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ENSINO BÁSICO

CURSOS VOCACIONAIS – Língua Portuguesa – M4

O descobridor da Islândia (II)

Um deles, sempre mais calado e solitário, preparou instrumentos e pôs-se a


pescar. Não teve que esperar muito para que um peixe gordo e luzidio lhe
viesse parar às mãos. Claro que o exemplo foi seguido e, nessa noite,
regalaram-se com um verdadeiro banquete: peixe fresco nas brasas.
De roda da fogueira conversaram até altas horas da noite. O Sol não se punha
mas a luz declinava, tornando-se pálida, derramando ouro pelas encostas.
- Esta ilha não tem dono - diziam.
- Fica para nós.
- Temos que lhe dar nome.
- Cá por mim escolhia Ilha do Quente e Frio.
- Ilha dos Mil Vulcões é mais bonito.
- Não gosto - atalhou Naddod. - E como quem manda sou eu, fica Terra de
Neve, Snowland.
Habituados a obedecerem-lhe, todos concordaram. Todos menos um. Ingolf, o
solitário, o silencioso, guardava para si os pensamentos mais íntimos. Sendo
casmurro, decidiu logo que o nome seria outro, mas parecia-lhe inútil desafiar o
chefe. Naddod era um verdadeiro pirata e não conseguia estar muito tempo no
mesmo lugar. O mais certo era não tornar a pôr os pés naquela terra, onde não
havia nada que se roubasse.
"Ele que diga os nomes que lhe apetecer", pensou. "A última palavra será
minha."
Maravilhado com a paisagem, Ingolf tomara uma resolução: abandonar a
pirataria. De regresso a casa, tencionava reunir um grupo de gente corajosa e
conduzi-la para ali. 'Podiam instalar-se à vontade e viver bem. No seu espírito
bailavam planos estupendos. Levaria carneiros e renas, porque havia pastos
com fartura. E instrumentos para a pesca e para a caça, pois a ilha não era

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habitada mas tinha ursos brancos e raposas.
- Que ricas peles! Não nos vai faltar nada!
Satisfeito, abençoou os ventos que o tinham conduzido àquela terra linda e
solitária como ele. Ingolf odiava ser pirata, não por falta de energia e
resistência, não por medo, mas porque roubar e matar gente não lhe dava
prazer nenhum.
De olhos fechados inspirou o ar frio, enquanto apertava entre os dedos um
pedaço de gelo.
"Há-de ser minha e chamar-se Terra do Gelo, Iceland, Islândia."

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Histórias e Lendas da Europa-, Ed. Caminho

1. De entre cada grupo de afirmações, assinala a que, segundo o


texto, é verdadeira.

1.1. Naddod não iria mais àquela ilha porque:

a. não era um verdadeiro pirata


b. era ele quem mandava
c. não havia nada para roubar

1.2. Ingolf era:

a. solitário e medroso
b. decidido e determinado
c. apático e inseguro

2. Como se pode justificar que "peixe fresco nas brasas" fosse ou tenha sido
um verdadeiro banquete?

3. Relê o segundo parágrafo.

3.1. Conversaram até altas horas da noite, embora o Sol não se tivesse posto.
Explica a contradição desta afirmação.

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4. A segunda parte do texto é dedicada à personagem Ingolf.

4.1. Qual foi a estratégia que adotou para se assenhorear da ilha?

4.2. De que forma a sua maneira de ser o ajudou nessa estratégia?

4.3. O que o levou a abandonar a pirataria?

5. Com base no excerto analisado e também com a ajuda de transcrições,


elabora um comentário com cerca de sessenta palavras, sobre a oportunidade
da citação do provérbio:

A ocasião faz o ladrão.

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