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1 author:
Paulo Martins
Nova School of Science and Technology
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All content following this page was uploaded by Paulo Martins on 22 September 2022.
ISBN: 978-989-757-210-4
Edição:
Edições Universitárias Lusófonas
Organização:
Núcleo de Estudos em Psicologia da Religião e Espiritualidade (NEPRE)
Escola de Psicologia e Ciências da Vida (EPCV-ULHT)
Instituto de Cristianismo Contemporâneo (Área Ciência das Religiões-ULHT)
Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência (CTEC), Univ. Fernando Pessoa
Centro de Investigação em Cosmovisões e Mundivivências Espirituais e Religiosas
(CICMER)
Comissão Científica:
Presidente: José Brissos-Lino (NEPRE/ICC)
Vice-Presidente: Inês Jongenelen (EPCV/ULHT)
Carla Maria Fonseca Tomás (ISMAT)
Cleber Lizardo de Assis (FAJE-Brasil)
Hélia Bracons (ULHT)
Rute F. Meneses (UFP)
Comissão Organizadora:
Presidente: Bárbara Gonzalez (EPCV/ULHT)
André Leiria (ULHT)
Clara Margaça (Universidad de Salamanca)
II Conferência Internacional de Psicologia da Religião e Espiritualidade, “Adversidade, emoções e espiritualidade”
APRESENTAÇÃO
No que respeita às comunicações que integram este livro, João Pedro da Silva, na
comunicação intitulada “Religiosidade e espiritualidade: Evidências para uma caracterologia
diferencial” desenvolve um pensamento aprofundado sobre os dois construtos, fundamental
ao desenvolvimento de uma nova medida de avaliação, partindo de uma análise crítica das
medidas de avaliação destes construtos existentes.
Vítor Rosa, na comunicação intitulada “O Martinismo: História e tradições”, traz-
nos uma perspetiva histórica sobre as tradições do martinismo, e a abordagem à forma como
ele se inscreve nas vivências da atualidade, assim como as conceções desta perspetiva sobre
o eu e o mundo.
Rute Meneses, na comunicação intitulada “Bem-estar psicológico de estudantes do
ensino superior e seus correlatos sociodemográficos psicossociais”, chama a atenção para a
vulnerabilidade, tantas vezes não reconhecida, desta população, e enfatiza a importância de
resultados específicos de cada dimensão do bem-estar psicológico e o seu papel num
programa de intervenção.
Jimmy Pessoa, na comunicação intitulada “Anjos cansados: A síndrome de burnout
em pastores das Assembleias de Deus em São Paulo” focou o papel do pastor das
Assembleias de Deus em São Paulo, com todas as dimensões deste papel e as
vulnerabilidades a nível psicológico que as múltiplas estas exigências a que está sujeito podem 4
trazer.
Marciele dos Santos Pereira, na comunicação intitulada - “Conceções sobre o
sofrimento psíquico no contexto religioso neopentecostal: Uma análise documental da Igreja
Universal do Reino de Deus” enfatiza o sofrimento psicológico no contexto religioso
neopentecostal no Brasil, e abordou as possíveis implicações deste fenómeno para a própria
prática da psicologia.
Valéria Garlet, na comunicação intitulada “A perceção de gestores acerca da
espiritualidade como caminho para a sustentabilidade nas organizações” foca a questão da
espiritualidade no âmbito organizacional e empresarial, partindo das perceções dos gestores
para poder propor um enquadramento que ligasse espiritualidade e sustentabilidade de forma
harmoniosa e eficaz.
Ana Carina Peixoto, na comunicação intitulada “Espiritualidade e personalidade nos
estudantes do ensino superior”, explorando a relação entre as dimensões de ambos os
construtos de uma forma que nos permite compreender melhor o ser humano, efetuando
também uma ponte para a intervenção psicológica.
II Conferência Internacional de Psicologia da Religião e Espiritualidade, “Adversidade, emoções e espiritualidade”
Bárbara Gonzalez
Presidente da Comissão Organizadora
II Conferência Internacional de Psicologia da Religião e Espiritualidade, “Adversidade, emoções e espiritualidade”
ÍNDICE
Apresentação 3
Resumo: Nos países desenvolvidos, os sistemas de cuidado de saúde têm dado especial atenção às
doenças cancerosas, mas com uma ênfase quase exclusiva no aspecto da cura do corpo físico, de
acordo com o paradigma cartesiano. No entanto, tem havido uma preocupação crescente em
complementar os tratamentos oncológicos convencionais, com o tratamento mente-corpo,
nomeadamente através do Ayurveda, na cultura Oriental, e da psicoterapia, na cultura Ocidental. Este
artigo pretende comparar estes métodos de tratamento complementares, nomeadamente a relação
das oito bases físicas com os padrões emocionais e mentais (designados por “doshas” no Ayurveda),
e a utilização da psicoterapia, ambos utilizados nas fases de adaptação psicológicas do paciente,
propostas por Elizabeth Kübler-Ross, sendo de realçar a espiritualidade subjacente em cada um deles,
particularmente no alívio do sofrimento e na promoção da qualidade de vida do paciente oncológico. 150
Abstract: In developed countries, health care systems have given special attention to cancerous
diseases, but with a particular emphasis on the healing aspect of the physical body, according to the
Cartesian paradigm. However, there has been a growing concern to complement conventional cancer
treatments with mind-body healing, namely through Ayurveda, in Eastern culture, and
psychotherapy, in Western culture. This article aims to compare these complementary methods of
healing, namely the relationship of the eight physical bases with emotional and mental patterns (called
“doshas” in Ayurveda), and the use of psychotherapy, both used in the phases of patient´s
psychological adaptation, proposed by Elizabeth Kübler-Ross, highlighting the underlying spirituality
in each of them, particularly in terms of alleviating suffering and promoting the quality of life of
cancer patients.
Keywords: A brief history of Ayurveda and psychotherapy; The Eastern and Western perspective of
mind-body healing in promoting the quality of life of cancer patients; The patient´s psychological
adaptation phases according to Elizabeth Kübler-Ross
* PhD, História e Filosofia da Ciência, NOVA School of Science and Technology. Centro Interuniversitário
de História da Ciência e da Tecnologia, Nova School of Science&Technology, CIUHCT-NOVA/FCT. Centro
Transdisciplinar de Estudos da Consciência, Universidade Fernando Pessoa do Porto, CTEC-UFP.
II Conferência Internacional de Psicologia da Religião e Espiritualidade, “Adversidade, emoções e espiritualidade”
Introdução
Este ensaio tem como objectivo referir estes tratamentos da mente-corpo [6], que
são utilizados no Oriente e no Ocidente, como vias de promoção da qualidade de vida do
paciente oncológico [7].
Outra fonte é a filosofia Samkhya (uma das seis escolas das filosofias da Índia) [14]
que defende que a realidade é composta por Purusha (a Consciência Una ou Divino), por
Prakriti (a fonte do fenómeno em “potência”) que é constituída por três Gunas (qualidades
do estado mental ou fenómeno) - Sattva (equilíbrio), Tamas (inércia), Rajas (movimento) - e
o corpo físico (constituído pelos cinco elementos).
O Ayurveda [15] faz o diagnóstico do paciente através do “exame das oito bases”
(pulso, voz, língua, olhos, pele, unhas, urina, fezes) e relaciona-os com os padrões mentais e
emocionais do paciente [16]. Esta relação mente-corpo determina a constituição base do
paciente ou “doshas” (vata, pitta, kapha) permitindo que o terapeuta recomende um modo
de minimização da causa da doença [17].
Por outro lado, na história da psicoterapia (do Grego, mente (psykhē) e curar
(therapeuein)) assiste-se ao alívio do sofrimento emocional e espiritual do indivíduo desde
tempos imemoriais, estando presente esta actividade em diversas culturas, nomeadamente,
no Oriente, através do curandeiro, e no Ocidente, através do xamã [24]. Entretanto, no
século XVIII, os problemas mentais foram abordados por Mesmer e Puységur através da
utilização do “magnetismo animal”.
teoria psicanalítica de Freud, cujos trabalhos foram complementados por Adler, Jung e
Horney [26].
Na fase da negação, o paciente fica em estado de choque, e por vezes, não aceita o
seu estado de saúde; na fase da revolta, o paciente revolta-se contra a vida por lhe ter dado
tal “destino”, sendo indispensável o acompanhamento dos profissionais de saúde e dos
familiares; na fase da depressão, o paciente evidencia estados de insónia, perda de apetite,
entre outros, por vezes ligados ao desenrolar da doença, e onde o Ayurveda e a psicoterapia
podem ter um papel complementar aos tratamentos convencionais; na fase da negociação, o
paciente evidencia esperança no desenrolar positivo da sua doença e decide “lutar” para
vencê-la, sendo nesta etapa que ocorre frequentemente uma mudança interior de valores,
onde o lado espiritual passa a ter um papel relevante na vida do paciente; a fase da integração
e aceitação é característica da “nova vida” do paciente, e tanto se aplica aos casos de sucesso
do tratamento, como nas situações paliativas e terminais.
Refira-se que nem todos os pacientes passam obrigatoriamente por todas as fases de
adaptação psicológica, e nem estas se sucedem pela mesma ordem em todos os pacientes.
Estas etapas são essencialmente uma referência, nomeadamente para os profissionais de
saúde quando têm de lidar com os diferentes factores que caracterizam esta adaptação
psicológica do paciente [37]. Por exemplo, é preciso ter em atenção os mecanismos habituais
de adaptação usados pelo paciente em situações semelhantes (coping) que envolvem as suas
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convicções filosóficas e espirituais, a sua situação sócio-económica, entre outros factores
[38].
Conclusões
vantagens desta perspectiva, não só como para minimizar os custos em saúde oncológica
[44], como também para dar uma melhor qualidade de vida ao paciente oncológico [45], [46].
Nesta última situação, a religião [47] e a espiritualidade [48] podem contribuir para dar um
sentido à vida do paciente, através da melhoria da auto-estima e da promoção de
comportamentos positivos mente-corpo [49], seja através da perspectiva Oriental ou
Ocidental, nomeadamente através do encorajamento dos contactos com familiares, amigos,
profissionais de saúde, entre outros [50].
Agradecimentos: O autor deste artigo agradece a Ken Ross por ter dado autorização para
a publicação da Figura 1, proveniente do site https://www.ekrfoundation.org
/5-stages-of-grief/change-curve/.
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