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Canções do céu e do mar

Peças didáticas para as turmas iniciais

Marcelo Brazil
Complemento do
livro didático
Canções do céu e do mar

Peças didáticas para grupos de violão

Marcelo Brazil

2022
Todas as peças deste livro foram criadas entre outubro e dezembro
de 2021. A Sustenidos – Organização Social de Cultura está
legalmente autorizada a utilizar este material em aulas e
apresentações, inclusive para efeitos de divulgação de eventos, por
tempo indeterminado.

© Marcelo Brazil, 2022

Ficha Técnica

Capa – Marcelo Brazil


Obra da capa – Lenio Braga
Edição e editoração das partituras – Marcelo Brazil

Contato: brazilmar@gmail.com
Dedico estas canções a todas
as crianças que, por alguma razão,
escolheram o violão como
seu companheiro de aventuras.

Aracaju, janeiro de 2022


Sobre o material

Estas dez pequenas canções foram criadas com o objetivo de


funcionar como exercícios de aprendizagem e repertório para turmas
iniciantes de violão. Elas buscam abarcar grande parte dos
conhecimentos técnicos e teóricos que considero fundamentais para a
iniciação ao violão.
Partindo da minha experiência, destaco alguns princípios que
permitirão um melhor aproveitamento deste material e que
propiciam uma aula mais dinâmica e musical. Vamos lá:

- Ensinar a escala cromática – quando os(as) alunos(as) são


capazes de encontrar qualquer nota no braço do violão, não existem
limitações de tonalidades e regiões do instrumento.
- Tocar em outras regiões – Para um(a) aluno(a) iniciante ainda
criança, tocar na primeira posição é bem mais difícil. Se o(a) aluno(a)
é capaz de mapear as notas ou a escala da música na quinta ou sétima
posições, será capaz de tocar de uma maneira bem mais confortável e
com uma postura mais adequada.
- Mapear as notas antes de iniciar a leitura – Se as notas
estiverem mapeadas na região onde serão executadas, a leitura se
torna muito mais simples.
- Não tocar junto com os alunos – Sugiro que o(a) professor(a)
toque apenas, se for o caso, algo que os alunos não estão lendo, como
o acompanhamento cifrado, por exemplo.
Estas e outras sugestões de estratégias estão nos meus livros e
artigos que podem ser encontrados na internet.
Para a criação e editoração destas canções, considerei algumas
diretrizes que devem ser seguidas para que o material funcione como
imaginado:
- Cada canção sugere um gênero musical e as cifras devem ser
executadas com uma levada apropriada. Mas o(a) professor(a) tem a
liberdade de escolher a levada mais simples ou pedir que os(as)
alunos(as) toquem apenas uma vez no início de cada compasso, por
exemplo. Neste caso, sugiro que o(a) professor(a) ou um(a) aluno(a)
mais avançado(a) faça uma levada rítmica para conduzir melhor a
leitura e a execução.
- Os andamentos, digitações, indicações de forma e montagem
dos acordes são sugestões e podem ser modificadas para beneficiar o
resultado musical. A digitação da mão direita deve se adequar ao
nível da turma.
- As canções não foram organizadas por grau de dificuldade.
Cada uma possui elementos que podem ser trabalhados de acordo
com o nível da turma.
- As peças possuem, no máximo, duas páginas para que os(as)
alunos(as) possam mudar de voz sem que seja necessária outra
partitura. Também podem dividir a estante com colegas que estão
tocando outras vozes.
Seguem algumas informações sobre cada peça do livro:

Lua (Baião) - O exercício trabalha com a linguagem modal e busca


facilitar o aprendizado dos acidentes ocorrentes. Apesar do ritmo
proposto pelo acompanhamento, as melodias apresentam ritmos bem
simples, baseado nas semínimas e mínimas. No acompanhamento
pode ser utilizado qualquer levada de baião. Os acordes são apenas
uma movimentação do mesmo modelo ao longo do braço do violão,
ajudando o(a) aluno(a) a exercitar a movimentação horizontal,
buscando acertar a casa com precisão. Exercita também a execução
em outras posições do instrumento, no caso, quinta e sétima.

Estrelas do mar (Bossa Nova) - Nesse exercício, o acompanhamento


deve ser tocado pelo professor ou por um aluno hábil em acordes e
levadas. Com ritmos bem simples nas melodias, explora o movimento
entre as vozes (canto e contracanto) e pequenas frases cromáticas. O
violão 1 tem uma frase na quinta posição. O baixo apresenta um
movimento em semínimas bem simples.

Olha o cometa! - Explorando uma sonoridade mais próxima da


música Pop, o exercício explora alguns efeitos percussivos no
instrumento. Busca exercitar os ligados, as meia-pestanas (Violão 1,
letra E), o glissando e acordes de sonoridade mais aberta. Traz
também elementos de repetição como as casas 1 e 2.

Saltando nas estrelas - Uma canção bem tranquila onde são


explorados o acorde arpejado (dedilhado), os harmônicos na 12ª casa,
os ligados ascendentes, as colcheias com notas iguais (i, m), as tercinas
e o jogo de pergunta e resposta. No final tem um rallentando. Pelo uso
das cordas soltas, os alunos devem deixar tudo soar bastante,
evitando colocar os dedos sobre as cordas sem necessidade.

Catando conchinhas (Choro) - O exercício traz uma linguagem


próxima do choro, embora mantenha o mesmo acorde durante cada
compasso. A harmonia é simples, mas talvez não existam alunos com
habilidades para tocar as pestanas ainda. Neste caso, o professor deve
tocar. As melodias (violões 1 e 2) foram construídas com a mesma
célula rítmica, tornando a execução bem fácil. Trabalhada a célula,
basta localizar as notas. O baixo foi construído em semínimas, com
uma frase típica de choro no final da parte A.

As baleias (Reggae) - Neste exercício será trabalhado o conceito de


tempo e contratempo, movimento que pode ser observado já a partir
do compasso 5 entre os violões 2 e 4. O violão 2 possui o elemento da
meia pestana alternado com as cordas soltas. Para criar o efeito das
pausas (compasso 5) é necessário aprender e praticar o efeito de
apertar e afrouxar as cordas sem afastar o dedo das mesmas. É o
mesmo recurso que se utiliza nos acordes, normalmente com
pestanas, do acompanhamento típico do gênero do exercício. Para
criar este efeito em acordes sem pestana, é possível utilizar a parte
lateral da mão do lado do dedo mínimo para abafar as cordas. As
melodias são simples e exploram digitações de posição fixa. Os
acordes aparecem em uma pauta individual, dentro dos compassos,
possibilitando o aprendizado deste tipo de notação.
A dança das ondas (Maracatu) – Nesta peça o objetivo é praticar a
síncope e conhecer o ritmo do maracatu. A célula rítmica dos violões
2 e 3 não são tão simples, mas após trabalhadas com palmas ou
instrumentos de percussão, se tornam fáceis de executar pois não se
alteram ao longo da peça. As notas não mudam nas síncopes e isto
facilita a execução. Os violões 2 e 3 podem ser executados com notas
simultâneas ou em divisi. Pedir a um grupo de alunos que toquem só
as notas superiores ou as inferiores também é um ótimo exercício de
leitura. Na letra D, são duas as possibilidades: um fade out ou brincar
com os ritmos do maracatu explorando as possibilidades de
percussão no violão.

Ouvindo sereias (Valsa) - Uma valsa simples que busca explorar o


toque simultâneo em duas cordas, as ligaduras, as colcheias, as
tercinas, semínimas e mínimas. Trabalha também com o dedilhado,
os acidentes ocorrentes e a fermata. As dinâmicas são muito
importantes nesta peça, por exemplo na letra D, onde o violão 3 deve
tocar piano para não cobrir a melodia que está no violão 2. Este
exercício não depende dos acordes cifrados, mas eles podem ser
tocados junto.

Os planetas - Este exercício busca trabalhar com as semicolcheias,


explorando as células com 4 semicolcheias; uma colcheia e duas
semicolcheias e a síncope. A maioria das células rítmicas permanecem
na mesma nota buscando facilitar o aprendizado e a aplicação ao
longo da peça. As partes A e B se aproximam do ritmo da polca e a C
é um choro ou um maxixe. Também busca mostrar o contraste entre
o tom menor e maior. A forma é em três partes, tradicional do choro.

As gaivotas (Valsa jazz) - Explora o compasso composto e suas


subdivisões rítmicas utilizando uma tonalidade não muito usual para
iniciantes, mas que, se trabalhada bem a localização das notas no
braço do instrumento, não apresenta dificuldades. Os trechos com
notas simultâneas podem ser executados como divisi. Possui uma
modulação e algumas passagens em escala. Se tocada lenta, soará
como uma valsa, mas a ideia é ir aumentando o andamento até soar
como uma valsa-jazz. A linha do baixo tem um movimento e é
importante que tenha a cifra executada com as fundamentais para
garantir o suporte harmônico. Se tiver um baixo elétrico junto, algum
aluno pode tocar as fundamentais lendo pela cifra. Na volta D.C.,
existe a possibilidade de improvisar sobre a harmonia F7M - Bb7M
quanto quiser, até retomar da letra A ou de onde achar melhor.

Bons estudos, boa música!

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