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INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 4
DIPLOMACIA CULTURAL...................................................................................................... 42
O CERIMONIAL NA DIPLOMACIA........................................................................................ 44
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FASE DO CACD?................................................................................................................... 67
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Jean Marcel
Nomeado Terceiro-Secretário na Carreira de Diplomata em 14/06/2000. Serviu na Embaixada do Brasil em
Paris, entre 2001 e 2002. Concluiu o Curso de Formação do Instituto Rio Branco em julho de 2002. Lotado
no Instituto Rio Branco, como chefe da Secretaria, em julho de 2002. Serviu na Embaixada do Brasil em
Buenos Aires – Setor Político, entre 2004 e 2007. Promovido a Segundo-Secretário em dezembro de 2004.
Concluiu Mestrado em Diplomacia, pelo Instituto Rio Branco, em julho de 2005. Publicou o livro “A promoção
da paz pelo Direito Internacional Humanitário”, Fabris Editor, Porto Alegre, em maio de 2006. Promovido a
Primeiro-Secretário em junho de 2006. Concluiu o Curso de Aperfeiçoamento em Diplomacia do Instituto Rio
Branco em março de 2007. Concluiu o Curso de Doutorado em Direito Internacional pela Universidade de
Buenos Aires, Argentina, em julho de 2007. Serviu na Embaixada do Brasil em Washington, nos setores
Econômico e de Promoção Comercial (chefe), entre 2007 e 2010. Publicou o livro “La Corte Penal Interna-
cional. Soberanía versus justicia universal”, Editoriales Reus/Zavalía/Temis/UBIJUS, Madrid/Buenos Aires/
Bogotá/México, D.F., em novembro de 2008. Condecorado com a Ordem do Rio Branco, Grau de Oficial, em
abril de 2010. Assessor do Embaixador Antonio Patriota, na Secretaria-Geral das Relações Exteriores, em
junho de 2010. Diretor do Departamento de Financiamento e Promoção de Investimentos no Turismo (DFPIT
– Ministério do Turismo) de 2013 a 2014. Foi presidente da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília
(TCB), em 2015. Publicou o romance “Como ser malandro parecendo mané”, Giostri Editora, em fevereiro de
2016. Promovido a Conselheiro em junho de 2016. Foi Chefe da Assessoria Internacional da Secretaria do
Programa de Parcerias de Investimentos (SPPI) da Presidência da República e cônsul do Brasil em Havana,
Cuba. Atualmente é o Diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
INTRODUÇÃO
É com imenso prazer que me dirijo a você, a quem desejo chamar de colega em futuro
muito próximo! Este e-book reúne artigos sobre o Concurso de Admissão à Carreira de Diplo-
mata (CACD), assim como sobre a formação e as principais áreas de atuação dos profissio-
nais do Ministério das Relações Exteriores.
Muitos dizem que a carreira diplomática é como um sacerdócio, por conta da enorme
dedicação pessoal que ela requer de seus integrantes, desde o início da preparação para o
concurso até a aposentadoria. Apesar do aparente exagero, a afirmação tem seu fundo de
verdade, o que não quer dizer, porém, que o esforço não valha a pena. O que não se deve
fazer, em hipótese alguma, é entrar nessa jornada sem informação e conhecimento sobre
cada passo do caminho que se pretende percorrer.
Este e-book traz preciosas informações sobre os bastidores da carreira diplo- mática,
indispensáveis para quem quer conhecer bem o que faz um diplomata e sua rotina de tra-
balho. Quanto mais você souber sobre o que irá fazer no futuro, menor será a possibilidade
de você se decepcionar. Lembre-se de que o tempo médio de carreira de um diplomata é de
aproximadamente 40 anos. Ninguém será feliz se passar boa parte da vida fazendo o que
não gosta, não é? Melhor, portanto, saber bem onde está se metendo.
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Após mais de 20 anos de carreira, dos prováveis 45 que deverei permanecer no Itama-
raty, posso afirmar com segurança que há poucas carreiras no serviço público brasileiro que
se comparem à carreira diplomática, em termos de satisfação profissional e pessoal. Se o
Ministério das Relações Exteriores certamente vai exigir muito de você, saiba que também
te dará muito em troca.
Aqui, neste e-book, você irá conhecer, entre diversos exemplos da rotina de um diplo-
mata, um pouco de minha própria trajetória profissional. Além de meu tempo de carreira, que
iniciei aos 25 anos de idade, eu decidira ingressar no Itamaraty aos 14. Somado todo esse
período, estou envolvido de alguma forma com o mundo da diplomacia há mais de 30 anos.
E posso afirmar que até hoje sigo encantado com o que faço.
Quando comecei, recortava de jornais e revistas tudo o que encontrava sobre a car-
reira diplomática, a trajetória dos diplomatas que apareciam na imprensa, além de notícias
sobre nossa política externa. Hoje, você tem, na tela de seu computador, tablet ou celular, um
e-book com boa parte do que levei todo esse tempo para viver e descobrir.
Se gostar do que vai ler (e espero que goste), você poderá ter, também nos mes- mos
aparelhos eletrônicos, a melhor e mais atualizada preparação on-line para a aprovação no
CACD: o curso do Projeto Vou Ser Diplomata do Gran Cursos Online, que também tem
módulo de preparação personalizada igualmente para as provas da segunda e terceira fases
do concurso.
Mas por que afirmo, sem medo de errar, que o Gran Cursos Online oferece a melhor
preparação para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata? Primeiro, porque é o
curso mais democrático do mercado. Ainda que o CACD seja um exame de âmbito nacional,
com provas realizadas em todas as capitais brasileiras, a oferta de cursos pelo Brasil é desi-
gual, tanto em quantidade como em qualidade. Ao estudar pela Internet, não importa o local
onde o(a) candidato(a) se encontra, ele tem acesso aos mesmos materiais que os demais.
Em segundo lugar, trata-se de excelente custo-benefício. Basta comparar as despesas
de um curso presencial com o nosso on-line para se constatar a diferença, pois o primeiro
requer mais em relação a deslocamentos, tempo e mensalidade, entre outros gastos.
E como terceiro argumento, apenas para citarmos alguns, nossos professores, a maio-
ria deles jovens diplomatas, reúnem as melhores condições para preparar candidatos de
modo mais eficaz porque:
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Boa leitura!
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Eu tinha apenas 14 anos de idade. Voltava de uma aula de francês, quando me deparei
com a seguinte pergunta: “você já pensou em ser diplomata”? Era uma colega que estudava
comigo o idioma de Proust.
Já tinha ouvido falar, claro, da carreira diplomática, mas não tinha muita ideia de como
seria a rotina de um profissional do Serviço Exterior Brasileiro. É verdade que eu tomara
gosto por aprender línguas – tinha alguma fluência em inglês e iniciava o estudo de fran-
cês porque a disciplina era ensinada na nova escola em que ingressara – e foi exatamente
por isso que veio a sugestão daquela minha colega. “Diplomata ganha em dólar, conhece o
mundo todo e vive em festas!”, dizia ela. Fiquei encantado, porém eu não dispunha do fácil
acesso às informações que nos proporciona hoje a Internet para comprovar se o que ela dizia
era verdade. Comecei a pesquisar tudo o que achava em jornais e revistas sobre a carreira.
Montei uma pasta volumosa que guardo até hoje.
A realidade que conheci muitos anos mais tarde me fez ver que há, sim, certo exagero
em dizer que o diplomata vive cercado de glamour. O respeito que a sociedade brasileira tem
pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) vem do resultado do bom trabalho que lá é
produzido por seus profissionais.
Todo diplomata do Brasil tem a responsabilidade de manter uma longa tradição de
excelência, mas o trabalho que enfrenta para isso é bastante árduo. Em média, demora cerca
de 30 anos para sair do cargo inicial de Terceiro-Secretário até chegar ao último – Ministro
de Primeira Classe, mais conhecido como Embaixador. A escada de ascensão profissional
tem como degraus intermediários as funções de Segundo-Secretário, Primeiro-Secretário,
Conselheiro e Ministro (de Segundo Classe).
Obviamente, não é necessário ser Embaixador para exercer papel relevante no Itama-
raty, apelido que ganhou o Ministério por conta do negociante português Francisco José da
Rocha Leão, que recebera o título de Conde de Itamarati e foi proprietário do palácio no Rio
de Janeiro batizado com seu nome e que, entre 1899 e 1970, foi sede do MRE.
Não cheguei ainda à metade de minha carreira e já tive a oportunidade de fa- zer muita
coisa interessante: servi durante três anos na Embaixada do Brasil em Buenos Aires e por
iguais períodos em Washington e em Havana, fiz missões transitórias de alguns meses em
Paris e em Montevidéu, missões eventuais (de poucos dias) em países de todos os continen-
tes e ainda trabalhei no Brasil com temas acadêmicos, promoção comercial, turismo e até
transporte coletivo (em período de empréstimo para o Governo do Distrito Federal).
Para chegar lá, porém, a caminhada começa com o concurso público. Difícil para o
aspirante a diplomata pensar que será um dos 20 ou 30 aprovados entre milhares de can-
didatos, como costuma ocorrer nos processos seletivos anuais, mas a recompensa será ter
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a certeza de que os vitoriosos estarão entre os que mais estudarem e, mesmo em caso de
reprovação, diferentemente da seleção para outras carreiras, sabe-se de antemão que, no
ano seguinte, haverá novos exames. Além disso, todos os que passarem serão nomeados e
tomarão posse imediatamente.
Quase R$ 20 mil de salário inicial, dois anos de preparação acadêmica e profissiona-
lizante, já ganhando como Terceiro-Secretário, apartamento funcional em Brasília e pers-
pectiva de ter, durante décadas, vários empregos em uma única carreira. Rodar o mundo,
conhecer novos lugares e pessoas e ganhar em dólar quando estiver trabalhando no exterior
fazem, sem dúvida alguma, o esforço de estudar para esse concurso tão difícil valer a pena.
A boa notícia é que, com o objetivo de preparar os candidatos para o Concurso de
Admissão à Carreira de Diplomata, um dos mais difíceis do país, o Gran Cursos Online tem o
curso de preparação extensiva para o CACD desde 2016, composto por teoria e exercícios.
Nosso objetivo é te ajudar na consolidação de seu conhecimento e, consequentemente, na
realização de excelente preparação para o próximo processo seletivo. Além das orientações
de equipe altamente qualificada (diplomatas e especialistas), que irão destacar e desvelar
os principais tópicos de cada disciplina, você contará, ainda, com preciosas dicas sobre as
particularidades da banca, um ano de acesso ao conteúdo, visualizações ilimitadas e outros
diferenciais. Com esse curso, você se preparará de forma antecipada e eficaz!
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1 Existe a previsão legal também de um curso para Primeiros-Secretários, chamado Curso de Atualização em Política Externa – CAP, mas ainda não foi imple-
mentado.
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Toda vez que é publicado um edital para um concurso público, a primeira informação
que se busca – antes mesmo do prazo, da taxa de inscrição, das datas de provas ou do
número de vagas – é a remuneração inicial dos cargos em disputa. No caso do Concurso de
Admissão à Carreira de Diplomata (CACD), quando o Gran Cursos Online fez o anúncio do
exame de 2020 – realizado apenas em 2021, por conta da pandemia –, foi anunciado que o
salário de um Terceiro-Secretário, cargo para o qual seriam nomeados os aprovados no con-
curso, era de R$ 19.199,06.
A diferença entre a remuneração inicial da carreira diplomática (Terceiro-Secretário) e
a final (Ministro de Primeira-Classe, mais conhecido como Embaixador), é de cerca de 40%:
Segundo-Secretário (R$ 21.226,79), Primeiro-Secretário (R$ 22.802,63), Conselheiro (R$
24.500,44), Ministro de Segunda-Classe (R$ 26.319,29) e Ministro de Primeira-Classe (R$
27.368,67).
Esses valores são a remuneração bruta, sem descontos como imposto de renda e segu-
ridade social, quando o diplomata está lotado no Brasil e sem exercer cargo de confiança, seja
no próprio Ministério das Relações Exteriores (MRE) ou em outro órgão do Governo Federal
ou em outro nível (estadual ou municipal) e mesmo nos Poderes Legislativo e Judiciário.
Os diplomatas podem e com frequência são cedidos pelo Itamaraty para traba- lhar
temporariamente fora do Ministério. As regras para a cessão de um diplomata são definidas
pela Lei n. 11.890, de 24 de dezembro de 2008:
2 A requisição é distinta da cessão, pois não pode ser recusada pelo órgão cedente (Itamaraty), e o órgão que recebe o diplomata não necessita oferecer-lhe
cargo. É o caso dos diplomatas que trabalham na Presidência da República.
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3 Os DAS até 4 também podem ser do tipo FCPE (Função Comissionada do Poder Executivo), que só pode ser ocupada por servidores públicos, mas o valor
da remuneração é o mesmo.
4 O cargo de Secretário-Geral das Relações Exteriores (Vice-Chanceler) também é reservado a diplomatas de carreira, mas não é DAS e, sim, Cargo de Natu-
reza Especial. Trata-se da maior posição a que deve aspirar um diplomata, pois a de Ministro das Relações Exteriores, ainda que possa ser ocupada por
alguém da carreira, é de livre escolha do Presidente da República.
5 Quando investido em cargo em comissão, um servidor público pode optar entre três fórmulas distintas de remuneração: receber a remuneração da tabela
do cargo em comissão, acrescida dos anuênios; receber a remuneração do seu cargo efetivo, posto, graduação ou emprego, acrescida da diferença desta
remuneração com a do cargo em comissão; ou receber a remuneração do seu cargo efetivo, posto, graduação ou emprego, acrescida do percentual de 60%
da remuneração do cargo em comissão. Os diplomatas normalmente optam pela terceira opção, por ser mais vantajosa financeiramente.
6 Os DAS 1 a 6 podem ser 101 ou 102. Os primeiros são cargos de Direção, e os segundos, de Assessoramento, daí a sigla Direção e Assessoramento Supe-
rior (DAS).
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7 Algumas carreiras públicas também oferecem a possibilidade de trabalho temporário no exterior, como as das Forças Armadas, Polícia Federal, Receita
Federal e Ministério da Agricultura, que têm adidos no exterior. Trata-se, no entanto, de exceção à regra do exercício prioritariamente no Brasil, diretamente
das carreiras do Serviço Exterior Brasileiro.
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Para concluir, todo diplomata que está no exterior deve retornar ao Brasil após 10 anos
consecutivos de permanência fora do país. A única exceção a essa regra aplica-se aos Con-
selheiros, que podem permanecer por mais tempo, desde que respeitem o rodízio entre
as diversas categorias de Postos e permaneçam em cada um pelo prazo máximo descrito
anteriormente.
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-Secretário, que é o tempo de interstício mínimo entre cada classe da carreira. Como se
trata de uma promoção por merecimento, no entanto, como afirmei, não basta cumprir esses
requisitos, pois a escolha é da alta direção do Ministério, sendo a última palavra a do Presi-
dente da República, com quem o Ministro das Relações Exteriores (Chanceler) despacha a
lista de promovidos em todas as classes.
Para ser um dos escolhidos a qualquer promoção por merecimento, além de cumprir
os requisitos mínimos de promoção em sua respectiva classe, o diplomata precisa entrar no
chamado Quadro de Acesso (QA). Trata-se de lista elaborada a partir de votação de todos
os diplomatas sobre quais candidatos à promo ção acham que merecem recebê-la. Os diplo-
matas votam nos candidatos de sua própria classe (votação horizontal) e das classes inferio-
res à sua (votação vertical). Os resultados das votações são examinados em três diferentes
câmaras de avaliação formadas por chefes de divisão, diretores de departamento e Secre-
tários. As listas começam maiores na câmara hierarquicamente menor e vão diminuindo na
medida em que sobem para as câmaras mais altas. Após essa triagem, o chanceler decide
quem entra no Quadro de Acesso de cada classe. O número de ingres santes no QA é o
mesmo dos promovidos, que obviamente deixam o Quadro ao mudarem de classe.
As condições para a promoção de diplomatas nas demais classes estão previstas no
artigo 52 da Lei n. 11.440/2006:
Art. 52. Poderão ser promovidos somente os diplomatas que satisfaçam os seguintes
requisitos específicos:
I – no caso de promoção a Ministro de Primeira Classe, contar o Ministro de Segun-
da Classe, no mínimo:
a. 20 (vinte) anos de efetivo exercício, computados a partir da posse em cargo da
classe inicial da carreira, dos quais pelo menos 10 (dez) anos de serviços prestados
no exterior; e
b. 3 (três) anos de exercício, como titular, de funções de chefia equivalentes a nível
igual ou superior a DAS-4 ou em posto no exterior, de acordo com o disposto em
regulamento;
II – no caso de promoção a Ministro de Segunda Classe, haver o conselheiro conclu-
ído o Curso de Altos Estudos – CAE e contar pelo menos 15 (quinze) anos de efetivo
exercício, computados a partir da posse em cargo da classe inicial da carreira, dos
quais um mínimo de 7 (sete) anos e 6 (seis) meses de serviços prestados no exterior;
III – no caso de promoção a conselheiro, haver o Primeiro-Secretário concluído o
Curso de Atualização em Política Externa – CAP e contar pelo menos 10 (dez) anos
de efetivo exercício, computados a partir da posse em cargo da classe inicial da
carreira, dos quais um mínimo de 5 (cinco) anos de serviços prestados no exterior.
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O filósofo grego Heráclito de Éfeso (c. 535 a.C. – c. 475 a.C.), ao se referir à essência
de todas as coisas, dizia que “nada é permanente, exceto a mudança”. A frase do ilustre pré-
-socrático aplica-se perfeitamente à carreira típica de um diplomata: para nós, a mudança
constante é, talvez, a única certeza!
Quando se pensa na vida diplomática, uma das primeiras coisas que vêm à cabeça
seguramente é o fato de que grande parte da carreira se desenvolve fora do país. De modo
geral, um diplomata brasileiro passa cerca de metade de sua vida profissional atuando no
exterior, em países dos mais diversos. Trata-se de uma experiência riquíssima e de um dos
ingredientes que tornam a nossa carreira especial, mas o leitor pode estar certo de que essa
característica da carreira também é bastante demandante em termos pessoais e profissio-
nais, pela necessidade de que o diplomata e seus familiares se adaptem, forçosamente, a
ambientes e culturas totalmente diferentes a cada três ou quatro anos, em média.
A necessidade de adaptação às mudanças físicas frequentes é, portanto, uma certeza
– e, ademais, um dado quase óbvio – da vida diplomática. Menos óbvia, porém igualmente
demandante e, a meu ver, atraente, é a necessidade de adaptação constante a atividades
diferentes. Quando se pensa nas tarefas tradicionais da diplomacia (quais sejam, as de infor-
mar, negociar e representar), à primeira vista, fica pouco evidente a infinidade de diferen-
tes funções que o cumprimento dessas tarefas exige que sejam desempenhadas em uma
Chancelaria.
A grande variedade de funções envolvidas no trabalho diplomático torna muito difícil, se
não impossível, prever qual será o percurso profissional que percorrerá um Terceiro-Secretá-
rio recém-ingressado no Itamaraty. Muito se fala na dicotomia ou tensão entre generalismo e
especialização em diplomacia, sem que se chegue a conclusões definitivas. Há Chancelarias
que priorizam a formação de especialistas, nas quais um diplomata que se tenha tornado
“expert” em África, por exemplo, dificilmente será removido para algum país fora daquele
continente ou trabalhará em área que dele não trate. Algumas delas procuram estabelecer
caminhos ou “tracks” diferentes, nos quais os seus diplomatas podem ingressar e nos quais
deverão, em princípio, permanecer: em áreas como Diplomacia Econômica, Administração,
Diplomacia Pública, Política ou Consular.
E o Brasil? Em nossa Chancelaria, não existe exigência legal ou prática administrativa
no sentido de priorizar a formação de especialistas. Isso não quer dizer, evidentemente, que
não os haja: trabalham no Itamaraty brilhantes diplomatas que fizeram todas ou quase todas
as suas carreiras em áreas específicas. Temos grandes especialistas em comércio, exce-
lentes administradores, competentíssimos negocia dores e profissionais que entendem pro-
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Quanto à Secretaria de Estado das Relações Exteriores, que é o órgão decisório prin-
cipal do Itamaraty, a organização é hierárquica, o que não ocorre no exterior, onde os postos
têm independência funcional. A unidade de maior hierarquia da SERE é o Gabinete (do
Chanceler). Diretamente vinculada ao Gabinete estão a Assessoria de Imprensa, a Assesso-
ria Especial de Assuntos Federativos e Parlamentares, a Secretaria de Planejamento Diplo-
mático, a Consultoria Jurídica e a Secretaria de Controle Interno.
Abaixo do Gabinete, está a Secretaria-Geral (SG). O Chefe da SG é o Secretário-Geral
das Relações Exteriores, que externamente é chamado de Vice-Ministro, por ser o número
2 da estrutura funcional do Ministério. Esse é o maior cargo a que um diplomata brasileiro
pode aspirar, pois é de ocupação exclusiva dos integrantes da carreira, já que o Chanceler
pode não ser diplomata, como alguns que já desempenharam a função recentemente. À SG
também estão subordinadas unidades como o Cerimonial, a Inspetoria-Geral e a Corregedo-
ria do Serviço Exterior.
Finalmente, vêm as Secretarias temáticas (hoje são sete), com seus respectivos Depar-
tamentos, Divisões e Coordenações. Assim, por exemplo, o trabalho de promoção comercial,
que é o estímulo às exportações brasileiras e à atração de investimentos estrangeiros ao
Brasil, é cuidado por vários Departamentos e Divisões, cada um especializado em um grupo
de atividades. O respectivo Secretário, sempre um Embaixador, responde ao Secretário-
-Geral das Relações Exteriores.
Veja o tamanho e a complexidade da estrutura que permite que nosso país possa ser
tão bem representado no exterior!
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12 Sobre privilégios e imunidades, sugere-se a leitura das Convenções de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 1961, e sobre Relações Consulares, de
1963.
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XX, a atividade consular era considerada inferior à diplomática. Hoje, além de não haver essa
distinção em nível de importância – tanto é que os mesmos profissionais as exercem indis-
tintamente –, o serviço consular brasileiro tem recebido crescente atenção da alta chefia do
Ministério das Relações Exteriores.
Em 2007, por exemplo, o Itamaraty lançou o Portal Consular 13, com o objetivo de moder-
nizar e desburocratizar a assistência consular brasileira. Em seus quase 15 anos de existên-
cia, o Portal foi aperfeiçoado e expandido, sendo hoje excelente fonte de informações aos
cidadãos brasileiros no exterior, de uma forma geral. No Portal, há informes sobre emissão
de documentos, orientações jurídicas, dicas sobre viagem, costumes e legislação local de
cada país, entre outras informações.
Ao ser removido para um Consulado, o diplomata brasileiro exerce o cargo de cônsul.
Nossos cônsules desempenham, basicamente, duas funções de interesse dos brasileiros no
exterior: a função notarial (ou de registro) e a função consular propriamente dita. Na primeira,
funciona como um tabelião, realizando registros de nascimentos, óbito, procurações, con-
tratos, autenticações de documentos, celebração de casamentos etc. Na segunda, promove
auxílio àqueles nacionais em situações de vulnerabilidade, especialmente as pessoas presas
e doentes.
As funções consulares consistem, de acordo com a Convenção de Viena de 1963, em:
a. proteger, no Estado receptor, os interesses do Estado que envia e de seus nacionais,
pessoas físicas ou jurídicas, dentro dos limites permitidos pelo direito internacional;
b. fomentar o desenvolvimento das relações comerciais, econômicas, culturais e cien-
tíficas entre o Estado que envia e o Estado receptor e promover, ainda, relações amistosas
entre eles, de conformidade com as disposições da presente Convenção;
c. informar-se, por todos os meios lícitos, das condições e da evolução da vida comer-
cial, econômica, cultural e científica do Estado receptor, informar a respeito o governo do
Estado que envia e fornecer dados às pessoas interessadas;
d. expedir passaporte e documentos de viagem aos nacionais do Estado que envia,
bem como visto e documentos apropriados às pessoas que desejarem viajar para o refe-
rido Estado;
e. prestar ajuda e assistência aos nacionais, pessoas físicas ou jurídicas, do Estado
que envia.
Aos candidatos ao CACD, vejam que é aberto o leque de opções profissionais dentro
do Ministério das Relações Exteriores. Portanto, ao estudo!
13 Cf.: http://www.portalconsular.itamaraty.gov.br.
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Nem todo diplomata que deixa o Instituto Rio Branco (IRBr) é aproveitado de cara em
áreas fins do Ministério das Relações Exteriores (MRE), ou seja, em atividades mais relacio-
nadas com as matérias cobradas no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD),
como temas políticos, econômicos, de promoção comercial ou consulares. Por escolha ou
necessidade do Itamaraty, muitos diplomatas têm por responsabilidade funções administrati-
vas, para lidar com recursos humanos ou financeiros.
A Secretaria de Gestão Administrativa (SGAD) é a unidade, dentro da estrutura do
MRE, encarregada de lidar com os temas administrativos, de acordo com a nova estrutura
regimental do Ministério das Relações Exteriores (MRE), aprovada pelo Decreto n. 9.683, de
09/01/2019.
O nome escolhido para essa Secretaria foi bastante apropriado. Recordo-me que,
quando cheguei ao Itamaraty, logo após a aprovação no Concurso de Admissão à Carreira
de Diplomata (CACD), fui tomar posse, juntamente com meus colegas de turma, na sala do
então Subsecretário do Serviço Exterior, título da unidade que se ocupava dos temas admi-
nistrativos do Ministério. Sem saber disso, obviamente, um colega perguntou-me em tom de
brincadeira: “Ué, mas eu pensei que o MRE inteiro era responsável pelo Serviço Exterior!”
Três departamentos respondem pelos temas da Secretaria: o Departamento de Adminis-
tração e Logística, o Departamento de Serviço Exterior e o Departamento de Tecnologia e
Gestão da Informação. O primeiro acompanha a contratação de pessoal local no exterior;
planeja e supervisiona as atividades de administração de material e de patrimônio dos órgãos
do Ministério, no país e no exterior; coordena o processo de licitações; e supervisiona os
serviços gerais de apoio administrativo. Quatro divisões o apoiam: a Divisão de Licitações, a
Divisão de Acompanhamento e Coordenação Administrativa dos Postos no Exterior, a Divi-
são de Recursos Logísticos I e a Divisão de Recursos Logísticos II.
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O Brasil entende a cooperação técnica internacional como uma opção estra- tégica de
parceria, que representa um instrumento capaz de produzir impactos positivos sobre popula-
ções, alterar e elevar níveis de vida, modificar realidades, promover o crescimento sustentá-
vel e contribuir para o desenvolvimento social.
Nesse contexto, a cooperação brasileira com países em desenvolvimento, a chamada
cooperação Sul-Sul, ou Horizontal, ganhou muito impulso a partir de 1987 e ainda mais nos
últimos anos. A cooperação Sul-Sul contribui para o adensamento das relações do Brasil
com os países em desenvolvimento, para a ampliação dos seus intercâmbios, geração, dis-
seminação e utilização de conhecimentos técnicos, capacitação de seus recursos humanos
e para o fortalecimento de suas instituições.
A cooperação técnica recebida bilateral pode ser considerada um instrumento propulsor
de mudanças estruturais, por ter como objetivo a transferência de tecnologia e absorção de
conhecimentos que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico do país. É realizada
por meio de consultorias de alto nível, capacitação e treinamento de técnicos brasileiros e,
em alguns casos, pela doação de equipamentos de alta tecnologia, com o objetivo final de
transferir novos conhecimentos às instituições brasileiras. Entre os principais países parcei-
ros do Brasil nesse tipo de cooperação estão Alemanha, Japão, França e Espanha.
Finalmente, a cooperação técnica multilateral é a desenvolvida entre o Brasil e organis-
mos internacionais com mandato para atuar em programas e projetos de desenvolvimento
social, econômico e ambiental. O objetivo desse relacionamento é o de gerar e/ou transferir
conhecimentos, técnicas e experiências que contribuam para o desenvolvimento de capaci-
dades nacionais em temas elencados como prioritários pelo Governo brasileiro e sociedade
civil, assumindo-se como horizonte de trabalho a autossuficiência nacional em termos dos
conhecimentos requeridos para conceber e operacionalizar políticas e programas públicos
com repercussão sobre o desenvolvimento socioeconômico do país.
Ainda que a cooperação técnica seja considerada, por alguns, tema de menor importân-
cia ou interesse profissional, os diplomatas que trabalham na área cos- tumam apaixonar-se
pelos resultados obtidos pelos projetos levados a cabo pela ABC. Trata-se, portanto, de inte-
ressante opção de carreira, sendo uma das atividades em que se vê resultado mais imediato
dentro da diplomacia, que costuma lidar com assuntos mais abstratos.
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[1] Cf. Art. 42 do Decreto n. 8.817, de 21 de julho de 2016, que aprovou a Estrutura
Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Con-
fiança do Ministério das Relações Exteriores.
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Uma das áreas mais fascinantes, atuais e dinâmicas de atuação dentro da carreira
diplomática é a da política externa para a prevenção e combate aos ilícitos transnacionais e
cooperação em foros bilaterais e multilaterais na matéria. Os diplomatas que acompanham
esses temas no Itamaraty interagem não apenas com interlocutores estrangeiros de gover-
nos e organismos internacionais, mas também com membros de diversos órgãos do Governo
brasileiro, especialmente no plano federal.
Dentro da atual estrutura do Ministério das Relações Exteriores (MRE), de acordo com
o que dispõe o Decreto n. 9.683, de 09/01/2019 20, o Departamento de Defesa é o responsá-
vel por propor e executar diretrizes de política externa em temas relacionados à política de
defesa e à participação brasileira em reuniões bilaterais, regionais e multilaterais, relacio-
nadas à Defesa e ao desarmamento e tecnologias sensíveis; além de cuidar dos assuntos
relativos a mar, Antártida e espaço. O Departamento conta com o apoio de quatro divisões:
Divisão de Assuntos de Defesa, Divisão de Desarmamento e Tecnologias Sensíveis, Divisão
do Mar, da Antártida e do Espaço e Divisão de Produtos de Defesa.
O Departamento de Defesa está subordinado à Secretaria de Assuntos de Soberania
Nacional e Cidadania, unida de de terceiro escalão do MRE. Os diplomatas lotados nesse
Departamento coordenam a participação brasileira em reuniões internacionais, tanto em
foros bilaterais como multilaterais, que tratem da prevenção e combate ao crime organizado
transnacional e da cooperação internacional com relação aos delitos supracitados.
A coordenação do Itamaraty com órgãos do Governo brasileiro sobre temas relaciona-
dos ao combate a ilícitos transnacionais ocorre em especial com os Ministérios da Justiça e da
Defesa, no que tange à intersecção entre as competências do Departamento de Polícia Fede-
ral e das três Forças Singulares na prevenção e no combate aos crimes que ultrapassam as
fronteiras nacionais. Além disso, o Departamento de Defesa representa o MRE em diversas
instâncias governamentais colegiadas, como o Conselho Nacional sobre Drogas (CONAD), do
Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN); o Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(COAF), do Ministério da Fazenda; o Conselho da Transparência da Controladoria-Geral da
União; a Comissão Nacional de Vias e Portos Navegáveis (CONPORTOS), do Ministério da
Justiça; a Comissão Nacional de Segurança da Aviação Civil (CONSAC), da Agência Nacional
de Aviação Civil (ANAC); entre outros mecanismos ou grupos formais e informais.
O leque temático do Departamento de Defesa é bem aberto e variado. Essa agenda tem
temas como a prevenção do crime e a segurança pública; o problema mundial das drogas; o
tráfico de pessoas; o terrorismo; o contrabando de migrantes; o tráfico de armas; o combate
à corrupção e ao suborno transnacional; o combate à lavagem de dinheiro; a segurança por-
tuária e aeropor tuária; e o combate a crimes cibernéticos.
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O mundo está cada dia mais conectado. Se, de um lado, o avanço da tecnologia faci-
lita as comunicações internacionais e diminui a distância entre os países, de outro, facilita o
cometimento de crimes que desrespeitam fronteiras e o poder dos Estados. Nesse contexto,
a atuação dos diplomatas torna-se imprescindível para facilitar o intercâmbio de informações
entre os governos, com vistas à elaboração de políticas públicas nacionais que combatam
esses ilícitos.
Veja a complexidade do trabalho diplomático escondido sob o guarda-chuva de um
único tema. Não é à toa que muitos defendem que o diplomata, mesmo quando se especia-
liza e dedica boa parte da carreira a uma única área, precisa ser também um bom generalista
e estar sempre preparado para lidar com os mais diversos assuntos.
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DIPLOMACIA CULTURAL
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cas e outros. O Programa Leitorado financia professores interessados em divulgar a cul tura
brasileira em instituições universitárias estrangeiras. Já os NEBs são unidades menores de
promoção cultural em algumas embaixadas e consulados brasileiros.
Também é responsável pela promoção e difusão da cultura brasileira no exterior em
diversas áreas, como arquitetura, design, artes cênicas, artes plásticas, dança, capoeira,
fotografia, literatura, música, teatro e gastronomia. Participa da elaboração de acordos cul-
turais e acompanha sua implementação. Por meio de diplomacia cultural, o Departamento
proporciona maior compreensão da realidade brasileira, afinidade com seus valores e pecu-
liaridades, redução de estereótipos nocivos sobre o país e, em última análise, relações mais
cooperativas e harmoniosas com os demais países.
Igualmente, há o acompanhamento de temas de cultura tratados no âmbito de organis-
mos multilaterais. Negocia-se o conteúdo e a forma dos acordos multilaterais culturais, além
do acompanhamento de sua tramitação até a ratificação. Também se coordena a participa-
ção do Brasil nos programas relacionados à Convenção do Patrimônio Mundial e nas demais
Convenções Culturais no âmbito da Unesco, como a de Diversidade Cultural e Economia da
Cultura (Convenção de 2005) e as de Pa trimônio Material (Convenção de 1972) e Imaterial
(Convenção de 2003).
Lida-se, ademais, com demandas de natureza cultural surgidas nos demais organismos
multilaterais, incluindo os regionais, como o Mercosul, a Unasul, a OEA, a Cúpula Ibero-
-Americana e a CPLP.
Na área de temas educacionais, as principais atribuições são tratar dos assuntos relati-
vos à cooperação educacional oferecida pelo Brasil, inclusive por meio da resposta a consul-
tas relacionadas aos temas. Acompanha-se, ainda, a cooperação educacional recebida pelo
Brasil de outros países, organismos internacionais ou agências estrangeiras e participação
da negociação de acordos, programas executivos de trabalho e demais atos internacionais
referentes à cooperação educacional no plano internacional.
O papel do Itamaraty na promoção do audiovisual brasileiro como ferramen ta de difu-
são cultural no exterior possui raízes históricas. Há significativo envolvimento do Ministério
nas políticas públicas relacionadas ao audiovisual e o reconhecimento de suas peculiarida-
des como indústria. Na atividade de promoção das obras audiovisuais brasileiras no exterior,
convergem a diplomacia cultural de caráter mais tradicional, focada na difusão da cultura
brasileira prioritariamente pelo seu valor simbólico, e postura mais associada à diplomacia
comercial, voltada à atividade econômica envolvida na sua produção, geradora de renda
e emprego.
A Diplomacia Cultural brasileira é uma das áreas mais tradicionais de atuação do Minis-
tério das Relações Exteriores. A riqueza de nossa cultura justifica a importância atribuída ao
tema. Não é à toa que se trata de uma área consideravelmente disputada entre os jovens
diplomatas recém-egressos do Instituto Rio Branco no momento em que terminam o curso de
formação e decidem sua primeira lotação (ocupação funcional) dentro do Itamaraty.
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O CERIMONIAL NA DIPLOMACIA
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encontros que autoridades brasileiras realizam fora do país. No caso do Cerimonial da Pre-
sidência da República, são muito frequentes os deslocamentos de diplo matas também por
todo o território brasileiro. Por esse motivo, trata-se de atribuição bastante cobiçada pelos
jovens diplomatas quando saem do Instituto Rio Branco.
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Dos assuntos mais cobiçados entre os novos integrantes da carreira diplomática estão
os de natureza política. Em teoria, todo tema que envolve o relacionamento entre os gover-
nos é político, mas a chamada Área Política do Itamaraty diz respeito, especialmente, ao
acompanhamento das questões de política interna, quando se serve no exterior; e os de
externa, no Brasil. Comecemos pelo exterior.
Quando um diplomata serve em um setor político de uma embaixada brasileira, sua
principal função é a de informar 22. Para tanto, ele precisa se informar e, evidentemente,
buscar acesso a informações, especialmente as não disponíveis ao público geral.
Costumo comparar um diplomata no exterior a um repórter de campo de futebol. Ima-
gine uma partida de seu time, que você acompanha pela televisão. O jornalista que fica à
beira do gramado assiste ao mesmo jogo que todos estão vendo, mas a posição dele é privi-
legiada e, por isso, ele pode conversar com os jogadores, além de enxergar e ouvir detalhes
que não aparecem na TV.
A mesma situação ocorre com o acompanhamento de temas políticos por diploma-
tas em uma embaixada. Esses profissionais acompanham a política local do mesmo modo
como qualquer interessado lê as notícias desse país estrangeiro pela imprensa, mas sua
experiência, localização e acesso a autoridades governamentais, empresários, acadêmicos,
jornalistas etc. lhe permitem fazer uma avaliação diferenciada – o que é fundamental para a
definição da política externa brasileira.
É por isso que o desenvolvimento tecnológico e o avanço das telecomunicações não
acabarão com a diplomacia como profissão. A Internet facilita o acompanhamento das notí-
cias internacionais, mas a análise diplomática sensível e as informações que mais interes-
sam às chancelarias não estão nos portais de notícias.
Isso não quer dizer que um diplomata no exterior não tenha de ler os jornais de onde
viva. Sua primeira responsabilidade é estar bem informado, até para entender o que acon-
tece. Depois, precisa ir atrás de informações complementares às que leu. Com tal intuito,
deve frequentar seminários, ligar para pessoas e ir a eventos sociais, por exemplo.
Muitos imaginam que o trabalho de um diplomata fora do Brasil é ir a festas e coquetéis
e acham que a vida dele é divertida e que sua mão esquerda tem formato de “C”, de tanto
segurar copos de uísque. Eu, particularmente, acho essa a pior parte da atividade diplomá-
tica. Imagine o que é trabalhar o dia inteiro e à noite ainda ir a um evento social para ficar em
pé, conversando sobre trabalho com um desconhecido? Trata-se, portanto, de trabalho, não
diversão – mas é essencial para o desempenho da tarefa de informar.
22 Essa, aliás, é uma das três principais tarefas de um diplomata, sendo as outras duas representar e negociar. Alguns acrescentam à lista a função de assistir
(os brasileiros no exterior), mas, tecnicamente, assistir é trabalho consular, não diplomático, ainda que, no caso brasileiro, sejam os mesmos profissionais
a exercerem ambas as atribuições.
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23 Os telegramas hoje são uma espécie de e-mail, mas permaneceu a designação dessa forma mais antiga de se comunicar.
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Para se ter uma ideia dos temas discutidos, as seis Comissões Principais são: Comis-
são de Desarmamento e Segurança Internacional (Primeira Comissão), que trata sobre
desarmamento e questões de segurança internacional relacionadas; Comissão Econômica
e Financeira (Segunda Comissão), que trata sobre questões econômicas; Comissão Huma-
nitária, Social e Cultural (Terceira Comissão), que trata de questões humanitárias e sociais;
Comissão Política Especial de Descolonização (Quarta Comissão), que lida com uma varie-
dade de assuntos políticos não abrangidos por qualquer outra Comissão, ou pelo Plenário,
inclusive a descolonização, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados
Palestinos (UNRWA) e os direitos humanos do povo palestino; a Comissão Administrativa e
de Orçamento (Quinta Comissão), encarregada da administração e orçamento da ONU; e a
Comissão Jurídica (Sexta Comissão), que lida com questões legais internacionais. Em certo
número de itens da agenda, no entanto, como a questão da Palestina e a situação no Oriente
Médio, a Assembleia age diretamente nas suas reuniões plenárias.
Quando você, candidata(o) do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD)
vê um representante do Brasil na televisão ou em um jornal sentado atrás de uma plaqueta
com o nome de nosso país defendendo nossos interesses em uma reunião para tratar de um
dos temas descritos supracitados, saiba que, para seguir esse mesmo caminho, caso decida,
depois de aprovada(o), trabalhar com temas políticos multilaterais, é preciso conhecer pro-
fundamente esses assuntos. Trata-se, portanto, de uma atividade bastante técnica e muito
desejada dentro do Itamaraty.
Como costumo dizer, a aprovação no CACD permite ingressar em uma carreira na qual
é possível ter dezenas de empregos diferentes, lidando com novas pessoas, em qualquer
lugar do mundo e trabalhando com os mais variados temas durante décadas. A área da polí-
tica externa multilateral é apenas uma delas. Em breve, você conhecerá muitas outras.
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O senso comum associa a diplomacia ao mundo político. Isso está correto, já que o
Ministério das Relações Exteriores, órgão dono do “passe” dos diplomatas, é o principal exe-
cutor e auxiliar de elaboração da política externa brasileira. Mas o relacionamento do Brasil
com outras nações envolve muito mais do que o contato entre governos. Os setores priva-
dos dos países podem e devem contar com apoio governamental para realizar negócios no
exterior. Essa área de atuação dentro do Itamaraty é imensamente gratificante, pois se vê de
perto e em curto prazo o resultado de um trabalho que traz desenvolvimento econômico e,
consequentemente, melhora da qualidade de vida para muitos brasileiros.
Pensemos em um exemplo concreto para descrever como ocorre esse trabalho. Muitos
órgãos do governo e do setor privado realizam a tarefa de promover nosso comércio, especial-
mente nossas exportações e também a atração de investimentos estrangeiros para o Brasil.
Assim, quando uma empresa decide tentar vender seu produto no exterior, nem sempre, ou
raramente, procurará o Itamaraty de cara. Em geral, os primeiros contatos são feitos com
associações setoriais ou com uma agência de promoção de desenvolvimento.
Imagine que sou um pequeno fabricante de calçados em Franca/SP e decido tentar
vender meu produto nos Estados Unidos. Vou à Associação Brasileira das Indústrias de Cal-
çados (Abicalçados) e peço ajuda para exportar ao mercado norte-americano, no qual acre-
dito que haverá boa demanda para minha produção. O representante da Abicalçados poderá
sugerir que eu participe de uma feira setorial como a “Sole Commerce”, na cidade de Nova
Iorque. Ou então ele sugere que eu me junte a uma delegação empresarial do setor que a
Câmara Americana de Comércio Brasil-EUA esteja organizando, para visitar potenciais com-
pradores naquele país.
Para viabilizar minha participação nessa feira ou em outra missão empresarial, a Abical-
çados poderá, ainda, coordenar-se com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações
e Investimentos (Apex-Brasil) ou com a Agência Paulista de Promoção de Investimentos e
Competitividade (Investe São Paulo).
Veja que, até esse momento, não conversei com o Itamaraty, nem com nenhum diplo-
mata. Mas nenhuma dessas instituições brasileiras que estão me ajudando fez ainda qual-
quer contato com potenciais importadores do meu produto. Aí entra uma estrutura de mais
de 100 setores de promoção comercial (SECOM) em embaixadas e consulados brasileiros à
minha disposição. No caso específico de meu interesse de participação na “Sole Commerce”,
o SECOM do consulado-geral do Brasil em Nova Iorque poderá, em coordenação com minha
associação setorial, negociar espaço na referida feira, onde eu poderei expor meus calçados
e fazer contatos com potenciais importadores.
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24 Esses três são temas de fundamental importância para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Nossas políticas internas para essas áreas contribuem para
o prestígio internacional das posições defendidas pelo Itamaraty no exterior.
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O Instituto Rio Branco (IRBr) é responsável por boa parte do prestígio de que desfruta a
diplomacia brasileira. Isso porque todos os diplomatas da ativa foram selecionados, formados
ou ao menos aperfeiçoados em cursos oferecidos pela instituição há mais de 70 anos. Com
isso, a linguagem utilizada pelo ministério, assim como a tradição de saber defender posições
ou aperfeiçoá-las, segue um padrão respeitado tanto por Embaixadores antigos como por Ter-
ceiros-Secretários recém-ingressados na carreira. O que eles têm em comum? Basicamente
a mesma capacitação. Em suma: todos já esquentaram cadeiras nas salas de aula do IRBr.
O nome da academia diplomática brasileira, respeitada internacionalmente, é homena-
gem a patrono de nossa diplomacia, o Barão do Rio Branco, que foi o negociador do Brasil
na maior parte das negociações de nossas fronteiras com os vizinhos, assim como o Chan-
celer que modernizou o serviço diplomático brasileiro, já então respeitado pelo legado da
tradicional Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros da Corte portuguesa. O ano da
fundação do IRBR, 1945, não foi escolhido por acaso: comemorava-se nessa data o cente-
nário de nascimento do Barão. A partir de 1946, o Instituto Rio Branco ganhou a atribuição de
organizar o processo seletivo para a Carreira Diplomática, e assim ocorre até hoje 25. Naquela
época, o concurso selecionava candidatos para frequentar o Curso de Preparação à Carreira
de Diplomata (CPCD) e, somente após a conclusão desse curso, com duração de dois anos,
o aluno era nomeado Terceiro-Secretário. A exigência para a seleção era apenas a conclusão
do ensino médio. Depois passou-se a exigir curso superior incompleto.
Nos anos de maior necessidade funcional do Ministério das Relações Exteriores, o Ins-
tituto Rio Branco organizava o chamado Exame de Ingresso Direto. Esse concurso exigia
curso superior completo e era de aprovação mais difícil que o processo seletivo convencio-
nal. Os aprovados eram nomeados Terceiros-Secretários, sem a necessidade de conclusão
do CPCD. Ainda assim, passavam por capacitação mais curta no IRBr, antes de iniciar sua
atividade profissional.
Ao completar 50 anos de fundação, o Instituto Rio Branco passou a exigir curso supe-
rior de todos os candidatos e nomear os aprovados como Terceiros-Secretários. Acabou,
assim, tanto o CPCD como o Exame de Ingresso Direto. O curso inicial da carreira passou a
se chamar PROFA (Programa de Formação e Aperfeiçoamento), também com dois anos de
duração. Em 2003, a formação inicial do Instituto Rio Branco foi reconhecida pelo Ministério
da Educação como Mestrado em Diplomacia, e o PROFA passou a ser chamado de Curso
de Formação 26.
25 O IADES – Instituto Americano de Desenvolvimento é contratado pelo IRBr para cuidar da logística do processo seletivo, mas cabe ao Instituto a adminis-
tração do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata – CACD.
26 O Curso de Formação deixou de conceder título de Mestrado em Diplomacia em 2010.
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O Ministério das Relações Exteriores (MRE) é responsável não apenas pela execução
da política externa brasileira, mas também por pensá-la academicamente e por tornar públi-
cos os debates sobre temas internacionais de interesse do Brasil. A vertente acadêmica do
Itamaraty é representada por dois órgãos vinculados ao Ministério, um que se ocupa da for-
mação inicial e continuada dos diplomatas, o Instituto Rio Branco – conforme vimos anterior-
mente – e outro, a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), à qual cabe promover debates
e publicações.
A FUNAG foi instituída pela Lei n. 5.717, de 26 de outubro de 1971. Trata-se de uma
fundação pública (científica e educativa) vinculada ao Ministério das Relações Exteriores
e foi batizada em homenagem ao diplomata brasileiro Alexandre de Gusmão, nascido em
Santos, na época do Brasil colônia (em 1695). Gusmão é considerado um dos patronos da
diplomacia brasileira, ao lado do Barão do Rio Branco, por ter concedido a doutrina do uti
possidetis, princípio segundo o qual os países colonizadores deveriam manter os territórios
que já teriam ocupado, não os que haviam negociado anteriormente. Com isso, o Tratado de
Madri (negociado entre Portugal e Espanha em 1750), embasado por esse princípio, permitiu
que os portugueses mantivessem, nas Américas, uma área territorial muito superior ao que
havia sido definido pelo Tratado de Tordesilhas de 1494.
Segundo o artigo 1º da Lei n. 5.717/1971, a Fundação Alexandre de Gusmão tem como
objetivos básicos:
I – realizar e promover atividades culturais e pedagógicas no campo das relações
internacionais;
II – realizar e promover estudos e pesquisas sobre problemas atinentes às relações
internacionais;
III – divulgar a política externa brasileira em seus aspectos gerais;
IV – contribuir para a formação no Brasil de uma opinião pública sensível aos problemas
da convivência internacional; e
V – outras atividades compatíveis com suas finalidades e estatutos.
Para realizar as atividades que lhe cabe desempenhar, a FUNAG conta com o apoio
de duas entidades vinculadas: o Instituto de Pesquisa em Relações Internacionais (IPRI) e
o Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD). O IPRI trabalha para a amplia-
ção e o aprofundamento dos canais de diálogo entre o Ministério das Relações Exteriores e
a comunidade acadêmica sobre temas de interesse para a política externa brasileira. Suas
finalidades são:
a. desenvolver e divulgar estudos e pesquisas sobre temas atinentes às relações
internacionais;
b. promover a coleta e a sistematização de documentos relativos a seu campo de atuação;
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Quando alguém diz que está estudando para o Concurso de Admissão à Carreira de
Diplomata (CACD), logo imaginamos uma pessoa que estuda muito, está antenada em tudo
o que acontece pelo mundo e é capaz de conversar sobre quase qualquer assunto. Esse é
mesmo o perfil de um bom candidato para esse exame, mas será o suficiente? Provavel-
mente, não. Sem conhecer bem como será avaliado, até o bom concorrente terá dificuldade
de mostrar seu conteúdo.
Como já disse anteriormente, o CACD é uma maratona, não uma corrida de 100 metros
rasos. E o primeiro quilômetro dessa longa competição – que terá três fases e nove provas
– é, talvez, o mais cansativo e difícil. Se não pela dificuldade – por se tratar de um exame
objetivo –, certamente pela variabilidade e grau de exigência da prova, pois esse é o fator
que mais elimina.
Estamos falando do famoso Teste de Pré-Seleção (TPS), prova da Primeira Fase do
CACD, composta de questões do tipo CERTO ou ERRADO de Língua Portuguesa, Língua
Inglesa, Política Internacional, História Mundial, História do Brasil, Noções de Direito e Direito
Internacional Público, Noções de Economia e Geografia. O TPS tem caráter eliminatório e
somente 300 candidatos, dos cerca de 5.000 inscritos (6%), serão habilitados a se submete-
rem às fases seguintes.
Essas informações não devem servir para assustar, mas para alertar os candidatos
a prestarem atenção ao formato dessa prova e sobre como encará-la. Comecemos pelo
começo: o peso de cada uma das oito disciplinas.
O TPS tem 73 questões: 12 de Política Internacional, 11 de História Mundial, 11 de His-
tória do Brasil, 10 de Língua Portuguesa, nove de Língua Inglesa, oito de Economia, seis de
Direito e seis de Geografia.
Como cada questão equivale a 1,0 ponto, Língua Portuguesa vale mais do que Língua
Inglesa, que vale mais do que Economia, e assim por diante. História Mundial – que não cai
na Terceira Fase do CACD – no TPS, entretanto, pesa quase o dobro de Geografia, disciplina
que tem prova discursiva própria na etapa final do concurso.
Isso quer dizer que é necessário estudar mais História do que Direito? Durante o ano
de preparação, certamente, mas a menos de uma semana do TPS, sugiro prestar atenção a
outros detalhes.
Antes de mais nada, a ordem de tratamento das questões. Se toda prova deve ser
resolvida primeiro pelas questões fáceis para depois encararmos as difíceis, em um exame
longo e desgastante como o TPS, isso é ainda mais importante.
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No melhor dos casos, a ideia costuma surgir cedo – cedo o suficiente para que o aspi-
rante incorpore à sua formação alguns interesses e leituras que o ajudarão a, mais adiante,
tornar-se diplomata. No meu caso, como no de tantos colegas, foi decorrência de uma relativa
facilidade no aprendizado de idiomas (ou, ao menos, de uma facilidade que ainda estava lá na
juventude). Naquela altura, em fins dos anos oitenta, começo dos noventa, esse era o cami-
nho natural: num país ainda bastante fechado, e num mundo em que a internet era apanágio
de uns poucos militares e pesquisadores americanos, aprender bem e cedo o inglês nos con-
dicionava a interessar-nos antes dos demais pelo que se passava fora das nossas fronteiras.
Depois do inglês, veio o francês, que, até meados dos anos noventa, era considerado
tão importante quanto o inglês para o ingresso no Instituto Rio Branco. E, com o francês,
abriam-se possibilidades insuspeitas. Para além da Times e da Newsweek, de repente se
tornavam acessíveis e inteligíveis l’Express e o Nouvel Observateur, que chegavam com
algum atraso à biblioteca da Aliança Francesa. Para além do cinema americano, da Guerra
do Vietnã e da nostalgia pela América do pós-guerra, descortinava-se uma sensibilidade
europeia, em que as guerras eram mais trágicas e os bons tempos fadados a acabar mais
cedo do que tarde (em compensação, havia Emmanuelle Béart e Isabelle Adjani).
Aos dezessete anos, já pensando em seguir a carreira diplomática, prestei vestibular para
Direito. Era o caminho óbvio, ou assim parecia. Não havia ainda no Brasil os cursos de Rela-
ções Internacionais, mas já se operava uma mudança substantiva no perfil dos futuros diploma-
tas: dentre os que ingressaram comigo no Rio Branco, ainda havia um predomínio de advoga-
dos, mas começavam a tornar-se mais numerosos os economistas, jornalistas, historiadores.
Nesse ponto, o importante era não perder de vista o objetivo último, mas tampouco
descartar as outras possibilidades. Ao longo de cinco anos, creio que estudei a sério o Direito
Civil, o Penal e o Processual, para o caso de, no final das contas, acabar optando por ganhar
o pão advogando. Mas era natural que, já sugestionado desde a infância, acabasse dedi-
cando maior atenção àquelas matérias que guardavam alguma relação mais próxima com a
diplomacia ou, ao menos, com o formato e o funcionamento das instituições: a Teoria Geral
do Estado, o Direito Constitucional, os dois ramos do Direito Internacional.
Paralelamente, convinha preservar algo daquela curiosidade ecumênica adquirida com
os idiomas estrangeiros. Para manter a diplomacia, ao menos, no terreno das possibilidades,
era necessário continuar a ler e a interessar-me por temas que iam além do currículo: polí-
tica internacional, evidentemente, e a atualidade política nos Estados Unidos, na Europa, na
América Latina; história do Brasil e do mundo; literatura brasileira e universal; e o que mais
ajudasse a preparar o ingresso numa carreira de generalistas, de gente da qual se esperava
que conhecesse um pouco de tudo (mas talvez — contrapartida óbvia — muito de pouco, ao
menos no momento do ingresso).
27 Artigo de autoria do Ministro Pablo Duarte Cardoso.
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Dito assim, parece haver no processo muito mais método do que de fato havia. O
fato é que, ao menos para mim, a receita foi cursar a sério uma faculdade que, tudo o mais
dando certo, havia de ter um valor adjetivo, e continuar aprendendo por conta própria o que
mais fosse útil para ingressar na diplomacia. Evidentemente que, a certa altura, e tomada
a decisão, é preciso, sim, estudar com muito mais foco e método tudo aquilo que se exige
no exame de ingresso. Para mim, foi o momento de sistematizar o que aprendera meio de
orelhada, com o diletantismo natural do processo que descrevi. E foi, sobretudo, a hora de
superar as carências que, por formação ou inclinação, foram se acumulando ao longo dos
anos. Noutras palavras, foi preciso investir tempo, dinheiro e esforço num aprendizado prá-
tico voltado especificamente para o concurso de ingresso.
Tudo isso já faz algum tempo e, de lá para cá, o Itamaraty mudou um tanto, e o con-
curso de ingresso, outro tanto. Mas acho que boa parte desse receituário continua válida
para quem, ainda na escola ou já na universidade, pensa com carinho na carreira de diplo-
mata. A esses aspirantes a futuros colegas, queria ainda dizer que a maior vantagem da car-
reira está no fato de o aprendizado não terminar quando do ingresso no Itamaraty. Para mim,
sem nenhuma dose de cabotinismo, o Instituto Rio Branco foi uma experiência genuinamente
enriquecedora, de um ponto de vista intelectual. Ali, pela primeira vez, li em primeira mão
alguns clássicos que conhecia de segunda: de Tucídides a Schumpeter, passando por Kant
e Gilberto Freyre. Ali tomamos consciência de que, mesmo na modéstia de nossas funções
cotidianas, agíamos como depositários de um legado histórico, construído com vícios e virtu-
des por uma infinidade de agentes, dos bandeirantes aos negociadores comerciais de hoje,
passando por Alexandre de Gusmão, José Bonifácio, pelo Visconde e pelo Barão do Rio
Branco, por Osvaldo Aranha e por uns tantos nomes de colegas que aprendemos a declinar
com respeito e até com uma dose de devoção: João Augusto de Araújo Castro, Mario Gibson
Barbosa, Antonio Francisco Azeredo da Silveira, Ramiro Saraiva Guerreiro, Luiz Felipe Lam-
preia ou Luiz Felipe de Seixas Corrêa.
No Instituto, aprendemos que, para ser bem-sucedido, o diplomata não pode nunca
perder aquela curiosidade ecumênica que o levou a buscar uma carreira de generalista. Pela
força das circunstâncias ou de suas inclinações, o estudante começará a se interessar mais
por este ou aquele domínio, de forma que entre nós sempre haverá quem discorra com maior
autoridade sobre a proibição de bombas de fragmentação, a Convenção relativa à Supressão
da Exigência da Legalização de Atos Públicos Estrangeiros ou, para citar uma professora e
negociadora muito querida na Casa, sobre o “discreto charme das regras de origem”. Mas
deve estar pronto para, a cada três ou quatro anos, voltar a aprender com humildade e inte-
resse genuínos sobre uma cultura e um país inteiramente diversos.
E este é, de todos, o maior dos privilégios da carreira.
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mos 50% da avaliação de seu exame apenas na parte formal. Conclusão: podemos também
dividir essa prova em 50% para forma e 50% para conteúdo. Ao evitar erros de gramática e
linguagem, você terá percorrido metade do caminho!
Para completar os comentários dessa parte formal, o exercício de interpretação, aná-
lise ou comentário de textos, que vale 20 pontos, também têm como critérios de avaliação a
correção gramatical e propriedade da linguagem (10 pontos) e a apresentação e desenvol-
vimento do tema (10 pontos). Diferentemente da redação, esse exercício exige menos cria-
tividade e mais atenção para que você compreenda bem o texto. Aqui sugiro com bastante
ênfase a revisão das aulas de interpretação de texto da Professora Vânia Araújo, assim como
as de gramática do Professor Elias Santana, ambos do time de preparação para o CACD do
Gran Cursos Online (acesse: www.grancursosonline.com.br/concurso/diplomata-cacd).
Finalmente, o resumo, que também vale 20 pontos, é avaliado de acordo com a corre-
ção gramatical e a propriedade da linguagem (10 pontos) 28 e capacidade de síntese e conci-
são (10 pontos restantes). Igualmente aqui, assim como no exercício que acabei de mencio-
nar, vale mais a técnica – e treino, portanto – do que a criatividade.
Ou seja, os três passos do roteiro que sugiro para você ser bem-sucedida(o) na prova
de Língua Portuguesa são: 1) extrema atenção ao formato da prova, pois isso é fundamen-
tal para não perder pontos por falta de cuidado e para ganhar tempo de resposta; 2) rever
as aulas de nossos professores, aproveitando em especial seus horários de maior rendi-
mento intelectual em locais mais tranquilos, já que pode fazer isso de qualquer aparelho com
acesso à Internet; 3) treinar, treinar e treinar, simulando a produção e compreensão de textos
nas extensões exigidas no Concurso e dentro do tempo de que você disporá, que é de até
cinco horas.
28 Observa-se que, assim como no exercício, há penalização de 0,35 ponto por erro cometido nessa seção.
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29 Ao longo da carreira, todo diplomata deve, necessariamente, passar por três cursos para que possa progredir na profissão: 1) Curso de Formação (para
os Terceiros-Secretários que acabam de ser aprovados no CACD), sem o qual não se pode ser confirmado no serviço público nem começar a trabalhar
no Itamaraty; 2) Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas (CAD), que os Segundos-Secretários devem cursar para se habilitarem à promoção à Primeiro-
-Secretário; 3) Curso de Altos Estudos (CAE), destinado a Conselheiros que desejam ser promovidos a Ministro de Segunda Classe.
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geiras, sendo oferecidos cursos das línguas oficiais da Organização das Nações Unidas –
árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo. As aulas de espanhol, francês e inglês são
obrigatórias. Cada aluno deverá optar, ainda, por um curso de árabe, chinês ou russo.
Durante o último período letivo do curso cada aluno realiza, adicionalmente, uma série
de estágios na Secretaria de Estado das Relações Exteriores, em campos diversos, como
administração, área econômica, área política (bilateral, regional e multilateral) e serviço
consular.
A convivência com os colegas de turma e o contato com diplomatas mais experientes
em aulas e palestras durante o período de formação no Instituto constitui, finalmente, impor-
tante processo de socialização nas normas de conduta e técnicas de gestão do Itamaraty e
na formulação e desenvolvimento da política externa brasileira.
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escritas de Português e de Inglês, vale exatamente o mesmo. Leia o edital do último con-
curso, porque o formato das provas não costuma mudar muito (ou nada) de um ano para
outro e comece desde já a treinar redações e exercícios no formato exigido no CACD.
Mas o que fazer com os textos que você produzir? Como receber retorno e orientação
adequada para melhorar sua produção textual até chegar ao nível exigido para aprovação
no Concurso? E se você morar em cidade onde não exista nenhum professor capaz de te
ajudar? E se lhe faltarem recursos financeiros e tempo para viajar a locais onde possa encon-
trar algum desses professores?
Agora vem a excelente notícia, que dará resposta a todas as perguntas acima, com
custo-benefício inigualável, sem a necessidade de qualquer deslocamento. O Gran Cursos
Online também possui módulo de preparação para a Segunda Fase do CACD.
Com esse curso, único no mercado nesse formato, você poderá conhecer o formato
das provas de Língua Portuguesa e de Língua Inglesa e receber dicas de preparação, inclu-
sive leituras, por intermédio de videoaulas, ter acesso a materiais escritos, interagir com
nossos professores ao vivo (durante os aulões) ou por meio do fórum de dúvidas, além de
enviar seus textos escaneados, que serão corrigidos um a um e comentados de acordo com
os mesmos critérios de avaliação utilizados pelas bancas de Língua Portuguesa e Língua
Inglesa do CACD. Assim, você poderá progredir aos poucos e estar em plena forma para
encarar a mais difícil barreira dessa maratona, logo após sua aprovação no TPS, facilitada
também pelo módulo para a Primeira Fase.
Tenho muita satisfação de participar desse projeto porque sei o quanto ele pode ajudar
a democratizar o acesso a uma boa preparação para o CACD, especialmente a candidatos
com excelente potencial e que não conseguiam ser aprovados por estarem distantes dos
grandes centros urbanos – como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília – ou por não disporem
de recursos para investirem numa preparação muito custosa. Vinte e um anos após minha
aprovação nesse mesmo concurso, fico feliz em ver lançada uma ferramenta inédita que
colocará a carreira diplomática ao alcance de todos. Boa sorte!
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Finalmente, quanto a você eventualmente viver longe de Rio de Janeiro, São Paulo e
Brasília, cidades de onde saem a maioria dos aprovados no CACD, a boa notícia é existir
hoje, ao alcance de seu bolso e de seus dispositivos eletrônicos com acesso à Internet, o
curso online para o CACD do Projeto Vou Ser Diplomata, do Gran Cursos Online 30. Trata-se
do curso preparatório mais acessível, democrático e de melhor custo-benefício disponível no
mercado, feito por diplomatas que recentemente passaram pelo mesmo desafio e conhecem
o caminho para a aprovação. Não se prenda a números, estude conosco e reserve seu lugar
no Ministério das Relações Exteriores!
30 Cf. https://www.grancursosonline.com.br/concurso/diplomata-cacd.
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Muitos alunos vêm me perguntando, nos últimos tempos, a respeito de uma suposta
“redução de perfil” na prova de Política Internacional (PI). Responderei aqui lo que respondo
a todos eles: nossa prova continua tão importante quanto sempre foi – e, logo, tão difí-
cil quanto.
Temos que olhar, contudo, para a “big picture”, ou seja, para o fato de tratar-se de uma
matéria cobrada, diretamente, em nada menos do que DOZE questões da prova de primeira
fase (Teste de Pré-Seleção, o temido TPS), ademais, das duas da terceira fase já mencio-
nadas. Quando se atenta para o que eu chamo de “cobrança indireta” – questões de outras
disciplinas que, tangencialmente, abordam temas de PI –, então vemos que nossa matéria
é, sem sombra de dúvida, das mais importantes do concurso – talvez só podendo ser equi-
parada ao Português.
Em um concurso para a carreira diplomática, a onipresença da política internacional
não deveria chegar a surpreender. Independentemente da prova realizada, o candidato está,
em última instância, sendo testado em sua capacidade de reflexão a respeito de temas glo-
bais – tal como será dele exigido uma vez empossado como membro do Serviço Exterior
Brasileiro. São exemplos disso a cobrança de temas como OMC e Comércio Internacional,
na prova de Economia; Mercosul e União Europeia, em Direito Internacional; conflitos geopo-
líticos, em Geografia. Todos os temas, em maior ou menor medida, de Política Internacional.
Daí a importância, sempre frisada em nossas aulas do Gran Cursos Online, de um estudo
profundo, rotineiro e sistemático dos principais temas de política internacional.
Estabelecer uma rotina de estudos é condição fundamental para um bom desempe-
nho nas provas de PI. A leitura – preferencialmente diária – de jornais, sites, blogs e demais
fontes de notícia é indispensável, uma vez que somente assim se poderá formar um quadro
mental dos “temas quentes” para a prova. Uma coisa que se não pode perder de mente é
que a prova de PI é uma prova de ATUALIDADES. Estamos falando, muitas vezes, de even-
tos literalmente ocorridos na semana da prova. É preciso, portanto, manter o olho aberto
para conferências realizadas; acordos recentemente assinados; efemérides e demais even-
tos relevantes, especialmente aqueles de maior interesse para o Brasil.
Ainda a respeito da importância de se manter a par dos últimos desdobramentos da
disciplina, note que estes não são cobrados somente de maneira objetiva, como ocorre no
TPS. As questões de terceira fase, embora mais conceituais e “abertas”, também costumam
se basear, de forma mais ou menos direta, naquilo que está ocorrendo no mundo na época
do exame. Em um determinado ano, por exemplo, uma das questões de terceira fase pedia
um exame “das relações sino-japonesas nas últimas décadas e suas implicações para o for-
talecimento do sistema multilateral”. O candidato bem preparado, atento às tensões entre
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China e Japão pelo controle das ilhas Senkaku – que então atingiam um novo patamar após
a aprovação, naquele ano, de lei que permitia o envio de soldados japoneses para lutar no
exterior pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial – certamente não teve dificul-
dades para redigir uma boa resposta, mesmo em se tratando de tema não tão próximo da
Política Externa Brasileira.
Em outro exame, a primeira questão da prova discursiva de PI pedia ao candidato para
discorrer sobre “a evolução e as perspectivas da cláusula democrática do MERCOSUL”.
Questão inesperada? Muito específica? Não para aqueles que acompanhavam os debates,
então em seu momento auge, a respeito da suspensão da Venezuela do grupamento sul-
-americano, com base – que surpresa! – na suposta violação de standards democráticos pelo
então Governo de Nicolás Maduro.
Uma vez estabelecida uma rotina diária de leituras a respeito dos principais temas da
política internacional, é necessário sistematizá-las. Sabe aquele professor chato que fica exi-
gindo resumos, fichamentos, avaliações críticas etc.? Pois bem, acostume-se com ele. Por
mais maçante, trabalhoso e demorado que possa parecer, a confecção de resumos ajuda
o candidato a organizar tamanho volume de informações, que, de outra forma, tenderia a
“desorganizar a cabeça” do aluno. É somente tirando a “gordura” dos textos que o estu-
dante consegue focar nas informações essenciais, aquelas que de fato serão importantes na
hora do exame.
Aos que me perguntam se a confecção de resumos compensaria o tempo dispendido,
respondo, com toda a convicção, que sim. E muito. O tempo que parece estar sendo perdido
ao fazer os resumos será reavido, com sobras, no momento em que realmente importa – o
das provas. Ao sistematizar suas informações de forma concisa e objetiva, o candidato terá
um material completo e de fácil acesso para ler às vésperas do exame – quando há tempo
de menos e tensão de sobra.
O segredo para a aprovação em um concurso tão competitivo quanto o CACD é manter-
-se sempre um passo à frente da concorrência, pelo que o estudante deve, sempre que pos-
sível, otimizar seu tempo de estudo. Não basta ler muito, é preciso ler certo. A equipe do Gran
Cursos Online está pronta para auxiliar o candidato nessa empreitada, por meio de nosso
blog e de nossos cursos online. Não há tempo a perder!
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Num mundo ideal, o candidato a ingressar no Instituto Rio Branco teria à disposição
quantidades ilimitadas do recurso mais precioso de que pode dispor: tempo. Na vida real,
nunca será esse o caso, e os que terminarem aprovados só muito depois travarão contato
com obras que os teriam ajudado a passar pelo concurso com muito mais facilidade.
Paciência: as coisas são como são. Eu mesmo me recordo de como, já lá se vão 17
anos, na minha prova oral sobre Questões Internacionais Contemporâneas, fiz uma apresen-
tação factualmente sólida sobre as guerras iugoslavas, para depois embaralhar-me todo com
uma pergunta singela do examinador (ele próprio um dos melhores quadros da carreira): que
interesse têm os Estados Unidos em intervir no Kossovo?
Saí-me dessa, acho que mais bem do que mal, com referência às pressões domés-
ticas de uma opinião pública ainda sob o impacto das atrocidades cometidas na Bósnia,
alguns anos antes. Mas teria feito bem — e o examinador não deixou de assinalá-lo — em
fazer alguma observação sobre a expansão da área de influência ocidental às expensas
da Rússia, num momento em que já três antigos satélites soviéticos tinham ingressado na
OTAN, e outros sete o fariam em breve.
Talvez eu tivesse chegado a essa resposta espontaneamente se tivesse lido, antes
do concurso, o já clássico Diplomacy, de Henry Kissinger, de 1994 (há uma versão em por-
tuguês, da Saraiva, mas quem puder deveria ler o livro no original, e com isso desfrutar da
clareza do texto de Kissinger). Para além de tudo o que é óbvio e recorrente nas bibliogra-
fias recomendadas — da excelente História da Política Exterior do Brasil, de Amado Cervo
e Clodoaldo Bueno, ao clássico Direito Internacional Público, de José Francisco Rezek —,
esse é o primeiro livro que eu colocaria no topo da pilha. Ajudaria o candidato a familiarizar-
-se muito com conceitos que aí se expressam com muito mais graça e erudição do que
no acervo bibliográfico de Teoria das Relações Internacionais, que costuma ter a aridez de
três desertos.
Diplomacy é o óbvio, e o candidato que o digerir sem dificuldade talvez ache tempo
e interesse em ler os livros mais recentes do ex-Secretário de Estado americano (World
Order, de 2015, ou o mais pontual, On China, de 2012). E, se o realismo gélido do autor
ofender a sua sensibilidade, você poderá contrabalançar com duas obras de referência de
uma diplomacia mais ancorada em valores (e, no caso da segunda, mais voltada à promo-
ção de valores). À esquerda, se é que a descrição se aplica, A Problem from Hell: America
in the Age of Genocide, de Samantha Power, um dos expoentes do internacionalismo liberal
no governo de Barack Obama. À direita, Toward a Neo-Reaganite Foreign Policy, dos neo-
conservadores William Kristol e Robert Kagan (por sua vez, muito associados ao governo de
George W. Bush).
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