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Paula Cajaty

A FÓRMULA
DO SUCESSO
PARA
ESCRITORES
PARTE 4
“A fórmula: as leis universais do sucesso” de
Albert-László Barabási aplicada aos escritores
– parte 4
“A fórmula: as leis universais do sucesso” de Albert-László Barabási aplicada aos escritores –
parte 4

A parte final da Segunda Lei do Sucesso declara: “o sucesso é ilimitado”.


Para confirmar esta assertiva, Albert Barabási traz detalhes de pesquisas realizadas
sobre o sucesso de Tiger Woods que, embora tenha sido um excelente golfista, não chegava a
ser o melhor. Com os seus números e vitórias, notou-se que a sua performance era limitada,
enquanto o seu sucesso se revelou ilimitado. Apenas em 2009, Woods tornou-se o primeiro
atleta a faturar mais de um bilhão de dólares na carreira. No mesmo ano, tornou-se o segundo
afro-americano mais rico, logo atrás da Oprah Winfrey. Até em 2015, quando já tinha se
afastado dos campos de golf, continuava a ser o nono atleta com melhor remuneração na lista
da Forbes.
Diante desses números, dá para notar que existe uma relação desproporcional entre o
trabalho dos superstars e o resultado do seu sucesso. Isso acontece porque o melhor nunca
consegue ser substituído adequadamente pelo “segundo melhor”.
Essa é a lição que aparece na comparação feita entre Dan Brown e Nicholas Sparks. Em
outubro de 2009, quando os dois lançaram seus livros, “O símbolo perdido”, de Dan Brown,
recebeu o primeiro lugar nas listas e Nicholas Sparks ficou em segundo com “A última música”.
Os dois livros eram igualmente bons, escritos por autores famosos na mesma medida. Os
pesquisadores foram olhar para os números e tomaram um susto: é comum os best-sellers
venderem entre 3 e 5 mil numa semana. “A última música” vendeu 120 mil cópias na semana
do lançamento. Um número excelente, só que o livro de Dan Brown vendeu 1,2 milhão de
cópias no mesmo período.
A diferença entre o primeiro e o segundo colocados? Simplesmente, Sparks ficou com
a decepcionante marca de 10% da performance de Dan Brown.
O sucesso traz em si, portanto, uma relação matemática chamada “lei de potência”. As
curvas de Bell (ou de sino) descrevem a performance. As leis de potência são mais aplicáveis à
distribuição ao sucesso, assim como à riqueza. Para além da riqueza, a distribuição do sucesso –
que pode ser considerado como impacto, visibilidade, audiência ou adoração – ocorre da
mesma forma. Muito para poucos, e pouco para muitos.
Por esta lógica, poucos indivíduos possuem um sucesso de magnitude muito superior à
média das pessoas, e aqueles que o conseguem são chamados de “outliers”. Outliers, na
estatística, são chamados os valores atípicos, discrepantes ou aberrantes, e significam os casos
atípicos que devem ser desconsiderados dos cálculos estatísticos.
A maior parte das pessoas acredita que superstars sejam outliers, ou seja, indivíduos
com performance fora do comum, mas eles possuem, no máximo, uma performance pouco
superior à dos seus pares. No entanto, o seu sucesso os distingue.
Um exemplo de Barabási para ilustrar essa hipótese é o caso do professor de física
com a melhor remuneração na história. Steven Weinberg tinha um prêmio Nobel e conseguiu,
numa universidade americana, um feito extremo: conseguiu a mesma remuneração do coach
de futebol da Universidade de Texas, que era 5 vezes superior à dos demais professores de
física da mesma faculdade. Assim, em 1991, Weinberg ganhava 250 mil dólares anuais. Em
2018, seu salário havia aumentado para 575 mil dólares anuais, um pouco mais do dobro.
Porém, o coach de futebol da mesma faculdade, no mesmo período, passou a ganhar 5 milhões
de dólares anuais. O coach passou a ganhar praticamente 20 vezes o que era pago em 1991.
Qual o motivo da discrepância? Os jogos de futebol das universidades passaram a ser
transmitidos e passaram a alcançar milhões de fãs, com uma explosão de popularidade dos
jogos de faculdade, isto é, viralizaram. Enquanto isso, as aulas de física continuaram tendo o
mesmo público: os alunos de física, e mais nada. Assim, enquanto o coach de futebol tornava-
se um superstar, o professor de física continuava a ser conhecido somente entre um pequeno e
seleto grupo de pessoas.
Como este grau de impacto foi atingido? A resposta é a mesma: quando se trata de
Dalai Lama com bilhões de admiradores, Beyoncé com bilhões de downloads, Tiger Woods
entre os amantes de golf, não há limites para o sucesso.
No mercado de livros, ocorre o mesmo: recentemente, calculou-se que 98% dos
manuscritos submetidos todos os anos às editoras alemãs são rejeitados1. E, entre os livros
publicados, apenas um pequeno percentual atinge um sucesso viral.
Aliás, o sucesso de um livro é capaz de surpreender os próprios escritores e editores.
Laurentino Gomes, por exemplo, não esperava que seus livros se popularizassem. Sua meta era
vender 20 mil exemplares. Os livros “1808” e “1822” venderam juntos mais de 1,2 milhão de
cópias.
Os escritores e editores perguntam-se: quais livros têm mais chance de obter um
efeito viral?
Segundo o estudo norteamericano da Universidade da Pensilvânia2, conteúdos tristes
ou de emoções de “baixa energia” não têm potencial de viralizar, enquanto conteúdos com
emoções de alta energia, como ansiedade, medo e raiva, possuem maior potencial de viralizar3.
Shakespeare era o artista das emoções, trazendo vingança, orgulho, traição, paixão, todos
sentimentos capazes de nos prender nas suas narrativas.
O divertido vídeo do Kurt Vonnegut mostra exatamente o que captura os leitores4: o
que nos cativa e diverte num texto literário são os altos e baixos.
Para além do conteúdo arrebatador, para receber o retorno intenso do público, o
produto fornecido deve ser facilmente reproduzido. Isso foi facilitado com a tecnologia,
atualmente capaz de intensificar o fenômeno do estrelato.

1
Fonte: https://www.dw.com/pt-br/autores-estreantes-encontram-dificuldades-crescentes-na-alemanha/a-
16073131
2
Berger, Jonah A. and Milkman, Katherine L., What Makes Online Content Viral? (25.12.2009). Disponível no
SSRN: https://ssrn.com/abstract=1528077 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.1528077 Fonte:
https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1528077
3
Fonte: https://www.socialmediatoday.com/marketing/sarah-snow/2015-07-06/science-behind-what-content-
goes-viral%20
4
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=oP3c1h8v2ZQ

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