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Lição 4

O LIVRO DE OSÉIAS
Continuação

A analogia de uma companheira infiel, empregada por Deus nos


primeiros capítulos, encerra-se no último versículo do capítulo três. A
ideia continua a permear todo o restante do livro. Gômer e seus três
filhos não mais são mencionados, porém a aplicação da sua vida decaída
continua evidente nas palavras do profeta Oséias a Israel.
A introdução ao livro mostra, de forma ilustrada, a situação crítica
em que se achava o povo de Deus. Porém, ao mesmo tempo, deixa claro
que haveria esperança, se a nação retornasse a Deus, arrependida dos seus
detestáveis pecados. Continuar nos caminhos em que estava somente
resultaria em desgraça e dores para o povo.
A primeira parte do Livro de Oséias focaliza o casamento, a
separação e a restauração de Gômer retornando a Oséias, simbolizando
o infiel Israel (esposa) e o fiel Senhor (marido). A seguir, nos capítulos
4-14, temos uma exposição mais detalhada das transgressões de Israel.
O arauto de Deus denuncia tais iniquidades, introduzindo sua pregação
com “Ouvi a palavra do Senhor, vós, filhos de Israel...” (4.1), e terminan-
do-a com “Porque os caminhos do Senhor são retos, e os justos andarão
neles, mas os transgressores neles cairão” (14.9).

76
Esboço da Lição

1. Pecados Multiplicados
2. A Infidelidade de Israel
3. Dias de Castigo
4. A Malícia de Israel
5. A Ruína de Israel
6. A Restauração de Israel

Objetivos da Lição

Ao concluir o estudo desta Lição, você deverá ser capaz de:


1. Indicar a razão da contenda de Deus com Israel;
2. Descrever a conversão do povo, conforme Oséias 6;
3. Relatar as três razões do castigo de Israel, segundo Oséias 8 e 9;
4. Mencionar o grande desejo do Senhor para com o Seu povo,
ao exclamar: “Como te deixaria, ó Efraim? Como te entre-
garia, ó Israel?”;
5. Explicar quem é o vento leste e como será usado por Deus;
6. Expor as condições exigidas pelo Senhor para a restauração
das Suas ovelhas rebeldes.

77
78 TEXTO 1
PECADOS MULTIPLICADOS (Os 4,5)
Oséias viveu um drama real. Experimentou a mágoa e a aflição
de um casamento dissoluto. Suportou uma cruz pesada e, talvez,
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tenha chegado ao ponto de não mais querer participar da parábola


da qual fazia parte.
Agora, contudo, já ocorrido o pior, Oséias está pronto a conti-
nuar cumprindo sua missão como profeta. Provado e aprovado, pronto
e disposto, e conhecendo o desejo de Deus, ele proclama, com discerni-
mento penetrante, os fecundos pensamentos do Senhor.

A contenda do Senhor (Os 4.1-10)

O profeta proclama que Deus está muito insatisfeito com o


povo. Sua contenda deve-se à falta de verdade, amor e conheci-
mento divino por parte do povo (4.1). A falta de conhecimento está
arruinando todos e tudo (4.6). Até a terra, os animais do campo
e as aves do céu estão sofrendo as consequências das abomina-
ções prevalecentes entre os filhos de Israel (4.2,3). Infelizmente, o
pecado domina e não há quem ouse lutar contra ele. A situação é
tal, que até os sacerdotes são vis como o próprio povo. Como diz a
expressão: “tal pai, tal filho”. Nos dias de Oséias, a expressão seria:
“tal sacerdote, tal povo” (4.9).
As autoridades religiosas também estavam rejeitando os caminhos
do Senhor, principalmente o conhecimento da Sua pessoa (4.1). Já não
desejavam as coisas espirituais, mas a maldade. Achavam-se no extremo
oposto das suas responsabilidades espirituais. Por isso, o Senhor teve de
rejeitá-los. O pecado permeara de tal modo o povo, que este se tornara
inaceitável ao Senhor. Os sacerdotes eram os principais responsáveis pelo
desvio espiritual; o seu total desrespeito às leis divinas influenciava o
povo de Israel a deixar o caminho da retidão.
Assim, Deus deixa claro o seu desagrado diante da situação.
Ele não somente evidencia isto com Israel, mas também declara
que seus f ilhos serão castigados; pagarão por suas obras de
rebeldia (4.9). A razão de toda aquela insubordinação foi “porque
ao SENHOR deixaram de adorar” (4.10 - AR A) e já estavam
cultuando a outros deuses.
Aqueles que deixam de louvar ao Senhor e prestar-Lhe as honras 79
devidas logo acharão algo ou alguém para tomar-Lhe o lugar. Talvez
pensem que a adoração ao Pai não seja de grande valor para o cresci-
mento cristão, mas, basta observar o que aconteceu a Israel para ver que

Lição 4 - O Livro de Oséias (Continuação)


o louvor a Deus é prioritário na vida do remido.

A prostituição de Israel (Os 4.11-19)

Por entrega r-se à bebedeira,


Israel já tinha perdido a razão. Por
se tornarem tão corruptos, “os seus
governadores amam a vergonha” (Os
4.18). A perversão era não somente
religiosa, mas também psíquica e
física. Como diz certa interpretação
de 4.11: prostituição e vinho obscu-
recem o coração, a mente e o enten-
dimento espiritual.
Os israelitas consultavam ídolos
e varas de madeira, sacrificavam e
queimavam incenso a deuses estra-
nhos, principalmente a Baal, o deus
da fertilidade dos cananeus e fenícios.
Idolatria e adultério eram a ordem do
dia. Tanto os homens como as mulheres participavam desses atos
impuros. Não somente os pais, mas também os filhos.
Ao invés de os ensinar a caminhar nas veredas do Santo Deus, os
pais encorajavam os filhos a caírem no mesmo abismo de podridão em
que se encontravam; por isso, todos mereciam a punição de Deus.
O profeta Oseias admoesta Judá a não seguir o exemplo de Israel,
que já se encontrava bem aprofundado no pecado; alerta, então, para que
as tribos do Sul atentem para isso e não façam o mesmo: “Não venhais
a Gilgal, e não subais a Bete-Áven" (Os 4.15). Gilgal era uma cidade do
extremo sudoeste de Israel e, Bete-Áven, um termo pejorativo para Betel.
Enquanto Betel significa Casa de Deus, Bete-Áven significa Casa de
Vaidade ou sujeira. O profeta Oséias usou esta expressão para dizer que a
Casa de Deus (Betel) havia se tornado casa de ídolos (Bete-Áven), porque
80 ali um bezerro de ouro havia sido colocado por Jeroboão, primeiro rei
do Reino do Norte, ou Israel (1 Re 12.28,29).
Israel, no versículo 16, é comparado a uma vaca rebelde. Deus pergunta:
“Então, sendo assim, como é que Eu posso apascentar?” A analogia significa
Profetas Menores

que, enquanto continuar sendo “vaca”, que é mais difícil de controlar e


conduzir, como o Senhor poderá tomar conta dela, providenciando pastagem
e direção? Precisa transformar-se novamente em um cordeiro.
Efraim, mencionado neste trecho e em outros que se seguem, repre-
senta todo o Israel. Ela é a tribo mais populosa e mais influente entre as
dez do Reino do Norte. Se continuar a praticar abominações contra Deus
e a oferecer sacrifícios ilícitos, Efraim será envergonhado e carregado
pelo vento. Esse vento simboliza a ira do Senhor que será derramada
sobre ele, quando os exércitos assírios o levarem cativo. Como podemos
notar, a prostituição estava causando poluição espiritual e carnal. Deus
estava oferecendo perdão e promessas, mas, se os filhos de Israel não se
prostrassem arrependidos perante Ele, seriam visitados por Sua punição.

Os excessos do povo (Os 5)

O nosso Pai sabe que somos vasos fracos, que falhamos e caímos
em tentação. Às vezes, caímos várias vezes na mesma tentação; porém,
se nos arrependemos sinceramente, Ele nos perdoa e purifica. Contudo,
se continuamos a cair e começamos a sentir menos remorso pelo pecado
cometido, destruímos o relacionamento com Deus.
Oséias declara que o povo se aprofundou nessa prática (Os 5.2).
Agora, não é o Espírito do Senhor que está no meio deles, mas o
espírito de prostituição (Os 5.4). Os filhos de Israel não conhecem
o Senhor; por isso, quando finalmente foram procurá-Lo, não O
acharam. Já era tarde; Deus tinha se retirado e não permitia ser
encontrado (Os 5.6).
Quando Efraim e Judá, que infelizmente não atenderam ao
aviso dos profetas, reconheceram que estavam doentes, foram buscar
ajuda de líderes assírios incrédulos. Sua doença, consequência de
seus pecados e da ira de Deus derramada em parte sobre eles, era,
principalmente, espiritual. Mas, de tão contaminados que estavam,
nem atinavam onde buscar socorro. Não foram curados pelos
assírios, e sua situação até piorou, porque Deus continuou casti-
gando-os e depois os deixou (Os 5.14).
EXERCÍCIOS 81
Assinale com “x” a alternativa correta.

4.01 O profeta Oséias proclama que o Senhor tem uma contenda com
o povo de Israel, por faltar-lhe

Lição 4 - O Livro de Oséias (Continuação)


___a) a verdade.
___b) o amor.
___c) o conhecimento divino.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

4.02 O Livro de Oséias registra que os principais responsáveis pelo


desvio espiritual do povo eram
___a) os líderes espirituais.
___b) os mercadores do templo.
___c) os romanos.
___d) os filisteus.

4.03 A razão da insubordinação de Israel foi


___a) “porque se cansaram das leis”.
___b) “o medo dos egípcios”.
___c) “porque ao SENHOR deixaram de adorar”.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

4.04 Israel se entregara à bebedeira e à corrupção, conforme demons-


trado na referência aos príncipes (líderes), que diz:
___a) “... amam a vergonha”.
___b) “lutam por posição de evidência”.
___c) “negociam com mercadores”.
___d) “amam suas famílias”.

4.05 Em Oséias 4.16, Israel é comparada a


___a) uma ovelha.
___b) uma vaca.
___c) um leão.
___d) um lobo.
82 TEXTO 2
A INFIDELIDADE DE ISRAEL (Os 6,7)
Note na Bíblia a ligação entre o último versículo de Oséias 5 e o
primeiro do capítulo seguinte: “... estando eles angustiados, cedo me
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buscarão, dizendo: Vinde, e tornemos para o SENHOR...” (5.15; 6.1


- ARA). Estudemos a complementação deste trecho para verificar se a
declaração de Israel era sincera ou não.

Conversão por conveniência (Os 5.15–6.11)


Uma das exclamações mais impressionantes do Livro de Oséias
encontra-se aqui: “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e
o conhecimento de Deus mais do que os holocaustos” (Os 6.6).
Conforme observamos no final do capítulo cinco e no início do seis,
o povo está aflito e reconhece que Deus o tem ferido, mas também pode
curá-lo. O aparente desejo dos filhos de Israel é o de voltarem ao Senhor e
serem restaurados. A referência de dois e três dias no versículo dois signi-
fica simplesmente pouco tempo. “Depois de dois dias nos dará a vida;
ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele”. (Verifique as
seguintes referências paralelas: 1 Reis 12.12; Isaías 7.21; 17.6; Lucas 13.32).
Ou esse desejo não provém de um coração sincero, ou o Senhor
conhece que a volta dos filhos de Israel não durará muito tempo. Deus
responde ao povo: “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque
a vossa benignidade é como a nuvem da manhã e como o orvalho da
madrugada, que cedo passa” (6.4). Em outras palavras, o Senhor está
dizendo que a conversão de seus filhos, neste caso, é somente tempo-
rária; é meramente como o orvalho. O Senhor declara que não é este
o tipo de transformação que deseja. O que Ele quer é uma mudança
completa e permanente; contrição, arrependimento profundo, amor,
bondade, misericórdia e um conhecimento real Dele mesmo. Ele não está
procurando um povo que sacrifique animais para expiar as iniquidades,
abrigando motivos indiscretos e desonestos.
É o que o Pai ainda deseja de todos os que querem pertencer à Sua
família: uma conversão real e permanente, misericórdia e um profundo
conhecimento Dele; não holocaustos impotentes e sem valor.
O pronunciamento principal da vontade de Deus neste trecho
contrasta fortemente com as palavras dos versículos oito e nove.
Notamos, ali, que Gileade é uma cidade manchada de sangue, ou
“marcada com pegadas de sangue”. Como vimos, até os sacerdotes estavam 83
destruindo vidas. Israel, de fato, encontrava-se em nível extremamente
baixo sob todos os aspectos. E também Judá, ao invés de obedecer ao
apelo dos profetas, degenerava-se velozmente, atingindo o mesmo estado de
corrupção geral que Israel. Por isso, Oséias, aflito em seu espírito e em sua

Lição 4 - O Livro de Oséias (Continuação)


alma, brada: “Vejo uma coisa horrenda na casa de Israel: ali está a prosti-
tuição de Efraim; Israel está contaminado. Também para ti, ó Judá, está
assinada uma sega, quando eu trouxer o cativeiro do meu povo” (6.10.11).

A iniquidade de Efraim (Os 7.1-7)

Deus quer “curar” Israel e Se dispõe a perdoá-lo, mas a nação


prefere continuar “doente”. Em vez de abandonar as abominações, ainda
acrescenta outras piores à sua lista repugnante. A ferida se torna cada vez
pior e o povo recusa o “antibiótico” divino que lhe está sendo oferecido.
Antes, o profeta admoestara os sacerdotes e príncipes, ou líderes
religiosos, a se humilharem perante Deus (Os 5 e 6). Agora, ele trans-
mite a sua mensagem aos reis e príncipes, ou líderes governamentais, que
igualmente ignoram o clamor de Oséias. Por isso, a malícia continua a
dominar o povo e a terra. Entre os reis e seus súditos não há um sequer
que invoque ao Senhor (7.7).

Efraim é um pão-não-virado (Os 7.8-16)

Neste trecho, Efraim não somente é comparado a um pão que não


foi virado, como também a uma pomba enganada e a um arco enganoso.
1. Pão-Não-Virado. Os judeus assavam os seus pães ou bolos, os
quais eram achatados e arredondados, em um forno rústico.
Primeiro assavam de um lado e depois o viravam, assando assim
o pão inteiro e por igual. Se não fosse virado, um lado ficava
queimado e, o outro, cru. O calor do fogo não podia penetrar
toda a massa e assá-la uniformemente, e, deste modo, não servia
para ser consumido, pelo que era jogado fora. Simbolizado por
esse pão (bolo), Efraim, que é o mesmo Israel, não permitiu que
Deus o virasse para que fosse completamente cozido.
A rebeldia de Israel tornara-o semelhante a um pão-não-vi-
rado. Ora, só o Senhor sabe quanto tempo o pão necessita
para ser assado de um lado e depois do outro. O fogo, por
sua vez, atua no pão a fim de torná-lo bom para o consumo.
84 Note também que a “mistura” dos ingredientes do pão (bolo)
não era das melhores. A mistura de Efraim com outros países
somente poderia produzir um produto de mau sabor.
2. Uma Pomba Enganada. O simbolismo aqui revela a falta de
Profetas Menores

senso e de direção de Israel. Sem entendimento, confuso e


perplexo, sem saber aonde ir, caiu cativo numa rede; neste caso,
a armadilha da Assíria, preparada pelo Senhor para castigá-lo.
3. Um Arco Enganoso. Trata-se de um arco que não pode
arremessar uma flecha na direção certa. A flecha não podia
atingir o alvo porque o arco era falho. Israel não acertava o
alvo da sua salvação, porque o seu instrumento de impulso
era defeituoso. Aparentemente apontava para a direção certa,
mas, ao soltar-se a flecha, esta desviava e atingia o alvo da
idolatria, e não o da graça e do perdão de Deus.

EXERCÍCIOS
Marque “C” para certo e “E” para errado.
___4.06 Uma das exclamações mais impressionantes do Livro de
Oseias é: “Porque eu quero a misericórdia, e não sacrifício; e
o conhecimento de Deus mais do que os holocaustos”.
___4.07 Israel, aflito, reconhece que Deus o tem ferido e revela uma
aparente vontade de se voltar ao Senhor, que lhe responde: “... a
vossa benignidade é como nuvem da manhã... que cedo passa”.
___4.08 O Senhor deseja conversão real e permanente de todos os que
querem pertencer à Sua família.
___4.09 Oséias mostra-se tranquilo quanto à situação da casa de Israel,
assim como a de Judá.
___4.10 Falando sobre a rebeldia de Efraim, o Senhor o compara a
um pão que não foi virado.
___4.11 A incerteza de Israel quanto à direção a tomar levou-o a cair na
armadilha da Assíria. Israel é comparada a uma pomba enganada.
___4.12 Israel lembra também um arco enganoso, que pode
arremessar a flecha na direção errada. O povo não acertava
o alvo da sua salvação.
TEXTO 3 85
DIAS DE CASTIGO (Os 8,9)
As admoestações feitas nos capítulos oito e nove de Oséias salientam
a punição da apostasia de Israel. Oséias prossegue enumerando os

Lição 4 - O Livro de Oséias (Continuação)


pecados do povo e mostrando que, por causa dessas transgressões, a
nação será duramente castigada. O profeta também avisa que não deve
confiar na sua prosperidade, como fazem as outras nações, e prega
abertamente: “Ai deles (Israel), quando deles eu me apartar!” (9.12).

Israel rejeita o bem (Os 8.1-13)

O castigo de Israel está às portas. A trombeta está em posição


de ser tocada. Uma águia (inimigo feroz e ligeiro) muito em breve
virá contra a Casa do Senhor (v. 1). Por ter semeado o solo com
sementes abomináveis, segará tormentas e será devorado (vv. 7,8;
compare Provérbios 1.14,17; 4.16; 6.9). Ainda assim, Israel aumentou
o número de altares ímpios e chegou ao ponto de ignorar as próprias
leis de Deus (vv. 11,12).
Os filhos de Israel clamaram ao Senhor: “Nós, Israel, te conhe-
cemos” (v. 2). Era, no entanto, um brado falso, não de coração.
Deus via os seus atos, que não eram de contrição. Faziam o que
queriam, desprezando a direção do Pai. A idolatria permanecia; o
deus-bezerro continuava no seu lugar de proeminência (vv. 4,5).
Compravam ou alugavam amantes de outros povos. No seu estado
degenerado, venderam-se ao paganismo; assim como um jumento
bravo decidido a palmilhar o atalho da sua escolha, buscavam
amizades com outros países, determinados a permanecer na perver-
sidade (vv. 9,10).
O resultado de Israel rejeitar o bem será a sua volta ao Egito (v. 13),
contrariando o que Deus determinara, conforme Deuteronômio 17.16.
Por causa da sua rebelião, o Senhor resolveu devolvê-lo à escravidão
naquele país, pelo menos em parte.
A maioria do povo de Israel, no entanto, seria capturada pelos
assírios. As duas nações seriam, então, instrumentos de punição nas mãos
de Deus. O versículo 13 indica que a paciência do Altíssimo chegara
ao fim; o tempo de acertar as contas tinha chegado. Assim como Deus
entregara seus antigos pais ao poderio egípcio, de novo entregaria alguns
à terra dos faraós, e outros ao império dominante da época. (Veja a
86 profecia de Moisés concernente a esse castigo em Deuteronômio 28.15-
68; os vv. 49-57 referem-se à Assíria).

Israel abandonou o seu Deus (Os 8.14-9.9)


Profetas Menores

O povo escolhido se esquecera e até abandonara o seu Criador e


Senhor. A confiança dos filhos de Israel estava nas suas cidades forti-
ficadas e nos palácios bem protegidos. Pensavam, outrossim, que suas
colheitas lhes trariam farto sustento. Mas o profeta lhes falara que tal
prosperidade não viria; faltaria comida e bebida para mantê-los. Nem
sequer ficariam na terra do Senhor. Iriam a outras terras onde se alimen-
tariam de coisas imundas. Muitos lá morreriam e seriam sepultados longe
da terra que lhes fora prometida por Deus.

ENTRE A LEI E O EXÍLIO encontramos no próprio Antigo Testamento: a


casa de Jeú (cf. 1.4; 2 Rs 10.11); a punição de Acã
O distintivo do verdadeiro profeta de Israel é no Vale de Acor (cf. 2.15; Js 7.24-26); o pecado de
a ênfase na obediência à Lei do Senhor, e outro Adão (cf. 6.7; Gn 3.6); o pecado em Gibeá (cf. 9.9;
aspecto importante é o cumprimento de suas 10.9; Jz 19.1-30); o pecado em Baal-Peor (cf. 9.10;
predições – em ambos os quesitos, Oséias é um Nm 25.1-5); a saída do Egito (cf. 11.1; 12.13; Ex 12.50,
nome de relevo. 51); episódios da vida de Jacó (cf. 12.2-5, 12; Gn
25.26; 28.10-22; 29.1-20; 32.24-26); a destruição de
Com efeito, a “contenda” de 4.1 decorre da prá- cidades antigas como Admá e Zeboim (cf. 11.8; Dt
tica generalizada de pecados que atentam contra 29.22, 23); a Festa dos Tabernáculos (cf. 12.9; Lv
a “lei do teu Deus” (cf. 4.6). Um dos sinais da cor- 23.39-43); a travessia do deserto (cf. 13.4, 5; Dt
rupção estava no hábito que os sacerdotes ím- 8.12-16); o pedido de um rei, por Israel (cf. 13.10; 1
pios tinham de se alimentar “do pecado do meu Sm 8.5, 6) e possivelmente a rejeição desse mes-
povo”, de uma forma indicada em 4.8: tendo em mo rei, Saul (cf. 1 Sm 10.17-24; 15.26).
mira que hattath significa tanto “pecado” como
Além desse repertório de história da redenção,
“oferta pelo pecado” (cf. Lv 10.17), o que o texto Oséias olha para o futuro, anunciando um novo
aponta era o incentivo que os sacerdotes davam exílio para Israel – não mais num Egito, e, sim, na
aos vícios pecaminosos para que o povo fosse le- Assíria, embora o Egito seja tomado como metáfo-
vado a entregar as ofertas designadas na Lei. ra de juízo e terrível precedente (cf. 8.13; 9.3; 11.5).
Por oportuno, o Novo Comentário da Bíblia Vale ressaltar, ainda, que, posicionado entre
observa que o texto de 4.8 contraria a tese cri- os primeiros profetas literários, Oséias teve
ticista segundo a qual o sistema de sacrifícios o privilégio de consignar a manifestação pro-
teria sido estabelecido após o exílio babilôni- fética em anos vindouros, avisando que Deus
co. Também em 8.12 Oséias demonstra ter co- falaria “aos profetas”, multiplicando “a visão”
nhecimento da existência da Lei. e propondo “símiles” (cf. 12.10).

Mais do que isso, o Livro de Oseias reúne vá-


Referência bibliográfica:
rias remissões à cultura israelita, suas histórias
e personagens, que o profeta emprega como DAVIDSON, F. (editor). O Novo Comentário da
peças do seu argumento. Confira-se, pois, uma Bíblia, São Paulo: Edições Vida Nova, 1963, V.
série de alusões feitas por Oséias a cenas que II, 1487p.
Ainda havia certos profetas “sentinelas” que permaneciam fiéis ao 87
seu Senhor. Contudo, os filhos de Israel, em geral, consideravam-nos
tolos e loucos. Suas mensagens e avisos eram afoitamente desprezados
pelo povo, numa clara demonstração de repúdio, de sorte que Deus
abriu a “represa” da Sua ira e, usando os exércitos inimigos, inundou a

Lição 4 - O Livro de Oséias (Continuação)


profunda corrupção existente em sua terra.

Israel não ouve mais a Deus (Os 9.10-17)

Esse trecho começa lembrando a Israel os dias quando seus


filhos foram reunidos pelo Senhor (o Êxodo) e termina com a sua
dispersão. Aqui, parafraseamos os pensamentos de Deus relatados
nos versículos 10 a 17:

“Como uvas suculentas, foram colhidos; como os


primeiros figos da colheita de verão. O seu amor e sua
consagração naqueles tempos era algo refrescante
e agradável. Mas isto, infelizmente, logo mudou e
outros interesses começaram a ocupar o seu tempo.
Rejeitaram-Me e, agora, novamente Me repelem. Eu
tinha grandes planos para ti, Efraim. Eu vi o teu futuro,
plantado como uma árvore verde e luxuriante num
lugar delicioso, produzindo frutos ricos e excelentes.
Porém, como a grande e poderosa Tiro, tu também
caíste e Me abandonaste, sem sequer ouvires mais
a Minha voz. Por tanto, Eu estou Me afastando de
ti. Não posso ter-te comigo e vou deixar-te porque
tens escolhido outro deus. Sozinho, agora, terás de
enfrentar o terror das trevas sem Mim, o teu Guia,
teu Pastor. A idolatria que floriu em Gilgal, onde
tu exigiste um rei, tem Me aborrecido demais. Não
suporto mais a rebeldia; por isso, entrego-te à tua
própria sor te, e perambularás pelo mundo afora,
disperso, desamparado e desesperado.”

Oséias conclui a pregação com estas tristes palavras:


“O meu Deus os rejeitará, porque não o ouviram, e
errantes andarão entre as nações.” (Os 9.17)
88 EXERCÍCIOS
Assinale com “x” a alternativa correta.
4.13 Em Oséias 8 e 9 é salientada a punição da apostasia de Israel,
assim resumida:
Profetas Menores

___a) “eles pagarão caro por sua desobediência”.


___b) “Ai deles, quando deles eu me apartar!”.
___c) “eles serão malditos para sempre.”.
___d) “eles jamais entrarão no reino dos céus!”.

4.14 O clamor do povo ao Senhor, “... nós, Israel, te conhecemos”,


___a) partiu de corações sinceros.
___b) foi a expressão de corações falsos.
___c) significou profundo arrependimento.
___d) Nenhuma das alternativas está correta.

4.15 Como resultado de tanta desobediência do Seu povo, Deus


decidiu devolvê-lo à escravidão no Egito. A maioria, contudo,
seria capturada pelos
___a) romanos.
___b) edomitas.
___c) assírios.
___d) amalequitas.

4.16 Oséias concluiu a pregação afirmando que Deus rejeitará Israel, e que
___a) “... errantes andarão entre as nações”.
___b) “serão como ovelhas que não têm pastor”.
___c) “do suor dos seus rostos comerão o pão”.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

TEXTO 4
A MALÍCIA DE ISRAEL (Os 10, 11)
“Chegarão os dias da punição, chegarão os dias da retribuição...” (9.7).
Realmente, haviam começado os dias do derramamento da ira de Deus
sobre Israel. Ele deixara o Seu povo que, ainda assim, persistia em pecar.
Todavia, graças à Sua onipresença, mesmo o abandonando, o Senhor ainda o 89
contemplava. Com Seu inexplicável amor, Ele se mostra novamente disposto
a ajudar, perdoar e acolher, se, arrependido, o povo O buscar. Vemos o tema
do livro fortemente enfatizado na última parte do capítulo 11.

Lição 4 - O Livro de Oséias (Continuação)


O coração de Israel (Os 10.1-10)
“Israel é uma vide luxuriante, que dá o fruto; segundo
a abundância do seu fruto, assim multiplicou os
altares; ... O seu coração é falso...” (Os 10.1,2-ARA)
A vide luxuriante ou frondosa é uma alusão à época áurea de Israel.
O povo de então gozava prosperidade e vivia bem. Mas os seus “frutos”,
em vez de honrarem a Deus, foram-Lhe desonra. Em lugar de um
coração fiel e consagrado, havia falsidade e sacrilégio. O povo era ligado
aos ídolos e ao deus-bezerro, de modo que temeram quando estes lhes
foram tirados ou destruídos.
Quando a Assíria levou cativos os israelitas, o bezerro os acompa-
nhou. Levaram-no como presente ao rei assírio, pensando que o seu
ídolo principal os guardaria e sustentaria. Porém, foram envergonhados e
zombados por confiarem num objeto de ouro, como se fosse o seu deus.
Foram assolados e, o seu rei (de Samaria ou Reino do Norte), destruído
espantosamente: “O rei de Samaria será desfeito como a espuma sobre a
face da água” (10.7). Foi tão terrível a devastação do povo e dos ídolos
vãos, que clamaram às montanhas que caíssem sobre eles e os enterrassem.

A má colheita de Israel (Os 10.11-15)


O Senhor tinha oferecido a Efraim a oportunidade de ter somente
colheitas de justiça, boas e fartas, mas este preferiu plantar “sementes de
discórdia” e ceifar primícias do pecado.
“Semeai para vós em justiça, ceifai segundo a miseri-
córdia; lavrai o campo de lavoura; porque é tempo
de buscar ao Senhor, até que venha e chova a justiça
sobre vós. Lavrastes a impiedade, segastes a iniqüi-
dade, e comestes o fruto da mentira...”. (Os 10.12,13)

Como Deus entregaria Israel? (Os 11.1-12)

Oséias, o profeta do coração quebrantado, alcança o apogeu da


sua mensagem neste capítulo. As palavras aqui registradas vinham das
90 profundezas de uma alma que experimentara as amargas feridas de uma
esposa infiel e mundana. Principalmente nestes versículos, podemos
sentir não somente o lamento do arauto do Senhor, mas, também, o
queixume do próprio Deus por Sua esposa indisciplinada e infiel.
Profetas Menores

O Senhor relembra os dias quando Israel era um menino, um jovem.


Recorda que o ensinou a andar, que o amou e o guiou com ternura,
aliviando também o peso dos seus opressores; até se inclinou para alimen-
tá-lo. Mas, sendo um povo que tinha a triste tendência de se desviar da
retidão, não retribuiu o amor do Pai; antes, afastou-se Dele. Tanta rebeldia,
portanto, só poderia resultar em nova escravidão, removido da sua Terra
Prometida. Não seria a volta de toda a nação ao Egito; somente alguns
iriam para lá. Contudo, seria uma dura marcha forçada em direção ao
poderoso império de seus dias, para prolongados anos de cativeiro.

OSÉIAS, UM LIVRO “AGRÍCOLA” secas de Efraim (Israel); (l) árvore que não dá
fruto (9.16); (m) “vide frondosa” (10.1); (n) “be-
Oséias contém muitas referências à vida zerra domada, que gostava de trilhar” (10.11);
agropastoril, tanto em figuras de linguagem (o) lavoura, solo arado, colheita, consumo dos
como em citações literais. Isto se deve ao fato frutos ceifados (10.11,13); (p) Jacó guardador
de que, como, em sua idolatria, Israel estava de gado (12.12); (q) “nuvem de manhã”, “orva-
atribuindo a prosperidade do campo aos falsos lho que cedo passa”, “palha que se lança na
deuses, e não ao Senhor, o profeta se levantou eira”, “fumaça que sai por uma janela” (13.3;
para denunciar tal pecado de ingratidão. veja também 14.5); (r) “terra muito seca” (13.5);
(s) pasto (13.6); (t) vento leste que seca a nas-
Em várias passagens, Oséias registra que o
cente (13.15); (u) lírio florescendo, cedro do Lí-
povo desconhece Quem é o Senhor, quais as
bano, oliveira (14.5, 6); (v) pessoas sentadas à
bênçãos que d’Ele promanam e qual a exten-
sombra da árvore (14.7); (x) cereal que vivifica
são dos males que se lhe abateram (cf. 2.20;
(14.7); (y) faia verde (14.8).
4.1, 6; 6.6; 7.9). Na raiz da imoralidade e da ido-
latria estava o desconhecimento de Deus, que É significativo o uso frequente do nome
o povo, em 6.1-3, cogitou buscar. “Efraim” para designar Israel porque “Efraim”
significa “duplamente frutífero” (cf. Gn 41.52).
Para fins didáticos, eis uma lista de menções
Nos tempos de Jeroboão II, Israel foi próspero
“campestres” em Oséias: (a) trigo, vinho, lã, li-
e se iludiu com seu conforto material, mas o
nho, pão, água, óleo, bebidas (2.5, 8, 9, 22; 3.11;
profeta Oséias mostra que Deus é Quem tem
9.2; 14.7); (b) vide, figueira (2.12; 14.7); (c) aliança
poder de controlar a natureza – o mesmo Deus
ambiental em favor de Israel (2.18, 22, 23); (d)
da aliança do Sinai é o Deus que firma “alian-
semeadura de trigo a que alude el” (1.4; 2.23);
ça” com o meio ambiente ou envia juízo sobre
(e) “terra” lamentando (4.3); (f) ovelhas e vacas
a terra (cf. 2.18, 21, 22; 13.15; 14.5-7).
(5.6); (g) semeadura de ventos que redundam
em tormentas (8.7); (h) seara ausente, erva que Tal ênfase do Livro acha-se insculpida em
não dá farinha, ou é comida por estrangeiros Os 14.8: “de mim é achado o teu fruto”. Israel
(8.7); (i) eira e lagar (9.2); (j) “uvas no deserto” jamais poderia creditar as bênçãos a Baal, o
ou “primícias da figueira nova” (9.10); (k) raízes deus falso que levou Israel à prostituição.
O versículo oito é o trecho principal de Oséias. O Altíssimo Deus 91
e Senhor exclama: “Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó
Israel? Como te faria como Admá? Te poria como Zeboim? Está comovido
em mim o meu coração, as minhas compaixões à uma se acendem”. O
âmago do livro acha-se nestas palavras. É o tema do Livro de Oséias

Lição 4 - O Livro de Oséias (Continuação)


evidenciado pelo clamor comovente do marido divino pela esposa errante,
como Ele expressa no versículo seguinte: “Eu sou Deus e não homem...”
(v. 9). O Seu grande desejo não era destruir e exterminar a nação judaica,
mas conservá-la, amá-la, restaurá-la, e continuar sendo o Seu meigo
Amante. Não queria aniquilá-la como tinha feito com as cidades de Admá
e Zeboim, que sofreram devastação total no holocausto que sobreveio a
Sodoma e Gomorra (Dt 29.23). O homem, sim, tem atitudes falhas, e
a sua tolerância não dura muito tempo. Um homem não seria paciente;
buscaria a extinção daqueles que lhe causassem problemas e mágoas. Mas
Deus não é assim; é extremamente misericordioso e amável.
É como se o Senhor estivesse bradando às Suas ovelhas rebeldes e
faltosas: “Israel, o que é que farei contigo?”, assim como um pai paciente
faz, às vezes, com um filho rebelde; como um professor ante um aluno
desatento, ou um pastor para com um membro indisciplinado.
A resposta de Deus, felizmente, será: “Continuarei sendo o vosso
Salvador e revelando o meu inesgotável amor. Um dia, voltareis para Mim.
Um dia, quando Eu chamar, vireis como pássaros e pombas, rápidos e
tremendo; em expectativa retornareis, ao ouvirdes o meu brado. Tu, Israel,
serás castigado agora, mas não serás completamente exterminado. Ouvirás
a minha voz nos últimos dias e a atenderás; então serás restaurado à tua
terra, à tua casa e ao teu Senhor, que tanto anela ter-te de volta”.

EXERCÍCIOS
Associe a coluna “A” à coluna “B”.

Coluna “A”
___4.17 “Chegarão os dias da punição, chegarão os dias da
___4.18 Quando a Assíria levou Israel cativo, os israelitas levaram o
bezerro de ouro como presente
___4.19 O Senhor ofereceu a Efraim oportunidade de boas colheitas,
mas ele preferiu plantar
92 ___4.20 Oséias 11.1-12 reflete a lamentação do profeta e também o
queixume de Deus por
___4.21 “Está comovido em mim o meu coração... as minhas compai-
xões à uma se acendem.” (Os 11.8). Esta afirmação revela
Profetas Menores

___4.22 O desejo de Deus para com Israel era conservá-lo, amá-lo,


restaurá-lo e ser sempre

Coluna “B”
A. sua esposa infiel (Israel).
B. “sementes de discórdia”.
C. Seu meigo Amante.
D. retribuição...”.
E. a tristeza de Deus pelo Seu povo.
F. ao rei assírio.

TEXTO 5
A RUÍNA DE ISRAEL (Os 12, 13)
Oséias está terminando a sua mensagem e dá-nos um resumo da
história de Israel, das suas iniquidades e da ira vindoura sobre ele. O
profeta acentua as alianças que Israel está fazendo com países ímpios.
Agora, a contenda divina é também com Judá (12.2). No início do capítulo
quatro, isto era com o Reino do Norte; agora, abrange o Reino do Sul.

Pura vaidade (Os 12.1-14)

Pecar é coisa séria; porém, orgulhar-se disto é muito mais sério. O


povo de Deus, de tanto andar na escuridão, pensava que tal ambiente
fosse normal. Ser anormal e repulsivo tornou-se a rotina do dia-a-dia. A
luz para ele era, agora, elemento estranho.
“É um mercador; tem nas mãos uma balança
enganosa; ama a opressão. E diz Efraim: Contudo
me tenho enriquecido, e tenho adquirido para mim
grandes bens; em todo o meu trabalho não acharão 93
em mim iniqüidade alguma que seja pecado.” (12.7,8)

O pecado dominara totalmente Israel. As cidades de Gileade e


Gilgal, que representavam, respectivamente, os lados oriental e ocidental

Lição 4 - O Livro de Oséias (Continuação)


do rio Jordão, no Reino do Norte, passaram a ser símbolo de pura
vaidade. Em lugar da bondade, do amor e do louvor a Deus, havia
somente corrupção espiritual e moral. Quanto mais o Senhor procurava
restabelecer Seu povo por meio de profetas e visões, mais ele ignorava
esses propósitos. (Compare vv. 10,14.) Pagaria, entretanto, com o próprio
sangue, o preço das suas precipitadas loucuras (v. 14).

Pecando sem parar (Os 13.1-8)

Este trecho começa falando da outrora grandeza de Israel. O poder


e o renome do povo escolhido causavam temor entre as nações. Mas a
sua vil idolatria a Baal enfraqueceu-a espiritualmente, de tal forma, que o
povo era considerado espiritualmente morto. Quanto à sua vida religiosa
e ao seu relacionamento com Deus, Israel estava morto (13.1). O pecado
dominava cada vez mais o seu coração. O Senhor, lembrando-o de que
era o seu único e verdadeiro Salvador, mostra-se extremamente aborrecido
(13.4-6). O profeta compara a Sua ira à ira de animais selvagens (o urso
e o leão), que atacam ferozmente a presa e rasgam-na em pedaços (13.8).

O vento do Senhor (Os 13.9-16)

Israel escolhera a estrada da ruína. Socorro e salvação viriam somente


do Deus verdadeiro. Seus reis não podiam libertá-lo; ao contrário, estavam
até piorando a situação já precária do povo. Oséias usa uma analogia interes-
sante ao descrever a teimosia dos filhos de Israel em rejeitar a liberdade que
lhes era apresentada: um bebê obstinado que, chegada a hora de nascer, não
quer sair da madre: “Dores de mulher de parto lhe sobrevirão; ele é um filho
insensato; porque é tempo e não está no lugar em que deve vir à luz” (13.13).
O versículo 14 é a base da expressão usada pelo apóstolo Paulo
em 1 Coríntios 15.54,55, ao ressaltar a vitória de Cristo sobre a morte e
o inferno (Hades). O apóstolo enfatiza a incorruptibilidade dos salvos
através da ressurreição de Cristo, e o profeta salienta as consequências
da ira de Deus, que Israel sofrerá: pragas, destruição e morte.
“Eu os remirei da mão do inferno, e os resgatarei da
morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde
94 está, ó inferno, a tua perdição? O arrependimento
está escondido de meus olhos.” (Os 13.14)
“E, quando isto que é corruptível se revestir da
incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir
Profetas Menores

da imortalidade, então, cumprir-se-á a palavra que


está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde
está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno,
a tua vitória?” (1 Co 15.54,55)
Desta vez, o Senhor não se arrependerá e enviará um vento do leste (a
Assíria), que soprará sobre a Terra Prometida, causando a sua rápida destruição.

EXERCÍCIOS
Marque “C” para certo e “E” para errado.
___4.23 Em Oséias 12 e 13 o profeta termina a sua mensagem fazendo
um resumo da história de Israel, suas iniquidades e a ira
vindoura sobre a nação.
___4.24 Em Oséias 12.2, notamos que a contenda do Senhor é
também com Judá.
___4.25 De tanto andar na escuridão, o povo de Deus pensava que
tal ambiente fosse normal.
___4.26 As cidades de Gileade e Gilgal, que representavam os lados
oriental e ocidental do Rio Jordão, passaram a ser símbolo
de pura vaidade.
___4.27 Vemos em Oséias 13.1-8 que Israel se mostra pronto a seguir
os caminhos do Senhor.
___4.28 Oséias 13.14 assemelha-se às palavras de Paulo em 1 Coríntios
15.55, ao ressaltar a vitória de Cristo sobre a morte e o inferno.

TEXTO 6
A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL (Os 14)
Oséias termina o seu livro com um apelo final a Israel. Procura pela
última vez, despertar a sonolência fatal do povo. Lembra-lhe as virtudes
sanadoras do Pai Celeste e, por fim, ressalta o benefício daquele que 95
atender às suas admoestações.

Israel deve se arrepender (Os 14.1-3)

Lição 4 - O Livro de Oséias (Continuação)


Observamos as condições requeridas para a restauração do povo:
“Tomai convosco palavras, e convertei-vos ao Senhor; dizei-lhe: ...
ofereceremos como novilhos os sacrifícios dos nossos lábios” (14.2).
Note como Oséias se inclui, usando a palavra “nossos”. Note também
o elo entre esta exortação e a oração de Davi no Salmo 51.15,16: “Abre,
Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor. Pois não
desejas sacrifícios...”.
O profeta está procurando colocar na boca dos judeus palavras
dignas de arrependimento. Busca instruí-los sobre como devem se
dirigir a Deus a fim de serem restabelecidos. Não quer isto dizer que
o arauto do Altíssimo também tenha dobrado os joelhos perante
Baal, mas que se une aos irmãos, como compatriota, para ver se
assim os leva a uma decisão correta. O profeta deseja que percebam
que não é por meio das suas alianças com a Assíria, nem pelas suas
forças militares, nem pelos seus ídolos inúteis, que obterão salvação.
Somente alcançarão a misericórdia do Pai quando voltarem, contritos
e sinceros, ao Senhor.

O orvalho de Israel (Os 14.4-8)

Antes, o Senhor deixara claro que se apartaria de Efraim (9.12);


agora, fala que a Sua ira apartar-se-ia deles. A História revela-nos
que, nesse tempo (ano 722 a.C.), Israel foi levado para o cativeiro
pelos assírios. A decadência do próprio rei Oséias, o último de
Israel, foi lastimável. O povo estava tão decaído, que Deus usou
a Assíria para puni-lo. Assim teve início aquilo que, mais tarde,
causaria a dispersão de Israel.
Até hoje isso continua. Mas não continuará para sempre. O
Senhor, por intermédio da Sua Palavra e de Seus profetas, prometeu
o retorno dos filhos de Israel à sua terra. Prometeu ser novamente
o seu Deus e abençoá-los com maravilhosas e múltiplas graças. O
tempo em que essa época recomeçará só Deus sabe; porém, sabemos
que o Arrebatamento da Igreja será o sinal de que a restauração
completa logo terá lugar.
96 É triste pensar que Israel poderia ter voltado a Deus antes da invasão
do citado “vento leste”, mas rejeitou as profecias dos porta-vozes do
Senhor. Oséias, o profeta que, através de uma experiência extremamente
amarga, muito aprendeu sobre o amor real e a compaixão, a salvação e
o perdão divino, afirmou em suas últimas declarações que, um dia, esse
Profetas Menores

povo será conduzido outra vez ao verdadeiro Deus: “Eu serei para Israel
como orvalho. Ele florescerá como o lírio e lançará as suas raízes como
o Líbano” (14.5). Antes disso, seria esmagado, espalhado pelo mundo
afora, mas, um remanescente que reconheceria seus pecados clamaria
ao seu Pai Celestial e seria gloriosamente restaurado.

A “PORTA DE ESPERANÇA” A profecia de 6.11 prevê a remoção do “cati-


veiro” de Judá, que, àquele tempo, estava mais
É notável em Oséias a presença de palavras longe do exílio do que Israel.
de esperança em meio a severas exortações Em 10.12, Deus amorosamente convida o
quanto ao pecado e anúncios de exílio e des- Seu povo a cultivar virtudes e buscar ao Se-
truição. Podemos citar as seguintes passagens nhor (cf. Jr 4.3).
que, entretecidas no conjunto do Livro, forne-
cem lampejos de restauração ou declarações Observa-se em 11.1, 3, 4, 8 uma sequência de
amorosas do Senhor: 1.10,11; 2.14-23; 6.11; 10.12; especial beleza: Israel, ainda “menino”, foi por
11.1, 3, 4, 8; 13.14 (possivelmente); 14.1-9. Deus chamado do Egito, o que mais tarde se
aplicou a Jesus (cf. Mt 2.15); diante da idolatria
O texto de 1.10,11, interpretado por Paulo de Israel (Efraim), o Senhor o ensinou a “andar”
como envolvendo a salvação dos gentios, alude e o tomou nos braços, apesar de ele não per-
à extensão dos filhos de Israel como “a areia do ceber que era curado; Israel foi atraído “com
mar”, e profetiza no sentido de que se tornariam cordas humanas […] cordas de amor”, liberto
“filhos do Deus vivo” os que não eram povo do do jugo e alimentado; o Senhor pergunta como
Senhor (cf. Rm 9.26; veja também Os 2.23, Rm deixaria Efraim, como poderia entregá-lo à se-
9.25 e 1 Pe 2.10). Menciona-se “uma única cabeça” melhança do que se deu com as cidades des-
sobre Israel e Judá (profecia referente a Jesus truídas junto a Sodoma e Gomorra…
Cristo), agora congregados e subindo da terra.
O texto de 13.14 é citado por Paulo em 1 Co 15.55
Em 2.14-23, há uma sucessão de enunciados como predição da vitória sobre a morte eterna.
de ternura: (a) do enamorado que, atraindo a O fato de o “arrependimento” estar “escondido”
amada, lhe fala “ao coração” e promete despo- dos olhos de Deus pode ter relação com suas de-
sá-la, quando será chamado de “Meu Marido” (e terminações irrevogáveis (cf. Rm 11.29).
não mais “Meu Baal”, que, embora signifique a
mesma coisa, evoca a pecaminosidade denun- Em 14.1-9, Deus convida à conversão israeli-
ciada); (b) do Deus que tem poder para dar “o ta, com bênçãos copiosas.
Vale de Acor [“perturbação”] por porta de espe- Essa provisão de mensagens de salvação em
rança” (cf. Js 7.21-24), transformando, assim, a meio a anúncios de julgamento caracteriza a
execução da ira em possibilidade de remissão profecia bíblica de modo geral, ressalvando-
para o remanescente; (c) do Criador que pode -se as sentenças de Obadias e Naum (contra
constituir aliança com o meio ambiente, devol- Edom e Nínive, respectivamente).
vendo prosperidade à nação; (d) do Soberano
que é poderoso para oferecer “segurança”.
O sábio de Israel (Os 14.9) 97

O último brado do profeta encerra o seu livro: “Quem é sábio, para


que entenda estas coisas? Quem é prudente, para que as saiba? Porque os
caminhos do Senhor são retos, e os justos andarão neles, mas os trans-

Lição 4 - O Livro de Oséias (Continuação)


gressores neles cairão.”
Não se pode andar nas veredas da justiça com o fardo do pecado
atado às costas. Ao entregar-se ao Senhor, esse fardo é também deixado
ali. Se os transgressores tentarem palmilhar os caminhos da retidão,
levando as iniquidades sobre os ombros, falharão totalmente e jamais
alcançarão vida eterna e abundante.
Israel não queria abandonar a idolatria e o adultério. Por isso, Deus,
depois de muito insistir para que se arrependesse, enviou o castigo, entre-
gando-o nas mãos de potências estrangeiras e vis. Todo aquele que almeja
a restauração espiritual precisa voltar arrependido ao Pai Celestial. Seja
pecador ou desviado, revelará sabedoria e prudência quando assim fizer,
e gozará, então, do sublime amor do Soberano Senhor e Salvador.

EXERCÍCIOS
Associe a coluna “A” à coluna “B”.
Coluna “A”
___4.29 Oséias termina o seu livro com um apelo final
___4.30 O profeta Oséias chama Israel a voltar: “Tomai convosco
palavras, e
___4.31 Em seu clamor, Oséias se une a seus irmãos, no intuito de
levá-los à
___4.32 Assim bradou o profeta Oséias: “... os caminhos do Senhor
são retos, e os justos
___4.33 Israel insistiu na idolatria e no adultério. Deus castigou, entre-
gando-o nas mãos de

Coluna “B”
A. decisão correta: a volta ao Senhor.
B. potências estrangeiras e vis.
98 C. andarão neles... ”.
D. a Israel.
E. convertei-vos ao Senhor”.
Profetas Menores

REVISÃO DA LIÇÃO
Assinale com “x” a alternativa correta.

4.34 Além de rejeitarem os caminhos do Senhor, as autoridades


religiosas também
___a) estavam rejeitando o conhecimento da Sua Pessoa.
___b) não desejavam mais as coisas espirituais, e sim a maldade.
___c) eram os principais responsáveis pelo desvio espiritual do
povo.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

4.35 “... estando eles angustiados, cedo me buscarão, dizendo:


___a) vamos, pois, até Belém.”.
___b) corramos ao monte para vermos o SENHOR...”.
___c) ... vinde e tornemos para o SENHOR...”.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

4.36 O povo escolhido esquecera e até abandonara o seu Criador e


Senhor. Sua confiança estava
___a) em sua colheita, que seria farta.
___b) em seus palácios bem protegidos.
___c) em suas cidades fortificadas.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

4.37 A vide luxuriante que dá fruto, em Oséias 10.1,2, é uma


___a) condição daquele que teme ao Senhor.
___b) alusão à época áurea de Israel.
___c) promessa ao povo de Judá.
___d) Todas as alternativas estão corretas.
4.38 As cidades de Gileade e Gilgal, lados oriental e ocidental, respecti- 99
vamente, do rio Jordão, no Reino do Norte, passaram a ser símbolo
___a) de pura vaidade.
___b) de pura verdade.

Lição 4 - O Livro de Oséias (Continuação)


___c) de perfeita submissão a Deus.
___d) Nenhuma das alternativas está correta.

4.39 Oséias vaticina que um dia Israel seria reconduzido ao verdadeiro


Deus, que assim afirmou: “Serei para Israel como orvalho, ele
florescerá
___a) como a rosa de Sarom”.
___b) como o lírio...”.
___c) com grande encanto...”.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

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