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Sistema Respiratório

O sistema respiratório humano é constituído pelos pulmões e pelas vias respiratórias.

Os pulmões localizam-se na caixa torácica, a qual é constituída pelas costelas, esterno, tecido
conectivo e músculos intercostais.

São órgãos constituídos por duas partes, o pulmão direito e o pulmão esquerdo.

São órgãos especializados nas trocas gasosas entre o corpo e a atmosfera. Cada pulmão divide-
se em secções designados lobos, sendo que o pulmão direito está dividido em três lobos e o
pulmão esquerdo está dividido em dois lobos, para melhor alojar o coração na cavidade
torácica.

Os pulmões são revestidos pela pleura.


É uma membrana dupla formada pela pleura parietal, que consiste na membrana mais externa
e que está ligada à parede torácica e ao diafragma, e pela pleura visceral, que está diretamente
em contacto com os pulmões.

Entre a pleura parietal e a pleura visceral existe uma cavidade designada cavidade pleural.

As membranas da pleura produzem um líquido, designado fluido pleural, que lubrifica a sua
superfície, diminuindo a fricção entre si, o que impede que sofram lesões durante os
movimentos respiratórios.

Também apresenta características adesivas, o que auxilia a manter a posição dos pulmões
contra a superfície da parede torácica. Esta característica adesiva faz com que os pulmões
aumentem de tamanho, ao acompanharem o movimento da caixa torácica durante a
inspiração.

Na cavidade torácica, sob os pulmões, localiza-se um músculo designado diafragma, cuja ação
combinada com os músculos intercostais causa os movimentos respiratórios.

As vias respiratórias incluem as narinas, cavidade nasal (ou fossas nasais), faringe, laringe,
traqueia, brônquios e bronquíolos.

As narinas consistem em aberturas da cavidade nasal para o exterior, localizadas na


extremidade do nariz.

A cavidade nasal é um espaço revestido por uma mucosa que se situa após as narinas e
termina na faringe. A sua função é filtrar, humedecer e aquecer o ar inspirado.

Comunica com a boca através da faringe.

A faringe é um órgão formado por músculos esqueléticos revestidos por uma membrana
mucosa.

Faz a ligação entre as cavidades nasal e oral, o esófago e a laringe e, por essa razão, considera-
se que faz parte do sistema respiratório e do sistema digestivo.

Divide-se em três secções, a nasofaringe, a orofaringe e a laringofaringe.


A laringe é uma estrutura formada por cartilagem que estabelece a comunicação entre a
faringe e a traqueia.

Regula o volume de ar que entra e sai dos pulmões.

É na laringe que se situam as cordas vocais, um órgão que se reveste de especial importância
para os docentes porque utilizam principalmente a voz na dinamização das atividades letivas.

A laringe comunica com a traqueia.

A traqueia é um tubo constituído por cartilagens e tecido fibroelástico (tecido formado por
músculo e tecido conectivo).

A zona terminal da traqueia divide-se em dois brônquios primários.

Os brônquios primários ramificam-se numa árvore brônquica.

A árvore bronquial é constituída por brônquios secundários que resultam da ramificação dos
brônquios primários, e por brônquios terciários, que resultam da ramificação dos brônquios
secundários. Por sua vez, os brônquios terciários ramificam-se em tubos cada vez menores,
designados bronquíolos.

Os bronquíolos terminam em sacos alveolares.


Cada saco alveolar é um conjunto de vários alvéolos pulmonares.

Um alvéolo pulmonar é um saco constituído por uma parede elástica fina que facilita as trocas
gasosas e possibilita o aumento de tamanho quando o alvéolo recebe o ar inspirado.

Os alvéolos comunicam entre si através de poros alveolares, o que auxilia a manter a pressão
de ar constante entre os diferentes alvéolos.

Os alvéolos são muito vascularizados por capilares sanguíneos, o que facilita as trocas gasosas.

A respiração inclui dois processos, a respiração interna e a respiração externa. A respiração


interna corresponde às trocas gasosas que ocorrem no ambiente interno do corpo, ao nível dos
tecidos.

A respiração externa, por sua vez, consiste na troca de gases com o ambiente externo ao corpo
e ocorre ao nível dos alvéolos pulmonares.

Os pulmões, as vias respiratórias, a pleura, o diafragma e os músculos intercostais participam


no processo de ventilação pulmonar.

A ventilação pulmonar realiza-se através de um ciclo respiratório que inclui um movimento


respiratório de inspiração e um movimento respiratório de expiração.

A contração e o relaxamento do diafragma e dos músculos intercostais causam os movimentos


de ventilação pulmonar.

Os músculos intercostais estão divididos em vários grupos. Enquanto alguns músculos


contraem na inspiração e relaxam na expiração, outros contraem na expiração e relaxam na
inspiração.

Esses movimentos alteram a pressão do ar que se localiza no interior dos pulmões. Essa
pressão é medida através de uma unidade denominada milímetros de mercúrio (mmHg).

Salienta-se que, apesar de, por conveniência, cada um dos movimentos respiratórios ser
descrito como uma sequência de ações, as mesmas ocorrem em simultâneo.
Não se deve confundir o processo de ventilação pulmonar com o de respiração. Enquanto a
ventilação pulmonar visa renovar o ar alveolar e das vias respiratórias, a respiração
propriamente dita é um processo bioquímico, que ocorre a nível celular, nas mitocôndrias,
onde se produz energia necessária ao metabolismo celular, utilizando glicose e oxigénio. Este
processo gera resíduos, como o dióxido de carbono.

A hematose consiste em trocas gasosas. Essas trocas gasosas ocorrem dos locais onde
determinado gás está a maior pressão parcial para os locais onde esse gás se encontra a menor
pressão parcial.

A pressão parcial corresponde à pressão exercida por esse gás numa mistura de gases. O
processo físico que possibilita o movimento dos gases dos locais onde a sua pressão parcial é
mais elevada para os locais onde a pressão parcial é mais reduzida baixa denomina-se difusão.

No corpo humano a difusão dos gases ocorre através das membranas celulares.

No organismo humano, a hematose divide-se em hematose alveolar e hematose celular (ou


hematose tecidular).

A hematose alveolar consiste nas trocas gasosas que ocorrem entre os capilares e os alvéolos
pulmonares.

Nos alvéolos pulmonares o ar está constantemente a ser renovado, pelo que a PO2 = 104
mmHg (Ortiz-Prado, 2019) e a PCO2 = 40 mmHg. Por conveniência, a explicação do movimento
de hematose pulmonar organiza-se nos momentos A, B e C.

Momento A

Antes de entrar em contacto com os alvéolos pulmonares, a PO2 = 40 mmHg e a PCO2 = 45


mmHg.

Momentos B e C

Nesta altura, o sangue alcança as proximidades de um alvéolo pulmonar. Como a pressão do O2


é menor no sangue (40 mmHg) do que a que se encontra no interior do alvéolo pulmonar (104
mmHg), o O2 difunde-se do alvéolo para o sangue. A pressão parcial do oxigénio ao nível do
mar no sangue arterial pode alcançar o máximo de 100 mmHg, por essa razão a pressão parcial
do oxigénio à saída do alvéolo é de 100 mmHg.
Pelo contrário, como a pressão do CO2 é maior no sangue (45 mmHg) do que a que se encontra
no interior do alvéolo pulmonar (40 mmHg), o CO2 difunde-se do sangue para o alvéolo. Essas
trocas ocorrem continuamente até a pressão do CO2 ser idêntica no sangue e no interior dos
alvéolos pulmonares (40 mmHg).

No sangue, uma pequena parte do O2 é transportado dissolvido no plasma (2%). Contudo,


como este gás é pouco solúvel no plasma, a maior parte do seu transporte ocorre com a
intervenção dos eritrócitos. O O2 liga-se por uma reação instável ao grupo heme da
hemoglobina, uma proteína presente no interior dos eritrócitos, originando oxiemoglobina.

A hematose celular consiste em trocas gasosas que ocorrem entre os capilares e as células.

Momento A

No momento A, depois de abandonar os alvéolos pulmonares, o sangue é conduzido ao resto


do corpo com PO2 = 100 mmHg e PCO2 = 40 mmHg.
Momentos B e C

Quando o sangue contacta com as células ao nível dos capilares, ocorrem trocas gasosas. Como
a pressão do O2 é maior no sangue (104 mmHg) do que a que se encontra no interior das
células (40 mmHg), o O2 difunde-se do sangue para as células.

Pelo contrário, como a pressão do CO2 é maior nas células (45 mmHg) do que a que se
encontra no interior do sangue (40 mmHg), o CO2 difunde-se das células para o sangue. Essas
trocas ocorrem continuamente até a pressão do O2 e a pressão do CO2 ser idêntica no sangue e
nas células.

No momento C, o sangue é enviado em direção ao coração e depois aos pulmões com uma
maior concentração de dióxido de carbono, pelo que a PCO2 = 45 mmHg.

O transporte do CO2 é mais complexo do que o do O2. Uma parte do CO2 dissolve-se no plasma
(10%). A maior parte do CO2 é transportado até os alvéolos pulmonares devido à ação dos
eritrócitos. O CO2 interage com os eritrócitos principalmente de três formas:

a) Uma pequena parte fica dissolvido no citoplasma dos eritrócitos;


b) Outra parte reage com o NH2 da hemoglobina;
c) A maior parte (80%) combina-se com a água que existe no citoplasma dos eritrócitos e,
com a intervenção de uma enzima denominada anidrase carbónica, origina ácido
carbónico (H2CO3).

CO2(g) + H2O(l) → H2CO3(aq)

O ácido carbónico rapidamente dissocia-se formando iões bicarbonato (HCO3 negativo) e H+


que são transportados no plasma.

H2CO3(aq) → HCO3 - (aq) + H+ (aq)

Nas células, o oxigénio é usado na respiração celular.


A respiração celular é um processo que ocorre no interior das células, em organelos
especializados designados mitocôndrias.

Nas mitocôndrias ocorrem processos, designados ciclo de Krebs e cadeia transportadora de


eletrões, em que se produz energia (ATP) a partir de nutrientes, como a glicose, e O2,
libertando-se CO2 e H2O.

Doenças do sistema respiratório

A Síndrome da Morte Súbita Infantil (SMSI) consiste na morte súbita e inesperada de um bebé
com menos de um ano de idade, aparentemente saudável, habitualmente durante o sono.

A asma caracteriza-se por um processo inflamatório crónico nas vias aéreas.

Quando sujeitas a determinados estímulos, as vias áreas, nomeadamente os brônquios,


produzem muco e ficam inflamados, o que causa o seu estreitamente, diminuindo a passagem
de ar.

Nessas condições, os brônquios ficam obstruídos, o que causa dificuldade em respirar, tosse
persistente e uma sensação de aperto no peito.

A bronquite é uma doença comum nas crianças e pode ser aguda ou crónica.

De modo semelhante à asma, caracteriza-se por um processo de inflamação dos brônquios o


que causa o seu estreitamento, dificultando a respiração e originando sintomas como a tosse.

A tosse está associada a muco devido ao desenvolvimento de grandes quantidades deste


material nos brônquios, um processo característico desta doença.
O cancro do pulmão consiste no desenvolvimento de células cancerígenas, num primeiro
momento, e, num segundo momento, de massas cancerígenas nos lobos pulmonares.

A doença COVID-19 é causada pelo vírus SARS-CoV-2.

Esse vírus espalha-se através do ar.

As partículas infeciosas nos aerossóis podem ser enviadas para o exterior através da respiração
ou fala de indivíduos infetados pela doença, mesmo no caso dos assintomáticos. Sobre esse
assunto, observe uma simulação realizada por um supercomputador sobre o modo como os
aerossóis se dispersam através da fala ou tosse.

O tabagismo consiste no consumo regular de tabaco.

Um fumador ativo inala diretamente o fumo do tabaco que consome, enquanto um fumador
passivo inala o fumo do tabaco produzido por outro indivíduo e que se dispersa no espaço em
que este se encontra.

Esse fumo ambiental do tabaco é constituído pelo fumo expirado pelos fumadores e o fumo
resultante da queima do tabaco.

O consumo regular do tabaco causa dependência física e psíquica provocada por uma droga
psicoativa, a nicotina, presente na folha do tabaco e introduzida no organismo através da
inalação do fumo do tabaco ou da mastigação da folha do tabaco.

Sistema Nervoso
O sistema nervoso organiza-se em sistema nervoso central (SNC) e no sistema nervoso
periférico (SNP).

A unidade estrutural de ambos os sistemas é o neurónio. O sistema nervoso central é


constituído pelo encéfalo pela medula espinal.

O sistema nervoso periférico é constituído pelos nervos e gânglios nervosos.


O encéfalo é a estrutura central do sistema nervoso. Localiza-se no interior do crânio e
encontra-se ligado à espinal medula.

O encéfalo é profusamente irrigado por vasos sanguíneos.

O sangue é transportado para o encéfalo através de duas artérias carótidas.

A parte superior do encéfalo constitui o cérebro que se encontra dividido em dois hemisférios
cerebrais, o hemisfério direito e o hemisfério esquerdo.
Cada hemisfério, por sua vez, organiza-se em quatro secções: lobo frontal, lobo parietal, lobo
occipital e lobo temporal.

Os dois hemisférios estão ligados entre si por uma estrutura muito ramificada designada corpo
caloso.

Julga-se que apenas 25% do córtex tem funções definidas, designadas áreas primárias,
relacionadas essencialmente com a interpretação da informação. Por exemplo, a área de Broca
está relacionada com a expressão da linguagem, ou seja, a planificação da fala, enquanto a
área de Wernicke processa os sons escutados e associa-os à linguagem, isto é, garante que
compreendemos o que é dito.

Os restantes 75% constituem as áreas de associação, nas quais se encontram neurónios que
processam a informação antes de decidir a ação a tomar. As áreas de associação têm um papel
fundamental nas funções mentais complexas, como raciocínio e a criatividade.
O cerebelo é, entre outras funções, responsável pela manutenção do equilíbrio e coordenação
da ação de determinados músculos que realizam movimentos voluntários.

O tronco cerebral faz a ligação entre a medula espinal e o encéfalo. É constituído pelo
mesencéfalo, ponte e bolbo raquidiano (ou medula oblonga).

O mesencéfalo coordena as representações das sensações da visão, audição e das sensações


produzidas pelo resto do corpo.

A ponte faz a ligação com o cerebelo e, em conjunto com o bolbo raquidiano, intervém na
regulação de atividades vitais involuntárias, como os movimentos cardíacos e os respiratórios.

O diencéfalo é constituído pelo tálamo, hipotálamo e hipófise.

Toda a informação sensorial, exceto a relacionada com o sentido do olfato, é recebida e


processada pelo tálamo, antes de ser enviada e processada pelo córtex cerebral. Por exemplo,
a porção do tálamo que recebe a informação visual afeta a decisão dos estímulos visuais que
são importantes, ou que devem receber atenção apelo córtex cerebral.

O hipotálamo é a estrutura do cérebro responsável pelo controlo da fome, sede, temperatura


e atividade sexual.
O hipotálamo possui um agrupamento de neurónios, designado núcleo supraquiasmático, que
consistem em um centro de regulação do ritmo circadiano. O ritmo circadiano, no caso do ser
humano, é um intervalo de aproximadamente 24 horas, influenciado, por exemplo, pela
variação de luz, que regula processos como o estado de vigília e sono, digestão, renovação
celular e controlo da temperatura no organismo.

A hipófise é uma glândula que se divide em duas estruturas, a hipófise posterior e a hipófise
anterior. Possui um tamanho aproximado de uma ervilha e está protegida por uma estrutura
óssea do crânio, o esfenoide. A hipófise controla a função da maioria das outras glândulas
endócrinas do organismo. A hipófise também atua diretamente sobre determinados órgãos.

A medula espinal localiza-se no interior das vértebras da coluna vertebral. É responsável por
conduzir informações provenientes de diversas partes do corpo para o encéfalo, de
encaminhar a informação processada pelo encéfalo para as diferentes regiões do corpo e
intervém, ainda, nos atos reflexos.

A parte central da medula espinal é constituída por uma substância cinzenta, rodeada por uma
substância branca, cuja cor resulta de serem constituídas por diferentes partes dos neurónios.
A substância cinzenta é uma estrutura com forma de H, constituída por uma grande
quantidade de corpos celulares dos neurónios, enquanto a substância branca é formada pelos
prolongamentos dos neurónios (axónios). Na medula espinal entram fibras – fibras nervosas da
raiz dorsal – e partem fibras – fibras nervosas da raiz ventral.

O encéfalo e a medula espinal são revestidos por meninges. As meninges são membranas que
recobrem e protegem o encéfalo e a espinal medula. Existem três meninges que se sobrepõe
sucessivamente, a mais externa designa-se dura-máter, a do meio aracnoide e a mais interna
pia-máter.
A meningite é uma inflamação das meninges que pode ser de origem viral ou bacteriana. Os
sintomas dependem da idade do paciente, mas geralmente caracteriza-se por provocar
vómitos em jato, rigidez na parte de trás da cabeça e febre alta.

Entre as meninges e entre estas e o encéfalo existe o líquido cérebroespinal que, entre outras
funções, elimina os resíduos gerados pelo metabolismo dos neurónios e protege o cérebro de
impactos externos, amortecendo-os.

O neurónio é a unidade estrutural e funcional do sistema nervoso. Um neurónio típico é


constituído por um corpo celular com diversos organelos celulares, nos quais se destaca o
núcleo, e prolongamentos do citoplasma, curtos e ramificados, designados dendrites.

O prolongamento maior designa-se axónio. O axónio está revestido por células de Schwann
que segregam uma substância que se designa por mielina. A mielina é uma substância lipídica
e isolante que se organiza em membranas em espiral, formando uma bainha de mielina. Possui
uma cor branca o que dá aos nervos a sua cor branca característica. Na parte final do axónio
existem prolongamentos, designados telodendros, que terminam em extremidades pré-
sinápticas.

A rodear os neurónios existem as células da glia. Pensa-se que estão envolvidas na nutrição
dos neurónios, mas algumas investigações mostram que possuem funções cognitivas e de
memória.

Os neurónios podem dividir-se em três tipos, conforme a sua organização, os neurónios


unipolares, os neurónios bipolares e os neurónios multipolares.
Os neurónios têm como principal função receber, transmitir e responder às mensagens que
recebem através de impulsos nervosos. Esses impulsos são de natureza eletroquímica.

O axónio de um neurónio transmite um sinal químico às dendrites ou ao corpo celular do


neurónio seguinte. Esse sinal transforma-se num sinal elétrico que é transmitido ao longo do
axónio e assim sucessivamente. O sentido do impulso nervoso é unidirecional, ou seja, desloca-
se sempre da direção do corpo celular para o axónio e deste para o corpo celular ou células
seguintes.

De forma geral, o impulso nervoso transmite-se, num primeiro momento, com uma natureza
elétrica e da seguinte forma:

1. Em estado de repouso (Figura 162), há uma diferença de potencial de membrana (ddp)


de aproximadamente – 70 mV, entre o meio interior (com carga negativa) e o meio
exterior da membrana do neurónio (com carga positiva).

2. Quando os neurónios são atingidos por um determinado estímulo, os canais de Na+


abrem-se, conduzindo a uma rápida entrada de Na+ para o interior do neurónio (o
interior fica com carga positiva e o exterior com carga negativa). Essa entrada de iões
positivos faz com que o potencial de membrana passe de -70 mV para +35 mV,
ocorrendo um processo designado despolarização.
3. A despolarização propaga-se ao longo da membrana do neurónio.
4. Em cada local do axónio em que ocorreu a despolarização (que dura aproximadamente
1,5 milésimos de segundo), ocorre imediatamente a repolarização. Esse fenómeno
consiste na saída de iões K+ para o meio exterior, e no fecho dos canais de Na+,
impedindo que continuem a entrar no meio intracelular.

5. Por fim, o neurónio regressa ao potencial de repouso. Nesse estado, a concentração de


Na+ no meio extracelular (citoplasma) é superior à do meio intracelular. Por seu lado, a
concentração de K+ no meio intracelular é superior à do meio extracelular.

Essas concentrações obtêm-se através da ação das bombas de sódio e de potássio, que
transportam, em cada movimento:

a) 3 Na+ do interior para o exterior do neurónio e;

b) 2 K+ do exterior para o interior da célula, com consumo de energia (ATP).

A seguir o impulso nervoso transmite-se com uma natureza elétrica ou química através das
sinapses. Uma sinapse é uma região de contacto muito próxima entre a extremidade terminal
de um neurónio e a superfície de outras células (neurónios, células musculares, sensoriais ou
glandulares).

As sinapses podem ser elétricas ou químicas. Quando são de natureza elétrica, o impulso
nervoso continua a transmitir-se uma forma análoga à explicada anteriormente. No caso das
sinapses químicas, quando o impulso nervoso atinge as extremidades pré-sinápticas do axónio,
as vesículas sinápticas libertam para a fenda sináptica substâncias químicas, os
neurotransmissores. Estas substâncias ligam-se a recetores de membrana da célula seguinte,
designada célula pós-sináptica, desencadeando o impulso nervoso (entrada de Na+ ), que
continua a sua propagação.
Para além das sinapses ocorrerem entre neurónios, também podem ocorrer entre neurónios e
outras células do organismo, como as musculares. Nesse caso, as sinapses designam-se
neuromusculares.

Os nervos são tubos longos, constituídos por neurónios sucessivos.

Os nervos podem ser de dois tipos quanto ao modo como se ramificam a partir do sistema
nervoso central:

• os nervos cranianos partem do encéfalo e dirigem-se para as diferentes partes da cabeça,


nomeadamente para os órgãos dos sentidos.

• os nervos raquidianos partem da medula espinal e ramificam-se pelo corpo. O nervo ciático
é o nervo raquidiano mais longo do organismo.

Acerca do modo como se processa a informação os nervos podem classificarse como nervos
sensitivos, quando recolhem a informação sensorial e a enviam ao sistema nervoso central, e
nervos motores, quando encaminham a resposta do sistema nervoso central aos órgãos
respetivos.

No sistema nervoso periférico existem gânglios nervosos, constituídos por aglomerados de


corpos celulares de neurónios em forma de bolbo~.

O sistema nervoso autónomo é uma parte do sistema nervoso que regula as condições
internas do organismo, como por exemplo, o ritmo cardíaco, a digestão, a circulação do
sangue, o controlo da temperatura ou os movimentos respiratórios.

Divide-se em sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático.

Sistema Nervoso Simpático Sistema Nervoso Parassimpático


Dilata a pupila Contrai a pupila
Estimula a produção de saliva Diminui a produção de saliva
Aumenta o ritmo cardíaco Diminui o ritmo cardíaco
Contrai os brônquios Relaxa os brônquios
Liberta açucares para o sangue Acumula açucares
Estimula o funcionamento do estômago e do Inibe o funcionamento do estômago e do
pâncreas pâncreas
Estimula o funcionamento das glândulas (Não atua sobre este órgão.)
suprarrenais
Estimula o funcionamento do intestino Inibe o funcionamento do intestino delgado,
delgado, intestino grosso e reto intestino grosso e reto
Estimula o funcionamento da bexiga Inibe o funcionamento da bexiga
Estimula os órgãos sexuais Inibe os órgãos sexuais

Doenças do sistema Nervoso


 Acidentes vasculares cerebrais

Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) são uma das principais causas de morte e podem ser
do tipo isquémico ou hemorrágico. Num AVC isquémico, habitualmente ocorre quando uma
artéria no cérebro é obstruída, por causas como um coágulo sanguíneo ou aterosclerose, e o
sangue deixa de fluir para o tecido nervoso, o qual morre. O AVC hemorrágico é causado pelo
rompimento de uma artéria cerebral, libertando sangue para o tecido nervoso e danificando-o.

 Alzheimer

A doença de Alzheimer causa a morte progressiva das células nervosas e a perda de tecido em
todo o cérebro. Há medida que a doença vai avançando, o cérebro perde cada vez mais tecido
nervoso, o que afeta as suas funções, nomeadamente a memória.

 Parkinson

A doença de Parkinson também consiste numa doença degenerativa do tecido nervoso,


afetando principalmente a coordenação motora. Alguns dos seus sintomas são tremores e
lentidão de movimentos. O principal tecido que é afetado designa-se substância negra e é
responsável pela produção de dopamina.
 Depressão

Atualmente sabe-se que problemas no cérebro relacionado com a reduzida produção ou


libertação de neurotransmissores como a serotonina, noradrenalina e dopamina podem
originar depressão.

Os neurotransmissores promovem a comunicação eficaz entre os neurónios e quando há


menos disponibilidade desses materiais nas sinapses, a comunicação torna-se mais lenta o que
pode originar a depressão. A depressão pode ser tratada com medicamentos designados
antidepressivos que substituem os neurotransmissores ou aumentam a disponibilidades dos
neurotransmissores de modo a voltarem aos níveis normais.

Sistema Hormonal
O sistema hormonal ou endócrino é constituído por diversas glândulas endócrinas, como a
hipófise, os ovários, o pâncreas, as suprarrenais, os testículos, o timo e a tiroide.

As glândulas endócrinas segregam mensageiros químicos designados hormonas.

As hormonas são substâncias químicas libertadas pelas células do sistema endócrino e que se
difundem localmente pelo fluído extracelular e são distribuídas até atingirem as células alvo
através da circulação sanguínea.

A secreção, difusão e circulação de hormonas, apesar ser bastante mais lenta do que a
transmissão de impulsos nervosos, é importante para coordenar processos de longo-termo,
como algumas respostas fisiológicas.
As hormonas causam ações nas células-alvo que são células que têm recetores específicos para
diferentes hormonas.

A maioria das vezes os recetores específicos para as hormonas das células-alvo localizam-se na
membrana plasmática e são constituídos por proteínas. Contudo, os recetores específicos
também podem estar presentes no citoplasma e neste caso a hormona tem de entrar na célula
para exercer a sua função.

Quando a hormona se liga ao recetor, desencadeiam-se uma série de reações que conduzem a
uma determinada resposta. Estas interações são reguladas por mecanismos de retroação
(feedback) negativa ou positiva. Isto é, o processo desencadeado por um estímulo que causa
uma alteração e gera uma resposta que cancela ou amplifica, respetivamente, a ação desse
estímulo.

As glândulas suprarrenais localizam-se na zona superior dos rins. Estas glândulas produzem
muitas hormonas, como a adrenalina, cuja produção é estimulada pela atividade do sistema
nervoso simpático.

O timo localiza-se aproximadamente entre os pulmões, na sua zona superior. É uma glândula
envolvida na maturação dos linfócitos. Produz, entre outras hormonas, timulina, que está
envolvida na diferenciação de linfócitos como as células T ou células NK (Natural Killer Cell).

A tiroide produz tiroxina, uma hormona responsável pelo crescimento. Na parte posterior, a
tiroide possui quatro glândulas paratiroides que produzem a hormona paratiroideia (PTH), a
principal hormona responsável pela regulação da concentração de cálcio no sangue. A tiroide
retira iodo do sangue para a partir desta substância sintetizar hormonas.
Quando a tiroide possui um volume excessivo e liberta um excesso de hormonas para a
corrente sanguíneo, está-se perante um caso de hipertiroidismo. Pelo contrário, o
hipotiroidismo caracteriza-se por uma diminuição do volume da tiroide e da sua produção
hormonal.

Doenças do sistema hormonal


A diabetes é uma doença caracterizada por um metabolismo anormal de nutrientes,
principalmente glícidos, devido à incapacidade total ou parcial do pâncreas em produzir a
hormona insulina. Quando o pâncreas não produz insulina em quantidade suficiente, os
glícidos e outros nutrientes deixam de poder ser utilizados pelas células.

Os dois tipos de diabetes mais frequentes são a diabetes insulinodependente (Tipo 1) e a


diabetes não insulinodependente (tipo 2).

A diabetes insulinodependente (Tipo 1), também designada por diabetes juvenil ou diabetes
mellitus insulinodependente (DMID), é uma doença crónica que é tratada com injeções diárias
de insulina. Esta doença desenvolve-se quando uma reação de autoimunidade origina a
produção de anticorpos contra as células ß do pâncreas que produzem insulina, destruindoas
(Consulte a Figura 33). Em consequência, o pâncreas perde a capacidade de produzir esta
hormona. Como deixa de haver insulina libertada no sangue, as células do organismo não
introduzem açúcar e outros nutrientes no seu interior, prejudicando gravemente o seu
metabolismo.

As pessoas com diabetes tipo I têm de controlar a quantidade de açúcar no sangue através de
um dispositivo designado medidor de glicemia. Esse dispositivo avalia a quantidade de açúcar
no sangue recolhido através de uma picada realizada por uma lanceta, habitualmente na
extremidade de um dedo. O sangue recolhido através da lanceta é coloca numa tira de teste de
glicemia que é introduzida no medidor.

Os sintomas mais frequentes da diabetes insulinodependente são muita sede, urinar


frequentemente, açúcar na urina, corpo a cheirar a cetona; fadiga, e uma substancial perda de
peso num curto espaço de tempo. Na maioria dos casos, a diabetes insulinodependente afeta
criança, jovens, mas também pode surgir em adultos.

A diabetes não insulinodependente (Tipo 2), também designada por diabetes do adulto ou
diabetes mellitus não insulinodependente (DMNID) caracterizase por um determinado
indivíduo ter uma capacidade reduzida em produzir insulina ou por uma capacidade diminuída
das células do organismo em reagir à presença da insulina. Neste último caso diz-se que o
indivíduo possui resistência à insulina.

Os seus fatores de risco são a obesidade e o sedentarismo. Esta doença pode ser corrigida
através de perda de peso, implementação de uma dieta saudável ou, nos casos mais graves,
através de medicação oral que estimula o pâncreas a produzir maior quantidade de insulina ou
a aumentar a sensibilidade das células à insulina. Algumas pessoas com este tipo de diabetes
podem ter necessidade de aplicar insulina durante um determinado intervalo de tempo.

Sistema reprodutor
O sistema reprodutor inclui um conjunto diversificado de órgãos que visam auxiliar o processo
de reprodução, que se organizam em glândulas anexas, vias genitais e gónadas.

As glândulas anexas contribuem com a produção de secreções que auxiliam o processo de


introdução do pénis na vagina, aumentando a lubrificação das paredes desta, ou à deslocação
dos espermatozoides desde os canais deferentes até às trompas de Falópio, o órgão onde deve
ocorrer a fecundação.

As vias genitais são órgãos ou estruturas que transportam os gâmetas até o local mais
adequado para ocorrer fecundação.

As gónadas são os órgãos responsáveis pela produção dos gâmetas (espermatozoides ou


oócitos II). O processo de produção de espermatozoides ocorre nos testículos (gónadas
masculinas) e designa-se espermatogénese. O processo de oócitos II ocorre nos ovários
(gónadas femininas) e designa-se oogénese.

Os processos de espermatogénese e de oogénese incluem processos de divisão celular de


mitose e de meiose.

A regulação hormonal dos diferentes processos dos sistemas reprodutor masculino e feminino
é controlada em conjunto por órgãos desses sistemas e também do sistema nervoso. No
sistema nervoso, cabe ao hipotálamo e à hipófise o papel principal na regulação hormonal dos
sistemas reprodutores. O conjunto dos órgãos hipotálamo e hipófise designa-se complexo
hipotálamo-hipófise, tendo em conta que trabalham colaborativamente para essa regulação. A
regulação da produção de espermatozoides, óocitos II e do desenvolvimento das paredes
uterinas é influenciada pela produção, pelo complexo hipotálamo-hipófise, das hormonas que
se designam, no seu conjunto, gonadotropinas:

Gonadotropinas
Abreviatura Designação em português Designação em Inglês
GnRH Hormonas libertadoras de Gonadotropin-Releasing
gonadotropinas Hormones
FSH Hormonas folículo- Follicle-Stimulating
estimulante Hormones
LH Hormonas luteinizantes Luteinizing Hormones

No sistema reprodutor cabe às gónadas – os ovários no caso da mulher e os testículos no caso


do homem - uma importante intervenção na regulação hormonal:

• Os ovários produzem as hormonas sexuais estrogénio e progesterona que contribuem para


regular o ciclo sexual feminino. Os ovários também produzem testosterona, mas em menor
quantidade. As células de gordura (adipócitos), as células da pele e as glândulas suprarrenais
também produzem testosterona na mulher.

• Os testículos produzem a hormona testosterona que contribui para regular o sistema


reprodutor masculino. No homem, as hormonas estrogénio e progesterona também são
produzidas pelas células de gordura, células da pele e fígado, embora em pequena quantidade.

O controlo da concentração das gonadotropinas, estrogénio, progesterona e testosterona no


sangue dá-se através de um mecanismo de feedback negativo e/ou por um mecanismo de
feedback positivo.

O mecanismo por feedback negativo origina uma resposta de estimulação que aumenta a
produção de determinadas hormonas quando a sua concentração no sangue é reduzida e
origina uma resposta de inibição da produção dessas hormonas, quando a sua concentração
no sangue é elevada. O mecanismo por feedback positivo origina uma resposta de estimulação
que aumenta a produção de determinadas hormonas quando a sua concentração no sangue é
elevada, aumentando ainda mais essa concentração, ou uma resposta de inibição da produção
de determinadas hormonas, quando a sua concentração no sangue é reduzida, diminuindo
ainda mais essa concentração.

Sistema Reprodutor Masculino

Glândulas Anexas Glândulas de Cowper Glândulas que produzem um


muco alcalino que entra na
constituição do esperma
(10%) e que neutraliza a
acidez da urina.
Próstata Glândula que envolve a parte
superior da uretra. Produz
um fluido que entra na
constituição do esperma
(30%) constituído por
enzimas anticoagulantes e
pelo ião citrato, um
nutriente dos
espermatozoides.
Vesículas seminais Glândulas que produzem um
líquido alcalino que constitui
a maioria do volume (60%)
do esperma. Esse líquido
contém frutose, um
nutriente usado na produção
de energia pelos
espermatozoides, muco,
enzimas e hormonas.
Gónadas Testículos Dois órgãos envolvidos por
uma prega de pele, o
escroto, e que se localizam
no exterior do corpo. Cada
testículo é constituído por
tubos seminíferos nos quais
se produzem hormonas e
espermatozoides. Há
também produção de
hormonas, como a
testosterona, em células que
se localizam entre os túbulos
seminíferos, designadas
células intersticiais ou células
de Leydig.
Vias Genitais Canais Deferentes Tubos responsáveis pela
condução dos
espermatozoides até à
uretra. Na ejaculação, as
paredes musculosas destes
canais contraem-se enviando
rapidamente o esperma até
ao exterior do pénis.
Epidídimos Tubos muito enrolados que
se localizam sobre os
testículos nos quais ocorre o
armazenamento e a
maturação dos
espermatozoides.
Uretra Tubo que transporta
esperma ou urina.
Outros Órgãos Corpos Cavernosos Estruturas que se enchem de
sangue e que permitem a
ereção.
Corpos Esponjosos Estrutura que evita a
compressão da uretra,
mantendo-a desobstruída.
Glande Extremidade do pénis que
auxilia à penetração na
vagina.
Pénis Órgão atravessado pela
uretra e que conduz o
esperma e a urina ao
exterior.
Prepúcio Prega de pele que envolve a
glande.

Os testículos (gónadas masculinas), têm a função de produzirem os gâmetas masculinos


(espermatozoides) e a hormona testosterona. São envolvidos por uma bolsa de pele designada
escroto. Os testículos localizam-se no exterior do corpo porque a produção de
espermatozoides necessita de uma temperatura ligeiramente inferior à do corpo.
Os testículos propriamente ditos são envolvidos por uma cápsula fibrosa e dividem-se em
vários lobos constituídos por tubos seminíferos. A produção de espermatozoides ocorre nos
tubos seminíferos, no interior dos testículos, através de um processo designado
espermatogénese. Posteriormente, os espermatozoides terminam a sua maturação ao longo
dos epidídimos. Nesses órgãos, sofrem alterações morfológicas e fisiológicas que os tornam
móveis, para posteriormente se dirigirem, através das vias genitais, para o exterior do aparelho
reprodutor masculino.

Processo de espermatogénese
O processo de formação de espermatozoides designa-se espermatogénese e ocorre nos
testículos, a partir da puberdade. Para esse processo ocorrer é necessária uma temperatura
corporal cerca de 2º C inferior à temperatura normal do corpo, condições que existe no interior
do escroto que se localiza no exterior do corpo. Nos testículos, a espermatogénese ocorre no
interior dos tubos seminíferos, nos quais é possível distinguir os seguintes tipos de células.

• Células germinativas: Localizam-se no interior do tubo seminífero e originam, por divisões


sucessivas, os espermatozoides maduros. Designam-se, sucessivamente, espermatogónias,
espermatócitos I, espermatócitos II e espermatídeos.

• Células de Sertoli: localizam-se no interior do tubo seminífero, entre as células germinativas


e auxiliam e controlam o processo de maturação dessas células, segregando substâncias
necessárias para a sua nutrição e diferenciação.

• Células intersticiais ou células de Leydig: localizam-se entre os tubos seminíferos e


produzem testosterona e outras hormonas. A testosterona regula a produção de
espermatozoides e promove o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários

O processo de espermatogénese ocorre nas células da linha germinativa e inclui as fases de


multiplicação, crescimento, maturação e diferenciação.
Constituição geral dos espermatozoides

Acrossoma Vesícula com enzimas hidrolíticas (digestivas)


que degradam a zona pelúcida do gâmeta
feminino. Essa vesícula resulta da
reorganização do complexo de Golgi do
espermatídeo original. Tem um papel
fundamental na fecundação porque
possibilita a entrada do núcleo do
espermatozoide no gâmeta feminino.
Cabeça Extremidade anterior do espermatozoide.
Pode apresentar formas diversificadas e
contém o núcleo com a informação genética
(23 cromossomas).
Flagelo Estrutura que permite a mobilidade do
espermatozoide.
Segmento Intermédio Estrutura com um número elevado de
mitocôndrias, com forma helicoidal, que
produzem a energia sob a forma de ATP para
o movimento do espermatozoide. Na fase de
diferenciação, as mitocôndrias do
espermatídeo original passam a dispor-se na
base do flagelo, à medida que este se forma,
para fornecerem a energia que o permitirá o
seu movimento.

Os espermatozoides são libertados no lúmen (espaço interior) dos tubos seminíferos. Nesse
momento ainda não estão totalmente formados. Depois dos espermatozoides serem
produzidos sofrem a maturação final e são armazenados no epidídimo.

A ereção do pénis
A partir de um estado flácido do pénis, o mecanismo de ereção atua através do envio de
sangue aos corpos cavernosos. O envio contínuo do sangue para os corpos cavernosos
aumenta o volume destes, causando a ereção do pénis. O volume sanguíneo acrescido nos
corpos cavernosos causa a constrição das veias e das vénulas do pénis, impedindo o refluxo de
sangue. Por essa razão, o pénis consegue manter-se em ereção durante um determinado
período.

O tecido esponjoso que envolve a uretra mantém aproximadamente a sua estrutura impedindo
que este canal seja comprimido. Desse modo, a uretra mantém-se desobstruída permitindo o
envio do esperma até ao exterior.

No homem, é produzida testosterona nas células intersticiais ou células de Leydig que se


localizam entre os tubos seminíferos, no interior dos testículos. A partir da puberdade, o
hipotálamo produz hormonas libertadoras de gonadotropinas (GnRH) que estimulam o lobo
anterior da hipófise a produzir gonadotropinas (FSH e LH). Essas hormonas atuam sobre as
células dos testículos da seguinte forma:
• A LH induz as células intersticiais (células de Leydig) a produzirem ainda mais testosterona,
estimulando o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários masculinos.

• A FSH e a testosterona atuam sobre as células dos tubos seminíferos, estimulando a


espermatogénese.

No homem, o controlo da concentração das hormonas anteriores no sangue dá-se através de


um mecanismo de feedback negativo.

O mecanismo de feedback negativo de inibição do controlo hormonal ocorre da seguinte


forma:

• Quando existe uma alta concentração no sangue (1) de testosterona, produzida pelas células
intersticiais, e de inibina, produzida pelas células de Sertoli, esse sinal induz no hipotálamo um
processo de inibição (2) que conduz à redução da produção de GnRH pelo hipotálamo;

• Ao mesmo tempo, a concentração elevada de LH e FSH (3) induz, por sua vez, uma resposta
inibitória (2) no hipotálamo que reforça a diminuição da produção de GnRH;
• Por sua vez, a diminuição de GnRH devido aos processos anteriores inibe a hipófise anterior,
que deixa de produzir LH e FSH.

O mecanismo de feedback negativo de estimulação do controlo hormonal ocorre da seguinte


forma:

• Quando existe uma baixa concentração de testosterona no sangue (5), produzida pelas
células intersticiais, e de inibina, produzida pelas células de Sertoli, esse sinal induz no
hipotálamo um processo de estimulação (6) que conduz ao aumento da produção de GnRH
pelo hipotálamo;

• Ao mesmo tempo, a concentração anteriormente reduzida de LH e FSH (7) induz, por sua
vez, uma resposta de estimulação (8) no hipotálamo que reforça a produção de GnRH.

• Por sua vez, o aumento de GnRH devido aos processos anteriores estimula a hipófise
anterior, que passa a produzir LH e FSH.

Sistema Reprodutor Feminino

Glândulas Anexas Glândulas de Bartholin A abertura destas duas


glândulas situa-se perto da
zona inferior do orifício da
vagina. Segrega um muco
que lubrifica a vulva.
Glândulas de Skene A abertura destas duas
glândulas localiza-se
lateralmente ao orifício da
uretra. Segregam um fluido
antimicrobiano para a uretra
e que também auxilia a sua
lubrificação.
Gónadas Ovários Órgãos com forma oval, com
cerca de 3 cm de
comprimento, nos quais são
produzidos os oócitos. Os
ovários dispõem-se
lateralmente em relação ao
útero. Não estão suspensos,
mas sim ligados ao útero por
pregas de um tecido
conjuntivo, designado
mesentério.
Vulva Clitóris Órgão de grandes dimensões
cuja extremidade, designada
glande do clitóris, é a parte
que emerge à superfície. É
um tecido erétil e com
muitos nervos associado à
estimulação sexual feminina.
A glande do clitóris está
envolvida por uma prega de
pele designada prepúcio do
clitóris.
Grandes Lábios Pregas de pele grandes que
recobrem os pequenos
lábios e protegem os órgãos
sexuais femininos.
Pequenos Lábios Pregas de pele pequenas que
recobrem o orifício da uretra
e o orifício da vagina.
Vias Genitais Trompas de Falópio Canais que partem do útero
e que terminam numa
extremidade designada
pavilhão da trompa. Este
órgão possui cílios que
vibram e que transportam o
oócito II em direção ao
útero. É na trompa de
Falópio que deve ocorrer a
fecundação.
Vagina Canal musculoso e elástico. É
o local onde são depositados
os espermatozoides e
através do qual ocorre a
libertação dos produtos da
menstruação e o nascimento
do bebé.
Útero Trata-se de um órgão elástico
e musculoso no qual se pode
desenvolver um feto.

O útero é um órgão musculoso e bastante elástico que modifica a sua forma para acomodar o
crescimento do feto. A parte inferior designa-se colo do útero e contacta com a vagina,
enquanto a parte superior designa-se corpo do útero. O útero possui uma camada interna, o
endométrio, altamente vascularizada, que é responsável por permitir a fixação do embrião e o
desenvolvimento da placenta.

O útero prolonga-se lateralmente pelas trompas de Falópio que terminam numa abertura, o
pavilhão da trompa. O pavilhão da trompa envolve o ovário no momento da ovulação para
receber o oócito II.

O Ciclo Sexual
O ciclo sexual ou ciclo menstrual ou ciclo éstrico é constituído por um conjunto de processos
que provocam modificações nos ovários e no útero.

As alterações do ciclo sexual que ocorrem nos ovários designam-se ciclo ovárico e incluem as
seguintes fases:

1. Fase folicular;

2. Ovulação;

3. Fase luteínica ou fase do corpo amarelo.


As alterações do ciclo sexual que ocorrem no útero designam-se ciclo uterino e incluem as
seguintes fases:

1. Fase menstrual ou menstruação;

2. Fase proliferativa;

3. Fase secretora.

Processo de Oogénese
O processo de oogénese conduz à formação do gâmeta feminino, o oócito II. Os ovários
produzem habitualmente apenas um oócito por ciclo sexual. Tal como no processo de
espermatogénese, a oogénese também pode ser sintetizada em quatro fases.

1. A fase de multiplicação ocorre durante o desenvolvimento embrionário da mulher. Nessa


fase, as oogónias ou células germinativas, com 46 cromossomas, multiplicam-se por mitoses
sucessivas, originando outras oogónias com 46 cromossomas (1).
2. A fase de crescimento também ocorre na etapa embrionária do ciclo de vida. Nessa fase as
oogónias aumentam de volume devido à síntese e acumulação de substâncias de reserva,
originando os oócitos I (2). Estes rodeiam-se de células foliculares originando os folículos
primordiais (3). Ainda nesta fase, os oócitos iniciam a primeira divisão da meiose que se
interrompe na prófase I.

3. Na fase de repouso, durante a infância, os folículos primordiais, contendo os oócitos I em


prófase I, permanecem inativos até à puberdade (4). A maior parte destes degenera.

4. A fase de maturação ocorre desde a puberdade até à menopausa. Nesta fase e no início de
cada ciclo sexual alguns folículos primordiais começam a desenvolver-se periodicamente
dentro dos ovários, originando folículos primários. A maioria destes degenera, restando
apenas um folículo primário. No interior do folículo primário, o oócito I aumenta de volume.
Nesta etapa. As células foliculares vão dividir-se, originando uma camada espessa, designada
camada granulosa (6), que protege o oócito I. No interior da camada granulosa começam a
desenvolver-se cavidades cheias de fluido folicular (7). Entre o oócito I e a camada granulosa
forma-se ainda uma camada constituída apenas por substâncias orgânicas, designada zona
pelúcida (8). Posteriormente forma-se outra camada de células a rodear a zona mais externa
do folículo, designada teca (9). Neste momento, o folículo primário passa a designar-se folículo
secundário (10).

Nesta altura, o oócito I, que se encontrava estacionário em prófase I, recomeça a primeira


divisão da meiose e origina duas células de tamanho desigual: a menor designa-se 1.º glóbulo
polar (11) e a maior oócito II. Ambas possuem 23 cromossomas. Entretanto, as estruturas que
rodeiam o oócito II continuam a desenvolver-se e formam o folículo maduro ou folículo de
Graaf (13).
O folículo maduro aproximadamente ao 14.º dia do ciclo sexual aproximase do exterior do
ovário e entra em rutura, originando a ovulação. Na ovulação, o oócito II é libertado para as
trompas de Falópio. Após a ovulação, a parede do ovário cicatriza. De seguida, as células
remanescentes do folículo que permanecem no ovário proliferam, aumentam de tamanho e
adquirem uma função secretora, gerando uma estrutura designada corpo amarelo ou corpo
lúteo.

Se ocorrer fecundação, o corpo amarelo permanece no ovário sensivelmente com o mesmo


tamanho, segregando hormonas que contribuem para o desenvolvimento das paredes internas
do útero, facilitando o fenómeno de nidação, isto é, de implantação do embrião no útero. No
processo de fecundação (14), quando um espermatozoide penetra no oócito II, este completa a
segunda divisão da meiose, originando novamente duas células desiguais: um segundo glóbulo
polar (15), que degenera, e um óvulo (16), de grandes dimensões.

O mecanismo de feedback negativo e positivo


A regulação hormonal do sistema reprodutor feminino é um processo complexo que envolve
vários órgãos do sistema nervoso e do sistema reprodutor. Os processos envolvidos no controlo
hormonal feminino envolvem essencialmente quatro hormonas (estrogénio e progesterona,
FSH e LH) e serão explicados a partir da sucessão das etapas do ciclo ovárico.

No intervalo de tempo correspondente ao início da fase folicular (1), o qual corresponde à


menstruação do ciclo uterino (2), o nível das hormonas estrogénio e progesterona é baixo. O
nível dessas hormonas é reduzido porque já não são produzidas pelo corpo amarelo, uma vez
que, entretanto, degenerou (25). A reduzida concentração de estrogénio e progesterona
através de um mecanismo de feedback negativo (26) vai estimular o hipotálamo a produzir
GnRH (3). Esta hormona, por sua vez, estimula a hipófise anterior a produzir as hormonas FSH
(folículo-estimulante) (4) e LH (lúteo-estimulante) (4). A hormona FSH, como o próprio nome
indica, vai enviar uma mensagem que vai estimular num dos ovários o desenvolvimento de
vários folículos primordiais (5). Nesta fase, os folículos ainda imaturos possuem recetores
ativos apenas para a FSH e não LH. Esses folículos causam a libertação de uma pequena
quantidade de estrogénio no sangue (6) que inibe a libertação de GnRH e, por sua vez, a
libertação de FSH e LH por um mecanismo de feedback negativo (7). Isto ocorre porque uma
vez enviado o sinal pela hormona FSH que induz o desenvolvimento dos folículos, não é
necessário a manutenção deste sinal para que continuem o seu desenvolvimento, logo não é
necessário aumentar a concentração de FSH.

Esses folículos, à medida que vão crescendo, vão competindo por espaço e nutrientes. Devido
a essa competição, a maioria dos folículos morre, restando, habitualmente, apenas um folículo
que segue o seu percurso de desenvolvimento. Esse folículo aumenta o seu tamanho e
transforma-se num folículo primário (8) e depois num folículo secundário (9). À medida que se
desenvolve, o folículo vai libertando estrogénio para o sangue (10). Por essa razão, a partir do
5.º dia do ciclo sexual, a concentração do estrogénio aumenta. O estrogénio vai estimular o
útero a entrar na fase proliferativa (11).

A partir aproximadamente do 10.º dia do ciclo sexual, a concentração de estrogénios é elevada


no sangue, o que despoleta um mecanismo de feedback positivo (12). O efeito do estrogénio
depende da sua concentração no sangue, pelo que em quando a sua concentração aumenta,
mas em pequena quantidade, inibe a secreção de gonadotropinas por feedback negativo,
enquanto em grandes quantidades estimula a sua secreção, por feedback positivo. Esse
mecanismo estimula o hipotálamo a produzir mais GnRH (13), a qual, por sua vez, estimula a
hipófise anterior a produzir mais FSH (14) e LH. A hormona FSH estimula o folículo, nos ovários,
a crescer ainda mais, até atingir o estado de folículo maduro (15), e a produzir ainda mais
estrogénio. Essa produção acrescida de estrogénio estimula o endométrio uterino a
desenvolver-se ainda mais.

A determinada altura, perto do 14.º dia do ciclo sexual, a contínua produção de LH pela
hipófise anterior faz com que esta hormona atinja o pico da sua concentração no sangue (16).
Quando este fenómeno acontece, o folículo maduro, que devido ao seu desenvolvimento
passou a possuir recetores para a hormona LH, é estimulado a proceder à ovulação (17),
rompendo-se e largando o oócito II (18) para a trompa de Falópio.

Posteriormente, a presença de LH no sangue induz a fase do corpo amarelo ou fase luteínica


(19). Nessa fase, os restos do folículo transformam-se no corpo amarelo (20). Esta estrutura
começa a produzir não só estrogénio (21), mas também, progesterona (22), para o sangue.
Estas hormonas estimulam o útero a entrar na fase secretora (23), na qual o endométrio
uterino atinge a sua máxima espessura e desenvolvimento. Quando ambas as hormonas
atingem uma concentração elevada no sangue, ocorre um mecanismo de feedback negativo
(23) que induz o hipotálamo a diminuir a produção de GnRH (24). Consequentemente, a
hipófise anterior deixa de ser estimulada para a produção de LH e FSH e estas hormonas
diminuem a sua concentração no sangue. Por outro lado, à medida que o corpo amarelo
degenera (25), a sua produção de estrogénio e progesterona diminui significativamente. A
determinada altura, a concentração destas hormonas cai abruptamente no sangue, o que induz
o útero a entrar na fase da menstruação (2). Nesse processo, o endométrio desagrega-se e é
libertado para o exterior sob a forma do fluxo menstrual.

A reduzida concentração das hormonas estrogénio e progesterona induz um mecanismo de


feedback negativo (26) no hipotálamo, que é estimulado a produzir novamente GnRH (3),
voltando a iniciar-se o ciclo da regulação hormonal do sistema reprodutor feminino.

Portanto, o feedback negativo acontece durante todo o ciclo sexual, exceto na ovulação, fase
na qual se verifica um feedback positivo, caracterizado pela estimulação da libertação de LH
devido ao aumento de estrogénios no sangue.

A concentração hormonal
A contraceção hormonal é promovida por medicamentos vulgarmente designados por pílula. O
objetivo da contraceção hormonal é impedir a libertação de um oócito II durante o ciclo sexual,
ou seja, inibir a ovulação.

O mecanismo principal que conduz a esse efeito é a introdução por via oral, injeção, implantes
ou intradérmica, de uma combinação de compostos sintéticos (estrogénios e progestagénios)
que simulam a ação das hormonas estrogénio ou progesterona (pílulas combinadas) ou apenas
da hormona progesterona (pílulas sem estrogénio).

As pílulas combinadas são tomadas diariamente, durante 21 ou 28 dias, conforme o tipo de


pílula. No caso das pílulas que se tomam durante 21 dias há um intervalo de 7 dias, durante os
quais ocorre a menstruação. Quanto às pílulas sem estrogénio, a sua utilização é contínua, pelo
que não existe uma semana de intervalo.

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