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Resumo
Este trabalho monográfico foi desenvolvido na linha de pesquisa Arte, Educação e
contemporaneidade e teve como objetivo principal, rememorar e dar visibilidade a vida e obra do
artista Silvestre Peciar Basiaco. Uma reflexão que cruzou por caminhos da História e da Arte no
tempo e espaço de construção do século XX. Um território que marcou a narrativa poética do
artista, seus deslocamentos e lugares de pertença. Um discurso que se inscreveu dentro de
parâmetros éticos e estéticos que o aproximou das “verdades” instituídas pela sociedade que o
gerou, a Era Moderna. Fatos estes, que se traduziram em obras atemporais, que se apresentam
contextualizadas e visíveis no corpo deste texto.
Palavras chaves: Hibridismo Cultural, visual e verbal, imagem e linguagem.
Abstract
This monograph was carried out in the research line Art, Education and contemporaneity, and its
main goal was to remember and give visibility to the life and work of the artist Silvestre Peciar
Basiaco. It is a reflection that crossed through ways of History and Art in the time and space of the
twentieth century construction. It is a territory that marked the artist´s poetic narrative, his
movements and places of belonging. It is a discourse that is based on ethical and aesthetic
parameters which put him closer to the truths imposed by the society that generated him, the
Modern Era. These facts produced timeless artworks, which are presented in a contextualized and
visible way in the body of this text.
key words: Cultural hybridism, visual and verbal, image and language.
Introdução
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Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis
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Desenvolvimento
Segundo Basbaum (1995), a arte moderna é fundada exatamente a partir
das possibilidades do encontro entre os objetos que se pretendem puros e
completamente visíveis com um campo enunciativo que, adequadamente se
posiciona junto destes objetos, atravessando-os. Um discurso que ultrapassa o
formalismo tradicional de apresentar a obra, apenas e tão somente por meio da
materialidade, abrindo espaço para a construção de metáforas que estarão
subordinadas a um texto ou discurso sígnico. Assim, neste contexto, a arte
moderna se identificará com um território híbrido no qual se entrelaçam objetos e
significados.
Se o signo é único, receptivo e essencialmente ambíguo, conforme
Basbaum (1995) nos informa, então, por natureza terá uma multiplicidade de
interpretações, ou seja,
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além da obra, para perto de suas motivações; para perto de um poema, ‘morte, tu
me cuidas, porque sem mim tu morres’, um único poema tatuado no corpo
matérico da obra que puniria seu agressor e aliviaria sua diáspora. Vemos aqui, o
verbal e o visual se entrelaçando como cúmplices de uma mesma narrativa
poética. Cúmplices de uma história que se desenvolve no campo do real e do
virtual, uma vez que as palavras se traduzem em versos de uma canção popular
uruguaia, que tanto pode falar do singular quanto do plural. Uma mensagem de
alento, de esperança para alguns, ou de morte e sofrimento para outros. Uma
saudade incontida de uma pátria, de uma casa, de uma família, que tanto pode ser
sua, minha como a do outro. Um sentimento de pertença que não nos impede de
estar no tempo histórico e cultural da obra e do seu criador. Um discurso de dor e
sátira a um poder repressor e ditatorial que nos diz de muitos lugares e pessoas.
Quase que um blefe juvenil, anárquico e contestatório, tão próprio de pessoas
autênticas que brincam e personificam conceitos ao subverter momentos difíceis
em parábolas de vida.
Conclusão
Portanto, é visível que o artista Peciar adota, basicamente, o manifesto
como principal modalidade discursiva — que se soma às obras, mas não se
confunde com elas. Ainda que os manifestos exibam uma proximidade com a
obra, estes permanecem atrás de um limite nítido que dela os separa,
resguardando assim, suas especificidades e fronteiras. É neste entrecruzamento
de duas trajetórias: enunciados e visibilidades que observamos o confronto, num
mesmo tempo e espaço, em uma ação mútua e combinada, como partes de um
mesmo processo, onde a palavra migra para dentro da obra e passa a fazer parte
da sua materialidade.
Assim, o texto passa a ser um elemento inscrito na estrutura física do
objeto, seja como formulação reflexiva acerca do próprio processo, seja como
experimento e descoberta de frases, poemas ou palavras de ordem na própria
obra. Enfim, uma cumplicidade absoluta numa superposição de materiais
expressivos que envolvem tanto o discurso como o momento de criação da obra.
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Referências Bibliograficas
BASBAUM, Ricardo. Migração das Palavras para a Imagem. Artigo Revista Gávea 13:
PUC/RJ, 1995.
BURKE, Peter. Hibridismo Cultural. São Leopoldo: Unisinos, 2003.
CARCHIA, Gianni; D-ANGELO, Paolo. Dicionário de Estética. Portugal: Edições 70,
2003.
SANTAELLA, Lucia; Noth, Windried. Imagem: cognição, semiótica e mídia. São Paulo:
Iluminuras, 1998.
TEIXEIRA, C. Dicionário crítico de política e cultura. São Paulo: Iluminuras, 1997.
Currículo Resumido
Laudete Vani Balestreri, autor. Mestranda em Artes Visuais –
PPGART/CAL/UFSM. Possui Especialização em Arte e Visualidade (2006);
Graduação - Licenciatura em Desenho e Plástica (2004) e Bacharelado em
Desenho e Plástica (2002) pela UFSM - RS. É pesquisadora do
GEPAEC/UFSM/CNPq. lau_balestreri@yahoo.com.br
Marilda Oliveira de Oliveira, co-autor. Profª. Drª. Adjunta do Departamento de
Metodologia de Ensino, Centro de Educação, UFSM – RS. Doutora em História da
Arte (1995) e Mestre em Antropologia Social (1990), ambos pela Universidade de
Barcelona. Profª. Credenciada no PPGE/UFSM e Profª. Permanente do
PPGART/UFSM. marildaoliveira@smail.ufsm.br
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