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Tradução: Angel Huntress

Revisão: Diamond

Leitura Final: Sekhmet Huntress

Formatação: Sekhmet Huntress


COPYRIGHT © 2016 POR LEELA ASH.
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pelo uso de citações breves em uma
resenha.
Cherin, um belo e célebre Shifter
Dragão, tem sido a conversa da cidade
desde que era um garotinho. Agora, se
tornou um Dragão Guerreiro sexy e
realizado, para desgosto de sua melhor
amiga Leika, a única mulher que ele
mantém por perto.
Leika, realizada por direito próprio
como uma poderosa mística Loni, não
suporta a tendência de seu amigo de
protegê-la, mesmo quando não precisa
dele. Não só isso, mas todas as mulheres
de seu bairro têm ciúmes dela, porque
assumem que está com a sedutor e
procurado Cherin. Mas Leika nunca
poderia estar com aquele seu belo e tolo
protetor...certo?
Quando Leika recebe uma convocação
da Grande Sacerdotisa de Kaldernon, tudo
o que sabem começa a mudar. Cherin se
esgueira para proteger Leika, e logo eles
se encontram em uma acalorada missão
para salvar os descendentes de Kaldernon
que são caçados na Terra. Eles têm lutado
contra os seus sentimentos a vida inteira,
mas quando Cherin de repente faz uma
jogada, todas as apostas estão canceladas
e sua missão toma um rumo confuso.
Não querem destruir a forte amizade
que nutrem desde a infância, mas a paixão
entre eles é inegável. Quando isso os faz
seguir seus caminhos separados, Leika é
capturada. Será que Cherin será capaz de
reconciliar seus sentimentos a tempo de
salvá-la?
CAPÍTULO UM

— Leika, isso é enorme!


— O que é? — Leika perguntou, voltando
seus olhos cor de lavanda para seu amigo
Cherin. Cherin havia dito a ela em mais de
uma ocasião o quão perturbador era seu
olhar penetrante. No entanto, Leika estava
orgulhosa disso. Isso mostrava que ela era
uma Loni a ser considerada. Sempre foi
capaz de muitas coisas. Até batalhar.
— Há um boato de que Lopu Mansana
quer vê-la! Como você conseguiu isso? —
Cherin exclamou, seu rosto bonito iluminado
pelas possibilidades. Ele sabia o quão
talentosa ela era e tinha certeza de que era
vista por seu potencial.
A mandíbula de Leika caiu.
— Por que ela quer me ver? — Leika
perguntou, sua voz estridente. Lopu era a
líder do povo de Kaldernon, e ir ao seu
encontro, significava uma viagem de três dias
ao Norte, até a capital Rallah. Mais
surpreendente que isso, significava que Lopu
havia descoberto algo sobre Leika. Mas era
algo bom ou ruim? Leika estava ajudando
um jovem do clã Kersh a tirá-lo das drogas da
Terra, mas ele implorou para que mantivesse
seu problema entre os dois. Ela havia
recorrido à alquimia secreta para ajudá-lo,
mas eram forças poderosas com as quais
trabalhava e sabia que poderia ter problemas
se fossem apanhados.
Kaldernon estava em um estado
prolongado de comemoração desde que os
Shifters e Lonis da Terra foram
resgatados. O assentamento criado pelo clã
Kersh, havia fornecido um santuário para
aqueles que quisessem explorar seus poderes
de Shifter Dragão. Qualquer um que tivesse
despertado para eles, foi finalmente
encontrado, seja pelos outros shifters ou pelo
grupo fundamentalista conhecido como os
Guardiões, que sempre procuraram destruir
todos os shifters, por considerá-los “vida
alienígena contaminada”.
Felizmente, a missão de resgate foi um
sucesso, e o líder de Kaldernon, Lopu
Mansana, finalmente conseguiu.
Alegre foi o dia em que o clã Kersh
chegou através do portal no espaço-tempo,
que o povo Loni conseguira construir, após
séculos de trabalho meticuloso. Porém,
quando parecia impossível, Kallan Yestorval
conseguiu quebrar o código e ajudar seu povo
a voltar para suas casas de direito.
Era chocante para os novos moradores de
Kaldernon, estarem em um mundo em que
não precisavam esconder nenhuma parte de
si mesmos. À luz do dia, muitos ainda eram
tímidos em exibir todos os poderes
abrangentes de suas formas shifter. Era
realmente triste, e o povo do clã Kersh era
encorajado a abraçar seus poderes e liderado
por instrutores especiais sobre como
englobar esse poder completamente e se
capacitar. Eles não tinham nada para se
envergonhar e tudo para se orgulhar.
Exceto, é claro, o homem que tinha um
problema com drogas. Leika fez o possível
para ajudá-lo e, com sua ajuda, ele conseguiu
se afastar delas e aprender maneiras
melhores de lidar com o estresse. Se Lopu
soubesse alguma coisa sobre suas mágicas
desviadas, ela poderia estar com
problemas. Mas havia também a
possibilidade de ter sido convocada por
algum outro motivo. Mas o que?
— Você vai? — Cherin perguntou, seus
deslumbrantes olhos azuis e brilhantes.
— Bem, se Lopu está me convocando,
não tenho escolha. Mas, como sabe, tudo isso
é apenas um boato. Talvez, uma vez
formalmente convidada, tornarei minha
presença conhecida. Até então, isso não
significa nada para mim e todos faríamos bem
em ignorá-lo.
Leika se afastou de seu melhor amigo
com a cabeça erguida, mas por dentro estava
tremendo de terror. Que tipo de punição ela
receberia da líder, se descobrisse que usara
magia sem a devida autorização? O destino
era terrível. Mas ninguém jamais disse uma
palavra sobre as coisas que aconteceram com
os traidores. Mesmo aqueles que foram
punidos e retornaram, agiram como se nada
fora do comum acontecera. Eles sabiam as
regras que deveriam cumprir e, se fossem
quebradas, era uma questão resolvida em
particular.
Quando ela chegou em sua casa, o
coração de Leika bateu no peito. Na caixa de
correio havia uma convocação inconfundível
para se reunir no tribunal de Lopu
Mansana. Leika teria que estar preparada
para partir em 24 horas, quando uma equipe
estaria lá para buscá-la e acompanhá-la até a
capital Rallah.
CAPÍTULO DOIS

Cherin observou Leika partir, seu


coração contraído de dor. Ele desejou poder
lhe contar como se sentia por ela. Quando as
pessoas eram convocadas para a capital,
raramente voltavam. Lopu encontrou
maneiras de colocar todos para trabalhar ou
puni-los por qualquer irregularidade que
cometeram.
Cherin franziu a testa e passou a mão
pelos cabelos loiros desgrenhados. Leika não
estava particularmente animada com a
convocação. Era mais provável que não
fossem boas notícias. Havia algo com que ela
estava preocupada? Talvez houvesse algo
que escondesse. Mas Leika era muito
independente, não havia como estar disposta
a lhe dizer o que estava
pensando. Especialmente se era algo que ela
estava preocupada. Preferia morrer a contar
qualquer coisa a Cherin.
Ele sorriu com carinho, pensando em sua
juventude. Os dois cresceram juntos, cabanas
diagonais do outro lado da rua. Seus pais
eram amigos íntimos na época e, sempre que
possível, estavam no quintal um do outro,
contando histórias e comendo juntos.
Quando eles tinham cerca de oito anos,
os pais de Cherin se mudaram e deixaram
Leika sozinha no bairro. Ele fora treinado
como um guerreiro Shifter em Rallah, e tinha
feito tudo o que podia para manter contato
com ela. Mas ser amigos e tentar dedicar sua
vida ao treinamento teve um preço, e logo
perderam o contato.
Felizmente, o destino parecia estar a seu
favor e ele nunca se esqueceu de
Leika. Quando tinham treze anos, se
reuniram novamente. Leika fora escolhida
como discípula Loni e se mudara para Rallah,
para receber seu próprio treinamento. Os
antigos e místicos de Kaldernon a iniciaram
em seus estudos, enquanto aqueles com
sangue de guerreiro iniciaram Cherin nos
dele. A morena e tépida Leika era uma força
a ser reconhecida, e muitos estudantes
desistiram porque se sentiram intimidados
por seus dons.
Ainda assim, ela achava impossível fazer
amizade com os outros alunos Lonis e passou
a almoçar com Cherin diariamente. Suas
escolas estavam centralizadas nos Jardins de
Aprendizagem, o epicentro da movimentada
cidade Rallah e a uma esquina dos Templos
de Kaldernon, onde todos os assuntos legais
eram resolvidos e a própria Lopu Mansana
trabalhava fora de casa.
Quando finalmente se formaram em suas
academias, Leika e Cherin prometeram
permanecer amigos e nunca perder o
contato. Mas Leika estava sozinha
agora. Desta vez, ela o estava deixando para
trás.
Ele estava empolgado por ela, isso era
verdade. Com seu cabelo preto e olhos cor
de lavanda inquietantes, todos pareciam
perceber imediatamente que não era como as
outras mulheres. Parecia ser capaz de ver
através de você. Não apenas isso, mas Cherin
e Leika tinham um segredo. Quando estavam
juntos na escola, haviam compartilhado tudo
o que aprenderam. Cherin estava ciente das
filosofias Loni, que para a maioria dos
shifters, não era permitida, enquanto as
habilidades de combate físico de Leika
haviam sido aprimoradas graças ao
treinamento pessoal de Cherin. Eles
aprenderam tudo juntos e mantiveram-se
bem até a idade adulta.
Talvez Lopu descobrira que eles
violaram a confiança dos estudiosos,
compartilhando conhecimento sagrado entre
si. Ou talvez algo mais acontecera.
Cherin suspirou, estendendo-se
preguiçosamente ao sol do fim da tarde. Ele
provavelmente deveria ir ao salão de
banquetes, para ajudar sua mãe e seu pai nos
preparativos para o banquete da noite. Era a
vez deles de ajudar a preparar as refeições e,
se ele não estivesse lá, receberia um brinde.
CAPÍTULO TRÊS

Naquela noite, Leika trançou


cuidadosamente seus longos cabelos pretos e
entrou em um dos vestidos
impressionantemente bonitos que fizera para
si mesma na escola. A criação era um
presente que seu povo fora particularmente
abençoado. Quanto tempo levaria até criar
outro vestido? Se ela fosse punida, qual seria
sua punição? Ela seria separada de
todos? De Cherin?
Ela não podia imaginar tê-lo fora de sua
vida novamente. A primeira vez foi um
inferno. Ninguém tinha sido seu amigo antes
de Cherin, e ninguém se atreveu a ser seu
amigo depois. Leika sempre intimidou as
pessoas com sua inteligência feroz e
raciocínio rápido. Todos, menos Cherin, a
consideravam uma espécie de ameaça. Ela
cantava mais alto e mais claramente do que
todas as outras crianças da vizinhança, e
também era a mais ansiosa e disposta a ajudar
em tempos de crise.
Parecia natural que as pessoas tivessem
ciúmes dela, é claro, mas o ressentimento
tinha um preço. As pessoas falavam mal dela
pelas costas e a amaldiçoavam por sua beleza,
alegando que se esforçava demais para
parecer bonita, apenas para chamar a atenção
de homens Shifters solitários que poderiam
favorecê-la. Homens como Cherin.
Não fez nada para detê-la ou abolir sua
confiança fácil, mas sem um aliado, coisas
assim poderiam realmente começar a
desgastá-la. Deveria contar a Cherin o que
havia feito pelo shifter viciado em drogas da
Terra? Ou seria do interesse de todos se ela
ficasse quieta?
Quando chegou a hora de se juntar aos
vizinhos no salão de banquetes, ela se sentou
pesadamente em seu assento de sempre. Não
fizera nenhum esforço extra em sua
aparência, mas ainda podia sentir os olhos
das pessoas enquanto passavam. Muitas
mulheres recorreram a rir e fofocar sobre ela,
mas quando Cherin se sentou à sua frente,
seu sorriso torto e familiar iluminando
amplamente o rosto, as vozes de todos os
outros desapareceram.
— Então é verdade? — Ele perguntou,
incapaz de conter sua curiosidade. — Você
está indo para Rallah?
Ela riu.
— Por que você ainda está vestindo seu
avental? — Leika perguntou, em sua voz uma
provocação silenciosa. — Você parece uma
solteirona.
— O que, isso? Ouvi dizer que está na
moda na Terra — disse Cherin com uma
piscadela fácil em sua direção. Ele nunca teve
que se importar. Nunca teria se importado
também. Ele havia nascido lindo e nunca
havia crescido. Era parte do motivo pelo qual
as mulheres lhe causavam problemas. Todo
mundo estava de olho em Cherin. Ele era o
escolhido da ninhada, e ninguém acreditava
que eles eram apenas amigos, mesmo depois
de todo esse tempo.
— Sim, havia uma carta na minha caixa de
correio da própria Lopu. Enviarão escoltas
para me levar para a capital dentro de vinte e
quatro horas. Acho que devo me preparar
para sair antes disso.
— Por quanto tempo? — Cherin
perguntou, uma carranca franzindo o
rosto. Foi a primeira vez que Leika o viu
menos feliz com a sua oportunidade de ver
Lopu Mansana em pessoa. Ele podia sentir o
medo dela? Ou simplesmente temia perder
uma amiga.
— Realmente não sei. Não havia
indicação na carta. Não tenho ideia do que
seja.
— Bem, isso é uma coisa boa — disse
Cherin, rindo desconfortavelmente. Ele
colocou as mãos atrás das costas e desatou o
avental. — Isso significa que você não está
com problemas.
Leika olhou para a mesa, seus olhos cor
de lavanda se enchendo de lágrimas. Ela
ficou horrorizada com sua impotência para
detê-las.
— Oh, vamos lá, não pode ser tão ruim
assim! — Cherin disse, pegando a mão
dela. Ela se sentiu ofuscada pelos dedos
masculinos e, apesar de si mesma, seu
coração bateu forte no peito. Ela riu de si
mesma. Se pensasse demais no que todo
mundo achava de Cherin, corria o risco de
cair sob o feitiço dele também. Mas ele era
apenas mais um garoto, que por acaso era seu
melhor amigo no mundo. Como poderia ser
atraída por alguém que sabia tanto sobre
ela? Eram praticamente família.
— Estou com medo, Cherin. E odeio o
mundo quando não tenho você para
conversar. E se eu estiver com problemas?
— Por que eles teriam motivos para puni-
la? — Cherin perguntou com desdém. —
Você provavelmente receberá algum tipo de
honra ou algo assim. Você deveria estar em
êxtase!
— Você sabe o quanto as mulheres em
Rallah são piores do que as daqui — disse
Leika, encarando Cherin seriamente. — Eles
vão se lembrar de mim.
— Não se preocupe com um monte de
morcegos ciumentos — disse Cherin, seu
sorriso fácil penetrando seus medos e
enviando uma sensação de paz dentro dela. —
Tudo ficará bem. E se não ficar, vamos
resistir juntos.
Cherin apertou a mão dela e se sentiu
instantaneamente melhor. Mesmo se ela
tivesse problemas, teria Cherin ao seu
lado. Ele entenderia por que ela escolhera
ajudar o homem viciado em drogas em
segredo, e assustaria qualquer um que
tentasse intimidá-la depois disso também.
— Comam, amores! — A mãe de Cherin
disse, colocando pesadamente tigelas de
madeira, cheias de ensopado na frente
deles. — Foi feito com amor!
CAPÍTULO QUATRO

Cherin não podia culpar Leika por sentir


medo. Ele tinha o mesmo sentimento, e não
conseguia deixar de olhar para o relógio,
imaginando quando é que ela seria tirada
dele. Ele estava contando as horas, seu peito
queimando, sempre que percebia que, em
um futuro próximo, sua melhor amiga iria
embora.
Cherin não aguentou mais o
pensamento. Ele rolou e se virou a noite toda
sem dormir nem um pouco, e de repente
soube o que tinha que fazer. Cuidadosa e
silenciosamente, para não despertar sua
família, ele fez uma pequena sacola e se
arrastou por cima da colina. Ele subiu em
uma árvore e decidiu esperar lá até de
manhã, quando teria uma visão completa de
Leika sendo escoltada para a capital.
Cherin fechou os olhos azuis claros por
apenas um momento e, quando os abriu
novamente, era dia. O som de cascos de
cavalo à distância o levou a ficar no galho da
árvore, e ele usou sua visão extraordinária
para assistir Leika ser levada de sua casa,
segurando uma bolsa perto do peito, seu
rosto mais pálido do que jamais vira, e entrar
dentro da carruagem.
Dois homens robustos, com chapéus
pretensiosos, mudaram para suas formas de
dragão e começaram a circular a área,
certificando-se de que estava a salvo de todos
os predadores em potencial. Às vezes, males
de outros planetas podiam ser encontrados à
espreita entre os arbustos, alguns inofensivos,
enquanto outros eram absolutamente maus,
e eles não se arriscavam enquanto vulneráveis
e transportando uma preciosa carga Loni.
Finalmente, os homens determinaram
que a barra estava limpa e foram para a frente
da carroça, onde conduziram os cavalos para
a frente. Cherin quase podia ouvir
fisicamente o medo de Leika. Ele não
deixaria nada atrapalhar. Garantiria que ela
estivesse bem, e mesmo quando se sentisse o
mais sozinha possível, ele estaria lá.

A jornada estava se movendo


rapidamente, mas Leika não conseguia evitar
a apreensão nervosa que sentia na boca do
estômago. Algo ruim estava por vir. Ela sabia
disso, mas não sabia dizer o que poderia
ser. Desejou poder saber mais sobre o que
aconteceria com ela. Se Cherin estivesse lá,
encontraria uma maneira de ajudá-la a se
sentir melhor. Mas ele não estava. E ela não
tinha ideia de quanto tempo levaria antes que
o visse novamente.
Por volta do meio dia, a carruagem parou
completamente e os motoristas desmontaram
a carruagem. Um deles desapareceu na
floresta para se aliviar enquanto o outro
vasculhou uma cesta. Quando ele olhou para
ela através da cortina da carruagem, notou
com algum consolo que ele era descendente
Loni. Isso significava que poderia ser mais
receptivo aos sentimentos dela.
— Você gostaria de almoçar? — Ele
perguntou, empurrando um sanduíche
embrulhado até ela.
Leika assentiu.
— Obrigado — disse ela, pegando a
comida. Parecia quase uma oferta de paz,
mas ela não podia baixar a guarda. Se eles a
estivessem investigando, teria que parecer o
mais inocente e cortês possível, não importa
o que acontecesse.
— Então você é Leika Malu? — O homem
perguntou, seus pálidos olhos cor de lavanda
se iluminando. — Eu ouvi muito sobre suas
conquistas.
Conquistas? Talvez fosse uma boa
jornada, afinal. Ainda assim, não parecia
ótimo ser chamada tão secretamente. Ela
odiava muitas coisas e as surpresas eram
provavelmente as maiores.
— Suponho que você já esteve na minha
escola — disse Leika, sua voz musical e
educada.
— Claro, também sou formado. Fui
escolhido por Lopu pessoalmente para este
trabalho. —
— Parabéns! — Leika disse
graciosamente. O homem sorriu.
— Meu nome é Tolu — disse ele. — Mas
minha esposa, ela é da Terra, ela me chama
de 'Tigre'. Eu nunca vi um tigre. Você acha
que poderia me ajudar a sonhar essa noite
quando acamparmos?
— Claro. Talvez nem tenhamos que
sonhar, nós poderíamos tentar a fogueira.
— Sério? — Tolu perguntou, encantado e
surpreso. — Você deve ser mais poderosa do
que eu pensava.
— Eu não sei — disse Leika dando de
ombros. — Talvez
A essa altura, o outro motorista voltou e
vasculhou a cesta.
— Droga Tolu — ele retrucou. — Eu disse
para você trazer os rabanetes em
conserva! Você sabe como é meu estômago
em longas viagens como essas.
Tolu se afastou timidamente de Leika e
começou a conversar com seu amigo,
deixando-a sozinha para apreciar as vistas e os
sons da floresta ao seu redor. Se ver Lopu
realmente seria uma honra, o que tudo isso
significava?
CAPÍTULO CINCO

Cherin estava pronto para atacar quando


ouviu a voz do Shifter grosseiro, quando
voltou para a carroça onde Leika estava
sentada, refém de seu mau humor e
brincadeiras. Se ele estivesse com raiva de
algo a respeito dela, ficaria furioso em um
piscar de olhos. Mesmo que fosse expulso do
exército, ele faria qualquer coisa para
defender Leika.
Logo ficou claro que era apenas uma
disputa geral entre amigos, e Cherin
relaxou. Ele pegou seu próprio recipiente
pequeno de rações e comeu de mau humor,
observando a carroça quanto a sinais de que
ela poderia continuar se movendo. Ele os
seguiria até Rallah e garantiria que nada
acontecesse com eles.
Ele estava bem ciente das coisas que
aconteciam durante a noite. Muitas criaturas
achavam Kaldernon um lugar
hospitaleiro. Seu ambiente era adequado a
muitas espécies, e o ar rico e a água doce
eram favorecidos pela maioria das raças que
visitavam seu humilde planeta. Muitos
ficavam em segredo, esperando a chance de
atacar.
Felizmente, ele estava bem treinado para
o combate e tinha certeza absoluta de que
Leika também. Ela era muito especial e
talentosa para ser indefesa em um mundo
como o deles. Não importa o que alguém
dissesse, não era uma boa ideia treinar apenas
os shifters para serem fortes. Os Lonis
sensíveis e artísticos provavelmente
precisavam do treinamento mais do que
qualquer um. Não foi preciso quase nada
para abalar seus mundos até a fundação.
Leika nunca tinha sido do tipo que
deixava as coisas abalá-la. Era parte do que
ele amava nela. Ela pegava e analisava tudo,
passando todas as informações através de
uma variedade de filtros em sua mente. Em
questão de milissegundos, ela seria capaz de
dissecar, analisar e classificar quaisquer dados
complicados que surgissem sem formar uma
opinião muito emocional sobre isso. Cherin
secretamente adivinhou que ela tinha uma
mistura igual de capacidades Loni e shifter,
mas ele nunca fora corajoso o suficiente para
falar sobre essas possibilidades em voz
alta. Especialmente quando seu pai era um
conservador muito rígido, que acreditava na
ideia de que as mulheres deveriam agir como
Lonis e os homens como shifters para
proteger suas famílias.
O dogma era ridículo para a maioria,
especialmente para homens de mente aberta
como Cherin, mas as gerações mais velhas
gostavam de manter sua
mentalidade. Quanto mais velhos ficavam,
mais convencidos de que o mundo era
melhor quando todos tinham um papel e
sabiam o seu lugar, para fazer o mundo
girar. Rótulos simples eram tão boas quanto
personalidades.
Ainda assim, o pai de Leika admitira que
sua filha era complexa. Essa foi parte da
razão pela qual ele concordou em mandá-la
para Rallah para seus estudos. Realmente
funcionou bem para todos os envolvidos e
deu a ela a oportunidade de se expressar fora
do polegar opressivo do pai.
O velho sempre intimidou Cherin. Ele
era selvagem e respeitado por seus nobres
esforços no campo de batalha. Ele mantinha
os clãs seguros, isso era inegável. Talvez se
Leika fosse abençoada com outro tipo de pai,
Cherin se sentiria livre para explorar seus
sentimentos por ela de uma maneira mais
profunda. Mas a ideia de que seu pai pudesse
ler sua mente, o fez se sentir ainda mais
inflexível em garantir que seus sentimentos e
pensamentos sobre Leika fossem os mais
platônicos possíveis. Ele não precisava de um
herói condecorado, dando-lhe a aparência de
morte toda vez que ele queria entrar e
compartilhar uma refeição com sua melhor
amiga. Manter as coisas simples dessa
maneira era melhor. Mesmo que isso
significasse que nunca teria a chance de
explorar a maneira perturbadora que os
olhos profundos de Leika o faziam sentir, ou
os aspectos proibidos e sensuais dos sonhos
que ele tinha com ela. Era tudo apenas
aspectos engraçados e bizarros de crescerem
juntos. E essa fora a mentira que ele
alimentou até que uma das duas coisas
acontecesse. Ou Leika confessaria
sentimentos ridículos e secretos que
sempre teve - o que, ele sabia, era impossível
e tão ridículo quanto dizer que seu pai um dia
encorajaria Leika a explorar sua linhagem
shifter - ou o velho viraria uma nova página
ou morreria, deixando os dois livres para
explorar suas opções.
Sem que algo desse tipo acontecesse, ele
seria o melhor amigo e o interesse amoroso
indisponível das centenas de meninas do clã
que odiavam Leika, simplesmente porque a
achava mais interessante do que elas.
De repente, a carruagem começou a se
mover novamente e Cherin enfiou o resto de
sua comida na boca. Ele teria que continuar
o tempo que levasse, e se ela precisasse dele,
estaria lá. Se havia uma coisa que Cherin
queria, era que Leika sempre soubesse que
podia contar com ele.

A noite começou a cair e o puxão da


carruagem era hipnótico e cansativo. Leika
tentou lutar contra o sono o dia todo, mas
havia muito pouco para fazer. Ela trouxera
alguns livros para o passeio, mas descobriu da
maneira mais difícil que a leitura enquanto se
movia a deixava enjoada. Em vez disso, optou
por ocupar seu tempo olhando pela janela
enquanto a paisagem passava atrás dela,
anotando os animais selvagens que via
brincando em seus habitats e os pequenos e
constantes riachos de água que encontrava
gotejando inesperadamente pelo caminho.
Eventualmente, o sono venceu e ela não
teve escolha senão se render às pálpebras
pesadas. Eles pararam para mais algumas
refeições antes de finalmente acamparem
tarde da noite. Leika estava grata pela chance
de descansar as pernas e mal podia esperar
para tentar dar um passeio. Infelizmente, os
motoristas não a deixaram ir muito longe sem
eles, então teve que se contentar andando em
círculos pela fogueira, criando novas músicas
enquanto fazia isso. Os homens eram shifters
e gostavam de suas habilidades musicais,
então cantarolava alto e compartilhava seus
dons de música com eles. Algumas vezes ela
podia jurar que ouviu alguém ao longe
assobiando junto com ela, mas isso era
comum em um mundo cheio de
Lonis. Estava acostumada a outros se
juntarem a ela na música e no
compartilhamento de músicas.
Ainda assim, algo sobre o apito a fez ouvir
atentamente. Parecia quase familiar de
alguma forma. Mas isso era impossível. Leika
nunca conheceu ninguém fora de sua cidade
natal ou fora da capital Rallah. Depois do
jantar, pediu permissão para se aliviar. Fazia
um tempo e tentou garantir que os homens
que a protegessem, confiassem quando ela
pediu. Quando Leika terminou, lavou as
mãos em um riacho próximo e ficou surpresa
quando uma figura sombria apareceu diante
dela.
— Cherin! — Ela exclamou, seu coração
batendo forte no peito. Ele estava bonito à luz
da lua, seu cabelo loiro prateado e seus olhos
brilhando gentilmente.
— Minha senhora — Disse ele com uma
falsa reverência. Ela deu um tapa nele,
sentindo-se levemente magoada, por tirar
sarro dela por sua ridícula atração por ele.
— O que diabos você está fazendo aqui?
— Leika exigiu.
— Eu não podia apenas assistir você ir!
— Cherin exclamou. — Não sem uma boa
razão. Estou aqui para protegê-la. Qualquer
que seja o custo.
Leika revirou os olhos. — Eu não preciso
de ninguém para cuidar de mim. Você se
certificou disso.
— Ainda assim — Disse Cherin, seus olhos
repentinamente sérios. — Eu gostaria de
acompanhar. Mas não conte a ninguém que
estou aqui.
— Você é louco? Eles me linchariam se
soubessem. E seus pais? Você não precisa
ficar para trás e ajudá-los?
Cherin sorriu.
— Eles não precisam saber que fui
embora. Deixei um bilhete dizendo que
estou caçando essa semana. Volto antes que
eles percebam.
— Volte depressa, senhorita! — Um dos
motoristas gritou. — É perigoso aí fora à noite!
— Veja — Cherin sussurrou. —
Perigoso! Há uma razão para eu estar aqui!
— Você fica fora de vista! — Leika
sibilou. — Melhor ainda, vá para casa!
— Sem chance — Cherin disse
teimosamente. Leika gemeu de frustração e
ele sorriu, fazendo seu coração palpitar
apesar de tudo. Essa era a última coisa que
ela esperava.
Quando ela voltou ao acampamento,
ficou alerta para qualquer sinal de que foram
ouvidos. Felizmente, os motoristas pareciam
inconscientes e logo estavam todos deitados
ao lado da fogueira, um homem dormindo
com um olho aberto em caso de perigo. Mas
Cherin cuidaria de qualquer perigo que
surgisse durante a noite. De alguma forma,
saber disso a fazia se sentir segura, de uma
maneira que não sentia desde que fora
chamada por Lopu. De um jeito ou de outro,
as coisas dariam certo. E se ela fosse honesta
consigo mesma, estava realmente feliz em
saber que Cherin estava lá. Era bom saber
que ela não estava sozinha, afinal.
CAPÍTULO SEIS

O segundo dia passou com apenas alguns


momentos de sono para Cherin. Ele não se
sentia confortável em deixar Leika sem sua
proteção. Felizmente, os shifters foram
construídos para longas e difíceis
caminhadas, e ele conseguiu mudar
parcialmente, para aproveitar parte do
excesso de energia disponível na forma de
dragão. Era duro para o corpo dele, mas valia
a pena garantir que sua amiga estivesse
segura. Não havia como dizer o que poderia
acontecer na estrada, especialmente para
uma jovem e bela mulher Loni como Leika,
sozinha com dois homens mais velhos. Se
Lopu confiava neles ou não, sempre havia a
possibilidade de que um ou os dois,
pudessem desviar o curso da honra.
Cherin conseguiu falar com Leika
algumas vezes ao longo do dia e ficou
aquecido quando trouxe comida para
ele. Isso ajudou a elevar seus níveis de energia
e mantê-lo em guarda. No final da noite, ele
estava exausto, mas faltava apenas mais um
dia. Faria qualquer coisa para mantê-la
segura.
— Você está bem? — Leika perguntou a
ele na terceira e última noite que os
motoristas haviam montado seu
acampamento.
— É claro — disse Cherin rapidamente,
endireitando os ombros caídos. — Você não
está?
— Não tenho nada a fazer além de
dormir. Parece que você não descansa há
dias.
— Estou perfeitamente bem, muito
obrigado.
Os olhos cor de lavanda de Leika ficaram
escuros e ela olhou para o chão. — Gostaria
que você fizesse uma pausa. Por favor,
apenas durma esta noite.
— Eu disse que estou bem! — Cherin
rosnou. Leika se encolheu e ele
imediatamente se sentiu terrível. Eles quase
nunca se falavam em tom áspero, e ficou
chocado ao ver a dor nos olhos dela quando
suas palavras a alcançaram.
— Sinto muito — Disse ele, aproximando-
se e pegando as mãos delicadas dela. Ele
levou uma aos lábios e ela inalou
bruscamente. — Você está certa, não tenho
dormido bem, desde que a jornada começou.
Só quero garantir que você esteja
segura. Nada é mais importante para mim do
que isso.
Leika levantou os olhos para encontrar os
dele, e ele ficou surpreso com a beleza
deles. Antes que soubesse o que estava
fazendo, fechou os olhoso e pressionou os
lábios nos dela. Sentia-se muito melhor do
que previra, e os lábios dela deixaram os dele
quando ela pressionou a mão no queixo dele,
deixando uma sensação de formigamento no
rosto, quando foi empurrado para o lado. De
repente, ela se afastou.
— Cherin, no que você está pensando?
— Leika perguntou, seus olhos cor de lavanda
arregalados de horror. — Você é meu melhor
amigo. Não é isso que fazemos. Durma um
pouco. Eu estou te implorando.
Leika olhou-o significativamente
enquanto se afastava da floresta. Ele ficou
sem jeito, sentindo-se como uma criança que
acabara de ser repreendida. Claro que se
sentiria assim. Ela acabara de rejeitar seus
avanços. E sabia exatamente o porquê. O
relacionamento deles não era assim. Sua
privação de sono simplesmente o venceu.
Ele suspirou alto e subiu em uma
árvore. Talvez Leika estivesse certa. Talvez
fosse melhor se ele descansasse um pouco. A
viagem para a capital estava quase completa e
nada aconteceu. Os motoristas provaram ser
competentes o suficiente. Ainda assim, isso
era em parte o que o preocupava. E se eles
fossem competentes para que ninguém
pudesse resgatar Leika de suas
mãos? Realmente não havia como saber.
Antes que pensasse demais, a
necessidade de descanso de seu corpo o
dominou. As pálpebras pesadas de Cherin se
fecharam calorosamente e logo ele foi
puxado para o abismo reconfortante do
sono. Ele sabia que não haveria sonhos,
nunca houve.
Surpreendentemente, no meio da noite,
o rosto de Leika apareceu diante dele. Ele
sabia que não era realmente ela, pois o modo
como o olhava era com pura
adoração. Cherin estava acostumado com
seu olhar de desdém ou tolerância
moderada. Definitivamente, não
adoração. E, no entanto, esse olhar suavizou
seus traços já bonitos e fez seus olhos cor de
lavanda brilharem com o que só poderia ser
interpretado como amor. Ele gostou do olhar
nela, admitindo para sim mesmo ou não.
Logo, sua voz estava tocando no ar, alta e
doce. Mas urgente. Aterrorizada. Cherin
acordou assustado e percebeu que a voz era
real. Leika estava com problemas e pedia
ajuda. Chamava por ele.
Por que ela disse a Cherin para dormir
depois que a beijou? A sensação dos lábios
dele contra os dela parecia perfeita demais
para as palavras. Como se fosse o que
esperara o tempo todo. Mas como ela
poderia realmente acreditar nisso? Cherin
sempre foi seu amigo e aliado. Isso é
tudo. Ninguém jamais a deixou mais louca do
que ele. Não havia como ela gostar tanto
dele. Não fazia nenhum sentido.
A única coisa razoável que fez foi parar o
beijo quando começou. Mas ainda assim, ela
não deveria ter exigido que fosse
dormir. Embora a privação do sono fosse a
única razão lógica pela qual fizera algo tão
ridículo, e ela sabia que ele precisava
descansar, Leika nunca se perdoaria se isso
significasse o fim da linha para si e para os
motoristas. Eles foram emboscados durante a
noite por dois shifters lobos de outro mundo,
um casal, homem e mulher, que rosnavam
ameaçadores para eles em suas formas de
lobo. O que queriam deles?
Os motoristas estavam se saindo
extraordinariamente bem. Claramente foram
treinados da mesma forma que Cherin. Mas,
diferentemente de Cherin, ficou claro que
esses não eram alunos estelares, capazes de
realizar milagres apenas na hora certa. Eram
homens normais que não tinham nada a
perder e, aparentemente, também não
tinham muito a ganhar com a vitória. Cada
um dos lobos enfrentou os motoristas, que
ficaram surpresos demais até para se
transformarem em suas poderosas formas de
dragão.
De repente, o chão tremeu quando um
rugido poderoso soou atrás deles, e uma
forma elegante e prateada passou por
Leika. Era Cherin, em sua forma de
dragão. Bem a tempo de salvar os motoristas
de serem completamente mutilados pelos
shifters de lobo. Uma briga violenta se seguiu,
e Leika assistiu impotente, enquanto Cherin
atirava os lobos ao redor, primeiro a fêmea e
depois o macho. A fêmea, uma mulher de
cor tigrada com olhos ferozes, caiu contra
uma pedra com um grito e começou a se
transformar de novo em sua forma
humana. O macho, negro e feroz, logo a
seguiu e colidiu com uma árvore, quebrando
um galho que caiu sobre seu corpo mole. Ele
também retornou à sua forma humana fraco,
dando tempo a Leika e Cherin para ajudar os
motoristas feridos a voltarem para sua
carruagem.
— Graças a Deus você estava lá — O mais
gentil ofegou, apoiando-se pesadamente no
encosto. — Por favor, venha conosco para ver
Lopu Mansana como recompensa.
— Lopu Mansana? — Cherin perguntou,
se fazendo de bobo quando voltou à sua
forma humana. Como sempre, ele estava nu
quando completou a transformação e Leika
tentou desviar os olhos um pouco tarde
demais. De qualquer maneira, cobriu o rosto,
na esperança de esconder o rubor profundo
que percorria suas bochechas, ao ver a
impressionante masculinidade de seu
amigo. Ele faria uma mulher muito feliz um
dia.
— Sim, nós somos a escolta dela — disse o
outro. — Você receberá uma passagem segura
conosco. Junte-se a nós em nosso
acampamento e venha conosco para um
passeio.
— Não tenho certeza se posso recusar —
Disse Cherin, lançando um sorriso secreto
para Leika. — Eu vou pegar meus pertences.
Quando ele voltou, a escolta estava
pronta para voltar à estrada e deixar o ataque
para trás. Estava quase amanhecer, e os
homens insistiram para que ele se juntasse a
Leika na carruagem. Eles lhe deram a melhor
comida, enquanto continuavam viajando em
direção à capital. A carruagem necessitava de
espaço, e as pernas longas e musculosas de
Cherin pressionavam contra as de Leika. Os
dois pareciam envergonhados com a
proximidade de seus aposentos, mas Cherin
se divertiu, fingindo que não a conhecia e
conversando ridiculamente. Ela seguiu junto,
embora o olhasse poderosamente o tempo
todo. Como ele podia ser tão descontraído
com tudo o tempo todo? A vida não era
apenas um jogo e as pessoas não estavam lá
apenas para brincar e manipular. Ainda
assim, era reconfortante tê-lo tão perto. Toda
vez que o encarava por dizer algo estranho,
como fazer perguntas para Leika, que já sabia
a resposta, ele simplesmente ria e continuava
com a farsa, até que atravessaram os portões,
que significava sua chegada à capital.
Leika suspirou, seu coração batendo forte
no peito. O que Lopu Mansana poderia
querer com ela? E o que aconteceria agora
que Cherin seria recompensado por sua
bravura, ao mesmo tempo em que recebera
suas ordens? Ela ainda se sentiria
segura? Tudo o que realmente sabia, era que
agora que Cherin estava ao seu lado, ela não
queria que ele fosse a lugar algum.
CAPÍTULO SETE

Antes que eles percebessem, Cherin e


Leika estavam em pé na entrada dos
aposentos de Lopu Mansana.
— Todos nós vamos juntos para explicar
o que aconteceu. — Disse o escoltador mais
gentil. Leika lançou um olhar nervoso para
Cherin. Lopu seria capaz de dizer que eles
eram amigos desde o início? O que
aconteceria se toda a verdade fosse
descoberta?
— Você pode entrar. — Disse a voz
poderosa de Lopu.
Cherin e Leika avançaram para uma sala
cheia de estantes de livros. No centro, havia
uma mesa redonda de carvalho, onde Lopu
se debruçava sobre alguns papéis. Ela era a
mais elegante das mulheres Loni, e Leika
imediatamente se sentiu constrangida em sua
presença. Lopu fixou seus olhos dourados
sobrenaturais neles e sabia com certeza que
não seria capaz de manter segredos diante
dessa mulher. Lonis eram oráculos e
escribas, pessoas com imensos e
incomensuráveis poderes intuitivos. Mentir
era inútil.
— Bem-vindos, meus filhos. — Disse
Lopu, sorrindo gentilmente e abaixando os
óculos de leitura. Ela se levantou e fez uma
reverência formal, e os escoltadores correram
à frente de Leika e Cherin, curvando-se
respeitosamente.
— Minha Senhora, fomos atacados por
alguns shifters lobos particularmente cruéis,
enquanto estávamos escoltando a jovem
Leika e por acaso trouxemos o homem que
nos salvou.
— Oh? — Lopu perguntou, seus olhos
dourados iluminando com a informação
inesperada.
— Sinto muito, minha senhora, mas nós o
trouxemos conosco na esperança de dar a ele
algum tipo de recompensa por sua
ajuda. Nós estaríamos perdidos sem ele.
— Entendo — disse Lopu. — Muito
bem. Vocês estão dispensados
senhores. Obrigado pelo seu serviço
corajoso. Uma refeição quente já foi
preparada.
— Obrigado!
Os escoltadores saíram da sala, deixando
Leika e Cherin a sós com Lopu.
— Então parece que nem tudo correu
conforme o planejado — disse Lopu, fixando
o olhar em Cherin, que estava de pé, com as
costas retas e o queixo erguido como um
verdadeiro soldado dragão.
- Não senhora — respondeu Cherin,
fixando seu sorriso de assinatura nela. Ela
sorriu calorosamente para ele antes de dirigir
sua atenção para Leika.
— Leika, minha querida, você deve estar
fora de si, com preocupação, se perguntando
por que eu a convocaria aqui hoje.
— Bem... — Leika queria afirmar que
nenhuma dessas preocupações passou pela
sua cabeça, caso parecesse uma admissão de
culpa, mas com os olhos oniscientes de Lopu
fixados nela, era impossível mentir. Em vez
de tentar, baixou os olhos para o chão, sem
chamar a atenção de Lopu. O tapete era
vermelho e dourado. Tudo sobre este quarto
era requintado. — Um pouco preocupada,
sim.
— Claro que estaria. — Disse Lopu
gentilmente.
Leika se encolheu, esperando o machado
cair. De repente, sentiu-se furiosa por Cherin
estar lá, para vê-la sendo punida pela mulher
mais importante de Kaldernon.
— Você não precisa se preocupar, criança
— começou Lopu, seus olhos olhando
gentilmente para Leika. — Na verdade, você
deveria estar se parabenizando. Você não fez
nada além de bom, desde que a libertamos
da academia. O mesmo vale para o nosso
herói aqui.
Leika olhou para Cherin, cujo queixo
tremia em um esforço para não sorrir. Se eles
estivessem sozinhos, ela teria ido até ele e
agradado o sorriso dele. Era impossível não
saber que ele estava tentando conter sua
alegria. O sorriso dele era a coisa favorita
dela, em toda Kaldernon.
— O fato é que tenho uma missão
incrivelmente importante com a qual preciso
que você me ajude — Disse Lopu, franzindo
a testa para os jornais. — Segundo meus
registros, deveria ter muito mais
descendentes de Kaldernon vivendo na
Terra até hoje. Quando os resgatamos, o
número era surpreendentemente baixo. E
pelo que ouvi, houve vários relatos de novos
membros do clã Kersh aparecendo do
nada. Usando sua intuição e apenas
encontrando o caminho para o lugar que
Kaldernon encontrara na Terra.
Leika assentiu, sem saber o que Lopu
estava falando. Cherin ficou imóvel,
ouvindo. Ele sabia que essa informação não
tinha nada a ver consigo mesmo, mas mesmo
assim ficou surpreso. Ele tentou manter a
cara séria enquanto Lopu continuava.
— O importante é que valorizo meu povo
acima de tudo, e a ideia de mantê-los em um
planeta hostil, onde há pessoas trabalhando
ativamente para erradicá-los, me mantém
acordada à noite. Preciso de alguém para
voltar à Terra e me ajudar a reunir alguns
descendentes que foram deixados para
trás. Use todos os meios possíveis para fazê-
lo. Fui informada de que você é um tipo raro
de Loni – com parte equivalente shifter. Você
sabia?
— Não somos todos? — Leika perguntou,
franzindo a testa.
— Receio que não, minha querida. Você
é abençoada com força física e um tipo de
praticidade com a qual a maioria das Lonis
não é naturalmente dotada. Isso faz de você a
candidata ideal para uma missão de resgate.
— Sozinha? — Cherin deixou escapar, os
olhos arregalados de medo.
— Talvez — disse Lopu, olhando-o com
firmeza, seus olhos cor de âmbar
brilhando. — Mas talvez o destino tenha
decretado que ela deve ter companhia nessa
jornada. O auge de nossos guerreiros seria
uma companhia digna em uma missão tão
perigosa. O que você diz, Cherin de
Jairn? Você gostaria de acompanhar minha
guerreira Loni nesta missão de resgate?
Cherin virou-se para Leika, seus olhos
azuis claros arregalados de surpresa. Ele
queria aproveitar a oportunidade para
protegê-la, mas sabia que ela provavelmente
não apreciaria que a acompanhasse em sua
primeira missão importante. Leika queria
que ele e todos os outros soubessem que
poderia cuidar de si mesma. Claramente,
Lopu Mansana sentia o mesmo por suas
capacidades, mas não daria uma resposta sem
o consentimento de Leika.
Para surpresa de Cherin, Leika sorriu
largamente para ele. O coração de Cherin
bateu forte quando se virou para Lopu, com
a voz presa na garganta. Enquanto gaguejava
para responder, balançando a cabeça como
um idiota enquanto tentava falar, Lopu sorriu
graciosamente.
— Vou tomar isso como um sim. Está
tudo certo?
Cherin assentiu, mudo e Lopu e Leika
riram de alegria.
— Está resolvido então — disse Lopu,
parecendo que um fardo havia sido
subitamente tirado de seus ombros. — De
manhã, vocês dois serão enviados para a
Terra e a missão de resgate começará. Já
designei papéis para o caso de haver alguma
confusão sobre sua tarefa. Você pode
examiná-los hoje à noite ou optar por
descansar agora e examinar os detalhes
técnicos, conforme necessário durante sua
jornada.
— Sim, minha senhora. — Disse Leika
com uma reverência cortês. Cherin também
se curvou rigidamente, todo o corpo
tremendo de excitação. Ele sempre sonhara
com essa missão, Leika sabia, e agora estava
finalmente tendo a chance de fazer uma
diferença real em Kaldernon.
— Eu acredito em vocês dois — Lopu
falou para eles quando começaram a sair. —
Você fará toda a diferença para as pessoas
que ainda estão presas na Terra. Essa será a
missão mais importante em suas vidas, e
vocês dois estão aptos para o desafio. Vejo
vocês quando voltarem. Enquanto isso,
sintam-se à vontade para se deliciar com
qualquer uma das hospitalidades que este
lugar tem a oferecer. Obrigado a ambos.
E com isso, Cherin e Leika saíram pelas
pesadas portas duplas que normalmente
separavam Lopu Mansana do resto de
Kaldernon, ambos com um sentimento de
alegria e seus corações. Juntos, seriam
enviados para um planeta desconhecido e,
juntos, garantiriam a segurança dos
descendentes de Kaldernon.
CAPÍTULO OITO

Cherin mal conseguiu dormir à noite


toda. Ele passara a maior parte da viagem na
carruagem, recuperando seu sono perdido,
mas saber que embarcaria em uma missão
tão importante com sua melhor amiga, era o
suficiente para surgir borboletas nervosas em
seu estômago a qualquer momento que abria
os olhos ou considerava as aventuras que os
esperava no mundo estranho abaixo. Do
outro lado do corredor, ele sabia que Leika
provavelmente dormia. Ou, mais
provavelmente, tendo os mesmos
sentimentos que ele.
Quando estavam na academia,
costumavam sentar do lado de fora da fonte,
nos arredores de Lopu, e se encontrar lá para
conversar. Nenhum deles perguntava se o
outro estava tendo um dia ruim. Eles
simplesmente iam lá quando sentiam isso e
se encontravam quando mais precisavam. De
repente, Cherin levantou-se da cama e vestiu
uma das belas vestes Loni, que estavam
penduradas em um gancho na porta, limpas
e prontas para quem passou a usar o quarto e
precisava de um descanso.
Cherin calçou os chinelos e seguiu pelos
corredores, do lado de fora da mansão, parou
para se orientar. A fonte ficava à esquerda da
academia, mas da mansão ficava à
direita. Ficou satisfeito ao ouvir o suave
gotejar de água à distância. Seu coração
disparou quando viu Leika sentada na beira
da fonte de pedra, arrastando os dedos
longos graciosamente pela água, os olhos cor
de lavanda distantes e os cabelos pretos
presos frouxamente na nuca.
Ela não pareceu surpresa ao vê-lo se
aproximar, e sorriram calorosamente um
para o outro. Ele sentou-se pesadamente e
suspirou. O pátio estava vazio e escuro,
iluminado apenas pelo brilho reconfortante
da magia Loni. Foi o que tornou o lugar tão
especial para eles desde o início. Era quase
como o seu mundinho particular. Ninguém
jamais ousou entrar ou incomodá-los lá, e
isso fez o lugar parecer sagrado de alguma
forma. Quase romântico.
— Não acredito que ela me convocou
especificamente para isso — Disse Leika
finalmente, virando-se para encará-lo. Cherin
sorriu.
— Por quê? Você é a melhor!
— Sim, é o que você diz. Mas você é
tendencioso.
— Ou talvez só reconheça uma coisa boa
quando a vejo — Repreendeu Cherin,
fazendo um beicinho nos lábios de Leika. Ele
riu baixinho, pensando consigo mesmo como
era linda em seu mundinho especial. Ela
sempre foi a pessoa mais bonita que já
conhecera. Nada jamais mudou sua opinião
sobre isso. Parecia o fato da sua vida naquele
momento. Leika era a mais bonita, e ele
estava lá para proteger sua beleza e mantê-la
longe de problemas. As coisas nunca haviam
mudado antes, então por que mudariam
agora que não eram mais crianças? Quando
as apostas nunca foram tão altas?
— Eu não te entendo — disse Leika
suavemente. Ela estava pensando no beijo
dele? Cherin corou furiosamente, feliz pelo
disfarce da noite anterior, para esconder seu
constrangimento. Ela provavelmente saberia
dizer como ele estava se sentindo. Sua
intuição era forte e pura. Muito mais
avançada do que qualquer outro Loni que ele
conhecia.
— Não há muito para entender —Disse
Cherin. Eu sou um cara simples. Sigo minha
melhor amiga e atrapalho. Quando não estou
atrapalhando, estou salvando a bunda dela. E
vice-versa.
Isso trouxe um sorriso aos lábios de Leika
e Cherin suspirou, feliz por vê-lo lá. Ele se
perguntara quanto tempo levaria antes que
sorrisse para ele novamente. Ela parecia
bastante irada na carruagem, embora fosse
fácil entender o porquê. Ele atrapalhara a
convocação dela e, mais do que isso, seus
jogos poderiam ter colocado os dois em
problemas. Ou teriam, se Lopu fosse uma
pessoa menos razoável e compassiva. Mas os
dois sabiam que ela riria desse tipo de
brincadeira infantil e esqueceria em questão
de minutos.
— Estou meio nervoso — Admitiu
Cherin. — Você está?
Leika endireitou os ombros, sempre
relutante em admitir suas fraquezas para
Cherin.
— Vai dar tudo certo — Disse ela, dando-
lhe um tapinha no ombro. Cherin riu.
— Obrigado.
— Eu acho que é bem assustador. Só ouvi
coisas terríveis sobre a Terra. Por que não
enviam alguém da Terra para nos ajudar?
— Acho que houve esforços ativos para
ajudar os sobreviventes a esquecer o passado
e abrir caminho para um futuro
melhor. Enviá-los para lá, desfaria meses de
intenso trabalho emocional. Não é justo com
eles.
— Isso faz sentido — Leika suspirou. —
Mas você acha que estou pronta?
Cherin ficou surpreso com a
pergunta. Normalmente, Leika prestava
muito mais atenção antes de se abrir sobre o
que realmente a incomodava. Quase parecia
pecaminosamente fácil desta vez. Realmente
devia estar pesando para ela. Ou talvez algo
mais tivesse mudado.
— Claro! Você está pronta desde que
ficamos sem fraldas — Cherin exclamou. — Se
alguém pode fazer isso e fazer direito, é você.
Leika olhou nos olhos de Cherin, com
uma expressão em seu rosto que ele nunca
tinha visto antes. Ele não foi capaz de ajudar
a si mesmo. A mesma coisa que aconteceu
alguns dias atrás, começou a acontecer
novamente, e ele pressionou os lábios contra
os dela. O calor de sua boca contra a dele
enviou uma onda de calor através de seu
corpo, que quase o fez gemer alto, enquanto
ficava duro com o toque dela. Se ela
soubesse, se afastaria novamente? Como ela
estava se sentindo? Leika pressionou os
lábios firmemente contra os de Cherin. Ele
não estava enganado ao pensar que o beijava
de volta. Talvez ela estivesse confortada pela
proximidade dele e pela força física do corpo
dele tão perto do dela. Desta vez, eles se
separaram e exalaram profundamente.
— Eu não sei o que isso significa — disse
Leika, levantando-se abruptamente. — Mas
obrigada. Estou feliz que você esteja indo
comigo para a Terra.
Nenhum deles disse mais nada quando
Leika deu as costas para ele e caminhou
calmamente de volta para o quarto onde
estava dormindo. Honestamente, Cherin
também não sabia o que estava
acontecendo. Tudo o que sabia era que a
Loni mais bonita de Kaldernon era sua
melhor amiga, e ele estava prestes a segui-la
em uma missão perigosa que poderia mudar
a vida de ambos para sempre.
Leika encolheu os ombros e vestiu o
roupão que usara do lado de fora, quando o
vestiu tolamente, na esperança de que Cherin
soubesse encontrá-la mais uma vez, no lugar
especial que escolhiam para ir quando as
coisas eram difíceis. Mas por que eles
decidiram tornar as coisas ainda mais difíceis
do que deveriam? Complicar o vínculo de
amizade deles era uma ideia infeliz. Ela sabia
como coisas assim funcionavam. Parecia uma
ótima ideia, até que as chamas inconstantes
do romance se apagaram e deixaram sua
amizade outrora perfeita, em ruínas. Ela não
aceitaria isso e estava chateada que Cherin
pudesse estar sugerindo que os dois
quebrassem o voto sagrado de amizade que
vinham nutrindo há tanto tempo.
Ela rolou e se virou naquela noite, furiosa
consigo mesma e com Cherin também. Ele
havia iniciado outro beijo e, desta vez, não
fora culpa da privação de sono. Não que ele
realmente fosse culpado pela primeira
vez. Essa tinha sido sua desculpa para ele,
quando ela tentou justificar por que estava
disposto a jogar fora a amizade deles, depois
de tantos anos trabalhando juntos sem que
nenhum desses sentimentos ridículos
atrapalhasse. Se eles sempre estiveram lá
como uma possibilidade ou não, apenas um
pensamento distante, não fazia sentido. Isso
só significa algo quando você age. E de
alguma forma ele agira e começava a fazê-la
agir também. Isso precisava
parar. Especialmente se eles estivessem
presos na Terra, um dos planetas mais hostis
possíveis para shifters vulneráveis.
Leika estremeceu. O grupo
fundamentalista que se autodenominava “
Guardiões da Terra“ estudava
constantemente os shifters, e estudava há cem
anos ou mais. Desde que descobriram algo
estranho em andamento. Para eles, o bonito,
compassivo e poderoso shifter e o povo Loni,
não eram nada além de uma espécie invasora
e uma raça alienígena que precisava ser
exterminada imediatamente. Ela ficou
furiosa em nome de todos os descendentes
sobreviventes de Kaldernon e ainda mais
horrorizada com o pensamento das pobres
almas que sofreram a tortura que os
Guardiões os submetiam, em um esforço
para aprender mais sobre o mundo de onde
vieram.
Assim que a luz do dia brilhasse, ela seria
levada para este planeta escuro, tão carente
de luz, que forçava almas lindas e coloridas
como os shifters e os Lonis, a se esconderem
em cavernas e seu poder e graça do mundo
em geral. O que aconteceria quando ela e
Cherin estivessem sozinhos no lugar
desconhecido? Eles estudaram tudo sobre
isso durante seus dias na academia, mas todos
sabiam que a experiência era muito diferente
do que aprender nos livros. Haveria
diferenças drásticas e todos teriam que lidar
com isso como uma inevitabilidade.
Demorou muito tempo até que ela
finalmente conseguiu dormir. Mesmo assim,
sua mente estava cheia de imagens de guerra
e terror no planeta para onde seria
enviada. Mas misturado entre esses
pesadelos havia um desejo profundo e
instável, instigado pela visão do rosto de
Cherin e pelas lembranças de seus lábios
macios roçando nos dela, trazendo a ambos
o primeiro gosto de um prazer espontâneo a
caminho.
CAPÍTULO NOVE

— Levante-se e brilhe! Hora de se mexer.


Cherin reconheceu a voz do mensageiro
responsável por zelar pela segurança de
Leika. Era bom agora que ele sabia que não
a trouxeram para a capital para puni-la por
qualquer motivo que ela temesse. Na maioria
das vezes, Leika estava cheia de ansiedade
por ter problemas invisíveis. Ela tão
raramente trabalhava fora das regras, que era
impossível imaginar qualquer coisa que a
metesse em problemas. O pensamento era
risível.
Vestiu-se rapidamente e foi levado a uma
plataforma pelo mesmo mensageiro, onde
Leika já estava pronta e esperando. Ela estava
mais bonita do que já a vira, vestida com uma
das melhores roupas de Kaldernon. Era um
modelo reservado para forças especiais e
tinha poderes restauradores em caso de
ferimentos. Ninguém tinha certeza se ainda
funcionaria na Terra, e aparentemente Leika
fora escolhida para testar o verdadeiro poder
da magia de Lopu. Ele sentiu uma pontada
boba de ciúme e depois riu. Leika mereceu a
honra. Esta era sua missão, afinal. Ele era
apenas um segurança que estava no lugar
certo, na hora certa.
— Precisamente às 45:09 em ponto, vocês
dois terão que passar por este portal ao
mesmo tempo. Lopu está trabalhando agora
para abri-lo com o resto da equipe. Se um de
vocês estiver a apenas um centímetro de
distância, ficará para trás enquanto o outro
cumpre a missão.
Leika lançou um olhar mortal para
Cherin. Se ele estragasse suas chances de
seguir sua própria missão, ele deveria a ela
pelo resto de suas vidas. Mesmo que a missão
lhe custasse a vida. Não haveria perdão. Seu
peito se apertou e ele a segurou pelo braço,
como haviam feito centenas de vezes antes.
— Assim como mergulhar no lago
Guimpo — Ele disse baixinho, para que
ninguém mais os ouvisse. Ela assentiu
sutilmente. Se algum par de pessoas fosse
capaz de fazer isso juntos, seriam eles. Eles já
tinham anos de prática. Sincronia não seria
uma luta tão grande.
— Estão com seu equipamento?
Os dois assentiram. Mochilas foram
entregues a cada um deles quando pisaram na
plataforma.
— Espera-se que você volte aqui às 49:00
em precisos três dias — Anunciou o
mensageiro — Traga com você o maior
número possível de
sobreviventes. Informaremos suas famílias
sobre seu paradeiro. Estamos todos
contando com você.
Leika inalou bruscamente. Ela estava
muito mais nervosa do que deixava
transparecer, e aumentou seu aperto ao redor
do braço dela confortavelmente. Eles seriam
capazes de fazer isso. Juntos, poderiam fazer
o que queriam.
— Prepare-se para lançar em três... dois...
Uma luz repentina brilhante encheu a
plataforma e, sem pensar duas vezes, ele
cutucou o braço de Leika e eles saltaram
simultaneamente na luz, gritando de dor,
quando foram rasgados átomo por átomo na
luz e lançados na escuridão do planeta
abaixo.
CAPÍTULO DEZ

— Leika!
Os olhos de Leika se abriram e sibilou de
dor quando a luz brilhante inundou seus
sentidos. Em algum lugar próximo, Cherin já
estava de pé, chamando por ela. Ela o sentiu
tropeçar em suas pernas e soltou um grito de
dor estrangulado.
— Aí está você — disse Cherin, caindo ao
seu lado. — Eu pensei que tinha te perdido.
— Eu estou bem. — Ela resmungou.
— Bem, eu não ficaria bem se você ainda
estivesse em Kaldernon — Disse Cherin,
esfregando os olhos. Os dois aparentemente
estavam tendo problemas para se adaptar à
luz. Ter seus corpos despedaçados e
reunidos tão intensamente causou danos a
cada um deles. — Você nunca me perdoaria
se eu roubasse sua missão.
— Bem, que bom que nós dois estamos
aqui então — disse Leika, dando um tapa no
ombro dele e usando-o para ajudá-la a se
levantar. — Não temos muito
tempo. Deveríamos nos mexer.
— Bem, sim, mas...
— Mas o que? — Ela perguntou, erguendo
a sobrancelha para ele. Cherin fechou a boca
e apressou-se, levantando imediatamente um
braço para se firmar e esfregando a cabeça
com a mão livre.
— Apenas pensei que deveríamos nos
orientar primeiro.
— Você sabe que esta área não é segura —
disse Leika. — Em todo lugar neste planeta é
inseguro, mas especialmente aqui. É aqui que
você pode ver Kaldernon.
Ela olhou para demonstrar seu ponto de
vista e ofegou. No céu não havia nada além
de nuvens brancas e macias.
— Isso não pode estar certo — Cherin
suspirou, apertando os olhos para o céu. —
Lopu deve ter aproveitado energia suficiente
para nos enviar para um lugar mais seguro.
— Bem, como vamos saber para onde ir,
então? — Leika perguntou, seus cansados
olhos cor de lavanda se enchendo de lágrimas
frustradas.
— Não se preocupe — disse Cherin,
segurando seu ombro e sorrindo. Ele
procurou na bolsa e tirou uma faca. — Vamos
fazer uma trilha.
Ele cortou um “L” na árvore atrás de
Leika e piscou. — Sem problemas.
Leika pareceu instantaneamente aplacada
e assumiu o comando mais uma vez.
— Você ficará encarregado de fazer os
marcadores de trilha então — disse ela, sua
voz não vacilando mais. Ela sempre se sentiu
mais confortável em controlar. Era
enlouquecedor quando eles eram crianças,
mas ela havia crescido em sua
autoridade. Era quase sexy.
— Certo — disse Cherin, seus olhos
brilhando enquanto a seguia pela trilha da
floresta. — Lidere o caminho, chefe.
Leika sorriu para si mesma. Era bom
quando ele se acomodava. Mas é por isso que
eram amigos. Ambos gostavam de estar no
comando e não se importavam de ouvir um
ao outro. Não era um jogo de poder entre
eles. Eram iguais.
— Vou ter que usar um pouco de magia
primeiro — disse Leika. — Para ver se consigo
sentir sobreviventes. Eu conheço um ritual
que ajudará.
— Claro. Você precisa de espaço?
— Apenas observe. Ficarei fora do corpo
por um tempo.
— Certo.
Leika fez um círculo na terra.
— Não atravesse isso, certo? Ou isso
interromperá o ritual. Só se for uma
emergência.
— Entendi — disse Cherin.
Logo, Leika estava em transe. O mundo
surgiu atrás de seus olhos, tal como fez de
olhos fechados, mas com uma grande
diferença. Tudo era transparente, exceto
pelos corações dos descendentes de
Kaldernon. Ela gritou de surpresa, quando
ouviu vários batimentos cardíacos ao mesmo
tempo. Eles se agrupavam longe de onde
estavam. Provavelmente muito além do que
os três dias lhes permitiriam. Mas isso era
tudo que eles tinham. Caso contrário, o
poder de sua capa diminuiria e seria outro
caso de almas perdidas, Lonis e shifters,
presos na Terra.
De repente, ouviu outro batimento
cardíaco, um forte e feroz vindo da direção
oposta, direto de um aglomerado ao
Norte. Ela teria que escolher qual deles
seguir, e não seria difícil. Embora fosse
arriscado, tinha que fazer o possível para
ajudar os mais necessitados. Embora fosse
mais prático salvar um descendente de
Kaldernon, sua missão era ajudar o maior
número possível. Ela não podia ajudar os
dois ao mesmo tempo, mas pelo menos
conseguiria reunir o maior grupo possível.
Quando ela abriu os olhos novamente, o
sol havia mudado no céu e teve o súbito
pensamento de que não havia tempo
suficiente no mundo. Cherin estava
empoleirado no tronco de uma árvore, não
muito longe de seu círculo, mastigando
distraidamente um punhado de bagas de suas
rações.
— Temos que ir — disse Leika. — Agora.
Imediatamente Cherin se levantou e logo
a seguiu para o Norte.
CAPÍTULO ONZE

Eles viajaram o mais longe que puderam


antes que o planeta desconhecido se tornasse
escuro e perturbador.
— Precisamos acampar — disse
Cherin. Ele sabia que, se não batesse o pé
com firmeza, Leika os faria continuar a noite
toda. Felizmente, ela parecia tão assustada
com o território estranho quanto ele e
concordou em parar sem muito protesto. Ele
começou a se ocupar em fazer uma fogueira
e montar sua barraca. A maioria dos
suprimentos lhes foi devolvida por pessoas
que já viveram no planeta. Relatos da Terra e
seus costumes foram entregues a todas as
pessoas de Kaldernon o mais rápido possível,
para que todos tentassem fazer com que os
descendentes se sentissem tão bem-vindos e
em casa quanto possível.
Enquanto Cherin trabalhava, Leika se
ocupou preparando algumas das famosas
receitas Loni. Era diferente de tudo na
galáxia que lhe tinham dito, e quando
terminou de arrumar tudo, seu estômago
roncou alto em antecipação à refeição
deles. Sentaram-se lado a lado em uma
árvore caída perto do fogo, seus ombros se
tocando enquanto comiam. Era
reconfortante tê-la tão perto. Ele não
precisava se preocupar sobre onde estava ou
o que poderia fazê-la se sentir vulnerável.
— Então, o que você acha deste lugar? —
Ele perguntou.
— Eu não sei. Aqui é assustador —
respondeu Leika, olhando em volta, para as
silhuetas escuras das árvores feitas pelo
fogo. A lua mal era visível através das árvores
e ela suspirou. — Eu já estou ansiosa para
chegar em casa.
— Eu também.
Leika estava cansada demais para falar
muito e logo desmaiou dentro da
tenda. Cherin conseguiu ficar de vigia por
algumas horas, mas sabia que tinha que ficar
em sua melhor forma. As noites sem dormir
eram uma péssima ideia. Ele entrou e sorriu
com carinho para Leika, que estava
espalhada na diagonal pelos sacos de
dormir. Claro que estava. Ela sempre foi
assim.
Ele a retirou cuidadosamente do saco de
dormir e foi imediatamente puxado para um
sono tranquilo. No meio da noite, foi
acordado por um fogo poderoso em seus
quadris. Ele abriu os olhos e ficou chocado
ao encontrar Leika deitada ao lado dele,
passando a mão pelo ombro dele, pelas
pernas dele. Ela segurou levemente a virilha
dele e ela grunhiu de surpresa e prazer.
— O que você está fazendo? — Ele
sussurrou.
— A mesma coisa que você estava fazendo
quando me beijou — respondeu Leika. —
Duas vezes.
Ela subiu em cima dele, seus olhos cor de
lavanda escuros de saudade. — Eu estava
assustada e me aproximei de você. Mas uma
vez que comecei a tocar em você, tentando
acordá-lo, eu...
Ela não precisou terminar. Ele já sabia, e
seu corpo estava pegando fogo por isso.
— Venha aqui — disse Cherin, tocando
sua bochecha. Ele abaixou o rosto dela e a
beijou profundamente. Leika suspirou de
prazer quando suas línguas se encontraram e
seus corpos se contraíram. Cherin nunca quis
nada mais em sua vida do que estar com ela,
e nada iria detê-lo agora.
Ele se sentou e a levantou junto, jogando
Leika gentilmente no chão e rolando para
cima dela. Cherin gentilmente tirou suas
roupas, plantando beijos quentes por todo o
corpo dela. Ela ficou tensa e se contorceu
embaixo dele, estremecendo de prazer
quando seus mamilos duros desapareceram
em sua boca e sob seus dedos.
Leika o ajudou a tirar a roupa e encarou
seu corpo ágil, ondulado com imensos
músculos, que ele ganhou com uma vida
inteira de treinamento. Ela ofegou, quando
de repente ele estava em cima dela de novo,
e ondas de intenso prazer a envolveram
quando balançou os quadris contra ela. A
fricção de seus corpos os fez ofegar de prazer,
e ele encontrou o centro do prazer dela e
começou a agradá-la amorosamente, com
toda a paciência do mundo. Finalmente, ela
não aguentou mais e implorou em silêncio
que ele a penetrasse.
Os olhos azuis claros de Cherin olharam
nos olhos cor de lavanda de Leika, e
finalmente se submeteram aos pedidos de
seu corpo. Ele sibilou de prazer quando foi
imediatamente envolvido pelo calor dela. Ela
gemeu baixinho quando ele a separou, os
dois recebendo um prazer inacreditável dos
corpos um do outro. Eles gritaram juntos de
alegria quando a vida inteira de luxúria
finalmente culminou em sua intensa
paixão. O membro firme de Cherin entrou
dentro de Leika e depois saiu,
tentadoramente devagar. Ele queria que ela
se acostumasse ao seu poder, e a alimentou
pouco a pouco. As mãos dela agarraram seus
ombros enquanto ele a embalava em seus
braços e lentamente começou a ceder ao seu
desejo.
Leika gemeu baixinho quando o
autocontrole de Cherin começou a diminuir,
e antes que eles percebessem, ambos estavam
prontos para ele liberar toda sua energia
sensual nela. Leika envolveu suas longas
pernas ao redor de seu corpo bronzeado e
Cherin parou para pulsar dentro dela,
saboreando a sensação de seu pênis
enterrado dentro da mulher que amava.
Espere... amava? Claro, como amigos,
mas...
A complicação o fez parar por um
momento, até que uma leve pressão do
calcanhar de Leika o lembrou de que havia
coisas melhores para pensar. Ainda assim,
ele não podia deixar de sentir que estava
traindo alguma coisa. Ainda seriam capazes
de ser amigos depois disso?
Leika, que ficou impaciente esperando
que ele continuasse a agradá-la, grunhiu e
empurrou-se com força pelo eixo de seu
pênis. Ele gemeu de surpresa quando ela
ofegou de prazer, finalmente pegando o que
queria o tempo todo. Esta foi a gota d'água
para Cherin, que rosnou profundamente e
desencadeou uma enxurrada de fortes
golpes. Leika estava paralisada no chão,
levando tudo o que poderia lhe dar, seus
seios brancos leitosos arfando enquanto
ofegava de prazer, segurando o forte
antebraço dele como se fosse o seu bote
salva-vidas.
De repente, seu corpo frágil começou a
tremer e Cherin parou, preocupado que ele
tivesse feito algo errado ou a machucado de
alguma forma.
— Não pare — a voz irritada de Leika
sibilou, sexy e rouca. Necessitada.
Isso enviou uma onda de desejo através
dele e ele se chocou contra ela de novo e de
novo, enchendo-a de cada centímetro de seu
membro quando o clímax dela começou a se
acumular em torno dele. O corpo dela se
contraiu poderosamente em torno dele e ele
gemeu de algum lugar profundo dentro de
si, que não sabia que era capaz. Seu pênis
estremeceu dentro dela e sentiu o familiar
formigamento em seu abdômen, quando seu
próprio orgasmo explodiu de repente de seus
quadris, uma profunda emoção inundando
os dois, enquanto jatos de sêmen quente
irromperam dentro de Leika.
Finalmente, Cherin desabou ao lado dela
e a abraçou em seus braços fortes. Eles
adormeceram juntos, sem se preocupar em
se vestir. Se preocupariam com as
complicações pela manhã.
CAPÍTULO DOZE

Leika foi a primeira a acordar. Ela olhou


para o corpo nu e poderoso de seu melhor
amigo, esparramado ao lado do seu e coberto
pela tenda, protegido do calor do sol da
manhã. Que diabos ela fez?
Leika saiu correndo da tenda e acendeu
o fogo antes de se lavar e se vestir. Ela ficou
furiosa por algum motivo. Embora a noite
anterior tivesse sido a mais agradável que já
tivera, ela não queria que isso acontecesse
com Cherin, de todas as pessoas. Todas as
meninas o bajulavam e sempre agiam mal e
com ciúmes dela por sua atenção. Ela sempre
se orgulhara do fato de que não tinha nada
com o que se preocupar. Elas que tinham
problemas por imaginar coisas que não
existiam. Mas o que diabos acontecera?
— Bom dia — cumprimentou Cherin,
enfiando a cabeça para fora da tenda. Ele
ainda estava nu, e a visão dele virou seu
estômago.
— Coloque algumas roupas — resmungou
Leika.
Cherin encolheu os ombros e
desapareceu de volta na tenda, ressurgindo
logo após estar completamente vestido.
— Quantas batidas do coração você ouviu
ontem à noite? Esqueci de perguntar.
Leika suspirou. — Há uma ao Sul, mas
um aglomerado no Norte. Não podemos
salvar todos, então estou indo para o
aglomerado.
— Como assim, não podemos salvar os
dois? — Cherin perguntou, seu rosto
escurecendo.
— Tenho que priorizar. O grupo ao Norte
está muito longe. Temos que chegar até
eles. São muitos. Um ao Sul não é nada
comparado a isso.
— Posso garantir que resgatemos os dois
— disse Cherin, erguendo o queixo
teimosamente. — Não deixaremos nenhum
descendente de Kaldernon para trás.
— Como você sugere que façamos isso? —
Leika estalou.
— Nós nos separamos.
— O que? Você está louco? — Leika
sentiu um pânico tomar conta de seu coração
e deu a Cherin um olhar mortal. O que ela
deveria fazer sem ele ao seu lado? Seria tão
solitário. E este mundo era aterrorizante e
estranho.
— Não, apenas responsável — Cherin
retrucou. — Diferente de você. Que diabos
foi esse truque que fez na noite
passada? Você não se importa com a nossa
amizade?
— Você foi quem me beijou
primeiro! Duas vezes! Não pode me culpar
por isso. Você começou essa bagunça!
Eles estavam no rosto um do outro agora,
ambos furiosos.
— Nada será do jeito que era antes! —
Cherin continuou. — Não acho que era isso
que eu queria. O que você tem? Por que
você teve que nos atrapalhar assim?
— Eu?! — Leika exclamou. — Eu não
cruzei essa fronteira primeiro. Você
cruzou. E sabe de uma coisa? Não aceitarei
ou aceitar isso de você! Esta é a minha
missão, não sua. E eu faço as
convocações. Você não pode me dizer o que
é certo e o que não é. Eu estou indo para o
Norte. Se for para o Sul, então boa sorte para
você! Não venha se lamentar comigo quando
algo der errado.
Leika pegou sua mochila e saiu correndo,
deixando Cherin olhando para ela
exasperado.

Cherin resmungou com raiva para si


mesmo enquanto arrumava o
acampamento. Ele deveria ir atrás
dela? Claro que não. Não quando havia um
descendente de Kaldernon que precisava de
ajuda. Ele garantiria que todos tivessem sua
melhor chance. Além disso, ele não tinha
certeza de que suportaria olhar para Leika
agora. Ela cruzou todos os limites da amizade
deles. Agora, as coisas nunca seriam capazes
de voltar ao que eram. Beijar uma ou duas
vezes era uma coisa, mas praticamente o
seduzira! Que homem em sã consciência
poderia dizer não a esse tipo de tentação?
Se ela queria ir e se matar, tudo bem por
ele. Mas ele não deixaria nenhum
descendente para trás. Não quando era a
única opção que eles tinham para serem
resgatados. Cherin gemeu. Ele esperava que
Leika se lembrasse de fazer seus marcadores
de trilha sem ele lá.
Ele fechou os olhos e inalou
profundamente. Não era muito diferente do
que o treinamento dele. Cherin ergueu os
ombros e começou a marchar para o Sul,
com o coração quase explodindo a cada
passo que dava longe de Leika. Mas essa
tinha sido sua escolha, não dele. E ela
priorizou um grupo e a si mesma em fazer a
coisa lógica para salvar todos os outros. Além
disso, Lopu acreditava que Leika poderia
fazer isso sozinha. Quem era ele para tentar
ajudá-la?
Vagar a pé estava deixando Cherin
inquieto. Em pouco tempo, ele foi tentado a
ignorar uma das regras básicas da navegação
na Terra. Queria economizar algum tempo e
se transformar em sua forma de
dragão. Dessa forma, cobriria mais terreno e
chegaria aonde precisava estar sem
preocupações. Então, ele poderia voltar para
Leika como se nada tivesse acontecido, e eles
brigariam e lutariam por um tempo antes de
se reconciliarem de alguma forma.
A agitação de Cherin gradualmente
tomou conta dele e se transformou. Era bom
sentir o controle que sempre que assumia em
sua forma de dragão. Ninguém jamais
entenderia completamente como se sentia ao
afastar seus apegos humanos para assumir a
poderosa magnificência do poderoso
dragão. Especialmente pessoas como
Leika. Ela sempre tinha que estar no controle
de tudo e nunca tentou dobrar as regras a seu
favor. Não que ela soubesse de qualquer
maneira. Por alguma razão, ela queria que
Cherin pensasse que era perfeita. Mas ela era
cheia de falhas, e cada uma o enlouqueceu de
uma maneira especial e única.
Ele amarrou a mochila no braço e bateu
as asas poderosas para aumentar sua
velocidade. Ele encontraria o homem do Sul
antes que Leika pusesse os olhos no grupo de
descendentes, e ela se sentiria envergonhada
por duvidar dele ou culpá-lo pela estranha
mudança que o relacionamento deles
tomara. Ao contrário de Leika, Cherin nunca
precisou de ninguém para ajudá-lo a se livrar
de problemas. Ela se arrependeria de mandá-
lo embora.
De repente, Cherin fez uma pausa. Ele
sentiu o cheiro de alguma coisa. Algo
familiar. Alguém talvez. Mas como? Não era
o perfume de uma mulher. Era um
homem. E ele também não cheirava muito a
um shifter. De alguma forma, era mais Loni.
Cherin inalou
profundamente. Aparentemente, ele havia
viajado muito mais longe do que pensara
inicialmente, pois tinha certeza que
encontrara o descendente de Kaldernon que
Leika esqueceria. Ele voltou à sua forma
humana e se vestiu rapidamente. Se ele
escutasse com atenção e usasse o que sabia
sobre rastreamento, encontraria quem quer
que fosse o homem.
Em meia hora, o perfume estava mais
forte do que nunca e ele finalmente emergiu
da vegetação, ficando cara a cara com um
homem que parecia quase idêntico aos
descendentes resgatados.
— Quem é você? — O homem perguntou,
olhando Cherin de cima a baixo.
— Meu nome é Cherin — ele respondeu
nervosamente. — Qual o seu nome?
— Archer.
Esse era um dos nomes de família dos
shifters dragões. Claro, deveria ser o filho de
Clayton. O garoto que aparentemente
desaparecera, quando os descendentes foram
teletransportados de volta para Kaldernon. —
Filho de Clayton?
— O que tem a ver com isso? — Archer
perguntou, imediatamente agressivo.
— Estou... vim de Kaldernon — gaguejou
Cherin. — Tenho a missão para levar
descendentes de nossa espécie para casa.
Cherin nunca se sentiu mais aliviado em
sua vida. Ele não deixaria Leika ouvir o final
deste. Ela quase deu as costas ao filho de um
dos descendentes que foram resgatados. Eles
estavam histéricos por tanto tempo após o
desaparecimento do garoto. Seria gratificante
reunir uma família como essa. E não,
obrigado a Leika. Mulher teimosa.
— Eu não quero nada com Kaldernon!
— Archer rosnou. Ele avançou
ameaçadoramente em direção a Cherin, que
se afastou com as mãos no ar.
— Por que não? — Ele perguntou,
genuinamente confuso. Não era melhor viver
em Kaldernon do que na Terra? Tantas
coisas horríveis aconteceram aqui.
— Eu nasci na Terra. Esta é a minha
casa. Tenho muitas partes humanas. E além
do mais... tenho negócios inacabados.
— Que tipos de negócios inacabados?
— Cherin perguntou, seu coração batendo
forte no peito.
— Os Guardiões ainda estão aqui. Não
vou descansar até que cada um deles seja
destruído. Eles mataram todos eu amo. Meu
avô, tias, amigos, tios, primos. Todo mundo.
— Mas não seus pais. Seus pais estão
seguros em Kaldernon e sentem sua falta.
— Eu também sinto falta deles, e você
pode dizer que eu disse isso. Mas sou
necessário aqui em baixo. Não trairei os
descendentes que podem ser vítimas dos
Guardiões. Não vou descansar até que cada
um deles esteja tão morto quanto meu avô.
Archer era um homem grande e
musculoso, com olhos sérios e
ameaçadores. Não havia como Cherin ser
capaz de enfrentá-lo e vencer, provavelmente
nem na forma de dragão. Ele não teve
escolha a não ser deixá-lo ir.
— Se você mudar de ideia...
— Não irei — disse Archer. — Há um
grupo de guardiões ao Norte, eu os
acompanho há muito tempo. Acho que eles
têm pessoas presas lá. Tenho que ajudá-los.
— Ao Norte? — Cherin perguntou,
subitamente pálido.
Archer assentiu.
— Obrigado. Vou mandar seu amor para
seus pais.
E com isso, ele mudou para a forma de
dragão e acelerou de volta pelo caminho.
CAPÍTULO TREZE

Leika caminhou furiosamente pela


floresta, tentando se concentrar apenas na
energia dos descendentes de Kaldernon à
distância. Ela estava se aproximando deles,
podia sentir isso. Mas por que eles tinham
que estar tão longe? Talvez se ela pudesse se
transformar em um dragão como Cherin,
mas os genes shifter eram notoriamente
difíceis para as mulheres. Seus corpos eram
mais predispostos às habilidades e funções
Loni.
— Minha, minha, minha — uma voz
sussurrou de repente do fundo dos
arbustos. Leika parou fria, os braços
formigando de medo. Esta não era uma voz
amigável. — Veja o que temos aqui.
De repente, homens em trapos com
sorrisos repugnantes estampados em seus
rostos, emergiram de todos os lados,
cercando-a. Ela teria uma chance de lutar se
houvesse apenas alguns deles, mas havia pelo
menos quinze.
— Me deixe ir! — Leika gritou, lutando
contra suas garras fortes. Eles apenas riram e
zombaram.
— Ela está vestindo roupas Loni! — Um
dos homens exclamou. — Estou tocando em
tecido genuíno!
— Leve-a para o caminhão! — O líder do
grupo latiu. — Temos trabalho a fazer.
Os homens se amontoaram na traseira de
uma caminhonete coberta, mantendo-a
imóvel enquanto o líder pulava no banco do
motorista e ligava a ignição. O barulho alto
do motor começou a vibrar no veículo e
Leika uivou de miséria, chamando por
Cherin. Mas ele não seria capaz de ouvi-
la. Ele fora para o Sul, para salvar alguém que
fora covarde demais para levar em
consideração. Ela queria tanto parecer uma
heroína que não fora muito heroica. Cherin
estava certo em ficar com raiva. Se ela fosse
morta, seria culpa dela.
Leika rodou pelo que pareceu uma
eternidade sendo mantida pelos homens, que
eram definitivamente aqueles que se
autodenominavam os “Guardiões” do
planeta Terra. Ela sabia que não deveria
dizer muito. Eles presumiriam que era
simplesmente uma Loni que passara a vida
toda sob o disfarce de um
humano. Provavelmente alguém nascido na
Terra. Se eles percebessem que era
realmente de Kaldernon, seria nesse
momento que realmente se meteria em sérios
problemas. Problemas que nem Cherin
poderia ajudá-la.
— Olha quem está em casa! — O líder
exclamou.
— Que diabos você está falando? Willie?
— Outro homem gritou de algum lugar fora
do caminhão. Leika foi puxada bruscamente
e levada à luz pelos pulsos. — Ohh, ela é uma
coisinha linda, não é?
— Sem dúvida — concordou Wille,
olhando Leika de cima a baixo. Ela
estremeceu e foi empurrada para frente. Eles
a expulsaram da floresta e entraram em um
assentamento isolado. Havia uma estrada de
terra que levava às árvores de onde viera, e
diante dela havia uma pequena casa branca
que parecia estar em mau estado. Ninguém
em Kaldernon, nem morto, viveria em algo
que precisava tanto de atenção. Eles teriam
reformado a isso ou transformado em algo
melhor.
De repente, Leika se dobrou, a dor
lancinante quase a derrubou. Muito
sofrimento acontecia aqui. O sofrimento era
suportado pelos descendentes de
Kaldernon. Ela tinha que ajudá-los. Não
havia outra opção. Seria inteligente e faria o
que pudesse para ajudar os outros.
Logo, ela estava em uma cela escura no
porão da casa, cercada por várias outras
celas. Dentro das celas, havia outras pessoas
como ela. Eles olharam desesperadamente
para fora de suas aberturas com barras, olhos
magros e infelizes. Tinha que fazer alguma
coisa.
Leika fechou os olhos, esperando que
talvez algumas pessoas Loni pudessem captar
mensagens psíquicas. Alguns deles
conversavam ou jogavam um jogo que
parecia loucura para qualquer outra
pessoa. Mas talvez fosse algo que faziam para
evitar a loucura.
Quantos estão aqui? Leika
perguntou. Estou aqui para ajudar.
Sim, certo.
A última vez que soube que havia treze.
Com você faz catorze.
Não sou prisioneira, afirmou Leika. Eu
sou de Kaldernon. Vai ficar tudo bem.
Quase assim que fora colocada em sua
gaiola, foi arrastada por outro Guardião.
Ele gosta de você. Melhor tomar
cuidado. Limpe sua mente e podemos jogar
o jogo da dor.
O coração de Leika bateu forte com
medo, quando ela foi arrastada pelos degraus
e entrou em uma pequena sala cheia de
instrumentos afiados e
contundentes. Começou a tremer quando o
homem levantou uma e a amarrou em uma
cadeira, sorrindo ameaçadoramente
enquanto se preparava para fazer uma
incisão.
Antes que ele tivesse a chance, um rugido
abalou a terra e a forma de dragão de Cherin
batia na casa. Os Guardiões estavam todos
gritando de terror e gritando ordens um para
o outro. Alguns deles pegaram em suas
prateleiras armas especializadas que Leika
nunca tinha visto antes, e Cherin gritou de
agonia. Ainda assim, eles não eram rápidos o
suficiente para um dos guerreiros dragão de
Kaldernon, e logo a maioria deles foi
queimada e o prédio inteiro estava em
chamas. Cherin atacou o homem que tinha
Leika em cativeiro e o rasgou ao
meio. Finalmente, quando não restaram
guardiões de pé, ele voltou à sua forma
humana nua.
— Sinto muito! — Disseram os dois em
uníssono.
— Eu amo você — disse Leika de repente.
— Eu sempre te amei — respondeu
Cherin.
— Eu sei.
Cherin sorriu e tentou levar Leika para
fora do prédio em chamas.
— Ainda não podemos ir! — Ela
exclamou. — Saia daqui! Eu tenho a
capa, tudo vai dar certo.
Cherin olhou para ela, seus olhos
desconfiados e com medo.
— Confie em mim. — Disse ela com
firmeza.
Finalmente, ele se virou e saiu mancando
das chamas, esperando Leika voltar.
Depois de alguns momentos que
pareciam uma eternidade, ela ressurgiu, com
uma multidão de descendentes atrás
dela. Eles olharam em volta desconfiados e
para o prédio em chamas. Muitos deles não
acreditaram que estavam seguros e pareciam
pensar que esse era outro truque.
— Coloque-os no caminhão! — ordenou
Leika. Cherin começou a trabalhar levando-
os para dentro e Leika engoliu em seco. Ela
provavelmente poderia intuir como dirigir a
maldita coisa, e assim que todo mundo estava
dentro, ela partiu com pneus rangendo pelo
caminho de terra e voltou para a floresta.
CAPÍTULO QUATORZE

Já era tarde quando chegaram ao mesmo


local em que haviam acampado juntos. Foi
milagre o encontrarem depois de tudo o que
tinha acontecido. Cherin montou a barraca,
embora fosse óbvio que ele estava sofrendo
imensamente com os ferimentos da batalha.
— Vocês podem dormir na barraca — ele
ofereceu aos descendentes abalados.
—Nós preferimos o caminhão.
Cherin não conseguiu entender, então
Leika traduziu para ele. Ele assentiu e subiu
para dentro assim que foi arrumado e o fogo
foi aceso. Leika o seguiu para dentro.
— Parece que você está com muita dor —
ela sussurrou depois que todo mundo
adormeceu.
— Eu vou ficar bem. — Disse Cherin. Sua
voz tensa.
— Obrigado por voltar para mim — disse
Leika, removendo a roupa que Lopu havia
lhe dado. — Coloque isto. Os poderes
regenerativos irão ajudá-lo.
— Você tem certeza? — Ele perguntou.
Ela assentiu. Seu corpo foi descoberto e
ela o encarou sinceramente até que ele o
pegou.
— É meio confortável — ele riu. Ela sorriu
e deitou-se ao lado dele quando a roupa
começou a fazer seu efeito mágico. Eles
cochilaram em um sono tranquilo e foram
ambos despertados ao mesmo tempo pela
agitação de Cherin. Ele estava tirando a
roupa, sorrindo para Leika.
— Obrigado — disse ele, abraçando-a
contra seu peito largo e nu. Ela se rendeu, seu
próprio corpo completamente exposto ao
lado dele.
— Nada vai mudar a maneira de como me
sinto por você — Cherin disse seriamente,
olhando profundamente nos olhos cor de
lavanda de Leika.
— Eu sei — ela sussurrou.
Eles se perderam no olhar um do outro
por alguns momentos antes de finalmente
seus lábios se encontrarem. Leika gemeu
baixinho quando a língua de Cherin entrou
em sua boca, enviando um turbilhão de
prazer que percorreu seu corpo. Suas mãos
fortes percorreram seu corpo intimamente,
até que seus dedos descansaram contra o
monte de seu sexo. Ele circulou a ponta do
dedo experimentalmente em torno de seu
clitóris e enviou uma sacudida de êxtase
através de seu corpo. Ela suspirou
suavemente quando sentiu seu pênis
endurecer contra sua coxa. Desta vez não
haveria desculpas. Sem sentimentos
confusos. Era isso que os dois queriam. E
agora que eram adultos, estavam
perfeitamente bem.
Leika pegou seu pênis em suas mãos e
deu um longo e firme golpe. Cherin gemeu
de prazer quando estremeceu em seu aperto,
a emoção de seu toque trazendo mais sangue
ao membro ingurgitado. Ela abaixou os
lábios com cuidado, provocando um grito de
prazer de Cherin. Ele a levantou e deitou-se
no chão, posicionando-a de modo que seu
sexo, molhado de saudade, estivesse na
posição perfeita para ele lamber enquanto ela
lentamente passava a língua para cima e para
baixo em seu eixo. Eles se divertiram assim
até Leika não aguentar mais e choramingar
exigentemente. Cherin a deitou de costas e
subiu em cima dela, sorrindo para ela
enquanto seu eixo acariciava seu clitóris,
enviando ondas de êxtase por todo o corpo
dela.
Gemeram juntos quando ele se
empurrou totalmente dentro dela. O calor de
seu pênis batendo dentro dela fez Leika
cerrar os dentes, quando uma inundação de
felicidade despertou todos os nervos em seu
corpo. Ele começou a empurrar-se para
dentro dela de novo e de novo, acelerando o
ritmo, cada estocada de seu eixo provocando
uma rede de explosões por todo o interior
dela. Ela sonhara com o corpo dele por tanto
tempo, tão secretamente e, no entanto, tão
devotamente. Há quanto tempo ela queria
isso? Ela não sabia dizer. Mas agora que o
tinha, ela nunca o deixaria ir.
Ele a acariciou com ternura enquanto
faziam amor, seu corpo sintonizado com ela
a cada resposta. Ele parecia intuitivamente
saber exatamente o que cada um de seus sons
e movimentos significava, e a encontrou com
um entusiasmo que os deixou ofegantes pelo
esforço. Eles nunca estiveram mais
sincronizados do que naquele
momento. Sem inibições e sem
confusão. Tudo o que queriam era um ao
outro.
De repente, Leika não suportava mais a
intensidade do membro macio e duro de
Cherin dentro dela, e seu corpo tremia
quando ele a levou a novas alturas, todos os
receptores de prazer em seu corpo se
entregando ao êxtase. Ela soltou um gemido
baixo quando se contraiu em torno dele,
empurrando-o e puxando-o até que ele
completasse seu clímax com sua própria
erupção poderosa. Eles fecharam os olhos
em êxtase quando ele atirou sua carga
profundamente dentro dela, e ficaram
parados por um momento, ofegando
silenciosamente durante a noite.
— Nunca mais vamos brigar — disse Leika.
— Isso não é saudável - Cherin riu. —
Vamos sempre fazer as pazes.
— Isso é mais realista.
Ele beijou a testa dela e os dois se
deitaram felizes, permitindo-se finalmente
serem pegos pelo pesado cobertor do sono.
EPÍLOGO

Leika e Cherin passaram o último dia


levando os descendentes de Kaldernon de
volta ao local onde o portal se abriria para
permitir que retornassem ao seu próprio
planeta. O teletransporte consumia muita
energia, então tentaram acelerar enviando
dupla por vez, como na primeira missão de
resgate.
Estava lentamente ficando claro para as
partes resgatadas que estariam livres e
viveriam em um mundo onde não havia
Guardiões.
Enquanto Cherin e Leika
supervisionavam sua partida da Terra, eles
deram as mãos e conversaram, esperando sua
vez.
— Vi o homem que quase deixamos para
trás. Ele queria ficar aqui. Ele é o filho de
Clayton.
— Sério? — Leika perguntou, seus olhos
arregalados.
— Sério
— Ele ficará feliz em saber que seu filho
está bem.
— Sim.
Logo, eles foram as últimas pessoas que
ficaram de pé.
— Você está pronta? — Cherin perguntou,
apertando o braço de Leika.
— Você está? — Ela retrucou.
— Tão pronto quanto sempre estarei. —
Ele sorriu.
— Tudo mudou. — Disse Leika,
posicionando-se sob o raio do teletransporte.
— Espero que isso nunca volte a ser como
era. — Disse Cherin. Ele se inclinou para
beijá-la ternamente nos lábios, e juntos eles
voltaram como heróis para o planeta
Kaldernon.

Fim...
Ou apenas o começo?

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