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1. Petróleo
Recursos naturais fósseis, tais como o petróleo, o gás natural e o carvão mineral, são as principais
fontes de energia u lizadas pelo ser humano. Dentre as fontes fósseis de energia, o petróleo
ocupa posição de destaque na matriz energé ca mundial, pois deste se produzem os
combus veis líquidos (e.g., gasolina, diesel e óleo combus vel) e gasosos (e.g., gás liquefeito de
petróleo) mais frequentemente u lizados pela sociedade moderna.
A coloração escura do petróleo é causada pela presença de heteroátomos, tais como o enxôfre
e o nitrogênio, e pela presença de metais pesados. A viscosidade é determinada pela natureza
química das moléculas presentes no petróleo, sendo que quanto maior a quan dade de cadeias
orgânicas longas pesentes maior a viscosidade e quanto maior a presença de compostos
aromá cos maior a viscosidade. Além disso, a presença de água emulsificada ao petróleo
também influencia a viscosidade deste, sendo que quanto maior a quan dade de água
emulsificada, mais alta a viscosidade da emulsão. A presença de sólidos inorgânicos no petróleo
também promove uma aumento da viscosidade deste. Viscosidades mais elevadas fazem com
que o transporte e processamento do petróleo seja dificultado.
O petróleo é classificado de acordo com a respec va massa específica e a grandeza que se u liza
para caracterizar esta propriedade é o grau API (ou °API), que é definido como
,
°API = − 131,5 (1)
, / ,
fonte de energia (na forma de combus veis líquidos, gasosos e sólidos) e de produtos químicos,
tais como polímeros, solventes e reagentes orgânicos. Os hidrocarbonetos fósseis ocorrem
majoritariamente na forma de petróleo, gás natural, xisto betuminoso e carvão mineral.
Saturados
Insaturados
Buteno 1,3-Butadieno E no
Aromá cos
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Prof. Leandro Soares de Oliveira
Departamento de Engenharia Mecânica
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O petróleo é classificado para nico quando o teor de parafinas deste é igual ou mais alto que
75 %. Em geral, os petróleos desta classe apresentam densidade inferior a 850 𝑘𝑔⁄𝑚 , são de
baixa viscosidade, alto ponto de fluidez, e de baixo teor de resinas e asfaltenos (< 10 %). Neste
po de petróleo, o teor de enxôfre é usualmente baixo e as pequenas quan dades de aromá cos
presentes apresentam apenas anéis simples ou duplos. A maioria dos petróleos de jazidas do
nordeste brasileiro são desta classe.
Os petróleos são classificados como para nicos-na ênicos se apresentam teores de parafinas da
ordem de 50 a 75 % e teores de na enos da ordem de 25 a 40 %. Estes pos de petróleos
apresentam densidades e viscosidades mais elevadas que os para nicos, porém com valores
ainda considerados moderados. Os petróleos na ênicos apresentam baixos teores de enxôfre e
teores de resinas e asfaltenos da ordem de 5 a 15 %. Os petróleos produzidos na Bacia de
Campos, no Rio de Janeiro, são majoritariamente deste po.
Petróleos na ênicos são aqueles que apresentam teores de na enos mais altos que 70 %,
baixos teores de enxôfre, e são de baixa frequência de ocorrência no planeta, sendo produzidos
em algumas regiões da América do Sul, da Rússia e do Mar do Norte.
A classe aromá co-na ênica compreende os petróleos que apresentam teores de aromá cos
mais altos que os petróleos para nicos e teores de hidrocarbonetos na ênicos mais altos que
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35 %. Estes pos são derivados dos petróleos para nicos e para nicos-na ênicos, com teores
de enxôfre variando de 0,4 a 1 % e teores de resinas e asfaltenos podendo ser mais altos que
25 %. Este pos de petróleos são produzidos em regiões da África Ocidental.
Os compostos nitrogenados são encontrados geralmente nas frações mais pesadas dos
petróleos, em teores médios de 0,17 %. As classes de compostos nitrogenados mais comumente
encontradas em petróleos são as piridinas, quinolinas, pirróis, indóis, porfirinas e compostos
policíclicos com enxôfre, oxigênio e metais. Estes pos de compostos promovem maiores
estabilidades de emulsões com água e maiores instabilidades dos produtos da refinação,
favorecendo a formação de gomas e promovendo alterações de cores, além de contaminar os
catalisadores u lizados nos processos de refinação.
Petróleos também contêm compostos denominados resinas e asfaltenos, que são moléculas de
elevada massa molecular, com estruturas contendo de 3 a 10 anéis aromá cos e heteroátomos
tais como enxôfre, nitrogênio e osigênio. Os asfaltenos são sólidos escuros, não voláteis, que se
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apresentam dispersos nos petróleos, na forma coloidal, e as resinas são líquidos pesados ou
sólidos pastosos, voláteis, que se apresentam dissolvidas no petróleo.
3. Origem do petróleo
Há duas teorias rela vas à origem do petróleo na terra: a biogênica, em que o petróleo é gerado
pela conversão térmica de matéria orgânica sedimentar oriunda de seres vivos; e a abiogênica,
em que o petróleo é gerado por reações de materiais carbonosos não-biológicos catalisadas por
minerais nas profundezas da terra. Entretanto, a teoria da origem biogênica é a considerada mais
plausível em função da grande quan dade de evidências que a corroboram, como, por exemplo,
marcadores biológicos cujas estruturas químicas são preservadas de maneira a permi r a
iden ficação dos precursores biológicos originais.
A origem biogênica do petróleo pode ser explicada da maneira que se segue. Quan dades
significa vas de material orgânico são produzidas pela morte de seres microscópicos, tais como
algas, bactérias e plânctons, devido a condições anóxicas, carência de nutrientes ou desastres
naturais. Este material orgânico é subsequentemente rapidamente soterrado com sedimentos,
em profundidade tal que previne a ação do oxigênio sobre a matéria orgânica. Uma camada extra
de sedimentos deve recobrir a camada rica em matéria orgânica, de modo que as condições
elevadas de temperatura e pressão (tanto litostá ca, quanto hidrostá ca) permitam a
transformação da fração orgânica em querogênio, que cons tui material orgânico insolúvel na
maioria dos solventes. A transformação da matéria orgânica em querogênio ocorre por uma
série de reações químicas envolvendo desidratação, descarboxilação e polimerização. Esta
primeira etapa da formação do petróleo é denominada diagênese e ocorre durante um período
de milhões de anos. A temperatura e pressão do sedimento rico em matéria orgânica se elevam
ao longo de anos devido ao calor gerado pelo núcleo da terra e ao aumento da quan dade de
depósito sedimentar que se sobrepõe à camada rica em matéria orgânica, respec vamente. A
segunda etapa de formação, denominada catagênese, envolve a transformação do querogênio
em hidrocarbonetos (e.g., em petróleo, gás e xisto betuminoso), ocasionada por elevadas
temperaturas e pressões. Inicialmente, são formados os hidrocarbonetos de altas massas
moleculares e, posteriormente, os hidrocarbonetos de baixas massas moleculares pelas
subsequentes quebras das moléculas maiores. A terceira e úl ma etapa de formação do petróleo
é a metagênese, na qual as moléculas de hidrocarbonetos são quebradas em moléculas
menores, formando exclusivamente gases, predominantemente o metano. A elevação
subsequente da temperatura e pressão causa o metamorfismo, que é a transformação da rocha
sedimentar prevalente (protólito) em outro po de rocha, com composição mineral e textura
dis ntas da original.
Uma vez formado o petróleo, este migra con nuamente da rocha geradora para outros pos de
rocha, denominadas rochas reservatório até que a migração seja interrompida pela presença de
armadilhas geológicas. A etapa de migração do petróleo das rochas geradoras para as rochas
reservatório é denominada migração primária e a etapa de migração das rochas reservatório até
a acumulação do petróleo em armadilhas geológicas é denominada migração secundária. A
migração secundária é controlada pela viscosidade e flutuabilidade do petróleo (que é menos
denso que a água) e pela porosidade e permeabilidade das rochas reservatório. A interrupção
da migração, com consequente acumulação do petróleo em armadilhas geológicas, ocorre pela
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4. Exploração de petróleo
Uma vez iden ficada a possibilidade de se ter uma jazida de petróleo em uma determinada
localidade, segue-se para a etapa de explotação do petróleo.
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5. Explotação de petróleo
A perfuração de um poço é conduzida por meio de uma sonda, em que as rochas são perfuradas
por brocas rota vas na extremidade de uma coluna de perfuração, esta úl ma cons tuída por
junções de tubos. À medida que a broca perfura as rochas, os fragmentos de rochas gerados são
removidos por ação de um fluido de perfuração injetado por bombeamento na coluna. Ao a ngir
a posição em que se encontra a broca em perfuração, o fluido de perfuração retorna à superficie
carregando consigo os fragmentos de rochas gerados pela broca. A energia provida à broca para
executar a perfuração das rochas é devido à combinação de rotação da broca e de peso aplicado
sobre esta.
A etapa de avaliação da cimentação é conduzida por testes acús cos (sísmicos) de modo a
determinar a aderência do cimento ao reves mento e à formação rochosa ao redor. Desta
maneira, previnem-se problemas do po produção de fluidos indesejáveis, avaliação incorreta
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Gases
combustíveis
Petróleo cru
GLP
Gasolina
Planta Nafta de
Separação Polimerização
Adoçamento, tratamento e
de gás aviação
de gás
mistura de nafta
Desalgação Alquilação Gasolina
Óleo leve
automotiva
Isomerização Iso-Nafta
catalítica
Nafta leve
Solventes
Nafta pesada HDS/ Reforma
Destilação atmosférica
tratamento catalítica
Querosene Querosene
tratamento e mistura
de aviação
Diesel Hidrocraqueamento
de destilados
Adoçamento,
catalítico Querosene
Hidrodesulfurização/ Solventes
Gasóleo tratamento
Diesel
RA
Destilação à vácuo
Destilado de craqueamento
vácuo leve catalítico
Tratamento e mistura de
Destilado de
vácuo pesado
Óleos
resíduos
combustíveis
Desasfaltamento residuais
coqueamento
por solvente
RV
asfalto coque
Ao chegar nas refinarias, o petróleo é armazenado em tanques até que se inicie o respectivo
processo de refinação.
5.4.2. Destilação
frações desejadas. Produtos variando de gases não condensados a óleos combustíveis pesados
podem ser continuamente retirados entre o topo e o fundo da coluna, respectivamente.
5.4.4. Coqueamento
Vapor de produtos
do coqueamento
Coluna fracionadora
coqueamento
coqueamento
Tambor de
Tambor de
Gasóleo
6.1. Gasolina
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A gasolina é uma mistura bastante complexa, constituída de mais de uma centena de diferentes
hidrocarbonetos, sendo a maior parte de compostos saturados (somente com ligações simples)
e contendo de 4 a 12 átomos de carbono por molécula. Estes compostos se enquadram em
quatro categorias genéricas: (i) parafinas, incluindo as cicloparafinas e compostos ramificados;
(ii) olefinas; (iii) naftenos; e (iv) aromáticos. Parafinas são, na realidade, alcanos de fórmula
genérica 𝐶 𝐻 e são os principais constituintes de petróleos leves, encontrando-se nas
frações de menor densidade. As olefinas (alquenos) são hidrocarbonetos de cadeias abertas com
ligações duplas entre carbonos, podendo ser lineares ou ramificadas, e apresentando fórmula
química geral 𝐶 𝐻 . As olefinas não estão normalmente presentes no petróleo bruto e são
geradas em processos durante a refinação, tal como no craqueamento catalítico. Os compostos
naftênicos são os ciclanos, de fórmula geral 𝐶 𝐻 , contendo um ou mais anéis saturados,
podendo conter ramificações parafínicas e serem formados por dois ou mais anéis conjugados
ou isolados. Os compostos naftênicos mais predominantes no petróleo são os derivados do
ciclopentano e do ciclohexano. Os compostos aromáticos de baixa massa molecular (e.g.,
benzeno, tolueno e xileno) estão presentes principalmente na fração correspondente à nafta na
destilação atmosférica.
A fórmula química média para gasolina comum é 𝐶 𝐻 . A faixa de ebulição da gasolina utilizada
em automóveis varia de 30 ℃ a 220 ℃; para aviões, a gasolina contém componentes menos
voláteis, pois a pressão atmosférica nas alturas é menor e, portanto, a temperatura de ebulição
destes também diminui. A densidade da gasolina é de 0,72 𝑘𝑔⁄𝐿 (0,026 𝑙𝑏⁄𝑖𝑛 ;
719,7 𝑘𝑔⁄𝑚 ; 6,073 𝑙𝑏⁄𝑈𝑆 𝑔𝑎𝑙 ; 7,29 𝑙𝑏⁄𝑔𝑎𝑙 ). A gasolina apresenta uma densidade de
energia de aproximadamente 32 𝑀𝐽⁄𝐿 (9,67 𝑘𝑊ℎ⁄𝐿; 132 𝑀𝐽⁄𝑈𝑆 𝑔𝑎𝑙 ; 36,6 𝑘𝑊ℎ⁄𝑈𝑆 𝑔𝑎𝑙 ).
A gasolina pode receber compostos adicionais, tais como: moléculas detergentes para remover
e prevenir a formação de depósitos no carburador/injetor, nas válvulas de admissão e outras
partes do motor; anticongelantes para evitar o congelamento no carburador em dias frios;
anticorrosivos para inibir a corrosão férrica de linhas, tanque de estocagem e quaisquer sistemas
metálicos que entram em contato com o combustível; antioxidantes para reduzir a oxidação da
gasolina e a formação de gomas; desemulsificantes para minimizar a formação de emulsões pelo
aprimoramento da separação da água presente na gasolina; desativadores de metais para inibir
a oxidação e formação de gomas na gasolina, catalisada por íons cobre e outros íons metálicos;
e antidetonante para melhorar a octanagem da gasolina (e.g., etanol).
6.2. Diesel
O diesel de petróleo ou diesel fóssil é produzido da des lação fracionada do petróleo entre
128 ℃ (302 ℉) e 328 ℃ (575 ℉), à pressão atmosférica, resultando em uma cadeia carbônica
que contém picamente entre 8 e 24 átomos de carbono por molécula. O diesel é composto de
aproximadamente 75 % de hidrocarbonetos saturados (principalmente parafinas incluindo n,
iso, e cicloparafinas) e 25 % de hidrocarbonetos aromá cos (incluindo na alenos e
alkilbenzenos). A fórmula química média para o diesel combus vel comum é 𝐶 𝐻 , variando
de 𝐶 𝐻 a 𝐶 𝐻 . O diesel é imiscível com água.
Os motores a diesel não utilizam ignição por centelha, como no caso da gasolina. O motor a
diesel comprime o ar dentro do cilindro elevando a pressão e a temperatura (taxas de
compressão de 15: 1 to 21: 1 são comuns). O diesel é injetado diretamente no cilindro, próximo
ao final deste, e as temperaturas elevadas no interior do cilindro promovem a reação do diesel
com o oxigênio na mistura, aquecendo e expandindo a mistura que queima de modo a converter
as diferenças de temperatura/pressão em trabalho mecânico (movimento do pistão). As
elevadas taxas de compressão utilizadas em motores diesel resultam nestes serem mais
eficientes que os motores a gasolina. Esta eficiência mais alta e o fornecimento de um maior
torque pelo motor a diesel são as razões principais para se utilizar motores a diesel em veículos
pesados, tais como ônibus e caminhões.
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Veículos com motores a diesel em geral apresentam uma maior economia de combustível e
produzem menos gases de efeito estufa que os equivalentes a gasolina. A maior economia de
combustível é devido a maior densidade de energia do diesel combustível e a eficiência
intrínseca do motor a diesel. Embora a maior densidade de energia do diesel resulte em
emissões mais intensivas de gases de efeito estufa por litro que a gasolina, os 20 a 40 % de
economia alcançados por motores a diesel compensam as emissões mais altas por litro e
produzem de 10 a 20 % menos gases de efeito estufa que os veículos a gasolina equivalentes.
Adi vos podem ser acrescentados ao diesel para melhorar o desempenho do mesmo. Nitratos
e nitritos de alquilas podem melhorar a qualidade de ignição do diesel. Depressores de ponto de
fluidez podem melhorar o desempenho a baixas temperaturas. An oxidantes e dispersantes
podem ser usados para prevenir a formação de compostos insolúveis que eventualmente podem
causar entupimento das linhas e do filtro de combus vel.
7. Combus veis
Combus vel é toda substância capaz de reagir com o oxigênio e, desta reação, liberar energia
térmica.
Uma substância para ser u lizada como combus vel deve ser abundante na natureza,
desprender quan dade de calor suficiente na queima e apresentar custo rela vamente baixo.
Os combus veis orgânicos, principalmente aqueles derivados do petróleo, são os mais
abundantes e, consequentemente, os mais comumente u lizados. Os combus veis orgânicos
podem ser genericamente classificados em fósseis (e.g., derivados do petróleo) e de origem
biológica (e.g., etanol, biodiesel).
Outra classificação dos combus veis orgânicos se refere ao estado sico em que estes se
encontram: sólido, líquido e gasoso. Esta classificação se jus fica pelas diferenças que o estado
sico do combus vel promove na natureza da combustão, nos meios de armazenagem e
transporte, e nas configurações especiais de equipamentos que u lizam o combus vel.
Os combus veis líquidos se destacam com relação aos sólidos e gasosos pela facilidade e
segurança que estes proporcionam no manuseio, armazenagem e transporte, e, também, por
permi rem menores custos de equipamentos de combustão quando comparados aos outros
pos de combus veis (sólidos e gasosos). Além disso, cons tuem os pos de combus veis mais
comumente empregados no setor de transporte e no setor industrial.
Os combus veis líquidos, por sua vez, podem ser classificados em fósseis (de fontes não
renováveis) e em biocombus veis (de fontes biológicas renováveis). Os principais combus veis
líquidos fósseis são a gasolina, o Diesel e o óleo combus vel, todos derivados do petróleo, uma
fonte ainda abundante, porém não renovável. Os principais combus veis de fontes renováveis,
atualmente sendo produzidos industrialmente e u lizados principalmente no setor de
transporte, são o etanol e o biodiesel.
A composição elementar de um combus vel pode ser expressa de cinco diferentes formas:
composição de massa de trabalho; composição de massa seca; composição de massa
combus vel; composição de massa analí ca; e composição de massa orgânica.
𝐶 + 𝐻 + 𝑂 + 𝑁 + 𝑆 + 𝐴 + 𝑊 = 100 % (2)
𝐶 + 𝐻 + 𝑂 + 𝑁 + 𝑆 + 𝐴 = 100 % (3)
A composição de massa combus vel é aquela cons tuída somente por elementos orgânicos,
eliminando-se, portanto, a fração mineral
𝐶 + 𝐻 + 𝑂 + 𝑁 + 𝑆 = 100 % (4)
A principal propriedade a ser determinada para um combus vel é o seu Poder Calorífico, que
determina a qualificação daquele combus vel para as aplicações desejadas para o mesmo. A
quan dade de calor liberado durante a combustão de uma unidade de massa ou volume de um
combus vel é denominada Poder Calorífico (𝑃𝐶) e pode ser dividida em duas categorias: Poder
Calorífico Superior (𝑃𝐶𝑆) e Poder Calorífico Inferior (𝑃𝐶𝐼). O Poder Calorífico Superior é a
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Quando a umidade do combus vel varia, o novo valor de 𝑃𝐶𝐼 pode ser calculado por
Exemplo 1
Solução
Exemplo 2
Calcular o PCI de um óleo combus vel cuja composição foi determinada como sendo:
𝐶 = 85,3 %, 𝐻 = 10,2 %, 𝑆 = 0,5 %, 𝑁 = 0,3 %, 𝑂 = 0,2 %, 𝐴 = 0,5 % e 𝑊 = 3 %.
Solução
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Da equação (8):
Exemplo 3
Solução
O etanol dissolve-se facilmente na água e absorve a umidade do ar. Da equação (11), nota-se
que o poder calorífico do etanol diminui com o aumento da quan dade de água presente no
mesmo. O etanol 96 % tem um poder calorífico de 25,8 𝑀𝐽⁄𝑘𝑔 e o etanol 80 % tem um poder
calorífico de 20,7 𝑀𝐽⁄𝑘𝑔. Portanto, nota-se que a umidade deve ser veementemente evitada
para que se possa aproveitar o poder calorífico que o etanol proporciona.
O biodiesel apresenta valores de 𝑃𝐶𝐼 da ordem de 37 𝑀𝐽⁄𝑘𝑔. Por ser um combus vel de
produção e u lização recente, equações para o cálculo de seu PCI, em função de sua composição
de massa de trabalho, ainda não se encontram disponíveis.
Para efeito de comparação, apresentam-se, no Quadro 1, os valores de PCI para os combus veis
líquidos mais comumente u lizados no setor de transporte e industrial.
Os motores de Combustão Interna (𝐶𝐼) obtêm a energia necessária para promover movimento
pela combustão de hidrocarbonetos combus veis com ar, em que se converte a energia química
dos combus veis para energia interna nos gases (i.e., energia térmica), e esta úl ma é conver da
em energia mecânica dentro do motor.
A quan dade máxima de energia química que pode ser liberada (calor) de um combus vel é
aquela devido à reação (combustão) estequiométrica com oxigênio. O oxigênio estequiométrico
(também denominado oxigênio teórico) é suficiente para converter todo o carbono combus vel
em dióxido de carbono (𝐶𝑂 ) e todo o hidrogênio em água (𝐻 𝑂), sem sobrar nenhum oxigênio
não reagido.
𝐶𝐻 + 𝑎𝑂 → 𝑏𝐶𝑂 + 𝑐𝐻 𝑂 (13)
Para se determinar a quan dade mínima de oxigênio (i.e., oxigênio estequiométrico) para
promover a combustão completa do metano, faz-se um balanço de átomos que compõem os
reagentes e os respec vos produtos:
𝐶: 1 × 1 + 0 × 𝑎 = 1 × 𝑏 + 0 × 𝑐 → 𝑏 = 1 (14)
𝐻: 4 × 1 + 0 × 𝑎 = 0 × 𝑏 + 2 × 𝑐 → 𝑐 = 2 (15)
𝑂: 1 × 0 + 2 × 𝑎 = 2 × 𝑏 + 1 × 𝑐 → 𝑎 = 2 (16)
𝐶𝐻 + 2𝑂 → 𝐶𝑂 + 2𝐻 𝑂 (17)
Gastam-se dois moles de oxigênio para reagir com um mol de combus vel, gerando um mol de
dióxido de carbono e dois moles de vapor de água. Se o iso-octano é o componente combus vel,
a reação estequiométrica de combustão com o oxigênio é:
Moléculas reagem com moléculas, portanto, ao se balancear uma equação representando uma
reação química, u liza-se quan dades molares (número fixo de moléculas) e não quan dades
em massa. Um 𝑘𝑚𝑜𝑙 de uma substância tem uma massa em 𝑘𝑔 igual, em número, à massa
molecular daquela substância.
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1 𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑂 = 32,00 𝑘𝑔
Motores pequenos e potentes poderiam ser construídos se os combus veis fossem queimados
com oxigênio puro. Entretanto, os custos de se u lizar oxigênio puro seriam proibi vos e,
portanto, tais motores não são construídos. O ar atmosférico é u lizado como fonte de oxigênio
para reagir com o combus vel. O ar atmosférico é cons tuído de aproximadamente 78 % (em
moles) de nitrogênio, 21 % de oxigênio, e 1 % de outros gases, incluindo argônio, neônio, hélio,
𝐶𝑂 , 𝐻 𝑂, etc.
A combustão pode ocorrer, dentro de certos limites, quando mais que o ar estequiométrico
(pobre) está presente, ou quando menos que o ar estequiométrico (rica) está presente para uma
dada quan dade de combus vel. Se o metano é queimado com 150 % de ar estequiométrico,
o excesso de oxigênio estará presente nos produtos da reação de combustão:
O monóxido de carbono é um gás venenoso, incolor e inodoro que pode ser queimado para
formar 𝐶𝑂 . O 𝐶𝑂 é formado em qualquer processo de combustão em que há deficiência de
oxigênio. Também é provável que parte do combus vel não vá queimar quando houver
deficiência de 𝑂 . Este combus vel não reagido irá cons tuir um poluente na exaustão do motor.
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Para combustão em motores, a razão de equivalência é uma medida da mistura combus vel-ar
rela va às condições estequiométricas e é definida como:
( ) ( )
ø= = = (23)
( ) ( )
em que 𝐶𝐴 = 𝑚 ⁄𝑚 é a razão massa de combus vel por massa de ar, 𝑚 e 𝑚 são as massas
de combus vel e de ar, respec vamente, 𝐴𝐶 é a razão massa de ar por massa de combus vel e
o parâmetro é o inverso da razão de equivalência. Quando ø < 1 (ou > 1), a mistura
combus vel-ar é pobre em combus vel e haverá oxigênio presente nos gases de exaustão do
motor; quando ø > 1 (ou < 1), a mistura combus vel-ar é rica em combus vel e haverá 𝐶𝑂 e
combus vel presente nos gases de exaustão do motor; e quando ø = 1 (ou = 1), a razão é
estequiométrica e a energia liberada pelo combus vel é máxima. Motores, em geral, operam
com uma razão de equivalência na faixa de 0,9 a 1,2 (0,8 < < 1,1) dependendo do po de
operação.
Exemplo 1
Iso-octano (𝑀𝑀 = 114 𝑘𝑔⁄𝑘𝑚𝑜𝑙 ) é queimado com 120 % de ar teórico em um pequeno motor
turbo de 3 cilindros. Calcular:
3. a razão de equivalência.
Solução
Com 20 % de excesso de ar, todo o combus vel é queimado, e a mesma quan dade de 𝐶𝑂 e
𝐻 𝑂 é encontrada nos produtos. Além disso, há uma pequena quan dade de oxigênio e
nitrogênio em excesso nos produtos de combustão.
𝐶𝐴 = = = ,
= 0,055 (27)
A propriedade do combus vel que descreve a facilidade com que um combus vel irá sofrer
autoignição é denominada número de octano (𝑁𝑂) e cons tui uma escala numérica gerada por
comparação com as caracterís cas de autoignição do combus vel com aquelas de combus veis
padrão em um teste específico de motor em condições específicas de operação. Os dois padrões
de referência para combus veis usados para determinação do número de octano são o iso-
octano (2,2,4 trime lpentano), para o qual se atribui o valor de número de octano de 100, e o
n-heptano, para o qual se atribui o valor de número de octano de 0. Quanto maior o Número de
Octano de um combus vel, menor é a suscep bilidade do mesmo de sofrer autoignição.
Motores que trabalham com baixas taxas de compressão podem u lizar combus veis de baixo
número de octano e motores que trabalham com altas taxas de compressão devem u lizar
combus veis de altos números de octano para evitar a autoignição e a detonação.
Quando se mistura vários combus veis de números de octano conhecidos, uma boa
aproximação para o número de octano da mistura é dada por
O diesel combus vel é ob do em uma ampla faixa de massas moleculares e propriedades sicas.
Vários métodos são usados para classificar o diesel combus vel, alguns u lizando escalas
numéricas e outros o designando para usos específicos. Em geral, quanto mais refinado o diesel
combus vel, mais baixa é a massa molecular do mesmo, mais baixa a viscosidade e mais alto o
respec vo custo. Para este combus vel, as escalas numéricas variam de 1 a 6, com subcategorias
usando letras do alfabeto (e.g., 𝐴1, 𝐷2, etc). Os menores números representam as menores
massas moleculares e viscosidades mais baixas. Estes são os combus veis do po diesel
comumente u lizados em motores CI. Combus veis classificados com números maiores são
u lizados para aquecimento residencial e em fornos industriais. Cada classificação apresenta um
conjunto de limites aceitáveis para as propriedades sicas associadas, tais como viscosidade,
ponto de fulgor, ponto de fluidez, número de cetano, teor de enxofre, etc.
Outro método de classificação de diesel a ser usado para motores CI é o de designar a intenção
de uso para o mesmo. Estas designações incluem ônibus, caminhão, locomo vas, navios e
combus vel estacionário, abrangendo da massa molecular mais baixa à mais alta.
Por conveniência, combus veis do po diesel para motores CI podem ser divididos em duas
categorias extremas: Diesel leve, com massa molecular aproximada de 170 (de fórmula química
aproximada 𝐶 , 𝐻 ); e Diesel pesado, com massa molecular aproximada de 200 (de fórmula
química aproximada 𝐶 , 𝐻 , ). A maioria dos combus veis do po diesel irá se enquadrar nesta
faixa. O diesel leve é menos viscoso, mais fácil de bombear, é injetado na forma de pequenas
gotas, e também é de custo mais elevado. O diesel pesado pode, em geral, ser usado em motores
maiores com pressões de injeção maiores e sistemas de alimentação aquecidos.
Em motores CI, a autoignição da mistura ar-combus vel é uma necessidade. O combus vel
correto deve ser selecionado de forma que entre em autoignição no tempo apropriado no ciclo
do motor. Portanto, para tal, deve-se conhecer e controlar o tempo de atraso da ignição do
combus vel. O tempo de atraso de ignição é definido como o tempo decorrido entre a injeção
do combus vel na câmara de combustão e o início da ignição (combustão) do mesmo. A
propriedade que quan fica este parâmetro (tempo de atraso da ignição) é denominada Número
de Cetano (𝑁𝐶). Quanto maior o número de cetano, mais curto é o tempo de atraso da ignição
e mais rapidamente o combus vel sofrerá autoignição no ambiente da câmara de combustão.
Um número de Cetano baixo implica em um tempo de atraso da ignição mais longo.
Da mesma forma que se faz para a determinação do número de octano, o 𝑁𝐶 é estabelecido por
comparação com dois combus veis de referência: ao n-cetano (hexadecano, 𝐶 𝐻 ) é atribuído
o valor de 100; e ao heptame lnonano (HMN, 𝐶 𝐻 ) é atribuído o valor de 15. O 𝑁𝐶 de outros
Petróleo e combus veis derivados do petróleo
Prof. Leandro Soares de Oliveira
Departamento de Engenharia Mecânica
Universidade Federal de Minas Gerais
Exercício
Um taxi é equipado com um motor flex ( po SI) e roda com uma mistura de metanol e gasolina
com uma razão de equivalência de 0,95. Qual deve ser mudança na razão de mistura ar-
combus vel quando se muda a mistura de 10% metanol (M10) para 85% metanol (M85)?
Solução
Trabalhar com moles de combus veis em 𝑀10 ao invés de massas de combus veis.
Para um kmol de combus vel reagindo com uma razão de equivalência de 0,95:
, , ,
0,278𝐶𝐻 𝑂𝐻 + 0,722𝐶 𝐻 + 𝑂 + (3,76)𝑁 → 6,054𝐶𝑂 + 5,971𝐻 𝑂 + (3,76)𝑁 + 0,468𝑂 (34)
, , ,
Petróleo e combus veis derivados do petróleo
Prof. Leandro Soares de Oliveira
Departamento de Engenharia Mecânica
Universidade Federal de Minas Gerais
Combus vel Massa, 𝑚 (𝑘𝑔) Massa molecular, 𝑀 𝑁 = 𝑚⁄𝑀 (𝑘𝑚𝑜𝑙) Fração molar
𝐶𝐻 𝑂𝐻 0,85 32 0,026563 0,952
𝐶 𝐻 0,15 111 0,001351 0,048
Total 1,00 0,027914 1,000
Reação estequiométrica:
0,952𝐶𝐻 𝑂𝐻 + 0,048𝐶 𝐻 + 1,992𝑂 + 1,992(3,76)𝑁 → 1,336𝐶𝑂 + 2,264𝐻 𝑂 + 1,992(3,76)𝑁 (36)
Para um kmol de combus vel reagindo com uma razão de equivalência de 0,95:
, , ,
0,952𝐶𝐻 𝑂𝐻 + 0,048𝐶 𝐻 + 𝑂 + (3,76)𝑁 → 6,054𝐶𝑂 + 5,971𝐻 𝑂 + (3,76)𝑁 + 0,105𝑂 (37)
, , ,