.A. E-mail:
me alimentar. Deus não quer que sofra- dos Estados Unidos, em suas diretrizes 74532.747@compuserve.com
mos de várias enfermidades causadas dietéticas atualizadas, enfatizou que «as
por ingerir espécies erradas de alimen- dietas vegetarianas são coerentes com Notas e referências:
tos. O relato de Gênesis sobre a Criação as diretrizes dietéticas para os america- 1. U.S. Department of Justice, Bureau of
nos dá a dieta original de Deus para a nos e estão de acordo com as doses die- Justice Statistics, «Crime in the United
States 1991», Washington D.C., 1992; ver
humanidade: «Eis que vos tenho dado téticas recomendadas quanto aos nutri-
também «Drugs, Crime, and the Justice
todas as ervas que dão semente e se entes». Este documento reconhece que: System: A National Report», Washington
• Os grãos estão associados a um ris- D.C., 1992.
SUCESSO co substancialmente menor de muitas 2. U.S. Department of Health and Human
Escolhas doenças crônicas, incluindo certos ti- Services, National Institute on Alcohol
erradas and Health: Sixth Special Report to
Admita sua pos de câncer. Congress on Alcohol and Health from the
Agradeça incapacidade • Os nutrientes antioxidantes produ- Secretary of Health and Human Services,
a Deus zem um benefício potencial em reduzir 1987".
o risco de câncer e outras doenças crô- 3. J. J. Collins e M.A. Messerchmidt,
«Epidemiology of Alcohol-Related
Sucesso nicas.
Peça ajuda de Violence», Alcohol Health and Research
inicial • O ácido fólico contido numa dieta World 17 (2): 93-100, 1993, National
Deus
vegetariana «reduz o risco de um tipo Institute on Alcohol Abuse and
grave de defeito congênito». Alcoholism.
Assim, tanto a partir dos dados bíbli- 4. U.S. Department of Justice, Bureau of
Trabalhe Esteja Justice Statistics, «Drugs, Crime, and the
Tenha cos como dos científicos, sabemos que
nele disponho a
um plano as escolhas dietéticas afetam nossa qua-
dar a Deus o Continua na pág. 19
a seguir lidade de saúde e vida. Escolhas sadias
crédito
Diálogo 12:1 2000 15
Nem tudo está à venda:
Uma perspectiva bíblica sobre economia

Leonard K. Gashugi

U m menino de 12 anos parece


uma criança de 4 ou 5. Magro, o
globo ocular virado para dentro,
a barriga saliente, mal pode engati-
nhar sobre a areia do sul do Sudão.
das reservas financeiras. Nós, cristãos,
somos também arrastados por essas
poderosas forças do mercado. Pode-
mos flutuar com a corrente ou erguer-
nos acima dela. Para encontrar a res-
Centenas de pessoas estão na fila do posta apropriada a esses impulsos eco-
lado de fora de um mercado na Rússia, nômicos aparentemente invencíveis,
esperando por um pão ou um pedaço precisamos voltar-nos para as páginas
de carne. No Congo devastado pela das Escrituras, a fim de que nos aju-
guerra, um país outrora rico em mine- dem a traçar alguns princípios pelos
rais e riquezas naturais, dezenas mor- quais viver como mordomos de Deus.
O equilíbrio econômico não
rem diariamente de fome. Os noticiá- Comecemos com o relato da Cria-
rios vespertinos dos Estados Unidos ção para descobrir o desígnio original
trazem a boa notícia de uma pílula para a humanidade e ver como os sis-
precisa permanecer um sonho. que pode queimar gordura e manter temas terrenos deviam funcionar e re-
as pessoas esbeltas, oferecendo uma lacionar-se uns com os outros. Em se-
nova cura para os estragos da abun- gundo lugar, vamos ver os efeitos da
dância. Queda e como ela afetou as relações.
Cada continente, cada país, cada Terceiro, veremos como a intervenção
comunidade, realmente, apresenta a divina tentou restaurar o equilíbrio de
gangorra da abundância e pobreza, o um sistema arruinado pelo pecado.
paradoxo do fracasso em meio ao su- Por último, consideraremos como
cesso. O equilíbrio econômico ainda nossas decisões moldarão o resultado
continua um sonho. final para nós, como indivíduos.
Isso acontece porque vivemos num
mundo com uma fome insaciável de O desígnio original
consumo? Ou é porque as nações in- O livro de Gênesis não é ambígüo
vestem uma quantidade substancial ao relatar como o mundo veio à exis-
de tempo, dinheiro e recursos para tência. «No princípio criou Deus os
melhorar a produtividade econômica céus e a terra» (Gênesis 1:1). Dentro
e competir no mercado internacional, desta ordem criada, Deus estabeleceu
sem pensar muito sobre como melho- uma certa hierarquia e um quadro es-
rar não só seu padrão de vida mas pecífico de relações. No topo da or-
também o dos outros? Ou é porque o dem criada estão os seres humanos,
conceito de vila global reduziu a co- feitos à imagem de Deus (verso 27) e
munidade humana à integração dos dotados de uma relação especial com
sistemas econômicos, financeiros e de Deus, a qual é mantida pela comu-
comunicação, sem o conceito equili- nhão e obediência (Gênesis 2:17). A
brador da compaixão e abnegação glo- segunda relação é entre homem e mu-
bal? lher, ligando a raça humana numa
As forças que motivam e moldam união amorosa e de colaboração (Gê-
os países são semelhantes àquelas que nesis 2:22, 23). A terceira relação é
impelem os indivíduos. O sucesso in- entre Deus e o resto da ordem criada.
dividual é geralmente definido em Por último, existe a relação entre os
termos de posses materiais e do valor seres humanos e o resto da criação. A

16 Diálogo 12:1 2000


terra então lhes dá sustento e eles por vestimenta de peles para Adão e sua para focalizar o poder e prazer mun-
sua vez recebem o domínio sobre a mulher e os vestiu» (Gênesis 3:21). danos. Com a passagem do tempo, os
terra. Este equilíbrio cósmico depende A análise econômica estuda como seres humanos desviaram-se ainda
de uma prova crucial de lealdade por os seres humanos se relacionam entre mais do plano original e «viu o Se-
parte da raça humana. No final da si e com o ambiente físico para satisfa- nhor que a maldade do homem se ha-
Criação, «Viu Deus tudo quanto tinha zer suas necessidades materiais. Não via multiplicado na terra» (Gênesis
feito, e eis que era muito bom» (Gêne- reconhece o papel de nenhuma outra 6:5).
sis 1:31). força, embora as Escrituras revelem A Queda e o Dilúvio alteraram o
No modelo econômico do Jardim que forças sobrenaturais também in- equilíbrio entre seres humanos e o
do Éden, Deus provê o que é necessá- fluenciam os esforços humanos. Este resto da criação, tornando a vida vul-
rio para a sobrevivência e o bem-estar. reconhecimento oferece aos cristãos nerável às vicissitudes da natureza. O
«De toda árvore do jardim comerás li- uma perspectiva diferente sobre as materialismo acompanhado da ga-
vremente» (Gênesis 2:16). A resposta forças em jogo e nos ajuda a saber nância de riqueza pessoal define os
humana devia ser de confiança e obe- como relacionar-nos com nosso ambi- contornos da vida humana. Em vez de
diência, de trabalho e trato do habitat ente econômico e com as forças do cultivar o solo e exercer domínio so-
(Gênesis 1:26; 2:15). Sua obediência mercado. Desde o começo, o inimigo bre a terra para o bem da comunidade
foi testada pela ordem de abster-se de tem usado atividades econômicas e a e a glória de Deus, o alvo da humani-
comer da árvore do conhecimento do busca do bem-estar material para ofe- dade ficou sendo a glorificação de si
bem e do mal (Gênesis 2:17). recer uma falsa sensação de seguran- mesma. Deus, entretanto, não quis
ça. Esse é, sem dúvida, um de seus que a humanidade seguisse esse cami-
A Queda meios mais eficientes para distrair a nho de autodestruição. Ele colocou
A escolha de Adão e Eva de desobe- humanidade que busca riquezas ver- diante da raça humana a abordagem
decer a Deus afetou todo o relaciona- dadeiras. Não é mera coincidência, econômica ideal através de dois gran-
mento. Os seres humanos tornaram-se portanto, que entre as nações e comu- des eventos: a escolha de Israel e a en-
alienados de Deus e se esconderam nidades a resposta à mensagem do carnação de Jesus.
(Gênesis 3:8). Adão, que tinha olhado evangelho parece ser inversamente
com deleite a sua companheira, «osso proporcional ao nível de prosperida- A economia política do antigo Israel
dos meus ossos e carne da minha car- de. Deus chamou o antigo Israel para
ne», acusa-a de levá-lo à transgressão Este sistema econômico, do qual ser uma nação que servisse de luz para
(verso 12). A mulher culpou a serpen- somos todos participantes, é parte do o mundo. Deu a Israel um modelo
te. Como resultado, Deus amaldiçoou drama que começou na árvore do co- econômico que não encontramos
a terra, que passaria a prover alimento nhecimento do bem e do mal. Precisa- numa economia puramente de merca-
somente pelo suor e trabalho do ser mos escolher em que lado do drama do. Os elos do equilíbio original no
humano (Gênesis 3:13, 17-19). nos colocamos. Como Ellen White modelo da Criação foram reintroduzi-
O pendor para o materialismo co- disse: «Temos inevitavelmente de es- dos. Primeiro, Deus foi novamente re-
meçou após a Queda. Gênesis 3:7 nos tar sob o domínio de um ou de outro conhecido como o Provedor da terra e
informa: «Abriram-se, então, os olhos dos dois grandes poderes em conflito da força para adquirir bens (Levítico
de ambos; e, percebendo que estavam pela supremacia do mundo. Não é ne- 25:23; Deuteronômio 8:18). Segundo,
nus, coseram folhas de figueira, e fize- cessário que escolhamos deliberada- o sistema de dízimo e ofertas sacrifi-
ram cintas para si». Adão e Eva come- mente o serviço do reino das trevas cais e voluntárias tornou-se o canal da
çaram a buscar segurança em seus pró- para cair-lhe sob o poder. Basta negli- resposta humana à benevolência de
prios recursos, fazendo coisas em vez genciarmos fazer alicança com o reino Deus e o reconhecimento humano de
de confiar em Deus para lhes suprir as da luz. Se não cooperamos com os ins- dependência total dEle. Terceiro, o
necessidades, incluindo roupa para se trumentos celestes, Satanás tomará princípio de obrigação mútua, tipifi-
cobrirem. Aqui vemos um sistema posse do coração e torná-lo-á morada cado pelo ano sabático bem como o
econômico começando a desenvolver- sua. A única defesa contra o mal, é ano jubileu, quando os servos hebreus
se, no qual os seres humanos buscam Cristo habitar no coração mediante a eram libertados e a propriedade devol-
auto-suficiência e autonomia, sem fé em Sua justiça. A menos que nos vida ao dono original, enfatizando a
perceber a influência de Satanás. Des- unamos vitalmente a Deus, nunca po- relação correta entre os seres huma-
sa forma, o esforço humano tornou-se deremos resistir aos não santificados nos e com o ambiente natural (Levíti-
essencial para fazer face às necessida- efeitos do amor próprio, da condes- co 25:1-4; Deuteronômio 15:12-15;
des básicas. Mesmo assim, Deus mos- cendência com nós mesmos e da ten- 25:13-15). Essas provisões também
trou a Adão e Eva que Ele ainda podia tação para pecar».1 A vida neste plane- tratavam da questão da integridade
suprir-lhes o necessário, melhor do ta foi quase obliterada ao desviar a nos negócios e da desigualdade eco-
que eles mesmos. «Fez o Senhor Deus humanidade seus olhos do Criador nômica. Lembravam aos israelitas que

Diálogo 12:1 2000 17


Deus é, em última análise, o dono de las, Jesus continuou a sublinhar os pe- — arma que muitos consideram ino-
todas as coisas, e Seus filhos são os rigos de se preocuparem com bens ter- fensiva, o que a torna ainda mais le-
gerentes. restres. Como Richard Foster obser- tal. O conselho de Jesus, de pôr o ser-
Um apelo em favor da justiça eco- vou, «Jesus falou de dinheiro mais fre- viço acima de qualquer outra conside-
nômica e compaixão para com os ne- qüentemente do que de qualquer ou- ração, é nosso modelo e nossa melhor
cessitados caracteriza a filosofia eco- tro assunto, exceto o reino de Deus».2 salvaguarda. Não ousemos permitir
nômica do Pentateuco (Levítico Quando o jovem rico recusou vender que Satanás nos anuvie a visão com
19:13, 35; 25:22, 37; Deuteronômio seus bens, dá-los aos pobres e segui- uma demonstração deslumbrante de
23:24, 25). Através do Velho Testa- Lo, Jesus comentou com Seus discípu- quinquilharias que se tornam obsole-
mento, Israel é constantemente repro- los quão difícil é para um rico entrar tas da noite para o dia, deixando-nos
vado pelos profetas por oprimir os po- no reino do céu (Mateus 19:21-24). A para sempre caçando um sonho ilusó-
bres, por seus tesouros ganhos deso- parábola do Homem Rico e Lázaro rio.
nestamente, suas balanças falsas, e também nos lembra as conseqüências
exortado a praticar a justiça, amar a eternas de ignorar as necessidades de O resultado final
beneficiência e andar humildemente nossos semelhantes e dedicar nossos Economia diz respeito a fazer esco-
com seu Deus (Miquéias 6:8-11). A in- recursos à gratificação própria. O con- lhas que melhor satisfaçam nossas ne-
fidelidade na devolução de dízimos e selho econômico supremo que Jesus cessidades materiais dentro de um ho-
ofertas era considerada roubo a Deus deseja comunicar é: «Buscai, pois, em rizonte temporal limitado. Mas Jesus
(Malaquias 3:8, 9). primeiro lugar, o Seu reino e a Sua jus- disse: «Pois que aproveitará o homem
Contudo, as reformas econômicas tiça, e todas estas cousas vos serão se ganhar o mundo inteiro e perder a
que Deus procurou realizar deixaram acrescentadas» (Mateus 6:33). sua alma?» (Mateus 16:26). A Bíblia
de materializar-se, devido à ganância Cada um de nós enfrenta a escolha avalia nossas escolhas sob a perspecti-
e ao desrespeito para com Seus conse- de servir a Deus ou às posses materi- va da eternidade. As profecias bíblicas
lhos. Naquele contexto sócio-econô- ais. De acordo com Jesus, não pode- indicam que nos movemos rapida-
mico vieram os ensinos de Jesus. mos ter dois senhores (Lucas 6:13). O mente para o fim da história desta ter-
Livro do Apocalipse diz-nos que nossa ra. Mas há uma nova terra que será
Jesus e a economia lealdade para com Deus será testada herdada por aqueles dos quais este
Embora a estrutura para restaurar o por uma penalidade econômica im- mundo não foi digno (Hebreus 11:38).
equilíbrio tenha sido esboçada dois posta sobre os que permanecem leais Se mantivermos nossos olhos fixos
milênios antes, quando Jesus apare- a Deus. «A todos, os pequenos e os nas realidades eternas, a tolice de tro-
ceu em cena o sistema estava em deca- grandes, os ricos e os pobres, os livres car os bens deste mundo pelas alegrias
dência e mal refletia o desígnio origi- e os escravos, faz que lhes seja dada que aguardam os remidos tornar-se-á
nal. Até mesmo o recinto do templo certa marca sobre a mão direita ou so- óbvia. Entrementes, não podemos
em Jerusalém, que devia ser um lugar bre a fronte, para que ninguém possa perder de vista alguns princípios bíbli-
sagrado, tinha sido transformado comprar ou vender, senão aquele que cos de economia.
num mercado. No discurso mais im- tem a marca, o nome da besta ou o
portante no começo de Seu ministério número do seu nome» (Apocalipse Princípios bíblicos gerais
público, Jesus falou incisivamente de 13:16, 17). Se havemos de permanecer 1. Deus criou o mundo para prover
questões econômicas: «Não acumuleis leais a Deus, isso dependerá basica- nossas necessidades físicas e as dos que
para vós outros tesouros sobre a terra, mente de nossa prontidão para desli- nos rodeiam. Em parte alguma da Bí-
onde a traça e a ferrugem corroem e gar-nos dos bens materiais. blia é condenada a abundância. Com
onde os ladrões escavam e roubam; Vemos isso no modo como Satanás efeito, a Bíblia apresenta vários ho-
mas ajuntai para vós outros tesouros tentou Jesus com bens terrestres du- mens piedosos a quem Deus abençoou
no céu, onde traça nem ferrugem cor- rante seu encontro no deserto. “Le- com riquezas, tais como Jó, Abraão e
rói, e onde os ladrões não escavam, vou-o ainda o diabo a um monte mui- Davi, nenhum dos quais foi corrompi-
nem roubam; porque, onde está o teu to alto, mostrou-lhe todos os reinos do pela riqueza. Para cristãos igual-
tesouro, aí estará também o teu cora- do mundo e a glória deles e lhe disse: mente abençoados, Paulo dá o seguin-
ção» (Mateus 6:19-21). Tudo isto te darei, se, prostrado, me te conselho: «Exorta aos ricos do pre-
Cristo exortou Seus ouvintes a não adorares. Então, Jesus lhe ordenou: sente século que não sejam orgulho-
se preocuparem demasiadamente com Retira-te, Satanás, porque está escrito: sos, nem depositem a sua esperança
as necessidades terrenas. Mostrou-lhes Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a na instabilidade da riqueza, mas em
como Seu Pai provê para o resto da Ele darás culto» (Mateus 4:8-10). Não Deus, que tudo nos proporciona rica-
Criação, e assegurou-lhes que eles há dúvida de que a sedução das rique- mente para nosso aprazimento; que
eram ainda mais importantes. Nos en- zas é uma das armas mais poderosas pratiquem o bem, sejam ricos de boas
contros com o povo e em Suas parábo- no arsenal de Satanás para nos tentar obras, generosos em dar e prontos a

18 Diálogo 12:1 2000


repartir; que acumulem para si mes-
mos tesouros, sólido fundamento para
outros superiores a si mesmo» (Fili-
penses 2:3). Somos chamados a ser a
Escolhas
o futuro, a fim de se apoderarem da luz e o sal da terra, e nossa tarefa é ir- saudáveis…
verdadeira vida» (I Timóteo 6:17-19). radiar luz onde há trevas, e proporcio- Continuação da pág. 15
2. A preocupação com bens terrestres é nar sabor onde a vida perdeu todo
um laço posto pelo inimigo para nos sentido.
afastar das verdadeiras riquezas. De Justice System: A National Report»,
novo Paulo nos oferece a perspectiva Washington D.C., 1992.
Leonard K. Gashugi (Ph.D., Boston 5. I. J. Chassnoff, Drugs, Alcohol, Pregnancy
seguinte: «Ora, os que querem ficar ri- University) lidera o Departamento de and Parenting (Hingham, Massachussets:
cos caem em tentação, e cilada, e em Contabilidade, Economia e Finanças da Northwestern University Medical School,
muitas concupiscências insensatas e Faculdade de Comércio da Andrews Uni- Departments of Pediatrics and Psychiatry
perniciosas, as quais afogam os ho- and Behavioural Sciences, Kluwer
versity. Seu endereço: Andrews Universi-
Academic Publishers, 1988).
mens na ruína e perdição. Porque o ty; Berrien Springs, Michigan 49104; 6. Institute of Health Policy, Brandeis
amor do dinheiro é raiz de todos os E.U.A. E-mail: gashugi@andrews.edu University, Substance Abuse: The Nation’s
males; e alguns, nessa cobiça, se desvi- Number One Health Problem: Key Indicators
aram da fé e a si mesmos se atormen- Notas e referências: for Policy. The Robert Wood Johnson
taram com muitas dores» (I Timóteo 1. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Foundation, October 1993.
Nações (Santo André, SP.: Casa 7. Ellen G. White, Conselhos sobre Saúde,
6:9, 10). Considerando a obsessão pre- (Santo André, SP.: Casa Publicadora
dominante com o sucesso material e o Publicadora Brasileira, 1979), pág. 307.
2. Richard J. Foster, The Challenge of the Brasileira, 1971), pág. 41.
conhecimento de Satanás de que seu Disciplined Life (New York: Harper 8. White, Educação (Santo André, SP.: Casa
tempo é curto, precisamos estar vigi- Collins Publishers, 1985), pág 19. Publicadora Brasileira, 1977), pág. 195.
9. White, Ciência do Bom Viver (Santo André,
lantes e evitar ser enredados em sua
SP.: Casa Publicadora Brasileira, 1977),
trama sedutora. pág. 127.
3. A Bíblia não desestimula nosso en- 10. The Adventist Health Study, School of
volvimento em atividades econômicas, Rede de Health, Loma Linda University, Loma
Linda, California, 1978.
contanto que nosso emprego seja honra-
do e nossos negócios honestos. Muitos Profissionais 11. J. Berkel e F. DeWaard, «Mortality Pattern
and Life Expectancy of Seventh-day
indivíduos que prestaram assistência
financeira à igreja cristã primitiva
Adventistas Adventists in the Netherlands»,
International Journal of Epidemiology 12
eram pessoas abastadas e talentosas. A (1983): 455-459.
Você, adventista do sétimo dia, tem di- 12. H. Waaler e P. F. Hjort, «Hoyere levealder
lista inclui Áquila e Priscila, que eram
ploma acadêmico ou profissional? Deseja hos Norske Adventister 1960-1977: Er
fabricantes de tendas em Corinto budskap om livstil og hels? (Low
(Atos 18:2, 3), e Lídia, que era «da ci- participar da rede e interagir com colegas
Mortality Among Norwegian Seventh-day
dade de Tiatira, vendedora de púrpu- adventistas em seu campo, disciplina ou Adventists, 1960-1977: A Message on
ra» (Atos 16:24). Outro rico, José de profissão ao redor do mundo? Lifestyle and Health)», Tedsskr Nor
Podemos ajudá-lo. Envie-nos apenas seu Laegeforen 101 (1981): 623-627.
Arimatéia, assumiu a responsabilidade 13. W. Jedrychowski, B. Tobiasz-Adamczyk, A.
de providenciar um sepultamento dig- nome e endereço, e lhe mandaremos o for-
Olma, e P. Gradziliewicz, «Survival Rates
no para o Salvador. Há sem dúvida mulário. Incentive seus amigos a se inscre- Among Seventh-day Adventists Compared
muitos crentes hoje que têm dado li- verem também. With the General Population in Poland»,
Entre em contato com: Adventist Pro- Scandinavian Journal of Socialised Medicine,
beralmente para fazer avançar o reino
fessionals’ Network, c/o Dialogue; 12501 13 (1985): 49-52.
de Deus neste planeta, e todos nós 14. White, Orientação da Criança (Santo
podemos participar, independente- Old Columbia Pike; Silver Spring, MD
André, SP.: Casa Publicadora Brasileira,
mente dos meios de que dispomos. 20904; E.U.A. 1975), pág. 380.
Lembre-se da viúva e seus dois vin- Fax: (301) 622-9627.
téns! E-mail: 105541.3200@compuserve.com
4. Devemos cultivar a simplicidade.
«Quem confia nas suas riquezas cairá,
mas os justos reverdecerão como a fo-
lhagem» (Provérbios 11:28). As rique-
zas são por vezes uma bênção tempo-
rária que pode ser perdida num ins-
tante. Paulo aconselha os membros da
igreja de Filipos: «Nada façais por par-
tidarismo ou vanglória, mas por hu-
mildade; considerando cada um os

Diálogo 12:1 2000 19


Perfis
Eardell Jenner Rashford
Diálogo com uma juíza adventista na cidade
de Nova York

U ma cristã que ama seu Senhor. Uma adventista do sétimo dia que é ativa
em sua igreja. Uma juíza que faz justiça na cidade de Nova York. Uma
mulher que se preocupa com a comunidade na qual vive. Esta é Eardell
Jenner Rashford.
■ Como entrou no serviço dos tribunais?
Foi por escolha. Em setembro de
1994 requeri uma vaga no Tribunal de
Habitações. Havia de 100 a 150 candi-
Eardell nasceu em Harlem, na cidade de Nova York. Do nível primário ao su- datos para o cargo. Depois de terem
perior, freqüentou escolas adventistas. Em 1971, recebeu o doutorado como Ju- sido entrevistados por uma sub-co-
rista (J.D.) da Faculdade de Direito da Howard University. missão do Conselho Habitacional, 40
Enquanto freqüentava o curso de Direito, Eardell participava de serviços à foram escolhidos para comparecer di-
comunidade, devotando tempo ao Centro de Informações ao Consumidor de ante do comitê pleno. Em cada nível
Washington, D.C., onde era responsável pela investigação de reclamações dos os exames eram orais, o que exigia o
consumidores. Ao concluir a faculdade, trabalhou como secretária para a Socie- tipo de concentração e foco que os ju-
dade Jurídica de Nova York. Mais tarde foi empregada pelo Departamento de ízes precisam em seu trabalho, bem
Assuntos dos Consumidores de Nova York e pela Unidade de Assistência Comu- como a habilidade de responder de
nitária, onde continuou até 1980. modo apropriado. O processo exigia
Nos quinze anos que se seguiram, a advogada Eardell Rashford cuidou de ca- muito. Dos 40, quatro candidatos fo-
sos de propriedade comercial para a Divisão de Propriedades da cidade de Nova ram selecionados para comparecer di-
York. Durante este tempo, trabalhou como árbitro no Tribunal de Pequenas ante da Associação dos Advogados da
Causas para a cidade e no Escritório de Melhores Negócios. Em julho de 1995, cidade de Nova York. O processo aqui
Rashford foi designada Juíza do Tribunal de Habitações da cidade de Nova foi mais detalhado, levando afinal a
York. uma entrevista pela Comissão Judiciá-
Dedicada a Deus, à sua igreja e à comunidade, Eardell dá glória e honra a ria Plena da Ordem dos Advogados,
Deus pelo que tem feito em sua vida. Ela é membro antigo da “Ephesus depois por três membros da Adminis-
Seventh-day Adventist Church” em Harlem, servindo à comunidade onde quer tração da Corte, e finalmente pelo
que precisem dela. Tem também sido assessora jurídica da Associação dos Juiz-Chefe Administrativo da Cidade.
Adventistas do Sétimo-dia do Nordeste e membro da mesa administrativa do Esperei quase seis meses pelo resulta-
Oakwood College em Huntsville, Alabama, E.U.A. do das entrevistas. Quando os resulta-
dos finalmente vieram em fevereiro
de 1995, tive uma surpresa: não fui es-
colhida.
■ Juíza Rashford, por favor diga-nos o com as comunidades nas quais vivo e
que a ajudou a tornar-se o que é hoje? trabalho, incluindo a comunidade ci- ■ Ficou desanimada? Pensou talvez que
Tendo sido criada num lar adven- vil, a Igreja Adventista do Sétimo Dia as portas não se abrissem de novo?
tista, Deus tem sempre sido supremo e as instituições educacionais adven- Não, eu me sentia em perfeita paz,
em minha vida. Sou produto da edu- tistas que tiveram um papel impor- embora de fevereiro até junho de
cação adventista do sétimo dia, graças tante em moldar minha vida. 1995 o único incentivo que recebi do
à fidelidade de meus pais em cuidar Escritório de Administração da Corte
de mim através dos anos. Nasci e fui ■ Sempre teve o desejo de ser juíza? tenha sido uma carta dizendo que
criada no Harlem, um bairro de Nova Quando criança, meu primeiro so- meu nome seria considerado, se algu-
York. Vivo agora no Bronx, onde tra- nho era ser mecânica de automóveis, ma vaga ficasse disponível. Então um
balho como Juíza do Tribunal de Ha- visto meu pai ser mecânico. No tempo juiz morreu inesperadamente e fui
bitações. Ao longo dos anos, tive um do ginásio, sonhava ser advogada. De- chamada para o cargo. Reconheci que
forte senso de responsabilidade para pois que entrei na profissão jurídica, a paz que experimentara durante a
fui impressionada a tentar trabalhar longa espera tinha sido uma dádiva de
num tribunal. Sentia que Deus estava Deus. Ele sabia o que vinha pela fren-
me conduzindo nessa direção. te; eu não sabia. Foi um tempo mara-

20 Diálogo 12:1 2000


vilhoso de maior confiança nEle, ven- de favoritismo por uma parte ou ou- ■ Tem o trabalho afetado sua fé?
do Seu plano para minha vida descor- tra, mas sou conhecida por minha Sim, meu trabalho fez minha fé fi-
tinar-se depois de tantos meses sem paciência e compreensão. car mais forte. Confio mais em Deus.
qualquer indicação de qual seria o Apoio-me nEle em busca de ajuda
desfecho. Fui grandemente abençoada ■ Numa sala de audiências, um juiz en- para dizer o que é certo. Oro bastante
pela experiência. contra situações que podem tanto desafi- por sabedoria — na cátedra e fora
ar como frustrar. Como age em tais ca- dela.
■ Qual é seu tempo de serviço nesse car- sos?
go? Se alguém pensa que ser juiz do Tri- ■ Como juíza, mulher, vê algum aspecto di-
Cinco anos. Na cidade de Nova bunal de Habitações é irritante, não ferente em operação?
York, os juízes são selecionados, elei- deve ser juiz. Tenho uma implicância, Há ocasiões em que uma mulher
tos ou, mais freqüentemente, designa- porém, e esta é com gente que inter- juíza não é tão respeitada quanto um
dos pelo prefeito. Como Juíza do Tri- rompe os outros — advogados inter- homem, tanto pelos advogados como
bunal de Habitações, trabalho como rompendo as partes contrárias, ou al- pelos litigantes. Assim, exijo respeito.
oficial de audiências, e fui escolhida guém me interrompendo. Em minhas Mantenho o mesmo ar de respeito que
por designação do Escritório da Corte audiências, deixo claro que todos te- espero deles no tribunal. A questão do
de Administração. rão a oportunidade de falar. Não é sexo é mais uma faceta que conservo
permitido interromper e realmente em mente no meu alvo de instilar res-
■ Tem a religião criado algum obstáculo não é necessário, nessas circunstânci- peito pelo tribunal.
em seu trabalho? as. Conseqüentemente, cada um tem
Não. Não temos problema no sába- oportunidade de falar no tribunal. ■ Que acha de adventistas nos tribunais?
do. O sistema de tribunais da cidade Minha perspectiva jurídica é que Creio que o litígio deve ser o últi-
em geral respeita as preferências reli- todo problema tem solução. O inqui- mo recurso para adventistas — depois
giosas, talvez por causa da diversidade lino ou o proprietário, ou ambos, po- de esgotar os passos de reconciliação e
de afiliações religiosas do povo que dem não gostar da solução, mas todo resolução esboçados em Mateus 18.
vive na cidade. Sou franca quanto às problema tem sua solução, de acordo Os indivíduos precisam ter uma forma
minhas crenças. Todo ano no outono com a lei. de resolver problemas. Para os cris-
— quando o sol começa a se pôr mais tãos, o melhor recurso é Mateus 18,
cedo — entrego uma nota explicando ■ Ao falar de seu trabalho, a senhora mas quando isso não produz o resulta-
que vou sair mais cedo nas sextas-fei- transmite alegria. Que torna seu trabalho do desejado, as pessoas devem ter
ras à tarde por causa de minhas cren- tão prazenteiro? acesso aos meios legais.
ças religiosas, e nunca houve proble- Gosto dele por três razões: estou
ma. ajudando indivíduos; estou aplicando ■ Ser juiz é gratificante financeiramente?
a lei; e estou aplicando a lei tempera- [Risadas]. O dinheiro não é a coisa
■ Por favor, conte-nos como é um dia no da com misericórdia para ambas as mais importante na vida. Um jovem
tribunal. partes. É um desafio saber como apli- advogado em seu primeiro ano após a
O horário de trabalho vai das 9h30 car a lei. É excitante, porque não sei o faculdade de Direito ganha mais di-
da manhã às 5 da tarde. Contudo, que vai ser apresentado. Pode ser um nheiro na Wall Street do que eu como
posso gastar tempo depois disso com caso rotineiro ou um caso raro. De juíza. Creio que a maior recompensa
decisões reservadas mais cedo no dia. qualquer modo, é sempre uma surpre- que uma pessoa pode ter é sentir-se
Em minha função atual, eu julgo ca- sa. Também é uma atividade criativa feliz com o que faz.
sos e os decido. Minha corte atende estudar a complexidade da lei para de-
de 50 a 100 casos por dia. Natural- terminar que aspecto deve ser aplica- Entrevista por Betty Cooney.
mente nem todos os casos são resolvi- do numa dada situação, e como deve
dos naquele dia. Meu horário regular ser aplicado. Betty Cooney é especialista em comuni-
envolve o exame de 30 a 40 casos por cação e tem trabalhado por muitos anos na
dia. Cada manhã fazemos um discurso ■ Sua vida gira em torno da lei. Como se Igreja Adventista do Sétimo Dia. Recente-
para lembrar as pessoas de que estão relaciona com isso em nível pessoal? mente, coordenou o Seminário Profético do
num tribunal, e as aconselhamos so- Gosto de estar envolvida com a lei Milênio, transmitido via satélite da cidade
bre como devem conduzir-se. Sento e aplicá-la. Fui instruída como advo- de Nova York.
numa cátedra alta, e isso mantém gada, e os advogados devem ser ho-
uma distância que ajuda a inspirar nestos. Eles têm um código de ética
respeito e manter o decoro no tribu- que diz que se espera que sejam ho-
nal. Geralmente não sorrio nas audi- nestos; assim, isso é parte do que sou.
ências, de modo a não dar a impressão Gosto de meu trabalho no tribunal.

Diálogo 12:1 2000 21


Perfis
Alois Kinder
Diálogo com um empresário adventista na Áustria

O ptimo é uma empresa manufatureira que representa o otimismo cristão


por excelência. Teve sua origem em Braunau, Áustria, a cidade onde
Hitler nasceu. Aí termina a comparação entre os dois. Fundada num es-
tábulo abandonado para oferecer oportunidade de trabalho para estudantes do
Seminário Adventista de Bogenhofen, Optimo tem uma história única no meio
ção formal. A guerra fez com que mi-
nha família deixasse a casa e tudo o
que tínhamos na Iugoslávia. Mesmo
assim, nunca estive só. Deus foi bom
para mim.
comercial da Europa do período pós-guerra. Sua função básica é proporcionar às
pessoas uma boa noite de descanso. Camas modernas, armações de cama e col- ■ Desde que fundou Optimo, o senhor
chões de todos os tipos, manufaturados com padrões de alta qualidade sob o mergulhou tão completamente nesse pro-
nome de Optimo, são conhecidos na Áustria, Alemanha, Itália, Suíça, jeto que todos que o conhecem dizem que
Escandinávia e muitos outros países. o senhor se casou com Optimo.
No começo, durante a crise econômica do pós-guerra, Optimo era um anão Até minha mulher conta essa pia-
lutando para sobreviver no meio de gigantes industriais. Tinha de competir com da! Mas o sucesso, em qualquer em-
17 outras empresas no ramo de fabricação de camas. Depois de anos de cresci- preendimento, não vem sem dedica-
mento, entretanto, Optimo é hoje a maior das duas fábricas de armações de ção total. Naturalmente, não significa
cama na Áustria. De um pequeno estábulo, a empresa cresceu para se tornar que se deva ficar tão preocupado com
um centro manufatureiro que opera dentro de seis enormes pavilhões, produzin- os negócios, a ponto de permitir que
do 2 mil armações de cama por dia, em contraste com as 1.600 por ano em isso afete nossa relação em outras áre-
1955. as, tais como Deus e a família.
O homem por trás desta história de sucesso é Alois Kinder. Mas ele seria o Quando estávamos desenvolvendo
primeiro a negar qualquer crédito pessoal. Para este empresário adventista, a empresa, achei-me constrangido en-
toda glória deve ser dada a Deus. Kinder vê Optimo como um negócio que nas- tre meu desejo de alcançar sucesso
ceu com um grande sonho, e é esta visão e esta fé que ajudaram no crescimento nos negócios e meus deveres como es-
da fábrica. poso e pai. Não era fora do comum eu
Alois Kinder é alguém que se fez por si mesmo. No fim da Segunda Guerra, trabalhar até tarde da noite e depois
ele e sua família alemã tiveram de fugir para a Iugoslávia, deixando para trás sair para uma viagem de negócios.
tudo o que possuíam. A fuga levou Alois para a Áustria, onde trabalhou em fa- Houve ocasiões em que eu mal tinha
zendas e cuidou do gado. Mas Deus tinha outros planos para ele. Com a suges- tempo para estar com minha família.
tão de um primo, Alois foi para o Seminário Adventista em Bogenhofen. O ge- Mas eu sempre soube que não podia
rente financeiro do seminário viu o potencial de Alois e recrutou-o para levan- permitir que os negócios diminuíssem
tar Optimo. Alois mergulhou tão fundo no projeto, que logo se tornou o chefe de meu amor para com a família. O lar
Optimo, transformando-o naquilo que é hoje. estava nas mãos muito prendadas de
Aposentado em 1996, depois de passar as operações regulares da empresa minha esposa. Ela compreendia bem
para as mãos da geração seguinte, Alois Kinder continua a testemunhar do que minha situação. E sou grato a Deus
Deus pode fazer através de indivíduos dedicados e fiéis. porque nossas três filhas tinham os
mesmos sentimentos.

■ O senhor se considera uma pessoa que ■ O mundo dos negócios de hoje é um lu-
se fez sozinha? gar escabroso onde dificilmente se encon-
Não exatamente. Você vê, nunca tra bondade. Foi esta sua experiência
estive só. Sempre senti a direção divi- também?
na em minha vida. Tudo o que fiz — A vida parece ter mudado drastica-
incluindo Optimo — é um dom de mente em anos recentes. Logo depois
Deus. Ele deu os talentos, a motivação da Segunda Guerra, quando a pobreza
e a habilidade de avançar. Ajudou-me era comum, as pessoas não eram tão
a transformar toda desvantagem em arrogantes e indiferentes como hoje.
possibilidade. Não obtive uma educa- Naqueles tempos, quando eu visitava
22 Diálogo 12:1 2000
clientes, chegava a conhecer suas fa- Hoje, podemos dizer que somos res- ■ Os patrões são por vezes autoritários
mílias. «Venha ver minha casa!» era ponsáveis pelo sono repousante e sa- com seus empregados. Como é no caso da
um convite ouvido freqüentemente. dio dos austríacos. Não estou exage- Optimo?
Eu conhecia as crianças. Por vezes es- rando quando digo que a maioria dos Um negócio pode ser gerido de dois
sas crianças se tornavam chefes dos austríacos e muitos alemães dormem modos. O gerente dita a regra, estabe-
negócios do pai e então se tornavam sobre nossos produtos. Fazemos entre- lece o objetivo e espera que os operá-
meus clientes. Naqueles tempos, a gas a mil lojas de móveis na Áustria, rios façam o trabalho. O trabalho é
bondade era esperada e dada livre- Alemanha, Itália, Suíça, Escandinávia feito, mas a um preço. A outra manei-
mente. Hoje, nesta época de supertec- e até Israel. Trinta e nove por cento ra é a mais agradável. O gerente vê os
nologia e competição acirrada, parece dos bens que produzimos são exporta- trabalhadores como parceiros. Há que
que tudo e todos se tornaram parte de dos. dar e tomar. Há cooperação. O traba-
uma grande máquina. Uma parede in- lho torna-se uma aventura partilhada.
visível se levantou entre as pessoas — ■ As relações humanas desempenham É o que Optimo tem procurado fazer.
na comunidade, no lugar de trabalho um papel importante no sucesso de uma Muitas vezes tenho-me associado com
e até na igreja. empresa. Como homem de negócios bem- os operários na oficina. Meus colabo-
sucedido, que diria sobre isso? radores são meus amigos. Por vezes
■ O senhor acha que a frieza e a descon- Sem relações humanas adequadas, têm melhor idéia de como fazer uma
fiança se infiltraram por toda parte? nada na vida pode ter êxito. Mesmo tarefa mais eficientemente. Eu os re-
Certamente. Deixe-me contar uma ao tomar decisões difíceis e talvez até conheço e os elogio. Com essa atmos-
experiência pessoal. Não faz muito negativas nos negócios, não se pode fera na empresa, pode-se conseguir
tempo, estava visitando um cliente e diminuir a dignidade da outra pessoa. muito mais.
ele me disse: «Senhor Kinder, por fa- Sempre procurei respeitar a dignidade
vor sente-se aqui, e não fique andan- do outro. Isso é muito importante. As ■ Como cristão e empresário bem-sucedi-
do pela loja de móveis!» Fiquei surpre- pessoas o percebem e tendem a agir de do, qual é sua filosofia e qual seria seu
so e sem saber como reagir diante de modo recíproco. Essa abordagem tem conselho a jovens adventistas que plane-
tal declaração. Embora quisesse andar conseqüências práticas também. jam entrar no ramo?
pela loja, como usualmente faço, fui Até hoje, os sindicatos não conse- Minha filosofia empresarial é bas-
impedido de fazê-lo. A explicação guiram firmar-se em nossa empresa e, tante simples. Somos gerentes daquilo
veio depois. Temia-se que eu estivesse como resultado, criar uma fenda entre que Deus nos confiou. Quer seja co-
espionando para os concorrentes. patrões e trabalhadores. Eles ainda mércio, indústria, educação ou outro
Uma idéia ridícula, mas é assim que as aparecem de vez em quando, tentan- ramo qualquer, o que temos não é
coisas são hoje. do convencer os operários a se filia- nosso. É um dom de Deus, e devemos
rem, mas nenhum tem interesse. sentir que Deus é proprietário e mos-
■ No complicado mundo empresarial, é trar que somos mordomos. O sucesso
possível praticar princípios cristãos? In- ■ Como são resolvidos os problemas nas e a realização pessoal virão natural-
centivaria os adventistas a entrarem no oficinas da Optimo? mente, com dedicação a esta filosofia.
mundo dos negócios? Pessoas em posição de liderança Os jovens adventistas que têm a aspi-
Sim, certamente incentivaria. Mas precisam demonstrar compreensão e ração de entrar num negócio ou numa
é importante ter princípios sólidos e empatia. Na Optimo, procuramos indústria precisam saber se o que fa-
apegar-se a eles. Praticamente todos compreender as pessoas a partir de zem é motivado por um desejo de
os meus clientes sabem que não bebo sua perspectiva e então atacamos o cumprir a vontade de Deus para eles.
nem fumo, e se esquivam de certas problema. Às vezes pode ser necessá- O materialismo não deve ser o moti-
atividades quando estou com eles. rio andar uma boa distância — aquela vo. Torne-se um canal para as bênçãos
Aceitam isso e, na verdade, respeitam milha extra — para encontrar as pes- de Deus, e você terá verdadeira alegria
meus princípios. As pessoas gostam de soas onde se acham. Depois de apo- e realização na vida.
fazer negócio com aqueles que têm sentado, minha tarefa especial é dialo-
uma reputação de integridade. Como gar com nossos operários. Muitos de- Entrevista por Hans Matschek.
nosso Senhor disse: «Seja...a tua pala- les têm seus problemas. O casamento
vra: Sim, sim; não, não» (Mateus pode estar desmoronando. Mulheres Hans Matschek leciona Inglês no Semi-
5:37). precisam de um horário flexível para nário Adventista do Sétimo Dia de Boge-
cuidar das responsabilidades da famí- nhofen, Áustria. Endereço de Optimo: In-
■ Qual é o alcance das atividades de Op- lia. Cada empregado é diferente. Pro- dustriezeile 10; A - 5280 Braunau; Áustria.
timo? curamos ouvir. Mostramos compreen- E-mail: windisch@optimo.at
No começo, Optimo fabricava só são. Esse tipo de relacionamento cos-
armações de camas. Posteriormente, tuma criar um bom ambiente na ofici-
foram acrescentados os colchões. na.
Diálogo 12:1 2000 23
Logos
Enfrentando o pecado
David A. Pendleton Todos caímos, mas não precisamos permanecer
prostrados.

Tendo sido criado e educado na latim: «Tome e leia, tome e leia»).


Igreja Adventista e em colégios adven- Achando a Epístola aos Romanos
Nossos corações estão inquietos tistas, cresci bem versado em teologia numa mesa próxima, ele a tomou e
bíblica. Embora não fosse legalista, eu leu. Mas fez mais do que focalizar pa-
tinha, infelizmente, adquirido a no- lavras. Ele encontrou a Palavra. Dian-
até encontrarmos nosso ção errônea de que a teologia correta, te do sublime poder, majestade e
e não a cruz de Cristo, era a chave amor dAquele que é Amor, a vida de
para a salvação. Agostinho mudou para sempre. A in-
descanso em Deus. Felizmente, na Universidade de La formação que leu era importante, mas
Sierra, vim a compreender que — em- ainda mais importante foi a presença
bora a apreciação das 27 doutrinas do Espírito Santo. Enfocando a Pala-
—AGOSTINHO fundamentais da Igreja fosse necessá- vra de Deus, ele experimentou Aquele
ria — certamente não era suficiente que é a Palavra.
para assegurar a salvação. Gradual- Agostinho viveu há muito tempo,
mente reconheci que a experiência da mas sua experiência nos fala hoje. Ele

A li estava ele. O Presidente dos Esta-


dos Unidos admitindo, num pro-
nunciamento televisionado de
quatro minutos, a sua participação
numa «relação inapropriada» com
graça de Deus, que eu tanto almejava,
vinha não de saber a respeito de Cris-
to, mas de conhecê-Lo como Salvador
pessoal. Em suma, crenças corretas
não eram o suficiente para garantir
nos lembra que o dilema humano é
moral. Tem pouco a ver com quanta
informação possuímos e muito a ver
com o estarmos em harmonia com
Deus. Agostinho falou da «Queda»
uma jovem estagiária, confessando ação correta. Eu precisava ter um rela- como marcando a origem do pecado
que suas afirmações anteriores quanto cionamento correto. neste mundo. Não era plano de Deus
à sua aventura tinham enganado o que estivéssemos em conflito com Ele.
povo de seu país. Uma questão sem- O significado de pecado Ao contrário, Deus nos criou à Sua
pre me voltava à mente. Como é que Agostinho é talvez mais lembrado imagem, declarou boa a humanidade
um indivíduo como o Presidente Clin- por sua obra Confissões. Embora auto- e queria entrar em relacionamento
ton — com suas impressionantes cre- biográfico na forma, o livro é rico em com nossos primeiros pais e com to-
denciais acadêmicas, inquestionável conteúdo teológico. Nele, o autor ex- dos nós.
inteligência, paixão pela política, co- põe sua alma ao leitor, não por um de- Adão e Eva receberam tudo de que
nhecimento da lei e traquejo em rela- sejo de fama, mas por uma solicitude precisavam para crescer numa relação
ção com a mídia — pôde escolher ar- genuinamente cristã e pelo desejo de sempre mais íntima com seu Criador.
riscar-se tanto, fazendo algo tão in- poupar os outros daquilo que ele so- “Não comam da árvore do conheci-
sensato? Como pode alguém agir de freu. mento do bem e do mal”, Deus os ins-
modo tão incoerente com aquilo que Agostinho cometeu sérios erros na truíra. Mas escolheram desobedecer.
sabe ser o correto? vida, e no livro ele mostra como so- Adão e Eva caíram não por causa de
A pergunta é semelhante a algumas mente uma relação com Deus o salvou ignorância mas por desobediência.
que fiz há muitos anos, como estu- de si mesmo. Ele conta como a concu- Cristo teve de morrer não tanto para
dante na Universidade de La Sierra e piscência tinha lutado com sua cons- nos transmitir informação, mas basi-
na de Loma Linda. Minha pergunta ti- ciência, como a lascívia o corrompera, camente para estabelecer uma relação
nha que ver com o significado e as e como uma inquietude descontrola- correta conosco.
conseqüências do pecado. Como é da o levara a ser zeloso de um modo A Bíblia nos diz que a alienação é
que os adventistas do sétimo dia con- contrário ao ideal de Deus para sua um dos resultados do pecado (Gênesis
tinuam pecando, sabendo o que sa- vida. 3:10-13). A primeira coisa que Adão e
bem? Por que é que deixamos de al- Um dia, Agostinho estava no jar- Eva fizeram depois de desobedecer a
cançar o ideal de Deus tantas vezes, dim quando ouviu uma meninazinha Deus foi fugir dEle. Mais tarde, quan-
quando possuímos tanta luz? repetindo: «Tolle lege, tolle lege» (em do confrontados por Deus, deixaram
24 Diálogo 12:1 2000
de admitir suas faltas. Emudeceram. E Isso é realmente o que se chama de bem por nós mesmos. Mas Deus pode
depois apontaram um ao outro como boas novas. nos transformar e nos dar forças se
o culpado. Como resultado de seu pe- Podemos confiar em que não esta- Lho permitirmos. Com efeito, «Tudo
cado, afastaram-se de Deus e conse- mos sós. Porque morrendo sobre a posso nAquele que me fortalece» (Fili-
qüentemente se separaram um do ou- cruz, Cristo pôs termo à alienação. penses 4:13).
tro. O pecado leva à ruptura total de Possibilitou que nos uníssemos com Como Paulo, como Agostinho,
relações. Nosso relacionamento hori- Ele, e está reconciliando o mundo como Clinton e como todos os outros,
zontal ou terreno depende de um for- consigo mesmo (II Coríntios 5:19). desapontamos a Deus. Cairemos, mas
te relacionamento vertical ou celeste. Por causa da cruz, agora não há con- não precisamos permanecer prostra-
Deus não somente é o Criador de denação. Deus não vê um veredito de dos. A graça de Deus é suficiente para
tudo que existe. Deus é como uma ár- culpa estampado sobre nossos cora- nos erguer e nos ajudar a andar de
vore que une todos os galhos. À parte ções. Ele vê o manto de justiça de novo na vereda da fé.
de Deus não há unidade. Sem Deus es- Cristo. «Portanto, agora, nenhuma
tamos sós. Foi isso que Cristo experi- condenação há para os que estão em David A. Pendleton é advogado ad-
mentou na cruz: a ausência de Deus. Cristo Jesus»... que não andam «se- ventista e legislador no Havaí. Seu «Per-
A segunda conseqüência do pecado gundo a carne, mas segundo o espíri- fil» foi publicado em Diálogo 10:3
é a condenação (Romanos 5:18). Ten- to» (Romanos 8:1, 4). (1998). Endereço postal: State Capitol;
do desobedecido deliberadamente a Continuaremos a lutar com nossa Honolulu, Havaí 96813; E.U.A. E-mail:
Deus, incorremos no julgamento de natureza caída (ver Romanos 7), por- reppendleton@capitol.hawaii.gov
Deus. Uma sentença de culpa é pro- que somos impotentes para fazer o
nunciada sobre nós. E passamos a vi-
ver sob a escravidão do pecado. O pe-
cado não só interrompe nossa relação
com Deus; também nos deixa inclina-
dos contra Deus e com um pendor Assinaturas

D
para o pecado. Adão e Eva fizeram epois de um longo e árduo trabalho, você finalmente tem seu diploma
mais do que deixar um mau preceden- na mão. Ótimo! E agora que está neste vasto mundo, você se esforça
te; lançaram-nos numa condição da para continuar sendo um cristão dedicado. Num aprendizado que dura
qual não podemos escapar por nossas a vida toda. Não é fácil! Mantenha-se em contato com as atividades e os melho-
próprias forças. Estamos condenados. res pensadores adventistas ao redor do globo. Participe do Diálogo!
«O salário do pecado é a morte» (Ro-
Assinatura anual (3 números): US$12,00; Números anteriores: US$4,00 cada.
manos 6:23).
Gostaria de me inscrever para Diálogo em:
O triunfo da cruz ❏ Inglês ❏ Francês ❏ Português ❏ Espanhol.
Felizmente, o pecado e a morte não Números: ❏ Comece minha inscrição com o próximo número.
têm a última palavra. Paulo continua ❏ Gostaria de receber os seguintes números anteriores:
no mesmo verso com as boas novas: Vol.____No___
«Mas o dom gratuito de Deus é a vida Pagamento: ❏ Estou incluindo um cheque internacional ou ordem bancária.
eterna, por Cristo Jesus, nosso Se- ❏ O número de meu cartão de crédito ❏ Master Card ou ❏ Visa
nhor.» é ___________________________ Válido até (data) _____________
Temos um Deus amoroso que não Por favor use letra de forma.
nos abandona. Por isso, enviou Seu Nome: _____________________________________________________________
único Filho para morrer em nosso lu-
Endereço: _____________________________________________________________
gar. «Assim, como por uma só ofensa,
veio o juízo sobre todos os homens _____________________________________________________________
para condenação, assim também, por
Envie para: Dialogue Subscriptions, Linda Torske; 12501 Old Columbia Pike;
um só ato de justiça, veio a graça so-
Silver Spring, MD 20904-6600; E.U.A. Fax: 301-622-9627.
bre todos os homens, para a justifica-
E-mail: 110173.1405@compuserve.com
ção que dá vida. Porque, como, pela
desobediência de um só homem, mui-
tos se tornaram pecadores, assim tam-
bém, por meio da obediência de um
só, muitos se tornarão justos» (Roma-
nos 5:18, 19). Cristo triunfou sobre o
pecado quando pregado à cruz, e Sua
ressurreição Lhe proclama a vitória.
Diálogo 12:1 2000 25
Ponto de Vista
Televisão e violência:
Uma resposta cristã
Daniel Reynaud ao debate sobre
seus efeitos

N o rastro do aumento da crimina-


lidade, inclusive com tiroteios
em escolas e locais de trabalho,
levanta-se freqüentemente a pergunta:
A violência nos programas de televisão
lência na televisão. Daí os freqüentes
apelos por um controle mais estrito do
conteúdo da programação, particular-
mente em relação ao tempo que as cri-
anças gastam diante da TV. Natural-
tamento, há muita dúvida quanto à va-
lidade das conclusões, quando generali-
zadas. A pesquisa behaviorista tendia a
ignorar o modo como as condições de
ver artificialmente controladas afetam
promove ou motiva a violência na vida mente, muitos que pedem a censura da as percepções dos espectadores, tanto
real? televisão não o fazem em seu interesse, do ato de ver como daquilo que se espe-
A crença popular por vezes apresenta mas a favor daqueles que eles sentem rava seriam suas reações. No experi-
a televisão como uma das principais ser mais suscetíveis à sua influência. Ti- mento de Bandura, ouviu-se uma crian-
causas da violência, e certas pesquisas picamente sentimos que são sempre os ça dizer: «Veja, mamãe, aí está a boneca
parecem comprová-lo. Embora ainda outros que são afetados negativamente na qual devemos bater».3
haja muita confusão entre os estudiosos pela televisão, nunca nós mesmos.1 É Essa reação não é surpreendente.
sobre os efeitos da mídia, pouco tem interessante notar que as crianças mui- Uma criança num ambiente estranho
acontecido para mudar a opinião públi- tas vezes apresentam o mesmo pensa- chegou à conclusão natural de que o fil-
ca sobre o assunto. A crítica popular da mento paternalista, achando que os me ensinava o comportamento deseja-
televisão pinta um quadro de vício, que programas não as prejudicam, mas são do para com as bonecas que lhe foram
anestesia os espectadores, transforman- maus para outras crianças. mostradas. A opinião corrente é que a
do-os em autômatos passivos. A televi- violência mostrada para com os bone-
são é freqüentemente culpada do mau Pesquisa do comportamento cos era pelo menos tanto o produto das
aproveitamento das crianças nas esco- É necessário haver uma pesquisa expectativas dos pesquisadores como
las, apesar do fato de que os índices de confiável para esclarecer essas opiniões do resultado de as crianças terem visto
alfabetização nunca foram mais altos. A contraditórias. Mas a qualidade da pes- cenas violentas. Além disso, supor que
crítica popular sobre o analfabetismo quisa sobre a televisão tem variado, e os uma criança nesta situação transferiria
da geração atual de alunos é um hábito resultados têm muitas vezes concorda- o comportamento para com pessoas é
que data do último século, muito antes do com as conclusões de pesquisadores uma falácia. Exigiria que a criança dei-
da época da televisão. A pesquisa tam- anteriores. A maioria dos 10.000 estu- xasse de reconhecer a diferença entre
bém desfez o medo de que a televisão dos feitos sobre violência na televisão comportamento aceitável para com um
neutraliza a criatividade: as crianças foram feitos dentro da perspectiva da boneco e para com seres humanos. Na
brincam tão criativamente com históri- teoria behaviorista. Talvez os experi- realidade, as crianças compreendem a
as da televisão quanto com as histórias mentos mais conhecidos tenham sido linguagem da televisão desde cedo, dis-
que lêem nos livros. os de Bandura e seus associados, os tinguindo de modo bem sofisticado en-
Ironicamente, os críticos freqüente- quais demonstraram que o ato de as cri- tre o que é real e o que não é. Estudos
mente alegam que a televisão não só anças verem televisão tem um efeito di- entre telespectadores mostram que eles
transforma as crianças em apáticos pas- reto e mensurável sobre seu comporta- não adotam automaticamente os valo-
sivos, mas as torna hiperativas, com pe- mento para com bonecos grandes. Cri- res do programa. Ao contrário, geral-
ríodos curtos de atenção e poderoso anças que tinham visto um filme vio- mente resistem aos valores da televisão
pendor para a violência. Mas nunca fi- lento sobre os bonecos comportavam- que abertamente contradizem seus va-
cou explicado como a televisão pode se com muito mais agressividade para lores.4 A análise de outros experimentos
fazer as duas coisas ao mesmo tempo. com eles do que aquelas que tinham re- behavioristas mostrou que condições
Como seria exatamente, na prática, um cebido bonecos, mas sem ver o filme.2 artificiais levam a resultados artificiais.5
apático hiperativo? Na base desta cren- Todavia, enquanto muitos experi- Em suma, a pesquisa behaviorista mui-
ça popular, jaz a suposição de que as mentos behavioristas mostraram uma tas vezes deixou de levar em conta as
pessoas imitam atos específicos de vio- conexão aparente entre visão e compor- diferentes formas em que os espectado-
26 Diálogo 12:1 2000
res interpretam a televisão. finido socialmente, não só do ponto de mais jovens, porque os códigos se con-
O problema para os pesquisadores e vista behaviorista7. Por exemplo, ferir formam de perto com suas percepções
para o público é que mais provavel- um estranho com uma faca afiada pode da realidade. Mesmo então, quando as
mente vamos chegar a uma conclusão ser classificado como violência, a me- crianças crescem, elas são capazes de
sobre a violência na televisão que apóie nos que a «vítima» seja um paciente e o distinguir entre atores desempenhando
nossas idéias preconcebidas. A fim de «agressor» um cirurgião com o bisturi. papéis e os acontecimentos que retra-
chegar a conclusões inteligentes sobre Mas se o cirurgião fosse um nazista tam. Talvez o conteúdo de maior im-
os efeitos do ato de ver televisão, preci- num campo de concentração, nossa pacto seja a violência documentada,
samos primeiro reconhecer nossos pre- opinião poderia mudar de novo. Num como nos noticiários, documentários, e
conceitos e esperar que sejam modifica- caso e noutro, o comportamento seria o shows ao vivo, porque as crianças sa-
dos, sacudidos ou contraditos. mesmo. Somente o contexto social cau- bem que aquilo é real.9
sou uma diferença de interpretação. Es- A ideologia social também afeta a in-
Pesquisa multidisciplinar portes como futebol americano e boxe terpretação de violência. Embora cenas
A pesquisa que combina as metodo- rotineiramente valorizam um compor- violentas sejam comuns na televisão, a
logias de várias disciplinas está apresen- tamento violento que seria inaceitável violência não é geralmente tolerada na
tando conclusões mais úteis sobre os na rua. Mesmo a violência da polícia sociedade, ou pelo menos é canalizada
efeitos da violência na televisão. O que contra criminosos é usualmente inter- em formas estritamente regulamenta-
está sendo descoberto é complexo, po- pretada como menos violenta do que das, como certos esportes. Essa estrutu-
rém mais de acordo com o bom senso exatamente os mesmos atos praticados ra ideológica influencia o modo como
do que conclusões anteriores. A lógica por criminosos contra a polícia. as crianças entendem a violência que
argumentaria que, se fossem corretas as vêem na televisão, e as torna muito
conclusões behavioristas sobre os efei- A natureza complexa da violência menos suscetíveis a ela do que, diga-
tos imediatos e mensuráveis de ver pro- A natureza complexa da definição de mos, a estereótipos racistas ou sexistas,
gramas violentos de TV, então a maior violência reflete-se na maneira como o que freqüentemente são apoiados pela
parte da sociedade ocidental estaria público interpreta a violência. As crian- estrutura social e ideológica de onde as
cheia de gente violenta. Embora a vio- ças interpretam a televisão de acordo crianças vivem. A família, escola, igreja
lência seja um problema nas sociedades com seu senso de justiça e ordem social. e circunstâncias sociais da criança terão
ocidentais, não aumenta depois de pro- São capazes de ler a televisão como uma um papel importante em determinar os
gramas violentos, nem é a maioria dos série de códigos, em vez de representa- efeitos da televisão sobre ela.10
telespectadores geralmente considerada ção literal da realidade. Estudos mos- Precisamos reconhecer que a televi-
violenta. tram que as crianças são freqüentemen- são não é a causa da violência social em
Em todo caso, as representações de te conscientes da natureza artificial dos crianças ou outra pessoa qualquer. Soci-
violência na televisão não seguem o es- programas de televisão. Podem resistir e edades violentas existiram antes da te-
quema da violência na vida real. Por mesmo opor-se à mensagem da televi- levisão, muitas delas mais violentas do
exemplo: programas sobre a atuação da são, porque reconhecem a diferença en- que a sociedade ocidental moderna. O
polícia freqüentemente mostram poli- tre representações e realidade. Por comportamento violento é o produto
ciais com armas na mão, ao passo que exemplo: crianças aborígenes na Aus- de condições pessoais, sociais e econô-
um estudo entre policiais norte-ameri- trália têm-se alinhado com os «maus» micas, e não será eliminado simples-
canos revelou que, no cumprimento do índios contra os heróis dos filmes, por- mente banindo a televisão. É fácil cul-
dever, em média disparam seu revólver que sentem sua opressão social8. par um bode expiatório por todos os
uma vez a cada 27 anos.6 A maior parte O modo como a violência é retratada males da sociedade, mas a violência so-
da violência real é menos espetacular e afeta de modo significativo o grau desse cial não aumenta necessariamente com
usualmente mais pessoal do que a que impacto. As crianças interpretam certos a chegada da televisão. Por muitos
se vê na televisão. É prudente abando- códigos da televisão como pura fanta- anos, o Japão teve níveis mais baixos de
nar a idéia da correlação um-a-um entre sia. Isso é particularmente verdade em violência do que os Estados Unidos.
violência na televisão e na vida real. desenhos animados, que contêm mais Mas a televisão japonesa é geralmente
Outra complexidade é o problema de atos de violência por minuto que qual- classificada como mais violenta. A dife-
lidar com a natureza e o grau da violên- quer outra forma de televisão, mas tam- rença deve ser procurada nas culturas
cia. Enquanto todos concordam que bém se aplica a programas tais como de cada nação e não numa análise da
homicídio a sangue frio com uma barra luta-livre, em que causa e efeito são ob- mídia violenta.
de ferro é violência, as mulheres mais viamente exagerados. As crianças sa- Precisamos também perguntar a que
provavelmente considerariam a con- bem que a violência é uma representa- ponto as sociedades urbanas modernas
frontação verbal como violenta, en- ção exagerada de conflito. Outros códi- despersonalizam os indivíduos. O estilo
quanto os homens são mais inclinados gos são lidos mais literalmente. O dra- de vida citadino tende a forçar as pesso-
a restringir sua definição à força física. ma realista pode ter um impacto forte as a ignorar os outros ao seu redor, no
Essencialmente, violência é um ato de- sobre os espectadores, especialmente os ônibus, trem, elevador, na rua, mesmo
Diálogo 12:1 2000 27
quando estão se tocando. Qual é a in- vastadora como a crença popular ima- crença popular. Ademais, se a mídia
fluência maior: os códigos das novelas gina. Surge a pergunta: Se a televião indicasse as causas reais da violência,
de televisão ou o impacto diário da vida não é tão influente, como é que os as pessoas seriam distraídas dos anún-
real, de não dar atenção aos outros? anunciantes gastam bilhões de dóla- cios que incentivam o consumismo. O
Isso não quer dizer que a violência res por ano usando sua força de persu- meio mais eficaz de reduzir o crime
não exerce efeito, ou que não importa o asão? A televisão é mais eficiente não é aplicando penalidades mais se-
que se mostra na televisão, ou que as quando diz ao povo aquilo em que já veras, pondo mais policiais na rua e
crianças podem ver tudo. A exposição crêem, e os anúncios reforçam um banindo programas violentos, mas
prolongada a outras formas de violên- comportamento aceitável. Contudo, a promovendo relações amistosas entre
cia na mídia, incluindo filmes e video- violência na televisão tem um impac- as pessoas. Se mais pessoas se dedicas-
games, pode também ter um impacto to reduzido no comportamento das sem à ação social cristã, ajudando os
nocivo. O bom senso nos diz que não pessoas. Porque vivemos em socieda- desempregados a achar trabalho, cri-
podemos ver tanta televisão sem que des que em geral não condenam a vio- ando atividades proveitosas para gru-
ela produza algum efeito, pois, como lência, aprendemos que a violência na pos menos privilegiados, usando o su-
II Coríntios 3:18 nos lembra, é pela tela é um código pelo qual são conta- perávit de sua renda em favor dos me-
contemplação que somos transforma- das histórias, mas não aquele pelo nos favorecidos que elas, tudo no con-
dos. qual a vida é vivida. A exceção seria, texto de partilhar o amor de Cristo, o
naturalmente, crianças que crescem crime diminuiria de modo significati-
Televisão: uma força aculturadora em lares violentos. Elas aprendem que vo. Mas esse comportamento interfe-
A televisão atua como uma força a violência é um modo eficaz de os riria no alvo da televisão, que é pro-
aculturadora por conta própria e afeta fortes obterem o que querem. Em tais mover o consumismo em nosso pró-
as crianças. Em particular, a televisão casos, a televisão confirma suas cren- prio benefício.
pode ter efeitos poderosos sobre crian- ças. Mas precisamos reconhecer que
ças com menos de sete anos. Nos pri- seu comportamento violento foi Solução para a violência
meiros anos, as crianças respondem às aprendido no lar e no seu ambiente Os cristãos particularmente reco-
imagens da televisão precisamente social, e apenas reforçado pela tela. nhecem que a violência é um produto
como respondem às pessoas na vida São freqüentemente essas pessoas que de nossa natureza pecaminosa, e não
real, sem compreender que uma é a proporcionam a evidência populariza- pode ser curada simplesmente banin-
imagem e a outra a realidade. As cri- da na mídia de que a televisão causa do influências externas, como filmes.
ancinhas precisam ser protegidas de violência. Alguns até declaram que Até mesmo a ação social somente re-
representações de violência. Crianças certos filmes ou programas levaram a duziria o crime, sem extirpá-lo. Mas a
pequenas acham difícil compreender crimes específicos. Precisamos exami- verdadeira solução para o crime — a
como os pais podem torcer num jogo nar tais opiniões cuidadosamente, à mudança de coração que o evangelho
de futebol americano e puni-las por procura de outros fatores que possam de Cristo traz — não é popular. É mais
brigarem com seus irmãos. Infeliz- ter produzido violência. Porque, en- fácil culpar a mídia do que assumir
mente, muitos programas infantis de quanto a televisão pode ter contribuí- responsabilidade pessoal. Além disso,
televisão têm um nível de conflito do para o comportamento de pessoas não há lucro para a mídia em fazer as
alto demais para menores, que podem violentas, argumentar que ela é a cau- pessoas se sentirem culpadas. Sua
ser afetados por uma violência tão sa, é deixar de compreender a influên- prosperidade consiste em dizer às pes-
branda quanto uma discussão. Para cia da experiência da vida real em soas que são boas, especialmente se
crianças em idade pré-escolar, reco- moldar atitudes para com a violência. compram mais produtos.
menda-se uma programação mais be- Precisamos também recordar o con- Sob uma perspectiva cristã, a vio-
nigna. ceito cristão de escolha: mesmo Adão lência na televisão é o menor de seus
As crianças desenvolvem discerni- e Eva, num ambiente perfeito, toma- males, pela simples razão de que a
mento em ritmos diferentes, e os pais ram a decisão errada. É muito fácil maioria compreende que ela é um
precisam vigiar seus filhos individual- culpar a televisão por escolhas que, comportamento socialmente inaceitá-
mente, calculando seu grau de desen- afinal, são de nossa responsabilidade. vel. Corremos mais risco quando con-
volvimento. Os pais, na sua maioria, O fato de que a própria mídia pro- cordamos com a mídia, pois a televi-
são otimistas demais sobre a capacida- move a idéia de que ela provoca cri- são é mais poderosa quando coincide
de de seus filhos tolerarem a violên- mes parece ser um argumento podero- com nossos valores, porque então não
cia, freqüentemente por razões egoís- so em favor do impacto da violência lhe percebemos a influência. A relati-
tas ocultas. Impedir a criança de ver na TV, mas na verdade é interesse da va falta de protesto por parte dos cris-
alguma violência poderia forçar os mídia promover tal opinião. Ironica- tãos sobre o materialismo, o culto à
adultos a se privarem do programa. mente, culpando-se a si mesma, a mí- beleza, o racismo e o sexismo do meio
Pode ser difícil aceitar que talvez a dia protege seu lucro. Ela nunca che- ambiente sugerem que talvez esses va-
violência na televisão não seja tão de- gou a parte alguma contradizendo a lores formem parte de nossas atitudes
28 Diálogo 12:1 2000
e estão sendo reforçados pela televi-
são. A religião de Jesus foi, e devia
Acaso… Ariel A. Roth (Ph.D., Universidade de
permanecer, radicalmente oposta à Continuação da pág. 12 Michigan), que atuou como diretor do
discriminação com base em sexo, Geoscience Research Institute e editor de
raça, idade, aparência ou riqueza. De Origins, continua ocupado em pesquisa
Algumas das batalhas mais acirradas e publicação. Seu endereço: Geoscience
certo modo, o debate sobre a violên- na biologia evolucionista seguiram-se
cia é uma cortina de fumaça que es- Research Institute; Loma Linda Universi-
à síntese moderna. O bem conhecido ty; Loma Linda, Califórnia 92350;
conde o dano real que a televisão cau- escritor Tom Bethel enfatiza que «es-
sa, confirmando nossos preconceitos, E.U.A.
pecialmente em anos recentes, os ci-
enquanto nos permite congratular- entistas têm estado a lutar entre si so-
nos porque condenamos um mal me- Notas e referências
bre Darwin e suas idéias.» 8 Essas dis- 1. Para uma discussão das várias questões
nor. putas são raramente ouvidas, e menos abordadas neste artigo, tópicos
ainda compreendidas pelo público em relacionados e muitas referências na
Daniel Reynaud (Ph.D., University of literatura, ver Ariel A. Roth, Origins:
geral. Há um grande contraste entre as Linking Science and Scripture
Newcastle), leciona Comunicação e Inglês batalhas intelectuais internas da co- (Hagerstown, Maryland: Review and
no Avondale College, e tem escrito sobre vá- munidade acadêmica, como se encon- Herald Publ. Assn., 1998), págs. 80-115,
rios meios de comunicação. É também o tra na literatura profissional, e o estilo 130-144. O livro logo estará disponível
autor de Reading With New Eyes: Explo- simples e didático de compêndios e em francês, espanhol, português e
ring Scripture Through Literary Genre. russo. Para localizar os vários editores,
artigos de jornais. Alguma simplifica- entre em contato com o autor.
Este artigo é adaptado de seu recente livro, ção nos compêndios pode ser útil para 2. M. J. Behe, Darwin’s Black Box (New
Media Values. Seu endereço: P.O. Box 19, facilitar o aprendizado, mas os estu- York: Free Press, 1996).
Cooranbong 2265, N.S.W., Austrália. dantes deveriam ficar mais conscien- 3. C. Singer, A History of Biology to About
E-mail: daniel.reynaud@avondale.edu.au the Year 1900, 3ª. edição revista (New
tes das opiniões diversas no debate York: Abelard-Schuman, 1959), pág.
evolucionista. 303.
Notas e referências Pode-se apenas contemplar com 4. P. P. Grassé, Evolution of Living
1. Jane Root, Open the Box (London: Organisms: Evidence for a New Theory of
um grau de respeito os esforços persis-
Comedia, 1986), pág. 12; Mike Clarke, Transformation, B. M. Carlson e R.
Teaching Popular Television (London: tentes dos evolucionistas para achar
Castro, tradutores (New York: Academic
Heinemann, 1987), pág. 175. um mecanismo plausível para sua teo- Press, 1977), pág. 88. Tradução de
2. Bob Hodge e David Tripp, Children and ria. Sua perseverança é louvável. Uma L’Evolution du Vivant.
Television (Cambridge, England: Polity teoria após outra tem sido proposta ao 5. J. Huxley, Evolution: The Modern
Press, 1986), págs. 193, 204, 205. Synthesis (London: Harper & Brothers,
3. Ibid., pág. 207.
longo de um período de dois séculos.
1943).
4. John Fiske, Television Culture (London: O fracasso geral levanta uma séria 6. S. J. Gould, «Darwinism and the
Methuen, 1987), pág. 71; Hodge e Tripp, questão: É o pensamento evolucionis- Expansion of Evolutionary Theory»,
pág. 140. Ver também o capítulo ta mais uma opinião do que dados ci- Science 216 (1982), págs. 380-387.
«Audiences Studies», em meu Media Values 7. S. Lovtrup, Darwinism: The Refutation of
entíficos sólidos? Depois de tão longa
(Cooranbong, NSW, Australia: Avondale a Myth (London: Croom Helm, 1987),
Academic Press), págs. 75 ss. e fútil procura de um mecanismo evo-
pág. 352.
5. John Tulloch e Graeme Turner (eds.), lutivo, parece que os cientistas evolu- 8. T. Bethel, «Agnostic Evolutionists: the
Australian Television (Sydney, Australia: cionistas deveriam considerar seria- Taxonomic Case Against Darwin»,
Allen & Unwin, 1989), pág. 169. mente a criação feita por Deus, descri- Harper’s 270 (February 1985), págs. 49-
6. Colin Stewart, The Media: Ways and 52, 56-58, 60, 61.
Meaning (Milton, QLD: Jacaranda, 1990),
ta na Bíblia. Lá, Deus, como o planeja-
pág. 132. dor de tudo, cria várias formas de
7. Hodge e Tripp, pág. 20. vida, inclusive seus sistemas comple-
8. Tulloch e Turner, pág. 170; Hodge e Tripp, xos com partes interdependentes.
págs. 213-218.
9. Fiske, pág. 288.
10. Tulloch e Turner, pág. 169.

Diálogo 12:1 2000 29


Livros
Adventist Mission in the 21st O livro, porém, tem a desvantagem comum à maioria
Century: The Joys and das antologias: carece de foco. Mas talvez essa possa ser
Challenges of Presenting Jesus sua força, afinal, pois a multiplicidade de perspectivas so-
to a Diverse World, bre a missão adventista desafia a igreja na tarefa pela fren-
editado por Jon L. Dibdahl (Hagerstown, te. Pessoas procurando compreensão quanto ao futuro da
Maryland: Review & Herald Publ. Assn., missão adventista e almejando um envolvimento inteli-
1999; 314 págs.; brochura). gente, acharão este volume valioso.

Revisto por Nkosiyabo Zvandasara. Nkosiyabo Zvandasara, (D.Th., Universidade do Sul da África; D. Min.,
Andrews University) é professor de Missões no Adventist International
Institute of Advanced Studies, Filipinas. E-mail: nzvanda@aiias.edu

F inalmente temos uma contribuição brilhante para a com-


preensão da missão adventista ao enfrentarmos o desco-
nhecido e o imprevisível no século 21. A antologia responde
a uma necessidade de reflexão sobre as alegrias e preocupa- Beyond Shame and Pain:
ções relativas às missões que a Igreja Adventista do Sétimo
Forgiving Yourself and Others,
Dia terá de enfrentar no novo milênio. Trinta homens e
John Berecz (Lima, Ohio: CCS Publ. Co.,
mulheres de todo o mundo, com um amplo espectro de ex-
1998; 160 págs; brochura).
periência, apresentaram um rico repertório da missão e das
mensagens imutáveis num mundo em mudança rápida. O
Revisto por Carlos Fayard.
livro tem quatro seções principais: o pano de fundo; ques-
tões bíblicas e teológicas; estratégias e métodos; e final-
mente, estudo de casos.
A primeira seção avalia o estado atual da missão adven-
tista. O livro congratula-se com o aumento de membros,
admite falhas e identifica desafios. Os autores removem a
ansiedade quanto ao futuro, lembrando como Deus tem
miraculosamente guiado a Igreja Adventista no passado.
A segunda seção trata de algumas questões bíblicas e te-
ológicas da missão adventista. Uma questão básica é que
N o dia em que recebi o livro de John Berecz sobre perdão
para esta análise, também achei uma brochura da Edito-
ra Gilford, anunciando Forgiveness, Research, and Practice. Só
ainda existe grande demanda de missionários do Ocidente, recentemente é que o tópico do perdão recebeu atenção
apesar de uma história manchada pelo suposto ou real en- formal por parte dos psicólogos. John Berecz, professor de
volvimento com o colonialismo e outros males. Outra psicologia na Andrews University e clínico atuante, apre-
questão é que o conceito adventista de serem «portadores senta seus pensamentos como profissional em saúde men-
de luz» denuncia uma teologia elitista do remanescente. tal e como cristão.
Uma compreensão correta de si mesmos permitirá aos ad- O autor apóia-se nas Escrituras, teorias psicológicas e
ventistas canalizar seus recursos para as missões em suas seus 30 anos de experiência clínica para redigir um livro de
várias formas. Evangelizar as religiões do mundo e a men- modo vívido, divertido, didático e às vezes apaixonado.
talidade secular, aliviar o sofrimento humano e adaptar o Berecz apresenta aos cristãos uma advertência muito ne-
adventismo às diferentes culturas tonar-se-á uma priorida- cessária: o perdão raramente é fácil ou simples. É um pro-
de. cesso moldado por vários fatores, inclusive auto-estima e
A terceira seção sugere estratégias e métodos para a mis- estilos de personalidade.
são adventista no século 21. Tais estratégias incluem os O livro contém algumas jóias preciosas, tais como a de-
conceitos de «fazer tendas» e da mega-igreja, o envolvi- finição que ele dá de vergonha «como o HIV da alma». A
mento dos leigos, mulheres, estudantes e jovens, e uma descrição que Berecz faz da personalidade histriônica é tão
participação mais definida da ADRA e da Rádio Mundial cintilante que o leitor «sente» e não somente vê uma lista
Adventista. Seja qual for a estratégia, a oração, fé e dedica- de características. Ele cita muito eficientemente várias fon-
ção precisam sustentar todas as abordagens da missão. tes literárias para enriquecer o texto e usa até canções po-
A última seção apresenta o estudo de casos da missão pulares para realçar um aspecto.
adventista no Camboja, Mianmar e China. O livro destaca Se alguma crítica deve ser feita, o Dr. Berecz pode ser
o Movimento Missionário 1000 e Missões de Fronteira. Re- culpado de ser demasiado ambicioso por dizer tanto em
examina a «Tragédia de Ruanda» e tira lições. O livro tam- tão pouco espaço. Com efeito, alguns tópicos deixam o lei-
bém nota a mudança social causada pela disseminação do tor desejando mais. Por exemplo: Como pode um cristão
adventismo na Bolívia. perdoar a si mesmo, quando considera o perdão como uma

30 Diálogo 12:1 2000


dádiva divina? Ou como deve o cristão lidar com senti- guns conceitos teológicos com maior profundidade.
mentos de raiva? Além de diversos erros tipográficos e de deixar alguns
O livro não é um manual prático. Lembra-nos a todos elementos sem esclarecimento adequado, o livro tem uma
de como a graça é necessária em nossa vida e ilustra os ele- fraqueza maior. Na interpretação de João, o leitor desejaria
mentos da natureza humana que nos impedem de obter o que ele se livrasse completamente do precedente histórico
benefício pleno do dom divino do perdão. Destina-se ao de basear argumentos teológicos somente em etimologia e
público em geral e às pessoas nas profissões de assistência lexicografia. O livro também sofre pela falta de um índice.
psicológica que levam o cristianismo a sério. Dizer isso é somente notar como um bom livro pode ser
ainda melhor. Aqueles que procuram compreender um li-
Carlos Fayard (Ph.D., California School of Professional Psychology-San vro da Bíblia sob uma perspectiva bíblica considerarão a
Diego) leciona Psiquiatria na Escola de Medicina da Loma Linda University, obra do Dr. Veloso um tesouro sobre o ensino do Evange-
Loma Linda, Califórnia, E.U.A. E-mail: c.fayard@ahs.llumc.edu lho de João e uma apreciação renovada acerca do Senhor
do Evangelho.

Comentario del Evangelio de Eloy Wade (Ph.D., Andrews University) é decano da Faculdade de
Teologia da Universidad de Montemorelos. Seu endereço: Apartado 16;
Juan,
Montemorelos, N.L. 67500; México.
Mario Veloso (Nampa, Idaho: Pacific Press
Publ. Assn., 1997; 517 págs.; brochura).

Revisto por Eloy Wade.


The Mainstreaming of New Age,
Manuel Vásquez (Nampa, Idaho: Pacific
Press Publ. Assn., 1998; 222 págs;
brochura).

Revisto por Merling Alomía.

M ário Veloso prestou um belo serviço à cultura hispânica


adventista com seu último livro: um comentário sobre
o evangelho de João. Seu compromisso com a autoridade
bíblica, príncipios de erudição e perspectivas adventistas
transparecem claramente neste estudo do quarto evange-
lho. Ele satisfez uma necessidade crescente por comentári-
os profundos, mas ainda assim acessíveis, em espanhol.
O estudo é resultado de sua tese doutoral e experiências
de sala de aula. Ele evita a tendência comum em círculos
teológicos de estruturar o evangelho de João em torno de
M anuel Vásquez escreve com autoridade. Como estudan-
te da Bíblia, conhece bem o grande esquema do arqui-
enganador ao empregar diversos espíritos e movimentos para
um conceito unificante. Em vez disso, escolhe uma pers- enganar até mesmo os escolhidos. Como estudioso, tem es-
pectiva mais dinâmica: a missão do Filho que, segundo crito extensamente sobre o movimento da Nova Era e anali-
Veloso, é a estrutura básica do Evangelho. sou o fenômeno em sua tese doutoral.
O livro é organizado de modo coerente e lógico. Somos Nos 16 capítulos do livro, Vasquez trata dos principais as-
freqüentemente informados de que as seções são divididas pectos da Nova Era. Ele começa com as raízes deste movi-
em partes, e que estas, por sua vez, são subdivididas. Deste mento diabólico e avança até seu papel moderno e futuro
modo, o leitor pode seguir facilmente o desenvolvimento nos acontecimentos finais da história do mundo. O autor
do comentário. Além da bibliografia geral oferecida no li- mostra como a Nova Era tem afetado o tecido moral e espiri-
vro, cada capítulo termina com uma bibliografia básica tual da sociedade e como tem minado doutrinas e princípios
que pode levar o leitor a fontes adicionais. cristãos.
O livro é tanto erudito quanto reflexivo. O primeiro Vasquez devota atenção particular aos perigos das terapias
aspecto é visto na perícia com que o autor apresenta as da Nova Era. Ele esclarece como a medicina da Nova Era afeta
linhas principais de interpretação do Evangelho, e enfo- o estilo de vida atual e analisa cerca de 120 opções apresenta-
ca a contribuição teológica para a sua compreensão. A das como «terapias holísticas da Nova Era» (págs. 122, 123).
segunda é mais pessoal e prática. Veloso toma tempo O autor faz bem em mostrar os modos diferentes e sutis
para dizer o que o Evangelho realmente significa para a em que essas terapias estão relacionadas com o oculto, e os
vida de hoje — tanto para o cristão individual como para a perigos envolvidos.
fé da comunidade. Reflexões e pensamentos devocionais
são entretecidos através do livro. Um apêndice trata de al-
Continua na pág. 33

Diálogo 12:1 2000 31


Vida Universitária
Ministério na
universidade:
Como sua igreja pode
Daniel M. Forbes
envolver-se

E les foram, talvez, os melhores anos


de meu ministério. Onze anos nas
Universidades do Sul da Flórida e
do Centro da Flórida, trabalhando
com centenas de jovens, para mantê-
incentivar sua congregação a alcançar
estudantes na universidade secular.
Peça-Lhe que abra portas de oportuni-
dade para contato com estudantes ad-
ventistas e ex-adventistas, bem como
los concentrados nas coisas essenciais com professores e funcionários que se
da vida, enquanto lutam para sobres- consideram adventistas. Alguns deles
sair no mundo dos estudos. Têm sido podem não estar praticando muito
verdadeiramente gratificantes os anos bem a sua religião. Podem até estar
passados nos sistemas seculares de en- escondendo sua fé por uma razão ou
sino (tão indiferentes ao significado outra. Mas você provavelmente en-
último da verdadeira educação) com o contrará diversos estudantes almejan-
objetivo de criar uma organização e do que alguém os convide para amiza-
um foro onde a fé e o estudo podem de e culto. Talvez estejam desejando
encontrar-se, e onde a dedicação reli- saber que você ali está para ajudá-los.
gosa pode ser vivida e nutrida sem ser Pode imaginar o que eles fariam por
ridicularizada. sua igreja na manhã de sábado, se
Durante estes anos pude estabele- comparecessem e trouxessem seus
cer regulamentos, estatutos e organi- amigos, envolvendo-se na vida da
zar centros de ministério em educan- igreja? Solicite o apoio de seu pastor
dários onde a mocidade adventista para fazer do ministério universitário
pode reunir-se como em oásis de valo- uma parte da missão da igreja.
res morais e espirituais. Deste ministé- 2. Dê início a um processo de desco-
rio aprendi muitas lições, algumas das berta. Descubra com a ajuda do depar-
quais podem ser úteis a outros que tamento apropriado o que se exige
queiram também iniciar atividade se- para estabelecer uma organização reli-
melhante. A emoção e a satisfação que giosa estudantil, e siga as instruções. É
experimentei podem ser suas também, provável que você precise de alguns
se a sua igreja local quiser envolver-se estudantes para servirem como ofici-
no ministério do campus universitá- ais na organização. Assim, procure es-
rio. tudantes adventistas dispostos a pre-
Se houver esse interesse, você, seu encher tais posições. Você talvez pre-
ministério universitário e sua igreja cise matricular-se numa classe para
local não serão mais a mesma coisa. ocupar o cargo de conselheiro. Mas
Eis algumas dicas: valerá a pena quando seu grupo atin-
1. Comece com oração. Nenhum mi- gir status pleno, como organização es-
nistério tem êxito sem oração sincera, tudantil reconhecida. Permitirá que
e isto é mais verdade no ministério você use as instalações recreativas do
universitário, onde você tem de lidar campus, lugares de reunião, auditóri-
com o secularismo de um lado, e as os e muitos outros serviços da escola
preocupações intelectuais dos jovens gratuitamente ou em troca de um pe-
do outro. Convide a Deus para que o queno pagamento, para estudos bíbli-
dirija em seus esforços no sentido de cos semanais ou outras funções. Vão-
32 Diálogo 12:1 2000
lhe permitir, como grupo, ter um cen-
tro de informações em lugares e horá-
versidade como parte de sua missão.
Com efeito, é uma igreja para os estu-
New Age
rios designados. Você poderá distri- dantes universitários. Cada sábado a Continuação da pág. 31
buir anúncios e outros materiais per- igreja transborda de jovens que amam
tencentes a seu ministério. Talvez ao Senhor e cujo companheirismo e Tratando dos «princípios holísticos
você possa até ir ao web site da escola comunhão enriquecem o restante da de saúde da Nova Era», o autor não
a fim de informar aos estudantes ad- congregação. Tanto os membros per- deixa de mostrar quão falhos são à luz
ventistas e seus amigos que você está manentes da igreja quanto os mem- da filosofia holística da Igreja Aventis-
presente para servi-los na escola e na bros ocasionais da comunidade uni- ta do Sétimo Dia. Daí sua advertência:
igreja local. versitária tornam nosso culto, associa- «É imperativo que nos tornemos cons-
3. Organize um lar espiritual longe do ção e testemunho uma experiência cientes do perigo e de como evitá-lo»
lar. Desde o início, certifique-se de agradável e duradoura. (pág. 129), não importa quão «ino-
que os estudantes saibam que sua mis- Nossa igreja é mais rica e melhor cente» pareça ser (pág. 155), e quão
são primordial ao introduzir um mi- por causa do ministério universitário. eficazmente pareça «agir» (págs. 170-
nistério universitário é preencher uma Experimente-o e você verá a diferen- 174).
necessidade em sua vida. Sua igreja é ça. Semelhantemente, o livro trata das
deles — um lar espiritual longe do lar. preocupações educacionais holísticas
Que eles saibam que você se sente fe- Endereço do Pastor Daniel M. Forbes: do movimento da Nova Era e mostra
liz em tê-los para o culto. Convide-os University Seventh-day Adventist Church; quão enganosas são essas preocupa-
para os almoços de confratenização da 9191 University Blvd.; Orlando, Flórida ções quando estudadas à luz da educa-
igreja. Uma refeição é um grande mo- 32817; E.U.A. ção integral, arraigada em prioridades
tivador para qualquer um, especial- AMiCUS publicou um volume útil inti- bíblicas.
mente para estudantes longe de casa e tulado Adventist Ministry on the Public Embora o autor mencione breve-
vivendo com orçamento apertado. University Campus. Para mais informa- mente a relação entre a Nova Era e «o
Planeje fazer um almoço de confrater- ção, entre em contato com o escritório edito- último grande engano» (págs. 195-
nização no sábado só para eles. Orga- rial de Diálogo. 200), ele poderia ter-nos dado uma vi-
nize um programa de sábado uma ou são mais ampla das implicações profé-
duas vezes por ano, quando sua igreja ticas do movimento da Nova Era. As
enfatizará o ministério universitário. atividades atuais do movimento da
Envolva os estudantes na escola saba-
tina e no culto. Use a perícia deles em
Assinatura Nova Era permitem-nos ter um vis-
lumbre dos numerosos detalhes esca-
ministérios novos e criativos. Ajude- gratuita para a tológicos que nos alertam sobre as
os a crescer espiritualmente e a exer- coisas que devem em breve acontecer.
cer seus dons e talentos para o Senhor. biblioteca de sua Para alertar-nos quanto aos enganos
Será uma surpresa ver quão depressa
se espalhará a notícia sobre o carinho
faculdade ou dos últimos dias e preparar-nos para o
triunfo final de Deus no desenrolar do
da igreja. Logo sua igreja será conhe- universidade! drama escatológico, Vasquez prestou
cida como o lugar onde os estudantes uma contribuição valiosa.
são apreciados e amados; como o lu- Deseja ver Diálogo disponível na biblio-
gar onde podem contribuir para seu teca de sua faculdade ou universidade não- Merling Alomía (Th.D., Andrews University),
culto e comunhão. Só esse aspecto já adventista, de modo que seus amigos pos- é diretor e professor de Teologia da Universidad
poderá resultar num programa efetivo sam ter acesso à revista? Procure o bibliote- Peruana Unión. Ele é o autor de ¿Nueva Era o
que fortalecerá e expandirá sua con- cário e sugira que peça uma assinatura gra- nuevo engaño? (Lima: Ediciones Theológika,
gregação. tuita, usando papel timbrado da institui- 1994), que foi revista em Diálogo 9:3 (1997).
4. Considere um campo missionário ção. Cuidaremos do resto! E-mail: merling@upeu.edu.pe
para o ministério. Considere o campus A carta deve ser endereçada a Dialogue
como um campo missionário, com Editor-in-chief; 12501 Old Columbia Pike;
grandes possibilidades para o desen- Silver Spring, Maryland 20904; E.U.A.
volvimento e testemunho. Se sua con-
gregação se envolver nesse ministério,
quanta bênção resultará! Vi isso acon-
tecer comigo. Estou pastoreando a
Igreja Adventista da Universidade em
Orlando, Flórida. Tem esse nome por
causa de sua localização no University
Boulevard. A igreja considera a uni-
Diálogo 12:1 2000 33
Primeira Pessoa
Do convento para a
Claudia Camasca universidade adventista
O fim de uma busca e o começo de uma nova vida

A os 22 anos eu não era mais a Cláu-


dia. Depois de seis anos de rigoro-
so preparo no convento em Ca-
raveli, Sul do Peru, minhas superioras
declararam que eu estava pronta para
Deus, não sabia como arranjar minha
vida. Um dia visitei o lar de uma ami-
ga, onde encontrei diversas freiras que
me incentivaram a seguir meu chama-
do interior. Mais tarde vieram à mi-
sionária, para levar a fé católica a vilas
isoladas que não tinham padre e onde
a vida religiosa era quase inexistente.
Meu modelo era — e ainda é — o
apóstolo Paulo, que depois de sua
fazer os votos de castidade, obediência nha casa e, depois de uma longa dis- conversão levou o evangelho a muitos
e pobreza. Com dedicação total e uma cussão, persuadiram meu pai a deixar- lugares, arriscando sua vida no cum-
decisão que eu sentia ser definitiva, fiz me ir. Ele assinou os papéis que me primento da missão cristã.
o juramento e recebi um novo nome: permitiam — uma menor com 16 Durante meus primeiros tempos no
Madre Fernanda. Mas algo inteiramente anos — entrar no convento. Foi um convento, meu pai me visitava pelo
novo e inesperado me aguardava. Sem momento profundamente comovente menos uma vez por mês. Quase a cada
conhecimento de minha parte, o Arqui- para todos nós. Papai chorava, sentin- visita, ele costumava perguntar-me,
teto-Mestre estava traçando outros pla- do que perdia uma filha. em tom confidencial: «Não mudou de
nos para minha vida. Naquela noite, o silêncio reinava opinião, Cláudia? Trouxe dinheiro
Nasci em 1972 em Lima. Meu pai em minha casa enquanto eu arrumava para sua passagem. Volte para casa co-
trabalhava numa fábrica de processa- a mala. Na manhã seguinte, estava a migo!» Numa dessas visitas eu lhe
mento de algodão, enquanto minha caminho do distante convento de Ca- pedi que não mais falasse nesse assun-
mãe cuidava da casa e de nós todos — raveli. No convento, a vida como no- to.
três meninos e duas meninas. Nossa viça era estrita. Precisa-se aprender a Entrementes, passei rapidamente
família era católica e devota. Alguns servir a Deus com todo o nosso ser. de noviça para aspirante e para postu-
de nossos parentes estavam envolvi- Havia 200 moças no convento, que lante. Depois de seis anos de preparo,
dos no serviço religioso em tempo in- também servia de escola. Logo me tomei meus votos e comecei a usar o
tegral. Um tio é padre e missionário, e adaptei, bastante feliz. hábito de freira. Tornei-me Madre Fer-
uma prima é a madre superiora num A rotina diária era exigente. Acor- nanda.
convento. dávamos às 4h30 para um devocional
A devoção religiosa chamou minha breve e orações individuais. Às 5h30 Uma visita ao lar
atenção bem cedo na vida. Ainda cri- tínhamos reunião na capela, onde re- Confirmada em minha vocação e
ança, senti o chamado para dedicar- závamos e meditávamos como comu- identificada com um novo nome, vol-
me ao serviço de Deus e ajudar os ou- nidade. Depois da missa, tínhamos o tei para casa a fim de passar uns pou-
tros. Este sentimento tornou-se mais desjejum às 7h, seguido de aulas de cos dias com minha família. Tudo pa-
forte enquanto freqüentava uma esco- teologia e dogmas. O almoço à uma recia novo e diferente, como se eu ti-
la secundária católica. Como reconhe- hora era seguido de estudo individual vesse vivido por seis anos noutro pla-
cemos com certeza o chamado de e vários deveres. Fazíamos rodízio en- neta. Quando deixei o lar, minha irmã
Deus para servi-Lo? Para obter respos- tre diversos serviços — cozinhar, as- mais moça era apenas uma criança, e
ta, voltei-me para minha professora sar, limpar e assim por diante. Depois agora era uma menina crescida. Que
de religião, uma freira. Seu conselho da ceia tínhamos uma hora livre para felicidade poder abraçar meus pais,
me ajudou na decisão de tornar-me costurar e remendar nossa roupa, e irmã e irmãos! Amigos e parentes vie-
freira. Eu tinha 15 anos. para escrever para nossa família. Às ram ver a nova freira e ouvir as últi-
Meu pai ficou assustado e zangado nove horas rezávamos e tínhamos mas notícias. A vida tem um jeito de
com minha decisão. «Você é muito jo- nossas invocações. As luzes se apaga- mudar muito em poucos anos.
vem», argumentou ele, «para dar um vam às dez da noite. Terminava um Quando minhas férias de duas se-
passo tão sério». Mas senti-me con- dia para dar lugar a outro. manas chegavam ao fim, fiquei bas-
vencida de que Deus me chamava Cada uma de nós tinha sua cela in- tante doente. Levaram-me ao hospi-
para a vida do convento. Dividida en- dividual, e eu aceitava todo ensino tal. Todos em casa ficaram assustados.
tre obedecer ao meu pai a quem ama- com prazer, porque queria ser uma Eu também fiquei. Os exames mostra-
va e respeitava, e seguir o chamado de freira-modelo. Meu sonho era ser mis- ram que eu tinha úlcera no estômago,
34 Diálogo 12:1 2000
e meu coração não estava na melhor numa cidade próxima. A experiência convento, e à segurança da liberdade
forma. O médico prescreveu uma por- foi muito gratificante. Deus parecia e esperança. Sei também que o cha-
ção de remédios, inclusive um mês de responder a diversas de minhas per- mado de Deus só pode ser autêntico se
repouso. Um mês é demais para au- guntas. Senti-me inclinada a conhecê- buscarmos por nós mesmos a verdade
sentar-se do convento, e meu pai tele- Lo melhor num nível pessoal. nas Escrituras, sob a direção do Espíri-
fonou para a madre superiora, pedin- Um dia, quando estávamos voltan- to Santo, e tivermos a coragem de
do permissão para eu ficar em casa e do para Lima, perguntei ao pastor o aceitá-la.
recuperar a saúde. As madres sugeri- que se exigia para ser membro da Igre-
ram que eu voltasse ao convento para ja Adventista. Sua esposa e ele ficaram
me recuperar. Meu pai rejeitou a idéia. surpreendidos. Insisti: — Preciso tro- Cláudia Camasca continua seus estudos
E eu fiquei em casa, ligada a um car minha Bíblia católica pela sua? — na Universidad Peruana Unión. Seu endere-
tubo para alimentar-me com líquidos. Eles riram. — Você precisa ser batiza- ço postal: Casilla 3564; Lima 100; Peru. E-
Um dia a irmã de minha mãe veio vi- da — disse o pastor. — Bem, ali está o mail: A9810129@alumnos.upu.edu.pe
sitar-me. Tia Marta era adventista do rio. Estou pronta! — repliquei. — Não
sétimo dia. Estava muito preocupada tão depressa, Cláudia — respondeu o
com minha saúde e perguntou se po- pastor. — Precisamos estudar os ensi-
dia trazer o pastor adventista para nos da Bíblia a fundo e você deve to-
orar por mim e me encorajar na mi- mar uma decisão bem pensada. —
nha recuperação. No dia seguinte, as
madres superioras chegaram de Cara-
Concordei e comecei a freqüentar ou-
tra série evangelística. O estudo da Bí-
Diálogo grátis
veli prontas para me levarem ao con- blia convenceu-me da verdade como para você!
vento. Meu pai insistiu que eu iria so- ela é em Jesus. Uni-me à Igreja Adven-
mente depois do meu restabelecimen- tista pelo batismo. Se você é estudante adventista e fre-
to. Após uma discussão quente de três Um novo mundo abriu-se diante de qüenta uma universidade não- adventista,
horas, as freiras foram-se muito desa- mim. Depois de anos de reclusão, a igreja tem um plano que lhe permite re-
pontadas. pude tomar minhas próprias decisões ceber Diálogo gratuitamente enquanto
Mais tarde, naquele dia, o pastor sobre minha vida. Tudo aconteceu tão você for estudante. (Aqueles que não são
adventista veio visitar-me. Era jovem, depressa que era de assustar! Embora mais estudantes podem assinar a revista
bondoso e alegre. Ele e sua esposa nem eu nem minha família tivésse- Diálogo utilizando o cupom à pág. 25.) En-
eram totalmente devotados a parti- mos os recursos necessários, matricu- tre em contato com o diretor do Departa-
lhar as boas novas do evangelho. O lei-me em fevereiro de 1997 na Uni- mento de Educação ou do Departamento
pastor leu uma passagem da Bíblia, fez versidade Adventista do Peru, perto de Jovens da sua União e solicite que seu
alguns comentários sobre o poder de de minha cidade natal. Desde então, nome seja incluído na lista de distribuição
Deus para curar e então orou por mi- tenho trabalhado e estudado, e logo da revista para aquele território. Inclua na
nha recuperação. Logo as madres su- espero ser professora do ensino bási- carta seu nome e endereço completos, o
perioras entraram em contato com co. Durante os verões, combino a ven- nome da universidade que freqüenta, o
minha família de novo, exigindo que da de livros adventistas com o teste- curso que está fazendo e o nome da igreja
eu voltasse para o convento imediata- munhar de minha fé aos outros. da qual você é membro. Pode também
mente. Mas eu não podia voltar, por- Nesse meio tempo, partilhei minha escrever para os nossos representantes
que ainda estava em recuperação. En- nova fé com meus pais. Minha mãe e nos endereços fornecidos à pag. 2, envi-
quanto meu corpo recobrava as for- irmã foram as primeiras a aceitar os ando cópia da sua carta para os diretores
ças, algo dentro de mim estava mu- ensinos adventistas, e mais tarde meu departamentais de sua União, já mencio-
dando. Comecei a ler a Bíblia com pai também se uniu à igreja. Minha nados acima. Na América do Norte,
nova compreensão, sentindo que o felicidade é imensa e continuo a orar pode utilizar nosso número de telefone
Espírito Santo era meu Mestre divino. por meus três irmãos. Vivo um dia de de discagem gratuita, 1-800-226-5478
cada vez, deixando que Deus seja a ou o fax 301-622-9627, ou E-mail:
Um novo mundo se abre base de minha alegria e esperança, ao 74617.464©compuserve.com ou ainda
Logo comecei a visitar uma igreja guiar-me em minha experiência de 104472.1154@compuserve.com Caso to-
adventista. Os hinos eram comoven- cada dia. dos esses contatos deixem de produzir re-
tes e inteiramente novos para mim. Como sabemos ao certo que Deus sultado, escreva para o nosso endereço
Também comecei a participar de um nos está chamando? Essa questão me editorial.
grupo de estudo da Bíblia, fazendo levou a uma busca de sete anos — da
meus próprios comentários sobre as turbulência de minha adolescência à
passagens que eram discutidas. Mais segurança de uma vida planejada num
tarde, acompanhei o pastor e sua es-
posa a um programa evangelístico
Diálogo 12:1 2000 35
Intercâmbio
pondência em inglês. Endereço: 144 Uni- selos; correspondência em inglês. Ende-
Amplie Sua ty Hall; University of Science and Tech-
nology; Kumasi; GANA.
reço: Jl. Tambak Segaran 30; Surabaya
60142; INDONÉSIA.
Ernst B. Arthur: 27; solteiro; estuda Ernesto Dominguez H.: 20; solteiro;
Rede de agricultura na University of Cape Coast;
passatempos: leitura e música; corres-
estuda engenharia ambiental; interes-
ses: piano, canto, atividades de jovens
pondência em inglês. Endereço: S.D.A. e novas amizades; correspondência em
Amizades Church; P.O. Box «B» 103; Tema; GANA.
Daniel Adjare Boateng: 20; solteiro;
espanhol. Endereço: Felipe Carrillo Pu-
erto #212-E; Col. Pueblo Nuevo, H.
passatempos: jogar futebol, cantar, ver Cárdenas, Tabasco; MÉXICO. E-mail:

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nais adventistas, leitores de Diálogo, inglês. Endereço: Box 128; Akim-oda, Sara Duarte: 27; solteira; formada em
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glês. Endereço: 407 Victoria Village; East espanhol. Endereço: 1283 Josselyn Ave.;
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ologia; correspondência em inglês ou es- Wilson Calle: 20; solteiro; estuda en- dsarita@yahoo.com
panhol. Endereço: Seminário Adventista; genharia eletrônica na Universitad de Mihail Dumitrescu: 26; solteiro; faz
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E-mail: ediefree@esoterica.pt dulceb.adm.iae@thomas.iae.sp.br Ruiz Gallo; interesses: tocar violino e
Betsy Alvarez M.: 19; solteira; estuda Leana N. Cámpora: 23; solteira; ensi- flauta, música, atividades de jovens e
bio-análise na Universidad del Zulia; in- na língua e literatura espanhola; interes- acampamentos; correspondência em
teresses: colecionar selos e chaveiros, ses: leitura e artes; correspondência em espanhol. Endereço: Villa F.A.P. #18;
cantar e fazer novos amigos; correspon- espanhol. Endereço: San José 850; 2900 Base F.A.P.; Chiclayo; PERU. E-mail:
dência em espanhol. Endereço: Apartado San Nicolás, Buenos Aires; ARGENTINA. light_72@hotmail.com
10027; Maracaibo; VENEZUELA. E-mail: Javier E. Cámpora: 22; solteiro; ensi- Alba Fernández: 23; solteira; termi-
kbetsy@yahoo.com na música; interesses: música, esportes e nando administração de empresas na
Christian Alvarez Z.: 22; concluindo história; correspondência em espanhol Universitad Adventista Dominicana; in-
teologia; interesses: estudo da Bíblia, ar- ou francês. Endereço: San José 850; 2900 teresses: acampamentos, natação, música
queologia, religiões comparadas e espor- San Nicolás, Buenos Aires; ARGENTINA. e esportes; correspondência em espanhol
tes; correspondência em espanhol ou in- Lany May Capobres: 28; solteira; pro- ou inglês. Endereço: Manzana A No. 9,
glês. Endereço: Colegio Adventista del fessora; passatempos: ouvir música e ver Prados del Cachón; Carretera Mella Km.
Ecuador; Casilla 7-24-36; Sto. Domingo TV; correspondência em inglês ou filipi- 8; Santo Domingo; REPÚBLICA DOMI-
de los Colorados, Pichincha; EQUADOR. no. Endereço: 2324 Vision St., Sta. Cruz; NICANA. E-mail: olfay@hotmail.com
Luningnin Dalisay S. An: 32; solteira; Manila; FILIPINAS. Maybetth Fernández: 28; solteira;
tem bacharelado em inglês na Philippine Coralia Jones Chapman: 34; solteira; formada em magistério; interesses: ativi-
Adventist University; agora é colportora formada em biblioteconomia e ensina dades missionárias, viajar, trocar cartões
evangelista; passatempos: tocar piano, inglês; interesses: ler, cozinhar e apren- postais e selos; correspondência em espa-
colecionar moedas e selos estrangeiros e der línguas; correspondência em espa- nhol, inglês ou português. Endereço: Ca-
jardinagem; correspondência em inglês. nhol, inglês ou francês. Endereço: Semi- silla 7-S; Chillán; CHILE.
Endereço: 4 Sandorville Townhomes; nario Adventista de Cuba; Carretera Cir- Czarina Mae Fetizanan: 21; solteira;
Park Street; Naga City; 4400 FILIPINAS. cular No. 7, Reparto Santa Elena; Santia- está cursando magistério; passatempos:
Alex Collins Arthur: 23; solteiro; es- go de las Vegas, Apartado 17; Ciudad Ha- cantar, acampar, excursionar e contar
tuda planejamento de desenvolvimento; bana; 17200 CUBA. histórias; correspondência em inglês ou
interesses: evangelismo da saúde, música Yullani Debora: 28; solteira; estuda tagalog. Endereço: Naga View College;
evangélica, esportes e viagens; corres- inglês; passatempos: música e coleção de P.O. Box 6078; Naga City; FILIPINAS.

Diálogo 12:1 2000 Inserção37


A
Audrey Cristina de Freitas: 26; sol- City; FILIPINAS. coleção de cartões postais: correspondên-
teira; estuda educacão artística; interes- Bryn Jafuli: 25; solteira; estuda con- cia em espanhol. Endereço: Colegio Lin-
ses: música, trabalhos manuais, viagens e serto de chassis de veículos no Lilongwe da Vista; A.P. #1; Pueblo Nuevo, Solis-
natureza; correspondência em português Technical Collegte; passatempos: músi- tahuacán, Chiapas; 29750 MÉXICO.
ou inglês. Endereço: IAE - Campus 2; ca, leitura e viagens; correspondência em Elaine A. Malala: 19; solteira, faz ba-
Caixa Postal 11; 13165-970 Engenheiro inglês. Endereço: P.O. Box 603; Blantyre; charelado em gerência de cooperativas;
Coelho, SP; BRASIL. MALAWI. interesses: música, colecionar selos,
Douglas Soltau Gomes: 29; solteiro; Maryser Jiménez: 21; solteira; estuda acampar e visitar outras igrejas adventis-
estuda medicina; interesses: troca de infor- enfermagem; interesses: música, nature- tas; correspondência em inglês. Endere-
mação científica e religiosa, computação, za e coleção de cartões postais: corres- ço: College of Arts and Sciences; West Vi-
esportes e coleção de cartões postais; cor- pondência em espanhol. Endereço: Cole- sayas State University; Lapaz, Iliolo City;
respondência em português, inglês ou es- gio Linda Vista; A.P. #1; Pueblo Nuevo, 5000 FILIPINAS.
panhol. Endereço: Ernesto Becker, 1976/ Solistahuacán, Chiapas; 29750 MÉXICO. Jerome K. Maritime: 24; casado; es-
06; 97010-140 Santa Maria, RS; BRASIL. Rajaratnam Jones: 42; casado; forma- tuda química e física na Egerton Univer-
E-mail: a9620477@alunog.ufsm.br do em teologia e comércio, trabalhando sity; interesses: viagens, coleção de se-
Criseida González: 28; solteira; estu- agora como pastor adventista; interesses: los, música e atletismo; correspondên-
da computação; interesses: música, foto- viajar, colecionar selos e moedas e pregar cia em inglês ou kiswahili. Endereço:
grafia, acampamentos e viagens; corres- a vários grupos culturais; correspondên- P.O. Box 680; Litein; QUÊNIA. E-mail:
pondência em espanhol. Endereço: Insti- cia em inglês ou tamil. Endereço: 3, jmaritim@hotmail.com
tuto Universitario Adventista; Casa #16; N.T.N. Street; Nazaret 628 617 Tamil Maxwell Masautso: 22; solteiro; estu-
Nirgua, Edo. Yaracuy; VENEZUELA. Nadu; ÍNDIA. da engenharia de veículos a motor na
E-mail: shadowcrissis@usa.net Muma Khan: 20; solteira; estuda Mzuzu Technical College; passatempos:
Rebeca González: 25; solteira; inte- computação na Adventist Universtiy of música, viagens e ciclismo; correspon-
resses: música, natureza, estudo da Bíblia Bangladesh; interesses: esportes, canto, dência em inglês. Endereço: c/o Pastor J.
e viagens; correspondência em espanhol fotografia e coleção de cartõnes postais; Masautso; South Malawi Field; P. O. Box
ou inglês. Endereço: 8181 Fannin #1625; correspondência em bangla ou inglês. 926; Blantyre; MALAWI.
Houston, TX 77054; E.U.A. Endereço: 100 NO D.I.T. Plot; Gandaria; Irene Mbabazi: 22; solteira; planeja
Yasmine Grand-Pierre: 19; solteira; P.O. #Faridabad; Dhaka 1204. BANGLA- estudar medicina; interesses: jardinagem,
estuda biologia e pré-medicina na Antil- DESH. cozinhar, viajar e trocar cartões postais;
lean Adventist University; passatempos: Andréa de Stael Ladislas: 21; soltei- correspondência em inglês. Endereço:
escrever poesia, música e viajar; corres- ra; estuda francês; interesses: coleção de c/o Upper Nile Press; P.O. Box 10740;
pondência em espanhol, inglês ou fran- selos, natação, música e computação; Kampala; UGANDA.
cês. Endereço: Box 118; Mayaguez, Puer- correspondência em francês, inglês ou Arcadio Medina B.: 27; casado; estu-
to Rico 00681-0118; E.U.A. E-mail: alemão. Endereço: 2, Rue du Serpolet; da filologia espanhola e trabalha como
fleurdelotus19@yahoo.com 95490 Vaureal; FRANÇA. contador numa escola adventista; inte-
Carol Grillet: 24; solteira; conclu- Luz Elena Laíno: 22; solteira; estuda resses: cantar, trocar cartões postais e
indo pedagogia na Universidad José administração de empresas no Instituto partilhar a fé cristã; correspondência em
Maria Vargas; interesses: música, aju- Universitario Adventista; interesses: mú- espanhol ou inglês. Endereço: Calle Bo-
da aos surdos e viagens; correspon- sica, fotografia, esportes e natureza; cor- tuku Luba; Apartado 423; Malabo; GUI-
dência em espanhol ou inglês. Ende- respondência em espanhol ou inglês. En- NÉ EQUATORIAL.
reço: Apartado Postal 352; Valencia dereço: Agfv. 3a. con Calle 7, Casa #29, Werner Mendoza: 18; solteiro; estu-
2001, Edo. Carabobo; VENEZUELA. E- Nirgua Edo. Yaracuy; VENEZUELA. E- da microbiologia na Universidad Nacio-
mail: carolgrilletr@hotmail.com mail: laino77@usa.net. nal; passatempos: cantar, praticar espor-
Hugo Hernández C.: casado; forma- Jennifer I. Lepasana: 23; solteira; ter- tes, acampar e viajar; correspondência
do em economia na Universitad Autóno- minando enfermagem; interesses: músi- em espanhol ou inglês. Endereço: Calle
ma de Chiapas; interesses: tocar violão, ca, fotografia, viagens e esportes; corres- Corporación 1642; Cpm. La Natividad;
órgão e baixo, cantar e colecionar moe- pondência em inglês. Endereço: #40 San- Tacna; PERU.
das estrangeiras; correspondência em es- tolan St.; Narra; 5303 FILIPINAS. David Morais: 21; solteiro; leciona
panhol ou inglês. Endereço: Eusebio Cas- Silvia Lozano: 23; solteira; estuda de- em escola secundária; interesses: línguas
tillo No. 3; Tacotalpa, Tabasco; 86870 senho gráfico; interesses: fotografar, co- estrangeiras, poesia, trocar artigos e car-
MÉXICO. lecionar cartões postais e selos, e apren- tuns inteligentes, e partilhar a fé; corres-
Ruben Darga Holdorf: 36; casado; der de outras culturas; correspondência pondência em português, inglês ou espa-
formado em jornalismo pela Universida- em espanhol ou inglês. Endereço: Carre- nhol. Endereço: c/o Arthur Frederick;
de Federal do Paraná, agora completando ra 8, No. 12-21, Ofic. 411; Bogotá; CO- Rua Francisco Carvalho #50; 65765-000
curso de pedagogia; interesses: Internet, LÔMBIA. Dom Pedro, MA; BRASIL.
coleção de cartões postais e futebol; cor- Michelle D. Maghilom: 48; divorcia- Rafael V. Morales: 23; solteiro; estu-
respondência em português, italiano ou da; trabalha como farmacêutica e faz um da línguas estrangeiras na Universidade
espanhol. Endereço: Rua Pedro Locatelli mestrado; interesses: desenhar roupa e Estadual de Londrina; interesses: música,
Jr., 94 - Bloco B, Apto.31; Guabirotuba; tocar violão; correspondência em inglês. xadrez, colecionar cartões postais e aju-
81570-000 Curitiba, Paraná; BRASIL. Endereço: #7 Christopher Court, Unit dar os interessados a aprender português.
E-mail: rdholdorf@zipmail.com.br 507; Guelph, Ontario; NIG 4V6 CANA- Endereço: Av. Paul Harris 198, Apto. 403;
Yvette Illustrisimo: 22; solteira; estu- DÁ. Vila Siam, 86039-260 Londrina, PR; BRA-
da pedagogia elementar; interesses: can- Majagi Robbin Maiga: 27; solteiro; SIL. E-mail: vermelhor@yahoo.com
tar, nadar, colecionar selos e música; cor- completa um curso em desenvolvimento Neiran Teixeira Mota: 22; solteiro;
respondência em inglês. Endereço: Naga social e administração no Dar es Salaam terminando pedagogia; interesses: músi-
View College; P.O. Box 6078; 4400 Naga University; interesses: música, natureza e ca, esportes e novos amigos; correspon-
Inserção
38 B Diálogo 12:1 2000
dência em português, inglês, francês, gram 624 301 Tamil Nadu; ÍNDIA. tempos: ler, viajar e trabalhar como babá;
alemão, italiano ou espanhol. Endereço: Leeanne Panisi: 26; solteira; termi- correspondência em inglês. Endereço:
ENA; Cx. Postal 01; 55440-970 Belém nando medicina; passatempos: viajar, 3410 Lower River Rd. NW; Georgetown,
de Maria Maria, PE; BRASIL. E-mail: música evangélica, aprender de outras TN 37336; E.U.A.
ena@netstage.com.br culturas e ler livros de história; corres- Wenes Reis: 30; solteiro; médico; in-
Noah Dennis Mubiru: 30; solteiro; es- pondência em inglês ou inglês pidgin. En- teresses: música, viagens e novas amiza-
tuda ciências sociais; interesses: ativida- dereço: Fiji School of Medicine; Hoodless des; correspondência em português, in-
des juvenis, música cristã e assuntos reli- House; Brown Street; Suva; FIJI. E-mail: glês ou espanhol. Endereço: Rua Conde
giosos; correspondência em inglês. Ende- vatumanivo@webinbox.com de Irajá, No. 184, Apt. 26; Vila Mariana,
reço: c/o Faculty of Social Sciences; Rosana Paz V.: 27; divorciada; estuda 04119-010 São Paulo, SP; BRASIL.
Makerere University; P.O. Box 7062; línguas modernas; interesses: produção Olga Inés Riascos: 34; solteira; for-
Kampala; UGANDA. para rádio e TV, atividadades juvenis, mada em pedagogia e teologia, é diretora
Urías Muñoz R.: 23; solteiro; estu- profecias bíblicas e natureza; correspon- de uma escola adventista; interesses: bas-
da enfermagem; correspondência em dência em espanhol, inglês ou francês. quete, trabalho com crianças, música e
espanhol ou português. Endereço: 25 Endereço: Av. 6 de Diciembre #2130 y acampamentos; correspondência em es-
de Mayo, 99; 3103 Libertador San Av. Colón; Edificio Antares, 7o. Piso, Of. panhol. Endereço: Cra. 18, No. 23-85;
Martin, Entre Rios; ARGENTINA. 703; Quito; EQUADOR. Tuluá, Valle; COLÔMBIA.
E-mail: urinet@zipmail.com.br Juan Manuel Peguero: 23; solteiro; Simone Rizziolli: 19; solteira; estuda
Lewis Musinkanye: 25; solteiro; estu- formado em computação, trabalhando tradução e interpretação no Instituto Ad-
da engenharia de veículos a motor no agora no Abbott Hospital em tecnologia ventista de Ensino, Campus 2; interesses:
Mansfield Institute of Technology; inte- de audição; interesses: música cristã e ler música, esportes e computação; corres-
resses: música, voleibol, cooper e aviões; histórias; correspondência em espanhol pondência em português, inglês ou espa-
correspondência em inglês. Endereço: 1- ou inglês. Endereço: C. Camboya #48; nhol. Endereço: Residencial Lagoa Boni-
C Ng’onga & Co.; P.O. 36309; Lusaka; Barsequillo, Haina; REPÚBLICA DOMI- ta; Caixa Postal 22; 13165-970 Engenhei-
ZÂMBIA. NICANA. E-mail: juanp@hpd.abbot.com ro Coelho, SP; BRASIL.
Gilbert Mutandiwa: 21; solteiro; es- Mercedes Peña G.: 30; solteira; traba- Hélio da Silva Roberto: 18; solteiro;
tuda engenharia elétrica; interesses: tra- lha como enfermeira na Clínica Adven- estuda computação; interesses: Internet,
balhar com crianças, música adventista, tista de Lima; interesses: música religio- desenho, esportes e troca de idéias sobre
partilhar experiências cristãs e acampar; sa, trabalhar com crianças na igreja e a vida: correspondência em português ou
correspondência em inglês ou shona. En- qualquer atividade que a aproxime mais espanhol. Endereço: Av. Jerônimo Firmi-
dereço: Harare Institute of Technology; de Deus; correspondência em espanhol, no da Silva No. 577, Cohab II; 15880-000
Electrical Engineering; Box BE277, Belve- inglês, italiano ou português. Endereço: Tabapua, SP; BRASIL.
dere; Harare; ZIMBÁBUE. Malecón Balta, 956; Lima 18; PERU. E-mail: pequeco@zipmail.com.br
Kezio David Musoke: 22; solteiro; es- Noe Jude Peñas Jr.: 21; solteiro; estuda Eglie Rodrigues: 32; solteira; forma-
tuda zoologia e psicologia e trabalha contabilidade na University of Cebu; in- da em química pela Universidade de S.
como jornalista; interesses: críquete, bas- teresses: computação, esportes, música e Paulo; interesses: viagens, leitura, mú-
quete e música; correspondência em in- viagens; corespondência em inglês ou ta- sica e bordado; correspondência em
glês. Endereço: 16514 Wandegeya; Kam- galog. Endereço: Sanciangko St.; Cebu português ou inglês. Endereço: Rua Ca-
pala; UGANDA. City; 6000 FILIPINAS. pão da Serra, 74; 04289-090 S. Paulo,
E-mail: keziodav@avumuk.ac.ug E-mail: judex98@mailcity.com SP; BRASIL.
Zakaria R. Ngereja: 29; solteiro; estu- Ramón Perdomo G.: 34; solteiro; en- Myriam R. Romero: 28; solteira; ter-
da agrimensura; interesses: leitura, ex- genheiro de trem; interesses: viajar, tocar mina o curso de engenharia de sistemas;
cursão, música religiosa e computação; violão e esportes; correspondência em es- interesses: ler literatura cristã, acampar,
correspondência em inglês ou kiswahili. panhol. Endereço: Calle Laguno #14, fazer ginástica aeróbica e aprender lín-
Endereço: University College of Lands Rpto Aeropuerto; Ciego de Avila; 65400 guas estrangeiras; correspondência em
and Architectural Studies; P.O. Box CUBA. espanhol ou inglês. Endereço: Calle 73
35176; Dar es Salaam; TANZANIA. E- Martin O. A. Rabera: 26; solteiro; ter- No. 12-02; Bogotá; COLÔMBIA. E-mail:
mail: zngereja@hotmail.com minando advocacia; interesses: música miryamr@cafesalud.com.co
John Njunga: 21; solteiro; estuda saú- religiosa, peteca, coleção de selos apren- ou myriamrrs@hotmail.com
de ambiental; interesses: música, espor- der de outras culturas; correspondência Jasper Antonio Rosales: 25; solteiro;
tes e novas amizades; correspondência em inglês ou kiswahili. Endereço: Dilras tem bacharelado em contabilidade; inte-
em inglês. Endereço: University of Mala- Colony, Block No. 57; Aurangabad 431 resses: basquete, música religiosa e nata-
wi; The Polytechnic; P. Bag 303; Chichi- 001 Maharashtra; INDIA. E-mail: ção; correspondência em inglês. Endere-
re, Blantyre 3; MALAWI. sudhiri@bom4.vsnl.net.in ço: 121 National Road, Brgy.; San Policar-
Watson Nyoni: 31; solteiro; formado Joylyn Rada: 29; solteira; trabalha po; Calbayog City, Samar; 6710 FILIPI-
em educação; interesses: viagens, músi- como enfermeira na sala de cirurgia; cor- NAS.
ca, fotografia e drama: correspondência respondência em inglês. Endereço: Ca- Joan R. Rosales: 27; solteira; formada
em inglês. Endereço: P.O. Box 2642; Bu- gayan Valley Sanitarium & Hospital; em contabilidade; interesses: cantar, co-
lukeryo; ZIMBÁBUE. Makini, Santiago City; 3311; FILIPINAS. lecionar cânticos religiosos e voleibol;
Eric Ndemo Okoyo: 29; solteiro; nas- Veer Razvan: 18; solteiro; estuda para correspondência em inglês. Endereço:
cido no Quênia e terminando doutorado ser pastor; interesses: pregar, música reli- Accounting Department; Calbayog Sani-
em desenvolvimento e economia; passa- giosa e futebol; correspondência em ro- tarium & Hospital; National Road; Cal-
tempos: viagens, fotografia, música e es- meno ou inglês. Endereço; 8 Martie 13; bayog City; Samar; 6710 FILIPINAS.
portes; correspondência em inglês. Ende- Onesti 5450 Bacau; ROMÊNIA. Nonie Noy Rosley: 20; solteira; forma-
reço; Gandhigram Rural University; Sarah Regester: 23; solteira; estuda da em processamento de dados; passa-
Dept. of Rural Development; Gandhi- para se tornar agente de viagens; passa- tempos: computação, viagens, música

Diálogo 12:1 2000 Inserção39


C
religiosa e acampamentos; correspon- ao; Mandaue City, Cebu; 6014 FILIPI- e dirigir carro; correspondência em in-
dência em inglês ou malaio. Endereço: NAS. glês. Endereço: Su-ay; Himamaylan, Ne-
BQ 4014; Mail Bag 8; 90700 Sandakan, Alicia Sosa: 26; solteira; completa gros Occidental; FILIPINAS.
Sabah; MALÁSIA. curso de enfermagem; interesses: tocar Ruby B. de Vera: 26; solteira; enfer-
E-mail: noyz@yahoo.com violão e flauta, e patinar; correspondên- meira formada; passatempos: bordar
Reginaldo de Cena dos Santos: 22; cia em espanhol ou inglês. Endereço: ponto cruz e ouvir música; correspon-
solteiro; estuda teologia; interesses: mú- Universidad Adventista de Centroaméri- dência em inglês ou filipino. Endereço:
sica cristã, viagens, futebol e partilhar o ca; Apdo. 138-4050; La Ceiba, Alajuela; 824 Alvarado St.; Binondo, Manila; 1006
amor de Cristo; correpondência em por- COSTA RICA. FILIPINAS.
tuguês ou espanhol. Endereço: Instituto E-mail: unadeca@sol.racsa.co.ct Rodrigo José Vieira: 20; solteiro; es-
Adventista de Ensino; Caixa Postal 11; Joanne Sottomayor: 20; solteira; ter- tuda enfermagem na Universidad Adven-
13165-970 Engenheiro Coelho, SP; BRA- minando farmácia; passatempos: bordar tista del Plata; correspondência em por-
SIL. ponto cruz e viajar; correspondência em tuguês ou espanhol. Endereço: 25 de
Hisaya Sato: 38; solteiro; trabalha inglês ou filipino. Endereço: 4866 Lapu- Mayo 99; 3103 Libertador San Martin,
como tradutor; passatempos: estudo da lapu Ext.; Digos, Davao del Sur; 8002 FI- Entre Rios; ARGENTINA.
Bíblia, música e canto; correspondência LIPINAS. E-mail: rod.v@zipmail.com.br
em inglês. Endereço: 10-1-302; Higashi- Cristiano Guedes de Souza: 22; sol- Mayden Lee Villafuerte; 20; solteira;
rokugatsu: Adachi-ku; Tokyo; JAPÃO. E- teiro; estuda serviço social na Universi- estuda administração alfandegária; pas-
mail: rxf10777@niftyserve.or.jp dade de Brasília; interesses: reabilitação, satempos: ouvir música; correspondên-
Jeremiah Selim: 24; solteiro; estuda terapia ocupacional, acampamentos e cia em inglês ou filipino. Endereço: Pldt.
engenharia de telecomunicações no coleção de cartões postais; correspon- Road, Baliang; Camalig, Albay; 4502 FI-
Kenya College; passatempos: estudo da dência em português, inglês ou espa- LIPINAS.
Bíblia, poesia e viagens; correspondên- nhol. Endereço: Quadra 01, Conjunto Carmen B. Wells M: 32; solteira; for-
cia em inglês. Endereço: Radio & Trans- «B», Casa 110; Setor Norte, Gama; mada em farmácia e biologia; interesses:
mission; P.O. Box 250; Gilgil; QUÊNIA. 72430-010 Brasília, DF, BRASIL. E-mail: ajudar os outros, colecionar selos e car-
E-mail: gti@net200ke.com cristianounb@zipmail.com.br tões de telefone, música e esportes; cor-
A. M. Shavanga: 30; solteiro; faz mes- Chebichy Rhoda Tanui: 21; solteira; respondência em espanhol ou inglês. En-
trado em microbiologia industrial; inte- estuda língua e literatura inglesa; passa- dereço: Apdo. Postal No. 13-2; 36730 Sa-
resses: ler a Bíblia e revistas profissionais, tempos: voleibol, equitação, fotografia e lamanca, Gto; MÉXICO.
natureza, tênis e viagens; correspondên- novas amizades; correspondência em in-
cia em inglês. Endereço: Guru Nanak glês. Endereço: P.O. Box 372; Soy; QUÊ-
Dev. University; Dept. of Microbiology; NIA.
Amritsar, PB.143-005; ÍNDIA. Depois de Isabel Maria Lobo Teixeira: 24; sol-
julho de 2000: P.O. Box 214; Tiriki; QUÊ- teira; formada em pedagogia; interesses:
NIA. esportes, acampamentos, viagens e
Daniela dos Santos Silva: 21; soltei- aprender de outras culturas; correspon-
ra; estuda língua e literatura espanhola; dência em português ou inglês. Endere-
interesses: viagens, fotografia, esportes e ço: Praceta Dr. Gaspar da Costa Leite 52,
outras culturas; correspondência em por- 4o. Dto.; 4430 Oliveira do Douro,
tuguês ou espanhol. Endereço: Rua 8, V.N.G.; PORTUGAL.
No. 43, 1a. Etapa; Bairro Castelo Branco; Minette M. Ticar: 27; solteira; termi-
41320-000 Salvador, Bahia; BRASIL. E- nando pedagogia elementar; interesses:
mail: sansil@zipmail.com.br ler, viajar e nadar; correspondência em
Flávio Guilhém da Silva: 22; solteiro; Se você é um universitário ou profissi-
inglês. Endereço: 6 Bagong Lipuan Street,
terminando o curso de engenharia de onal adventista e quer ter seu nome alis-
Sta. Cruz; Naga City; 4400 FILIPINAS.
produção na Universidade de São Paulo; tado aqui, envie-nos seu nome e endere-
Emanuel Victor Topic: 19; solteiro;
interesses: esportes ao ar livre, excursões, ço postal, indicando sua idade, sexo, es-
estuda medicina, psicologia e belas artes;
viagens e novas amizades; correspondên- tado civil, estudos atuais ou diploma obti-
interesses: música clássica e evangélica,
cia em português, espanhol ou inglês. do, faculdade ou universidade que está
arte e esportes; correspondência em ale-
Endereço: Av. Sabará 166, Parque Sabará; freqüentando ou da qual graduou-se, in-
mão, croata ou inglês. Endereço: Liner
13567-720 São Carlos, SP; BRASIL. E- teresses e língua(s) nas quais quer corres-
Str. 47/4; Viena; ÁUSTRIA. E-mail:
mail: fguilhem@zaz.com.br ectopic@hotmail.com ponder. (Indicaremos seu endereço no E-
Anne M. Soares: 19; solteira; estuda Nannette Uwacglu: 21; solteira; estu- mail, se no-lo fornecer.) Envie sua carta a
enfermagem; interesses: música, viagens, da na Uganda School of Commerce; inte- Dialogue Interchange: 12501 Old Colum-
acampamentos e novas amizades; corres- resses: leitura, música, esportes, novas bia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600,
pondência em português ou espanhol. amizades cristãs; correspondência em in- E.U.A. Você pode também usar E-mail:
Endereço: Instituto Adventista de Ensi- glês. Endereço: Nebbi Health Clinic; P.O. 104472.1154@compuserve.com Por fa-
no; Estrada de Itapecerica, 5859; Capão Box 39; Nebbi; UGANDA. vor, datilografe ou use letra de imprensa
Redondo; 05858-001 São Paulo, SP; BRA- Cristina C. Vallejera: 22; solteira; es- clara. Só alistaremos aqueles que fornece-
SIL. tuda computação; passatempos: cozi- rem toda a informação pedida acima. A
Lani S. Soco: 31; solteira; formada em nhar e nadar; correspondência em inglês. revista não assume responsabilidade pela
administração secretarial; interesses: co- Endereço: Su-ay; Himalaylan, Negros Oc- exatidão da informação dada ou pelo
zinhar, cantar, colecionar selos e praticar cidental; FILIPINAS. conteúdo da correspondência que possa
esportes; correspondência em inglês. En- Maricor Vallejera: 22; solteira; estuda resultar.
dereço: Soco Compound, Upper Jagobi- comércio; passatempos: cozinhar, cantar

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