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Angelo Silesio
«Não somos o que deveríamos ser, não somos o que queríamos ser, e também não somos o
que seremos um dia. Mas graças a Deus não somos o que éramos.»
Assim falava aos afro-americanos dos EUA Martin Luther King, assassinado em 1968 com
apenas 39 anos, depois de uma vida dedicada a defender os direitos civis da população negra.
As suas palavras podem também tornar-se base para uma reflexão mais geral sobre a vida de
cada um de nós. Se nos examinarmos em profundidade, devemos com sinceridade reconhecer
que estamos longe do ideal da pessoa justa que é desenhado nas Sagradas Escrituras ou, pelo
menos, de acordo com os princípios fundamentais da ética natural.
Também estamos longe de ter realizado muitas resoluções e projetos (o que "queremos ser"),
assim como estamos longe da meta que, mais cedo ou mais tarde, com esforço e fidelidade,
alcançaremos.
Esperamos, contudo, poder repetir: «Graças a Deus não somos o que éramos». Ou seja, não
voltámos atrás, caminhando ao contrário na estrada da justiça, abandonando posições
conquistadas, retrocedendo por comodidade e inércia.
Na verdade, há uma atração em relação ao passado que faz perder a energia para prosseguir e
nos bloqueia, como a mulher de Lot que olha para trás e se detém para sempre.
João Cassiano, um escritor espiritual que viveu nos séculos IV-V, nas suas "conferências"
destinadas aos monges, advertia: «Estamos seguramente a andar para trás quando nos damos
conta de que não andamos para a frente: a alma não pode permanecer parada».
É um convite a recolher para voltar o nosso olhar para a frente, para um horizonte mais alto,
aquele que precisamente nos mostra como "devemos ser".
Com efeito, é paradoxal que, num mundo tão frenético como é o moderno, o espírito seja
lento e preguiçoso, dado a parar. O cristianismo é por excelência espera e tensão porque não
temos aqui a pátria definitiva.
Teresa de Ávila
S. TERESA DI LISIEUX
Ele embarca no caminho da perfeição no Carmelo, rastreado pela Fundadora Mãe, Teresa de
Jesus, com fervor e fidelidade autênticos, no cumprimento dos vários escritórios comunitários
que lhe são confiados. Iluminado pela Palavra de Deus, particularmente testado pela doença
de seu amado pai, Louis Martin, que morreu em 29 de julho de 1894, partiu para a santidade,
inspirado na leitura do Evangelho, insistindo na centralidade do amor. Teresa nos deixou em
seus manuscritos autobiográficos não apenas as memórias da infância e adolescência, mas
também o retrato de sua alma e suas experiências mais íntimas. Ele descobre e se comunica
com os novatos confiados aos seus cuidados, o pequeno caminho da infância espiritual; ele
recebe como um presente especial para acompanhar dois "irmãos missionários" com
sacrifício e oração. Penetra cada vez mais no mistério da Igreja e, atraído pelo amor de Cristo,
sente em si a vocação apostólica e missionária que a leva a arrasar a todos com ela, a
encontrar o cônjuge divino.
Alguns meses depois, no dia 3 de abril, durante a noite entre quinta-feira e sexta-feira santa,
ela tem uma primeira manifestação da doença que a levará à morte e que ela recebe como a
misteriosa visita do Divino Cônjuge. Ao mesmo tempo, ele entra no julgamento da fé que
durará até sua morte e que oferecerá um testemunho esmagador em seus escritos. Durante o
mês de setembro, ele conclui o Manuscrito B, que é uma ilustração maravilhosa da plena
maturidade do Santo, especialmente através da descoberta de sua vocação no coração da
Igreja.
Uma coleção de cartas dirigidas a uns poucos conselheiros espirituais e recolhidas no livro
"Madre Teresa: Venha Ser Minha Luz" (Mother Teresa: Come Be My Light) publicado em 4 de
setembro de 2007, traduzido e publicado no Brasil pela editora Thomas Nelson, organizado
pelo Padre Brian Kolodiejchuk, postulador da causa da sua canonização revelaram, segundo
alguns, dúvidas profundas de Madre Teresa sobre sua fé em Deus, provocando discussões
sobre uma possível posição agnóstica.
Madre Teresa, em suas cartas, descreveu como sentia falta de respostas de Deus.
[15]
Em 1956 escreveu: "Tão profunda ânsia por Deus - e ... repulsa - vazio - sem fé - sem amor -
sem fervor. Almas não atrai - O céu não significa nada - reze por mim para que eu continue
sorrindo para Ele apesar de tudo." Em 1959: "Se não houver Deus - não pode haver alma - se
não houver alma então, Jesus - Você também não é real."
Uma de suas cartas ao Padre Neuner dizia: "Pela primeira vez ao longo de 11 anos - cheguei a
amar a escuridão. - Pois agora acredito que é parte, uma parte muito, muito pequena da
escuridão e da dor de Jesus neste mundo. O Senhor ensinou-me a aceitá-la [como] um 'lado
espiritual de sua obra', como escreveu. - Hoje senti realmente uma profunda alegria - que
Jesus já não pode passar pela agonia - mas que quer passar por mim. - Abandono-me a Ele
mais do que nunca. - Sim - mais do que nunca estarei à disposição."
No entanto, o texto de suas cartas não afetou a campanha por sua santificação, já que a Igreja
defende que outros santos também demonstraram dúvidas em relação a sua fé, como por
exemplo São Tomé.
A crise espiritual.
Segundo o postulador da causa da canonização de Madre Teresa e autor do livro, a sua crise
espiritual começou nos anos 50, logo após a fundação da ordem das Missionárias da Caridade;
a partir daí "viveu uma grande fase de escuridão interior que se prolongou até a sua morte".
"Sabia que estava unida a Deus, mas não conseguia sentir nada" Este fenômeno é conhecido
na tradição e na teologia mística cristã, e foi São João da Cruz quem o chamou de noite escura
do espírito, o que considera uma etapa no caminho de alguns santos no caminho de
identificação com Deus.
Silêncio divino.
Bento XVI comentando as cartas disse que este silêncio serve para que os crentes percebam a
situação daqueles que não acreditam em Deus. Falando sobre as experiências místicas da
beata disse que "tudo aquilo que já sabíamos se mostra agora ainda mais abertamente: com
toda a sua caridade, a sua força de fé, Madre Teresa sofria com o silêncio de Deus".
U.I.O.G.D.